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Seminário IV

REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA: EXECUÇÃO FISCAL E


MEDIDA CAUTELAR FISCAL
Guilherme Leite Rodrigues

Questões
1. Qual a natureza jurídica da execução fiscal e da medida cautelar fiscal?
Identificar o fundamento e os requisitos legais da medida cautelar fiscal, bem
como apontar qual o momento oportuno para a sua propositura. (Vide anexos
I e II).
R. A natureza da execução fiscal é compreendida pelo processo exacional, relação
jurídica constitutiva de um fato conflito, ou seja (inadimplemento de uma obrigação pelo
contribuinte).
Já a natureza cautelar fiscal é definida de modalidade processual de providência
acautelatória, em razão de sua relação instrumentalidade de segundo grau “processo
cautelar é instrumento do instrumento: é instrumento em segundo grau (conclusão).”
A fundamentação da medida cautelar tem previsão na Lei nº 8.397/1992, sendo que seu
momento de propositura é após a constituição da obrigação tributário/crédito. A Lei nº
8.397/1992, nos artigos 2º e 3º 1, trás os requisitos estabelecidos.

2. A CDA que instrui a petição inicial do executivo fiscal pode ser retificada
quantas vezes bem entender o Fisco? Quais vícios fundamentam sua
retificação? Até que momento a CDA pode ser alterada? (Vide anexo III).
R. Entendo que petição inicial sim poderá ser modificada quantas vezes for necessário.
Os vícios de lançamento, nos processo administrativo e inscrição em dívida ativa.
Poderá ser alterada até o momento que não fizer coisa julgada, exemplo sentença.

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Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não
tributário, quando o devedor:
I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no
prazo fixado;
II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação;
III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;
IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio;
V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal:
a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade;
b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros;
VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu
patrimônio conhecido;
VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente,
quando exigível em virtude de lei;
VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário;
IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.
Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial:
I - prova literal da constituição do crédito fiscal;
II - prova documental de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.

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3. Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pelo
CPC/15, pergunta-se:
(a) Aplicam-se os arts. 915 e 919 do CPC/15 nos processos de Execução
Fiscal? (Vide anexo IV);
(b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de
5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta.
R. a - Entendo que não, a execução fiscal por ter legislação própria, existe toda a
previsão do procedimento processual a se seguir, prazos, efeitos, cabimento,
suspensão dentre outros.
b – Sim, conforme prevê o artigo 8º2 da Lei 6.830/1992.

4. Com relação ao instrumento constritivo do patrimônio do contribuinte-devedor


previsto no art. 185-A do CTN (conhecido como penhora “on-line”). Pergunta-
se: (i) Qual sua natureza jurídica? Trata-se de espécie de penhora ou de
medida cautelar? (ii) A decretação da indisponibilidade a que se refere o art.
185-A do CTN é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação
de embargos? (iii) Quais seus pressupostos e limites legais? É necessária
demonstração por parte da Fazenda de que inexistem outros bens capazes
de garantir a dívida? Ou aplica-se o art. 854 do CPC/15? (Vide anexo V e VI).
R. i – A natureza jurídica da penhora online, é uma medica cautelar, pois é decorrente
da indisponibilidade dos valores encontrados, e somente um Juiz membro do Poder
Judiciário poderá determinar a constrição, com base no poder geral de cautela.
ii – Não, pois a indisponibilidade, é mero ato executório processual, não se tornando
efetivamente uma penhora de imediato, pois necessariamente precisa apurar a origem
da constrição.
Iii – Sim existe limites, qual seja limitar-se-á ao valor total exigível; sim será necessário
a demonstração a inexistência de outros bens, e não se aplica o art. 854 do CPC.

5. Na execução fiscal o devedor-executado é citado para pagar ou indicar


bem(ns) à penhora em cinco dias. Na hipótese de oferecimento de seguro-
garantia, terá o devedor-executado que acrescentar 30% do valor do débito
executado ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita?
Considere em sua resposta o teor do art. 7º, II da Lei n. 6.830/80 e o § 2º do
art. 835 do CPC/15.
R. De acordo com o art. 7º da Lei 6.830/1980, não exige o acréscimo dos 30%, previsão
está do CPC, portanto, não se aplica o CPC nesta hipótese.

6. Qual o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal? Há alguma


divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC/15? (Vide anexo VII).
R. Presume que o parco inicial para consideração de fraude, somente se inicia após a

2Art. 8º - O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de
mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes
normas:

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devida inscrição em dívida ativa, ou seja fase pré-processual. Sendo que sua distinção
com o CPC, e que neste o marco inicial, é da propositura da ação de execução civil, ou
seja, fase processual.

7. A Fazenda Nacional ajuizou, no ano de 2016, execução fiscal contra a


empresa XPTO, requerendo, na petição inicial, o redirecionamento fiscal para
seu sócio Luis Antônio, com lastro no art. 135, III, do CTN, tendo por
fundamento fático o encerramento irregular da sociedade. Considerando a
vigência do novo Código de Processo Civil, pergunta-se:
a) é necessário, no caso relatado, a instauração do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ)? Sendo negativa ou
positiva a resposta, justifique? Se for negativa em que hipóteses o IDPJ seria
cabível?.
b) uma vez instaurado o IDPJ, a defesa apresentada pelo sócio ou pessoal
jurídica que se pretende atribuir responsabilidade pela obrigação tributária
pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário),
ou apenas sobre a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial pela
dívida objeto da execução fiscal?
R. a – Entendo que será necessário a instauração, uma vez que, será sempre
necessário aplicação dos princípios da ampla defesa e ao contraditório, para que com
isso, possa averiguar se realmente houve o encerramento irregular da sociedade.
b – Entendo que o cerne do mérito, é encerramento irregular, e não, a inexigibilidade do
crédito tributário, mas, não custaria nada tentar, haja vista, que poderia alegar uma
preclusão caso não fosse apresentados os embargos.

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