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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO II – SEMINÁRIO I
ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
Nayrê Silva Barbosa

BAURU
2023
Questões
1. Considerando os conceitos de norma, incidência e crédito tributário,
responda:
a) Defina o que é lançamento, considerando em sua resposta: (i) quem pode
lançar; (ii) se o lançamento é um ato, um procedimento ou ato e procedimento; (iii)
qual é a finalidade do lançamento e (iv) quais as espécies de lançamento tributário
previstas no ordenamento jurídico brasileiro, deixando claro qual é o critério que
justifica essa classificação.
b) O lançamento tem eficácia declaratória ou constitutiva? O que é declarado
ou constituído por meio do lançamento? Explique confrontando as noções de tempo
no fato e tempo do fato.
c) O que é o arbitramento? É uma espécie “autônoma” de lançamento? Em
quais hipóteses pode ser adotado? O contribuinte pode optar pelo arbitramento? Em
caso positivo, em qual(is) hipótese(s)? (Vide anexo II)

Resposta: a) O lançamento é um ato jurídico da autoridade administrativa


competente por definição em lei de formalização da obrigação tributária em que há
aplicação do preceito geral no caso concreto, sacando a norma individual, tornando
possível ao Estado exercitar seu direito subjetivo à percepção do tributo.
Sendo assim são modalidades de lançamento:
De ofício: quando a apuração é feita exclusivamente pela autoridade administrativa;
Declaração: quando a autoridade administrativa se baseia em informações dos
sujeitos passivos ou terceiros;
Por homologação: quando a autoridade se pronuncia expressamente em
conformidade com sobre a apuração realizada pelo administrado e o recolhimento
realizado.
b) O Lançamento possui eficácia declaratória, já que declara o acontecimento do
fato jurídico tributário. As noções de tempo no fato e tempo de fato aqui serão
apresentadas por meio do entendimento da Il. Aurora Tomazini.
De acordo com a autora o tempo do fato é o momento em que o fato é constituído
juridicamente, normalmente isso se dá com a notificação das partes.
Tempo no fato, por outro lado, é o momento descrito como aquele em que o evento
se realizou.
c) O arbitramento está previsto no art. 148 do CTN, trata-se de uma prova
subsidiária que a Fazenda Pública possui para averiguação da dimensão do fato
imponível. O CTN prescreve apenas duas situações para sua utilização, quais
sejam, (i) em caso de omissão do particular na produção de suas informações; (ii) ou
quando as informações, embora prestadas, não mereçam fé.
Ao meu ver não se trata de espécie de lançamento e o contribuinte não pode optar
pelo arbitramento.

2. Dado o auto de infração fictício (anexo I), pergunta-se:


a) Identifique as normas individuais e concretas veiculadas no respectivo auto
de infração;
b) Confronte as noções de (i) auto de infração – documento, (ii) ato
administrativo de imposição de multa, (iii) ato administrativo de lançamento e (iv) ato
de notificação;
c) Quando o crédito tributário está constituído de forma definitiva? Justifique.
Resposta: a) Sujeito passivo, relato da infração e infringências
b) Auto de infração é um ato administrativo lavrado para aplicação de providência
sancionatória ao contribuinte. Trata-se de uma norma individual e concreta, na qual
o antecedente se caracteriza uma infração (conduta exigida pelo credor que não foi
satisfeita em observância normativa).
c) O crédito tributário está constituído de forma deifnitiva sempre que reunir os
elementos que a ordem jurídica prescreve como indispensáveis à sua formação e o
destinatário vier a ser comunicado oficialmente.

3. A indústria XXX declara e formaliza seus créditos e seus débitos do mês,


aplicando o princípio da não-cumulatividade. Como os débitos são maiores que os
créditos, compensa tais valores e faz o pagamento do saldo devedor, conforme
ilustrado abaixo:
Três anos depois, o Fisco Federal entende que essa indústria não tinha direito
aos créditos que utilizou para compensar seus débitos e, por isso, faz a glosa
desses créditos sem, contudo, efetuar o lançamento de qualquer crédito tributário,
pois entende que não é necessário o lançamento de ofício. Em seguida, encaminha
para inscrição em dívida ativa os valores não pagos em razão do aproveitamento
indevido de créditos (R$200.000,00), mas acrescenta valores de penalidades e de
juros de mora.
Na sua opinião, o procedimento adotado pelo Fisco Federal está correto? O
crédito tributário de R$200.000,00 foi lançado em algum momento? Por meio de que
tipo de lançamento? O aproveitamento de créditos na apuração do IPI em razão da
aplicação do princípio da não-cumulatividade pode ser equiparado a pagamento
antecipado do tributo? Por sua vez, a glosa desses créditos resultaria em não
pagamento do tributo? Justifique suas respostas. (Vide anexos III e IV)
Resposta: Na minha opinião o procedimento realizado pelo Fisco não está correto.
Ao meu ver o caso se refere ao lançamento por homologação, o contribuinte
declarou, todavia, dentro do prazo decadencial de 5 anos, o Fisco não realizou a
homologação. Importante ressaltar que o lançamento só é realizado pela autoridade
administrativa.
Caso existam créditos escriturados utilizados para o abatimento do imposto, há
de ser considerado como pagamento para fins de contagem do prazo
decadencial, aplicando-se o art. 150, § 4º do CTN (Acórdão nº 3301-006.707 –
3ª Seção de Julgamento / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, CARF).
Se o contribuinte ostentar saldo credor do imposto frente ao Estado acredito que
a glosa do crédito não levará a falta de recolhimento do imposto, todavia, se não
for esse o caso, é preciso que o Fisco refaça toda a escrita fiscal do contribuinte
para verificar se o crédito glosado implicou na falta de recolhimento do imposto.

4. Com relação ao lançamento por homologação, pergunta-se:


a) O que é homologação? O chamado lançamento por homologação é
efetivamente lançamento? O que se homologa: (i) o pagamento efetuado
antecipadamente; (ii) a norma individual e concreta posta pelo contribuinte; ou (iii)
ambos? Há, no ordenamento jurídico brasileiro, a possibilidade de o sujeito passivo
pagar tributo sem que tenha sido feito o lançamento do crédito tributário?
b) Quando se verifica a homologação expressa? Trata-se de ato
administrativo? Ainda, é possível revisar-se o ato homologatório expresso?
c) Existe homologação tácita? Em caso afirmativo, quando ela se verifica?
Qual é a linguagem competente para positivar a homologação tácita?

Resposta: a) A homologação no contexto do que aqui se estuda é o ato realizado


pela administração de confirmação da norma individual e concreta posta pelo
contribuinte.
Levando em consideração a disposição do art. 142, do CTN verifica-se que a
constituição do crédito tributário pelo lançamento é ato que compete privativamente
à autoridade administrativa, razão pela qual não se pode falar que o lançamento por
homologação tácito é efetivamente lançamento. O que se homologa é a norma
individual e concreta posta pelo contribuinte e o pagamento, se for o caso, que foi
realizado.
Existe esta possibilidade, justamente em razão do “lançamento por homologação”,
uma vez que o ato de declarçaão realizado pelo contribuinte não pode ser intitulado
de “lançamento”.
b) a homologação expressa se verifica quando a autoridade toma conhecimento da
atividade exercida pelo contribuinte e expressamente a homologa. Trata-se, sim, se
ato administrativo. Seria possível sua revisão, desde que não seja configurada a
alteração do critério jurídico, nos termos da vedação prevista no art. 146, do CTN,
bem como seja observado o prazo disponibilizado para lançamento e revisão.
c) É possível se falar na homologação tácita, sim, a qual se verifica por meio do
decurso do prazo decadencial estipulado no CTN (decadência do direito de lançar –
art. 150, §4º, do CTN). A linguagem utilizada para que se proceda a homologação
tácita é justamente o silêncio por parte da administração. O que não se pode afirmar
é que se trata de uma esécie de lançamento, uma vez que inexiste o ato em
silênciao.
Nas palavras de Henrique de Mello (informação colhida do material disponibilizado)
a afirmação se destaca, já que nesse caso não se faz o determina o art. 142, CTN;
porque a autoridade administrativa deixa de se pronunciar sobre o que fez o
administrado; porque deixar transcorrer o prazo atrai a decadência e porque
encaminhar o crédito confessado para cobrança não é hipótese enquadrada no art.
150, §4º.

5. A Lei n. 10.035/00 estabelece que serão executados, nos autos da


reclamação trabalhista, os créditos previdenciários devidos em decorrência da
decisão proferida pelos Juízes e Tribunais, resultantes de condenação ou
homologação do acordo. Pergunta-se: a decisão judicial, cognitiva ou homologatória,
constitui o crédito tributário? E eventuais acordos posteriores entre os litigantes? Há
necessidade de lançamento do crédito tributário da contribuição previdenciária
devida? Como ficam os princípios do contraditório e da ampla defesa? (Vide anexos
V, VI e VII).
Resposta: Sim, constitui o crédito tributário. O art. 114, VIII da Constituição Federal
é o dispositivo que fundamenta a validade desse modo de apuração e liquidação dos
créditos tributários.
Eventuais acordos entre os litigantes, ao meu ver, constituem o crédito tributário,
razão pela qual não haveria necessidade de lançamento pela Administração.
Quanto aos princípios do contraditório e ampla defesa, acredito que serão
plenamento observados no âmbito judicial.

6. Sobre as hipóteses correlatas às alterações do lançamento, responda:


a) Há diferença entre erro de direito e mudança de critério jurídico, para fins
de revisão do lançamento tributário? Há possibilidade de revisão do lançamento
fundado em erro de direito? E em erro de fato? Em caso afirmativo, qual tipo de erro
é suficiente para fundamentar a alteração do lançamento? A sua resposta se aplica a
qualquer tipo de lançamento tributário? Ou seja, se você entender que lançamento
por homologação é lançamento tributário, o próprio contribuinte pode alterar o
lançamento realizado por ele com fundamento em erro de fato e erro de direito?
(Vide anexos VIII e IX)?
b) A alteração da base de cálculo, ou da sistemática de apuração do tributo
pode ser feita mediante retificação do lançamento? A eleição errônea da base de
cálculo ou da sistemática de apuração no momento da realização do lançamento
configura-se como erro de fato, erro de direito ou mudança do critério jurídico? E a
identificação errada do sujeito passivo? Tais problemas podem acarretar a anulação
do lançamento? (Vide anexos X, XI e XII)
c) Se, ao preencher a declaração de compensação de créditos tributários
federais, o contribuinte erra ao preencher o período de apuração e o tipo de crédito a
ser compensado, isso configura erro na realização do lançamento tributário? Em
caso afirmativo, trata-se de fato ou erro de direito? Seria possível uma revisão do
lançamento pelo próprio contribuinte ou essa revisão cabe apenas à autoridade
administrativa?
Resposta: a) Sim, há diferença. Erro de direito trata da incorreta interpretação da
norma de incidência quanto aos seus critérios, pressupõe a apreciação de
determinada situação e a interpretação incorreta desta.
Já a mudança de critério jurídico, diante das alternativas possíveis, há aplicação de
uma interpretação em detrimento da outra.
Não há possibilidade de revisão do lançamento fundado em erro de direito, contudo,
quanto ao erro de fato a revisão do lançamento é possível, em razão do disposto no
art. 149 do CTN.
Não acredito na viabilidade de revisão do lançamento pelo próprio contribuinte,
tendo em vista que a única autoridade competente para tal seria a autoridade
administrativa, portanto a única autoridade competente para revisá-lo, seria também,
da autoridade administrativa, o que não impede o contribuinte de questioná-lo.
b) Não pode ser feita, uma vez que a eleição errônea da base de cálculo ou da
sistemática de apuração no momento da realização do lançamento configura erro de
direito.
A identificação errada do sujeito passivo também não permite a retificação do
lançamento, uma vez que se trata de vício profundo que compromete visceralmente
o ato.
Tais problemas podem, sim, acarretar a anulação do lançamento.
c) Ao meu ver não configura erro na realização do lançamento, uma vez que o
contribuinte não realiza o lançamento, o ato compete apenas à autoridade
administrativa. Não acredito na viabilidade de revisão do lançamento pelo próprio
contribuinte, tendo em vista que a única autoridade competente para tal seria a
autoridade administrativa, portanto a única autoridade competente para revisá-lo,
seria também, da autoridade administrativa, o que não impede o contribuinte de
questioná-lo.

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