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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E MINERALOGIA

Discentes:
Alcídes Fernando Chicombo
Mirela Margarida Arone Chissano
Raissa Abid Cassamo
Rosário Momade Ali
Sayonara Filipe Zainadin Omar

Trabalho em grupo da cadeira de Direito Tributário, 3º ano do curso de Direito, período Laboral,
com o tema Fases da vida do Imposto por orientação do Mestre Dr. Gércio Macie.

Agosto, 2023
Índice
Introdução.................................................................................................................................... 3
Objectivos: .................................................................................................................................. 3
Objectivo Geral........................................................................................................................ 3
Objectivo Especifico................................................................................................................ 3
Metodologia: ............................................................................................................................ 3
Estrutura do Trabalho .............................................................................................................. 3
Os impostos..................................................................................................................................... 4
Concepção Teorica.......................................................................................................................... 4
Definição de Imposto .................................................................................................................. 4
Elementos do Imposto..................................................................................................................... 4
Elemento Objectivo ................................................................................................................. 4
Elemento Subjectivo ................................................................................................................... 5
Elemento Teleológico ................................................................................................................. 6
Impostos sobre actividade Ilicita ............................................................................................. 7
Categorias Jurídicas Semelhantes (Taxa e Tarifa) .................................................................. 7
Fases do Imposto............................................................................................................................. 8
A incidência do imposto .............................................................................................................. 9
O lançamento............................................................................................................................. 10
Determinação dos Contribuintes ........................................................................................... 10
Fixação da Matéria colectável ............................................................................................... 11
A liquidação .............................................................................................................................. 11
Anulação da liquidação ......................................................................................................... 12
Reforma da liquidação ........................................................................................................... 12
Cobrança.................................................................................................................................... 13
Conclusão………………………….....……………………………………………14
Referencia Bibliográfica……………..…………………………………………….15
1. Introdução
Para que o Estado, é demais entidades públicas, possam exercer suas funções e manter o seu bom
funcionamento, estas necessitam dos impostos que são colhidos pelo sujeito ativo da relação
tributaria1, que posteriormente é revestido para a satisfação da necessidade da maioria, no entanto,
há que saber, quais são as etapas do imposto, desde a sua proposta, até a sua cobrança e aplicação,
deste modo o presente Trabalho tem como Tema, Fases da vida do Imposto, na qual pretendemos
falar da criação e prestação do Imposto.

1.1.Objectivos:

1.1.1. Objectivo Geral: abordar sobre as fases da Criação do Imposto;

1.1.2. Objectivo Especifico:


 Compreender no que consiste o imposto em seus vários sentidos;
 Analisar os elementos Imposto;
 Identificar as fases da criação do imposto.

1.1.3. Metodologia:
No que tange a realização do presente trabalho, este passou por um processo de pesquisa qualitativa
e analise documental de informações referentes ao tema em estudo, como forma de encontrar a
ratio mais acertiva do referido tema.

1.1.4. Estrutura do Trabalho


O trabalho apresenta-se da seguinte maneira: Introdução, onde abordamos sobre o tema, os
objetivos, a metodologia e estrutura usada para a realização do mesmo, seguida da fundamentação
teórica, tendo por fim as ultimas considerações e as referencias bibliográficas.
2. Os impostos

2.1.Concepção Teórica
A actividade financeira do Estado desdobra-se na obtenção dos meios necessários para satisfazer
as necessidades colectivas de satisfação passiva, na sua satisfação em concreto, e na coordenação
entre os meios e aquelas necessidades. No entanto, os impostos não são o único tipo de receitas
públicas, além dos impostos, existem as taxas, as multas, os empréstimos públicos.

2.2.Definição de Imposto
O imposto pode ser entendido como uma prestação coativa, patrimonial, positiva, definitiva, não
sinalagmático, sem caracter de sanção, estabelecida por lei, a favor duma entidade pública ou com
funções públicas, para a satisfação de necessidades públicas e redistribuição das riquezas,
independentemente de qualquer vínculo anterior.

Legalmente “os impostos são as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma
entidade pública, para a prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada, e cujo
facto tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, devendo estar prevista na
lei” (nº 2, no art.º 3, da Lei n.º 2/ 2006 de 22 de março).

Assim sendo, os impostos, são prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma
entidade publica, para a prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada. No
entanto o sujeito activo e titular do imposto não é exclusivamente o Estado2.

3. Elementos do Imposto
Os impostos possuem dois elementos, que são Elementos Objetivos, Subjetivos e Teleológico.

3.1. Elemento Objectivo


i. É uma Prestação que integra uma relação de natureza obrigacional;
ii. É uma prestação não sinalagmática, ou seja, unilateral, significando que não existe
contraprestação especifica, individual mediata e directa.
iii. Trata-se de uma prestação definitiva do que deve entender-se que não dá direito, a quem a
paga, à restituição, ao reembolso, à retribuição ou a uma indemnização. Não significa que
que possa reembolsar-se ou restituir-se o imposto cobrado a mais.
iv. Prestação coativa, estabelecida por lei, isso é, uma prestação ex lege, com previsão legal,
que leva a obrigação do imposto.
v. Constitui uma prestação patrimonial no sentido de ser avaliável em dinheiro, ou seja,
calculados sobre forma monetária.
vi. É uma prestação sem caracter de sanção pois não tem, nem pode ter, fins sancionatórios.
vii. Trata-se de uma prestação sem qualquer vínculo anterior devendo entender-se que não
existe nenhum facto ou circunstancia preexistente que determine a obrigação de pagar
imposto, que não seja a existente em uma lei positiva da obrigação tributaria.
viii. É uma prestação que visa a redistribuição das riquezas do que se caracteriza como o
objectivo social do imposto.

3.2.Elemento Subjectivo
Sob o ponto de vista subjectivo o imposto é:

i. Prestação exercida a detentores de capacidade contributiva, convocando deste modo, o


principio da igualdade tributaria material ou de justiça social3.
ii. Prestação a favor de uma entidade pública ou com funções publicas. A titularidade ativa
do imposto não se circunscreve ao Estado ou entes públicos sendo abertas a pessoas
privadas (com caracter geral). como o caso da RM que é o sujeito activo da taxa de
radiofusão cobrada, por representação legal, pela Eletricidade de Moçambique4 .

__________________

1- O sujeito ativo da relação tributaria é a entidade de direito público, titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações tributarias,

quer diretamente, quer através de representantes. (nº 1, art. 8º. da Lei n.º 15/ 2002 de 26 de junho. Princípios e fins do sistema tributário).

2- segunda parte do nº 1, art. 8º. da Lei n.º 15/ 2002 de 26 de junho

3- nº 1, art. 2º. da Lei n.º 15/ 2002 de 26 de junho

4- Lei já citada no ponto 2


3.3.Elemento Teleológico
Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das
desigualdades, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado social. Operando-se
assim uma verdadeira redistribuição da riqueza.

Os impostos são criados ou alterados por lei, que os fixa segundo critérios de justiça social, não
havendo lugar á cobranças de impostos que não tenham sido estabelecidas por lei5.

Quanto a finalidade do imposto o Prof: Casalta Nabais6.

…está excluída, necessariamente, a finalidade sancionatória. Na verdade, se com o imposto


se pretende aplicar uma sanção, então estaremos perante uma multa (sanção pecuniária
penal); uma coima (sanção pecuniária contraordenacional); um confisco (sanção penal
traduzida na apreensão correspondente à perda a favor do Estado do produto obtido e dos
instrumentos utilizados na prática do acto ilícito); uma indemnização (reparação do
prejuízo ou dano causado a outrem através de acto ilícito), etc., mas nunca perante um
imposto". (Casalta Nabais, apud Teodoro Waty, p. 152).

Resulta do defendido que num sistema moderno os impostos fiscais não têm como fim último o
de obtenção das receitas, mas a repartição equitativa dos encargos públicos, O fim normal,
legítimo, aceitável, legal, natural e imediato do imposto deve ser o do financiamento das
necessidades públicas7.

São igualmente ilegítimos os impostos confiscatórios revestindo os caracteres de expropriação


indirecta, por via fiscal, sem a indemnização constitucionalmente reconhecida. Este entendimento
deve estender-se para as situações de pressão tributárias globais que são atentados da garantia da
propriedade privada e, por isso, inconstitucionais. O artigo 82 da Constituição da República de
Moçambique8 que estatui:

______________________

5- art. 100º CRM, conjugado com nº 1 do art. 3. da Lei n.º 15/ 2002 de 26 de junho

6- Nabais, José Casalta, Direito Fiscal Almaida, 2000, p. 49 apud Waty, Teodoro Andrade. Direito Fiscal. Maputo 2007. p.152

7- Já citado no ponto 3

8- CRM (rev. 2018)


1. O Estado reconhece e garante o direito de propriedade.
2. A expropriação só pode ter lugar por causa de necessidades, utilidades ou interesses
públicos, definidos nos termos da Lei e dá lugar à justa indemnização.

Excluído a questão da fiscalização do fisco, no entanto, o confisco só é constitucionalmente


admissível se pretender uma reacção criminal e desde que respeite a exigências da necessidade, da
proporcionalidade, da subsidiariedade, que hão de presidir a todas as reacções criminais.
Apresentar-se-á, então, como um confisco especial.

4. Impostos sobre Actividade Ilícita


Quanto a saber se são legítimos os impostos sobre actividades ilícitas, há três teses: a afirmativa,
a negativa e a eclética, aos quais buscam defender a legitimidade na incidência e legitimidade ao
nível do lançamento. A qual segundo o prof: Nuno Sá Gomes9. “…a tributação das actividades
ilícitas é legítima, quer ao nível da incidência expressa, quer ao nível do lançamento, porque as
normas de incidência não são normas de conduta, mas sim normas que produzem efeitos jurídicos
automáticos, não encarando o facto tributário como um acto voluntário, mas antes como mero
facto, donde resulta que a valoração da ilicitude não tem aqui lugar, sendo feita pelo direito comum
relativamente ao acto ilícito tributado, tal como a incidência do IRPC10”.

5. Categorias Jurídicas Semelhantes (Taxa e Tarifa)


Vimos o conceito de imposto, com destaque para o estudo dos seus elementos Objectivos,
Subjectivos e Finalísticos, existem, no entanto, figuras que se assemelham ao Imposto, é o caso da
Taxa e da Tarifa.

_________________

9- apud Waty, Teodoro Andrade. Direito Fiscal. Maputo 2007. p.153

10- O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas — IRPC incide sobre os rendimentos obtidos, ainda que provenientes de actos

ilícitos, no período da tributação, pelos sujeitos passivos. nº1 art. 57. Lei nº 15/ 2002 de 26 de junho
 Taxas- As taxas são prestações avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade pública,
como contrapartida individualizada pela utilização de um bem do domínio público, ou de
um serviço público, ou pela remoção de um limite jurídico à actividade dos particulares,
desde que previstas na lei11.

As taxas assentam na prestação concreta de um serviço público, registos e notariado


(emolumentos) justiça (taxa de justiça) educação (propinas) ou remoção de um obstáculo jurídico
ao comportamento dos particulares (licenças). Diferentemente dos impostos que não possuem uma
contraprestação individualizada, e cujo facto tributário assenta em manifestações de capacidade
contributiva, devendo estar previstos na lei.

 Tarifa- A ideia geral e imediata é a de que a tarifa é um especial tipo de taxa, a tarifa pode
ser vista de duas formas, podendo ser uma obrigação ex leg (taxa-tarifaria) ou por outra
(preço-tarifário), podendo ser distinguidos segundo o regime jurídico. Assim sendo a tarifa
é a contraprestação de um serviço semi-público, definição antes feita a propósito de
necessidades de satisfação activa (água, electricidade, recolha de lixo, tratamento de
esgotos, transportes públicos, etc.), exercido por entidade pública ou por um
concessionário.

6. Fases do Imposto
É tradicional considerarem-se as seguintes fases ou momentos do imposto, a qual Tevete e Thaimo
designam de ciclos da vida do imposto12.

 Incidência,
 Lançamento,
 Liquidação, e
 Cobrança.

________________

11- nº 3, no art.º 3, da Lei n.º 2/ 2006 de 22 de março

12- TEVETE. Constancio & THAIMO. Veromingos. Direito tributário Teoria Geral. Vol. 1. Escolar Editora. Maputo, 2023
6.1.A incidência do imposto
Quando se delibera criar ou aprovar um imposto, a lei não se limita pura e simplesmente a aprovar
tal imposto, cuida também de definir as realidades ou situações que a mesma visa tributar e as
pessoas sobre as quais recai o dever de sua satisfação, como forma de assegurar e garantir certeza
e segurança jurídica à toda a comunidade jurídica. Por isso, sempre que se cria o imposto, é
indispensável que se delimite claramente a sua incidência13.

Assim, a incidência vai-se traduzir na definição geral e abstracta, feita por lei, dos actos ou
situações sujeitas a imposto e das pessoas sobre as quais recai o dever de o prestar.

Constituem elementos essenciais duma norma tributária de incidência:

 O Facto Tributário;
 O Objecto; e
 As Formas de Incidência.

Quanto ao sujeito a incidência pode ser encarada sob dois aspectos: o que está sujeito a imposto,
a incidência real ou incidência material e; quem está sujeito a imposto, a incidência pessoal ou
subjectiva.

São de incidência real as normas jurídicas de incidência que se referem aos tipos de factos ou
realidades declaradas como objecto do imposto.

São de sujeição pessoal quando se referem aos tipos de pessoas, entidades ou qualidades pessoais
ou orgânicas de cuja correspondência legal resulta a sujeição ao imposto em causa, relativamente
aos factos compreendidos na norma de incidência real.

_________________

13- Obra supracitada, p. 110.


7. O lançamento
O lançamento vai ser o conjunto de operações e actos jurídicos e materiais de natureza
administrativa praticados pela administração tributária, tendentes à identificação do sujeito passivo
do imposto bem como à fixação da matéria colectável sobre a qual recairá o dever de pagar o
imposto. Portanto, em boa verdade, o lançamento visa em concreto, a identificação do sujeito
passivo e a matéria colectável do imposto14.

Nesta fase, o papel fundamental cabe a administração tributária, que através dos seus funcionários,
agentes ou entidades contratadas por estes15, deverá com maior precisão individualizar os sujeitos
passivos do imposto e fixar a matéria colectável16. Iniciando assim, o processo administrativo do
imposto que comporta a determinação do contribuinte e a fixação da matéria colectável.

7.1.Determinação dos Contribuintes


A determinação do contribuinte pode fazer-se de várias formas, nomeadamente:

 Por declaração do contribuinte, como acontece em quase todos os impostos (Auto


lançamento);
 Por declaração de terceiros que, em regra, se confunde com a do contribuinte (lançamento
por terceiro);
 Por simples actividade do fisco (lançamento administrativo) e;
 Por indicação de certos serviços.

_______________

14- pagina 111, da obra já citada no ponto 12

15- artigo 3. do RPFT

16- alínea a) do n° 2 do artigo 49° e n° 1 do artigo 78.° da LGT.


7.2.Fixação da Matéria colectável
A fixação da matéria colectável poderá ser feita fundamentalmente pelos seguintes processos:

 Fixação da matéria colectável com base em declaração do contribuinte e de terceiros;


 Fixação da matéria colectável pela administração fiscal. Da fixação da matéria colectável
pela administração (chefe da Repartição de Finanças) poderão os contribuintes recorrer
para o mesmo funcionário que, se indeferir, no todo ou em parte a reclamação, a remeterá
para uma comissão com representantes da Fazenda Nacional e do sujeito passivo. A
matéria colectável fixada pelo chefe da Repartição de Finanças ou pela comissão não é
susceptível de reclamação graciosa ou de impugnação judicial, salvo no caso de preterição
de formalidades legais, em que poderão os contribuintes recorrer para o tribunal de 1°
instância;
 Fixação pelo contribuinte, sujeita a correção pela administração;
 Fixação por mera atividade da Administração;
 Fixação da matéria colectável por acordo (de que não há exemplo no nosso país).

8. A liquidação
Uma vez determinado o sujeito passivo e fixada a matéria colectável do imposto, torna-se
necessário proceder ao cálculo do montante do imposto através da liquidação. A liquidação
consiste no cálculo da colecta do imposto, aplicando-se a matéria colectável a taxa do imposto17,
nesta fase, tem lugar as deduções à colecta previstas na lei.

Normalmente, nos impostos diretos (IRPC e IRPS - artigo 57.° da LBST) a liquidação é feita pela
administração tributária e nos indiretos (IVA, ICF e Direitos Aduaneiros - artigo 66.° da LBST)
pelo próprio contribuinte.

A liquidação pode ser classificada em Autoliquidação, Liquidação Adicional e Liquidação


Oficiosa, podendo ainda ser anulada:

________________

17- Ibraimo, Ibraimo. O direito e a fiscalidade. p.60. apud TEVETE. Constancio & THAIMO. Veromingos, 2023. p112.
 Autoliquidação - é feita pelo próprio sujeito passivo (artigo 80.° da LGT). O dever de
Auto liquidar o imposto nos rendimentos de pessoas singulares, verifica-se nos
rendimentos da Segunda Categoria (rendimentos empresariais e profissionais), à luz do n°
2 do artigo 58º do CIRPS; por sua vez, tratando-se de rendimentos de pessoas colectivas,
a autoliquidação está prevista na alínea a) do artigo 63.° do CIRPC;
 Liquidação Adicional- verifica-se quando e depois de se ter liquidado e pago o imposto,
se constata ser devido e exigível um montante superior ao que foi pago após as devidas
correcções, mas dentro do prazo de caducidade da liquidação (artigo 84. da LGT ex vi n°
2 do artigo 31.º da LBST e 86.° da LGT);
 Liquidação Oficiosa - é a que é feita pela administração tributária, quando o sujeito
passivo não tenha submetido a declaração dentro do prazo legal (artigo 82.º da IGT).

8.1.Anulação da liquidação
A anulação da liquidação será feita oficiosamente quando, por motivos imputáveis aos serviços,
tenha sido liquidado imposto superior ao devido ou em virtude de decisão judicial. Anulada a
liquidação processar-se-á o respetivo título de anulação, que pode ser pago a dinheiro ou
compensado em posteriores dividas do imposto.

8.2.Reforma da liquidação
Sucede nos casos em que se realiza uma nova liquidação pelo facto de a anterior não estar de
acordo com as condições de facto a que se confere. O prazo de caducidade para se liquidar
impostos está fixado em cinco anos, conforme se alcança do disposto no n° 1 do artigo 31. ° da
LBST e n° 1 do artigo 86. ° da LGI. Decorrido este prazo, por mais que seja evidente que o
contribuinte preencheu os pressupostos de tributação, já não se poderá liquidar o imposto em
virtude de caducidade.

O prazo de prescrição pode ser mais longo que o de caducidade, a verificação da caducidade não
significa necessariamente a prescrição do direito à cobrança dos impostos. Em relação a este
aspeto, importa mencionar que, uma vez decorrido o prazo de caducidade, e mesmo assim, a
administração tributária exigir do contribuinte o pagamento do imposto, ao contribuinte assiste o
direito de se opor a esta exigência, quer por meios administrativos, quer por meios contenciosos18.

O prazo de caducidade de liquidação para de contar aquando da notificação do mandado para o


pagamento do imposto. Geralmente, feita uma fiscalização tributária e cumpridas as três fases
(Nota de Constatações, Direito de Audição e as Conclusões do Relatório final), se a administração
tributária entender que há um imposto adicional, deve emitir o "Mandado de Notificação". A
liquidação pode ser objecto de revisão e impugnação (artigos 134º e 138º da LGT).

9. Cobrança
A cobrança corresponde á fase final do ciclo da vida do imposto, traduzindo-se na operação de
natureza administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres do Estado, ou seja, é a fase do
pagamento do imposto19.

Determinado o montante do imposto a pagar, através das operações de liquidação, seguem-se as


operações com vista à arrecadação do imposto. Esta é a última fase da vida do imposto e que não
pode confundir-se como uma forma de extinção do imposto: compensação, prescrição, confusão20.

A cobrança pode ser feita espontaneamente pelo contribuinte caso em que se designe de voluntária,
com ou sem juros de mora. Quando é feita mediante processo judicial a cobrança designa-se de
coerciva21. O critério de produtividade da fonte produtora a cobrança pode ser imediata quando a
prestação é exigida diretamente ao sujeito passivo) ou mediata, nos casos de retenção na fonte em
que a prestação se faz através de substituto fiscal atuando como mero agente fiscal indirecto22.

_______________

18- Ibraimo, Ibraimo. O direito e a fiscalidade. p.60. apud TEVETE. Constancio & THAIMO. Veromingos, 2023. p113; no procedimento

tributário vigora o principio de exaustão dos meios administrativos graciosos, art 52 da Lei n.º 2/ 2006 de 22 de março.

19- TEVETE. Constancio & THAIMO. Veromingos, 2023. p113

20- Waty, Teodoro Andrade. Direito Fiscal. Maputo 2007. p.175

21- art 37, nº2 ~e 36 da lei Lei n.º 15/ 2002 de 26 de junho

22- Sousa Franco, A. Finanças Publicas e Direito Financeiro, V,II, 4ª. Ed. Almeida, 1993, fg.157 apud Waty, Teodoro Andrade. Direito

Fiscal. Maputo 2007. p.176


10. Conclusão

Findo trabalho, importa referir que no mesmo, iniciamos por fazer uma abordagem extensiva
relactivamente ao imposto e seus elementos, no entanto, desde a criação das leis do imposto até a
liquidação, cobrança e utilização dos recursos arrecadados, cada fase tem suas próprias
complexidades. E o Direito Tributário desempenha um papel fundamental na regulação dessas
fases e na garantia de que o sistema tributário funcione de maneira justa e eficaz. A fase de
Incidência do imposto é o ponto de partida, onde as leis de impostos são estabelecidas,
determinando os sujeitos e em que condições se efectivará. Em seguida, vem a fase de lançamento,
na qual a administração tributaria, realiza um conjunto de actos jurídicos visando a identificação
do sujeito passivo do imposto bem como a fixacção da matéria colectavel sobre a qual recai o
imposto. A fase de liquidação consiste em calcular o valor exato devido por cada contribuinte,
levando em consideração várias variáveis. É fundamental lembrar que os impostos são uma fonte
essencial de financiamento para o governo e desempenham um papel vital na prestação de serviços
públicos, infraestrutura e programas sociais.
11. Referencias Bibliográficas

 FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito Tributario-Para os


cursos de Administração e Ciências Contábeis. 7.ed. Editora Atlas S.A. 2009;
 TEVETE, Constâncio; THAIMO, Veromingos. Direito Tributario-Teoria Geral. Vol. I,
Escolar Editora, Maputo. 2023;
 WATE, Teodoro. Direito Fiscal. W e W Editora, Lda, Maputo. 2007.

11.1. Referencias Legislativas


 Constituição da Republica de Moçambique de 2004, revista pela lei nº 1/ 2018, de 12 de
Jumho de 2018;
 Código de Imposto sobre o rendimento das Pessoas Colectivas, aprovado pela lei nº 34/
2007, de 31 de Dezembro;
 Código de Impostos sobre Rendimento das Pessoas Singulares aprovado pela Lei nº 33/
2007 de 31 de dezembro;
 Lei de Bases do Sistema Tributário aprovado pela Lei nº 15/ 2002 de 26 de Junho.
 Lei Geral Tributária aprovado pela lei nº 2/ 2006 de 22 de Março;
 Regulamento de Procedimento de Fiscalização Tributária aprovado pelo decreto nº 19/
2005, de 22 de Junho;

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