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(NOME DA UNIVERSIDADE)

(CURSO)

Nome Completo do Aluno

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO DOS


LIVROS PROPOSTA NO PL 3.887/2020

(CIDADE)
2021
(NOME DA UNIVERSIDADE)

(CURSO)

Nome Completo do Aluno

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO DOS


LIVROS PROPOSTA NO PL 3.887/2020

Monografia de conclusão de curso, sob


orientação do Professor

(CIDADE)
2020

2
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................4

2 TRIBUTOS........................................................................................................4

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS...........................................................5

2.2 EVOLUÇÃO DOS TRIBUTOS....................................................................6

3 A EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA (1965-1967)....................................8

3.1 A EVOLUÇÃO DA REPARTIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA ENTRE OS


NÍVEIS DE GOVERNO DESDE 1960...............................................................9

3.2 A SISTEMÁTICA DE TRIBUTAÇÃO PELO ICMS....................................10

4 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DO LIVRO........................................................17

4.1 A CARTA MAGNA DE 1988.....................................................................17

4.2 DOUTRINA CONTRÁRIA A IMUNIDADE DO LIVRO..............................17

4.3 LEI COMPLEMENTAR DO ICMS N° 87/96 E A IMUNIDADE


CONSTITUCIONAL DOS LIVROS.................................................................17

4.4 DA PL 3.887/2020.....................................................................................17

5 CONCLUSÃO.................................................................................................18

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................19

3
1 INTRODUÇÃO

2 TRIBUTOS

Nos termos do Código Tributário Nacional, (art. 3º), tributo é toda


prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Aduz da conceituação
do código tributário Nacional que tributo não pode ser admitido in natura, ou
seja, em bens.

Também não se admite o pagamento do tributo em serviços ou outra


modalidade, portanto o tributo é uma prestação sempre em pecúnia, em moeda
ou valor que nela se possa exprimir, embora se admita como exceção, a dação
em pagamento de bens imóveis por força da LC 104/2001 como forma de
satisfação da obrigação tributária e disposição no art. 156 XI, do Código
Tributário Nacional, também o pagamento em cheque, conforme disposição do
Código Tributário Nacional( art. 162), contudo diz o citado diploma legal que o
crédito pago em cheque somente se considera extinto com o resgate deste
pelo sacado.

A compulsoriedade imposta pelo código tributário nacional traduz-se no


dever de pagar o tributo, que não depende da vontade do sujeito passivo da
obrigação (Contribuinte). Esta é uma obrigação que nasce da lei. E por fim, diz
o dispositivo que o tributo só pode ser se instituído por lei, e dar-se-á através
de lei ordinária. Contudo, no entendimento do Supremo Tribunal Federal a
medida provisória é instrumento possuidor de habilidade para criação de um
tributo, isto porque tem força de lei, quando atendidos os requisitos de
relevância e urgência e a situação não esteja reservada a lei complementar.
Nessa situação é possível é possível que o tributo seja objeto de medida
provisória.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

4
Várias são as classificações adotadas pela doutrina, umas mais robustas
outra menos. Contudo, para elucidação do nosso trabalho nos atemos ao que
dispõe o artigo 5º do Código Tributário Nacional que diz ser os tributos:
Impostos, taxas e contribuição de melhoria.

Para a doutrina tributo é um gênero que constitui espécie de impostos,


taxas e contribuição de melhoria.

A esta divisão que também é chamada de tripartida, consagrada na


legislação mais atualizada de quase todos os países do mundo, foi acolhida
pelo artigo 5º do Código Tributário Nacional que dispõe que ‘tributos são
impostos, taxas e contribuições de melhoria. Contudo, há doutrinadores que
divergem dessa classificação, ainda há outros que a ela acrescenta mais duas
espécies, as quais são: empréstimo compulsório e contribuições especiais,
estas subdividindo-se em: contribuições sociais, contribuições de intervenção
do domínio econômico e contribuições de interesse das categorias profissionais
ou econômicas.

Imposto é o tributo de maior expressividade no sistema tributário


nacional, diga-se de passagem, sem nenhum medo de errar, é o tributo de
maior relevância de qualquer país do mundo, é a maior fonte de recursos
financeiros e, quando comparado aos demais tributos representa a maior
arrecadação dos entes públicos, senão a quase que a totalidade. De acordo
com a lei, trata-se de uma imposição legal e que não depende de atuação
estatal relacionada com o obrigado e, para o ente público instituí-lo não se
vincula a qualquer prestação de atividade administrativa.

O imposto é na verdade uma prestação pecuniária imposta legalmente


pelo estado, conforme estabelece o código tributário nacional no seu artigo 16:
“Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte”.

As taxas e a contribuição de melhoria fazem parte de espécies


diferenciadas do imposto, isto porque são categorias tributárias que para serem
exigidas tem que haver uma razão de atuação do ente público que a criou, ou
seja, está a taxa vinculada a um serviço prestado ou posto à disposição da

5
pessoa obrigada, é portanto uma imposição legal que depende de uma atuação
estatal diretamente relacionada com o obrigado.

A contribuição de melhoria (art.145, III, da CF) é a espécie que tem


como fato gerador a atuação estatal mediante a referida contribuição. Esta
espécie se caracteriza por valorizar o imóvel que foi beneficiado pela atuação
do ente público vinculada à prestação dos serviços. Assim dispõe o artigo 81
do Código Tributário Nacional:

“Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos


Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de
valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.”

De onde se aduz que a base de cálculo da contribuição de melhoria está


vinculada ao custeio da obra realizada pelo ente tributante.

2.2 EVOLUÇÃO DOS TRIBUTOS

O tributo é de origem remota, que ao longo dos tempos tem


acompanhado a evolução do homem, provavelmente com o início das
primeiras sociedades, e, o surgimento de líderes tribais ou chefes guerreiros e
políticos. Com a evolução das sociedades, após esse período, tributos
passaram a ser cobrados dos súditos pelos chefes de estado.

Nos ensina o grande mestre Kiyoshi Harada que o empréstimo público


existe desde a antiguidade e que há notícias históricas, segundo as quais
Cártago teria tomado dinheiro emprestado a ricos romanos para pagar uma
indenização de guerra que lhe foi imposta após batalha de Zama. As cartas de
Cícero revelam que altas autoridades romanas emprestavam dinheiro a
monarcas. Pompeu e Brutos se dedicavam a esses negócios usurários. Na
atualidade o crédito público assume importância sem precedentes na vida
financeira dos estados, constituindo-se em uma fonte regular de obtenção de
dinheiro para a consecução das finalidades públicas.

6
Segundo Zelmo Denari, no período do Brasil colônia não havia sistema
tributário, Portugal que era escravagista na época não tinha interesse em
promover desenvolvimento econômico de suas colônias. Se servia das colônias
para produzir rendimentos para a coroa.

Quando do descobrimento as fontes de rendimento eram selecionadas


pelo arbítrio do provedor-mor Cavaleiro fidalgo nomeado pelo monarca e de
seus agentes, designados oficiais da fazenda.

O provedor-mor que em 1548 foi nomeado sob as ordens de Thomé de


Souza, cobrava taxas sem nenhum critério, o que demonstra desconhecimento
das rendas auferidas pelo Erário Real. A arrecadação que era oriunda dos
direitos dos escravos, dos rendimentos dos dízimos, quinto do ouro, dos
contratos de diamante, da passagem dos rios, do dízimo do tabaco e outros,
instituídos pela coroa.

A constituição imperial de 1824, não apresentou nenhum avanço em


matéria tributária, já a constituição republicana de 1891 criava condição para
implantação de uma metodologia tributária, inspirada nas constituições
europeias, tendo como marco inicial a transformação das colônias em estados
e dando competência tributária a união e aos estados, desde então introduzia a
imunidade tributária, dessa forma deu início ao sistema tributário nacional.

A constituição de 1934, trouxe no seu bojo grande progresso no sistema


constitucional brasileiro e se introduzia no brasil um sistema tributário flexível
sem margem à discricionaridade ao legislador ordinário. Aperfeiçoou o
processo de discriminação das rendas, definindo os tributos de competência
privativa da união dos estados e dos municípios, sendo que aos municípios
investidos de capacidade tributárias. As constituições de 1937,1946,1967 e
1969, pouco ou nada inovou o sistema tributário. O atual sistema tributário
brasileiro, contextualizado na constituição de 1988, nos seus (arts.145 e 162)
traduzem um aperfeiçoamento do atual sistema nacional brasileiro.

7
3 A EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA (1965-1967)

Segundo AFONSO (1999)1 o registro sistêmico das contas nacionais no


Brasil se início no ano de 1947, de modo que houve o despontamento de uma
carga tributária de 13,8% do PIB. Desse modo, com o decorrer dos anos,
houve um crescimento gradual, que alcançou um índice de 18,7% do PIB, isso
no ano de 1958. A partir desse momento, começou o início de uma trajetória
decrescente, que chegou a atingir 15,76% em meio a uma turbulenta crise
política e econômica que se desdobrou na década de 60.

Para compreender a estrutura tributária, é necessário compreender


vários outros momentos dentro da história, que influíram muito para que o
sistema se desse do modo atual. Porém, é importante destacar a CRFB/88
(BRASIL, 1988)2 que, mesmo sendo conhecida por seus feitos em relação a
vários aspectos jurídicos brasileiros, na sua promulgação, não contemplou a
estrutura do sistema tributário dentro dessa mudança.

DE modo, que não podem ser observadas mudanças significativas, o


que permaneceu igual é que a dimensão federal possui preponderância em
relação aos aspectos relacionados a reformulação desse sistema, que já sofreu
inúmeras propostas, mas que se encontra enferrujado.

Porém, algumas mudanças foram introduzidas pela Carta Magna, como


por exemplo o destaque para a participação dos governos estaduais e
municipais na arrecadação de tributos total. Isso, se dá pela elevação das
transferências intergovernamentais além da ampliação da base de incidência
do ICMS. Foi incluída, nessa base de cálculo, os antigos impostos únicos, que
correspondem:

 Energia elétrica,
 combustíveis e lubrificantes e minerais,

1
AFONSO, José Roberto (et all). Municípios, arrecadação e administração tributária:
quebrando tabus. In: www.bndes.gov.br., 1999.
2
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado,
1988.

8
 além dos serviços de comunicação e transporte, extinguindo-se os
respectivos impostos na esfera da União (DAIN, 1995) 3.

As mudanças que foram introduzidas, visam das maiores abrangências


a bases de tributação que é privativa dos Estados e dos municípios. A
expansão da autonomia legislativa, se insere justamente aqui, onde existe a
expansão dessa autonomia, dentro dessas esferas de governo, que segundo
SIMONSEN (1994)4 tem os seus próprios benefícios, relacionados com a
capacidade de geração de receita própria.

3.1 A EVOLUÇÃO DA REPARTIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA ENTRE OS


NÍVEIS DE GOVERNO DESDE 1960.

Segundo DAIN (1995)5 os dados relativos as devidas participações dos


três níveis de governo, em relação a arrecadação dos recursos tributários, que
estão disponíveis a partir de 1960, são claros ao demonstrar que nesse ano
bastante específico, tanto a União, como os Estados e os municípios, detinham
as transferências de tributos.

Essas transferências, chegavam até os seguintes percentuais:

 60% União;
 34% Estados;
 6% Municípios.

Porém, esses mesmos dados demonstram, que com a entrada da


Emenda Constitucional n° 5 de 1961, em conjunto com a Reforma Tributária de
1967, esses percentuais foram, segundo SIMONSEN (1994) 6 muito afetados.

3
DAIN, Sulamis. A experiência internacional e especificidade brasileira. In: RUI DE BRITTO AFONSO
(org.). Reforma Tributária e Federação. São Paulo: FUNDAP/UNESP,1995, pp. 21-41.
4
SIMONSEN, Mário H. A tributação do consumo. In: ARY OSWALDO MATTOS FILHO (coord.). Reforma
Fiscal: Coletânea de Estudos Técnicos. São Paulo: DBA – Dórea Books and Art, v.2, 1994,pp. 355-401
5
Idem.
6
SIMONSEN, Mário H. A tributação do consumo. In: ARY OSWALDO MATTOS FILHO (coord.). Reforma
Fiscal: Coletânea de Estudos Técnicos. São Paulo: DBA –
Dórea Books and Art, v.2, 1994,pp. 355-401.

9
Desse modo, diante desse cenário, no ano de 1960, houve uma mudança nos
percentuais, passando a figurar do seguinte esquema:

 60% União para 55%;


 34% Estados para 35%;
 6% Municípios para 6%.

3.2 A SISTEMÁTICA DE TRIBUTAÇÃO PELO ICMS


(não entendi, está sob análise o PIS e Cofins)

Atualmente, no Brasil, o que vigora, é justamente a sistemática de


tributação baseada no ICMS, desse modo, diante da lei, existem algumas
definições constitucionais, das hipóteses em que o ICMS incidirá:

 Sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicações, ainda que as operações e as prestações de serviços se
iniciem no exterior (Art. 155, item I, alínea b)7.
 Sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda quando se
tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do estabelecimento,
assim como sobre serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
Estado onde estiver situado o estabelecimento destinatário da
mercadoria ou serviço (Art. 155, item IX, alínea a) 8.
 Sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas
com serviços não compreendidos na competência tributária dos
municípios (Art. 155, item IX, alínea b)9.
Desse modo, a definição relacionada com a base de cálculo do ICMS,
decorre naturalmente da definição de sua hipótese de incidência. Segundo
SABBAG (2017)10 houve a regulamentação dessa matéria pelo Convênio n°
66/8811 (Apêndice 25.2), que estabeleceu como base de cálculo do ICMS:

7
BRASIL. Constituição da República FederatIVAdo Brasil. Brasília: Senado, 1988.
8
Iden.
9
Idem.
10
SABBAG, Eduardo Manual de direito tributário / Eduardo Sabbag. – 9. ed. – São Paulo : SaraIVA, 2017.
11
Texto Integral. Disponível em <
https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/convenios/1988/CV066_88> Acesso em 05 de Setembro
de 2020.

10
 Na entrada de mercadorias ou bens, importados do exterior: o valor
constante do documento de importação, acrescido do valor dos impostos
de importação, sobre produtos industrializados, sobre operações
financeiras, e das despesas aduaneiras.
 Na aquisição, em licitação, promovida pelo Poder Público, de
mercadoria importada do exterior e apreendida: o valor da aquisição e
das despesas cobradas do adquirente.
 Na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular: o
valor da operação.
 No fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por
qualquer estabelecimento, incluído os serviços prestados: o valor total
da operação, compreendendo o fornecimento da mercadoria e a
prestação do serviço.
 No fornecimento de mercadoria com prestação de serviços, não
compreendidos na competência tributária dos municípios: o valor total da
operação; quando compreendidos na competência tributária dos
municípios e com indicação expressa de incidência deste imposto: o
valor da mercadoria fornecida ou empregada.
 Na prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicações: o preço do serviço.

3.3 A NECESSIDADE DE UMA REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL

Nas últimas duas décadas, o fomento a debates a respeito da


necessidade de implementação de reforma tributárias, pode ser observado em
quase todos os países. A importância desse tipo de políticas e debates, reside
justamente na necessidade que se possui, de que sejam mais bem definidas as
políticas públicas internas, buscando modelos tributários mais coesos, que
permitam que sejam implementadas mudanças necessárias. Em alguns países,
como, é o caso do Brasil, tal implementação é urgente.

11
As reformas tributárias, segundo ARAÚJO & FERREIRA (1999) 12 de um
modo geral, buscam uma autocrítica interna, acerca do sistema tributário, se
adequando, as necessidades que cada país possui. A sua necessidade, desse
modo, independe no nível de carga tributária, do seu grau de desenvolvimento
econômico, ou ainda da quantidade ou qualidade dos serviços públicos que
são destinados a população.

Isso pode ser observado, principalmente quando se observa que não


existem meios que fomentem o acúmulo de capitais e o investimento em novas
tecnologias por parte das empresas, pois, é de conhecimento geral, que parte
considerável desses ganhos, são revertidos para o governo. Isso, reduz a
margem de lucro, e prejudica substancialmente o crescimento exponencial da
empresa, refletindo até mesmo na questão da competitividade.

Como bem destaca CAMPOS (1992) “Dizia o humorista inglês


Muggeridge que há duas coisas de difícil implementação: as promessas de
campanha política e as idéias sobre as quais todo o mundo está de acordo. A
reforma fiscal, de que tanto se fala, participa dessas qualidades.” 13
Desse modo, no Brasil, há algumas décadas já se vislumbra a
necessidade de uma Reforma Tributária, que promova, entre outras coisas, a
igualdade social e o desenvolvimento econômico. Porém, segundo REZENDE
(1996)14 o que impede que esse processo seja levado adiante, com maior
veemência, é o fato de que devido a situação tributária atual, existem
divergências quanto ao melhor caminho para que isso seja factualmente
realizado.

Essas dificuldades de adequação do sistema mais viável, pode ser


observado quando se verifica que inexiste um modelo que de fato seja ideal, de
modo que a referida Reforma terá de partir da formulação de um modelo que
possua a façanha de aproximar todas as características que são necessárias, e
aquelas que são desejáveis, aos instrumentos que são permitidos no Brasil.

12
ARAÚJO, C.H.V.; FERREIRA, P. C. Reforma tributária: efeitos alocativos e impactos de bem-estar.
Revista Brasileira de Economia, Vol.53, Nº. 2, Rio de Janeiro, 1999.
13
CAMPOS, R. O bestiário Fiscalista. O Estado de São Paulo. 1992.

14
REZENDE, F. Evolução da Estrutura Tributária: experiências recentes e tendências futuras,
Planejamento e Políticas Públicas, v.13, p.4-32, junho 1996.

12
Esse modelo, segundo estudiosos do tema, deve necessariamente
possuir algumas características. Imprescindíveis para que seja possível a
obtenção de um sistema tributário eficiente e coeso. Segundo STIGLITZ
(1999)15 essas características, são tidas como clássicas, e são compreendidas
como:

 Eficiência econômica,
 Simplicidade administrativa,
 Flexibilidade,
 Responsabilidade política e
 Justiça.

No que diz respeito ao coeficiente de eficiência econômica, segundo


STIGLITZ (1999)16 o que se busca, é um sistema tributário que não interfira na
alocação eficiente de recursos. Isso significa dizer, que esse sistema deve ser
utilizado de modo que não altere a decisão que o contribuinte poderia ou não
tomar, caso esse sistema não fosse instituído.

Como exemplo, pode-se citar o incentivo a redução das horas de


trabalho individual, ou ainda, a determinação de uma localização empresarial,
que não teria sido escolhida caso não houvesse nenhum tipo de benefício
fiscal.

Em relação a simplicidade administrativa, pode ser compreendida como


o projeto de um sistema tributário pautado na eficiência bem como naquilo que
é justo. Desse modo, não é necessário trazer complexidade, justamente porque
a implementação de sistema complexos, acarreta o aumento de custos altos,
que recaem ás custas da sociedade. Esses custos, se demasiadamente
onerosos, segundo STIGLITZ (1999)17 tornariam prejudicada toda essa noção
de eficiência e justiça.

É necessário mencionar, que quanto mais complexo se torna um


sistema tributário, maior a possibilidade de evasão fiscal. Além disso, sistemas

15
STIGLITZ, J. Economics of the Public Sector. New York. Norton & Company, 3ª edição, 1999, p.67
16
Idem, p. 89.
17
Idem, p. 78.

13
complexos, dificultam a administração tributária e a fiscalização por
conseguinte.

A terceira característica, a flexibilidade de um sistema tributário, segundo


STIGLITZ (1999)18 diz respeito ao fato de que é necessário haver adaptação
do sistema tributário a mudanças econômicas. Segundo o autor essa
flexibilidade, deve ser afinada a um ajuste permanente, dentro do sistema
tributário ao próprio ambiente econômico. Quando, por algum tipo de desajuste,
falta essa característica ajustável, é perceptível que começam a aparecer
problemas com agravantes, que, acumulados, somente poderão ser sanados,
mediante a realização de uma Reforma muito mais profunda.

Segundo STIGLITZ (1999)19 é necessário compreender que o


sistema tributário como um todo, deve ser concebido de modo que os
contribuintes, consigam aferir exatamente qual é a sua porcentagem de
pagamento. Esse conhecimento, permite que o sistema política, possa fazer
uma reflexão acerca dos indivíduos. Segundo o autor, o ideal seria que a
existência de tributos que são repassados aos contribuintes seja feita de forma
distinta dos demais alíquotas que são dispostas na legislação.

Por fim, o último requisito, seria o mais primoroso, o da justiça. Essa é


uma das características mais desejadas, como também uma das mais
discutidos, isso, em qualquer elaboração de sistema tributário, principalmente,
porque na prática, é a característica mais difícil de ser alcançada. Além disso,
definir o que vem a ser a justiça e como alcança-la, é um trabalho complexo.

Desse modo, é necessário que haja um acordo sobre esses conceitos, o


que permite que seja realizado uma espécie de pacto tributário acordado.
Atualmente, em relação a isso, a linha de pensamento que se tem vinculado é
a que permite defender a justiça ou a progressividade em detrimento das
atividades líquidas do Estado. Isso significa dizer, que o objetivo é o equilíbrio
econômico, após a ocorrência das receitas, bem como das despesas públicas.

18
Idem, p. 78.
19
Idem, p. 70-75.

14
Segundo ADAM SMITH (1983)20 um dos autores mais clássicos que
existem dentro da economia, existem quatro fatores que influenciam em um
sistema tributário ideal, e são eles:

1. Equidade: "Os súditos de cada Estado devem contribuir o máximo


possível para a manutenção do governo, em proporção a suas
respectivas capacidades, isto é, em proporção ao rendimento de que
cada um desfruta sobre a proteção do Estado.”
2. Certeza: "O imposto que cada indivíduo é obrigado a pagar deve ser fixo
e não arbitrário. A data do recolhimento, a forma de recolhimento, a
soma a pagar, devem ser claras e evidentes para o contribuinte e para
qualquer outra pessoa".
3. Conveniência de pagamento: "Todo o imposto deve ser recolhido no
momento e da maneira que, com maior probabilidade, forem mais
convenientes para o contribuinte.”.
4. Economia no recolhimento: "Todo o imposto deve ser planejado de tal
modo, que retire e conserve fora do bolso das pessoas o mínimo
possível, além da soma que ele carreia para os cofres do Estado.
Portanto, fica clarividente que é necessário uma reestrutura rigorosa em
relação a Reforma Tributária do país, que sempre desponta, porém não avança
dentro do Poder Legislativo, devido a tantos entraves existentes. Segundo
MENDES (2014) isso, possui reflexos diversos, como a falta de crescimento
das empresas, devido a carga tributária alta.

O sistema Tributário Brasileiro, pode ser concebido como um


instrumento de recolhimento de tributos, que porém, possui uma complexidade
exacerbada, em relação aos demais sistemas alienígenas. Isso se dá, não
apenas pelo fato das altíssimas cargas de tributos, mas sim, por problemas
relacionados a não unificação das leis tributárias.

20
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza e suas Causas. Ed. Abril
Cultural, Coleção: Os Economistas, São Paulo. v.2, págs.247- 249. 1983.

15
O ambiente corporativo, segundo ABREU (2004) 21 é um dos setores
mais prejudicados por isso, principalmente, porque conforme mencionado mais
acima, sistemas complexos, dão margem a más interpretações, além de
fomentar a sonegação e a fraude.

Segundo AFONSO (2007)22 isso pode ser observado no ambiente


nacional, quando se constata que cada Estado possui uma legislação própria
para tratar de ICMS. Portanto, existem 27 legislações distintas, que tratam
sobre o mesmo imposto. Isso, sem mencionar os impostos municipais, o ISS,
de modo que existem cerca de 5.600 municípios distintos, e cada um possui
uma maneira distinta d tratar do referido imposto.

A presente dissertação, portanto, se pauta em uma solução que tem


demonstrado viabilidade em outros países, e que se bem adequada, pode
promover a simplificação do sistema brasileiro. Essa solução, segundo
AFONSO O& JUNQUEIRA (2008)23 é a unificação da legislação, o que
possibilita o fomento do crescimento econômico do país.

Já foram elaboradas duas Propostas de Emendas Constitucionais,


porém, a presente dissertação focaliza na análise da Proposta de Reforma, a
n° 45-A, de 2019, proposta pelo Srª Baleia Rossi, em conjunto com outros
indivíduos, que tem como objetivo "altera o Sistema Tributário Nacional e dá
outras providências" (PEC04519).

No ano de 2008, dentro do contexto de modelo de Reforma que foi


criado pelo Centro de Cidadania Fiscal – CCiF, começou-se a debater a
respeito desse sistema único de Imposto, do tipo IVA (Imposto sobre Bens e
Serviços - IBS). Segundo essa proposta, o referido modelo possui a alíquota de
25%, divididos do seguinte modo:

 9% de Competência da União;

21
ABREU, Jorge Ritter. A Tributação do Valor Adicionado no Mercosul, em Países Federados e na União
Européia: mecanismos e ajustes de fronteira. Brasília: ESAF. p. 75. 2004. Disponível em: <
http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/Premio_-
TN/IXPremio/mercosul/3mercosulIXPTN/3premio_mercosul.pdf>. Acesso em: 28 de Agosto de 2020.
22
AFONSO, J.R. Tributação, Reforma e Federalismo: Uma Visão Atual da América Latina. p. 103- 139,
2007.
23
AFONSO, J.R. e JUNQUEIRA, GABRIEL. Tributação, Reforma e Federalismo: Uma Visão Atual da
América Latina. CEPAL. p. 103-136, 2008.

16
 14% dos Estados;
 2% dos municípios.

4 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DO LIVRO


(esse tCC não discute a imunidade e sim a isenção, o que a reforma visa imputar aos livros é o
PIS e COFINS, retirando a isenção concedida pela lei 10.865/04)

O presente projeto de pesquisa pretende discorrer sobre o impacto do PL


3.887/20, sobre o mercado livreiro. O referido Projeto de Lei intenta criar o tributo
sobre consumo, denominado Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços,
CBS, este unificaria o PIS e COFINS, e teria alíquota básica única de 12%, para todos
os setores e produtos, diferenciando a alíquota apenas para as instituições financeiras.

Neste norte, se o PL 3.887/20 for aprovado em sua integridade, respeitando os


devidos trâmites legais, a CBS irá extinguir a isenção outorgada aos livros pela Lei
10.865/04. Isto posto, o presente projeto de pesquisa visa aclarar os efeitos da
imputação da CBS ao mercado livreiro, ante ao argumento da Receita federal que não
existem indicativos que confirmem a redução do preço dos livros após a concessão da
isenção.

Ademais, o presente trabalho também intenta abordar a alegação do Item 14 do


documento de perguntas e respostas da CBS, versão 2, 2021.04, da Receita Federal, no
qual foi aduzido que o dinheiro arrecadado pelo tributo permitirá a criação de políticas
públicas focalizadas no acesso à leitura, tendo em vista que não restou demonstrado
quais medidas o governo adotaria para concretizar tal declaração.

Ante ao exposto, visando maior compreensão do tema sob análise, cumpre


elucidar, que o art. 150, inciso VI, alínea d, da Carta Magna, preconizou que os” livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, são imunes à cobrança de
impostos”. Contudo, resta claro, que o referido mandamento legal, não obsta a
imputação de outros tributos aos livros.

Percebe-se, que a imunidade concedida no dispositivo supracitado não se


relaciona a capacidade contributiva, trata-se de artifício que o constituinte postulou para
incentivar a atividade cultural, sobre o tema Luís Eduardo Schoueri leciona:

Dessa forma, o que se encontra na imunidade aos livros, jornais, periódicos e

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ao papel destinado a sua impressão é um estímulo à atividade cultural,
exercida por meio dos livros, periódicos e jornais. Tal incentivo, vale dizer,
poderia dar-se em qualquer situação, quando o legislador, por meio de
normas tributárias indutoras, fomenta determinada atuação do contribuinte.
No papel de garantia, encontra -se a defesa de uma liberdade fundamental.
(SCHOUERI, 2019, p. 1021)

Nesta toada, faz-se necessário trazer à baila, a isenção estabelecida no art. 28,
inciso VI, da Lei 10.865/04, regulamentado pela Lei 11.033/04, o referido dispositivo
legal outorgou alíquota zero para as contribuições de PIS/PASEP e à COFINS aos
livros, conforme regulamentado no art. 2º da Lei nº 10.753/03.

Convém enfatizar, que a isenção outorgada aos livros pelo diploma legal
supracitado, tencionava trazer concretitude ao postulado na carta magna, possibilitando
assim maior acesso à leitura pela população, ante redução dos preços.

Sendo assim, conforme restou sobejamente demonstrado, os livros possuem


garantido no ordenamento jurídico pátrio a imunidade sobre impostos, estando
preconizado na Carta Magna, bem como, isenção de PIS/PASEP e à COFINS, sobre as
receitas de vendas de livros no mercado interno, consoante ao estabelecido em norma
infraconstitucional.

Portanto, é manifesto que a incidência da CBS em nada abrange a imunidade


garantida na Carta da República, insta frisar, que tal hipótese seria uma violação clara
da garantia constitucional à liberdade de “expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”, estabelecida no
art. 5, inciso IX, da CF/88.

Dessa forma, após necessária pormenorização, resta claro que o presente projeto
de pesquisa pretende discutir a iniciativa de extinguir a isenção concedida pela Lei
10.865/04, tendo em vista que a CBS intenta instituir alíquota de 12% sobre a receita da
venda de livros e do papel usado para a fabricação desses produtos.

Outrossim, faz-se necessário evidenciar, que o tema sob análise vem sendo
amplamente controvertido pela sociedade brasileira, dado que a primeira corrente
entende que a imputação da CBS aos livros, irá obstar o acesso à leitura daqueles que
possuem menor capacidade econômica, devido o inevitável aumento do preço do
produto final.

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Em contrapartida, outra vertente alega que a isenção concedida aos livros não
incentiva a leitura, entendendo ser mais efetivo utilizar o dinheiro da arrecadado com a
CBS para implementação de políticas públicas que possibilitem o maior acesso aos
livros.

A fortiori, conclui-se que, o presente projeto de pesquisa objetiva busca elucidar


o verdadeiro impacto da implementação da CBS ao mercado livreiro, bem como isso irá
afetar o acesso à leitura das famílias que recebem até dois salários-mínimos. Ademais,
intenta analisar a possibilidade do Governo instituir políticas públicas, com propósito de
assegurar o acesso a leitura, com a receita arrecadada com a CBS.

 Analisar se a isenção outorgada aos livros por meio da Lei 10.865/04, acarreta
maior benefício a faixa da população com renda familiar mais alta.
 Analisar se a isenção outorgada aos livros por meio da Lei 10.865/04, ensejou
efetiva desoneração do preço das publicações.
 Analisar se a isenção outorgada aos livros por meio da Lei 10.865/04, melhorou
o hábito de leitura da população brasileira.
 Analisar o impacto da Contribuição Social sobre Operações com Bens e
Serviços sobre o preço dos livros.
 Analisar se a Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços irá
obstar o acesso à leitura.
 Analisar se há a possibilidade governo implementar políticas públicas para
fomentar o acesso à leitura com a receita arrecada pela CBS.

4.1 A CARTA MAGNA DE 1988

4.2 DOUTRINA CONTRÁRIA A IMUNIDADE DO LIVRO


 ISENÇÃP

4.3 LEI COMPLEMENTAR DO ICMS N° 87/96 E A IMUNIDADE


CONSTITUCIONAL DOS LIVROS
 É PIS E COFINS

4.4 DA PL 3.887/2020

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5 CONCLUSÃO

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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