Você está na página 1de 40

SUMÁRIO:

1 - DIREITO FINANCEIRO ................................................................................ 3


1.1 Campo de Aplicação ............................................................................... 3
1.2 Jurisprudência ........................................................................................ 4
2 - DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................. 8
2.1 Campo de Aplicação ............................................................................... 8
2.2 Conceito de Tributo .............................................................................. 11
2.3 Espécies de Tributos ............................................................................ 14
2.3.1 Impostos ........................................................................................... 14
2.3.2 Taxas ................................................................................................ 15
2.3.3 Taxas de Poder de Polícia ................................................................ 15
2.3.4 Taxa de Serviço Público ................................................................... 16
2.4 Contribuições de Melhoria ................................................................... 18
2.5 Empréstimos Compulsórios ................................................................ 20
2.6 Contribuições Especiais ...................................................................... 21
2.6.1 Contribuições Sociais ....................................................................... 21
2.6.2 Contribuições de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE) ......... 22
2.6.3 Contribuições Corporativas ............................................................... 23
2.6.4 Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP)
e Contribuição Sindical .............................................................................. 23
3 - JURISPRUDÊNCIAS .............................................................................. 25
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:................................................................................ 40

2
1 - DIREITO FINANCEIRO

1.1 Campo de Aplicação

O direito financeiro consiste em um sistema normatizador da atividade financeira


do Estado, abarcando as prestações pecuniárias exigidas pela máquina estatal,
as quais estão abrangidas no conceito de tributo.
O direito financeiro tem por objeto a disciplina do orçamento público, das receitas
públicas, incluindo as receitas tributárias, da despesa pública e da dívida
pública.1
Assim, diz-se que esse ramo do direito se compreende do conjunto das normas
sobre todas as instituições financeiras (receitas, despesas, orçamento, crédito e
processo fiscal). A doutrina costuma dividir o direito financeiro da seguinte
maneira:
a) Receitas públicas;
b) Despesas públicas;
c) Autorização para gastos públicos;
d) Fiscalização dos gastos públicos.
As receitas públicas, por sua vez, devem ser classificadas em provisórias e
definitivas. As receitas provisórias incluem os depósitos, as cauções, as finanças
e os empréstimos, ao passo que as definitivas são divididas entre originárias,
derivadas e transferidas. As receitas definitivas originárias são aquelas
decorrentes de institutos de direito privado, como o preço público, as doações, o
recebimento de bens vacantes, entre outros. Já as derivadas são as
provenientes de leis de ordem pública, abarcando os tributos e as receitas
públicas derivadas não tributárias, como as multas. Por fim, as receitas
transferidas referem-se à repartição dos tributos arrecadados. Assim, é possível
perceber o ponto em comum entre o direito financeiro e o direito tributário: ambos
estudam tributos. A diferença está em que o direito financeiro vai além do campo
do direito tributário. Por exemplo, com o cumprimento da obrigação tributária
principal (pagamento do tributo, em regra), extingue-se a relação tributária,
todavia, não se extingue a relação financeira, uma vez que as despesas públicas
fazem parte de seu objeto.

1
Direito tributário brasileiro / Luciano Amaro. – 21 ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. P. 23

3
A atividade financeira estatal consiste na arrecadação dos recursos necessários
para a gestão da coisa pública, o que chamamos de “receita”, juntamente com a
atividade de aplicação destes recursos, quais sejam as “despesas”.

1.2 Jurisprudência

Princípio da intranscendência e entidade integrante de consórcio público com


pendência no CAUC: Se um consórcio público celebrou convênio com a União
por meio do qual estão previstos repasses federais, o fato de um dos entes
integrantes do consórcio possuir pendência inscrita no CAUC não pode impedir
que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o consórcio público
é uma pessoa jurídica distinta dos entes federativos que o integram e, segundo
o princípio da intranscendência das sanções, as punições impostas não podem
superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem
prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato.
Assim, o fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no
Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não
impede que o consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência
voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000. STJ. 2ª Turma. REsp
1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/11/2015 (Info 577).
Inconstitucionalidade de lei estadual que amplia os limites máximos de gastos
com pessoal fixados pela LRF: A Lei de Responsabilidade Fiscal, cumprindo o
que determina o art. 169 da CF/88, estabelece, em seus arts. 19 e 20, valores
máximos que a União, os Estados/DF e os Municípios poderão ter gastar com
despesas de pessoal. É inconstitucional lei estadual que amplia os limites
máximos de gastos com pessoal fixados pelos arts. 19 e 20 da Lei de
Responsabilidade (LC 101/2000).
O art. 169 da CF/88 determina que a despesa com pessoal da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
estabelecidos em lei complementar. Esta lei complementar de que trata a
Constituição é uma lei complementar nacional que, no caso, é a LC 101/2000. A
legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os
parâmetros normativos contidos na LRF, e, com isso, usurpa a competência da
União para dispor sobre o tema. STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817).

4
Enquadramento das despesas com pessoal do MPDFT no art. 20 da LRF: O
limite máximo das despesas de pessoal do Ministério Público do Distrito Federal
e Territórios está disciplinado pela alínea "c" do inciso I do art. 20 da Lei de
Responsabilidade Fiscal. A alínea "d" do mesmo dispositivo menciona as
despesas com o MPU, mas não abrange o
MPDFT porque existe regra específica para ele na referida alínea "c".
Redação da LC 101/2000:
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os
seguintes percentuais:
I - na esfera federal:
(...)
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo,
destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes
do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da
Emenda Constitucional nº 19, repartidos de forma proporcional à média das
despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita
corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
anteriores ao da publicação
desta Lei Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
STF. 1ª Turma. MS 25997/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/4/2016 (Info
820).

Restrição para transferência de recursos federais a Município que possui


pendências no CAUC: A restrição para transferência de recursos federais a
Município que possui pendências no Cadastro Único de Exigências para
Transferências Voluntárias (CAUC) não pode ser suspensa sob a justificativa de
que os recursos destinam-se à reforma de prédio público. Essa atividade
(reforma) não pode ser enquadrada no conceito de ação social previsto no art.
26 da Lei 10.522/2002.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.439.326-PE, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 24/2/2015 (Info 556).

Pavimentação e drenagem também não são consideradas como ação social: A


restrição para transferência de recursos federais a Município que possui

5
pendências no Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias
(CAUC) não pode ser suspensa sob a justificativa de que os recursos destinam-
se à pavimentação e drenagem de vias públicas. Essas atividades
(pavimentação e drenagem) não podem ser enquadradas no conceito de ação
social previsto no art. 26 da Lei 10.522/2002.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.372.942-AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
1º/4/2014 (Info 539).
STJ. 2ª Turma. REsp 1.527.308-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
16/6/2015 (Info 566).

Inconstitucionalidade e lei estadual que permita que o Estado utilize verbas dos
depósitos judiciais: Diversos Estados editaram leis estaduais prevendo que o
Poder Executivo pode utilizar os valores constantes dos depósitos judiciais não
apenas relacionados com processos em que os Estados sejam parte, mas
também oriundos de outros feitos em que estejam litigando somente particulares.
Tais leis estão sendo questionadas por meio de ADIs. É o caso, por exemplo, da
Lei 21.720/2015, do Estado de Minas Gerais. O STF tem entendido, ainda em
um juízo sumário e provisório, que tais leis estaduais são inconstitucionais por
violarem:
1) O princípio da separação dos poderes.
2) A iniciativa privativa legislativa da União (art. 22, I, da CF/88).
3) A LC federal 151/2015 apenas autoriza o levantamento de 70% dos valores
que sejam objeto de depósitos vinculados a processos em que os entes
federados sejam parte.
STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
28/09/2016 (Info 841).

Expropriação de recursos administrados pelo poder público estadual: O Estado


do Rio de Janeiro vive uma grave crise econômica, estando em débito com o
pagamento de fornecedores e atraso até mesmo no pagamento da remuneração
dos servidores públicos. Os órgãos e entidades também estão sem dinheiro para
custear os serviços públicos.
Diante disso, diversas ações (individuais e coletivas) foram propostas, tanto na
Justiça comum estadual como também na Justiça do Trabalho, pedindo a

6
realização desses pagamentos. Os órgãos judiciais estavam acolhendo os
pedidos e determinando a apreensão de valores nas
contas do Estado para a concretização dos pagamentos.
Neste cenário, o Governador do Estado ajuizou ADPF no STF com o objetivo de
suspender os efeitos de todas as decisões judiciais do TJRJ e do TRT da 1ª
Região que tenham determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora
ou a liberação de valores das contas administradas pelo Estado do Rio de
Janeiro. O STF afirmou que esse conjunto de decisões representa uma
usurpação das competências constitucionais reservadas ao Poder Executivo (a
quem cabe exercer a direção da administração) e ao Poder Legislativo (a quem
compete autorizar a transposição, remanejamento ou transferência de recursos
de uma categoria de programação para outra, ou de um órgão para outro). Logo,
isso significa uma ofensa ao art. 2º, art. 84, II e art. 167, VI e X, da Constituição
Federal. Diante desse cenário, o STF determinou a suspensão dos efeitos das
decisões que tenham determinado o arresto, o sequestro, o bloqueio, a penhora
ou a liberação de valores das contas administradas pelo Estado do Rio de
Janeiro e que tenham recaído sobre recursos escriturados, com vinculação
orçamentária específica ou vinculados a convênios e operações de crédito,
valores de terceiros sob a administração do Poder Executivo e valores
constitucionalmente destinados a municípios, devendo, ainda, ser devolvidos os
recursos que ainda não tenham sido repassados aos beneficiários dessas
decisões judiciais.
STF. Plenário. ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/6/2017
(Info 869).

7
2 - DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1 Campo de Aplicação

O Estado possui o dever da busca pelo bem comum. Para isso, é mister que se
obtenha recursos, para que estes sejam aplicados na busca da consecução do
bem comum. Os tributos nada mais são do que um dos meios que o Estado
possui para obter recursos para que se alcance seu dever constitucional. De
acordo com Renato Lopes Becho, os Estados efetuam gastos para a
manutenção de sua existência e também para oferecer conforto a seus cidadãos.
Provêem e mantêm as Forças Armadas, os serviços diplomáticos e serviços
administrativos internos, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
procuram oferecer serviços aos cidadãos como previdência e assistência social,
saúde, educação, segurança e etc., e para isso é necessária a arrecadação de
dinheiro aos cofres públicos. Nos dias atuais, a fonte mais importante de geração
de receitas para o Estado é a tributária. 2
Antigamente, os tributos eram disciplinados juridicamente pelo direito financeiro.
Todavia, com o grande desenvolvimento do direito referente aos tributos, esta
atividade financeira do Estado ganhou força autônoma, surgindo, dessa forma,
o direito tributário como ramo autônomo da ciência jurídica, dissociado do direito
financeiro.3
Com o escopo de conceituar direito tributário, a doutrina costuma dizer que este
ramo do direito compreende a disciplina de determinadas relações jurídicas que
têm por objeto o dever de prestar tributo. Dentro da dicotomia entre direito
privado e direito público, é neste último que se encontra o direito tributário, uma
vez que disciplina relações jurídicas em que o Estado é parte. Nas relações
jurídicas abarcadas pelo direito tributário, o Estado assume o papel de Fisco e
figura sempre no pólo ativo, seja exigindo tributos, seja exigindo a realização de
determinados comportamentos dos sujeitos passivos, ou ainda, para aplicar
sanções diante do descumprimento da lei tributária. Dessa forma, conceitua
Regina Helena Costa: “(...) o conceito de Direito Tributário como o conjunto de

2
Becho, Renato Lopes. Lições de Direito Tributário: teoria geral e constitucional. 2 ed. – São Paulo:
Saraiva, 2014.
3
Direito tributário brasileiro / Luciano Amaro. – 21 ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. P. 23

8
normas jurídicas que disciplinam a instituição, a arrecadação e a fiscalização de
tributos.” 4
Já Luciano Amaro conceitua “direito tributário como a disciplina jurídica dos
tributos.” Para este autor, nem sempre o Estado figurará no pólo passivo da
relação jurídica-tributária, como se dá na hipótese de parafiscalidade, em que
tributos são arrecadados por entidades às quais a lei, posteriormente à criação
da espécie tributária, atribui capacidade tributária, isto é, aptidão para ocupar a
posição de credora da prestação tributária. 5 Além disso, completa o autor que
nem sempre particulares irão figurar no pólo passivo de obrigações tributárias,
podendo neste figurar entes públicos, como as empresas públicas e as
sociedades de economia mista que explorem atividade econômica, além das
atividades que não se incluam na renda e serviços vinculados às finalidades
essenciais ou delas decorrentes no que tange à imunidade das autarquias e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, conforme o art. 150, §2º,
da CF/88, e também quanto à responsabilidade por tributos que lhes caiba reter
na fonte, à luz do artigo 9º, §1º, CTN.
Em análise quanto à autonomia do Direito Tributário, primeiro cabe-se falar que
dentro da ciência do direito, divide-se autonomia meramente didática e
autonomia de natureza científica. A primeira acaba sendo contestável, tendo em
vista decorrer da existência de um grupo de normas que apresentam particular
homogeneidade relativamente a seu objeto, propiciando seu estudo
separadamente de outros conjuntos normativos, ainda que se sujeitando,
também, a princípios de diversos ramos do Direito. A autonomia científica, por
sua vez, revela-se através da formação de institutos e princípios próprios. 6
Quanto ao direito tributário, encontramos a problemática na existência ou não de
sua autonomia científica. É indubitável a existência de institutos e princípios
peculiares do direito tributário, como o lançamento, a denúncia espontânea, a
isenção, a capacidade contributiva, a vedação da utilização de tributo com efeito
de confisco, a anterioridade da lei tributária, a uniformidade geográfica, entre
outros. Todavia, o direito tributário ainda é dependente – e muito – de princípios
e conceitos comuns a outros ramos do direito, especialmente dos direitos

4
Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional / Regina Helena Costa. – 5. Ed.
rev. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2015. P. 36.
5
Direito tributário brasileiro / Luciano Amaro. – 21 ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. P. 24 e 25.
6
Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional / Regina Helena Costa. – 5. Ed.
rev. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2015. P. 37.

9
constitucional e administrativo, o que apontariam para uma conclusão de que
não se poderia falar em sua autonomia científica. Ocorre que parece um
equívoco compreender o direito tributário como mero capítulo do direito
administrativo, tendo em vista sua magnitude constitucional e o desenvolvimento
de seus institutos nos últimos anos. Em suma, pode-se entender que o direito
tributário não possui uma plena autonomia científica no direito brasileiro, isso
pois, não obstante possuir conceitos e princípios que lhe são próprios e
exclusivos, não há possibilidade de prescindir de normas de outras disciplinas
jurídicas em seu estudo, principalmente as de direito constitucional.
Por conseguinte, cabe ressaltar a discussão acerca de qual seria a finalidade do
direito tributário, qual seria o conteúdo do elemento teleológico de sua
legislação? A doutrina clássica costumava colocar a interpretação econômica
como primordial no direito tributário, isso pois, a razão teleológico seria a
arrecadação, a necessidade de dinheiro para o Estado. Todavia, pode-se
lembrar de outras finalidades, como sendo um limitador ao poder de tributar,
funcionar como um conjunto de freios contra o Estado, em sua ânsia
arrecadatória. A limitação ao poder de tributar constitui conquista histórica,
iniciada na Era Medieval, no continente europeu, e trouxe grande finalidade do
direito tributário, qual seja, a proteção do contribuinte. Dessa forma, é possível
concluir que as normas tributárias antes de serem autorizações para tributar
(sentido positivo), são proteções contra a tributação sem limites (sentido
negativo), a fim de se evitar excessos estatais, como quando o soberano recolhia
o quanto de bens lhe interessava do patrimônio de seus súditos, por ausência
de limites preestabelecidos.7
Por fim, considera-se útil abordar nesta parte introdutória, os conceitos de
Fiscalidade, Parafiscalidade e Extrafiscalidade. A priori, cabe distinguir as
expressões tributo e fisco. Tributo, como objeto ou coisa, consiste em uma
quantidade de dinheiro entregue ao Estado, que encontra fundamento na lei e
na relação jurídico-tributária. Como exemplo, quando alguém paga o valor de R$
100,00 de IPTU, está se referindo a tributo quanto a este significado. Já Fisco,
importante distingui-lo em dois sentidos: como órgão estatal, em que é usado
para indicar entidades ou pessoas que atuam em relação aos tributos, como os
agentes de fiscalização, e como objeto, em que fisco é compreendido como os

7
Becho, Renato Lopes. Lições de Direito Tributário: teoria geral e constitucional. 2 ed. – São Paulo:
Saraiva, 2014. P. 46 e 47.

10
cofres públicos, o tesouro, o erário, isto é, o local onde se armazenam os bens
e valores arrecadados. Na fiscalidade, a finalidade principal dos tributos é carrear
recursos para os cofres públicos, sendo assim a situação mais comum. A
parafiscalidade, por seu turno, representa os cofres paralelos, os quais se
destinam a fazer frente a atuações específicas. No Brasil, os principais tributos
parafiscais estão disciplinados nos artigos 149 e 149-A da Constituição Federal,
sendo as contribuições sociais para a seguridade social, as anuidades para
entidades de fiscalização profissional pagas por profissionais liberais, entre
outras, sendo então os tributos parafiscais recolhidos para o caixa do INSS, do
Conselho Estadual de Medicina, da Ordem dos Advogados do Brasil e etc. A
instituição que recebe o tributo parafiscal está ao lado do Estado, o ente federado
cria o tributo, mas a sua finalidade de arrecadação é específica para outra
entidade. Por sua vez, a extrafiscalidade atribui ao tributo a finalidade principal
de intervir em relações sociais e econômicas. São exemplos de tributos
extrafiscais o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação, o Imposto sobre
Produtos Industrializados e o Imposto sobre Operações Financeiras, todos
impostos que, além de servirem para arrecadar dinheiro aos cofres públicos,
também visam regular o mercado de produção e de consumo. Os tributos
extrafiscais podem também ser chamados de tributos regulatórios.

2.2 Conceito de Tributo

É possível extrair o conceito de tributo da própria Carta Magna, com a análise de


seus artigos 145 a 156, chegando-se a uma noção essencial desse conceito:
tributo corresponde a uma relação jurídica existente entre Estado e contribuinte,
uma vez implementada determinada situação fática prevista em lei como
autorizadora dessa exigência, cujo objeto consiste em uma prestação
pecuniária, não revestida de caráter sancionatório, e disciplinada por regime
jurídico próprio.8
A referida situação fática pode ou não estar vinculada a uma atuação estatal,
mas em qualquer caso estará revestida de conteúdo econômico. Ademais, o
legislador infraconstitucional estabeleceu o conceito legal de tributo, dispondo o
art. 3º do Código Tributário Nacional: “Tributo é toda prestação pecuniária

8
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 128.

11
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.”
Assim, trata-se de uma relação jurídica na qual o sujeito ativo (Fisco) poderá
exigir do sujeito passivo (contribuinte), uma prestação em dinheiro, exigível
mediante lei, e que, em hipótese alguma, se confundirá com uma sanção de ato
ilícito. Dessa forma, trata-se de obrigação ex lege, surgindo com a simples
ocorrência do fato descrito na hipótese de incidência prevista na lei, sendo assim,
compulsória. Por conseguinte, distingue-se da multa, a qual se caracteriza por
diversa modalidade de prestação pecuniária compulsória. Ademais, sua
exigência se dá por meio de uma atividade administrativa plenamente vinculada,
isto é, não tem o administrador tributário, no exercício da atividade estatal de
exigir tributos, discricionariedade para analisar a conveniência e oportunidade de
tal exigência, preenchidos os requisitos legais, deverá ser cobrado o tributo.
Tendo em vista que o tributo atinge diretamente a propriedade, direito este
constitucionalmente assegurado, embarca diversos princípios e regras
constitucionais. Apesar de encontrarmos pontos de contato entre tributo e outros
institutos ligados ao direito de propriedade, vale ressaltar suas distinções. No
que tange à multa, não obstante ambos serem prestações pecuniárias
compulsórias, não há que os confundir, uma vez que aquela possui natureza de
sanção. Quanto à desapropriação, outro instituto que também atinge diretamente
o direito de propriedade como o tributo, com este não se confunde, haja vista se
traduzir na supressão da propriedade mediante o pagamento de indenização,
algo que não se cogita quando falamos de tributação. Por fim, o tributo não se
confunde com o confisco (ressalta-se que a própria Constituição Federal veda a
utilização de tributo com efeito de confisco). Este se reveste de caráter
sancionatório, além de representar a absorção total ou substancial da
propriedade privada, ao passo que o tributo absorve parcela da propriedade do
contribuinte. 9
Quanto à natureza jurídica específica do tributo, prevê o artigo 4º do Código
Tributário Nacional:
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador
da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

9
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 128.

12
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
O caput do art. 4º dispõe como critério determinante para a identificação da
natureza jurídica específica do tributo o fato gerador “em abstrato”, ou seja, a
hipótese de incidência. Todavia, a própria Constituição Federal ao classificar e
determinar a incidência dos tributos, determina a sua natureza jurídica, fazendo
menção também à base de cálculo, como no artigo 145, §2º e artigo 154, inciso
I. Dessa forma, o ideal entendimento do artigo supracitado do CTN não pode
deixar de lado a observância das referidas normas constitucionais. Em suma, a
natureza jurídica específica do tributo determina-se pela união da hipótese de
incidência com a base de cálculo.
Ademais, é mister realizar mais duas observações quanto ao dispositivo do CTN.
Pelo inciso I, o nome ou as características formais do tributo não importam na
sua qualificação, cabe lembrar do “salário-educação”, o qual, apesar de sua
denominação, constitui autêntica contribuição social, com respaldo nos artigos
149, caput, e 212, §2º, da CRFB. No inciso II, o art. 4º afirma que a destinação
legal do produto da arrecadação também é relevante para a qualificação do
tributo. Ocorre que tal afirmação foi pensada pelo legislador à luz dos impostos,
uma vez que a assertiva se aplica aos tributos não vinculados a uma atuação
estatal específica, cuja receita é destinada ao custeio dos serviços públicos
gerais. Todavia, a destinação do produto de arrecadação torna-se relevante em
outras espécies tributárias, como os empréstimos compulsórios (art. 148,
parágrafo único, CRFB – a aplicação dos recursos provenientes de sua
arrecadação será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição) e as
contribuições, as quais são instituídas mediante autorização à vista de
determinadas finalidades (artigos 149, 149-A, 177, §4º, e 195, CRFB).10
Por fim, os tributos podem ser classificados a partir da necessidade ou não de
atuação estatal para que o fato gerador do tributo aconteça. Dessa forma, poder
ser:
a) Vinculados: as taxas e contribuições de melhoria são tributos vinculados, no que
concerne aos seus fatos geradores. Isto é, o fato gerador equivale a um fato do
estado, em outras palavras, o fato gerador depende de atuação estatal.

10
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 131.

13
b) Não vinculados: os impostos, por seu turno, são tributos não vinculados, uma
vez que independem de atuação estatal específica, conforme disposto no artigo
16 do Código Tributário Nacional. Isto é, o fato gerador equivale a um fato do
contribuinte.

2.3 Espécies de Tributos

Quanto às espécies de tributos, há grande divergência. Isso pois, o Código


Tributário Nacional, em seu artigo 5º dispõe que “tributos são impostos, taxas e
contribuições de melhoria”, adotando, dessa forma, a teoria da tripartição, sendo
que os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais (ou contribuições
parafiscais) seriam variações das três primeiras figuras.
Já para o Supremo Tribunal Federal, os empréstimos compulsórios e
contribuições especiais são espécies tributárias autônomas, sendo necessário
abandonar parcialmente a normatividade do CTN tendo em vista a complexidade
atual do sistema tributário nacional, que se diferencia da época em que nosso
Código foi criado. Dessa forma, o STF adota a teoria da pentapartição das
espécies de tributo. Vamos analisar as espécies tributárias conforme a teoria da
pentapartição:

2.3.1 Impostos

Diz o artigo 16 do CTN: Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador
uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte. O fato gerador dos impostos, classificado como fato do contribuinte,
incide na manifestação de riqueza deste sujeito passivo. A base de cálculo será
a grandeza que quantifica a riqueza manifestada, a qual será tributada.
As competências para sua criação estão na Constituição Federal, delimitadas
para cada ente federativo, nos artigos 153, 155 e 156 da CF/88. Além dos
previstos pelo artigo 153, a União possui a competência para criar outros
impostos, o que não é permitido aos Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios. Essa competência extraordinária e residual da União está prevista
no artigo 154 da Carta Magna, o qual dispõe: A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo
próprios dos discriminados nesta Constituição;

14
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Na competência residual, prevista no inciso I do artigo supracitado, a União
poderá instituir impostos residuais, mediante lei complementar, observada a
técnica da não-cumulatividade, ou seja, não pode haver a incidência “em
cascata”. Por exemplo, no ICMS, se você paga em uma etapa, na próxima você
vai abater o que já pagou, então só vai incidindo no que for acrescido ao bem ou
serviço. Além disso, a União também precisará inovar quanto ao fato gerador e
à base de cálculo. O exercício da competência extraordinária, por sua vez, é
restrito às hipóteses de iminência ou caso de guerra externa, o qual pode ser
criado por Medida Provisória (uma vez que não depende de lei complementar) e
não precisa observar distinção de fato gerador ou base de cálculo já previsto
pela Constituição Federal, isto é, podendo gerar verdadeira bitributação,
permitida pela própria Constituição nessa hipótese excepcional.

2.3.2 Taxas

As taxas configuram tributo vinculado, sendo contraprestacional, ou seja, advém


de uma atividade específica do Estado ao contribuinte. À luz do artigo 77 do
Código Tributário Nacional, as taxas têm como fato gerador o exercício regular
do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

2.3.3 Taxas de Poder de Polícia

Previstas no artigo 78 do CTN, advém da supremacia do interesse público sobre


o interesse privado. A taxa, por ser tributo contraprestacional, apenas poderá ser
cobrada no exercício de fiscalização do poder de polícia, isto é, no poder de
polícia em concreto. É nessa fiscalização que ocorre o fato gerador da taxa do
poder de polícia. Por exemplo, quando alguém faz a prova para obter a Carteira
Nacional de Habilitação, é necessário efetuar o pagamento de taxa das provas,
uma vez que no momento da prova há a fiscalização, ou seja, está incidindo esse
poder de polícia do Estado, ele irá fiscalização se o indivíduo sabe ou não dirigir,

15
e mesmo que seja aprovado ou reprovado, tem que pagar a referida taxa, pois
há a fiscalização.
Quanto às taxas de poder de polícia, cabe ressaltar, ainda, que o Supremo
Tribunal Federal, em um caso envolvendo discussão de renovação de alvará,
consolidou o entendimento e que para a cobrança de taxa não é necessário o
efetivo poder de polícia, basta a mera existência de órgão administrativo de
fiscalização, pois incide uma presunção do poder de polícia. Mas atente-se: o
que pode é cobrar pela presunção do exercício do poder de polícia, e não cobrar
sem o poder de polícia.

2.3.4 Taxa de Serviço Público

Dispõe o artigo 79 do Código Tributário Nacional: Os serviços públicos a que se


refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de
intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de
cada um dos seus usuários.
Existem serviços sobre os quais somente a efetiva utilização justifica a cobrança
da taxa, e outros que a mera potencialidade de utilização já é suficiente para
justificar a cobrança da taxa, então basta que seja posto a disposição do
contribuinte. Fala-se dos serviços de utilização compulsória. Por exemplo, o
indivíduo pode optar ou não por iniciar um processo judicial contra alguém que
lhe deve, se ele optar por não fazer isso, não vai pagar a taxa judiciária, uma vez
que não estará efetivamente usando esse serviço. Se o sujeito não utilizar, não
vai prejudicar a coletividade, então esse serviço não é de utilização compulsória.

Agora, outro exemplo, o sujeito não quer pagar a taxa do lixo, então decide
proibir que recolham seu lixo. Isso não pode, pois seria prejudicial à coletividade,
sendo assim um serviço de utilização compulsória. Assim, o serviço de utilização

16
potencial é aquele definido em lei como de utilização compulsória, sendo que
sua mera disponibilização já impõe o pagamento de taxa.
O inciso II do art. 79 do CTN dispõe que o serviço deve ser específico, isto é,
consistir unidade autônoma de intervenção, necessidade ou utilidade pública.
Não cabe taxa para serviços diversos, precisa atender determinada
necessidade, ou fazer determinada intervenção, ou ter determinada utilidade.
Em outras palavras, o usuário precisa saber por qual serviço ele está pagando.
Além disso, o inciso III contempla que o serviço deve ser divisível, significando a
possibilidade de utilização separada por parte de cada um dos seus usuários.
Dessa forma, o poder público pode identificar quem é o usuário daquele serviço.
A respeito do tema, foi declarada inconstitucional a taxa de limpeza dos
logradouros públicos, pois diferente da taxa de coleta domiciliar de lixo, em que
o serviço é divisível e específico, a taxa de limpeza da rua não é divisível, porque
qualquer pessoa que passa por ali está sendo beneficiada por essa limpeza,
então não pode cobrar essa taxa, apenas pode cobrar a taxa de coleta domiciliar
de lixo. Outro exemplo é o disposto na Súmula Vinculante número 41, em que
se estabeleceu que a iluminação pública não pode ser cobrada mediante taxa,
por se tratar de serviço público uti universi, ou seja, não pode o Estado identificar
quem é o usuário.
A base de cálculo das taxas é a grandeza que guarde correlação com o custo da
atividade estatal, não podendo ser a base de cálculo própria de imposto. Quanto
ao tema, o STF editou a Súmula Vincula 29, dispondo que a Constituição Federal
somente proíbe a base de cálculo da taxa idêntica ao imposto, mas é permitido
que contenha apenas elementos da base de cálculo de determinado imposto,
desde que não haja integral identidade entre elas.
A competência para a instituição de taxas é comum, diferentemente dos
impostos, não há uma lista atributiva de competência para a criação das taxas.
Isso se dá por uma razão lógica, a taxa depende de uma atuação estatal
específica relativa ao contribuinte, ou seja, como dito anteriormente, é
contraprestacional, quem pode cobrar a taxa é quem exerce, entrega a
prestação. Dessa forma, a taxa é de competência comum e decorre da
competência administrativa de cada ente federado. Assim, poderá até ter dois
entes federados cobrando determinada taxa, como por exemplo, no caso de taxa
de licenciamento ambiental feita pela União e pelo Estado. Nesse caso, a União
faz a fiscalização observando os seus critérios legais, e o Estado exerce o poder

17
de polícia verificando os requisitos da sua legislação, ambos tendo competência
para cobrar a taxa.

2.4 Contribuições de Melhoria

Trata-se de tributo vinculado a uma atuação estatal indiretamente referida ao


sujeito passivo, precedida da realização de uma obra pública da qual decorre
valorização imobiliária.11
A valorização imobiliária, não obstante o art. 145, III, da Constituição Federal,
apenas falar em “obra pública”, aquela é indispensável para a cobrança da
contribuição de melhoria, uma vez que revela o conteúdo econômico que
revestirá o fato imponível da hipótese de incidência.
À luz de Celso Antônio Bandeira de Mello, obra pública é a construção,
reparação, edificação ou ampliação de um bem imóvel pertencente ou
incorporado ao domínio público.12
Por meio dessa contribuição, a pessoa jurídica responsável pela realização da
obra tenta recuperar, ao menos em parte, seu gasto com o empreendimento. Tal
cobrança frente ao particular encontra respaldo nos princípios da isonomia e do
enriquecimento sem causa de nosso ordenamento jurídico. Além disso, pela
diretriz da igualdade da repartição da carga tributária, a qual aduz que a
sustentação do Estado deve ser suportada por todos de maneira equânime, é
justo que os proprietários de imóveis que tiveram acréscimo em seu valor
decorrente de obra pública, a qual é custeada por meio dos impostos pagos por
todos, contribuam aos cofres públicos em razão do especial benefício obtido com
o sacrifício geral. 13 Nesse entendimento, Roque Carraza aponta que “a
contribuição de melhoria revela-se, assim, um tributo eminentemente social”.14
Em suma, o fato gerador do tributo é a valorização imobiliária decorrente de obra
pública. Atente-se, não é possível cobrar contribuição de melhoria por
valorização dos imóveis em decorrência de obra privada. Dentro dessa
valorização imobiliária incluem-se limites, os quais estão previstos no artigo 81
do Código Tributário Nacional: “A contribuição de melhoria cobrada pela União,

11
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 146
12
Bandeira de Mello, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo – 32ª Ed. – Editora Malheiros. P.
719.
13
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 147
14
Curso de Direito Constitucional Tributária, p. 575

18
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas
de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.”
O limite total corresponde à despesa realizada para a construção da obra
pública, referindo-a a quanto o Estado pode arrecadar com o tributo. A
contribuição de melhoria não pode gerar o enriquecimento sem causa do ente
federado responsável pela obra, exatamente por ter sido criada para vedar o
enriquecimento sem causa do particular. Então esse limite é o CUSTO (gasto)
que o estado teve com a obra. Por exemplo, se valorizou o imóvel em 100x, mas
o Estado só gastou 80x, apenas poderá receber 80x. O limite individual, por sua
vez, corresponde ao valor acrescido à propriedade. Por exemplo, se cada imóvel
se valorizou em 50x, e o Estado gastou 80x, não pode o ente público dividir os
80x entre o número de proprietários caso isso der mais do que cada um teve de
acréscimo em sua propriedade.
O artigo 82 do CTN, por seu turno, cuida do procedimento para a instituição da
contribuição de melhoria, prevendo a publicação prévia de memorial descritivo
do projeto, orçamento do custo da obra, determinação da parcela do custo da
obra a ser financiada pela contribuição, definição da zona beneficiada,
determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona
ou para cada uma das áreas diferenciadas nela contidas; a fixação de prazo não
inferior a trinta dias para eventual impugnação dos interessados referente aos
elementos previamente publicados; a regulamentação do processo
administrativo de instrução e julgamento da referida impugnação, sem prejuízo
de sua apreciação judicial. Ademais, a contribuição relativa a cada imóvel será
determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a ser financiada pelo tributo,
pelos imóveis situadas na zona beneficiada em função dos respectivos fatores
individuais de valorização. Por fim, por ocasião do lançamento, cada contribuinte
deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu
pagamento e dos elementos que integraram o respectivo cálculo. Assim, a base
de cálculo corresponde ao valor do acréscimo do imóvel beneficiado, com
observância dos limites supracitados. Trata-se de competência comum, isto é,
quem pode cobrar é o ente federado que realizou a obra dentro da sua
competência. Dessa forma, não existem listas atributivas de competência, pois

19
quem realizar a obra, no âmbito de suas competências, pode legitimamente
instituir a contribuição de melhoria.

2.5 Empréstimos Compulsórios

Diante da teoria da pentapartição, os empréstimos compulsórios se tratam de


espécie tributária autônoma. Conforme dispõe o art. 148 da CF/88, somente
pode ser criado por meio de lei complementar, sendo de competência exclusiva
da União.
A Carta Magna apenas trata dos casos em que podem ser criados os
empréstimos compulsórios, os fatos geradores e as bases de cálculo devem ser
definidos na lei complementar instituidora. A instituição, apesar de sempre
depender de situações de relevância e urgência, somente pode ser feita por lei
complementar, não cabendo, assim, sua instituição por medida provisória. As
hipóteses de instituição dos empréstimos compulsórios são: calamidade pública,
guerra externa ou sua iminência, em que nesse caso se tratará de tributo
abarcado pela exceção do art. 150, §1º, da CF/88, isto é, exceção ao princípio
da anterioridade e da noventena; e no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional, hipótese em que deverão ser
observadas as regras da anterioridade e da noventena.
Em sequência, o parágrafo único do art. 148 expressa que a aplicação dos
recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição. E não poderia ser diferente, haja vista tratar de
tributo instituído com vista à específica destinação dos recursos advindos de sua
arrecadação.
O artigo 15 do CTN trata dos empréstimos compulsórios, trazendo a seguinte
disciplina: “Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir
empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os
recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as
condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta
Lei.”

20
Ocorre que tal dispositivo foi parcialmente revogado pela Constituição, pois seu
inciso III não foi recepcionado por nossa Carta Magna, que no passado ensejou
uma série de empréstimos compulsórios, como o “confisco da poupança” do
governo Collor, posteriormente declarados inconstitucionais.
Por fim, o parágrafo único dispõe que o tributo é restituível, ou seja, a devolução
do montante pago a título de empréstimo compulsório deverá ser feita em moeda
corrente e de maneira integral, sob pena de caracterização de confisco.

2.6 Contribuições Especiais

As contribuições especiais incidem sempre em manifestação de riqueza,


diferenciando-se dos impostos por estes não poderem, em regra, ter sua receita
vinculada a determinada despesa. Na teoria da pentapartição constituem
espécie tributária autônoma, disciplinada nos artigos 149 e 149-A da
Constituição Federal. São de competência exclusiva da União e dividem-se em:
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas (corporativas). Trata-se de tributo com
instituição autorizada para que funcione como instrumento de atuação da União,
podendo se revestir de materialidade de imposto ou taxa, mas com eles não se
confundem.

2.6.1 Contribuições Sociais

São instrumentos de atuação da União na área social. Podem ser instituídas


para financiamento da seguridade social, como a Contribuição ao PIS, a
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSSL), mas também podem ser
“gerais”, isto é, are social que não envolvam a seguridade social, como por
exemplo o “salário-educação”, que advém da norma constitucional prevista no
art. 212, §5º: “a educação básica pública terá como fonte adicional de
financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas
empresas na forma da lei.”
Pelo art. 149, §2º, inciso I, as contribuições sociais, assim como as de
intervenção no domínio econômico, não incidirão sobre as receitas decorrentes

21
de exportação, tratando-se de hipótese de imunidade específica, de forma a
cumprir a máxima “não se deve exportar tributos”.

2.6.2 Contribuições de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE)

Destinam-se ao custeio da atividade interventiva da União no domínio


econômico, previsto nos artigos 170 a 192 da Constituição Federal. Tratam-se
de tributos setoriais, uma vez que abrangem ramos específicos da atividade
econômica, tendo caráter eminentemente extrafiscal, pois caracterizam
instrumentos autorizados à União voltados ao direcionamento do
comportamentos dos particulares, em diversos setores do domínio econômico.15
Ressalta-se que a instituição dessas contribuições está autorizada somente nas
hipóteses em que o Estado pode intervir na ordem econômica, ou seja, em duas
situações: como agente protagonizador da atividade econômica, explorando
diretamente atividade econômica somente quando necessária a imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse público, conforme o art. 173 da
CF/88, o que se dá por meio das empresas estatais (empresas públicas e
sociedades de economia mista); ou na qualidade de agente normativo e
regulador da economia, à luz do art. 174 da CF/88, exercendo, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante
para o setor público e indicativo para o setor privado, e disciplinando os preços,
o consumo, a poupança e o investimento.16
Por conseguinte, o art. 177, §4º da CF/88 cuida da contribuição interventiva
relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus
derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível, instituindo sua
regra-matriz, a adoção de técnica de diferenciação de alíquotas, a possibilidade
de redução e restabelecimento da alíquota por ato do Poder Executivo, não lhe
sendo aplicável os princípios da legalidade e da anterioridade da lei tributária.
O inciso II do §4º do art. 177 traz as hipóteses de destinação do produto da
arrecadação dessas contribuições interventivas, quais sejam: o pagamento de
subsídios a preços ou transportes de álcool combustíveis, gás natural e seus

15
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 156
16
Costa, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional – 5ª ed.
ver., atual. e ampl. – São Paulo: Saravia, 2015. P. 157

22
derivados e derivados de petróleo; o financiamento de projetos ambientais
relacionados com a indústria do petróleo e do gás; o financiamento de programas
de infraestrutura de transportes.

2.6.3 Contribuições Corporativas

Podem ser também denominadas de contribuições profissionais, no interesse de


categoriais profissionais ou econômicas. Tem como escopo gerar receita para
as autarquias corporativas, isto é, pessoas jurídicas instituídas para exercer
fiscalização do exercício de diversas profissões, como os Conselhos
Profissionais (CREA, CRM, etc.).
Caracterizam-se como contribuições parafiscais, haja vista que são instituídas
por meio de lei federal, mas a União delega sua capacidade tributária ativa a
esses entes, os quais se tornam os sujeitos ativos da respectiva obrigação
tributária.
Cabe ressaltar que quanto à OAB, a anuidade paga pelos advogados, tendo em
vista o caráter sui generis da instituição, não reveste natureza tributária, uma vez
que não se trata apenas de proteção aos interesses da categoria profissional dos
advogados, mas ela possui uma função social.

2.6.4 Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP) e


Contribuição Sindical

Quanto a estas espécies de contribuição, cabe sucinta ressalva.


A EC 39/2002 inseriu na Constituição Federal o art. 149-A, autorizando aos
Municípios e ao Distrito Federal a instituição da COSIP. Apesar das
controvérsias, surgidas diante da impossibilidade dos Municípios criarem taxas
referentes ao serviço de iluminação pública, pela sua falta de divisibilidade e
especificidade, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a constitucionalidade
dessa contribuição, classificando-a como tributo de caráter sui generis (RE
573.675-SC, Pleno repercussão geral, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.
25.3.2009).
Quanto às contribuições sindicais, previstas no art. 8º, inciso IV, da Constituição
Federal, também conhecidas como contribuições confederativas, foi reconhecida

23
pelo STF como não sendo hipótese revestida de natureza tributária, uma vez
que é instituída pela assembleia geral (faltando o requisito da lei instituidora), e
não ser compulsória, por somente ser exigível daqueles trabalhadores filiados
ao respectivo sindicato. É o que dispõe a Súmula 666 do Supremo: “A
contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível
dos filiados ao sindicato respectivo”.

24
3 - JURISPRUDÊNCIAS

Serviço de iluminação pública não é remunerado por taxa: Súmula Vinculante


41-STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa.

Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal:


É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A
prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de
Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança pública, nos termos do
art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança pública é atividade essencial do Estado
e, por isso, é sustentada por meio de
impostos (e não por taxa). Desse modo, não é possível que, a pretexto de
prevenir sinistro relativo a incêndio, o Município venha a se substituir ao Estado,
com a criação de tributo sob o rótulo de taxa.
Tese fixada pelo STF: “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate
a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação,
e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos,
não cabendo ao Município a
criação de taxa para tal fim.”
STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017
(repercussão geral) (Info 871).

Base de cálculo da taxa municipal de fiscalização e funcionamento:


As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base
de cálculo o número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo
contribuinte.
STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2017
(Info 870).
A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de
fiscalização, na medida em que traduz o custo da atividade estatal de
fiscalização.
STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
04/08/2015.
25
Taxa de desarquivamento de processos findos:
O valor cobrado pelo Tribunal de Justiça para que o interessado possa
desarquivar autos de processos findos possui natureza jurídica de TAXA.
As taxas somente podem ser instituídas por meio de lei em sentido estrito
(princípio constitucional da legalidade tributária).
Se essa taxa de desarquivamento é instituída por Portaria do TJ, é
inconstitucional.
STJ. Corte Especial. AI no RMS 31.170-SP, Rel. Min. Teori Albino Zawascki,
julgado em 18/4/2012.

Valor da Taxa deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva:
Em um determinado Município, foi instituída uma taxa de localização e
funcionamento de estabelecimento industrial e comercial. Assim, os
estabelecimentos comerciais e industriais eram obrigados a pagar uma taxa ao
Município por conta da fiscalização que ele exercia nesses empreendimentos
(taxa de poder de polícia). Comumente, era conhecida como “alvará de
funcionamento”.
Ocorre que a lei municipal previu que a base de cálculo dessa taxa seria o
número de empregados da empresa. Assim, quanto mais trabalhadores, maior
a base de cálculo.
Esse critério escolhido é constitucional?
NÃO. O STF entendeu que o número de empregados não pode ser utilizado
como base de cálculo para a cobrança da taxa de localização e funcionamento
de estabelecimento industrial e comercial.
O legislador municipal, ao escolher o número de empregados para fixar a base
de cálculo, levou em consideração qualidades externas e estranhas ao exercício
do poder de polícia, sem pertinência quanto ao aspecto material da hipótese de
incidência.
A taxa é tributo contraprestacional (vinculado), usado na remuneração de
atividade específica, seja serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso,
não pode fixar a base de cálculo usando como critério os sinais presuntivos de
riqueza do contribuinte.
O valor das taxas deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva,
ou com a atividade de polícia desenvolvida.

26
STF. 1ª Turma. RE 554951/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2013
(Info 724).

É vedado que a base de cálculo da taxa seja idêntica à do imposto:


Súmula Vinculante 29-STF: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de
taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado
imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.

Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para
ato infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos:
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato
normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos
da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio
conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção
monetária legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/12/2016
(repercussão geral) (Info 844).

Isenção da taxa de registro de arma de fogo não se aplica para policiais


rodoviários federais aposentados:
A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e
expedição de segunda via de certificado de registro de arma de fogo particular
prevista no art. 11, §2º, da Lei nº 10.826/2003 não se estende aos policiais
rodoviários federais aposentados.
STJ. 1ª Turma. Resp 1.530.017-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
21/09/2017 (Info 612).

Pedágio não é taxa:


O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias não tem natureza
tributária, mas de preço público, consequentemente, não está sujeito ao princípio
da legalidade estrita.
STF. Plenário. ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 11/6/2014 (Info
750).

27
Tarifa de esgotamento sanitário:
A concessionária de água e esgoto pode cobrar “tarifa de esgotamento sanitário”
mesmo na hipótese em que realiza apenas a coleta e o transporte dos dejetos
sanitários, sem fazer o tratamento final dos efluentes.
Assim, é legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em que a
concessionária realize apenas uma – e não todas – das quatro etapas em que
se desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o
tratamento e a disposição final de dejetos).
STJ. 2ª Turma. REsp 1.330.195-RJ. Rel. Min. Castro Meira, julgado em
6/12/2012 (Info 514).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.339.313-RJ. Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
12/6/2013 (recurso repetitivo) (Info 530).

Contribuição de Melhoria (requisitos para instituição)


A instituição de contribuição de melhoria depende de lei prévia e específica, bem
como da ocorrência de efetiva valorização imobiliária em razão da obra pública,
cabendo ao ente tributante o ônus de realizar a prova respectiva.

Responsabilidade da sucessora em caso de sucessão empresarial


Súmula 554-STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da
sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também
as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a
data da sucessão.

Ausência de denúncia espontânea em caso de depósito judicial integral dos


tributos devidos:
O depósito judicial integral do débito tributário e dos respectivos juros de mora,
mesmo antes de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua exigência, não
configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN).
O depósito judicial integral não trouxe qualquer vantagem ou redução de custos
para a Administração Tributária. Não houve a chamada "relação de troca entre
custo de conformidade e custo administrativo" a atrair caracterização da
denúncia espontânea (art. 138 do CTN).
Obs: para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa,
é necessário o preenchimento de três requisitos:

28
a) "denúncia" (confissão) da infração;
b) pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros moratórios; e
c) espontaneidade (confissão e pagamento devem ocorrer antes do início de
qualquer procedimento fiscalizatório por parte do Fisco relacionado com aquela
determinada infração).
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.131.090-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 28/10/2015 (Info 576).

Inclusão de subvenção econômica na base de cálculo do ICMS: A subvenção


concedida com base no art. 5º da Lei nº 10.604/2002 às concessionárias e
permissionárias de energia elétrica compõe a base de cálculo do ICMS.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.286.705-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
15/12/2015 (Info 576).

Aumento de Alíquota de COFINS e sociedades corretoras de seguro: Não cabe


confundir as "sociedades corretoras de seguros" com as "sociedades corretoras
de valores mobiliários" (regidas pela Resolução BACEN n. 1.655/89) ou com os
"agentes autônomos de seguros privados" (representantes das seguradoras por
contrato de agência). As "sociedades corretoras de seguros" estão fora do rol de
entidades constantes do art. 22, §1º, da Lei nº 8.212/91. Assim, o aumento de
3% para 4% da alíquota da COFINS promovido pelo art. 18 da Lei nº 10.684/2003
não alcança as sociedades corretoras de seguros.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.400.287-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 22/4/2015 (recurso repetitivo) (Info 572).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.391.092-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
Primeira Seção, julgado em 22/4/2015 (recurso repetitivo) (Info 576).

Constituição do crédito tributário com base em confissão de dívida:


Não é possível a constituição de crédito tributário com base em documento de
confissão de dívida tributária apresentado, para fins de parcelamento, após o
prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.355.947-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 12/6/2013 (Info 522).

29
Ausência de declaração do débito e início do prazo para constituição do crédito
tributário:
Súmula 555-STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo qüinqüenal
para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do
art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o
dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.

Reclamação administrativa incapaz de suspender a exigibilidade do crédito


tributário:
A reclamação administrativa interposta contra ato de exclusão do contribuinte do
parcelamento NÃO é capaz de suspender a exigibilidade do crédito tributário,
sendo inaplicável o disposto no art. 151, III, do CTN. Isso porque as reclamações
e recursos previstos nesse dispositivo legal são aqueles que discutem o próprio
lançamento tributário, ou seja, a exigibilidade do crédito tributário.
Sendo a reclamação proposta contra o ato que exclui o contribuinte do
parcelamento, essa reclamação está questionando a exclusão em si (e não o
lançamento tributário). Logo, não suspende a exigibilidade do crédito.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.372.368-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
5/5/2015 (Info 561).

Revogada medida liminar que suspendia a exigibilidade do crédito tributário,


volta a correr o prazo prescricional:
A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário
ocasiona a retomada do lapso prescricional para o Fisco, desde que inexistente
qualquer outra medida constante no art. 151 do CTN ou recurso especial /
extraordinário dotado de efeito suspensivo.
STJ. 1ª Seção. EAREsp 407.940-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
10/5/2017 (Info 605)

É constitucional o protesto de CDA


O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e
legítimo por não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos
fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, não constituir sanção
pública.

30
STF. Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3 e
9/11/2016. (Info 846)

Impossibilidade de compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas


de tributos federais
É possível uma pessoa que tenha 500 mil reais de precatórios para receber de
um estado-membro utilize esse crédito para compensar 500 mil reais que ele
esteja devendo de tributos federais?
Não. Não é possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas
oriundas de tributos federais. A razão é simples: nesse caso, não há identidade
entre devedor e credor. A pessoa é credora do estado-membro e devedora da
União. Logo, a União nada tem a ver com esse crédito que a pessoa tem a
receber.
STJ. 1ª Turma AgRg no AREsp 334.227-RS, Rel. Mn. Sérgio Kukina, julgado em
6/8/2013 (Info 528)

Art. 170-A do CTN


O disposto no art. 170-A do CTN, que exige o trânsito em julgado para fins de
compensação de crédito tributário, somente se aplica às demandas ajuizadas
após a vigência da LC 104/2001, a qual acrescentou o referido artigo ao CTN.
STJ. 1ª Turma. AgRG no REsp 1.240.038-PR, Rel. Min. Og. Fernandes, julgado
em 8/4/2014 (Info 541)

Prazo para a restituição do valor pago indevidamente e tributo lançado por


homologação
Qual é o prazo prescricional para obter a restituição do valor pago indevidamente
no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação?
 Para ações de repetição de indébito ajuizadas até 8/6/2005: 10 anos.
 Para ações de repetição de indébito ajuizadas a partir de 9/6/2005: 5
anos.
 No dia 09/06/2005, entrou vigor a LC 118/2005, que estabeleceu que,
para efeito de repetição de indébito, a extinção do crédito tributário ocorre,
no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do
pagamento antecipado.

31
 Não importa se o pagamento indevido foi feito antes da LC 118/2005
(09/06/2005). O que interessa saber se é a ação foi ajuizada antes da LC
118/2005 entrar em vigor.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.269.570-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 23/5/2012.

Pagamento indevido e restituição de tributos indiretos


1) O consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor
ação declaratória cumulado com repetição de indébito que tenha por
escopo afastar a incidência de ICMS sobre a demanda contratada e não
utilizada de energia elétrica.
2) O usuário do serviço de energia elétrica (consumidor em operação
interna), na condição de contribuinte de fato, é parte legítima para discutir
pedido de compensação do ICMS supostamente pago a maior no regime
de substituição tributária.
STJ. 1ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.269.424-SC, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 23/10/2012.
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 28.044-ES, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 13/11/2012.

Ação de repetição de indébito e ITCMD


Se uma decisão judicial anula a promessa de doação de bem imóvel e o ITCMD
desta futura doação já havia sido pago, surge o direito à repetição do imposto
recolhido a partir da data do trânsito em julgado da decisão anulatória.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.236.816-DF, Rel Min. Benedito, julgado em 15/3/2012.

Somente o proprietário tem legitimidade para a ação de repetição de indébito de


IPTU
Somente o proprietário do imóvel tem legitimidade ativa para a ação de repetição
de indébito do IPTU. Logo, o locatário não pode propor a ação de repetição de
indébito tributário do IPTU, uma vez que, à luz do art. 34 do CTN, ele não é o
contribuinte do imposto.

Caso IPSEMG (STF ADI 3.106-MG) e repetição de indébito aos que, a partir de
14/4/2010, tenham sido cobrados sem adesão aos serviços de saúde

32
A partir de 14/4/2010 deve ser reconhecida a natureza contratual da relação
firmada entre os servidores do Estado de Minas Gerais e o IPSEMG, instituída
pelo art. 85 da Lei Complementar Estadual nº 64/2002, sendo garantida a
restituição de indébito somente àqueles que, após essa data, não tenham
aderido expressa ou tacitamente de saúde disponibilizados.
STJ. 1ª Seção. Resp 1.348.679-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
23/11/2016 (recurso repetitivo)

Incidência de correção monetária em caso de mora injustificada ou irrazoavel do


Fisco em restituir ao contribuinte os valores devidos
A mora injustificada o irrazoável do Fisco em restituir o valor devido ao
contribuinte caracteriza a resistência ilegítima autorizadora da incidência da
correção monetária.
STF. Plenário. RE 299605 AgR-ED-EDv/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
6/4/2016 (repercussão geral) (Info 820).

Desinfluência da emissão de DCG no marco inicial da prescrição tributária


A GFIP é um documento por meio do qual o contribuinte declara os fatos
geradores de contribuições previdenciárias e valores devidos ao INSS, bem
como as remunerações dos trabalhadores e o valor a ser recolhido a título de
FGTS. DCG ("Débito Confessado em GFIP") é um documento por meio do qual
o Fisco, percebendo que houve pagamento a menor, apura a diferença dos
valores declarados na GFIP e aqueles que foram efetivamente recolhidos.
A emissão de "Débito Confessado em GFIP - DCG" não altera o termo inicial da
prescrição tributária.
O prazo prescricional já começou a correr no momento da entrega da GFIP. Isso
porque a entrega da GFIP é modo de constituição do crédito tributário, não sendo
necessária qualquer outra providência adicional da Fazenda Pública.
Assim, uma vez constituído o crédito por meio de declaração realizada pelo
contribuinte, compete à autoridade tributária tão somente a realização de
cobrança, não caracterizando a emissão do DCG novo lançamento, e,
consequentemente, marco de início de prazo prescricional.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.497.248-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
6/8/2015 (Info 567).

33
Taxa de juros de mora aplicável na devolução de tributo estadual pago
indevidamente
Súmula 523-STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de
tributos estaduais deve corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago
em atraso, sendo legítima a incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses,
quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer
outros índices.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/04/2015, DJe 27/4/2015.

Incostitucionalidade da prisão do depositário infiel de débitos tributários:


É inconstitucional a Lei nº 8.866/94, que estabelece a possibilidade de prisão do
depositário infiel de débitos tributários. Esta é uma ferramenta desproporcional
de aumento de arrecadação, que viola os princípios do devido processo legal,
do contraditório, da ampla defesa e as súmulas vinculantes 28 e 25.
STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016
(Info 851)

Momento da exigência de certidão negativa de débito no caso de drawback


Súmula 569-STJ: Na importação, é indevida a exigência de nova certidão
negativa de débito no desembaraço aduaneiro, se já apresentada a
comprovação da quitação de tributos federais quando da concessão do benefício
relativo ao regime de drawback.

Não se deve conceder o drawback suspensão se não houver beneficiamento /


agregação de valor à mercadoria a ser exportada
Não se concede o regime tributário de drawback na modalidade suspensão à
importação de cantoneiras de plástico rígido, filtros de etileno e termógrafos
elétricos destinados a conferir maior segurança ao transporte exportador de
frutas, já devidamente acondicionadas em caixas e caixotes e envoltas por folhas
de papel alveolado.
STJ. 2 Turma. REsp 1.404.148-PE. Rel. Min. Humberto Martins, Rel. para
acórdão Herman Benjamin, julgado em 17/5/2016 (Info 590).

Alienação de bens objeto de arrolamento fiscal não depende de prévia


notificação ao Fisco.

34
A alienação de bens que formam objeto de arrolamento fiscal não depende de
prévia notificação ao órgão fazendário.
A lei nº 9.532/97 não exige que a notificação ao órgão fazendário seja prévia à
alienação, mas simplesmente que exista a comunicação.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.217.129-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 27/10/2016 (Info 594).

Portaria nº 655/93 e parcelamento de débitos de COFINS:


Não viola o princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de
ingresso no parcelamento de dívida relativa à Contribuição para Financiamento
da Seguridade Social - COFINS, instituída pela Portaria nº 655/93, dos
contribuintes que questionaram o tributo em juízo com depósito judicial dos
débitos tributários.
STF. Plenário. RE 640905/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/12/2016
(repercussão geral) (Info 851).

Incide o IRPF sobre o valor do abono de permanência, mas somente a partir de


2010
Em 2010, o STJ decidiu que incide Imposto de Renda sobre os rendimentos
recebidos a título de abono de permanência
(1ª Seção. REsp 1192556/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
25/08/2010. Recurso repetitivo).
Ocorre que, antes deste julgamento, a posição do STJ era no sentido oposto.
Diante disso, como houve radical mudança da jurisprudência, o STJ decidiu que
o entendimento adotado no REsp 1.192.556-PE não alcança fatos geradores
pretéritos ao referido julgado.
Em outras palavras, incide o IRPF sobre o valor do abono de permanência, mas
somente a partir de 2010, data do julgamento do REsp. 1.192.556/PE, não
valendo este entendimento para fatos geradores anteriores a este acórdão.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.596.978-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 7/6/2016 (Info 589).

Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas
Essa verba tem natureza remuneratória (e não indenizatória) e configura
acréscimo patrimonial.

35
STJ. 1ª Seção. REsp 1.459.779-MA, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 22/04/2015 (recurso repetitivo) (Info 573)

Incidência de ISS sobre montagem de pneus


Incide ISS (e não ICMS) sobre o serviço de montagem de pneus, ainda que a
sociedade empresária também forneça os pneus utilizados na montagem.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.307.824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 27/10/2015 (Info 573).

Incidência de IR sobre lucros cessantes


Segundo o art. 950 do CC, se uma pessoa for vítima de dano físico que cause a
diminuição de sua capacidade de trabalho, ela deverá receber do causador do
dano pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou,
ou da depreciação que ela sofreu.
Tais valores estão sujeitos ao pagamento de Imposto de Renda (IR).
Assim, decidiu o STJ que os valores percebidos a título de pensionamento por
redução da capacidade laborativa decorrente de dano físico causado por
terceiro, em cumprimento de decisão judicial, são tributáveis pelo imposto de
renda e sujeitam a fonte pagadora à retenção do imposto por ocasião do
pagamento.
Danos morais e danos emergentes: NÃO incide IR.
Lucros cessantes: INCIDE IR.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.464.786-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
25/8/2015 (Info 568).

Incidência de PIS/PASEP-importação e COFINS-importação sobre a importação


de animal silvestre: Há incidência de contribuição para o PIS/PASEP-Importação
e de COFINS-Importação sobre a importação de animal silvestre, ainda que sua
internalização no território nacional tenha ocorrido via contrato de permuta de
animais.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.254.117-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 18/8/2015 (Info 568).

Súmula 499-STJ: As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às


contribuições ao Sesc e Senac, salvo se integradas noutro serviço social.

36
Impossibilidade de extensão isenção fiscal pelo Poder Judiciário
O Poder Judiciário não pode, por meio de uma decisão judicial, estender isenção
fiscal a uma categoria não abrangida pelo benefício, mesmo que sob o
argumento de que haveria na hipótese uma situação discriminatória e uma
ofensa ao princípio da isonomia.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 248-264-RS, Rel. Min. Mauro Campbell, julgado
em 27/11/2012.

Tarifa de esgotamento sanitário


A concessionária de água e esgoto pode cobrar “tarifa de esgotamento sanitário”
mesmo na hipótese em que realiza apenas a coleta e o transporte dos dejetos
sanitários, sem fazer o tratamento final dos efluentes.
Segunda Turma. REsp 1.330.195-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
6/12/2012.

IR (Incidência sobre juros de mora decorrentes de benefício previdenciário


recebido com atraso)
Incide imposto de renda da pessoa física (IRPF) sobre os juros moratórios
decorrentes de benefícios previdenciários pagos em atraso.

ISS (regime de tributação incidente sobre serviços notariais e registrais)


Os “serviços de registros públicos, cartorários e notariais” não gozam de
imunidade tributária, devendo pagar, portanto, o ISS. A regra geral é que a base
de cálculo do ISS é o preço do serviço (art. 7o, LC 116/2003). O § 1o do art. 9o
do DL n.° 406/68 traz uma exceção a essa regra e prevê que os contribuintes
que prestam serviço sob a forma de trabalho pessoal (pessoas físicas) têm
direito ao regime do chamado “ISSQN Fixo”, segundo o qual é fixada uma
alíquota sem relação com o preço do serviço. Para o STJ, NÃO SE APLICA à
prestação de serviços de registros públicos cartorários e notariais
a sistemática de recolhimento de ISS prevista no § 1o do art. 9o do DL 406/68.
Desse modo, os serviços notariais e registrais sofrem a incidência do ISS e a
base de cálculo do imposto é o preço do serviço, ou seja, o valor dos
emolumentos.

37
Primeira Seção. REsp 1.328.384-RS, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/2/2013.

Não é possível compensar precatório estadual com dívidas oriundas de tributos


federais
Não é possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas
de tributos federais. Isso porque, nessa hipótese, não há identidade entre
devedor e credor.
STJ. 1a Turma. AgRg no AREsp 334.227-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 6/8/2013.

Verba paga ao empregado demitido sem justa causa no período de estabilidade


é isenta de IR
Não incide imposto de renda sobre o valor da indenização paga ao empregado
demitido sem justa causa no período de estabilidade provisória.
STJ. 1a Turma. AgRg no REsp 1.215.211-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 6/8/2013.

Imposto de renda sobre verbas retroativas deverá observar as alíquotas que


eram aplicáveis na época em que os valores deveriam ter sido liberados
No caso de benefício previdenciário pago em atraso e acumuladamente, não é
legítima a cobrança de imposto de renda com parâmetro no montante global
pago extemporaneamente. Isso porque a incidência do imposto de renda deve
observar as tabelas e alíquotas vigentes na época em que os valores deveriam
ter sido adimplidos, devendo ser observada a renda auferida mês a mês pelo
segurado.
STJ. 2a Turma. AgRg no AREsp 300.240-RS, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 9/4/2013.

Isenção da taxa de registro de arma de fogo não se aplica para policiais


rodoviários federais aposentados
A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e
expedição de segunda via de certificado de registro de arma de fogo particular
prevista no art. 11, § 2º, da Lei nº 10.826/2003 não se estende aos policiais
rodoviários federais aposentados.

38
STJ. 1ª Turma. REsp 1.530.017-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
21/09/2017 (Info 612)

A cessão do precatório a terceiro não modifica a relação jurídica tributária


existente entre o titular originário e o Fisco, para fins de incidência do IR
A cessão de crédito de precatório não tem o condão de alterar a base de cálculo
e a alíquota do Imposto de Renda, que deve considerar a origem do crédito e o
próprio sujeito passivo originariamente favorecido pelo precatório.
STJ. 1ª Turma.REsp 1.405.296-AL, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 19/09/2017(Info 612).
STJ. 2ª Turma. RMS 42.409/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
06/10/2015.

Quais indústrias podem gozar da suspensão de IPI prevista no art. 29, caput e §
5º da Lei nº 10.637/2002?
A manutenção e a utilização do crédito de IPI submetido à suspensão são
incentivos fiscais reservados ao estabelecimento industrial fabricante das
matérias-primas, dos produtos intermediários e dos materiais de embalagem que
os vende (saída) para empresas que os utilizam na industrialização de produtos
destinados à exportação.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.382.354-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
22/08/2017 (Info 612).

39
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

- Direito tributário brasileiro / Luciano Amaro. – 21 ed. – São Paulo: Saraiva,


2016.
- Becho, Renato Lopes. Lições de Direito Tributário: teoria geral e constitucional.
2 ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.
- Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional / Regina
Helena Costa. – 5. Ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2015
- Da Silva Martins, Ives Gandra. Curso de Direito Tributário – 13ª ed. – São Paulo:
Saraiva, 2011.
- Bandeira de Mello, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo – 32ª Ed. –
Editora Malheiros

Bibliografia Complementar:

- Curso de Direito Tributário / Paulo de Barros Carvalho – 28ª ed. – São Paulo:
Saraiva, 2017.
- Curso de Direito Tributário / Hugo de Brito Machado – 38ª ed. – Editora
Malheiros.
- Curso de Direito Financeiro / Marcus Abraham – Editora Elsevier
- Curso de Direito Financeiro / Regis Fernandes de Oliveira – 4ª ed. – Editora RT
- Curso de Direito Financeiro e Tributário / Ricardo Lobo Torres – 19ª ed. –
Renovar
- Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito / Márcio André Lopes
Cavalcante – 4ª Edição – 2018 – Editoria Juspodvm

40

Você também pode gostar