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Legislação:
Lei nº 4320/1964
Lei Complementar nº 101 de 2000 (LRF).
A atividade financeira do Estado envolve quatro fenômenos estudados pelo direito financeiro:
as receitas públicas, as despesas públicas, o orçamento público e o crédito público.
Em suma, pode-se dizer que a satisfação de certas necessidades coletivas públicas, como a
prestação de serviços públicos, implica a existência de gastos públicos, que só poderão ser
satisfeitos a partir de uma adequada obtenção de receitas. As receitas e os gastos públicos
serão geridos através da elaboração de um meticuloso orçamento público e, se for o caso, o
Estado poderá obter empréstimos para custeio de suas atividades ou para atingir o equilíbrio
entre receitas e despesas.
Orçamento
ATIVIDADE Público
FINANCEIRA DO
ESTADO Despesas
Públicas
Crédito Público
Constituição Federal
Leis Complementares
Leis Ordinárias
Medidas Provisórias
Decretos
Resoluções
De início, os arts. 163 e 165, §9º trazem uma série de hipóteses em que há reserva de lei
complementar no âmbito do Direito Financeiro, notadamente em questões relativas a normas
gerais na matéria. Em outras palavras, tais temas só podem ser veiculados através de lei
complementar. Vejamos, in verbis:
Veja-se, portanto, que as leis complementares no direito financeiro, assim como no direito
tributário, têm por objeto principal a veiculação de normas gerais sobre a matéria. Nesse
ponto, destaque-se que as duas leis complementares mais importantes do Direito Financeiro,
sobre as quais debruçaremos boa parte de nosso estudo, são a LC101/00 (a famosa LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL) e a L4320/64. Esta última, embora tenha sido formalmente
editada como lei ordinária, foi recepcionada como lei complementar, por veicular matéria
adstrita à reserva de lei complementar.
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 3o Nas referências:
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder
Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais
dependentes;
Veja que a LRF só prevê a sua aplicação para as empresas estatais DEPENDENTES, ou seja,
aquelas que “recebam do ente controlador recursos para pagamento de despesas com pessoal
ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de
aumento de participação acionária” (art. 2º, III da LRF).
Assim, a LRF não se aplica a toda a Administração Indireta, uma vez que, em relação às
estatais, só há a previsão de aplicação para as estatais DEPENDENTES.
Vistas estas discussões, deixemos a menção de que o estudo das demais fontes principais do
Direito Financeiro (leis ordinárias, medidas provisórias, resoluções e decretos) será feito
quando da análise das leis orçamentárias e quando do estudo do tema Crédito Público.
Inicialmente, destaque-se que a nossa Constituição rechaça a teoria do orçamento como ato
administrativo, uma vez que prevê a existência de 3 (três) LEIS ORÇAMENTÁRIAS:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
No entanto, mesmo sendo o orçamento considerado LEI, uma segunda teoria entende que o
orçamento seria uma lei em sentido meramente formal, pois materialmente seria, de fato, um
ato administrativo (em outras palavras, seria uma “lei de efeitos concretos”). Isso porque o
orçamento careceria do conteúdo de generalidade e abstração, de modo que não poderia
gerar direitos subjetivos e não poderia ser objeto de controle de constitucionalidade. Essa
teoria, ainda dominante na doutrina, foi relativizada pelo STF, que passou a admitir o controle
1
Por essa teoria, o orçamento não passava de um ato-condição, uma vez que as receitas e despesas já estariam
previstas em outras normas, sendo o orçamento mera condição para a efetivação do gasto ou para o ingresso da
receita. Portanto, o orçamento não era entendido como lei.
de constitucionalidade de leis orçamentárias. No Informativo 502 (ADIn 4048/2008), por
exemplo, o STF aceitou o controle de constitucionalidade de um crédito adicional que o
governo havia feito sem urgência. Na mesma linha, o STF também já admitiu o controle de leis
orçamentárias que apresentassem as chamadas caudas orçamentárias (ou “orçamento
rabilongo”), entendidas como disposições totalmente alheias à previsão de receitas e despesas
que eram inseridas no orçamento (como exemplo, já chegamos a ter a previsão do “desquite”
em uma antiga lei orçamentária). O tema inclusive foi tratado de forma expressa na
Constituição:
Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e
à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos
termos da lei.
Por fim, de acordo com a teoria do orçamento como lei em sentido material, o orçamento
possui o grau de abstração e generalidade necessários para gerar direitos adquiridos e
controle concentrado de constitucionalidade. Não é a teoria que predomina na doutrina
brasileira.
“Como não cria gastos, mas apenas os autoriza, o orçamento é chamado de meramente
autorizativo, e não impositivo. Ou seja, no Brasil, o orçamento não impõe ou não obriga a
realização dos gastos nele previstos, de modo que o Executivo não está jungido a cumprir o que
no orçamento foi veiculado”.
Como visto anteriormente, entende a doutrina majoritária que a lei orçamentária, embora de
fato seja uma lei, não é dotada de “DENSIDADE NORMATIVA”, de modo que não geraria
direitos subjetivos, mas tão somente se destinaria a cuidar das receitas e despesas.
LRF, Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei
de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder
Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso.
"Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar
o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas
Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes
necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira,
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das
dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas."
Não obstante, parte da doutrina entende que o orçamento não seria autorizativo em relação a
TODAS as despesas, existindo algumas exceções. Nesse sentido, a LRF, no § 2º do art. 9º, indica
que não serão objeto de contingenciamento (limitação de empenho e movimentação
financeira) as despesas que resultem de obrigação constitucional e legal do ente:
"Art. 9º (...)
§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e
legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas
pela lei de diretrizes orçamentárias."
Assim, existem algumas despesas em relação às quais o orçamento é sim impositivo. Não pode
o ente, por exemplo, deliberadamente deixar de pagar os precatórios que deve ou deixar de
repassar as receitas constitucionais que pertencem a outro ente federativo.
Conforme destaca Harrison Leite, esta imposição não deriva da própria norma orçamentária,
sendo sim fruto de normas pré-orçamentárias, que vinculam o Poder Executivo no que tange
ao seu cumprimento. Enquanto as normas orçamentárias (que são as normas que constam no
orçamento público) são autorizativas, as normas pré-orçamentárias seriam impositivas, sendo
vinculada a sua efetivação. Como exemplo, citam-se normas sobre gastos com pessoal,
transferências constitucionais e gastos na saúde e educação. A título exemplificativo, veja o
art. 212 da CRFB, que traz mínimo de gasto anual na área da educação por cada ente
federativo:
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Ainda sobre o tema, importante destacar que recentes alterações na Constituição passaram a
estabelecer novas hipóteses que refletem um caráter impositivo ao orçamento. Nesse sentido,
a Emenda Constitucional nº 86 de 2015 dispôs sobre a obrigatoriedade da execução
orçamentária das emendas propostas pelo legislativo, até o limite de 1,2% da receita corrente
líquida prevista no projeto de lei orçamentária.
Destaque-se que, deste montante de 1,2%, metade deverá ser destinada a ações e serviços
públicos de SAÚDE, vedada sua destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais.
§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º,
inclusive custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198,
vedada a destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)
Nesses casos, só não haverá o orçamento impositivo (de execução obrigatória), quando houver
impedimento de ordem técnica, devidamente justificado pelo Poder Executivo, conforme
destaca o §12º e seguintes:
I - até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o Poder
Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao Poder
Legislativo as justificativas do impedimento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)
II - até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indicará
ao Poder Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
III - até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder
Executivo encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo
impedimento seja insuperável; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
IV - se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso III, o
Congresso Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementado por ato
do Poder Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)
§ 16. Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira prevista no § 11 deste artigo, até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da receita
corrente líquida realizada no exercício anterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)
§ 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não
cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o
montante previsto no § 11 deste artigo poderá ser reduzido em até a mesma proporção da
limitação incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)
§ 18. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que atenda
de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
Veja que o que se torna impositivo não é o orçamento aprovado pelo legislativo, mas sim a
execução de parte de suas emendas, no percentual de 1,2% da Receita Corrente Líquida.
O tema já foi cobrado em uma prova da banca CESPE, do ano de 2016, sendo considerada
INCORRETA a seguinte assertiva: “O repasse dos recursos orçamentários derivados de
emendas individuais constantes da lei orçamentária anual não poderá ser realizado se o ente
federativo destinatário do recurso estiver inadimplente com a União.”
Ricardo Lobo Torres faz uma grande listagem de princípios (mais de 30), agrupando-os em 4
grupos: Justiça, Equidade, Segurança Jurídica e Legitimidade. Em virtude da extensão do tema,
iremos trabalhar apenas alguns princípios gerais do direito financeiro e os princípios expressos
na LRF, que são os mais cobrados em provas. Mais à frente, trabalharemos também os
princípios orçamentários, referentes às leis de orçamento.
1) Princípio da Legalidade:
No direito financeiro, o princípio da legalidade traz a ideia de que as finanças públicas não
podem ser manejadas sem autorização legal. Em outras palavras, a lei do orçamento é que
permite a realização de gastos públicos, sendo inclusive considerada crime contra as finanças
públicas a ordenação de despesa não autorizada em lei (art. 359-D do Código Penal).
Assim, tem-se que o art. 107 da L4320, ao permitir que o orçamento das autarquias e estatais
fosse aprovado por decreto do Poder Executivo, não foi recepcionado pela CRFB.
2) Princípio da Anualidade:
A lei do orçamento possui uma periodicidade anual, ou seja, as despesas e receitas são
estimadas para o intervalo de um ano, o qual coincide com o exercício civil (art. 34 da L4320).
O próprio nome da lei do orçamento é intuitivo nesse sentido: Lei Orçamentária ANUAL.
Tal princípio encontra fundamento legal no art. 2º a L4320/64, o qual ainda traz o princípio da
universalidade e da unidade, que serão estudados adiante.
3) Princípio da Unidade:
De acordo com este princípio, deve haver apenas um orçamento para cada ente da federação,
em cada exercício financeiro.
No entanto, o referido princípio não impede que haja subdivisões, tal qual ocorre nos três
suborçamentos previstos no art. 165, §5º da CRFB. De acordo com Harrison Leite, a unidade
“não se refere a uma unidade documental, mas a uma orientação política”.
4) Princípio da Universalidade:
Na mesma linha, cite-se o art. 5º, §1º da LRF, o qual traz a necessidade de previsão das
despesas relativas à dívida pública e as receitas que serão destinadas ao seu pagamento:
De assento constitucional, o referido princípio traz a vedação para que o gestor público
remaneje recursos de uma categoria para outra sem prévia autorização legislativa. Nesse
sentido é a redação do art. 167, VI:
Os 2 primeiros estão expressos no artigo 1º, §1º da LRF, e o último está implícito.
Essa lei era o que faltava no direito financeiro. A lei 4320/64 já regulamentava a receita e a
despesa, mas nada falava sobre gestão fiscal. Nesse interim, a LRF veio para tentar organizar
tal quadro, no contexto desses 3 princípios.
A ideia base do equilíbrio fiscal é a de que a administração deve gastar apenas o que possui.
Dentro desse contexto aparecem 2 importantes conceitos:
É uma expressão cunhada pela mídia. Na LRF, na verdade, fala-se em “limitação de empenho e
movimentação financeira”, que significa a mesma coisa.
Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os
Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias
subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de
diretrizes orçamentárias.
A ideia é: de 2 em 2 meses para tudo, para ver se entrou o previsto. Se entrou o previsto, sai o
programado.
Como veremos, a lei orçamentária é uma lei que trabalha com previsões, sendo que estas
podem não se concretizar. Por isso é importante essa análise bimestral das receitas.
Assim, se não se arrecadou o esperado, deve ser feita a limitação de empenho. Se foi
arrecadado, o Executivo pode continuar gastando.
O contingenciamento é feito pelo governo, através de ATO ADMINISTRATIVO, e não por meio
de lei.
No entanto, não podem ser contingenciadas algumas despesas previstas no §2º do artigo 9º.
São elas:
- Obrigações constitucionais e legais do ente.
- Pagamento de dívida.
- Outras despesas ressalvadas pela LDO.
Art 9º. § 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do
ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes
orçamentárias.
OBS: Na ADIn 2238, foi declarada em sede de cautelar a inconstitucionalidade do §3º do artigo
9º. Isso porque não pode o executivo contingenciar gastos do legislativo e do MP, pois isso
feriria o princípio da separação dos poderes.
B) Renúncia de Receitas:
Não é proibido o subsídio, mas precisa cumprir alguns requisitos previstos no art. 14 da LRF:
Dessa leitura percebemos que, em verdade, são 3 requisitos para que haja a concessão ou
ampliação de incentivos de natureza tributária:
- Estimativa de impacto do subsídio neste ano e nos (2) dois subsequentes.
- Previsão na LDO (lei de diretrizes orçamentárias)
- E mais um dos 2 requisitos dos incisos.
No entanto, o governo muitas vezes acaba fazendo a renúncia de receita ao longo do exercício
financeiro. Nesse caso, o inciso II diz que a renúncia tem que estar acompanhada de medidas
de compensação. Alguém tem que pagar a conta, para não haver desequilíbrio orçamentário.
Esse inciso II está relacionado com o §2º do artigo 14 da LRF, que traz uma “condição de
eficácia” para o ato.
Assim, se o poder público escolher a opção do inciso II, o subsídio só vai produzir efeitos
quando forem implementadas as medidas de compensação.
O §1º traz alguns exemplos de renúncia de receitas, para além dos subsídios, como no caso de
anistia.
Perceba que a LRF só considera renúncia de receita a isenção em caráter NÃO GERAL, ou seja,
aquela que é concedida mediante o preenchimento de requisitos específicos pelo beneficiário.
O tema é muito cobrado em provas objetivas, em forma de pegadinha.
Estudado o princípio do equilíbrio fiscal, vejamos o princípio da prudência fiscal. Tal princípio
traduz a ideia de evitar problemas, uma vez que a LRF não foi editada para punir, mas sim para
evitar desequilíbrios orçamentários. Por isso, é necessária a chamada “prudência fiscal”.
A EC 19 trouxe, por exemplo, limite de gastos com servidores públicos, tema muito cobrado
em provas:
CF, Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (Redação
dada pela pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Essa lei complementar mencionada pela Constituição é a LRF, que fixa os limites nos artigos 18
e seguintes. O limite é de 50% para a União e 60% pros demais entes da federação.
O objetivo da LRF é evitar que o poder público extrapole esses limites. Por isso, existe a
previsão de vários “avisos”.
Se chega a 90% do limite, há um alerta do Tribunal de Contas para que não gaste mais (é o
chamado limite de alerta). -> artigo 59, §1º.
Se chega a 95%, tem-se o limite prudencial, que é bem mais sério, pois traz restrições. Não são
sanções, pois ainda não extrapolou o limite. São restrições para não extrapolar o limite, como
a proibição de provimento em cargo público.
Art 22, Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por
cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no
excesso:
• 90%
Limite de Alerta
• Não traz restrições
• 95%
Limite prudencial
• Há restrições, vide art. 22, PU, da LRF
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.
(...)
o
§ 6 Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos autarquias, fundações públicas,
empresas estatais dependentes e fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Executivo, resguardada
a autonomia.
Por isso, somam-se à transparência as audiências públicas, orçamento participativo etc. Nesse
sentido temos a Lei nº 12527/2011 (a chamada lei do acesso à informação), que exige a
transparência dos gastos do governo.
Sobre o tema, importante mencionar que a CRFB e a LRF preveem alguns relatórios acerca da
execução orçamentária e da gestão: o RREO (Relatório Resumido de Execução Orçamentária) e
o RGF (Relatório de Gestão Fiscal).
O RREO encontra fundamento no art. 165, §3º da CRFB e art. 52 da LRF, tendo por finalidade
“evidenciar a situação fiscal do Ente, de forma especial da execução orçamentária da receita e
despesa sob diversos enfoques”. 2 Tal relatório é BIMESTRAL, devendo ser publicado pelo
Executivo até trinta dias após o encerramento de cada bimestre.
CRFB, Art. 165, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada
bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição abrangerá todos os Poderes
e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e
composto de:
2
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/contadoria_geral/lei_responsabilidade_fiscal/rreo/
a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;
b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa
liquidada e o saldo;
Gabarito: CERTO
Já o RGF (ou REP - relatório de execução patrimonial) não possui previsão constitucional,
estando previsto tão somente na LRF (art. 54), tendo por objetivo “o controle, o
monitoramento e a publicidade do cumprimento, por parte dos entes federativos, dos limites
estabelecidos pela LRF: Despesas com Pessoal, Dívida Consolidada Líquida, Concessão de
Garantias e Contratação de Operações de Crédito”.3 Tal relatório é QUADRIMESTRAL.
Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos
no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme
regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório
equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela
administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio
de cada Poder ou órgão referido no art. 20.
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes:
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;
b) dívidas consolidada e mobiliária;
c) concessão de garantias;
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;
3
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/relatorio-de-gestao-fiscal
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
1) liquidadas;
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art.
41;
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa;
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38.
Gabarito: ERRADO
Gabarito: ERRADO
RREO RGF
- Relatório Resumido de Execução Orçamentária - Relatório de Gestão Fiscal
- Possui previsão constitucional - Possui previsão apenas na LRF.
- Bimestral - Quadrimestral
- Tem por objetivo evidenciar a situação fiscal do - Tem por objetivo o controle e a publicidade do
Ente, através de balanço orçamentário das cumprimento, por parte dos entes federativos,
receitas e despesas e demonstrativos de sua dos limites estabelecidos pela LRF, tais como os
execução. limites com despesas com pessoal e
endividamento público.
Ainda sobre o princípio da transparência, importante mencionar o art. 49 da LRF - que impõe a
obrigatoriedade da disponibilização das contas do Poder Executivo durante todo o exercício –
e o art. 162 da CRFB – que traz a obrigatoriedade de divulgação da receita pública obtida pelos
entes federativos a cada mês de arrecadação.
LRF, Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante
todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
CRFB, Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último
dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados,
os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão
numérica dos critérios de rateio.
Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por
Município; os dos Estados, por Município.
“O Tribunal, apreciando o tema 483 da repercussão geral, por unanimidade e nos termos do voto
do Relator, deu provimento ao recurso extraordinário, fixando-se a tese de que é legítima a
publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos
seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.
Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello, o Ministro Roberto Barroso, que
representa o Tribunal na "Brazil Conference", na
Universidade de Harvard, e na "Brazilian Undergraduate Student Conference", na Universidade
de Columbia, Estados Unidos, e, neste julgamento, o Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente).
Falou, pelo recorrente Município de São Paulo, a Dra. Simone
Andréa Barcelos Coutinho, Procuradora do Município de São Paulo, OAB/SP 117181. Presidiu o
julgamento a Ministra Cármen Lúcia (Vice-Presidente). Plenário, 23.04.2015. (ARE 652777 / SP)
Cadastre-se em nossa Turma Reta Final – PGE/ SP e tenha acesso ao material completo.