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A.G.F.
Chanceler-Supremo
U.S.A.G.F.
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
2. Atividades do Estado.
Os serviços públicos são atividades do Estado, pois visam ao bem comum, sejam eles
gerais (iluminação e limpeza públicas) ou específicos (fornecimento de água, coleta domiciliar
de lixo). Do mesmo modo, as obras públicas são realizadas para satisfazer uma necessidade
coletiva, procurando o bem da coletividade. Já o poder de polícia restringe as atividades
particulares em benefício do interesse coletivo.
2.2. ATIVIDADE FINANCEIRA: é aquela que visa a OBTER, GERIR, CRIAR e APLICAR os
meios patrimoniais (recursos) necessários ao desempenho da atividade administrativa estatal.
É a “atividade meio” do Estado, que tem por objetivo conseguir, administrar e gastar os
recursos de que o Estado necessita para realizar a atividade administrativa.
O direito tributário cuida da criação e da cobrança de tributos. Uma vez pago o tributo,
extingue-se a relação jurídico-tributária entre contribuinte e fisco (art. 156, I, CTN), ou seja,
encerra-se o papel do direito tributário e tem início o do direito financeiro.
Art. 4º, II, CTN: é irrelevante para a qualificação da receita tributária a destinação do
produto da arrecadação. O direito tributário NÃO se preocupa com a destinação, apenas com a
arrecadação.
O direito financeiro e o direito tributário atuam com a lei já pronta, enquanto a Ciência
das Finanças, que é pré-legislativa, tem lugar no momento de elaboração e discussão das leis.
Art. 158, III, CRFB/88: o Estado deve repassar ao município 50% da arrecadação de
IPVA:
Art. 24, I, CRFB/88: competência para legislar sobre direito financeiro é CONCORRENTE
da União, estados e do DF.
Art. 24, II, CRFB/88: desnecessário, pois orçamento inclui-se em direito financeiro.
- aplicáveis a:
Esta definição vale para o direito constitucional, mas não para IED (norma geral
contraposta à norma específica).
Ex.: Lei de Licitações + CTN + LRF + Lei das Micro e Pequenas Empresas.
Há casos de leis que não se aplicam a todos os entes, mas ainda assim são gerais: LC
87/96 (ICMS – IMPOSTO ESTADUAL) + LC 116/03 (ISS – IMPOSTO MUNICIPAL).
Nestes casos, a União edita normas gerais sobre ICMS, que apenas se aplicam aos
estados (e DF), que têm competência para criar o tributo (art. 155, II). Neste caso, a
generalidade quanto aos destinatários diz respeito a norma se aplicar a TODOS os estados, e não
quanto a todos os entes. O mesmo ocorre no caso do ISS para os municípios (art. 156, III). Neste
caso, a União legisla para estabelecer padronização mínima entre a legislação dos estados, ou
dos municípios.
As normas gerais da União podem se revestir da forma tanto de lei ordinária quanto de
leis complementares, quando necessário (art. 146, III, CRFB/88).
No direito financeiro, as normas gerais da União devem ser veiculadas por LEIS
COMPLEMENTARES, por determinação do art. 163, I, CRFB/88. Este dispositivo não fala sobre
normas gerais, devendo haver interpretação sistemática com o art. 24, I, da Constituição.
Art. 24, §2º: tanto os estados quanto o DF têm competência legislativa suplementar, para
completar as leis gerais da União. Fundamentos para incluir o DF: art. 24, caput, e art. 32, §1º,
CRFB/88 – Atribui ao DF TODAS as competências legislativas dos estados e dos municípios.
Art. 24, §3º: pode ser feita a lei local, mesmo que não haja lei geral da União. Também
abrange o DF, pelos mesmos fundamentos do art. 24, §2º. O art. 24, §3º, trata da competência
plena dos estados e do DF no caso de ausência de norma geral da União.
Esta competência plena NÃO autoriza os estados e o DF a editar normas gerais em caso
de omissão da União. Ao fazer uso da competência plena, o estado ou o DF legisla apenas para si,
não para todos os entes, com certa liberdade material, pela ausência de lei geral.
ATENÇÃO: A lei geral da União, a que se refere o art. 24, §3º, NÃO é LEI FEDERAL (que
se aplica apenas à Administração Federal), mas sim LEI NACIONAL, pois se aplica a todos os
entes da federação.
No direito financeiro brasileiro, os entes não exercem a competência plena, pois existem
as normas gerais, editadas pela União (leis nacionais): Lei 4320/64 – lei ordinária considerada
como complementar + LC 101/2000 – lei complementar.
Art. 24, §4º: superveniência de lei geral: caso a lei estadual (anterior) contrarie a lei
geral nacional (superveniente), esta suspende a eficácia da primeira, no que houver conflito
(não há revogação; mantém-se a vigência e se suspende apenas a eficácia). Consequentemente, a
revogação da lei nacional NÃO implica repristinação (pois esta pressupõe revogação, perda da
vigência, o que NÃO ocorre).
Art. 30, II, CRFB/88: espécie de apêndice do art. 24. Confere competência legislativa
suplementar aos municípios. Neste caso, o município está autorizado a suplementar as normas
gerais, que são editadas pela União.
Art. 30, III, CRFB/88: compete ao município arrecadar e instituir tributos de sua
competência – o art. 24, I, não inclui o município na competência legislativa tributária,
inviabilizando a criação de tributos pelo município (tributos são, em regra, criados por lei).
Todos esses argumentos levam a crer que, a despeito da ausência de menção expressa
no caput do art. 24, os municípios têm competência legislativa suplementar para matéria de
direito financeiro e tributário.
ESTADOS e DF – Normas suplementares (art. 24, §2º) + Normas “plenas” (art. 24, §3º);
O Congresso Nacional tem competência para elaborar leis nacionais (válidas para todos
os entes federativos) e federais (para a União apenas).
1. CRFB/1988;
2. LEIS COMPLEMENTARES;
3. LEIS ORDINÁRIAS;
4. DECRETOS;
5. MEDIDAS PROVISÓRIAS;
6. LEIS DELEGADAS.
1. CRFB/1988: o direito financeiro é tratado, em grande parte, na CRFB/1988.
Além desses, há outros artigos relevantes para o direito financeiro, sob outros capítulos:
arts. 157 a art. 162: repartição de receitas tributárias – é matéria de DIREITO FINANCEIRO, não
tributário.
Arts. 24; 30; 32, §1º; 70 a 75; art. 35, §2º, ADCT; art. 84, XXIII e XXIV; art. 52, V, VI, VII,
VIII e IX.
Art. 35, §2º, ADCT: a lei complementar a que se refere ainda NÃO foi editada, vigendo o
dispositivo transitório.
Inciso III – o presidente da República deve enviar o projeto de lei orçamentária para o
Congresso até 31 de agosto. O Congresso deve devolver o projeto para sanção até 22 de
dezembro (c/c art. 57, CRFB/88).
Art. 51, II, c/c art. 70, p. único, e art. 71, II.
- Todas as pessoas que recebem recursos públicos devem prestar contas da aplicação do
dinheiro.
- Art. 51, II: caso o presidente não preste as contas, a Câmara dos deputados fará a
exigência destas por meio de tomada de contas especial.
2. LEIS COMPLEMENTARES.
Art. 163, I: as normas gerais da União (art. 24, §1º) sobre direito financeiro revestem-se
da forma de leis complementares. Os demais incisos do art. 163 já estariam abrangidos pelo
inciso I.
Art. 165, §9º: exercício financeiro -> Lei 4320/64.
Art. 34 (Lei 4320/64): exercício financeiro = ano civil. Os prazos, porém, não constam de
lei, sendo os do art. 35, §2º, ADCT.
Art. 169, caput, CRFB/88: limites com despesa definidos em lei complementar (LC
101/00).
*Matéria reservada a lei complementar NÃO pode ser tratada por Lei Delegada (art. 68,
§1º, CRFB/88) nem por Medida Provisória (art. 62, §1º, III, CRFB/88).
Quando a LC trata de assunto que não requer lei complementar, pode ser modificada por
lei ordinária (STF) – Leis apenas formalmente, mas não substancialmente complementares.
3. LEIS ORDINÁRIAS.
- Estabelecem PPA, LDO e LOA (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei
orçamentária anual).
- Art. 169, §7º: lei “federal” (nacional) sobre normas gerais para perda de cargo público
por excesso de despesa (exoneração de servidores estáveis). Apesar de o caput do art. 169 fazer
referência a LC, o §7º não refaz a exigência, podendo haver lei ordinária, como de fato há: Lei
9801/1999.
4. DECRETOS.
Lei 4320/64, art. 42: os créditos suplementares e especiais são AUTORIZADOS por lei
ordinária e ABERRTOS por decreto (do Poder Executivo).
Lei 4320/64, art. 44: os créditos extraordinários (art. 41, III, Lei 4320/64: despesas
imprevistas e urgentes em caso de guerra ou calamidade) são abertos por decreto e
imediatamente comunicados ao Poder Legislativo.
Art. 167, §3º, CRFB/88, c/c art. 62, CRFB/88: a abertura de crédito extraordinário dar-
se-á por Medida Provisória.
Há quem defenda, por isso, que o art. 44 da Lei 4320/64 não foi recepcionado pela
CRFB/88. Outra teoria, porém, afirma que nos entes impossibilitados de editar medidas
provisórias, o art. 44 da Lei 4320/64 ainda vige, possibilitando a abertura do crédito
extraordinário por decreto nesses entes.
ESTADOS – Podem editar MP, desde que haja autorização das respectivas Const.
Estaduais; havendo, abrem os extraordinários por MP; não havendo, abrem por decreto.
6. LEIS DELEGADAS.
Não cabe lei delegada à matéria reservada LC (art. 68, §1º) nem para PPA, LDO e LOA
(art. 68, §1º, III).
DESPESAS PÚBLICAS
Art. 167, II, CRFB/88: necessidade de autorização (crédito) para fazer despesas públicas.
a) QUANTO À PERIODICIDADE:
Trata-se dos passos que o Estado deve dar para realizar uma despesa pública.
São 02 estágios:
Art. 165, §8º, CRFB/88: a lei orçamentária anual só pode tratar de PREVISÃO DE
RECEITA e FIXAÇÃO DE DESPESA.
Uma despesa pública, fixada no orçamento, NÃO pode ultrapassar sua dotação, salvo a
abertura de crédito suplementar ou especial (art. 167, V, CRFB/88), que depende de prévia
autorização legislativa e indicação dos recursos correspondentes.
Art. 40, Lei 4320/64: créditos adicionais – para realização de despesas NÃO computadas
ou insuficientemente computadas no orçamento – créditos especiais e suplementares,
respectivamente (art. 41, I e II, Lei 4320/64).
3.2.1. EMPENHO: Lei 4320/64, art. 58 – ato emanado de autoridade competente “que
cria para o Estado obrigação de pagamento” – A definição legal é ERRADA, pois o
que gera a obrigação de pagar é a execução do contrato, o cumprimento do
objeto contratado.
Art. 61, Lei 4320/64: para cada empenho será extraído um documento
denominado “Nota de empenho”, que indicará:
- NOME DO CREDOR;
- A REPRESENTAÇÃO DA DESPESA (a que se refere);
- A IMPORTÂNCIA DA DESPESA (o valor);
- A DEDUÇÃO DA DESPESA DO SALDO DA DOTAÇÃO (pois é vedado
gastar mais do que a dotação – art. 167, II, CRFB/88).
Assim, a nota de empenho se parece com o canhoto do talonário de cheques,
servindo para auxiliar o Estado a organizar suas despesas e a não exceder o
limite da dotação orçamentária.
3.2.2. LIQUIDAÇÃO: Art. 62 e 63, Lei 4320/64 – para pagar a despesa é necessário
liquidá-la.
Art. 63: LIQUIDAÇÃO=VERIFICAÇÃO.
Liquidar é verificar se o credor faz jus ao recebimento do valor constante da nota
de empenho. Ele adquire o direito de receber quando executa devidamente o
objeto do contrato.
Art. 63, §1º - verificação de ORIGEM e OBJETO do pagamento; VALOR A SER
PAGO; e A QUEM DEVE SER FEITO O PAGAMENTO.
Art. 63, §2º - documentos necessários para liquidar: o CONTRATO; a NOTA DE
EMPENHO; e os COMPROVANTES DE ENTREGA DA COISA OU DA PRESTAÇÃO
DO SERVIÇO.
Mais um motivo para a nota de empenho NÃO ser título executivo: não é
suficiente, sozinha, para a liquidação e, consequentemente, para o
pagamento. Além disso, sujeita-se a uma verificação, a liquidação,
incompatível com a natureza dos títulos de crédito (CERTEZA, LIQUIDEZ e
EXIGIBILIDADE).
A verificação NÃO GERA a obrigação de pagar ou o direito de receber. Apenas
atesta/verifica uma condição já existente, obtida em momento pretérito no
momento do cumprimento da obrigação contratual.
3.2.3. ORDEM DE PAGAMENTO: art. 64, Lei 4320/64 – despacho exarado pela
autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.
3.2.4. PAGAMENTO – ART. 65, Lei 4320/64: é a entrega da quantia devida ao credor.
4.3. LIMITES:
a) GLOBAIS (art. 19, LRF): são limites globais, pois se referem a cada ente, sem
distinguir, em cada um, quanto se destina a cada Poder. É o limite global de cada
ente.
b) ESPECÍFICOS (art. 20, LRF): estabelecem, dentro de cada ente, os limites para
cada Poder.
c) PRUDENCIAL (art. 22, p. único, LRF): é termo doutrinário, não constando da Lei.
Corresponde a 95% dos limites específicos (de cada limite específico). Quando os
Poderes ou órgãos ultrapassarem os limites prudenciais (95% dos limites do art.
20), ficam impedidos de realizar os atos dos incisos do parágrafo único do art.
22. Quem atinge o limite prudencial NÃO desrespeita a LRF, mas tem uma série
de restrições justamente para impedir/evitar o descumprimento dos limites
específicos.
4.4. APURAÇÃO.
Art. 22, caput, LRF – A verificação/apuração dos limites dos arts. 19 e 20 é feita a
cada QUADRIMESTRE, ou seja, 03 vezes por ano.
Art. 169, §7º, CRFB/88: Lei Federal disporá sobre normas gerais para a exoneração de
servidores estáveis, a título de redução de despesas (medida do art. 168, §4º).
Trata-se de Lei ordinária (nacional): 9801/1999. É ordinária, porque o art. 169, §7º, não
requer Lei Complementar. É nacional, porque se aplica a todos os entes, conforme o art. 1º.
Art. 2º, §1º, III – critério geral e impessoal para a escolha dos servidores a serem
exonerados.
II – Maior remuneração;
Art. 2º, §3º: após escolher um dos três critérios, o administrador pode combiná-los com
o critério complementar do número de dependentes. Trata-se de uma espécie de “critério de
desempate”, que não pode ser adotado sozinho, mas apenas combinado com um dos três
principais.
4.6. RESTRIÇÕES/VEDAÇÕES.
Caso a despesa com pessoal exceda ao limite prudencial (95% do limite total), o
ente/órgão passa a sofrer vedações/restrições.
II – Criação de cargo/emprego/função;
Quando o ente descumpre o art. 20 da LRF, ou seja, excede o limite legal de despesas
com pessoal, além de continuar sujeito às restrições do art. 22, p. único, passa a sofrer também
as sanções do art. 23, §3º, da LRF - enquanto durar o excesso, o ente não poderá:
Art. 169, §2º, CRFB/88: ultrapassados os dois quadrimestres do art. 23, caput, LRF, sem
adequação aos limites, serão suspensos TODOS os repasses.
RECEITAS PÚBLICAS
1. DEFINIÇÕES.
1.1. Receita pública em sentido amplo é toda e qualquer entrada de dinehiro nos
cofres públicos.
O prof. Carlos Alberto entende que, mesmo na definição ampla, receita pública é apenas
DINHEIRO. Há outros autores que incluem também outros bens, como móveis ou imóveis. O
prof. Carlos Alberto entende que esses são PATRIMÔNIO, não receita.
1.2. Receita pública em sentido estrito é a entrada de dinheiro nos cofres públicos em
caráter definitivo, isto é, sem correspondência no passivo. Ex.: empréstimo. O Estado recebe o
dinheiro, mas terá que pagar no futuro pela obtenção do empréstimo (correspondência do
empréstimo na dívida pública).
O direito positivo brasileiro adotou a definição ampla de receita pública.
Art. 3º, lei 4320/64 – inclusão nas receitas das operações de crédito.
2. CLASSIFICAÇÕES
2.1. DOUTRINÁRIAS.
O imposto de guerra, por ser imposto, só pode ter como fato gerador uma
situação que independa de atividade estatal específica (art. 16, CTN).
SEMELHANÇA: ambos são tributos provisórios. Cessada a causa que motivou
sua criação, cessa a sua cobrança.
c) QUANTO À DESTINAÇÃO/APLICAÇÃO:
A lei NÃO definiu cada tipo de receita, apenas listou as receitas e as classificou em
receitas correntes ou de capital (art. 11 da Lei 4320/64).
- Receita tributária
i. Impostos
ii. Taxas
iii. Contribuições de Melhoria
- Receita de contribuições
- Receita patrimonial
- Receita agropecuária
- Receita industrial
- Receita de serviços
- Transferências correntes
- Outras receitas correntes
RECEITAS DE CAPITAL
3.1. PREVISÃO: é a fase em que a receita é inserida na Lei Orçamentária (art. 165,
§8º, CRFB/88).
Fala-se em previsão, pois o valor que o orçamento indica, em matéria de receita
pública, NÃO é um limite, ou seja, o Estado pode arrecadar mais que o previsto no
orçamento.
As despesas, ao contrário, não podem ultrapassar o LIMITE disposto no orçamento
(art. 167, II), incluídos créditos adicionais.
3.2.1. LANÇAMENTO (art. 142, CTN + art. 53, Lei 4320/64): lançamento é o ato pelo
qual o Estado COBRA seu crédito.
3.2.4. DÍVIDA ATIVA: a dívida ativa é uma espécie de cadastro/banco de dados em que
são inseridos os débitos vencidos e não pagos. O que se inscreve em dívida ativa
é o débito, não o devedor. Junto com a inscrição do débito, contudo, consta o
nome do devedor.
Uma vez inscrito o débito em dívida ativa, pode ser emitida uma certidão de
dívida ativa – CDA – que é um título executivo extrajudicial (art. 585, VIII, CPC).
A dívida ativa pode ser TRIBUTÁRIA ou NÃO TRIBUTÁRIA:
- Lei 6830/80 (Lei de Execuções Fiscais) – art. 2º, caput.
- Lei 4320/64 (art. 39, §2º).
A execução fiscal, regida pela Lei 6830/80, depende da emissão de certidão de dívida
ativa. Para isso, qualquer débito que tenha natureza não tributária, mesmo que seja título
executivo por si só (ex.: art. 71, §3º, CRFB/88 – multas do TCU), para que seja executado pela Lei
6830/80, tem que ser inscrito em dívida ativa, para emissão da respectiva certidão.
Art. 9º, Lei 4320/64: as contribuições, para o direito financeiro, serão tidas como dívida
ativa NÃO TRIBUTÁRIA, embora sejam tributos para o direito tributário. Os empréstimos
compulsórios, idem.
O termo de dívida ativa é registro que fica com a Fazenda, apenas para controle próprio.
Já a certidão de dívida ativa (CDA) será utilizada na petição inicial, quando for ajuizada a
execução fiscal. O título executivo, para o CPC é a certidão (art. 585, VIII).
ELEMENTOS DO TERMO E DA CERTIDÃO: art. 2º, §5º, I a V, Lei 6830/80. A dívida ativa
goza de presunção RELATIVA de certeza e liquidez (art. 3º e p. único, Lei 6830/80).
RECEITAS TRIBUTÁRIAS
Art. 9º, Lei 4320/64 – o tributo se destina “ao custeio das atividades gerais ou
específicas” exercidas pelas entidades de direito público.
Ex.: salário-educação (art. 212, §5º, CRFB/88): tributo que custeia a educação (atividade
específica); contribuição para o serviço de iluminação pública (COSIP – art. 149-A, CRFB/88).
Na prática, contudo, há uma vinculação PARCIAL, pois o art. 76 do ADCT estabelece que
apenas 20% da arrecadação da União com impostos, contribuições sociais e contribuições de
intervenção no domínio econômico serão desvinculados. Logo, há vinculação de 80% das
arrecadações.
“De impostos” => hipótese em que a receita com arrecadações será vinculada.
CRÍTICA: a parte final do art. 9º da Lei 4320/64 dá a entender que o tributo tem como
única finalidade custear o Estado, enquanto ele também tem outras finalidades, como o
desestímulo a determinadas condutas (tributação majorada sobre cigarro e bebidas alcoólicas)
– TRIBUTAÇÃO EXTRAFISCAL; IPTU progressivo: desestímulo ao mau uso da propriedade de
imóvel urbano.
Art. 3º, CTN: TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
TODA: tem a finalidade de incluir na definição de tributo toda receita que se enquadrar
no conceito;
*ELISÃO FISCAL (planejamento fiscal): alguém decide NÃO PRATICAR o fato gerador, ou
praticá-lo de forma menos onerosa. Ex.: um comerciante tem duas formas de pagar e escolhe a
menos onerosa.
*EVASÃO FISCAL (ato ilícito): o contribuinte pratica o fato gerador do tributo e oculta a
informação do fisco
ÚNICO caso em que o tributo possui caráter punitivo, na opinião do professor Carlos
Alberto, é o IPTU progressivo (art. 182, §4º, II, CRFB/88). Isto porque a Constituição criou o
dever de dar à propriedade sua função social, dever este que, ao ser desrespeitado, ocasiona um
ilícito sancionado com o aumento progressivo do IPTU. É um caso excepcional.
INSTITUÍDO EM LEI: art. 97, I, CTN: somente a lei pode estabelecer a instituição ou a
extinção de tributo. A afirmação NÃO é correta, pois hoje é possível a instituição de tributos por
Medida Provisória: art. 62, §1º, CRFB/88 – não veda a criação de MP sobre matéria tributária.
Art. 62, §2º, CRFB/88: admite expressamente a criação de tributos por MP.
Art. 150, I, CRFB/88: menciona apenas “lei”, logo, entende-se LEI ORDINÁRIA. Em regra,
tributos são criados por Lei Ordinária (art. 150, I, c/c art. 47, CRFB/88).
*Impostos residuais da União: novos impostos que a União pode criar, desde que não
cumulativos com outros já existentes, de qualquer dos entes.
CPMF: respaldo no art. 74 do ADCT, e não no art. 195, §4º, CRFB/88. Assim, NÃO há
exigência de lei complementar (art. 74, §2º, ADCT), podendo ser criada por Medida Provisória.
- Art. 157, II – 20% do produto com o imposto residual da União pertence aos estados.
Os tributos que podem ser criados por Lei Ordinária também podem ser criados por Lei
Delegada e Medida Provisória. Os que exigem Lei Complementar, contudo, não podem ser
criados nem por Lei Delegada, nem por Medida Provisória (art. 62, §1º, III) (art. 68, §1º).
O fiscal fazendário é obrigado a cobrar o tributo no exato valor que a lei determina e na
forma que a lei determina, sob pena de responsabilização administrativa e criminal (art. 142, p.
único, CTN; art. 316, §1º, CP e art. 319, CP).
O tributo é uma espécie de receita pública. Por outro lado, tributo é gênero, cujas
espécies são:
Há, porém, uma teoria tripartida, com base no art. 9º, Lei 4320/64; art. 5º, CTN; e art.
145, CRFB/88:
Art. 11, LRF: obrigação de arrecadar todos os tributos. P. único: sanção – deixa de
receber repasses voluntários, mas apenas de deixar de arrecadar os impostos.
PAULO DE BARROS CARVALHO: também é de criação obrigatória o ICMS. Art. 155, §2º,
XII, ‘g’, CRFB/88: qualquer estado que queira dar isenção de ICMS precisa obedecer a
procedimento previsto em lei, que requer a concordância dos outros estados. Não criar o ICMS é
como dar uma “isenção geral” de ICMS, logo, não pode vir de uma decisão unilateral do estado.
Ocorre que essas contribuições não são tributos, pois não são compulsórias; caso a
empresa não pague, será cobrada não pelas contribuições, mas pelo ICMS QUE HAVIA DEIXADO
DE SER COBRADO. Assim, a ADI foi julgada improcedente.
Art. 158, IV, CRFB/88: 25% do produto de arrecadação de ICMS pertence aos
municípios.
O STF fala que, nos casos em que o estado dá incentivos de ICMS, o cálculo dos 25%
pertencentes aos municípios deve ser feito sobre a quantia que o estado arrecadaria em
condições normais.
O professor Carlos Alberto discorda, pois o ICMS é do estado; ele pode renunciar se
quiser e só deve repassar ao município 25% daquilo que foi efetivamente arrecadado.
ESPÉCIES DE TRIBUTOS
- seu fato gerador consiste numa atividade independente do Estado (art.16, CTN);
- Em regra, o produto de sua arrecadação não é vinculado a órgão, fundo ou despesa (art.
167, IV, CRFB/88).
Art. 16, CTN: o acontecimento que gera a obrigação de pagar o imposto não depende do
Estado. O imposto é prestação, não contraprestação. O imposto é pago sem que haja qualquer
atividade estatal que justifique seu pagamento. O imposto é um tributo não vinculado, isto é, sua
cobrança e arrecadação não dependem de uma atividade estatal específica. NÃO admite
exceções.
Art. 145, §1º, CRFB/88: sempre que possível, os impostos serão graduados segundo a
capacidade econômica – quem pode mais, paga mais. Ex.: IR, IPTU, IPVA. Há exceções: ICMS – o
consumidor, rico ou pobre, pagará o mesmo percentual sobre determinado produto.
Art. 167, IV, CRFB/88: vedação da vinculação de receitas de impostos a órgãos, fundos
ou despesas. Há exceções no próprio art. 167, IV:
- ESPECÍFICO.
-EFETIVO.
Para o STF, basta que haja um órgão em funcionamento com competência para realizar o
poder de polícia para que seja cobrada a taxa, ainda que não haja de fato o exercício do poder de
polícia.
O professor Carlos Alberto discorda, pois o art. 145, II, fala em exercício do poder de
polícia, o que, para ele, deixa claro que para a cobrança da taxa deve haver a realização efetiva
do poder de polícia.
- REGULAR.
No sentido de “correto”; exercido pelo órgão competente e dentro dos limites legais,
observado o devido processo legal (art. 78, p. único).
- serviço público específico (“uti singuli”): é aquele em que é possível identificar seus
usuários, individualizando-os. Ex.: fornecimento de água e de energia elétrica.
Ao contrário dos serviços públicos específicos, os gerais (ou até “uti singuli”) são aqueles
em que é impossível a individualização e identificação dos usuários: iluminação pública, limpeza
de logradouros públicos etc.
- Art. 5º, LXXIV, CRFB/88: isenção de custas processuais (taxas) aos que comprovam
insuficiência de recursos.
- Art. 5º, LXXVI, CRFB/88: imunidade de taxas cartoriais para certidão de nascimento e
óbito, aos reconhecidamente pobres.
O legislador infraconstitucional, contudo, estendeu este último benefício aos não pobres.
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
TAXA DE LIXO
NÃO pode ser taxado, contudo, o serviço de limpeza de logradouros públicos – varrer
ruas e capinar vegetação. Só pode haver taxa sobre o lixo recolhido das casas e outros imóveis.
O professor Carlos Alberto, contudo, acredita que para o serviço ser divisível deveria
haver a pesagem do lixo recolhido em cada residência, para cálculo da taxa, o que não ocorre na
prática. O cálculo é feito sobre a área construída do imóvel.
A área construída, todavia, também é base de cálculo do IPTU (calculado sobre o valor
venal do imóvel, que leva em conta localização, área construída, entre outros fatores). A taxa de
lixo teria base de cálculo própria de imposto.
Assim, haveria conflito com o art. 145, §2º, CRFB/88, que diz que a taxa não pode ter a
mesma base de cálculo do imposto.
O professor Carlos Alberto discorda, afirmando que, como a área construída é fator que
independe da atividade estatal, esta base de cálculo é própria de imposto (em geral) e não de
taxa.
Enunciado 29/STF (Vinculante):afirma que a taxa de lixo pode ter por base de cálculo a
área construída do imóvel.
O STF entende que o valor pago para remuneração dos serviços de fornecimento de água
e energia elétrica é TARIFA, não TAXA. Isto resulta em diferenças materiais e processuais.
Tarifas NÃO se submetem ao regime jurídico tributário, não precisam ser reajustadas por lei,
têm menos formalidades. Em contrapartida, não pode haver penhora de bem de família para
pagamento de tarifa. Para taxa, que é tributo, pode haver.
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
Art. 81, CTN: além da obra pública, para a cobrança da contribuição de melhorias, deve
haver valorização imobiliária em decorrência da obra.
Ex.: inciso I: obras de iluminação (colocação de postes onde não havia) ≠ serviço de
iluminação (que enseja o pagamento de iluminação, para manutenção).
Ex.: inciso I: obras de pavimentação (colocação de asfalto onde antes não havia) ≠
serviço de recapeamento (tapa-buracos, que não enseja pagamento de contribuição).
=>Melhoria realizada por um ente que valoriza imóvel de outro ente: pela CRFB/88, não
há impedimento para cobrança de contribuição de melhoria, pois a imunidade recíproca do art.
150, VI, ‘a’ é apenas para IMPOSTOS. O art. 2º, caput, e o art. 3º, §3º, do DL 195/67 estipulam
que só será cobrada a contribuição de melhoria dos proprietários particulares.
Limite individual => acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado. A valorização que cada imóvel teve individualmente. Cada beneficiário não pode
pagar mais do que lucrou. AMBOS OS LIMITES DEVEM SER OBSERVADOS
CONCOMITANTEMENTE.
O fato gerador da taxa é a própria atividade estatal em si. A pessoa paga pelo serviço
prestado ou posto à disposição.
No caso da contribuição de melhoria, o fato gerador NÃO é a obra em si, mas uma
consequência dela, isto é, a valorização imobiliária.
(OBRA) (VALORIZAÇÃO)
Art. 9º, DL 195/67: autoriza a cobrança de contribuição de melhoria por obra ainda não
acabada, desde que já tenha valorizado o imóvel. No caso de cobrança antecipada sem a
posterior valorização, pode haver restituição, nos termos do art. 150, §7º.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
Art. 149, CRFB/88. Competência exclusiva da União:
- Contribuições sociais;
A denominação “contribuições especiais” foi criada pela doutrina e adotada pelo STF.
Também são chamadas de contribuições parafiscais, o que é ERRADO. Parafiscalidade é o
fenômeno que ocorre quando um tributo é criado por um ente, mas cobrado por outro, que fica
com o produto arrecadado. Exemplo é a contribuição sindical: criada pela União e cobrada pelo
sindicato, que fica com o dinheiro.
Mas, ao contrário, existem contribuições especiais que não são parafiscais, como as
contribuições previdenciárias; elas são criadas pela União e cobradas também pela União
(Receita Federal); logo, não são parafiscais.
Assim, ainda que haja contribuições especiais que são parafiscais, há outras que não são,
não sendo expressões sinônimas. Também é equivocado o entendimento de que o gênero são as
contribuições sociais de que seriam espécies as demais contribuições, pois a CRFB/88 se refere
a elas de maneira individualizada: art. 149, §2º, CRFB/88, E ART. 76 do ADCT. Esta teoria
também não abarca a contribuição do art. 212, §5º.
- residuais (art. 195, §4º) – outras fontes a serem instituídas por lei.
As contribuições especiais devem ser criadas por meio de lei ordinária, nos termos do
art. 150, I, CRFB/88 (referido no caput dos arts. 149 e 149-A).
As ÚNICAS que exigem lei complementar são as contribuições sociais para a seguridade
social residuais, do art. 195, §4º, CRFB/88.
AS CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE’s) podem ser:
- Sobre combustíveis;
-Outras.
Assim, se a União quiser criar CIDE no setor de combustíveis deverá observar o art. 149,
caput, e o art. 177, §4º, CRFB/88.
A CIDE pode ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo (decreto
presidencial ou portaria ministerial), não precisando obedecer à anterioridade (art. 150, III, ‘b’).
- contribuições sindicais (art. 8º, IV, CRFB/88, c/c art. 578, CLT);
- contribuições cobradas por conselhos profissionais (exceto OAB, que é “sui generis”).
O art. 149-A, p. único, apenas autoriza que a tarifa de energia elétrica e a COSIP venham
na mesma conta. Mas o professor Carlos Alberto entende ser inconstitucional que o valor da
COSIP seja calculado sobre o valor da tarifa de consumo particular de luz, pois todos se
beneficiam igualmente do serviço de iluminação pública.
O STF, contudo, entende que não se aplica a isonomia à COSIP, pois o art. 149-A afirma
que se aplicam à COSIP apenas os incisos I e III do art. 150 da CRFB/88, podendo haver
cobranças diferenciadas.
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
- inciso III: situação que exija tomada temporária de dinheiro => NÃO foi recepcionado
pela CRFB/88. Esta era uma hipóteses extrafiscal de empréstimo compulsório, com o objetivo
de retirar dinheiro de circulação, intervir na economia.
A lei que criar o empréstimo compulsório definirá como ele será resgatado (restituído
ao contribuinte) – art. 15, p. único, CTN.
O estado passa diretamente 25% do ICMS para o município (art. 158, IV, CRFB/88).
O estado, se quiser, pode passar todo o ICMS dos municípios pelo critério do art. 158, p.
único, I. O que ele não pode é destinar mais de 25% pelo critério do inciso II.
Art. 158, II, CRFRB/88: Imposto Territorial Rural (ITR). É de competência da União. Se é
a União quem cobra, 50% fica com a União e 50% fica com o município. Se é o município quem
cobra (art. 153, III, CRFB/88), fica com 100% da receita – exemplo de PARAFISCALIDADE
(União institui e o município arrecada e fica com o dinheiro).
Art. 153, §5º: tributação de ouro enquanto ativo financeiro ou instrumento cambial.
30% para o estado.
70% para o município.
RENÚNCIA DE RECEITA
1. DEFINIÇÃO: é o ato pelo qual o Estado decide não receber, no todo ou em parte,
um crédito a que teria direito.
A imunidade NÃO é uma renúncia de receita, pois o ente não tem o poder de escolha
para renunciar a uma receita que a CRFB/88 já o impediu de cobrar. Só há renúncia quando,
podendo instituir um tributo e cobrá-lo, um ente resolver não fazê-lo.