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Este material compreende as aulas de Direito

Financeiro de 21/09/15 a 07/12/15, transcritas por Lucas


Pedrosa Fernandes, a quem renovamos os costumeiros
agradecimentos por gentilmente disponibilizar suas
anotações.

Caso alguém possua os manuscritos das 02 últimas


aulas antes da 2ª Prova, favor enviar as fotos dos
mesmos, pois o setor competente providenciará a imediata
digitalização e juntada a este dossiê.

Da mesma forma, fotos das aulas mais recentes de


Direito das Sucessões também serão aceitas, visando a
facilitar o estudo em mídias digitais para a avaliação
final.

Não assumimos responsabilidade, sob nenhuma


hipótese, por eventuais equívocos, erros, omissões e
tópicos levemente desorganizados ou confusos no
decorrer deste documento.

A.G.F.
Chanceler-Supremo
U.S.A.G.F.
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

1. Estado: é o agrupamento humano estabelecido em um território, sob um governo soberano,


que visa o bem comum daquela coletividade.

1.1. Elementos do Estado:

I. População (elemento humano);


II. Território (elemento geográfico);
III. Governo (elemento político);
IV. Finalidade (também é elemento do Estado, pois todo grupamento humano se forma
para seguir uma finalidade, que é o bem comum, o bem de todos).

2. Atividades do Estado.

O Estado, como ente complexo, desenvolve diversas atividades, dentre as quais:

2.1. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA: é aquela que visa diretamente à consecução


(satisfação) do bem comum. É a “atividade fim” do Estado.

Ex.: serviços públicos + obras públicas + poder de polícia

Os serviços públicos são atividades do Estado, pois visam ao bem comum, sejam eles
gerais (iluminação e limpeza públicas) ou específicos (fornecimento de água, coleta domiciliar
de lixo). Do mesmo modo, as obras públicas são realizadas para satisfazer uma necessidade
coletiva, procurando o bem da coletividade. Já o poder de polícia restringe as atividades
particulares em benefício do interesse coletivo.

2.2. ATIVIDADE FINANCEIRA: é aquela que visa a OBTER, GERIR, CRIAR e APLICAR os
meios patrimoniais (recursos) necessários ao desempenho da atividade administrativa estatal.
É a “atividade meio” do Estado, que tem por objetivo conseguir, administrar e gastar os
recursos de que o Estado necessita para realizar a atividade administrativa.

Ex.: cobrança de tributo. Não é finalidade estatal arrecadar tributos. A arrecadação é


apenas o meio pelo qual o Estado obtém os recursos para realizar a atividade administrativa e,
consequentemente, cumprir com sua finalidade (bem comum).

Enquanto a atividade administrativa visa diretamente à satisfação do bem comum, a


atividade financeira visa indiretamente à satisfação do bem comum, ou seja, visa a possibilitar a
realização da atividade administrativa.

A atividade financeira é atividade-meio ou atividade instrumental do Estado, pois serve


de instrumento/meio para a obtenção de recursos.

Enquanto a atividade administrativa do Estado é estudada pelo direito administrativo, a


atividade financeira é estudada tanto pelo direito financeiro quanto pelo direito tributário.
Atividade financeira (atividade-meio):

I. OBTER Receitas Públicas;


II. GERIR Orçamento público;
III. CRIAR Créditos públicos;
IV. Aplicar Despesas públicas.

É nestas 04 áreas que se subdivide a atividade financeira do Estado.

O crédito público é aquele obtido por empréstimos contraídos pelo Estado.

Definição de tributo (e receita tributária): art. 3º do CTN. Tributo é toda prestação


pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitui
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.

Assim, são receitas tributárias aquelas decorrentes da arrecadação de tributos


(impostos, taxas, contribuições etc.).

DIREITO TRIBUTÁRIO: é o conjunto de normas jurídicas (princípios e regras) que


disciplinam/regulam as relações jurídicas decorrentes da atividade financeira do Estado, no que
pertine à obtenção de receitas tributárias.

DIREITO FINANCEIRO: é o conjunto de normas jurídicas (princípios e regras) que


disciplinam/regulam as relações jurídicas decorrentes da atividade financeira do Estado, no que
pertine a DESPESAS PÚBLICAS, ORÇAMENTO PÚBLICO, CRÉDITO PÚBLICO, RECEITAS NÃO
TRIBUTÁRIAS e DESTINAÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS.

O direito tributário cuida da criação e da cobrança de tributos. Uma vez pago o tributo,
extingue-se a relação jurídico-tributária entre contribuinte e fisco (art. 156, I, CTN), ou seja,
encerra-se o papel do direito tributário e tem início o do direito financeiro.

Art. 4º, II, CTN: é irrelevante para a qualificação da receita tributária a destinação do
produto da arrecadação. O direito tributário NÃO se preocupa com a destinação, apenas com a
arrecadação.

CIÊNCIA DAS FINANÇAS: é uma disciplina não-jurídica (pré-jurídica), que estuda a


atividade financeira do Estado sob a perspectiva econômica, política e administrativa. Ela
orienta o legislador durante o processo de elaboração das leis sobre as finanças públicas.

O direito financeiro e o direito tributário atuam com a lei já pronta, enquanto a Ciência
das Finanças, que é pré-legislativa, tem lugar no momento de elaboração e discussão das leis.

*REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS:

(Arts. 157 a 162, CRFB/88) – Capítulo do Sistema Tributário.

Art. 158, III, CRFB/88: o Estado deve repassar ao município 50% da arrecadação de
IPVA:

- A relação entre o Estado e o dono do veículo é de direito TRIBUTÁRIO (obtenção de


receita tributária).

- A relação entre o Estado e o município (repasse) é de direito FINANCEIRO, pois


para o Estado esta é uma despesa (aplicação de receita tributária); para o município
trata-se de receita não tributária.

*PAGAMENTO INDEVIDO (REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO):

(Arts. 165 a 169, CTN)

Quando o fisco arrecada um tributo indevidamente, a relação é de direito tributário.


Quando o contribuinte busca a devolução do valor, a relação é de direito financeiro, pois há uma
despesa pública para o fisco.

A expressão “finanças públicas”, quando redigida com as iniciais minúsculas, costuma


ser empregada como sinônimo da atividade financeira do Estado. Quando redigida com as
iniciais maiúsculas, costuma ser usada como sinônimo de Ciência das Finanças.

Ex.: As finanças públicas do Brasil vão mal.

Ex.: Finanças Públicas estudam as finanças públicas.


COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM MATÉRIA DE DIREITO FINANCEIRO

Art. 24, I, CRFB/88: competência para legislar sobre direito financeiro é CONCORRENTE
da União, estados e do DF.

Art. 24, II, CRFB/88: desnecessário, pois orçamento inclui-se em direito financeiro.

STF sobre a competência legislativa concorrente: “condomínio legislativo”. União,


estados e DF têm um “co-domínio” do poder editar leis. Todos são donos do poder de legislar
sobre o assunto.

Art. 24, §1º: na competência concorrente, a União limita-se a estabelecer NORMAS


GERAIS.

NORMAS GERAIS são aquelas:

- Cujo conteúdo não esgota a matéria tratada;

- aplicáveis a:

a) todos os entes da federação (União, estados, DF e municípios);

b) todos os representantes de uma mesma categoria de pessoas políticas (TODOS os


estados; TODOS os municípios).

Esta definição vale para o direito constitucional, mas não para IED (norma geral
contraposta à norma específica).

NORMAS GERAIS QUANTO AO CONTEÚDO: não esgotam a matéria/assunto. São gerais


no sentido de superficiais (art. 24, §2º, CRFB/88). Os estados e o DF têm competência
suplementar, para completar os vazios deixados obrigatoriamente pela lei geral elaborada pela
União. Tanto o art. 24, §1º, quanto o §2º, determinam que o conteúdo das normas gerais da
União não esgote o assunto, sob o risco de ferir a autonomia dos estados.

NORMAS GERAIS QUANTO AOS DESTINATÁRIOS: destinam-se a todos os entes da


federação.

Ex.: Lei de Licitações + CTN + LRF + Lei das Micro e Pequenas Empresas.

Há casos de leis que não se aplicam a todos os entes, mas ainda assim são gerais: LC
87/96 (ICMS – IMPOSTO ESTADUAL) + LC 116/03 (ISS – IMPOSTO MUNICIPAL).

Nestes casos, a União edita normas gerais sobre ICMS, que apenas se aplicam aos
estados (e DF), que têm competência para criar o tributo (art. 155, II). Neste caso, a
generalidade quanto aos destinatários diz respeito a norma se aplicar a TODOS os estados, e não
quanto a todos os entes. O mesmo ocorre no caso do ISS para os municípios (art. 156, III). Neste
caso, a União legisla para estabelecer padronização mínima entre a legislação dos estados, ou
dos municípios.
As normas gerais da União podem se revestir da forma tanto de lei ordinária quanto de
leis complementares, quando necessário (art. 146, III, CRFB/88).

No direito financeiro, as normas gerais da União devem ser veiculadas por LEIS
COMPLEMENTARES, por determinação do art. 163, I, CRFB/88. Este dispositivo não fala sobre
normas gerais, devendo haver interpretação sistemática com o art. 24, I, da Constituição.

Art. 169, CRFB/88: menção expressa de necessidade de lei complementar.


Desnecessária, pois despesas já são assuntos de finanças públicas, que exigem lei
complementar, pelo art. 163, I.

Art. 24, §2º: tanto os estados quanto o DF têm competência legislativa suplementar, para
completar as leis gerais da União. Fundamentos para incluir o DF: art. 24, caput, e art. 32, §1º,
CRFB/88 – Atribui ao DF TODAS as competências legislativas dos estados e dos municípios.

Art. 24, §3º: pode ser feita a lei local, mesmo que não haja lei geral da União. Também
abrange o DF, pelos mesmos fundamentos do art. 24, §2º. O art. 24, §3º, trata da competência
plena dos estados e do DF no caso de ausência de norma geral da União.

Esta competência plena NÃO autoriza os estados e o DF a editar normas gerais em caso
de omissão da União. Ao fazer uso da competência plena, o estado ou o DF legisla apenas para si,
não para todos os entes, com certa liberdade material, pela ausência de lei geral.

ATENÇÃO: A lei geral da União, a que se refere o art. 24, §3º, NÃO é LEI FEDERAL (que
se aplica apenas à Administração Federal), mas sim LEI NACIONAL, pois se aplica a todos os
entes da federação.

No direito financeiro brasileiro, os entes não exercem a competência plena, pois existem
as normas gerais, editadas pela União (leis nacionais): Lei 4320/64 – lei ordinária considerada
como complementar + LC 101/2000 – lei complementar.

Art. 24, §4º: superveniência de lei geral: caso a lei estadual (anterior) contrarie a lei
geral nacional (superveniente), esta suspende a eficácia da primeira, no que houver conflito
(não há revogação; mantém-se a vigência e se suspende apenas a eficácia). Consequentemente, a
revogação da lei nacional NÃO implica repristinação (pois esta pressupõe revogação, perda da
vigência, o que NÃO ocorre).

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS MUNICÍPIOS EM MATÉRIA DE DIREITO FINANCEIRO

Art. 30, II, CRFB/88: espécie de apêndice do art. 24. Confere competência legislativa
suplementar aos municípios. Neste caso, o município está autorizado a suplementar as normas
gerais, que são editadas pela União.

O professor Carlos Alberto não compreende a referência à legislação estadual, pois a


Constituição não permite imposição de norma do estado ao município (autonomia municipal –
art. 18, CRFB/88). A única exceção é o art. 29, caput, CRFB/88 – obediência da lei orgânica à
Constituição estadual.
Art. 30, I, CRFB/88: o município pode legislar sobre interesse local. Orçamento (art. 24,
II) é assunto de interesse local do município, razão pela qual deveria ser autorizado a legislar
sobre o seu orçamento.

Art. 30, III, CRFB/88: compete ao município arrecadar e instituir tributos de sua
competência – o art. 24, I, não inclui o município na competência legislativa tributária,
inviabilizando a criação de tributos pelo município (tributos são, em regra, criados por lei).

Todos esses argumentos levam a crer que, a despeito da ausência de menção expressa
no caput do art. 24, os municípios têm competência legislativa suplementar para matéria de
direito financeiro e tributário.

Do contrário, seria inviável a criação de tributos municipais ou a edição de lei


orçamentária municipal, pois o município não deteria competência legislativa para a matéria.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM MATÉRIA DE DIREITO FINANCEIRO

UNIÃO – Normas gerais;

ESTADOS e DF – Normas suplementares (art. 24, §2º) + Normas “plenas” (art. 24, §3º);

MUNICÍPIOS – Normas suplementares (art. 30, II).

Art. 24, §1º, CRFB/88: no âmbito da legislação concorrente, a competência da União


limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

O professor Carlos Alberto critica a expressão “limitar-se-á”, pois a União, além de


produzir normas gerais para todos os entes (leis nacionais), também produz normas específicas,
válidas apenas para a União, como ente, ou seja, leis federais (para a administração federal).
Assim, por exemplo, a União (Congresso Nacional) elabora o orçamento geral da União, lei
específica, mas de caráter apenas federal, não nacional.

O Congresso Nacional tem competência para elaborar leis nacionais (válidas para todos
os entes federativos) e federais (para a União apenas).

FONTES DO DIREITO FINANCEIRO

(POR ORDEM DE RELEVÂNCIA PARA O DIREITO FINANCEIRO, NÃO POR HIERARQUIA)

1. CRFB/1988;
2. LEIS COMPLEMENTARES;
3. LEIS ORDINÁRIAS;
4. DECRETOS;
5. MEDIDAS PROVISÓRIAS;
6. LEIS DELEGADAS.
1. CRFB/1988: o direito financeiro é tratado, em grande parte, na CRFB/1988.

Título VI – Da tributação e do orçamento;

Capítulo II – Das Finanças Públicas;

Arts. 163 a 169.

Além desses, há outros artigos relevantes para o direito financeiro, sob outros capítulos:
arts. 157 a art. 162: repartição de receitas tributárias – é matéria de DIREITO FINANCEIRO, não
tributário.

Arts. 24; 30; 32, §1º; 70 a 75; art. 35, §2º, ADCT; art. 84, XXIII e XXIV; art. 52, V, VI, VII,
VIII e IX.

Art. 35, §2º, ADCT: a lei complementar a que se refere ainda NÃO foi editada, vigendo o
dispositivo transitório.

Inciso III – o presidente da República deve enviar o projeto de lei orçamentária para o
Congresso até 31 de agosto. O Congresso deve devolver o projeto para sanção até 22 de
dezembro (c/c art. 57, CRFB/88).

Art. 51, II, c/c art. 70, p. único, e art. 71, II.

- Todas as pessoas que recebem recursos públicos devem prestar contas da aplicação do
dinheiro.

- Em regra, as contas são prestadas ao TCU, que as julgará.

- No caso do presidente da República, as contas são prestadas ao Congresso Nacional


(art. 84, XXIV), que as julgará. O TCU apenas fará parecer prévio, não julgará as contas do
presidente (art. 71, I). Também haverá parecer da Comissão mista permanente do art. 166, §1º
(senadores e deputados).

- Art. 51, II: caso o presidente não preste as contas, a Câmara dos deputados fará a
exigência destas por meio de tomada de contas especial.

2. LEIS COMPLEMENTARES.

Art. 163, I: as normas gerais da União (art. 24, §1º) sobre direito financeiro revestem-se
da forma de leis complementares. Os demais incisos do art. 163 já estariam abrangidos pelo
inciso I.
Art. 165, §9º: exercício financeiro -> Lei 4320/64.
Art. 34 (Lei 4320/64): exercício financeiro = ano civil. Os prazos, porém, não constam de
lei, sendo os do art. 35, §2º, ADCT.
Art. 169, caput, CRFB/88: limites com despesa definidos em lei complementar (LC
101/00).

*Matéria reservada a lei complementar NÃO pode ser tratada por Lei Delegada (art. 68,
§1º, CRFB/88) nem por Medida Provisória (art. 62, §1º, III, CRFB/88).
Quando a LC trata de assunto que não requer lei complementar, pode ser modificada por
lei ordinária (STF) – Leis apenas formalmente, mas não substancialmente complementares.

3. LEIS ORDINÁRIAS.

- Estabelecem PPA, LDO e LOA (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei
orçamentária anual).

- Art. 165, caput, CRFB/88: não há exigência de lei complementar.

- Art. 167, V, CRFB/88: autorização para transposição, remanejamento ou transferência


de recursos de uma categoria a outra.

- Art. 167, IX: autorização para instituição de fundos de qualquer natureza.

- Art. 169, §7º: lei “federal” (nacional) sobre normas gerais para perda de cargo público
por excesso de despesa (exoneração de servidores estáveis). Apesar de o caput do art. 169 fazer
referência a LC, o §7º não refaz a exigência, podendo haver lei ordinária, como de fato há: Lei
9801/1999.

4. DECRETOS.

- Servem para abrir créditos suplementares e especiais (art. 42 da Lei 4320/64).

Lei 4320/64, art. 42: os créditos suplementares e especiais são AUTORIZADOS por lei
ordinária e ABERRTOS por decreto (do Poder Executivo).

Lei 4320/64, art. 44: os créditos extraordinários (art. 41, III, Lei 4320/64: despesas
imprevistas e urgentes em caso de guerra ou calamidade) são abertos por decreto e
imediatamente comunicados ao Poder Legislativo.

Art. 167, §3º, CRFB/88, c/c art. 62, CRFB/88: a abertura de crédito extraordinário dar-
se-á por Medida Provisória.

Há quem defenda, por isso, que o art. 44 da Lei 4320/64 não foi recepcionado pela
CRFB/88. Outra teoria, porém, afirma que nos entes impossibilitados de editar medidas
provisórias, o art. 44 da Lei 4320/64 ainda vige, possibilitando a abertura do crédito
extraordinário por decreto nesses entes.

UNIÃO – Edita MP – Abre crédito extraordinário por MP.

ESTADOS – Podem editar MP, desde que haja autorização das respectivas Const.
Estaduais; havendo, abrem os extraordinários por MP; não havendo, abrem por decreto.

O STF não se posicionou sobre a possibilidade de MP municipal – assim, os municípios


abririam crédito extraordinário por decreto.
5. MEDIDAS PROVISÓRIAS.

No direito financeiro, as medidas provisórias apenas servem para a abertura de créditos


extraordinários (art. 163, §3º, CRFB/88, c/c art. 62, CRFB/88).

6. LEIS DELEGADAS.

Não cabe lei delegada à matéria reservada LC (art. 68, §1º) nem para PPA, LDO e LOA
(art. 68, §1º, III).

Cabe lei delegada apenas para autorização de abertura de créditos adicionais.

DESPESAS PÚBLICAS

1. DEFINIÇÃO: é a saída de dinheiro dos cofres públicos, autorizada pelo Poder


Público, e que visa a atender necessidades públicas. TODA DESPESA DEVE SER AUTORIZADA,
SEM EXCEÇÃO. O Poder Público autorizador é o Legislativo, mas, excepcionalmente, pode ser o
Executivo, nas hipóteses de autorização do uso de medida provisória.

A AUTORIZAÇÃO necessária para a despesa se chama CRÉDITO. A autorização feita


na/pela/dentro da lei orçamentária é um CRÉDITO ORÇAMENTÁRIO. A autorização feita fora da
Lei Orçamentária é um CRÉDITO ADICIONAL.

Art. 167, II, CRFB/88: necessidade de autorização (crédito) para fazer despesas públicas.

Art. 167, V, CRFB/88: crédito suplementar e especial -> necessidade de autorização


legislativa prévia.

Art. 167, §3º, CRFB/88: crédito extraordinário -> medida provisória.


2. CLASSIFICAÇÕES DAS DESPESAS PÚBLICAS:

2.1. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS:

a) QUANTO À PERIODICIDADE:

- DESPESA PÚBLICA ORDINÁRIA: é a despesa pública comum, previsível,


esperada, normal. Ex.: pagamento dos servidores públicos.

- DESPESA PÚBLICA EXTRAORDINÁRIA: é a despesa fora do normal, do


corriqueiro, que se faz em situações excepcionais. Ex.: art. 148, I, CRFB/88:
despesas decorrentes de calamidades públicas, guerra externa ou sua iminência.
Art. 148, CRFB/88: trata de empréstimo compulsório, que é uma receita
extraordinária criada para custear uma despesa extraordinária.
Outros exemplos de despesa extraordinária:
Art. 154, II, CRFB/88 – guerra externa como despesa extraordinária, custeada
por receita extraordinária (imposto extraordinário).
Art. 167, §3º, CRFB/88: abertura de crédito extraordinário, para custear
despesas extraordinárias (imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de
guerra, intervenção ou calamidade pública).

b) CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA: leva em consideração a existência de uma


contrapartida/contraprestação ao gasto público.

- DESPESA COMPRA: como em um contrato de compra e venda, existe um


sinalagma, uma contrapartida, uma contraprestação. Ex.: aquisição de todo tipo
de material, consumível ou durável; aquisição de imóveis; pagamento de
servidores ativos (compra de força de trabalho).

- DESPESA TRANSFERÊNCIA: há um ato unilateral do Estado, que repassa o


dinheiro sem receber qualquer contraprestação. Ex.: Repartições de receitas
tributárias – arts. 157 a 162, CRFB/88. Pagamento de servidores inativos e
pensionistas (o Estado os paga sem receber o trabalho em retribuição).

2.2. CLASSIFICAÇÃO LEGAL DAS DESPESAS PÚBLICAS: arts. 12 e 13 da Lei


4320/64.

Art. 12 -> Classificação QUANTO ÀS CATEGORIAS ECONÔMICAS:

- DESPESAS PÚBLICAS CORRENTES:

DESPESAS DE CUSTEIO: manutenção de serviços e conservação/adaptação


(imóvel).

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES: despesas sem contraprestação direta.


- DESPESAS PÚBLICAS DE CAPITAL:

Investimentos: planejamento e execução de obras, e constituição de capital.

Inversões financeiras: aquisição de imóveis ou bens de capital em


utilização; aquisição de títulos de empresas já constituídas.

Transferências de capital: investimentos ou inversões de empresas


públicas, sem contraprestação direta. De um ente para outro ente, para que
este faça investimento ou inversão financeira.

O art. 13 da Lei 4320/64 detalha a classificação do art. 12:


3. ESTÁGIOS DAS DESPESAS PÚBLICAS (FASES/ETAPAS)

Trata-se dos passos que o Estado deve dar para realizar uma despesa pública.

São 02 estágios:

3.1. FIXAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA: é o momento em que a despesa é inserida na


Lei Orçamentária Anual (LOA), com uma correspondente dotação (crédito orçamentário).

Art. 165, §8º, CRFB/88: a lei orçamentária anual só pode tratar de PREVISÃO DE
RECEITA e FIXAÇÃO DE DESPESA.

Fixar a despesa é inseri-la na LOA, com sua respectiva dotação.

DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA: valor que o orçamento indica para atender, custear,


suportar determinada despesa.

Uma despesa pública, fixada no orçamento, NÃO pode ultrapassar sua dotação, salvo a
abertura de crédito suplementar ou especial (art. 167, V, CRFB/88), que depende de prévia
autorização legislativa e indicação dos recursos correspondentes.

Art. 40, Lei 4320/64: créditos adicionais – para realização de despesas NÃO computadas
ou insuficientemente computadas no orçamento – créditos especiais e suplementares,
respectivamente (art. 41, I e II, Lei 4320/64).

3.2. REALIZAÇÃO/EXECUÇÃO DA DESPESA PÚBLICA: fase em que o Estado adota


providências concretas para realizar o gasto público. É a aplicação do orçamento. Divide-se em
04 estágios:

3.2.1. EMPENHO: Lei 4320/64, art. 58 – ato emanado de autoridade competente “que
cria para o Estado obrigação de pagamento” – A definição legal é ERRADA, pois o
que gera a obrigação de pagar é a execução do contrato, o cumprimento do
objeto contratado.
Art. 61, Lei 4320/64: para cada empenho será extraído um documento
denominado “Nota de empenho”, que indicará:
- NOME DO CREDOR;
- A REPRESENTAÇÃO DA DESPESA (a que se refere);
- A IMPORTÂNCIA DA DESPESA (o valor);
- A DEDUÇÃO DA DESPESA DO SALDO DA DOTAÇÃO (pois é vedado
gastar mais do que a dotação – art. 167, II, CRFB/88).
Assim, a nota de empenho se parece com o canhoto do talonário de cheques,
servindo para auxiliar o Estado a organizar suas despesas e a não exceder o
limite da dotação orçamentária.

Ao contrário do art. 58 da Lei 4320/64, o empenho não gera ao credor o direito


subjetivo ao recebimento da quantia. O que gera isto é a execução do objeto do
contrato. O empenho gera ao credor expectativa de direito ao recebimento do
crédito, ou direito subordinado a uma condição (evento futuro e incerto ->
execução do contrato).

EMPENHO ≠ NOTA DE EMPENHO: o empenho é ato obrigatório para a realização


da despesa pública (art. 60, Lei 4320/64). Já a nota de empenho é documento
que materializa o ato do empenho e pode ser excepcionalmente dispensado (art.
60, §1º, Lei 4320/64).

Para o STJ, a nota de empenho é TÍTULO executivo extrajudicial, enquadrando-se


ou no inciso II ou no inciso VIII do art. 585 do CPC.

3.2.2. LIQUIDAÇÃO: Art. 62 e 63, Lei 4320/64 – para pagar a despesa é necessário
liquidá-la.
Art. 63: LIQUIDAÇÃO=VERIFICAÇÃO.
Liquidar é verificar se o credor faz jus ao recebimento do valor constante da nota
de empenho. Ele adquire o direito de receber quando executa devidamente o
objeto do contrato.
Art. 63, §1º - verificação de ORIGEM e OBJETO do pagamento; VALOR A SER
PAGO; e A QUEM DEVE SER FEITO O PAGAMENTO.
Art. 63, §2º - documentos necessários para liquidar: o CONTRATO; a NOTA DE
EMPENHO; e os COMPROVANTES DE ENTREGA DA COISA OU DA PRESTAÇÃO
DO SERVIÇO.
 Mais um motivo para a nota de empenho NÃO ser título executivo: não é
suficiente, sozinha, para a liquidação e, consequentemente, para o
pagamento. Além disso, sujeita-se a uma verificação, a liquidação,
incompatível com a natureza dos títulos de crédito (CERTEZA, LIQUIDEZ e
EXIGIBILIDADE).
 A verificação NÃO GERA a obrigação de pagar ou o direito de receber. Apenas
atesta/verifica uma condição já existente, obtida em momento pretérito no
momento do cumprimento da obrigação contratual.

3.2.3. ORDEM DE PAGAMENTO: art. 64, Lei 4320/64 – despacho exarado pela
autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

3.2.4. PAGAMENTO – ART. 65, Lei 4320/64: é a entrega da quantia devida ao credor.

4. DESPESAS COM PESSOAL

- Despesas com o pagamento/remuneração dos agentes públicos.

4.1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL: art. 169, CRFB/88 – Lei Complementar


determinará os limites de gastos com pessoal da União, dos Estados, DF e
municípios. A CRFB/88 NÃO ESTABELECE OS LIMITES. Atualmente, eles estão
previstos na LC 101/00 (LRF).
4.2. DEFINIÇÃO LEGAL: art. 18, LC 101/00: despesa total com pessoal – somatório
dos gastos com ativos, inativos e pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos,
funções e empregos, civis e militares.
O art. 169 não cita os pensionistas, mas não houve até o momento nenhum
pronunciamento judicial pela inconstitucionalidade do art. 18 da LRF, devendo-se
presumi-lo constitucional.

4.3. LIMITES:

a) GLOBAIS (art. 19, LRF): são limites globais, pois se referem a cada ente, sem
distinguir, em cada um, quanto se destina a cada Poder. É o limite global de cada
ente.

b) ESPECÍFICOS (art. 20, LRF): estabelecem, dentro de cada ente, os limites para
cada Poder.

c) PRUDENCIAL (art. 22, p. único, LRF): é termo doutrinário, não constando da Lei.
Corresponde a 95% dos limites específicos (de cada limite específico). Quando os
Poderes ou órgãos ultrapassarem os limites prudenciais (95% dos limites do art.
20), ficam impedidos de realizar os atos dos incisos do parágrafo único do art.
22. Quem atinge o limite prudencial NÃO desrespeita a LRF, mas tem uma série
de restrições justamente para impedir/evitar o descumprimento dos limites
específicos.
4.4. APURAÇÃO.
Art. 22, caput, LRF – A verificação/apuração dos limites dos arts. 19 e 20 é feita a
cada QUADRIMESTRE, ou seja, 03 vezes por ano.

4.5. PROVIDÊNCIAS (MEDIDAS).


Feita a verificação, o ente pode tomar as seguintes providências para diminuir seus
gastos:
Art. 169, §3º, CRFB/88:
I – Cortar pelo menos 20% dos gastos com cargos em comissão e funções de
confiança.
Mas e se o corte de 10%, por exemplo, for suficiente para colocar as contas em
ordem? O “pelo menos” impõe um corte mínimo obrigatório ou só é necessário para
tomar a providência do inciso II?
II – Exonerar servidores não-estáveis.
O prof. Carlos Alberto entende que, para se partir à providência do inciso II,
devem ser cumpridos, pelo menos, os 20% do inciso I.
III – Exoneração de servidores estáveis.
Art. 169, §4º: perda do cargo pelo servidor público estável (exoneração de
ofício). Apenas no caso de as medidas do §3º não forem suficientes.
Art. 41, CRFB/88: hipóteses de perda de cargo pelo servidor público estável, por
culpa do servidor. Não inclui a hipóteses do art. 169, §4º, que não decorre de culpa
do servidor.
Art. 169, §5º: indenização para o servidor estável exonerado (art. 169, §4º) – 01
mês de remuneração por ano se serviço (serviço em geral ou no cargo em
específico?).
Art. 23, LFR: se a despesa com pessoal do ente ultrapassar os limites do art. 20,
além das medidas do art. 22, o excedente será eliminado nos dois quadrimestres
seguintes, com ao menos um terço no 1º quadrimestre, adotando-se as medidas do
art. 169, §§3º e 4º, CRFB/88.
No caso da medida do art. 169, §3º, I, CRFB/88, pode haver ou a extinção de
cargos ou a redução dos valores a eles atribuídos. O STF concedeu liminar para
suspender a eficácia do trecho sobre a redução de remuneração, por violar a
irredutibilidade de vencimentos e o art. 169, §6º, CRFB/88.
Art. 169, §6º, CRFB/88: o cargo objetivo da redução será considerado extinto,
sendo vedada a criação de cargo assemelhado por 04 anos.

O prazo de 04 anos serve para evitar o desvio de uso do instrumento para


favorecimentos ilícitos.
Art. 23, §2º, LRF. Para reduzir as despesas com pessoal, o órgão pode reduzir a
jornada e reduzir a remuneração/salário – o STF suspendeu a eficácia deste
parágrafo, na mesma ADI 2238, que atingiu também parte do §1º.
EM RESUMO: As medidas para redução de despesas com pessoal são as previstas
pelo art. 169, §§3º e 4º da CRFB/88. As inovações que a LRF tentou criar tiveram
eficácia suspensa liminarmente pelo STF.

CRITÉRIOS PARA EXONERAÇÃO DE SERVIDORES ESTÁVEIS

Art. 169, §7º, CRFB/88: Lei Federal disporá sobre normas gerais para a exoneração de
servidores estáveis, a título de redução de despesas (medida do art. 168, §4º).

Trata-se de Lei ordinária (nacional): 9801/1999. É ordinária, porque o art. 169, §7º, não
requer Lei Complementar. É nacional, porque se aplica a todos os entes, conforme o art. 1º.

Art. 2º, §1º, III – critério geral e impessoal para a escolha dos servidores a serem
exonerados.

Art. 2º, §2º (CRITÉRIOS):

I – Menor tempo de serviço público;

II – Maior remuneração;

III – Menor idade.

O administrador poderá escolher entre qualquer desses critérios, de maneira motivada.

Art. 2º, §3º: após escolher um dos três critérios, o administrador pode combiná-los com
o critério complementar do número de dependentes. Trata-se de uma espécie de “critério de
desempate”, que não pode ser adotado sozinho, mas apenas combinado com um dos três
principais.

4.6. RESTRIÇÕES/VEDAÇÕES.

Art. 22, p. único, LRF.

Caso a despesa com pessoal exceda ao limite prudencial (95% do limite total), o
ente/órgão passa a sofrer vedações/restrições.

NÃO se trata de sanções, pois o ente/órgão não


descumpriu a lei.

Exceder o limite prudencial NÃO significa


descumprir a LRF, mas apenas um alerta. Só há
descumprimento da lei quando se ultrapassa o
limite do art. 20.
São as restrições/vedações do art. 22, p. único:

I – Conceder reajustes/aumentos de remuneração;

II – Criação de cargo/emprego/função;

III – Alteração de estruturas de carreira que implique aumento de despesa;

IV – Provimento de cargos/contratação de pessoal a qualquer título;

V – Contratação de horas extras.

4.7. SANÇÕES/PUNIÇÕES (art. 23, §3º)

Quando o ente descumpre o art. 20 da LRF, ou seja, excede o limite legal de despesas
com pessoal, além de continuar sujeito às restrições do art. 22, p. único, passa a sofrer também
as sanções do art. 23, §3º, da LRF - enquanto durar o excesso, o ente não poderá:

I – Receber transferências voluntárias.

Art. 169, §2º, CRFB/88: ultrapassados os dois quadrimestres do art. 23, caput, LRF, sem
adequação aos limites, serão suspensos TODOS os repasses.

Deste modo, a LRF dispõe apenas sobre a proibição de transferências voluntárias,


enquanto a CRFB/88 fala sobre TODAS as transferências.

II – Obter garantia, direta ou indireta, de outro ente.

III – Obter empréstimos, exceto os destinados ao refinanciamento da dívida mobiliária e


os que visem à redução das despesas com pessoal.

RECEITAS PÚBLICAS

1. DEFINIÇÕES.

1.1. Receita pública em sentido amplo é toda e qualquer entrada de dinehiro nos
cofres públicos.

O prof. Carlos Alberto entende que, mesmo na definição ampla, receita pública é apenas
DINHEIRO. Há outros autores que incluem também outros bens, como móveis ou imóveis. O
prof. Carlos Alberto entende que esses são PATRIMÔNIO, não receita.

1.2. Receita pública em sentido estrito é a entrada de dinheiro nos cofres públicos em
caráter definitivo, isto é, sem correspondência no passivo. Ex.: empréstimo. O Estado recebe o
dinheiro, mas terá que pagar no futuro pela obtenção do empréstimo (correspondência do
empréstimo na dívida pública).
O direito positivo brasileiro adotou a definição ampla de receita pública.

Art. 3º, lei 4320/64 – inclusão nas receitas das operações de crédito.

Art. 11, §4º: receitas de capital incluem as operações de crédito.

A DOUTRINA BRASILEIRA, contudo, adota a definição restrita, de Aliomar Baleeiro.

2. CLASSIFICAÇÕES

2.1. DOUTRINÁRIAS.

a) QUANTO AO CRITÉRIO DA PERIODICIDADE, ou seja, quanto à


frequência/constância que as receitas ingressam nos cofres públicos.

- Receitas públicas ordinárias: são receitas comuns, periódicas, normalmente ou


regularmente recebidas pelos entes. Ex.: Imposto de Renda para a União; ICMS
para os estados; IPTU para os municípios.

- Receitas públicas extraordinárias: são receitas cujo recebimento ocorre apenas


em caos específicos e excepcionais, não de forma regular. Ex.: Empréstimos
compulsórios (art. 148, CRFB/88) e impostos extraordinários de guerra (art.
154, II, CRFB/88).

O imposto de guerra, por ser imposto, só pode ter como fato gerador uma
situação que independa de atividade estatal específica (art. 16, CTN).
SEMELHANÇA: ambos são tributos provisórios. Cessada a causa que motivou
sua criação, cessa a sua cobrança.

b) QUANTO À ORIGEM: RECEITA PÚBLICA ORIGINÁRIA ou RECEITA PÚBLICA


DERIVADA.

 1ª. CORRENTE DOUTRINÁRIA (NÃO adotada pelo prof. Carlos Alberto)

RECEITA ORIGINÁRIA é aquela obtida a partir do próprio patrimônio público.


Origina-se do próprio Estado.

RECEITA DERIVADA é aquela obtida a partir do patrimônio do particular.


Deriva do patrimônio particular

Inconsistência desta corrente: quando um estado-membro paga uma multa para


a União, a receita seria originária, mas na verdade é derivada. Quando um
particular doa dinheiro para o ente público, a receita seria derivada, mas é
originária.

 2ª. CORRENTE DOUTRINÁRIA (**ADOTADA PELO PROFESSOR**)

RECEITA ORIGINÁRIA é aquela obtida sem caráter de COMPULSORIEDADE, ou


ao menos sem a coação ao pagamento.

RECEITA DERIVADA é aquela obtida com caráter de COMPULSORIEDADE, é de


pagamento OBRIGATÓRIO. Tributos (impostos, taxas e contribuições) são
receitas derivadas (art. 9º, Lei 4320/64), pois são compulsórios (art. 3º, CTN).
Também são receitas derivadas as multas, que não são tributos, pois estes não
podem constituir sanção de ato ilícito (art. 3º, CTN).
Os tributos NÃO podem ter caráter punitivo, exceto o disposto no art. 182, §4º, II,
CRFB/88 – IPTU progressivo – máximo de 05 anos (estatuto das cidades).
Sanção à ilicitude de indevida destinação da propriedade.

c) QUANTO À DESTINAÇÃO/APLICAÇÃO:

- RECEITAS NÃO VINCULADAS: destinam-se a atender necessidades gerais, não


específicas. Ex.: impostos.

- RECEITAS VINCULADAS: destinam-se a atender a despesas


específicas/fixas/certas. Ex.: empréstimos compulsórios, CIDE (combustíveis) –
art. 177, §4º, II, CRFB/88.

2.2. CLASSIFICAÇÃO LEGAL (Lei 4320/64, art. 11)

O legislador classificou as receitas públicas em RECEITAS CORRENTES e RECEITAS DE


CAPITAL.

A lei NÃO definiu cada tipo de receita, apenas listou as receitas e as classificou em
receitas correntes ou de capital (art. 11 da Lei 4320/64).

Lei 4320/64, art. 11, §4º:


RECEITAS CORRENTES:

- Receita tributária

i. Impostos
ii. Taxas
iii. Contribuições de Melhoria

- Receita de contribuições
- Receita patrimonial
- Receita agropecuária
- Receita industrial
- Receita de serviços
- Transferências correntes
- Outras receitas correntes

RECEITAS DE CAPITAL

- Operações de crédito (empréstimos)


- Alienação de bens
- Amortização de empréstimos
- Transferências de capital
- Outras receitas de capital

3. ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA: São as fases pelas quais ocorre a arrecadação


das receitas públicas.

3.1. PREVISÃO: é a fase em que a receita é inserida na Lei Orçamentária (art. 165,
§8º, CRFB/88).
Fala-se em previsão, pois o valor que o orçamento indica, em matéria de receita
pública, NÃO é um limite, ou seja, o Estado pode arrecadar mais que o previsto no
orçamento.
As despesas, ao contrário, não podem ultrapassar o LIMITE disposto no orçamento
(art. 167, II), incluídos créditos adicionais.

3.2. REALIZAÇÃO/EXECUÇÃO: é a fase em que o Estado adota providências


concretas para receber seus créditos.

3.2.1. LANÇAMENTO (art. 142, CTN + art. 53, Lei 4320/64): lançamento é o ato pelo
qual o Estado COBRA seu crédito.

Art. 142, CTN: lançamento:

- ocorrência do fato gerador;


- determinação da matéria tributável;
- calcular o montante devido (liquidação);
- identificar o sujeito passivo;
- “propor” a aplicação da penalidade cabível (na verdade, o
lançamento APLICA penalidade. Bernardo Ribeiro de Moraes, contudo,
concorda com a expressão, pois o contribuinte pode contestar a
aplicação da multa; a multa contestada, contudo, não deixa de ser
aplicada, não apenas proposta).

 O lançamento torna a obrigação tributária LÍQUIDA e EXIGÍVEL


(administrativamente). A exigibilidade judicial (também chamada de
exequibilidade) surge com a inscrição do débito em dívida ativa.
O recurso administrativo (art. 151, III, CTN) suspende a exigibilidade do
crédito tributário. O lançamento é um ato administrativo, NÃO um
“procedimento administrativo”, como diz o CTN. Comumente, o lançamento
vem acompanhado de outro ato: NOTIFICAÇÃO (art. 160, CTN, c/c art. 145, I,
CTN).
A notificação é o ato pelo qual a administração cientifica o contribuinte da
existência do débito.
Feita a notificação, o contribuinte tem prazo de 30 dias (ou outro previsto
em lei específica) para PAGAR ou IMPUGNAR.
Cada ente estipula a forma como faz a notificação de seus contribuintes. A
União notifica/intima seus contribuintes por VIA PESSOAL, POSTAL ou
ELETRÔNICA, a depender do caso (art. 223, Dec. 70235/72). Não
funcionando, pode haver intimação/notificação por EDITAL, quando um dos
meios convencionais não funcionar.

3.2.2. ARRECADAÇÃO: é a fase em que o devedor comparece perante os agentes


arrecadadores (bancos) e quita os seus débitos.

3.2.3. RECOLHIMENTO: é a fase em que os agentes arrecadadores (bancos)


repassam/transferem os valores recebidos aos cofres públicos.

3.2.4. DÍVIDA ATIVA: a dívida ativa é uma espécie de cadastro/banco de dados em que
são inseridos os débitos vencidos e não pagos. O que se inscreve em dívida ativa
é o débito, não o devedor. Junto com a inscrição do débito, contudo, consta o
nome do devedor.
Uma vez inscrito o débito em dívida ativa, pode ser emitida uma certidão de
dívida ativa – CDA – que é um título executivo extrajudicial (art. 585, VIII, CPC).
A dívida ativa pode ser TRIBUTÁRIA ou NÃO TRIBUTÁRIA:
- Lei 6830/80 (Lei de Execuções Fiscais) – art. 2º, caput.
- Lei 4320/64 (art. 39, §2º).

DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA: crédito proveniente de obrigação tributária, com


seus respectivos adicionais e multas.

DÍVIDA ATIVA NÃO TRIBUTÁRIA: os demais créditos.

A execução fiscal, regida pela Lei 6830/80, depende da emissão de certidão de dívida
ativa. Para isso, qualquer débito que tenha natureza não tributária, mesmo que seja título
executivo por si só (ex.: art. 71, §3º, CRFB/88 – multas do TCU), para que seja executado pela Lei
6830/80, tem que ser inscrito em dívida ativa, para emissão da respectiva certidão.

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: dívida ativa não tributária (direito financeiro).

Art. 9º, Lei 4320/64: as contribuições, para o direito financeiro, serão tidas como dívida
ativa NÃO TRIBUTÁRIA, embora sejam tributos para o direito tributário. Os empréstimos
compulsórios, idem.

O termo de dívida ativa é registro que fica com a Fazenda, apenas para controle próprio.
Já a certidão de dívida ativa (CDA) será utilizada na petição inicial, quando for ajuizada a
execução fiscal. O título executivo, para o CPC é a certidão (art. 585, VIII).

ELEMENTOS DO TERMO E DA CERTIDÃO: art. 2º, §5º, I a V, Lei 6830/80. A dívida ativa
goza de presunção RELATIVA de certeza e liquidez (art. 3º e p. único, Lei 6830/80).

RECEITAS TRIBUTÁRIAS

RECEITA TRIBUTÁRIA é toda aquela obtida através da cobrança de tributos.


INSTITUIR ≠ COBRAR: quaisquer dessas pessoas podem cobrar tributos. Ex.: sindicatos,
agências reguladoras e autarquias – cobram tributos, mas não as criam (instituem).

Art. 9º, Lei 4320/64 – o tributo se destina “ao custeio das atividades gerais ou
específicas” exercidas pelas entidades de direito público.

FINALIDADE DO TRIBUTO – custear o Estado. Alguns tributos custeiam atos


específicos, outros custeiam atos gerais.

Ex.: salário-educação (art. 212, §5º, CRFB/88): tributo que custeia a educação (atividade
específica); contribuição para o serviço de iluminação pública (COSIP – art. 149-A, CRFB/88).

O imposto é o único tributo que pode ser geral/não vinculado.

Na prática, contudo, há uma vinculação PARCIAL, pois o art. 76 do ADCT estabelece que
apenas 20% da arrecadação da União com impostos, contribuições sociais e contribuições de
intervenção no domínio econômico serão desvinculados. Logo, há vinculação de 80% das
arrecadações.

“De impostos” => hipótese em que a receita com arrecadações será vinculada.

CRÍTICA: a parte final do art. 9º da Lei 4320/64 dá a entender que o tributo tem como
única finalidade custear o Estado, enquanto ele também tem outras finalidades, como o
desestímulo a determinadas condutas (tributação majorada sobre cigarro e bebidas alcoólicas)
– TRIBUTAÇÃO EXTRAFISCAL; IPTU progressivo: desestímulo ao mau uso da propriedade de
imóvel urbano.
Art. 3º, CTN: TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

TODA: tem a finalidade de incluir na definição de tributo toda receita que se enquadrar
no conceito;

PRESTAÇÃO: é o objeto de uma obrigação, conforme o art. 113, §1º, CTN.

PECUNIÁRIA: em dinheiro, moeda, espécie. O tributo é originariamente uma obrigação


de pagar, porém esta pode se converter em outro tipo de obrigação. Mas sempre NASCE como
obrigação de pagar.

COMPULSÓRIA: independe da vontade do contribuinte. Praticado o ato gerador, surge a


obrigação de pagar, sendo irrelevante a vontade do contribuinte.

*ELISÃO FISCAL (planejamento fiscal): alguém decide NÃO PRATICAR o fato gerador, ou
praticá-lo de forma menos onerosa. Ex.: um comerciante tem duas formas de pagar e escolhe a
menos onerosa.

*EVASÃO FISCAL (ato ilícito): o contribuinte pratica o fato gerador do tributo e oculta a
informação do fisco

EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA SE POSSA EXPRIMIR: o pagamento tem valor


econômico. Além de dinheiro, qual a outra forma de pagar a dívida tributária? A entrega de
coisas! Embora o art. 3º não faça restrições, o art. 156, XI, do CTN faz. A dação em pagamento
apenas ocorre na forma e nas condições estabelecidas em lei (bens imóveis). NÃO é possível
pagar tributos com a prestação de serviços, pois o art. 141 torna taxativo o rol do art. 156 do
CTN, que traz as formas de extinção do crédito tributário.

QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO: é caraterística importante para


distinguir tributo de multa. A multa é sanção a ato ilícito, enquanto o tributo decorre de
atividade lícita.

ÚNICO caso em que o tributo possui caráter punitivo, na opinião do professor Carlos
Alberto, é o IPTU progressivo (art. 182, §4º, II, CRFB/88). Isto porque a Constituição criou o
dever de dar à propriedade sua função social, dever este que, ao ser desrespeitado, ocasiona um
ilícito sancionado com o aumento progressivo do IPTU. É um caso excepcional.
INSTITUÍDO EM LEI: art. 97, I, CTN: somente a lei pode estabelecer a instituição ou a
extinção de tributo. A afirmação NÃO é correta, pois hoje é possível a instituição de tributos por
Medida Provisória: art. 62, §1º, CRFB/88 – não veda a criação de MP sobre matéria tributária.
Art. 62, §2º, CRFB/88: admite expressamente a criação de tributos por MP.

TIPO DE LEI PARA CRIAÇÃO DE TRIBUTO:

Art. 150, I, CRFB/88: menciona apenas “lei”, logo, entende-se LEI ORDINÁRIA. Em regra,
tributos são criados por Lei Ordinária (art. 150, I, c/c art. 47, CRFB/88).

04 TRIBUTOS QUE APENAS PODEM SER CRIADOS POR LEI COMPLEMENTAR:

1. Empréstimos compulsórios (art. 148, CRFB/88);


2. Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII);
3. Impostos residuais da União (art. 154, I);
4. Contribuições residuais para a seguridade social (art. 195, §4º, CRFB/88).

*Impostos residuais da União: novos impostos que a União pode criar, desde que não
cumulativos com outros já existentes, de qualquer dos entes.

CPMF: respaldo no art. 74 do ADCT, e não no art. 195, §4º, CRFB/88. Assim, NÃO há
exigência de lei complementar (art. 74, §2º, ADCT), podendo ser criada por Medida Provisória.

- Art. 157, II – 20% do produto com o imposto residual da União pertence aos estados.

Art. 148 e 154, I: mediante Lei Complementar: uma LC institui/cria o imposto.

Art. 153, VII: NOS TERMOS DE LEI COMPLEMENTAR:

a) Lei Complementar para definir o que é grande fortuna.


b) Lei Ordinária para criar o imposto sobre grandes fortunas. Trata-se da
opinião do professor Carlos Alberto. A doutrina, contudo, afirma que deve
haver apenas uma Lei Complementar, instituindo o tributo.

Os tributos que podem ser criados por Lei Ordinária também podem ser criados por Lei
Delegada e Medida Provisória. Os que exigem Lei Complementar, contudo, não podem ser
criados nem por Lei Delegada, nem por Medida Provisória (art. 62, §1º, III) (art. 68, §1º).

COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA PLENAMENTE VINCULADA: o


tributo é instituído por lei e cobrado (lançado) por atividade administrativa plenamente
vinculada, ou seja, não há margem para discricionariedade do agente administrativo (mérito
administrativo/conveniência e oportunidade).

O fiscal fazendário é obrigado a cobrar o tributo no exato valor que a lei determina e na
forma que a lei determina, sob pena de responsabilização administrativa e criminal (art. 142, p.
único, CTN; art. 316, §1º, CP e art. 319, CP).

O lançamento tributário é atividade administrativa plenamente vinculada.


PONTOS MAIS IMPORTANTES:

Assim, se um decreto presidencial cria uma obrigação pecuniária compulsória e


decorrente de ato lícito, há tributo. O tributo, neste caso, será inconstitucional, mas não deixará
de ser tributo.

ESPÉCIES DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

O tributo é uma espécie de receita pública. Por outro lado, tributo é gênero, cujas
espécies são:

Há, porém, uma teoria tripartida, com base no art. 9º, Lei 4320/64; art. 5º, CTN; e art.
145, CRFB/88:

Art. 15, CTN: empréstimo compulsório.

Art. 217, CTN: contribuições diversas.

Empréstimo compulsório e contribuições diversas são matérias tratadas no CTN, mas


que, segundo ele próprio (art. 5º), não seriam tributos.

CRÍTICA À TEORIA TRIPARTIDA: o art. 145 da CRFB/88 não mencionou o empréstimo


compulsório e as contribuições especiais, porque são tributos de competência exclusiva da
União, não se amoldando no caput do art. 145.

Art. 150, §1º: refere-se ao empréstimo compulsório como tributo.


Enunciado de Súmula nº 418 – STF: empréstimo compulsório não é tributo =>
entendimento superado.

Art. 11, LRF: obrigação de arrecadar todos os tributos. P. único: sanção – deixa de
receber repasses voluntários, mas apenas de deixar de arrecadar os impostos.

 A CRIAÇÃO DO TRIBUTO É UM DEVER OU UMA FACULDADE DO ENTE?

Em regra, uma faculdade!

Único caso expresso no texto constitucional em que há obrigatoriedade de instituição de


tributo: art. 149, §1º: os estados, o DF e os municípios instituirão contribuição, cobrada de
servidores públicos.

PAULO DE BARROS CARVALHO: também é de criação obrigatória o ICMS. Art. 155, §2º,
XII, ‘g’, CRFB/88: qualquer estado que queira dar isenção de ICMS precisa obedecer a
procedimento previsto em lei, que requer a concordância dos outros estados. Não criar o ICMS é
como dar uma “isenção geral” de ICMS, logo, não pode vir de uma decisão unilateral do estado.

A respeito do conceito de tributo: lei estadual do Amazonas (Lei 2826/03) estabelece


incentivos fiscais de ICMS para indústrias instaladas na ZFM; em contrapartida, as empresas
beneficiadas devem pagar 03 contribuições:

- FMPES (Micro e pequenas empresas);


- FTI (Turismo e interiorização);
- UEA.

O MPE ajuizou ADI, afirmando que as contribuições violavam a Constituição estadual,


pois estavam fora da competência tributária estadual.

Ocorre que essas contribuições não são tributos, pois não são compulsórias; caso a
empresa não pague, será cobrada não pelas contribuições, mas pelo ICMS QUE HAVIA DEIXADO
DE SER COBRADO. Assim, a ADI foi julgada improcedente.

Art. 158, IV, CRFB/88: 25% do produto de arrecadação de ICMS pertence aos
municípios.

O STF fala que, nos casos em que o estado dá incentivos de ICMS, o cálculo dos 25%
pertencentes aos municípios deve ser feito sobre a quantia que o estado arrecadaria em
condições normais.

O professor Carlos Alberto discorda, pois o ICMS é do estado; ele pode renunciar se
quiser e só deve repassar ao município 25% daquilo que foi efetivamente arrecadado.
ESPÉCIES DE TRIBUTOS

IMPOSTOS: os impostos possuem 03 características:

- seu fato gerador consiste numa atividade independente do Estado (art.16, CTN);

- sempre que possível, são graduados de acordo com a capacidade econômica do


contribuinte (art. 145, §1º, CRFB/88);

- Em regra, o produto de sua arrecadação não é vinculado a órgão, fundo ou despesa (art.
167, IV, CRFB/88).

Art. 16, CTN: o acontecimento que gera a obrigação de pagar o imposto não depende do
Estado. O imposto é prestação, não contraprestação. O imposto é pago sem que haja qualquer
atividade estatal que justifique seu pagamento. O imposto é um tributo não vinculado, isto é, sua
cobrança e arrecadação não dependem de uma atividade estatal específica. NÃO admite
exceções.

Art. 145, §1º, CRFB/88: sempre que possível, os impostos serão graduados segundo a
capacidade econômica – quem pode mais, paga mais. Ex.: IR, IPTU, IPVA. Há exceções: ICMS – o
consumidor, rico ou pobre, pagará o mesmo percentual sobre determinado produto.

Art. 167, IV, CRFB/88: vedação da vinculação de receitas de impostos a órgãos, fundos
ou despesas. Há exceções no próprio art. 167, IV:

IMPOSTO É TRIBUTO NÃO VINCULADO: diz respeito ao fato gerador do imposto.


Significado TRIBUTÁRIO de vinculação.

RECEITA VINCULADA: diz respeito à destinação da receita arrecadada a determinada


despesa. Significado FINANCEIRO de vinculação.

ATIVIDADE PLENAMENTE VINCULADA (art. 3º, CTN): contrário de discricionária – a


cobrança do tributo não depende de conveniência ou oportunidade. Significado administrativo
de vinculação.
TAXAS (art. 145, II, CRFB/88): taxas são tributos devidos em razão do exercício do
poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

HÁ DOIS TIPOS DE TAXA:

- TAXA DECORRENTE DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA.

- TAXA DECORRENTE DA UTILIZAÇÃO EFETIVA OU POTENCIAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS.

TAXA DECORRENTE DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA: o poder de polícia é a


prerrogativa do Estado de restringir direitos ou prerrogativas individuais em prol do interesse
público. É instrumento de operacionalização da supremacia do interesse público sobre o
particular (art. 78, CTN).

Para o Poder de Polícia ensejar a cobrança de taxa deve ter 04 características:

- ESPECÍFICO.

Aquele exercido sobre um indivíduo específico, não sobre toda a coletividade.

- PREVENTIVO (pois é tributo e não sanciona ato ilícito).

Tributo não pode constituir sanção de ato ilícito.

-EFETIVO.

Para o STF, basta que haja um órgão em funcionamento com competência para realizar o
poder de polícia para que seja cobrada a taxa, ainda que não haja de fato o exercício do poder de
polícia.

O professor Carlos Alberto discorda, pois o art. 145, II, fala em exercício do poder de
polícia, o que, para ele, deixa claro que para a cobrança da taxa deve haver a realização efetiva
do poder de polícia.

- REGULAR.

No sentido de “correto”; exercido pelo órgão competente e dentro dos limites legais,
observado o devido processo legal (art. 78, p. único).

TAXA DECORRENTE DA UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 79, CTN): serviço


público é uma atividade estatal que visa a trazer comodidade a seu destinatário. Ao contrário do
poder de polícia, que restringe o direito do particular para o bem da coletividade, na utilização
de serviço público, o destinatário é que é o beneficiado.

- serviço público específico (“uti singuli”): é aquele em que é possível identificar seus
usuários, individualizando-os. Ex.: fornecimento de água e de energia elétrica.
Ao contrário dos serviços públicos específicos, os gerais (ou até “uti singuli”) são aqueles
em que é impossível a individualização e identificação dos usuários: iluminação pública, limpeza
de logradouros públicos etc.

Serviço público divisível é aquele em que é possível mensurar/quantificar o nível/grau


de utilização do serviço pelo usuário. Ex.: fornecimento de água e luz.

Ao contrário, o serviço indivisível é aquele em que não é possível fazer a quantificação:


iluminação pública/limpeza pública de logradouros.

São passíveis de taxação os serviços públicos ESPECÍFICOS e DIVISÍVEIS. As taxas são


regidas pelo critério da retributividade, segundo o qual cada usuário paga ao estado valor
proporcional ao nível de utilização desses serviços, não a capacidade econômica de quem as
paga.

Os dois únicos exemplares de TAXA em que se leva em conta a capacidade econômica do


contribuinte são:

- Art. 5º, LXXIV, CRFB/88: isenção de custas processuais (taxas) aos que comprovam
insuficiência de recursos.

- Art. 5º, LXXVI, CRFB/88: imunidade de taxas cartoriais para certidão de nascimento e
óbito, aos reconhecidamente pobres.

O legislador infraconstitucional, contudo, estendeu este último benefício aos não pobres.

No Amazonas, há outro exemplo: taxa de inscrição em concursos públicos, da qual são


isentos os pobres.

 ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Até 2003, havia um tributo denominado “taxa de iluminação pública”, julgado


inconstitucional pelo STF, pois o serviço não é específico nem divisível.

A EC 39criou o art. 149-A da CRFB/88, que autorizou a instituição da contribuição para o


custeio de iluminação pública, em substituição à taxa de iluminação pública.

 TAXA DE LIXO

Enunciado de Súmula Vinculante nº 19 – STF: a taxa cobrada em razão da coleta de lixo é


constitucional. O serviço é específico e divisível.

NÃO pode ser taxado, contudo, o serviço de limpeza de logradouros públicos – varrer
ruas e capinar vegetação. Só pode haver taxa sobre o lixo recolhido das casas e outros imóveis.

O professor Carlos Alberto, contudo, acredita que para o serviço ser divisível deveria
haver a pesagem do lixo recolhido em cada residência, para cálculo da taxa, o que não ocorre na
prática. O cálculo é feito sobre a área construída do imóvel.

A área construída, todavia, também é base de cálculo do IPTU (calculado sobre o valor
venal do imóvel, que leva em conta localização, área construída, entre outros fatores). A taxa de
lixo teria base de cálculo própria de imposto.
Assim, haveria conflito com o art. 145, §2º, CRFB/88, que diz que a taxa não pode ter a
mesma base de cálculo do imposto.

O STF, contudo, no Enunciado de Súmula Vinculante nº 29, afirmou que é constitucional


a taxa que tem por base de cálculo um dos elementos que define a base de cálculo de imposto.

O professor Carlos Alberto discorda, afirmando que, como a área construída é fator que
independe da atividade estatal, esta base de cálculo é própria de imposto (em geral) e não de
taxa.

Enunciado 19/STF (Vinculante): autoriza a existência de taxa pela coleta de lixo.

Enunciado 29/STF (Vinculante):afirma que a taxa de lixo pode ter por base de cálculo a
área construída do imóvel.

Serviços públicos podem ser remunerados mediante:

- IMPOSTOS (serviços gerais);

- TAXAS (taxa de lixo);

- TARIFAS (preços públicos – água e luz);

- CONTRIBUIÇÕES (iluminação pública).

O STF entende que o valor pago para remuneração dos serviços de fornecimento de água
e energia elétrica é TARIFA, não TAXA. Isto resulta em diferenças materiais e processuais.
Tarifas NÃO se submetem ao regime jurídico tributário, não precisam ser reajustadas por lei,
têm menos formalidades. Em contrapartida, não pode haver penhora de bem de família para
pagamento de tarifa. Para taxa, que é tributo, pode haver.

Art. 145, II, CRFB/88.

UTILIZAÇÃO EFETIVA: ocorre quando o usuário utiliza, de fato/efetivamente, o serviço


prestado ao contribuinte.

UTILIZAÇÃO POTENCIAL: ocorre quando o serviço está colocado/posto à disposição do


contribuinte (art. 79, I, ‘b’, CTN).

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

CRFB, art. 145, III – contribuição de melhoria, em decorrência de obras públicas.

Art. 81, CTN: além da obra pública, para a cobrança da contribuição de melhorias, deve
haver valorização imobiliária em decorrência da obra.

O STF já se manifestou pela manutenção da exigência de valorização do imóvel para


cobrança da contribuição de melhoria, ainda que a CRFB/88 não tenha trazido a exigência.

Decreto-Lei 195/1967: disciplina a contribuição de melhoria.


Art. 2º, DL 195/67: rol taxativo de obras públicas que ensejam a cobrança de
contribuição de melhoria:

Ex.: inciso I: obras de iluminação (colocação de postes onde não havia) ≠ serviço de
iluminação (que enseja o pagamento de iluminação, para manutenção).

Ex.: inciso I: obras de pavimentação (colocação de asfalto onde antes não havia) ≠
serviço de recapeamento (tapa-buracos, que não enseja pagamento de contribuição).

=>Melhoria realizada por um ente que valoriza imóvel de outro ente: pela CRFB/88, não
há impedimento para cobrança de contribuição de melhoria, pois a imunidade recíproca do art.
150, VI, ‘a’ é apenas para IMPOSTOS. O art. 2º, caput, e o art. 3º, §3º, do DL 195/67 estipulam
que só será cobrada a contribuição de melhoria dos proprietários particulares.

LIMITES PARA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA (art. 81, CTN).

Limite total => despesa realizada; a soma de todas as contribuições de melhoria


cobradas por uma obra não pode ultrapassar o valor gasto com essa obra. A contribuição de
melhoria é para ressarcir o custo da obra, tem natureza ressarcitória, serve para “fazer face ao
custo de obra pública”.

Limite individual => acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado. A valorização que cada imóvel teve individualmente. Cada beneficiário não pode
pagar mais do que lucrou. AMBOS OS LIMITES DEVEM SER OBSERVADOS
CONCOMITANTEMENTE.

A contribuição de melhoria é um tributo vinculado de referibilidade indireta. Já a taxa é


um tributo vinculado de referibilidade direta ao obrigado.

O fato gerador da taxa é a própria atividade estatal em si. A pessoa paga pelo serviço
prestado ou posto à disposição.

No caso da contribuição de melhoria, o fato gerador NÃO é a obra em si, mas uma
consequência dela, isto é, a valorização imobiliária.

(OBRA) (VALORIZAÇÃO)
Art. 9º, DL 195/67: autoriza a cobrança de contribuição de melhoria por obra ainda não
acabada, desde que já tenha valorizado o imóvel. No caso de cobrança antecipada sem a
posterior valorização, pode haver restituição, nos termos do art. 150, §7º.

A destinação do dinheiro obtido pela contribuição de melhoria não é vinculada.

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
Art. 149, CRFB/88. Competência exclusiva da União:

- Contribuições sociais;

- Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE);

- Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas;

- Art. 149-A, CRFB/88: Contribuição para o Serviço de Iluminação Pública – COSIP.

A denominação “contribuições especiais” foi criada pela doutrina e adotada pelo STF.
Também são chamadas de contribuições parafiscais, o que é ERRADO. Parafiscalidade é o
fenômeno que ocorre quando um tributo é criado por um ente, mas cobrado por outro, que fica
com o produto arrecadado. Exemplo é a contribuição sindical: criada pela União e cobrada pelo
sindicato, que fica com o dinheiro.

Mas, ao contrário, existem contribuições especiais que não são parafiscais, como as
contribuições previdenciárias; elas são criadas pela União e cobradas também pela União
(Receita Federal); logo, não são parafiscais.

Assim, ainda que haja contribuições especiais que são parafiscais, há outras que não são,
não sendo expressões sinônimas. Também é equivocado o entendimento de que o gênero são as
contribuições sociais de que seriam espécies as demais contribuições, pois a CRFB/88 se refere
a elas de maneira individualizada: art. 149, §2º, CRFB/88, E ART. 76 do ADCT. Esta teoria
também não abarca a contribuição do art. 212, §5º.

*As contribuições sociais são de 02 espécies:

- contribuições para a seguridade social (saúde, previdência social ou


assistência social);

- contribuições sociais gerais (outras destinações distintas, como educação –


art. 212, §5º, CRFB/88).

**Contribuições para a seguridade social:

- ordinárias (do empregador, do empregado, das loterias e das importações) –


art. 195, I a IV;

- residuais (art. 195, §4º) – outras fontes a serem instituídas por lei.

Em regra, a competência para a criação de contribuições especiais é da União.


EXCEÇÕES: art. 149-A, CRFB/88 (COSIP competência dos municípios e do DF); ART. 149, §1º,
CRFB/88(contribuições previdenciárias dos servidores públicos dos municípios, dos estados e
do DF).

As contribuições especiais devem ser criadas por meio de lei ordinária, nos termos do
art. 150, I, CRFB/88 (referido no caput dos arts. 149 e 149-A).

As ÚNICAS que exigem lei complementar são as contribuições sociais para a seguridade
social residuais, do art. 195, §4º, CRFB/88.
AS CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE’s) podem ser:

- Sobre combustíveis;

-Outras.

Domínio econômico é um seguimento da economia, estando sujeito à CIDE qualquer


seguimento que o Governo julgar necessário, pois o art. 149 não faz restrição. Há, contudo, regra
especial para a instituição da CIDE sobre combustíveis: art. 177, §4º, CRFB/88.

Assim, se a União quiser criar CIDE no setor de combustíveis deverá observar o art. 149,
caput, e o art. 177, §4º, CRFB/88.

A CIDE pode ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo (decreto
presidencial ou portaria ministerial), não precisando obedecer à anterioridade (art. 150, III, ‘b’).

A CIDE é criada para fomentar/estimular determinados setores da economia.

Exemplo de CIDE diferente da dos combustíveis: CONDECINE – contribuição para o


desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional. É cobrada pela ANCINE (Agência
Nacional de Cinema).

*Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas:

- contribuições sindicais (art. 8º, IV, CRFB/88, c/c art. 578, CLT);

- contribuições cobradas por conselhos profissionais (exceto OAB, que é “sui generis”).

*Contribuição para o serviço de iluminação pública

Enunciado de Súmula Vinculante nº 41/STF: o serviço de iluminação pública NÃO pode


ser remunerado mediante taxa. NÃO é serviço específico nem divisível. Por isso, o art. 149-A
instituiu uma contribuição, já que a taxa é inconstitucional.

O art. 149-A, p. único, apenas autoriza que a tarifa de energia elétrica e a COSIP venham
na mesma conta. Mas o professor Carlos Alberto entende ser inconstitucional que o valor da
COSIP seja calculado sobre o valor da tarifa de consumo particular de luz, pois todos se
beneficiam igualmente do serviço de iluminação pública.

O STF, contudo, entende que não se aplica a isonomia à COSIP, pois o art. 149-A afirma
que se aplicam à COSIP apenas os incisos I e III do art. 150 da CRFB/88, podendo haver
cobranças diferenciadas.

A PRINCIPAL característica das contribuições especiais é a vinculação da sua receita a


finalidades específicas. Ex.: CPMF – SAÚDE; COSIP – iluminação pública; CIDE dos combustíveis
– combustíveis (art. 177, §4º, II). ADCT, art. 76: desvinculação de 20% das contribuições sociais
e de intervenção no domínio econômico. O STF já afirmou que essa desvinculação parcial não
retira a natureza jurídica de contribuição.

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

Art. 15, CTN:


- inciso I: guerra (art. 148, I, CRFB/88);

- inciso II: calamidade pública (art. 48, I, CRFB/88);

- inciso III: situação que exija tomada temporária de dinheiro => NÃO foi recepcionado
pela CRFB/88. Esta era uma hipóteses extrafiscal de empréstimo compulsório, com o objetivo
de retirar dinheiro de circulação, intervir na economia.

A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA do empréstimo compulsório é a restitutibilidade, ou


seja, o empréstimo compulsório, mesmo quando pago corretamente, deve ser restituído ao
contribuinte.

A lei que criar o empréstimo compulsório definirá como ele será resgatado (restituído
ao contribuinte) – art. 15, p. único, CTN.

REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

DISCRIMINAÇÃO CONSTITUCIONAL DE RENDAS: é a indicação, pelo texto


constitucional, dos recursos que asseguram a autonomia financeira de cada ente político. Art.
18, CRFB/88: TODOS os entes são autônomos.

ATRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS: competência tributária é o poder de


criar tributo. Atribuir competência tributária é conferir a um ente o poder de instituir um
tributo. A Constituição NÃO cria nenhum tributo. Ela atribui competência tributária aos diversos
entes, par que eles, querendo, façam uma lei criando esse tributo. Ex.: art. 153, CRFB/88; ART.
149-A, CRFB/88.

REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS: é o fenômeno que ocorre quando


determinado ente divide com outros entes o produto da arrecadação de seus tributos. É a
participação da divisão de receita alheia. Ex.: art. 158, III, CRFB/88.

 CADA ENTE (União, estados, DF e municípios) é financeiramente


independente. Para que cada um deles possa ter dinheiro suficiente para
exercer, de fato, essa independência financeira, a CRFB/88 confere a cada um
deles meios de obtenção de rendas, que podem ser tanto a atribuição de
competências tributárias quanto a repartição de receitas financeiras, que
será estudada agora.

A atribuição de competências tributárias é matéria de direito tributário, pois diz


respeito à arrecadação de receitas tributárias.

Já a repartição de receitas tributárias é matéria de direito financeiro, pois é relativa à


destinação das receitas tributárias. Ex.: IPVA – relação Estado/Contribuinte (arrecadação) –
direito tributário; relação Estado/Município (repartição) – direito financeiro.
FORMAS DE REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

- Repartição direta: é a transferência sem intermediários, diretamente de um ente para o


outro ente. Ex.: arts. 157 e 158 da CRFB/88.

O estado passa diretamente 25% do ICMS para o município (art. 158, IV, CRFB/88).

O estado, se quiser, pode passar todo o ICMS dos municípios pelo critério do art. 158, p.
único, I. O que ele não pode é destinar mais de 25% pelo critério do inciso II.

EXTRAFISCALIDADE – Não tem como objetivo arrecadar dinheiro, mas estimular ou


desestimular determinadas condutas (fumo, bebidas alcoólicas etc.).

PARAFISCALIDADE – Um ente cria o tributo e outro o cobra e fica com produto da
arrecadação (contribuição sindical).

Art. 158, II, CRFRB/88: Imposto Territorial Rural (ITR). É de competência da União. Se é
a União quem cobra, 50% fica com a União e 50% fica com o município. Se é o município quem
cobra (art. 153, III, CRFB/88), fica com 100% da receita – exemplo de PARAFISCALIDADE
(União institui e o município arrecada e fica com o dinheiro).

- Repartição indireta: a transferência das receitas tributárias dá-se por intermédio de


fundos, não diretamente de ente para ente. Fundo de participação dos estados (FPE) e Fundo de
participação dos municípios (FPM).

Art. 153, §5º: tributação de ouro enquanto ativo financeiro ou instrumento cambial.
30% para o estado.
70% para o município.

RENÚNCIA DE RECEITA

1. DEFINIÇÃO: é o ato pelo qual o Estado decide não receber, no todo ou em parte,
um crédito a que teria direito.

2. Modalidades mais comuns de renúncia de receita:

2.1. - ISENÇÃO é a dispensa, por lei, do pagamento de tributo devido.


Observação: a isenção produz efeitos para frente (“ex nunc”). Um débito anterior
à isenção continua devido.
- IMUNIDADE é norma constitucional que proíbe o exercício da
competência tributária (isto é, o poder de criar tributo) relativamente a certas
situações, pessoas ou coisas. Ex.: art. 150, VI, CRFB/88; art. 153, §3º, III,
CRFB/88; art. 153, §4º, III, CRFB/88 (imunidade condicionada à regulamentação
que define o tamanho da glosa); art. 184, §5º, CERB/88; art. 195, §7º, CRFB/88.
NÃO EXISTE IMUNIDADE FORA DA CONSTITUIÇÃO, NEM ISENÇÃO DENTRO DA
CONSTITUIÇÃO.
 Art. 156, §3º, III, CRFB/88: NÃO é imunidade, pois não é a CRFB/88 que exclui a
incidência. Trata-se apenas de autorização constitucional para que a LC crie uma
isenção. LC 116/2003 – art. 2º, I: cria a isenção, pois é lei. A autorização
constitucional afasta a incidência do art. 151, III, pois, em se tratando de
exportação, o interesse é da União, mesmo que o tributo (ISS) seja municipal.

A CRFB/88 proíbe, como regra geral, as chamadas “isenções heterônomas” – isenções


promovidas por ente diferente do que tem poder de tributar. Art. 151, III, CRFB/88; art. 18,
CRFB/88 – autonomia dos entes. A única exceção a essa regra é justamente o ISS das
exportações – art. 156, §3º, II, CRFB/88 c/c art. 2º, I, LC 116/03.

A imunidade NÃO é uma renúncia de receita, pois o ente não tem o poder de escolha
para renunciar a uma receita que a CRFB/88 já o impediu de cobrar. Só há renúncia quando,
podendo instituir um tributo e cobrá-lo, um ente resolver não fazê-lo.

2.2. ANISTIA é o perdão de dívida referente a multa.


Perdão: é relativo a eventos passados, já corridos. Por isso, a anistia apenas
opera efeitos retroativos, “ex tunc”.
A anistia atinge apenas a multa, não atingindo o tributo, o débito principal.
Art. 150, §6º, CRFB/88: só se concede anistia por meio de lei.

2.3. REMISSÃO é o perdão integral da dívida (isto é, abrangendo o tributo e a


penalidade). Art. 172, CTN: previsão de remissão parcial.
A remissão, tal como a anistia, tem efeitos apenas pretéritos, perdoando os
débitos já existentes, não os futuros.

2.4. REDUÇÃO DE ALÍQUOTAS. Alíquota é o percentual que, aplicado sobre a


base de cálculo do tributo, determina o valor a ser pago. A alíquota dos tributos é
fixada por lei (art. 150, I, CRFB/88). A lei que cria o tributo deve conter todos os
seus elementos, dentre os quais a alíquota, base de cálculo e fato gerador
(decorrência implícita).
Art. 146, III, ‘a’, CRFB/88 – não menciona alíquota, mas a exigência se faz pelo
art. 150, I, CRFB/88.
Art. 97, IV, CTN: previsão explícita de que a alíquota do tributo venha definida
em lei.
Cabe ao ente competente para a instituição do tributo a tarefa de fixar suas
alíquotas com plena liberdade, a princípio – autonomia dos entes – art. 18,
CRFB/88.
Há, contudo, casos em que a fixação da alíquota do tributo é limitada pela
CRFB/88 – LIMITAÇÕES EXPRESSAS: art. 156, §3º, I, CRFB/88; art. 155, §6º, I,
CRFB/88; art. 153, §5º, CRFB/88.
LIMITAÇÕES INDIRETAS: art. 150, IV, CRFB/88.
Art. 156, §1º, I, CRFB/88: progressividade do IPTU em razão do valor do imóvel.
Considera a capacidade contributiva.

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