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DIREITO FINANCEIRO

Por Angelus Maia

RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS


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Sumário

1. RECEITAS PÚBLICAS: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO...................................................................................3


2. RECEITAS PÚBLICAS NA LRF.......................................................................................................................9
3. DESPESAS PÚBLICAS: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO................................................................................13
4. DESPESAS VINCULADAS E OBRIGATÓRIAS...............................................................................................18
5. REGRAS GERAIS PARA REALIZAÇÃO DE GASTOS PÚBLICOS.....................................................................21
6. DESPESAS COM PESSOAL........................................................................................................................23
7. DESPESAS COM SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................34
8. DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO.............................................................................................35
9. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .......................................................................................................................35
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ATUALIZADO EM 17/02/20231

RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS

1. RECEITAS PÚBLICAS: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

Receita pública é a entrada de dinheiro nos cofres públicos de forma definitiva. Receita pública
consiste em tudo aquilo que entra nos cofres públicos para ficar. Há recursos que adentram com data certa
para sair, não sendo considerados receitas públicas, mas sim ingressos. Há, portanto, dois tipos de entrada:
 Receita  Entrada definitiva de bens/dinheiro nos cofres públicos (Régis Fernandes de
Oliveira).
 Ingresso ou Fluxo de Caixa  Entrada provisória de bens/dinheiro nos cofres públicos.
Segundo Aliomar Baleeiro, receita é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem
quaisquer reservas, condições ou correspondências no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento
novo e positivo.

1.1. Receitas de acordo com a origem


a) Originárias.
A receita pública originária é também chamada de receita pública de economia privada, pois é
resultante da atividade do Estado como agente particular, submetida ao direito privado.
É aquela que advém do próprio patrimônio do Estado, seja quando ele explora esse patrimônio, seja
quando ele desempenha, de maneira excepcional, atividades econômicas, financeiras, industriais e
comerciais.
Quando desempenha essas atividades (econômicas, financeiras, industriais e comerciais), o Estado
atua de forma excepcional, tendo em vista que, segundo o art. 170, parágrafo único, da CRFB/88, a atividade
econômica é entregue à iniciativa privada. Ou seja, num momento inicial, o Estado não poderia intervir no
domínio econômico através de exploração direta de atividade econômica. Para que isso seja possível, é
necessária a presença de um dos requisitos do art. 173 da CRFB/88: imperativo de segurança nacional ou
relevante interesse coletivo. Cuida-se, portanto, de uma atuação subsidiária.

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As FUCs são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título
do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar
dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe
quaisquer dos eventos anteriormente citados.
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A receita pública originária é voluntária e contratual, tendo em vista que, nesses casos, o Estado age
em pé de igualdade com o particular. Aqui se respeita fundamentalmente a autonomia de vontade do
particular. Assim, o Estado não atua dotado de poder de império/soberania.
Segundo dispõe o art. 173, §1º, inciso II, da CRFB/88, as empresas estatais ficam sujeitas ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários.
São exemplos de receita pública originária:
 Royalties do petróleo, minerais, gás naturais, energia etc.  Royalties são compensações
financeiras devidas à União, devidos em razão à exploração de recursos minerais.
Originariamente, os royalties são devidos à União. Por determinação constitucional, a União
deve dividir aquilo que recebeu a este título com os Estados e municípios (art. 20, parágrafo
primeiro da CRFB/88), por meio de transferências. Segundo o STF, ainda que, a princípio, os
royalties sejam da União, eles são receitas originárias, ainda que sob prisma dos Estados e
municípios (que os recebem via repasse). Vale dizer, ainda que os Estados e municípios
recebam royalties por transferência da União, eles também configuram receita originária
própria desses entes federativos;

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF É constitucional o art. 9º da Lei 7.990/89, que prevê que os
Estados devem repassar a todos os Municípios de seu território 25% dos royalties recebidos pela exploração
dos recursos naturais O art. 9º da Lei nº 7.990/89 previu que os Estados deveriam repassar aos Municípios
25% dos royalties recebidos pela exploração dos recursos naturais (petróleo, recursos hídricos para
produção de energia elétrica e recursos minerais) em seu território. De acordo com esse dispositivo, esses
25% seriam divididos entre todos os Municípios do respectivo Estado (e não apenas entre os Municípios
onde há exploração desses recursos naturais. Para o STF, essa previsão é constitucional e está em harmonia
com o § 1º do art. 20 da CF/88. STF. Plenário. ADI 4846/ES, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/10/2019
(Info 955).

 Dividendos auferidos pelas empresas públicas e sociedades de economia mista;


 Preços públicos  Receita obtida com a contraprestação pela prestação de serviços públicos
por concessionários, serviços comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecuários
Ex.: água, esgoto, luz, telefonia. Essas tarifas possuem natureza contratual e consistem em
receita pública originária. Para a maioria da doutrina e STF, preço público e tarifa são conceitos
sinônimos2;

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Os doutrinadores mais antigos costumam vincular o preço público à exploração da atividade econômica e a tarifa à prestação de
serviços públicos, mas isso já está ultrapassado.
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 Rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel).

*(Atualizado em 26/01/2021) #DEOLHONAJURIS Análise da constitucionalidade de Fundo Especial do Poder


Judiciário de Roraima São inconstitucionais as fontes de receitas de fundo especial do Poder Judiciário
provenientes de rendimentos dos depósitos judiciais à disposição do Poder Judiciário do Estado, através de
conta única. A administração da conta dos depósitos judiciais e extrajudiciais, apesar de não configurar
atividade jurisdicional, é tema de direito processual, de competência legislativa privativa da União (art. 22, I,
da CF/88). É igualmente inconstitucional a incorporação de receitas extraordinárias decorrentes de fianças e
cauções, exigidas nos processos cíveis e criminais na justiça estadual, quando reverterem ao patrimônio do
Estado; e percentual sobre os valores decorrentes de sanções pecuniárias judicialmente aplicadas ou do
perdimento, total ou parcial, dos recolhimentos procedidos em virtude de medidas assecuratórias cíveis e
criminais. Isso porque tais matérias envolvem direito penal e processual, que são de competência privativa
da União (art. 22, I, da CF/88). São inconstitucionais as fontes de receitas de fundo especial do Poder
Judiciário provenientes de bens de herança jacente e o saldo das coisas vagas pertencentes ao Estado. Há
ofensa à competência legislativa privativa da União para legislar sobre direito civil, também prevista no art.
22, I, da CF/88. Ademais, tais bens são pertencentes aos municípios (ou ao Distrito Federal) ou à União, não
cabendo aos estados federados sobre eles disporem. Por outro lado, é constitucional a previsão, em lei
estadual, da destinação ao fundo especial do Poder Judiciário de valores decorrentes de multas aplicadas
pelos juízes nos processos cíveis, salvo se destinadas às partes ou a terceiros. Isso porque a norma vai ao
encontro do que atualmente dispõem os arts. 96 e 97 do CPC/2015, que autorizam destinar esses recursos
aos fundos do poder judiciário estadual. Por fim, é inconstitucional a norma estadual que atribui
personalidade jurídica ao Fundo Especial do Poder Judiciário e prevê que o presidente do Conselho da
Magistratura será o ordenador de despesas e seu representante legal. STF. Plenário. ADI 4981/RR, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 14/11/2020 (Info 999).

b) Derivadas.
A receita pública derivada é aquela que advém do patrimônio do particular, através de um
constrangimento legal. Aqui, o particular não tem escolha, sendo compelido a transferir recursos para o
Estado.
Justamente por isso, a receita derivada é cogente, obrigatória, coercitiva ou compulsória sendo
auferida pelo Estado, que se investe em poder de império, sob um regime de direito público. Justamente
por isso, essa receita também é chamada receita pública de economia pública.
#IMPORTANTE: Questão prévia ao tema é o conceito de autoimposição, entendida como o poder que a
população tem de deliberar sobre a carga tributária que recairá sobre seu patrimônio, seus bens. Esse
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conceito é importante na seara do direito tributário e financeiro. Ora, se o Estado obtém receita pública
derivada, ele o faz por meio de legitimação legal. Essa lei revela consentimento do povo sobre a carga
tributária que recairá sobre o seu patrimônio. A lei legitima o poder de império do Estado.
São exemplos de receita derivada:
 Todos os tributos  Atualmente, prevalece no STF a existência de 5 (cinco) espécies
tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais e empréstimos
compulsórios. Opõe-se à corrente tripartida adotada pelo CTN.
 Multas.

*(Atualizado em 17/12/2021) Os Estados, DF e Municípios possuem direito à arrecadação do IR retido na


fonte, incidente sobre rendimentos pagos por eles, suas autarquias e fundações a pessoas físicas ou jurídicas
contratadas para a prestação de bens ou serviços.
Pertence ao Município, aos Estados e ao Distrito Federal a titularidade das receitas arrecadadas a título de
imposto de renda retido na fonte incidente sobre valores pagos por eles, suas autarquias e fundações a
pessoas físicas ou jurídicas contratadas para a prestação de bens ou serviços, conforme disposto nos arts.
158, I, e 157, I, da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 1293453/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Repercussão Geral –
Tema 1130) (Info 1033).

c) Transferidas.
São duas as modalidades de receita transferida:

 Transferência obrigatória (transferências constitucionais):


A receita transferida de transferência obrigatória é aquela que, nada obstante advinda do
patrimônio do particular a título de tributo, não é arrecadada pelo ente político que vai utilizá-la.

#RELEMBRAR: A discriminação de rendas abarca, a um só tempo, duas técnicas: atribuição de competência


e repartição de receitas (que vem a ser a receita transferida obrigatoriamente).
 Atribuir competência significa dividir o poder de instituir os tributos entre os entes políticos.
Quem leva a efeito essa atribuição de competência, fazendo essa divisão, é a Constituição,
que descentraliza o poder político. Essa técnica é de fundamental importância para a
concretização da autonomia dos entes políticos, sendo objeto de estudo do direito
tributário.
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Muito embora haja essa divisão, ela não é uma garantia de arrecadação de receita plausível,
condizente com sua despesa, tendo em vista que, no âmbito de alguns entes, não ocorrem fatos geradores
suficientes. É o caso de um ente com altíssimo índice de desemprego. Justamente por isso, a Constituição
também prevê a repartição de receitas.
 A repartição de receitas é um instrumento diferente, que também consiste em cláusula
pétrea. Essa técnica é matéria de direito financeiro, e não direito tributário, tendo em vista
que se trata de uma divisão intergovernamental. Neste ponto, a Constituição determina
que o ente político maior transfira par aos entes políticos menores aquilo que arrecadou a
título de impostos, de sorte a dar equilíbrio ao pacto federativo.
O substrato dessa repartição, via de regra, são os impostos (conforme previsto nos arts. 157 a 162
da CRFB/88). Contudo, o art. 159 prevê, por exceção, a transferência da CIDE-combustíveis pela União aos
Estados (29%). Por sua vez, os Estados devem transferir 25% do que recebeu desse tributo da União para os
Municípios.
A União só transfere parte daquilo que arrecadou a título de impostos e CIDE-combustível. Não se
transfere aquilo que foi arrecado a título de contribuição para a seguridade social.
Essas receitas transferidas a título obrigatório (transferência intergovernamental) podem ser objeto
de transferência direta ou indireta. A título de exemplo, a CFRB/88 prevê que o dinheiro retido a título de
imposto de renda dos servidores estaduais e municipais devem permanecer nos cofres estaduais e
municipais respectivamente, não sendo necessário repassar para a União. Há, portanto, uma transferência
direta.
A transferência indireta de receitas, por sua vez, é materializada através dos fundos (Fundo de
Participação dos Estados e Fundo de Participação dos Município). A LC n. 62/1989 é quem regula esses
critérios de transferência. A repartição entre os entes não é equânime, não sendo dividida de maneira
exatamente igual para todos Estados e Municípios. Se a divisão fosse exatamente igual, haveria desequilíbrio
do pacto federativo. Os fundos foram concebidos de forma a equilibrar o pacto federativo, o que impõe a
observância de alguns critérios de divisão.
De acordo com didática tabela elaborada por Ricardo Alexandre (Direito Tributário Esquematizado),
temos (atualizado conforme EC 84):
*(Atualizado em 05/05/2022):
União Estados e DF Municípios
IRPF 100%
(arts. 157, I e 158, I) 100%
IOF-ouro 30%
(art. 153, § 1º) 70%
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Impostos da competência
residual
20%
(art. 157, II)
CIDE-combustível
(art. 157, II) 29% 25%
Se fiscalizado e cobrado pela
União
ITR 50%
(art. 158, II) Se fiscalizado e cobrado pelo
Município
100%
IPI
(art. 159, II) 10% 25%
IPVA
(art. 158, III) 50%
ICMS
(art. 158, IV) 25%
21,5% - FPE 22,5% - FPM
1% - FPM (creditado no primeiro
IR (excluída a transferência do
decênio de julho)
IR prevista nos arts. 157, I e
158, I) + IPI (art. 159, I) 1% - FPM (creditado no primeiro
decênio de dezembro)
1% - FPM (creditado no primeiro
decênio de setembro)
3% para regiões N, NE e CO

 Transferência voluntária:
É aquela que, em regra, é requerida pelo ente menor ao ente maior, materializada através de
convênio, para auxílio nas áreas de saúde, educação, segurança pública etc.
Atente: não há óbice constitucional ou legal a que a receita voluntária seja transferida do ente
menor ao maior. Esse óbice só existe para a transferência obrigatória, tratada acima, prevista na
Constituição.
Vale ressaltar que as transferências voluntárias não se confundem com operações de crédito. Ou
seja, não são empréstimos, mas transferências “a fundo perdido”. As transferências voluntárias são
geralmente condicionadas, devendo ser atendidas as finalidades previstas no convênios. Diversa é a
hipótese de operação de crédito, que deve ser devolvido e geralmente não possui condições. Assim, convém
não confundir transferências voluntárias com empréstimos públicos.
#VAMOSDIFERENCIAR
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Transferência obrigatória Transferência voluntária

É obrigatória, levada a efeito por determinação É uma questão de conveniência do ente político
constitucional. respectivo, inexistindo determinação legal.

Sempre advém do ente maior para o menor. O ente menor pode transferir para o maior, contanto
que ostente condições financeiras.

Veda-se o condicionamento, de acordo com o art. Em regra, são condicionadas. Geralmente, o ente
160 da CRFB/88, que prevê duas exceções, já político beneficiário deve verter os recursos para as
tratadas (cumprimento das obrigações de crédito e finalidades previstas no convênio.
aplicação do mínimo na saúde).

* (Atualizado em 28/06/2020) #DEOLHONAJURIS


A Lei estadual, ao permitir a utilização dos recursos de depósitos judiciais em percentual superior ao previsto
na legislação nacional, e ainda para finalidades discricionárias, bem como ao estabelecer o repasse de
rendimentos dos depósitos judiciais ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, contraria o art. 101,
§§ 2º, I e II, e 3º, do ADCT e a Lei Complementar federal 151/2015, além de invadir a competência da União
para legislar sobre direito processual (art. 22, I, da CF/88) e sobre normas gerais de direito financeiro (art.
24, I, da CF/88). STF. Plenário. ADI 5353 MC-Ref/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/09/2016 (Info
841).

1.2. Receitas de acordo com o motivo de entrada


São receitas correntes aquelas resultantes de atividades próprias do Estado, tais como: (i) obtenção
de recursos pelas vias da tributação, (ii) cobrança de preços públicos dos particulares e outros valores
decorrentes da exploração do patrimônio do Estado nos moldes do direito privado e (iii) entrada de receita
por conta das transferências obrigatórias ou voluntárias realizadas entre os entes.
De outro lado, as receitas de capital podem ser compreendidas como as entradas resultantes de
operações nas quais o Estado busca a captação externa de recursos e, portanto, à parte das suas finalidades
ordinárias. É o caso, por exemplo, das receitas provenientes das operações de endividamento.
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Receita tributára

Receita de contribuições

Receita patrimonial

Receita agropecuária
Receitas
correntes Receita industrial
Receitas Receita de serviços

Transferências correntes

Outras receitas correntes

Operações de crédito

Alienações de bens
Receitas de
Amortizações de empréstimos
capital
Transferências de capital

Outras receitas de capital

*#OUSESABER: As receitas provenientes da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de


dívidas são classificadas como receitas correntes?

NÃO! A classificação orçamentária por natureza de receita é estabelecida pelo § 4º, do art. 11 da Lei no
4.320, de 1964.

No âmbito da União, sua codificação é normatizada por meio de Portaria da SOF, órgão do Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. A normatização da codificação válida para Estados e Municípios é
feita por meio de Portaria Interministerial (SOF e STN). A classificação da receita por natureza é utilizada por
todos os entes da Federação e visa a identificar a origem do recurso segundo o fato gerador: acontecimento
real que ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos.

Quanto à categoria econômica, os §§ 1o e 2o do art. 11 da Lei no 4.320, de 1964, classificam as receitas


orçamentárias em Receitas Correntes e Receitas de Capital:

Receitas Correntes: são arrecadadas dentro do exercício, aumentam as disponibilidades financeiras do


Estado, em geral com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido, e constituem instrumento para financiar os
objetivos definidos nos programas e ações correspondentes às políticas públicas.

Receitas de Capital: aumentam as disponibilidades financeiras do Estado. Porém, de forma diversa das
Receitas Correntes, as Receitas de Capital não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido. De acordo com o
§ 2o do art. 11 da Lei no 4.320, de 1964, com redação dada pelo Decreto-Lei no 1.939, de 20 de maio de
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1982, Receitas de Capital são as provenientes de: realização de recursos financeiros oriundos da constituição
de dívidas; conversão, em espécie, de bens e direitos; recebimento de recursos de outras pessoas de direito
público ou privado, quando destinados a atender Despesas de Capital; e, superávit do Orçamento Corrente.

2 – RECEITAS PÚBLICAS NA LRF

2.1. Previsão e arrecadação das receitas públicas


A LRF impõe como condição à existência de responsabilidade na gestão do dinheiro público a
“instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação”.
 Estabelece penalidade para os entes que não criarem impostos de sua competência: tais entes
ficarão tolhidos de receber transferências voluntárias e, assim, repasses de verbas provenientes de
auxílio financeiro de outras unidades da Federação.
 Artigo 12 da LRF:
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro
fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção
para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
 Almeja garantir que o montante de receita indicado, estimado e previsto na LDO e na LOA tenha
conexão forte com elementos fáticos que justifiquem o valor então apontado.
        § 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou
omissão de ordem técnica ou legal.
        § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das
despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.    (Vide ADIN 2.238-5)
 O objetivo é, então, que os gastos com o endividamento sejam, ao menos, iguais àqueles com
investimentos visando ao aumento do patrimônio público.
 ADI: O trecho da ementa do julgado que trata do tema estabelece: “XXI – Art. 12, § 2º: medida
cautelar deferida para conferir ao dispositivo legal interpretação conforme ao inciso III do art. 167 da
Constituição Federal, em ordem a explicitar que a proibição não abrange operações de crédito
autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo”.
        § 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público,
no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os
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estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as
respectivas memórias de cálculo.

2.2. Renúncia de receita na LRF


Segundo Ricardo Lobo Torres, a renúncia de receita nada mais é do que um privilégio financeiro
empregado na vertente da receita pública. Inspirada no direito norte-americano, a renúncia da receita, no
Brasil, se aproxima muito do gasto público (embora com ele não se confunda), recaindo sobre si um controle
mais minudente.
A renúncia de receita produz o mesmo resultado econômico do gasto, mas não pode ser confundida
com ele.
De acordo com o art. 14, §1º, da LRF, haverá renúncia de receita sempre que se fizer presente algum
benefício de natureza fiscal ou tributária cujo resultado seja a redução dos ingressos nos cofres públicos.

 Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia
de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em
que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a
pelo menos uma das seguintes condições:       (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001)       (Vide Lei nº
10.276, de 2001)
        I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei
orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo
próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
        II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do
aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou
criação de tributo ou contribuição.
        § 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em
caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução
discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
        § 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo
decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas
referidas no mencionado inciso.
 Ou seja, o beneficio só entrará em vigor após a realização das medidas de compensação.
        § 3º O disposto neste artigo não se aplica:
        I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição,
na forma do seu § 1º;
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        II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.

CONDIÇÕES PARA A CONCESSÃO


(caput e incisos)

1. Estimativa do impacto orçamentário- 2. Demonstração de que:


financeiro: exercício de vigência e os dois a) A renúncia de receitas foi considerada na LOA
seguintes b) A renúncia de receitas atende ao disposto na LDO

e UMA de DUAS condições:

b) criação de medidas de compensação


a) Demonstração de não afetação das OU (=aumento de tributo por 3 exercícios:
Metas de Resultados Fiscais (LDO) vigência +2 seguintes) constitucionais,
segundo o STF – ADI 2238

EXCEÇÕES
(artigo 14,§3º)

 Renúncia de II, IE, IPI, IOF


 Cancelamento de débito de baixo valor

#NÃOCONFUNDIR: Muitos confundem os subsídios com receitas. Isso porque a tanto a LRF quanto a
CRFB/88, ao tratar da renúncia das receitas, tocam neste instituto. Mas atente: subsídios são privilégios
operantes na vertente da despesa, e não da receita. Assim sendo, tecnicamente, não consistem em
exemplo de renúncia de receita. Contudo, para que sejam concedidos, deverão passar pelos mesmos
requisitos exigidos para a concessão de renúncias de receitas (é por isso que há a confusão relatada).

A mesma observação vale para as subvenções, que não se confundem com subsídios. Os subsídios são
vertidos geralmente para particulares (pessoas jurídicas de direito privado) e dependem de uma
performance econômica favorável do beneficiário. Já as subvenções podem ostentar índole social ou
econômica, consistentes em dinheiro vertido para particulares ou pessoas jurídicas de direito público, sem
finalidade lucrativa, sendo desnecessária qualquer contrapartida dos destinatários.
Subsídios Subvenções

Não consistem em exemplos de renúncia de receita, embora tenham os mesmos requisitos. São vertentes da
despesa.
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São vertidos para particulares e dependem de uma Ostentam índole social ou econômica, sendo
performance econômica favorável do beneficiário. desnecessária qualquer contrapartida dos
destinatários.

* (Atualizado em 09/08/2020) #DEOLHONAJURIS Análise da constitucionalidade da Lei de Responsabilidade


Fiscal.

A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº 101/2000) é formalmente constitucional, não
houve qualquer vício na tramitação do projeto, tendo sido respeitado o devido processo legislativo. No que
tange ao aspecto material, o STF declarou a constitucionalidade dos arts. 4º, § 2º, II, e § 4º; 7º, caput e § 1º;
11, parágrafo único; 14, II; 17, §§ 1º a 7º; 18, § 1º; 20; 24; 26, § 1º; 28, § 2º; 29, I, e § 2º; 39; 59, § 1º, IV; 60;
e 68, caput, da LRF.

Por outro lado, o STF julgou inconstitucionais o art. 9º, § 3º, o caput dos arts. 56 e 57 e o § 2º do art. 23.
Quanto ao § 1º do art. 23, da LRF, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, de
modo a obstar interpretação segundo a qual é possível reduzir valores de função ou cargo que estiver
provido.

Art. 9º, § 3º Veja o que diz o § 3º do art. 9º:

Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os
Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias
subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de
diretrizes orçamentárias. (...) § 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não
promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores
financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

Com relação ao § 3º do art. 9º, o STF entendeu que a norma prevista não guarda pertinência com o modelo
de freios e contrapesos estabelecido constitucionalmente para assegurar o exercício responsável da
autonomia financeira por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público. Isso porque o
dispositivo estabelece inconstitucional hierarquização subserviente em relação ao Executivo, permitindo
que, unilateralmente, limite os valores financeiros segundo os critérios fixados pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias no caso daqueles outros dois Poderes e instituição não promoverem a limitação no prazo
fixado no caput. A defesa de um Estado Democrático de Direito exige o afastamento de normas legais que
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repudiam o sistema de organização liberal, em especial, na presente hipótese, o desrespeito à separação das
funções do Poder e suas autonomias constitucionais.

Caput dos arts. 56 e 57 Esses dispositivos preveem o seguinte: Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do
Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas. Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio
conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não estiver estabelecido nas
constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.

O STF considerou que houve um desvirtuamento do modelo previsto nos arts. 71 e seguintes da CF/88. A
Constituição determina que as contas do Poder Executivo englobarão todas as contas, receberão um parecer
conjunto do Tribunal de Contas, e serão julgadas pelo Congresso. No caso do Judiciário, do Ministério
Público e do Legislativo, o Tribunal de Contas julga as contas, e não apenas dá um parecer prévio.

Art. 23, § 1º e art. 23, § 2º Veja a redação dos dispositivos: Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder
ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo
pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º do art.
169 da Constituição. § 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser
alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. § 2º É
facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga
horária.

Quanto ao § 1º do art. 23, da LRF, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, de
modo a obstar interpretação segundo a qual é possível reduzir valores de função ou cargo que estiver
provido.

Quanto ao § 2º do art. 23, declarou a sua inconstitucionalidade. É inconstitucional qualquer interpretação de


dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que permita a redução de vencimentos de servidores públicos
para a adequação de despesas com pessoal.

É inconstitucional o § 2º do art. 23 da LRF, que faculta a redução temporária da jornada de trabalho com
adequação dos vencimentos à nova carga horária, caso sejam ultrapassados os limites definidos na lei para
despesas com pessoal nas diversas esferas do poder público. Essa possibilidade de redução fere o princípio
constitucional da irredutibilidade de vencimentos (art. 37, XV, da CF/88). STF. Plenário. ADI 2238/DF, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 24/6/2020 (Info 983).
16

3 – DESPESAS PÚBLICAS: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


Segundo Aliomar Baleeiro (doutrina seguida por provas de concursos), a despesa pública deve ser
alisada sob dois prismas ou conceitos:
 Conjunto dos dispêndios do Poder Público para o funcionamento dos serviços públicos;
 Aplicação de certa quantia do dinheiro por parte da autoridade pública competente, dentro de
uma autorização legislativa, para a consecução de um fim a cargo do governo.
A LOA estabelece a despesa prevista e a receita fixada, que transforma-se em créditos
orçamentários, autorização para a realização da despesa. A LOA provém de uma decisão política, devendo
ser elaborada para que haja uma compatibilidade entre as demandas sociais e os recursos. Por isso, o
orçamento é instrumento de planejamento de qualquer entidade, pública ou privada, e representa o fluxo
de ingressos e aplicação de recursos em determinado período.
Dessa forma, Despesa/Dispêndio orçamentário é fluxo que deriva da utilização de crédito
consignado no orçamento da entidade, podendo ou não diminuir a situação líquida patrimonial. É aí que
entra a diferença entre os dois enfoques: no enfoque orçamentário, pode ou não diminuir; no enfoque
patrimonial, a despesa pública é só aquela que diminui a situação líquida patrimonial.

*#OUSESABER: Para o Direito Financeiro, o que são despesas extraordinárias? Pode-se entender a despesa
como a massa de recursos econômicos que o Estado utiliza para desenvolver as atividades administrativas a
fim de satisfazer o bem comum. No que concerne à regularidade (periodicidade), as despesas podem ser
ordinárias ou extraordinárias. Ordinárias são as que ocorrem ordinariamente, voltadas a necessidades
públicas estáveis, permanentes e periódicas, constituindo verdadeira “rotina”. Assim, renovam-se todos os
anos, extinguindo-se no curso de cada exercício financeiro. Extraordinárias, por outro lado, são as despesas
de caráter esporádico, que não ocorrem com regularidade. Tais despesas têm por finalidade satisfazer
necessidades públicas imprevisíveis e urgentes, provocadas por circunstâncias excepcionais. Por tal razão,
essas despesas não encontram dotação própria no orçamento, demandando a abertura de créditos
extraordinários (art. 167, §3º, da CRFB/88).

3.1. Créditos Adicionais (art. 40-46 Lei 4320)


Os créditos adicionais são autorizações de despesas não computadas no orçamento ou dotadas de
forma insuficiente – o que significa dizer que a despesa se revelou maior do que prevista inicialmente.
 Suplementares: destinados ao reforço da dotação orçamentária; ou seja, nos casos em que ele se faz
presente, houve previsão da despesa no orçamento, mas no curso da execução orçamentária
provou-se que a referida previsão seria insuficiente para realizar todas as despesas necessárias.
 Especiais: destinados a atender quaisquer despesas para as quais não haja dotação orçamentária.
17

 Extraordinários: são aqueles que devem ser utilizados tão somente para atender a despesas
urgentes e imprevistas, decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.
o A Constituição autoriza que tais créditos sejam abertos via medida provisória, afastando-se
da regra geral relativa à necessidade de aprovação por meio de lei ordinária.
o Uma despesa que seja urgente, mas não esteja relacionada com as motivações
constitucionais (i.e. guerra, comoção ou calamidade) não pode ser objeto de autorização via
crédito extraordinário e, consequentemente, via medida provisória.

Créditos Adicionais

Suplementares Especiais Extraordinários

Despesas previstas, Despesas


Despesas Guerra, calamidade Pode ser veiculado
mas dotação imprevistas e
imprevistas e comoção interna via MP.
insuficiente urgentes

CRÉDITOS ADICIONAIS3

Tipos Suplementares Especiais Extraordinários

Atender despesas
Reforçar despesas já imprevisíveis e urgentes
Finalidade Atender despesas não
previstas no orçamento (ex.: guerra, comoção
previstas no orçamento
interna ou calamidade)

Necessidade de au-

Autorização torização legislativa; Necessidade de autorização

legislativa autorização na própria em lei específica Independe


LOA ou em lei específica
Abertura e Decreto (Executivo): Decreto (Executivo): Na União, a abertura se dá
incorporação incorporam-se ao incorporam-se ao por meio de MP; Nos E, DF

orçamento orçamento, mas conservam e M, a abertura se dá por

adicionando-se à sua especificidade, Decreto Executivo ou por

3
Tabela extraída do Manual de Direito Financeiro, Harrison Leite.
18

MP, se houver previsão na


CE ou na Lei Orgânica do
Município. Se a abertura
ocorrer por meio de
Decreto, este deverá ser
enviado imediatamente
dotação orçamen-tária
demonstrando-se a conta ao Legislativo.
a que se destinou
dos mesmos separadamente Incorporam-se ao
reforçar
orçamento, mas
conservam sua
especificidade,
demonstrando-se a conta
dos mesmos
separadamente

No exercício em que foi No exercício em que foi No exercício em que foi


Vigência
aberto (até 31/12) aberto (até 31/12) aberto (até 31/12)

Só para o exercício
Só para o exercício seguinte
seguinte quando o ato de
quando o ato de autorização
abertura (MP ou Decreto)
tiver sido promulgado nos
tiver sido editado nos
últimos 4 meses do
últimos 4 meses do
Prorrogação Improrrogável exercício. Nesse caso, os
exercício. Nesse caso, os
saldos são incorporados,
saldos são incorporados,
por decreto, ao orçamento
por decreto, ao orçamento
seguinte (créditos com
seguinte (créditos com
vigência plurianual)
vigência plurianual)

Indicar
SIM SIM NÃO
fontes

*(Atualizado em 17/02/2023) #OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS: É vedada a utilização das emendas do


relator-geral do orçamento com a finalidade de criar novas despesas ou de ampliar as programações
previstas no projeto de lei orçamentária anual, uma vez que elas se destinam, exclusivamente, a corrigir
erros e omissões (CF/1988, art. 166, § 3º, III, alínea “a”). ADPF 850/DF, ADPF 851/DF, ADPF 854/DF e ADPF
1.014/DF. Relatora Ministra Rosa Weber, julgamento finalizado em 19.12.2022. (Info 1080 - STF)
19

3.2. Despesas de acordo com o motivo de dispêndio


As despesas correntes são aquelas resultantes da manutenção das atividades próprias do Estado,
tais como o custeio da estrutura administrativa. A realização desse tipo de despesa não gera o aumento do
patrimônio do Estado; apenas contribui para a sua continuidade.
 De custeio: “as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as
destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis”.
 Transferências correntes: dotações para despesas em relação às quais não haja “contraprestação
direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à
manifestação de outras entidades de direito público ou privado”.

De Custeio
Correntes
Transferências
correntes
Despesas
Investimento

De capital Inversão financeira

Transferência de capital

As despesas de capital igualmente estão especificadas no artigo 12 da Lei 4.320/1964 e são aquelas
cujo resultado será o aumento do patrimônio público e, assim, da capacidade produtiva como um todo.

 Despesas de capital: investimentos, inversões financeiras e transferência de capital.


a) Investimentos: são investimentos os gastos direcionados ao planejamento e execução de obras,
nisso incluindo-se as dotações “destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização
destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos
e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter
comercial ou financeiro”. São investimentos, exemplificativamente:
 Obras Públicas;
 Serviços em Regime de Programação Especial;
 Equipamentos e Instalações;
 Material Permanente;
 Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Industriais ou
Agrícolas.
b) Inversões financeiras: são “inversões financeiras” de acordo com o § 5º, são as dotações que se
destinem:
20

(i) à aquisição de
(a) imóveis ou bens de capital já em utilização;
ou
(b) de títulos representativos de capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já
constituídas, sem que haja aumento de capital.
(ii) à constituição ou aumento de capital de entidades ou empresas que tenham objetivos comerciais ou
financeiros.
Exemplos de inversões financeiras, de acordo com a lei:
 Aquisição de Imóveis;
 Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Comerciais ou
Financeiras;
 Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento;
 Constituição de Fundos Rotativos;
 Concessão de Empréstimos;
 Diversas Inversões Financeiras.

c) Transferências de capital: são “as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras
pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em
bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente
da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida
pública”.
 As transferências de capital são despesas resultantes da remessa de recursos a outras pessoas
jurídicas, de direito público ou não, com a finalidade de custear investimentos ou inversões
financeiras.

São exemplos de transferências de capital, de acordo com a lei:


 Amortização da Dívida Pública;
 Auxílios para Obras Públicas;
 Auxílios para Equipamentos e Instalações;
 Auxílios para Inversões Financeiras;
 Outras Contribuições.
21

Despesas

Correntes De capital

Despesas Transferências Inversões Transferências


Investimentos
de custeio correntes financeiras de capital

Gastos de Juros da dívida, Obras, Amortização


pessoal, aposentados, Imóveis, participação da dívida
equipamentos, em
material de pensionistas, instalações, pública,
consumo, transferências constituição/aumento auxílio para
constituição/ de capital em
serviços de constitucionais aumento de capital obras
terceiro etc. etc. empresas públicas etc.
em empresas
financeiras/comerciai
agrícolas/industriais
s, concessão de
etc.
empréstimos etc.

#NÃOCONFUNDIR
Amortização da dívida pública  Despesa de capital
Despesa corrente da subcategoria transferência
Pagamento dos juros da dívida pública 
corrente.

#NÃOCONFUDIR2
Capital de inversões financeiras Capital de investimento
 Se não houver aumento de capital social. Se houver aumento de capital social e a
empresa NÃO tiver objetivos econômicos ou
 Se houver aumento de capital e a empresa tiver
financeiros.
objetivos econômicos financeiros (inclusive operações
bancárias ou de seguros).

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF É inconstitucional norma da CE que exclui do limite de gastos com


pessoal as despesas com os pensionistas e os valores referentes ao imposto de renda retido na fonte dos
servidores públicos estaduais É inconstitucional norma da CE que prevê que as aplicações mínimas dos
recursos em ações e serviços públicos de saúde e ensino corresponderão às aplicações mínimas referentes
ao exercício anterior, corrigidas pela variação do IPCA ou da RCL O Estado de Goiás, por meio de emenda à
Constituição Estadual (ECs 54 e 55/2017), instituiu um regime de contenção de gastos, que foi denominado
de “Novo Regime Fiscal do Estado de Goiás” (NRFG). Por força do NRFG, houve uma limitação, até 31 de
22

dezembro de 2026, dos gastos correntes da Administração Pública estadual, no âmbito dos três poderes e
demais órgãos autônomos. Foi ajuizada uma ADI contra essas emendas constitucionais e o STF, por maioria,
concedeu medida cautelar para: • suspender a eficácia do art. 113, § 8º, da Constituição do Estado de Goiás:
Art. 113. A despesa com pessoal ativo e inativo do Estado e dos Municípios não poderá exceder os limites
globais estabelecidos em lei complementar federal. § 8º Na verificação do atendimento pelo Estado dos
limites globais estabelecidos na lei complementar federal, mencionado no caput deste artigo, não serão
computadas as despesas com os pensionistas e os valores referentes ao imposto de renda retidos na fonte
dos servidores públicos estaduais. Essas exclusões trazidas pelo § 8º do art. 113 não estão previstas na Lei de
Responsabilidade Fiscal, editada com base no art. 169 da CF/88. • suspender os efeitos dos incisos I e II do
art. 45 do ADCT da Constituição do Estado de Goiás, na redação dada pelo art. 1º da Emenda de nº 54/2017:
Art. 45. A partir do exercício financeiro de 2018, as aplicações mínimas de recursos pelo Estado: I - em ações
e serviços públicos de saúde e em manutenção e desenvolvimento do ensino corresponderão, em cada
exercício financeiro, às aplicações mínimas referentes ao exercício anterior, corrigidas pela variação do IPCA
ou da RCL, na forma do art. 41; II - em manutenção e reconstrução de rodovia, aeródromo, autódromo,
porto pluvial e balsa corresponderão, em cada exercício financeiro, a dois terços da sua participação no
produto da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores -IPVA. Com a fórmula
adotada pelo art. 45 do ADCT da CE/GO (vincular o teto de gastos com saúde e educação ao total de
despesas do exercício anterior), a Administração fica desobrigada de promover acréscimo dos valores
direcionados a essas áreas caso haja um aumento de receita. Logo, isso viola a regra de vinculação do art.
198, § 2º, II, e art. 212, da CF/88. STF. Plenário. ADI 6129/GO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019 (Info 951).

* (Atualizado em 28/06/2020) #DEOLHONAJURIS


Os arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF exigem, para o aumento de gastos tributários indiretos e despesas
obrigatórias de caráter continuado, as estimativas de impacto orçamentário financeiro e a compatibilidade
com a LDO, além da demonstração da origem dos recursos e a compensação de seus efeitos financeiros nos
exercícios seguintes. O art. 114 da LDO/2020 também traz restrições nesse sentido. Durante a pandemia do
coronavírus, o Governo precisava tomar uma série de medidas que implicariam renúncia de receita ou então
criação ou aumento de despesas e isso ofenderia as regras acima listadas. Diante disso, o Presidente da
República ajuizou ADI pedindo que o STF afastasse essas exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF
101/2000) e da LDO/2020 em relação à criação e à expansão de programas de prevenção ao novo
coronavírus e de proteção da população vulnerável à pandemia. O Min. Alexandre de Moraes,
monocraticamente, deferiu medida cautelar concordando com o pedido. Depois da liminar foi editada a Lei
nº Lei nº 13.983/2020 e a EC 106/2020, que excepcionaram a aplicação dessas regras durante o período de
calamidade pública decorrente do coronavírus. Diante disso, o STF decidiu: • referendar a medida cautelar
23

deferida, ou seja, dizer que foi uma decisão juridicamente correta e que seus efeitos deveriam ser
confirmados, por questões de segurança jurídica; • mas, ao mesmo tempo, o STF decidiu extinguir a ADI por
perda superveniente de objeto. Vale ressaltar que o art. 3º da EC 106/2020 é aplicável não apenas à União,
mas também Estados, DF e Municípios. STF. Plenário. ADI 6357 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 13/5/2020 (Info 977).

4 – DESPESAS VINCULADAS E OBRIGATÓRIAS

No que se refere à saúde e à educação, verifica-se a existência de despesas constitucionalmente


obrigatórias, e tais determinações devem ser consideradas por ocasião da elaboração do orçamento, sob
pena de inconstitucionalidade.

4.1. Saúde
A LC 141/12 definiu que os Estados e o Distrito Federal devem gastar no mínimo 12% de sua receita,
incluindo a receita dos impostos, em saúde. Os Municípios, deveriam gastar no mínimo 15%. No entanto,
não havia qualquer vinculação em percentuais à União.
 Como se observa, a União não possuía norma vinculando percentual do seu orçamento com gastos
com a saúde. No entanto, com a nova emenda (EC 89/2015), este percentual ficou em 15% da RCL, a
partir de 2020. Ver abaixo.
 Quanto ao DF, 12% ou 15%, a depender da natureza da receita – se tributo estadual ou municipal.
Art. 198 CF (...)
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o
art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000).
24

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A LC federal 141/2012 fixa os valores mínimos a serem aplicados
anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde. O art.
11 desta Lei estabelece que as Constituições dos Estados ou as Leis Orgânicas dos Municípios podem fixar
valores mais altos do que o previsto na LC 141/2012 de repasses em prol da saúde. O STF julgou
inconstitucional esse art. 11 da LC 141/2012 porque, segundo o art. 198, § 3º, I, da CF/88, os percentuais
mínimos que os Estados, DF e Municípios são obrigados a aplicar na saúde devem estar previstos em lei
complementar federal editada pelo Congresso Nacional, não podendo isso ser delegado para os Estados/DF
e Municípios. Além disso, o STF afirmou que são inconstitucionais normas da Constituição Estadual que
prevejam percentuais de aplicação mínima na saúde em patamares diferentes daquele fixado pela Lei
complementar federal. STF. Plenário. ADI 5897/SC, Rel. Min. Luz Fux, julgado em 24/4/2019 (Info 938).

4.2. Educação
O artigo 212 da Constituição, por sua vez, ao tratar das despesas com a educação, determina, desde
logo, os percentuais que os entes devem observar: 18% para a União e 25% para os Estados, Distrito Federal
e Municípios. A exemplo do que ocorre com a saúde, esses percentuais são anuais e calculados sobre a
receita de impostos, inclusive aquelas provenientes das transferências constitucionais decorrentes da
repartição da arrecadação tributária.
 Nesse sentido, esclareça-se que os valores transferidos do IPVA para os Municípios, por exemplo,
com fundamento no artigo 158, inciso III, da Constituição, serão considerados como receita do
Município, para fins de cálculo do percentual ora mencionado, e não deverão ser incluídos no
cálculo da receita dos Estados.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto
neste artigo, receita do governo que a transferir.

RECEITAS PÚBLICAS4
Trata-se da entrada de dinheiro nos cofres públicos em definitivo
Origem Originárias Resultantes de atividades do Estado como agente
particular

4
Tabela extraída de Direito Financeiro Esquematizado, acima referenciado.
25

Derivadas Resultante do poder de imposição do Estado


Resultante da transferência de recursos entre os entes
Transferidas
da Federação

Motivo de entrada Correntes Resultantes de atividades próprias do Estado (§ 1º)


(Lei 4.320/1964, artigo 11) Capital Resultante de captação externa de recursos (§ 2º)

Previsão e arrecadação (artigos 11 a 13)


LRF
Renúncia de receita (artigo 14)
DESPESAS PÚBLICAS
Conjunto de gastos do Estado, com o objetivo de promover a realização das necessidades públicas
Custeio
Correntes
Transferências correntes
Motivo do dispêndio
Investimentos
(Lei 4.320, artigo 12)
Capital Inversões financeiras
Transferências de capital
Vinculadas Saúde
(CR, artigos 198 e 212) Educação
Regras gerais (artigos 15 a 17)
LRF • Despesa obrigatória de caráter continuado (artigo 17)
(artigos 15 a 24) Pessoal (artigos 18 a 23)
Seguridade Social (artigo 24)

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: São inconstitucionais as normas que estabelecem vinculação de


parcelas das receitas tributárias a órgãos, fundos ou despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art.
167, IV, da Constituição Federal. Caso concreto: STF julgou inconstitucional o art. 226, § 1º da Constituição
do Estado do Rio de Janeiro, que criou o Fundo de Desenvolvimento Econômico e a ele destinou recursos
provenientes do Fundo de Participação dos Estados. STF. Plenário. ADI 553/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 13/6/2018 (Info 906).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O art. 82, § 1º do ADCT permite que os Estados aumentem em
até 2% a alíquota do ICMS que é cobrado sobre produtos e serviços considerados supérfluos. O valor
arrecadado com esses 2% a mais deverão ser destinados exclusivamente ao Fundo Estadual de Combate e
Erradicação da Pobreza: Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de
Combate à Pobreza, com os recursos de que trata este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os
referidos Fundos ser geridos por entidades que contem com a participação da sociedade civil. § 1º Para o
26

financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até dois pontos percentuais
na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos e serviços
supérfluos e nas condições definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição,
não se aplicando, sobre este percentual, o disposto no art. 158, IV, da Constituição. (...) As receitas
provenientes do adicional previsto pelo § 1º do art. 82 do ADCT não podem ser consideradas para efeito de
cálculo da amortização da dívida do Estado (não podem ser incluídas no cálculo da dívida pública do Estado
com a União). Por outro lado, tais recursos devem sim ser considerados para efeito de cálculo do montante
mínimo destinado à saúde e à educação. STF. Plenário. ACO 727/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
13/2/2020 (Info 966).Fucs: Legislação Penal Especial e Crimes Federais: 8. Crimes Contra a Ordem Tributária.

5 – REGRAS GERAIS PARA REALIZAÇÃO DE GASTOS PÚBLICOS

O artigo 15 da LRF condiciona a regularidade de toda e qualquer despesa pública à observância dos
artigos 16 e 17 do mesmo diploma legal. Trata-se, portanto, de uma regra geral para a realização de
dispêndio de dinheiro público, que se soma às condições mais genéricas, relativas à previsão legal e inclusão
no orçamento.

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de
despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
        
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa
será acompanhado de:
        I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
subsequentes;
        II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira
com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias.
        § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
        I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie,
realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos
para o exercício;
27

        II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme
com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de
suas disposições.
        § 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de
cálculo utilizadas.
        § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que
dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
        § 4º As normas do caput constituem condição prévia para:
        I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;
        II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição.

“Ação governamental” é o conjunto de condutas resultantes das atividades do Poder Público com
vistas à realização das necessidades públicas. Assim, verificam-se hipóteses de aplicação do artigo 16 da LRF:
são os casos em que há aumento de despesa pública por conta de alterações (quantitativas ou qualitativas)
nas ações governamentais.

 Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um
período superior a dois exercícios.
        § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a
estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
        § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa
criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art.
4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente
de receita ou pela redução permanente de despesa.
        § 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
        § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e
metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais
normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.
        § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas
referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.
        § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao
reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
28

        § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.

Artigo 16 Artigo 17
Criação, expansão e aperfeiçoamento de Despesas correntes que sejam obrigatórias e
Em que se ações governamentais que geram de caráter continuado (superior a dois
aplica? despesas públicas. exercícios), inclusive a prorrogação daquela
criada por prazo determinado.
Estimativa do impacto orçamentário- Estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício que entra em financeiro no exercício que entra em vigor e
vigor e nos dois seguintes. nos dois seguintes.
Adequação com a LOA, compatibilidade Demonstração da origem dos recursos para o
com o PPA e LDO custeio da despesa
Quais
Não afetação das metas de resultados fiscais
Condições?
da LDO
Criação de medidas de compensação:
 Aumento de receitas pelo aumento
dos tributos ou;
 Redução permanente de despesas.
Despesas irrelevantes Pagamento da dívida;
Exceções!
Reajuste da remuneração de servidores.

*(Atualizado em 24/01/2021) #DEOLHONAJURIS: Os limites da despesa total com pessoal e as vedações à


concessão de vantagens, reajustes e aumentos remuneratórios previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal
somente podem ser afastados quando a despesa for de caráter temporário, com vigência e efeitos restritos
à duração da calamidade pública, e com propósito exclusivo de enfrentar tal calamidade e suas
consequências sociais e econômicas. STF. Plenário. ADI 6394/AC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
20/11/2020 (Info 1000).

6 – DESPESAS COM PESSOAL

Deve-se entender como “despesa total com pessoal”: “o somatório dos gastos do ente da Federação
com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos,
civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais,
29

gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e
contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência”.
 A definição é a mais ampla possível.
 A apuração da despesa total com pessoal levará em conta o período de doze meses, ou seja, um
ano, sem que isso necessariamente reflita o ano civil.
 Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de
servidores e empregados públicos serão contabilizados como ‘Outras Despesas de Pessoal’. Trata-se
de uma medida de restrição e controle aos gastos com pessoal, independentemente da forma pela
qual o serviço é prestado.

* (Atualizado em 17/06/2021) A Lei Complementar 178/2021 estabelece o Programa de Acompanhamento


e Transparência Fiscal e de Equilíbrio Fiscal, o qual tem por objetivo reforçar a transparência fiscal dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e compatibilizar as respectivas políticas fiscais com a da União.
Alterou-se o artigo 18 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o qual prevê os método de apuração de despesa
total com pessoal:
“Art. 18. ......................................................................................................................
............................................................................................................................................
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos 11
(onze) imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência, independentemente de empenho.
§ 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será observada a remuneração bruta do servidor, sem
qualquer dedução ou retenção, ressalvada a redução para atendimento ao disposto no art. 37, inciso XI, da
Constituição Federal.” (NR)

6.1. Limite de gasto com pessoal


O artigo 169, caput, da Constituição confere à lei complementar competência para definir os limites
de despesa com pessoal ativo e inativo dos entes federados. Esse papel é exercido pela LRF nos artigos 19 e
20.
 O artigo 19 estabelece os limites globais de gasto com pessoal e os discrimina a partir dos entes da
Federação: a União não poderá gastar mais do que 50% de sua receita corrente líquida, enquanto os
Estados, Distrito Federal e Municípios ficarão limitados a 60% das respectivas receitas correntes
líquidas.
30

 Receita corrente líquida: contempla, basicamente, a receita corrente “própria” dos entes, ficando
excluídas, portanto, as parcelas que serão transferidas por conta da repartição da arrecadação
tributária.
 RCL = receitas correntes – (transf. const. + certas receitas previdenciárias).

Para saber se a despesa com pessoal de determinado ente está nos termos da LRF, deve-se somar as
despesas dos onze meses anteriores ao mês atual e compará-las com o limite de 50% ou 60% da receita
corrente líquida (a depender do ente), também apurada nos onze meses anteriores, somando-se a isso a
receita do mês atual.
Apenas o artigo 19 já seria suficiente para garantir a disciplina do artigo 169, caput, da Constituição.
Entretanto, a LRF foi mais adiante: além de estabelecer quais seriam os limites globais de gasto com pessoal,
como faz em relação à receita corrente líquida, o artigo 20 prescreve uma distribuição desse limite global
entre os Poderes integrantes de cada um dos entes da Federação e o Ministério Público.

Federal Estadual Municipal

a) 2,5% (dois inteiros e cinco a) 3% (três por cento) para o a) 6% (seis por cento) para o
décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Legislativo, incluído o Tribunal de
Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado; Contas do Município, quando
Contas da União; houver;
b) 6% (seis por cento) para o
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; b) 54% (cinquenta e quatro por
Judiciário; cento) para o Executivo.
c) 49% (quarenta e nove por
c) 40,9% (quarenta inteiros e cento) para o Executivo;
nove décimos por cento) para o
d) 2% (dois por cento) para o
Executivo, destacando-se 3%
Ministério Público dos Estados;
(três por cento) para as despesas
com pessoal decorrentes do que
dispõem os incisos XIII e XIV do
art. 21 da Constituição e o art. 31
da Emenda Constitucional no 19,
repartidos de forma proporcional
à média das despesas relativas a
cada um destes dispositivos, em
percentual da receita corrente
31

líquida, verificadas nos três


exercícios financeiros
imediatamente anteriores ao da
publicação desta Lei
Complementar; (Vide Decreto
nº 3.917, de 2001)

 Ou seja, 37,9% para


Executivo e 3% para despesas
do DF e territórios, com
MPDFT.

d) 0,6% (seis décimos por cento)


para o Ministério Público da
União;

* (Atualizado em 17/06/2021) A Lei Complementar 178/2021 estabelece o Programa de Acompanhamento


e Transparência Fiscal e de Equilíbrio Fiscal, o qual tem por objetivo reforçar a transparência fiscal dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e compatibilizar as respectivas políticas fiscais com a da União.
Foram alterados os artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que tratam sobre os limites de
despesas com pessoal:
“Art. 19. ........................................................................................................................
§ 1º ...............................................................................................................................
VI - com inativos e pensionistas, ainda que pagas por intermédio de unidade gestora única ou fundo previsto
no art. 249 da Constituição Federal, quanto à parcela custeada por recursos provenientes:
...............................................................................................................................................
c) de transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial do regime de previdência, na forma definida
pelo órgão do Poder Executivo federal responsável pela orientação, pela supervisão e pelo
acompanhamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos.
................................................................................................................................................
§ 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, é vedada a dedução da parcela
custeada com recursos aportados para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de previdência.” (NR)
“Art. 20. ........................................................................................................................
32

§ 7º Os Poderes e órgãos referidos neste artigo deverão apurar, de forma segregada para aplicação dos
limites de que trata este artigo, a integralidade das despesas com pessoal dos respectivos servidores inativos
e pensionistas, mesmo que o custeio dessas despesas esteja a cargo de outro Poder ou órgão.” (NR)

 Despesas com MPDFT (STF Dizer o Direito 2016):

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
STF 2016 INFO 820. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. Enquadramento das despesas com pessoal do
MPDFT no art. 20 da LRF. O limite máximo das despesas de pessoal do Ministério Público do Distrito Federal
e Territórios está disciplinado pela alínea "c" do inciso I do art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A alínea "d" do mesmo dispositivo menciona as despesas com o MPU, mas não abrange o MPDFT porque
existe regra específica para ele na referida alínea "c".
Redação da LC 101/2000:
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:
I - na esfera federal:
(...)
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento)
para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o
art. 31 da Emenda Constitucional nº 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a
cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios
financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
STF. 1ª Turma. MS 25997/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/4/2016 (Info 820).

 Obs.: art. 21, XIII da CF: Art. 21. Compete à União: XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
 Havia um conflito sobre enquadramento na alínea C ou D, posto que, tecnicamente, o MPDFT faz parte
do MPU. Todavia, entendeu o STF que o enquadramento correto é no limite esposado na alínea C.

*Atualizado em 31/05/2020
#LEI COMPLEMENTAR Nº 173, DE 27 DE MAIO DE 2020
Estabelece o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19), altera a Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e dá outras providências.
33

PROGRAMA FEDERATIVO DE ENFRENTAMENTO AO CORONAVÍRUS


A LC 173/2020 institui um programa envolvendo União, Estados, Distrito Federal e Municípios com medidas
orçamentárias e financeiras voltadas ao enfrentamento do coronavírus. Isso foi chamado pela Lei de
Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19). Vale ressaltar que esse
programa vale exclusivamente para o exercício financeiro de 2020.
O Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus é composto por três iniciativas:

1) Suspensão do pagamento das dívidas que os Estados, Distrito Federal e Municípios


Iniciativas do tenham com a União.
Programa 2) Reestruturação das operações de crédito que os Estados, DF e Municípios tenham
Federativo de contraído junto ao sistema financeiro e instituições multilaterais de crédito.
enfrentamento
ao COVID-19 3) Entrega de recursos da União, na forma de auxílio financeiro, aos Estados, ao Distrito
(LC 173/2020) Federal e aos Municípios, no exercício de 2020, e em ações de enfrentamento ao
coronavírus SARS-COV-2 (COVID-19)

SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DAS GARANTIAS PELA UNIÃO


ntualmente pagos entre 1º de março de 2020 e o término do período a que se refere o caput deste artigo
serão apartados do saldo devedor e devidamente atualizados pelos encargos financeiros contratuais de
adimplência, com destinação exclusiva para o pagamento das parcelas vincendas a partir de 1º de janeiro de
2021.
§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão demonstrar e dar publicidade à aplicação dos
recursos de que trata o inciso II do § 1º deste artigo, evidenciando a correlação entre as ações desenvolvidas
e os recursos não pagos à União, sem prejuízo da supervisão dos órgãos de controle competentes.
§ 6º Os valores anteriores a 1º de março de 2020 não pagos em razão de liminar em ação judicial poderão,
desde que o respectivo ente renuncie ao direito sobre o qual se funda a ação, receber o mesmo tratamento
previsto no inciso I do § 1º deste artigo, devidamente atualizados pelos encargos financeiros contratuais de
adimplência.

AFASTAMENTO DE NORMAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL


Durante o estado de calamidade pública decretado para o enfrentamento da Covid-19 a União, os Estados,
DF e Municípios ficarão dispensados de cumprir algumas regras da Lei de Responsabilidade Fiscal e de outras
leis. Vejamos aqui as principais:
1) ficam suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70 da LRF;
2) ficam dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9º da
LRF;
3) ficam dispensadas as condições e vedações previstas no art. 14, no art. 16, II e no art. 17 da LRF;
34

4) ficam afastadas as leis, decretos, portarias e quaisquer outros atos normativos que estipulem limites e
condições para a realização e o recebimento de transferências voluntárias.
As dispensas acima listadas:
• valem exclusivamente para os atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao atendimento do
Programa Federativo ou de convênios vigentes durante o estado de calamidade; e
• não exime seus destinatários, ainda que após o término da pandemia da Covid-19, de cumprir as
obrigações de transparência, controle e fiscalização. Isso será objeto de verificação pelos órgãos de
fiscalização e controle respectivos.

ALTERAÇÕES NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL


Art. 21
A LC 173/2020 alterou bastante o art. 21 da LRF, acrescentando novos incisos e parágrafos:
Redação dada pela LC 173/2020:
Art. 21. É nulo de pleno direito:
I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:
a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no
§ 1º do art. 169 da Constituição Federal; e
b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo;
A redação deste inciso I não representa nenhuma mudança.
Os incisos II, III e IV, por sua vez, são novidade. Veja:
Art. 21. É nulo de pleno direito:
(...)
II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final
do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem implementadas em
períodos posteriores ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presidente e demais membros da
Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal do Poder Judiciário e
pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração,
reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato, por esses agentes, para
nomeação de aprovados em concurso público, quando:
a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do
mandato do titular do Poder Executivo; ou
35

b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem implementadas em períodos
posteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo.
Os §§ 1º e § 2º também não inovações:
Art. 21 (...)
§ 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV:
I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondução ou reeleição para o cargo de titular do
Poder ou órgão autônomo; e
II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo dos Poderes referidos no art. 20.
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos de nomeação ou de provimento de cargo
público aqueles referidos no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de qualquer modo,
acarretem a criação ou o aumento de despesa obrigatória.

Art. 65
A LC 173/2020 acrescentou três parágrafos ao art. 65 da LRF:
Art. 65. (...)
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, nos termos de decreto
legislativo, em parte ou na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situação, além do
previsto nos inciso I e II do caput:
I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, bem como sua verificação, para:
a) contratação e aditamento de operações de crédito;
b) concessão de garantias;
c) contratação entre entes da Federação; e
d) recebimento de transferências voluntárias;
II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e sanções previstas e decorrentes dos arts. 35, 37 e
42, bem como será dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. 8º desta Lei
Complementar, desde que os recursos arrecadados sejam destinados ao combate à calamidade pública;
III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar,
desde que o incentivo ou benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao combate à
calamidade pública.
§ 2º O disposto no § 1º deste artigo, observados os termos estabelecidos no decreto legislativo que
reconhecer o estado de calamidade pública:
I - aplicar-se-á exclusivamente:
36

a) às unidades da Federação atingidas e localizadas no território em que for reconhecido o estado de


calamidade pública pelo Congresso Nacional e enquanto perdurar o referido estado de calamidade;
b) aos atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao atendimento de despesas relacionadas ao
cumprimento do decreto legislativo;
II - não afasta as disposições relativas a transparência, controle e fiscalização.
§ 3º No caso de aditamento de operações de crédito garantidas pela União com amparo no disposto no § 1º
deste artigo, a garantia será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de garantia e de
contragarantia vigentes.

PROIBIÇÕES IMPOSTAS ATÉ 31/12/2021


O art. 8º da LC 173/2020 impõe algumas proibições aos entes, vedações que irão durar até 31/12/2021:
PROIBIÇÕES
Em razão da calamidade pública do covid-19, até 31/12/2021, a União, os Estados, o DF e os Municípios
ficam PROIBIDOS de:
1) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a:
• membros de Poder ou de órgão;
• servidores;
• empregados públicos; e
• militares.
Exceção: será possível quando isso for derivado de sentença judicial transitada em julgado ou determinação
legal anterior à calamidade pública.
2) criar cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa.
3) alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa.
4) admitir ou contratar pessoal, a qualquer título.
Exceções. É possível essa admissão ou contração para:
• reposições de cargos de chefia, de direção e de assessoramento que não acarretem aumento de despesa;
• reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios;
• as contratações temporárias do art. 37, IX;
• as contratações de temporários para prestação de serviço militar e
• as contratações de alunos de órgãos de formação de militares;
5) realizar concurso público.
Exceção: reposições de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios.
6) criar ou majorar
- auxílios
37

- vantagens
- bônus
- abonos
- verbas de representação ou
- benefícios de qualquer natureza,
- inclusive os de cunho indenizatório, em favor de
• membros de Poder
• membros do Ministério Público ou da Defensoria Pública
• servidores e empregados públicos e
• militares,
• ou ainda de seus dependentes,
Exceções:
a) a proibição não se aplica aos profissionais de saúde e de assistência social, desde que relacionado a
medidas de combate à calamidade pública cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração;
b) será possível a criação ou majoração das vantagens se isso for derivado de sentença judicial transitada em
julgado ou de determinação legal anterior à calamidade.
7) criar despesa obrigatória de caráter continuado.
Exceções:
• essa proibição não se aplica a medidas de combate à calamidade pública cuja vigência e efeitos não
ultrapassem a sua duração;
• essa proibição também não se aplica em caso de prévia compensação mediante aumento de receita ou
redução de despesa, observado que:
I - em se tratando de despesa obrigatória de caráter continuado, assim compreendida aquela que fixe para o
ente a obrigação legal de sua execução por período superior a 2 (dois) exercícios, as medidas de
compensação deverão ser permanentes; e
II - não implementada a prévia compensação, a lei ou o ato será ineficaz enquanto não regularizado o vício,
sem prejuízo de eventual ação direta de inconstitucionalidade.
8) adotar medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação medida pelo
IPCA, observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da CF;
9) contar esse tempo como de período aquisitivo necessário exclusivamente para a concessão de anuênios,
triênios, quinquênios, licenças-prêmio e demais mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com
pessoal em decorrência da aquisição de determinado tempo de serviço, sem qualquer prejuízo para o tempo
de efetivo exercício, aposentadoria, e quaisquer outros fins.
38

* (Atualizado em 17/06/2021) A Lei Complementar 178/2021 estabelece o Programa de Acompanhamento


e Transparência Fiscal e de Equilíbrio Fiscal, o qual tem por objetivo reforçar a transparência fiscal dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e compatibilizar as respectivas políticas fiscais com a da União.
A partir do artigo 15, a Lei Complementar trata de medidas de reforço à Responsabilidade Fiscal.
Especialmente, o artigo 15 previu medidas de controle da despesa total com pessoal até o término do
exercício financeiro de 2021. Atente-se, ainda, que os prazos e as disposições do art. 23 da LC 101/05 ficam
suspensas no exercício financeiro de 2021:
“Art. 15. O Poder ou órgão cuja despesa total com pessoal ao término do exercício financeiro da publicação
desta Lei Complementar estiver acima de seu respectivo limite estabelecido no art. 20 da Lei Complementar
nº 101, de 4 de maio de 2000, deverá eliminar o excesso à razão de, pelo menos, 10% (dez por cento) a cada
exercício a partir de 2023, por meio da adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23 daquela
Lei Complementar, de forma a se enquadrar no respectivo limite até o término do exercício de 2032.
§ 1º A inobservância do disposto no caput no prazo fixado sujeita o ente às restrições previstas no § 3º do
art. 23 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
§ 2º A comprovação acerca do cumprimento da regra de eliminação do excesso de despesas com pessoal
prevista no caput deverá ser feita no último quadrimestre de cada exercício, observado o art. 18 da Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
§ 3º Ficam suspensas as contagens de prazo e as disposições do art. 23 da Lei Complementar nº 101, de 4 de
maio de 2000, no exercício financeiro de publicação desta Lei Complementar.
§ 4º Até o encerramento do prazo a que se refere o caput, será considerado cumprido o disposto no art. 23
da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, pelo Poder ou órgão referido no art. 20 daquela Lei
Complementar que atender ao estabelecido neste artigo”.

6.2. Controle dos limites


Quando se trata de majorar o gasto com pessoal, da administração direta ou indireta, o que
compreende qualquer dispêndio a partir da definição contida no artigo 18 da LRF, é a Constituição que,
inicialmente, estabelece as condições, em seu artigo 169, § 1º.
 Necessidade de prévia dotação orçamentária, suficiente para atender aos gastos decorrentes da despesa
ora majorada, o que implica a necessidade de uma contrapartida efetiva em receita prevista na LOA.
 Necessidade de uma autorização específica na LDO relativa ao aumento de gasto com pessoal.
o Essa exigência apenas não será cumprida quando se tratar de sociedades de economia mista ou
empresas públicas, entidades submetidas às regras de direito privado.
 Deve respeitar as regras genéricas dos arts. 16 e 17 da LRF;
39

 O aumento da despesa não será válido se superar o limite legal de comprometimento com o pessoal
inativo.
 É nulo o ato que gerar aumento do dispêndio com pessoal que tenha sido expedido nos últimos 180 dias
de mandato de poder ou órgão.

 Procedimento de controle: o prazo segundo o qual o controle do limite de gasto com pessoal será
realizado é quadrimestral. Ou seja, ao final de cada quatro meses, o Poder e/ou órgão referidos no artigo 20
da LRF serão auditados para a verificação do cumprimento dos limites previstos nos artigos 19 e 20 da LRF.
 Caso o resultado dessa verificação seja a existência de excesso e, portanto, de uma situação em que
houve a superação do limite de gasto, terá o Poder ou órgão o prazo de oito meses (e, assim, dois
quadrimestres) para eliminar o excedente da despesa, devendo tal ajuste produzir efeitos já no
primeiro quadrimestre, quando o percentual excedente deverá ser reduzido em pelo menos um
terço (artigo 23 da LRF).
 Para que a recondução da despesa ao limite seja possível dentro do prazo de oito meses, certas
providências devem ser observadas. Nos termos do artigo 169, § 3º, da Constituição, os entes
poderão:
o (i) reduzir em vinte por cento as despesas com cargos de comissão e funções de confiança e;
o (ii) exonerar servidores não estáveis.
 Os cargos que forem objeto de redução serão considerados extintos, ficando vedada a criação de
novo cargo, emprego ou função com funções iguais ou semelhantes pelos próximos quatro anos.
 Caso essas medidas de redução e exoneração não sejam suficientes para reconduzir a despesa ao
limite, o § 4º desse mesmo artigo possibilita, ainda, a exoneração de servidores estáveis, desde que
o ato normativo que o faça especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa
objeto de redução de pessoal.
o Nessa hipótese, o servidor terá direito à indenização correspondente a um mês de
remuneração por ano de serviço.
 Obs.: Quanto ao § 1º do art. 23, da LRF, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução
de texto, de modo a obstar interpretação segundo a qual é possível reduzir valores de função ou
cargo que estiver provido. E quanto ao § 2, o STF declarou sua inconstitucionalidade.
 Obs.: os prazos para redução das despesas com pessoal que estejam ultrapassando os limites fixados
na própria Lei de Responsabilidade Fiscal serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou
negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior
a quatro trimestres. (66 LRF)
40

#ATENÇÃO! #PROCURADORIAS: Exoneração de comissionada detentora de estabilidade gestacional.


A doutrina trabalhista conceitua “dispensa arbitrária” a partir da dicção do art. 165 da CLT, que foi
recepcionado pela CF/88. Assim dispõe o artigo: Art. 165. Os titulares da representação dos empregados nas
CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo
disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Assim, pode se perquirir sobre a possibilidade da estabilidade gestacional se opor à exoneração
decorrente do art. 169, §3º, I, da CF. Pela importância, cabe rememorar que tal estabilidade, consoante
preconiza o art. 10, II, b, do ADCT veda dispensas arbitrárias ou sem justa causa.
A partir da referida norma, o Chefe do Executivo pode exonerar a grávida comissionada, tendo-se
em conta que tal despedida possui motivo e base constitucional suficientes para tanto. Ou seja, a vedação
constitucional de dispensa da gestante diz respeito aos casos de demissão sem justa causa ou arbitrária.
(POSIÇÃO A SEGUIR NUMA PROVA DE PROCURADORIAS)

 Sanções: caso o ente adote todas as providências determinadas na legislação constitucional e


infraconstitucional e, ainda assim, termine o prazo de oito meses para a recondução da despesa ao limite
sem que isso tenha sido cumprido, haverá algumas sanções, previstas seja na Constituição, seja na LRF.
 Nos termos do artigo 169, § 2º, da Constituição, tendo decorrido o prazo para a recondução sem que
o ente tenha se ajustado aos limites previstos na LRF, deverão ser imediatamente suspensos todos
os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
o É importante notar que essa sanção não compreende a repartição da arrecadação tributária,
mas, apenas, as transferências voluntárias.
 Nos termos do artigo 23, § 3º, os entes, além de não receberem transferências voluntárias, ficarão
proibidos de:
o (i) Realizar operações de crédito, salvo na hipótese de refinanciamento da dívida mobiliária e
de atos visando à redução de despesa com pessoal; e
o (ii) Obter garantia de outro ente, para fins de realização dessas operações de crédito
permitidas.

* (Atualizado em 17/06/2021) A Lei Complementar 178/2021 estabelece o Programa de Acompanhamento


e Transparência Fiscal e de Equilíbrio Fiscal, o qual tem por objetivo reforçar a transparência fiscal dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e compatibilizar as respectivas políticas fiscais com a da União.
Foi alterado o art. 23, §3º, da LRF, de modo a acrescentar outra proibição decorrente da não observância da
redução do excesso de gasto no prazo assinalado:
“Art. 23. ........................................................................................................................
41

§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido e enquanto perdurar o excesso, o Poder ou órgão
referido no art. 20 não poderá:
...............................................................................................................................................
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária e as que
visem à redução das despesas com pessoal.
....................................................................................................................................” (NR)

 Situações excepcionais:
a) Existência de excesso no primeiro quadrimestre do último ano de mandato dos titulares de Poder ou
do órgão: as sanções previstas no § 3º desse mesmo artigo – e acima descritas – são aplicáveis de
imediato, independentemente do cumprimento do prazo para a recondução. Trata-se, aqui, de
tentar evitar que haja transmissão de gastos abusivos para o próximo governante.
b) Ultrapassar 95% do limite de gasto com pessoal: o ente, desde logo, deverá limitar os gastos com
pessoal, o que implica a proibição quanto à concessão de vantagem, reajustes, aumento, criação de
cargo, emprego ou função, contratação de pessoal ou de hora extra, dentre outros.

 Esquema: despesa com pessoal5


DESPESAS COM PESSOAL
Definição: artigo 18, caput, LRF

Inclusive contratos de terceirização de mão


de obra (§1º)
Constitucionalidade segundo ADI 2238

RCL: art.
União: 50% RCL
2º, IV, LRF
GLOBAL: Apuração:
art. 19, LRF E, DF, M: 60% RCL Período de
12 meses
LIMITE DE
GASTO
ESPECÍFICO: art. 20, LRF – Divisão de % ente
poderes/órgãos
(ADI 2238: constitucionalidade)

5
Extraído de Direito Financeiro Esquematizado.
42

CONTROLE o limite é observado?

Sob quais CONDIÇÕES haverá aumento/criação


de despesa com pessoal?
3 pontos importantes (art.
169, CR e arts. 21 a 23, LRF Qual a PERIODICIDADE do controle?
Diante do EXCESSO, quais as PROVIDÊNCIAS e
SANÇÕES?

 Esquema – Condições para a criação e/ou aumento da despesa

com pessoal:

CONSTITUIÇÃO LRF
Artigo 169, §1º Artigo 21
Previsão, na LOA, de receita Observância dos artigos 37,
para fazer frente à despesa inciso XIII, e 169 da Constituição
(prévia dotação orçamentária) Núcleo para
realização de
Autorização específica na LDO Observância dos artigos 16 e 17 despesas
ref. Ao aumento de gasto com da LRF
pessoal
Não superação do limite legal de
comprometimento com inativos ADI 2238: interpretação
conforme “limite legal”
Impossibilidade de aumento de = limite em LC
gasto com pessoas nos últimos
180 dias de mandato do Chefe
de Poder ou órgão Evita transferência
de gastos para o
próximo governante

EXCESS
O

Jan. Abr. EXCESSO EM 1/3 Ago. Dez.


(Art. 13, LRF)

Eliminação do excedente Término do prazo e o


da despesa (2 excesso NÃO foi SANÇÕES B
quadrimestres) eliminado
(Art. 22, LRF)

COMO? Providências a serem adotadas:


-art. 169, §§3º, 4º e 6º CR
- Art. 23, §§1º e 2º, LRF - A
43

 Esquema: O controle na prática: periodicidade, providências e sanções:

Os limites estão NÃO?


sendo cumpridos? =EXCESSO

Jan. (1º quadrimestre) Abr.


Recondução

A CONSTITUIÇÃO:
LRF: ARTIGO 23
ART. 169
§3º - Duas §1º - Detalhamento
providências do §3º do artigo
§6º cargos possíveis: 169 da CR:
considerados
extintos. Vedada  Redução, em  A redução das Inconstitucional
a criação de 20% das despesas pode
despesas com ser obtida tanto ADI 2238
semelhantes
pelos próximos 4 cargos em pela extinção dos
anos comissão e cargos e funções
funções de quanto pela
confiança redução dos
 Exoneração de valores a eles
servidores não atribuídos
estáveis

§4º - Caso as §2º - Outra


medidas do §3º possibilidade:
sejam
§5º o servidor  Redução
insuficientes:
tem direito à temporária da
 Exoneração de jornada de Inconstitucional
indenização – 1
mês de servidores trabalho com ADI 2238
remuneração/an estáveis (com adequação de
o de serviço especificação da vencimentos à
atividade nova carga
funcional, órgão horária
ou unidade
administrativa
objeto de
redução de
pessoal
44

*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei Complementar nº 164, de 18 de dezembro de 2018 acrescentou §§ 5º e 6º


ao art. 23 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), para vedar a
aplicação de sanções a Município que ultrapasse o limite para a despesa total com pessoal nos casos de
queda de receita que especifica.

 Esquema: Providências adotadas → não recondução em 8 meses → Sanções Quais?

CONSTITUIÇÃO:
LRF: ARTIGO 23
ART. 169
§2º - Penalidades §3º - Proibições:
aplicáveis
 Receber
 Suspensão do transferências
Apenas
repasse de voluntárias
transferências
verbas federais  II – obter garantia,
voluntárias Para realização de operações
ou estaduais a direta ou indireta,
(Artigo 25, LRF) de crédito permitidas
Estados, DF e de outro entre
Municípios  III – contratar
operações de
crédito, ressalvadas Salvo nos casos de:
as destinadas ao (1) refinanciamento da dívida
refinanciamento da mobiliárias e
dívida mobiliária e (2) atos visando à redução de
as que visem à despesa com pessoal
redução das
despesas com
pessoal

Duas situações excepcionais:

•Excesso no primeiro quadrimestre do último ano de mandato dos titulares de Poder referidos no
artigo 20 da LRF
Solução: artigo 23, § 4.º, LRF: as sanções do § 3.º serão imediatamente aplicáveis
•Limite com pessoal ultrapassado em 95%
Solução: artigo 22, parágrafo único: limitação de gastos com pessoal desde logo

#PROCURADORIAS: PRINCÍPIO DA INTRANSCEDÊNCIA SUBJETIVA DAS SANÇÕES


O princípio constitucional da intranscendência subjetiva das sanções expõe que não é possível que
outro ente seja responsabilizado por conduta a qual não deu causa. Isto é, a sanção não pode ser aplicada
em desfavor de pessoa estranha àquela que transgrediu a norma. Tal princípio é reconhecidamente aplicável
45

pelo STF no que se refere ao desrespeito dos sublimites das despesas com pessoal dentro do âmbito de cada
ente federativo. Destarte, não pode o Poder Executivo Estadual, que tenha respeitado seu sublimite, ser
penalizado por conduta do Poder Legislativo ao não observar seu sublimite.

 Jurisprudência STF:
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Inconstitucionalidade de lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados pela
LRF
A Lei de Responsabilidade Fiscal, cumprindo o que determina o art. 169 da CF/88, estabelece, em seus arts.
19 e 20, valores máximos que a União, os Estados/DF e os Municípios poderão ter de gastar com despesas
de pessoal.
É inconstitucional lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados pelos arts. 19 e
20 da Lei de Responsabilidade (LC 101/2000). O art. 169 da CF/88 determina que a despesa com pessoal da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei
complementar. Esta lei complementar de que trata a Constituição é uma lei complementar nacional que, no
caso, é a LC 101/2000. A legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os parâmetros
normativos contidos na LRF, e, com isso, usurpa a competência da União para dispor sobre o tema. STF.
Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817).

7 – DESPESAS COM SEGURIDADE SOCIAL

A Constituição, no artigo 195, § 5º, estabelece que “nenhum benefício ou serviço da seguridade
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. Ou seja,
qualquer gasto com a saúde, assistência social ou previdência deve possuir a contrapartida em receita para
que possa ser realizado.
A LRF repete essa exigência no caput do artigo 24 e ainda determina a observância das condições
previstas no artigo 17.
São casos em que não serão criadas as medidas de compensação:
 Concessão de benefício para pessoas que satisfaçam as condições previstas na legislação
correspondente;
 Expansão quantitativa do atendimento dos serviços prestados; e
 Reajustamento do valor do benefício ou serviço, a fim de preservar seu valor real.
46

*#DICACICLOS: Limite prudencial x limite de alerta

Que tal diferenciar duas expressões que podem te fazer cair em uma bela de uma pegadinha de prova?
Quem estuda Direito Financeiro deve saber a existência do limite prudencial, que ocorre quando a despesa
total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do previsto (art. 22 da LRF), sendo vedados ao
Poder ou órgão que houver incorrido no excesso a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação
de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou
contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição.

Entretanto, seria isso a mesma coisa de limite de alerta? NÃO! O limite de alerta ocorre quando os Tribunais
de Contas verificarem que os Poderes ou órgãos ultrapassaram o montante da despesa total com pessoal em
90% (noventa por cento) do limite. A consequência jurídica é que os Tribunais de Contas emitirão alerta
acerca disso (art. 59 da LRF). Assim, limite prudencial e limite de alerta não são sinônimos!

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Fusão de: Apostila Lordelo + Direito Financeiro Esquematizado (Tathiane Piscitelli) + Direito Tributário
Esquematizado (Ricardo Alexandre) + Manual de Direito Financeiro (Harrison Leite) + Material TRF2. 6

DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Artigos 169
LRF Artigos 11-25
Lei 4.320 Artigos 9-46

6
Os esquemas colacionados no presente material foram extraídos da obra de Tathiane Piscitelli, de forma
que foram disponibilizados para melhor compreensão do aluno, ante à clareza do trabalho da referida autora,
pelo que também se indica sua obra para checklist de doutrina.

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