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29/02/2020 Ênfase - Portal

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Resumo E-book Questões Jurisprudência Legislaçã


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DIREITO FINANCEIRO

RECEITA PÚBLICA

Receita pública: conceito e classificações

1. Considerações iniciais

No curso da história, os governos, a fim de subsidiar as despesas públicas, recorreram a diversos


métodos de arrecadação, que iam desde conquistas sobre as receitas dos povos vencidos em guerras
e recolhimento de doações voluntárias de particulares, a outros governos. A reformulação do conceito
(e das atribuições) do Estado e o consequente crescimento de despesas públicas foram fatores
determinantes para que se lançasse mão de outros métodos de levantamento de recursos financeiros.

Nesse contexto é que nasce a receita pública, que é definida como o ingresso definitivo de dinheiro
nos cofres públicos, passando a compor o erário, não sendo suscetível de devolução. Ou, como
define Aliomar Baleeiro (1960), trata-se da “entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem
quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como
elemento novo e positivo.”

Da lição apresentada, colhe-se importante esclarecimento sobre a natureza jurídica da receita: não se
confunde com fluxo de caixa. O mero ingresso de dinheiro, por si só, não caracteriza receita pública,
mas sim a entrada definitiva de recursos. Assim, não são caracterizados como receita a caução, a
fiança, o depósito judicial (que, nos termos da Lei nº 9.703/1998, são transferidos para a conta única do
Tesouro Nacional até o término da discussão que ensejou a sua prestação) e a indenização por dano
causado por particular ao erário.

Lei nº 9.703/1998, art. 1º Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a


tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita
Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento
de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, específico para essa finalidade.

§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, aos débitos provenientes de tributos e contribuições
inscritos em Dívida Ativa da União.

§ 2º Os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a Conta Única do Tesouro
Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no mesmo prazo fixado para recolhimento dos
tributos e das contribuições federais.

§ 3º Mediante ordem da autoridade judicial ou, no caso de depósito extrajudicial, da autoridade


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§ 3 Mediante ordem da autoridade judicial ou, no caso de depósito extrajudicial, da autoridade
administrativa competente, o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo litigioso,
será:
I – devolvido ao depositante pela Caixa Econômica Federal, no prazo máximo de vinte e quatro horas,
quando a sentença lhe for favorável ou na proporção em que o for, acrescido de juros, na forma
estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e alterações posteriores;
ou

II – transformado em pagamento definitivo, proporcionalmente à exigência do correspondente tributo ou


contribuição, inclusive seus acessórios, quando se tratar de sentença ou decisão favorável à Fazenda
Nacional.

§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal serão debitados à Conta Única do Tesouro
Nacional, em subconta de restituição.

§ 5º A Caixa Econômica Federal manterá controle dos valores depositados ou devolvidos.

Ao passo que a Lei nº 9.703/1998 trata dos depósitos judiciais e extrajudiciais de tributos e
contribuições federais, a Lei Complementar (LC) nº 151/2015, impelida pela sabida crise fiscal
enfrentada pelos estados e municípios, estendeu essa mesma dinâmica aos estados, Distrito Federal e
municípios, os quais podem transferir 70% do valor atualizado dos depósitos judiciais ou extrajudiciais
para a conta do Tesouro.

Lei Complementar nº 151/2015, art. 2º Os depósitos judiciais e administrativos em dinheiro referentes a


processos judiciais ou administrativos, tributários ou não tributários, nos quais o Estado, o Distrito
Federal ou os Municípios sejam parte, deverão ser efetuados em instituição financeira oficial federal,
estadual ou distrital.

Art. 3º A instituição financeira oficial transferirá para a conta única do Tesouro do Estado, do Distrito
Federal ou do Município 70% (setenta por cento) do valor atualizado dos depósitos referentes aos
processos judiciais e administrativos de que trata o art. 2º, bem como os respectivos acessórios.

§ 1º Para implantação do disposto no caputdeste artigo, deverá ser instituído fundo de reserva
destinado a garantir a restituição da parcela transferida ao Tesouro, observados os demais termos
desta Lei Complementar.

§ 2º A instituição financeira oficial tratará de forma segregada os depósitos judiciais e os depósitos


administrativos.

§ 3º O montante dos depósitos judiciais e administrativos não repassado ao Tesouro constituirá o fundo
de reserva referido no § 1o deste artigo, cujo saldo não poderá ser inferior a 30% (trinta por cento) do
total dos depósitos de que trata o art. 2o desta Lei Complementar, acrescidos da remuneração que lhes
foi atribuída.

§ 4º (VETADO).

§ 5º Os valores recolhidos ao fundo de reserva terão remuneração equivalente à taxa referencial do


Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais.

§ 6º Compete à instituição financeira gestora do fundo de reserva de que trata este artigo manter
escrituração individualizada para cada depósito efetuado na forma do art. 2º, discriminando:

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I – o valor total do depósito, acrescido da remuneração que lhe foi originalmente atribuída; e

II – o valor da parcela do depósito mantido na instituição financeira, nos termos do § 3º deste artigo, a
remuneração que lhe foi originalmente atribuída e os rendimentos decorrentes do disposto no § 5º
deste artigo.

Art. 4º A habilitação do ente federado ao recebimento das transferências referidas no art. 3º é


condicionada à apresentação ao órgão jurisdicional responsável pelo julgamento dos litígios aos quais
se refiram os depósitos de termo de compromisso firmado pelo chefe do Poder Executivo que preveja:

I – a manutenção do fundo de reserva na instituição financeira responsável pelo repasse das parcelas
ao Tesouro, observado o disposto no § 3º do art. 3º desta Lei Complementar;

II – a destinação automática ao fundo de reserva do valor correspondente à parcela dos depósitos


judiciais mantida na instituição financeira nos termos do § 3º do art. 3º, condição esta a ser observada
a cada transferência recebida na forma do art. 3º desta Lei Complementar;

III – a autorização para a movimentação do fundo de reserva para os fins do disposto nos arts. 5º e 7º
desta Lei Complementar; e

IV – a recomposição do fundo de reserva pelo ente federado, em até quarenta e oito horas, após
comunicação da instituição financeira, sempre que o seu saldo estiver abaixo dos limites estabelecidos
no § 3º do art. 3º desta Lei Complementar.

Atualmente, as ADIs nºs 5.361 e 5.463 estão em curso perante o Supremo Tribunal Federal (STF)
propostas contra a LC nº 151/2015, ambas sob a relatoria do Min. Celso de Mello.

2. Classificação das receitas

2.1. Quanto à natureza

Em doutrina, costumeiramente se encontra a classificação das receitas públicas, quanto à natureza,


entre ordinárias e extraordinárias, tendo como parâmetro as noções de regularidade ou
periodicidade. Estas seriam aquelas receitas auferidas de forma temporária e excepcional, em
situações específicas. Exemplo disso é o empréstimo compulsório previsto no art. 148, inciso II, da
Constituição Federal de 1988 (CF/1988), recolhido em tempos de guerra externa (ou iminência de),
assim como para atender a demandas decorrentes de calamidade pública.

CF/1988, Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou


sua iminência;

II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o


disposto no art. 150, III, “b”.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à
despesa que fundamentou sua instituição.

As receitas ordinárias, por sua vez, correspondem àquelas que regularmente ingressam no patrimônio
público, em decorrência do regular exercício da atividade financeira do Estado, a fim de satisfazer as
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despesas públicas.

2.2. Quanto à origem

No que toca à origem, as receitas podem ser classificadas em originárias e derivadas. São originárias
aquelas que decorrem do exercício da atividade econômica pelo Estado. É o que ocorre, por exemplo,
com as receitas provenientes de contratos de concessão celebrados com particulares e dos royalties
do petróleo.

Sobre este tema, aliás, oportuno citar que estão pautadas para julgamento pelo plenário do STF, em
abril de 2020, as ADIs nºs 4.917, 4.918, 4.920, 5.038 e 4.916, todas propostas com o fim de questionar
a constitucionalidade das novas regras de distribuição de royalties e participações especiais devidas
pela exploração do petróleo, introduzidas pela Lei Federal nº 12.734/2012.

Já as receitas derivadas são aquelas que derivam do constrangimento legal imposto pelo Estado em
face do particular. Trata-se do clássico caso dos tributos, penas pecuniárias, confisco e reparações
(prêmios) de guerra.

2.3. Quanto à categoria econômica (ou quanto ao motivo de entrada)

Na forma do art. 11 da Lei nº 4.320/1964, a receita pode apresentar outra classificação em duas
modalidades: receita de capital e receita corrente. Essa classificação é a mais importante, a qual
deve ser bem compreendida, uma vez que repercute no tema “despesas públicas”.

Lei nº 4.320/1964, art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas
Correntes e Receitas de Capital.

§ 1º São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária,


industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em
Despesas Correntes.

§ 2º São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de


constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de
Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

§ 3º O superávitdo Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e


despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item de
receita orçamentária.

§ 4º A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:

RECEITAS CORRENTES

RECEITA TRIBUTÁRIA

Impostos.

Taxas.

Contribuições de Melhoria.

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RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES

RECEITA PATRIMONIAL

RECEITA AGROPECUÁRIA

RECEITA INDUSTRIAL

RECEITA DE SERVIÇOS

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

OUTRAS RECEITAS CORRENTES

RECEITAS DE CAPITAL

OPERAÇÕES DE CRÉDITO

ALIENAÇÃO DE BENS

AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS

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