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Material elaborado por Genesis da Silva Honorato

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SUMÁRIO

1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS:................................................................ 3

1.1. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO: ......................................... 3

1.2. FINALIDADES DOS TRIBUTOS: .................................................... 4

2. CONCEITO DE TRIBUTO: ................................................................... 5

2.1. PRETAÇÃO PECUNIÁRIA EM MOEDA (OU EM CUJO VALOR NELA SE


POSSA EXPRIMIR): ................................................................................. 5

2.2. PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA E INSTITUÍDA EM LEI: ....................... 6

2.3. PRESTAÇÃO QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO: ..... 7

2.4. PRESTAÇÃO COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA


PLENAMENTE VINCULADA: ...................................................................... 8

3. NATUREZA JURÍDICA: ....................................................................... 9

4. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS: .................................................................. 10

4.1. IMPOSTOS: ............................................................................... 11

4.2. TAXAS: ..................................................................................... 13

4.2.1. Base de cálculo das taxas: ...................................................... 19

4.2.2. Taxas e Preços públicos:......................................................... 21

4.3. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA: ................................................ 23

4.4. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS: ................................................ 26

4.5. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS: ..................................................... 28

4.5.1. Contribuições Sociais: ............................................................. 31

4.5.2. Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE’s): ... 36

4.5.3. Contribuições Corporativas: .................................................... 39

4.5.4. Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública: .... 41


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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS:

1.1. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO:


A estrutura do Estado necessita sempre da obtenção de recursos para alcançar seus
objetivos. Tem-se, pois, uma atividade meio para alcançar esses recursos.
Os objetivos são elencados na CF no seu Art. 3º.

As receitas públicas podem ser:

ORIGINÁRIAS: originam-se do patrimônio estatal. O Estado se encontra em


igualdade com o particular, sem poder de império, a exemplo de um contrato de locação.
Assim, obtendo recurso deste contrato, o Estado obtém receita originária.

Exploração do patrimônio; ralação horizontalizada.

DERIVADAS: O regime jurídico é de Direito Público. Tem-se não uma relação


horizontalizada, mas sim uma relação verticalizada com o uso do poder de império. O nosso
exemplo aqui é o TRIBUTO. Não há a necessidade de consenso do contribuinte. Cite-se como
outro exemplo a MULTA.

ATENÇÃO: Quando se adentra no período moderno das finanças públicas,


caracterizado pela intervenção do Estado no domínio econômico e social. Sai de cena o
liberalismo. Entra em cartaz o Estado do Bem-Estar Social (Welfare State). Precisando intervir,
o Estado passa a perceber que dispunha de uma poderosa arma em suas mãos: o
tributo.

CUIDADO: Quando falamos da atividade financeira do Estado para obtenção dos


recursos e que a maioria das receitas derivadas são oriundas dos tributos, parece nos dizer
que o tributo tem finalidade meramente arrecadatória. Todavia, a finalidade do tributo pode
ser primordialmente FISCAL (arrecadatória), mas também pode ser EXTRAFISCAL. O tributo
não é, pois, neutro, sempre tem outras consequências que vão além das arrecadatórias.
Assim, temos o nosso próximo ponto:
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1.2. FINALIDADES DOS TRIBUTOS:


A finalidade do tributo pode ser:

• FISCAL: Finalidade arrecadatória.

• EXTRAFISCAL: visa precipuamente intervir em alguma situação social ou


econômica.
Na CF temos a previsão do Art. 153, §4º sobre o ITR. Fica claro que a finalidade do
ITR é a de desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a


desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;

II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando


as explore o proprietário que não possua outro imóvel;

III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na


forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer
outra forma de renúncia fiscal.

A progressividade do ITR leva em consideração o grau de utilização e a área do


imóvel.

OBS: Quando se usa o tributo com finalidade extrafiscal, por muitas vezes acontece
de haver prejuízos em determinados setores. Diante disso, muitas vezes o judiciário é
demandado a se pronunciar quanto ao dever do Estado de indenizar o prejuízo pela atuação
estatal. O STF, entretanto, decidiu que não há a responsabilidade do Estado nesses casos,
pois age em conformidade com o seu papel designado pelo próprio poder constituinte.

ATENÇÃO: É possível encontrar aspectos fiscais nos tributos extrafiscais, bem como
também é possível encontrar aspectos extrafiscais nos tributos marcantemente fiscais, a
exemplo claro do imposto de renda (que é claramente arrecadatório, mas também acaba
redistribuindo renda).
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• PARAFISCAL: Tem-se uma função primordial de arrecadação (fiscal). O que muda


aqui é o destino da arrecadação. No conceito clássico, tinha-se o ente político
que cria o tributo e que delegava a outra pessoa de direito público a competência
para fiscalizar e cobrar (capacidade tributária ativa) e, como consequência,
essa entidade ficaria com a arrecadação para aplicar em finalidades de direito
público. O exemplo clássico era o INSS (que cobrava algumas contribuições e ficava
com o destino da arrecadação). Agora, entretanto, no conceito moderno, apenas
o destino da arrecadação é para outra pessoa. Ou seja, não seria necessária a
delegação da capacidade tributária ativa para existir para fiscalidade,
mas apenas a destinação.

2. CONCEITO DE TRIBUTO:
Meus, caros, devemos nos dedicar ao Art. 3º do CTN (LEIA VÁRIAS VEZES). Vamos
decorar este artigo e ver o detalhamento doutrinário e jurisprudencial.
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.

2.1. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA EM MOEDA (OU EM CUJO VALOR NELA SE


POSSA EXPRIMIR):
O CTN foi redundante quando à prestação pecuniária em moeda. Mas com isso deixou
claro que não é possível os chamados tributos in natura ou em labor. Assim, a finalidade da
parte que diz “em cujo valor nela se possa exprimir” seria a de permitir a utilização dos
INDEXADORES DE MOEDA.
Em épocas de alta inflação, se fosse fixado o tributo apenas em Reais, a cada dia o
tributo aumentaria substancialmente e assim ficaria inviável qualquer pagamento por parte
do contribuinte. Assim, colocava-se o valor devir em UFIR, fazendo-se um cálculo simples e
pagava-se o tributo.
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CUIDADO: O tributo não se confunde com a sua forma de quitação. Assim, é possível
o pagamento do tributo mediante dação de pagamento de bem imóvel. Assim, na entrega ao
Estado de outra coisa que não seja dinheiro na quitação do tributo, deve haver permissão no
CTN, conforme o Art. 141.
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se
modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída,
nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser
dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei,
a sua efetivação ou as respectivas garantias.
Assim, desde a LC 104/2001, é permitida a dação de bens imóveis, conforme a
legislação de cada ente federado.
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e
condições estabelecidas em lei.

No julgamento do mérito da ADI 1.917 (Pleno, rei. Min. Ricardo Lewandowski, j.


26.04.2007, D) 24.08.2007, p. 22), o STF reafirmou seu entendimento relativo à
inconstitucionalidade da previsão, em lei local, de extinção do crédito tributário mediante
dação em pagamento de bens móveis, só que desta feita apenas em virtude da reserva
de lei federal para estipular regras gerais de licitação (se um ente recebe em pagamento um
bem, está, na prática, adquirindo tal bem sem licitação). Repise-se que a dação em
pagamento em bens imóveis somente é possível porque está prevista em lei nacional (o CTN).

2.2. PRESTAÇÃO COMPULSÓRIA E INSTITUÍDA EM LEI:

Não há, aqui, manifestação de vontade como existe no contrato. Aqui, a obrigação é
ex lege, compulsória.

ATENÇÃO: Em razão da ausência de compulsoriedade se entendeu que a contribuição


sindical deixou de ser tributo desde a reforma trabalhista.
O STF, inclusive, decidiu constitucional essa alteração na CLT, deixando, portanto, a
contribuição de ser tributo. A suprema corte decidiu assim na ADI 5794 e ADC 55.
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Meus caros, vamos agora para um ponto de extrema importância...

#ATENÇÃO: LEI ORDINÁRIA E EXCEÇÕES:


A prestação instituída em LEI, em tese, é instituída em LEI ORDINÁRIA.
Todavia, temos 4 exceções em que vamos precisar de LEI COMPLEMENTAR: São:

a) Empréstimo compulsórios;
b) Impostos residuais;
c) Contribuições residuais;
d) Imposto sobre grandes fortunas.

Nestes casos, é preciso LEI COMPLEMENTAR, inviabilizando o uso de Medidas


Provisórias.

2.3. PRESTAÇÃO QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO POR ATO ILÍCITO:

Essa característica diferencia o tributo da multa, pois esta sempre tem por fato
gerador algum comportamento contrário ao Direito. Já o tributo tem como fato gerador um
comportamento lícito (conduta compatível com o Direito).

#ATENÇÃO: PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO:


A CF traz o princípio do Não Confisco. Não se pode utilizar o tributo com efeito de
confisco.
Algumas bancas já perguntaram a relação entre o conceito de tributo e a vedação ao
confisco.
De acordo com a CF apenas em alguns casos é possível confiscar algo de alguém.
Estas situações são sempre ilícitas e, portanto, não é possível conceber o tributo com efeito
de confisco, pois decorre de sua própria definição que não constitui sanção por ato ilícito.
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#ATENÇÃO: RENDA ORIUNDA DO TRÁFICO:


Devemos lembrar que o fato gerador do tributo é sempre algo lícito. Todavia, o fato
gerador pode decorrer da prática de ato ilícito.
O STF julgou caso relativo à trafico de entorpecentes em que o fisco cobrou dos
rendimentos decorrentes dessa atividade ilícita.
Alguns entendem que o Estado, ao tributar rendimentos oriundos de atividades
criminosas, estaria se associando ao crime e obtendo, imoralmente, recursos de uma
atividade que ele mesmo proíbe. Entretanto, seria injusto cobrar imposto daquele que
trabalha honestamente e conceder uma verdadeira "imunidade" ao criminoso. Nessa linha de
raciocínio, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar um caso sobre tráfico ilícito de
entorpecentes, entendeu que, antes de ser agressiva à moralidade, a tributação do resultado
econômico de tais atividades é decorrência do princípio da isonomia fiscal, de manifesta
inspiração ética (Habeas Corpus 77.530-4/RS). Esta possibilidade é conhecida na doutrina
como princípio do pecunia non olet (dinheiro não cheira).
Não importa se o fato que originou a renda é ilícito, mas o que está previsto em lei
(fato gerador) é algo lícito.
Este princípio já foi aplicado em outros casos na jurisprudência.

2.4. PRESTAÇÃO COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA


PLENAMENTE VINCULADA:
Temos que ter cuidado, pois a expressão “vinculado” tem mais de um sentido em
Direito Tributário.
O primeiro é justamente o que se encontra no Art. 3º do CTN.
Pelo que dispõe o artigo citado, a atividade plenamente vinculada diz respeito ao
oposto quanto à discricionariedade.
Assim, tem-se uma cobrança vinculada. Deve ser feita a cobrança independentemente
de qualquer juízo de discricionariedade. Não há margem de escolha dada ao fiscal para
cobrança.

O segundo sentido da expressão “vinculado” seria relativo ao fato gerador e o


terceiro seria relacionado ao destino da arrecadação.
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#ATENÇÃO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FGTS:


O STJ recebeu uma questão sobre prazo prescricional. O tribunal entendeu que a
contribuição não era tributo levando em consideração não o disposto na Art. 3º do CTN, mas
sim o Art. 9º da Lei 4.320/64.
Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito
público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos
termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira,
destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais
ou especificas exercidas por essas entidades.

Assim, o STJ considerou a FINALIDADE da contribuição e, considerando a parte final


deste dispositivo, verificou que a contribuição ao FGTS o dinheiro se destinaria ao
TRABALHADOR e assim não teria natureza tributária.
Dessa forma a Súmula 353 do STJ:
"As disposições do Código Tributário Nacional não se
aplicam às contribuições para o FGTS"

Todavia, malgrado toda a intepretação do STJ, o STF entendeu que, por ser oriundo
do contrato de trabalho, a prescrição não poderia ser a de 30 anos como na decisão do STJ,
mas de 5 anos tendo com base a própria CF/88.
Mas cuidado! A súmula do STJ continua válida.

Nos demais casos, devemos fazer o teste do Art. 3º do CTN para então determinar se
é ou não tributo. Feito isso, precisamos saber QUAL é o tributo.

O CTN traz a primeira regra para se saber qual é o tributo:

3. NATUREZA JURÍDICA:
Assim dispõe o CTN:

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo


fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para
qualificá-la:
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I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Assim, o CTN elege como extremamente relevante o FATO GERADOR.


O CTN usou a sistemática da prestação vinculada ou não. Ou seja, aqui devemos
observar se o fato gerador é vinculado ou não.
No tributo vinculado, o fato é do Estado (ele presta algo), enquanto no tributo não
vinculado o fato é isolado do contribuinte, ou seja, o Estado nada faz para ele.
Diante dessa sistemática adotada pelo CTN, temos 3 grandes exações: Imposto, Taxa
e Contribuições de melhoria. Isso por ter sido redigido sob a égide da teoria da tripartição.
Todavia, esta teoria não mais atende as necessidades estatais e na própria CF temos outras
modalidades de tributos que não se confundem com as 3 anteriores. Assim, superamos a
tripartição e passamos para a teoria da pentapartição (adotada no STF).
Mas, com a teoria da pentapartição, o critério do Art. 4º do CTN não consegue mais
se aplicar a todos os tributos existentes. No STF, com a adoção da pentapartição, ganha
relevância o destino da arrecadação.

Assim, para a natureza jurídica dos empréstimos compulsórios e as contribuições


especiais, não se aplica o Art. 4º do CTN.

Meus caros, tenham cuidado, entretanto, naquelas questões legalistas que repetem
apenas o Art. 4º do CTN sem se referir de forma mais elaborada à teoria da pentapartição
ou ao posicionamento do STF.

4. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS:
Assim, teríamos:

a) Impostos;
b) Taxas;
c) Contribuição de melhoria;
d) Empréstimos compulsórios; e
e) Contribuições Especiais.
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4.1. IMPOSTOS:

Como já dito, eles têm a característica principal ter um fato gerador não vinculado.
Conforme o Art. 16 do CTN:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte.

O fato gerador do Imposto é, portanto, uma manifestação de riqueza por parte


do contribuinte.
Perceba que não há fato do Estado, mas sim apenas do contribuinte.

OBS: Além de ser não vinculado quanto ao fato gerador, também não é vinculado
quanto à finalidade (em regra). A própria CF assim estabelece:
Art. 167. São vedados:
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de
atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação
de garantias às operações de crédito por antecipação de receita,
previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo.

Isso para que o administrador possa ter liberdade quanto a utilização do que foi
arrecado.

ATENÇÃO: Temos um importante julgado sobre o fundo de participação. Discutia-se


se o Estado (na constituição estadual) poderia destinar de forma vinculada parte do fundo de
participação para uma finalidade específica. O STF entendeu que não é possível a vinculação
por violação ao dispositivo citado, mesmo que já no fundo de participação (ADI 553/RJ).
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• BASE DE CÁLCULO: Se o fato gerador é uma manifestação de riqueza, temos que


a base de cálculo é uma grandeza que quantifica riqueza.

• COMPETÊNCIA: É privativa e indelegável. Não se pode delegar expressa ou


tacitamente. Assim, se o ente competente não exerce sua competência, o tributo
não existe.
Nos impostos, a própria CF listou os existentes (lembrando que para a União este rol
não taxativo):

União: II, IE, IOF, IPI, IR, ITR e IGF (Art. 153, CF)
Estados: ITCMD, ICMS e IPVA (Art. 155, CF)
Municípios: IPTU, ISS e ITBI (Art. 156, CF).

ATENÇÃO: O DF, por não poder ser dividido em municípios, recebe da CF a


competência para instituir os tributos atribuídos aos Estados e aos Municípios.

CUIDADO: Esse rol só exaustivo para os Estados, Municípios e DF. A União detém as
competências residual e extraordinária.

• COMPETÊNCIA RESIDUAL: Competência da União para criação dos impostos


residuais. Conforme o Art. 154, CF:

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no


artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;

São, portanto, requisitos:


a) Lei complementar;
b) Fato gerador e base de cálculo não sejam próprios dos já discriminados;
c) Não-cumulativo.
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OBS: Por não cumulativo, entende-se a técnica de não tributar cada etapa da cadeia
produtiva.

• COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA: Nestes casos estamos diante da situação


do Art. 154, II da CF:
Art. 154. A União poderá instituir:
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.

Deve-se ter cuidado com a exceção prevista neste inciso, pois aqui temos uma
previsão constitucional de uma possibilidade de bitributação (o que seria evitado
pelo rol do Art. 153).
Trata-se claramente de situação excepcional.

ATENÇÃO: Não há necessidade de observar os requisitos do inciso anterior


(competência residual). Assim, não é necessário observar a não cumulação.

4.2. TAXAS:
Lembremos que é um tributo vinculado por excelência. Assim, o Estado presta algo
e o contribuinte recolhe a taxa.
Conforme a CF:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

Percebam que temos 2 fatos geradores da taxa:


a) Exercício do poder de polícia; e
b) Serviço público específico e divisível.
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Diante disso, temos 2 tipos de taxas:

A) TAXA DE POLÍCIA:
Aqui, extremamente relevante é o conceito estabelecido pelo CTN sobre poder de
polícia:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.

O poder de polícia é aquele que a administração pública dispõe para restringir alguns
direitos individuais de cada particular, tendo em vista os interesses coletivos.
O exercício do poder de polícia consiste numa fiscalização concreta. O Estado
exercendo o poder de polícia, pouco importando alguma providência positiva.

ATENÇÃO: A taxa é pelo EXERCÍCIO do poder de polícia, ou seja, é necessária a


fiscalização em concreto.

Como exemplo dessas taxas temos:


a) Taxa de alvará (ou de localização);
b) Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental;
c) Taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários.

Sobre esta última, destaque-se a Súmula 665 do STF:


É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de
títulos e valores mobiliários instituída pela Lei
7.940/1989.
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Há também a taxa de fiscalização de anúncios, que visa a custear a fiscalização das


atividades publicitárias dentro do município.
Já faz um tempo que o STF considerou constitucional esse tipo de taxa, conforme
precedente que apresento:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. TAXA DE
FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS - TFA. TAXA DE FISCALIZAÇÃO,
LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO - TFLF. ALEGADA OFENSA AO ART.
145, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE. EFETIVO
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. Este Tribunal
decidiu pela constitucionalidade da cobrança da Taxa de
Fiscalização de Anúncios - TFA e da Taxa de Fiscalização,
Localização e Funcionamento TFLF, ambas do Município de Belo
Horizonte, por entender que são exigidas com fundamento no
efetivo exercício do poder de polícia pelo ente municipal. 2.
Firmou-se, ainda, o entendimento de que não há identidade entre a
base de cálculo das referidas taxas com a do IPTU, situação que não
viola a vedação prevista no disposto no artigo 145, § 2º, da
Constituição do Brasil. 3. Assentada a efetividade do exercício do poder
de polícia para a cobrança das taxas em questão, para que se pudesse
dissentir dessa orientação seria necessário o reexame de fatos e
provas, circunstância que impede a admissão do extraordinário ante o
óbice da Súmula n. 279 do STF. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STF, Segunda Turma, AI 618.150-AgR/MG, Rel. Min. Eros
Grau, Julgamento em 13/03/2007)

ATENÇÃO: O STF entende que a existência de órgão administrativo constitui elemento


para se concluir que houve o efetivo exercício do poder de polícia:

O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do


poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e
divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço
público. A regularidade do exercício do poder de polícia é
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imprescindível para a cobrança da taxa de localização e


fiscalização. À luz da jurisprudência deste STF, a existência do
órgão administrativo não é condição para o reconhecimento
da constitucionalidade da cobrança da taxa de localização e
fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para
se inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido
constitucionalmente. É constitucional taxa de renovação de
funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o
exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de
órgão e estrutura competentes para o respectivo exercício, tal
como verificado na espécie quanto ao Município de Porto Velho/RO."
(STF, Pleno, RE 588.322, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em
16/06/2010, Com Repercussão Geral.)

No mesmo sentido:
EMENTA: TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO.
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. ART. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO.
- Ausência de prequestionamento - fundamento suficiente, que não
restou impugnado pela agravante. - A cobrança da taxa de
localização e funcionamento, pelo Município de São Paulo,
prescinde da efetiva comprovação da atividade fiscalizadora,
diante da notoriedade do exercício do poder de polícia pelo
aparato administrativo dessa municipalidade. Precedentes. -
Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, 1ª Turma, RE
222.252-AgR/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgado em 16/04/2001, com
repercussão geral.)

B) TAXA DE SERVIÇO:
São criadas para custear serviços públicos prestados pelo poder público à população
em geral. O contribuinte não poderá fazer opção por não receber determinada prestação de
serviço estatal.
Por outro lado, o Estado pode ou não optar por tributar determinado serviço
(dependendo de uma lei para instituir a respectiva taxa) que se enquadre na definição do
CTN.
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Conforme o Art. 79 do CTN:

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:

I - UTILIZADOS PELO CONTRIBUINTE:

a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam


postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento;

II - ESPECÍFICOS, quando possam ser destacados em unidades


autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;

III- DIVISÍVEIS, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por


parte de cada um dos seus usuários.

ATENÇÃO: O que deve ser gravado é que a disponibilização do serviço deve ser
efetiva, e o que pode ser potencial ou efetivo é a utilização por parte do contribuinte.
Assim, cuidado: A disponibilização do serviço deve acontecer para que haja a
cobrança. Contudo, segundo o STF (RE 588.322), a prestação pode ser potencial – ou a
utilização, sob a ótica do contribuinte.

Ponto importante é saber que os serviços devem ser específicos e divisíveis. Vejamos
o que isso significa (MUITO IMPORTANTE):
ESPECÍFICOS DIVISÍVEIS

significa que podem ser destacados quando suscetíveis de utilização,


em unidades autônomas de separadamente, por cada um de
intervenção, de unidade, ou de seus usuários. Podemos dizer que
necessidades públicas. Segundo a tais serviços trazem benefícios
doutrina, são aqueles serviços individuais a cada usuário. São
prestados singularmente a serviços dirigidos a determinadas
determinado usuário. pessoas.

Aqui, o usuário consegue identificar


exatamente o serviço que lhe está
sendo prestado.
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Meus caros, devemos ter em mente que as taxas só podem custear serviços específicos
e divisíveis, que também podem ser chamados de UTI SINGULI (A nomenclatura é muito
difundida e pode aparecer em prova sem o respectivo significado, ou seja, saiba o que é).
Assim, conforme o STF, o serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa. Nesse sentido a súmula vinculante 41:
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa.

Outro serviço que não pode ser remunerado por taxa é a segurança pública. Segundo
o STF, (ADI 1.942-MC, Rel. Min. Moreira Alves):
Sendo a segurança pública, dever do Estado e direito de todos,
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através, entre outras, da Polícia Militar, essa
atividade do Estado só pode ser sustentada pelos impostos, e não por
taxa.

Em 2017, no RE 643.247/SP, o STF julgou inconstitucional lei municipal que instituiu


taxa pela utilização efetiva ou potencial dos serviços municipais de assistência, combate e
extinção de incêndios. Ficou decidido que o Município não poderia substituir o Estado, por
meio da criação de um tributo específico para esse fim e que o serviço a que se refere a lei
municipal é INDIVISÍVEL.

Ressalte-se que o serviço de limpeza pública também não pode ser remunerado por
taxa. Mas cuidado, pois quando nos referimos à limpeza pública, estamos tratando de
atividades como varrição, lavagem, capinação etc. Repare que a coleta domiciliar de lixo
não está incluída nesse rol.
A coleta domiciliar de lixo, por outro lado, pode ser remunerada por taxa. Vejamos a
súmula vinculante 19:
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação
de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o
artigo 145, II, da Constituição Federal
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
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De acordo com o STF, tal atividade (coleta domiciliar de lixo) só pode ser custeada
pelas taxas se for completamente dissociada de outros serviços públicos realizados em favor
da coletividade.

Por último, devemos destacar que as custas judiciais e os emolumentos concernentes


aos serviços notariais e registrais são considerados taxas de serviço, de acordo com o
entendimento do STF.

4.2.1. Base de cálculo das taxas:


Meus caros, prestem atenção nesse ponto, pois temos cobranças repetidas sobre este
tema. Vamos lá!
Só lembrando que a chamada BASE DE CÁLCULO consiste em um critério abstrato
para medir os fatos tributário que, conjugado à alíquota, permita obter a dívida tributária.
No que se refere às taxas, a base de cálculo deve ser utilizada para permitir que o
ente federado encontre um valor que satisfaça apenas as despesas que ele teve com
a prestação dos serviços. Caso contrário, haveria enriquecimento sem causa por parte do
Estado.
O STF já entendeu que:
Taxa de Licença de Localização e de Funcionamento. Base de cálculo.
Número de empregados. Inconstitucionalidade. A Corte adota
entendimento no sentido da inconstitucionalidade da cobrança da
Taxa de Licença de Localização e de Funcionamento pelos
municípios quando utilizado como base de cálculo o número de
empregados (STF, Primeira Turma, RE 614.246-AgR/SP, Rel.
Min. Dias Toffoli, Julgamento em 07/02/2012)

Nesse contexto, se o legislador criar um tributo e denominá-lo taxa, mas, em sua base
de cálculo, inserir uma grandeza que não tenha a ver com qualquer atividade estatal relativa
ao contribuinte, estará na verdade criando um “imposto disfarçado”.
É por isso que a nossa Constituição Federal proibiu a IDENTIDADE entre a base de
cálculo de uma taxa e de um imposto (Art. 145, §2º).
Nesse sentido é a súmula 595 do STF:
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É inconstitucional a taxa municipal de conservação de


estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à
do Imposto Territorial Rural

ATENÇÃO: SÚMULA VINCULANTE 29 (IMPORTANTÍSSIMO!):


Atualmente, o STF possui o entendimento de que é possível que a taxa seja calculada
sobre um ou mais elementos da base de cálculo de um imposto, desde que não haja
identidade entre uma base e outra.
É o teor da súmula vinculante 29:
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de
um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

Nesse mesmo sentido, o RE 232.393/SP:


O fato de a alíquota da referida taxa variar em função da metragem
da área construída do imóvel – que constitui apenas um dos
elementos que integram a base de cálculo do IPTU – não implica
identidade com a base de cálculo do IPTU, afastando-se a alegada
ofensa ao art. 145, § 2º, da CF.

Ainda, é importante que se observe que o CTN acrescentou outro detalhe, dizendo que
as taxas não podem ser calculadas em função do CAPITAL SOCIAL DAS EMPRESAS (Art. 77,
§único):
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em
função do capital das empresas.

Cuidado, entretanto, pois o capital das empresas não pode ser utilizado como base de
cálculo, mas pode ser um fator de referência para calcular um valor fixo de taxa (é o que faz
a Lei 7.940/89).

Prosseguindo, o STF editou a súmula 667 que diz:


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Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a


taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da
causa.

Lembre-se sempre da correspondência entre o valor cobrado a título de taxa e o custo


da atividade prestada ao contribuinte. Vejamos julgado do STF:
Taxa: correspondência entre o valor exigido e o custo da atividade
estatal. A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder
Público, não superar a relação de razoável equivalência que
deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao
contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada
contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos
pertinentes às alíquotas e à base de cálculo fixadas em lei. Se o valor
da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço prestado
ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a
uma situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa
relação de equivalência entre os fatores referidos (o custo real do
serviço, de um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro),
configurar-se-á, então, quanto a essa modalidade de tributo,
hipótese de ofensa à cláusula vedatória inscrita no art. 150,
IV, da CF. Jurisprudência. Doutrina (STF, Plenário, ADI 2.551, Rel.
Min. Celso de Mello, Julgamento em 02/04/2003).

4.2.2. Taxas e Preços públicos:


Vamos rapidamente fazer uma tabela para demonstrar a diferença e apontar alguns
pontos de jurisprudência:
TAXA PREÇO PÚBLICO (TARIFA)

Possui natureza tributária Não possui natureza tributária

Decorre de Lei Decorre de contrato administrativo

Não há manifestação de vontade Há manifestação de vontade

Caráter compulsório Caráter facultativo

Regime jurídico de direito público Regime jurídico de direito privado


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Cobrada por pessoa jurídica de direito Cobrada por PJ de direito público e


público provado

Receita derivada Receita originária.

Como exemplo de tarifas temos os serviços de energia elétrica e o de água e esgoto.


Inclusive, já disse o STF tempos atrás:
EMENTA: (...) A tarifa de energia elétrica não é considerada de
natureza tributária. Sendo assim, o prazo prescricional é vintenário
(STJ, REsp 30.847/SP, Rel. Min. Helio Mosimann, Julgamento em
02/10/1995).

Num precedente mais “atual” disse:


EMENTA: ÁGUA E ESGOTO – TARIFA VERSUS TAXA. A jurisprudência
do Supremo é no sentido de haver, relativamente ao fornecimento
de água e tratamento de esgoto, o envolvimento de tarifa e
não de taxa (STF, AI 753.964-AgR/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio,
15/10/2013).

Meus caros amigos, o STF também tem uma súmula mais antiga que diferencia os
preços públicos das taxas. Acho interessante ter conhecimento dela tendo em vista que
podem aparecer questões objetivas cobrando a sua redação. Trata-se da súmula 545. Veja:
Preços de serviços públicos e taxas não se confundem,
porque estas, diferentemente daqueles, são
compulsórias e tem sua cobrança condicionada a prévia
autorização orçamentária, em relação a lei que as
instituiu.

Cuidado pelo amor de Deus! Atualmente, a cobrança de tributo não está condicionada
a prévia autorização orçamentária, em relação a lei que o tenha instituído. Ok?

UFA! Taxas já foi. Vamos para a próxima espécie tributária:


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4.3. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA:


São tributos que surgem com a realização de uma obra pública da qual decorra
valorização imobiliária aos contribuintes. O motivo é evitar que haja enriquecimento de
um determinado número de pessoas às custas da coletividade.
Conforme a Constituição:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:
III - CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA, DECORRENTE DE OBRAS
PÚBLICAS.

Percebam, portanto, que é um tributo de competência comum, assim como a taxa.

ATENÇÃO: Temos duas normas ditando regras gerais sobre essa espécie tributária:
o CTN e o Decreto-Lei 195/67. Este decreto é posterior ao CTN, mas o STJ não considera
revogados tais dispositivos do CTN, devendo ser interpretados de modo complementar um
ao outro.

Dito isso, dispõe o CTN:


Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total
a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que
da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Veja que se a obra pública não gerar valorização imobiliária, não há justificativa para
cobrança do tributo. Portanto, devemos gravar que o fato gerador é a valorização
imobiliária, e não a obra pública em si. O decreto 195 dispõe que:
Art. 1º A Contribuição de Melhoria, prevista na Constituição Federal
tem como fato gerador o ACRÉSCIMO DO VALOR DO IMÓVEL
localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras
públicas.
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Quanto aos limites da contribuição, o limite total se refere ao valor máximo que pode
ser arrecadado a título de contribuição de melhoria. O CTN estabeleceu como limite o valor
total gasto com a obra. Como limite individual, foi estabelecido o valor que corresponde à
valorização que a obra pública gerou para cada particular.
Existem obras que são previstas como ensejadoras da cobrança de contribuições de
melhoria. Conforme o Art. 2º do DL 195/67:
Art 2º Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização
de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das
seguintes obras públicas:
I - abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização,
esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;
II - construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes,
túneis e viadutos;
III - construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive
tôdas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;
IV - serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos,
instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações
em geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e
instalações de comodidade pública;
V - proteção contra sêcas, inundações, erosão, ressacas, e de
saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de
barras, portos e canais, retificação e regularização de cursos d’água e
irrigação;
VI - construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e
melhoramento de estradas de rodagem;
VII - construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;
VIII - aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive
desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.

Importante que se saiba que o STF, no RE 116.148/SP, entendeu que o MERO


RECAPEAMENTO de via pública já asfaltada não justifica a cobrança do tributo.
Apenas a realização de uma nova pavimentação seria capaz de ensejar a cobrança da
contribuição de melhoria, se houvesse valorização imobiliária.
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A respeito da lei instituidora da contribuição de melhoria, o Art. 82 do CTN dispõe


sobre seus requisitos mínimos:
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes
requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela
contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para
toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação
pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso
anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e
julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem
prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio
da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I,
pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos
fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá
ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de
seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

Por fim, importante destacar ainda que o tributo não pode ser cobrado antes da
realização da obra pública, já que é a consequência dela que justificaria a cobrança
tributária. Contudo, nada impede a instituição do tributo após o término de parte da obra, se
já houver resultado em valorização imobiliária para o contribuinte.

Enfim, passemos para próxima espécie... #Força!


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4.4. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS:


Meus caros, sobre esta espécie tributária temos uma antiga celeuma sobre sua
natureza tributária ou não, chegando o STF até a entender que não seriam tributos. Mas isso
não importa muito, pois hoje está muito claro que SÃO TRIBUTOS.
Uma indagação que pode aparecer em uma eventual prova oral (imagino aqui um
examinador canalha que gosta de ver o candidato se tremer) é sobre a questão da restituição.
Ou seja, poderiam ser tributos mesmo tendo que ser devolvidos posteriormente?
O que você deve saber é que o conceito de tributo (Art. 3º, CTN) nada trata sobre a
necessidade de que a receita seja definitiva ou nada impõe sobre restrição para que se
devolva o que foi cobrado, portanto isso em nada influencia a caracterização como tributo do
empréstimo compulsório. É nesse sentido a jurisprudência (RE 146.733-9/SP e RE
138.284/CE).

Destaque importante é que devem ser instituídos por lei complementar. Isso implica
também que não podem ser instituídos por medida provisória.
Além disso, somente a UNIÃO pode instituí-los. Portanto, são tributos de competência
exclusiva da União.
Diz a CF:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição.

Há, portanto, 3 pressupostos fáticos ou situações autorizadoras que justificam a


cobrança de um empréstimo compulsório:
a) Despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública;
b) despesas extraordinárias decorrentes de guerra externa ou sua
iminência;
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
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c) investimentos públicos de caráter urgente e de relevante interesse


nacional.

O professor SACHA CALMON diz que despesas extraordinárias são aquelas


absolutamente necessárias, após esgotados os fundos públicos inclusive os de contingência.
Vale dizer, a inanição do Tesouro há de ser comprovada.

ATENÇÃO: CONJUNTURA QUE EXIJA A ABSORÇÃO TEMPORÁRIA DE PODER


AQUISITIVO:
O CTN, no Art. 15, inciso III menciona ainda outra possibilidade para a instituição do
referido tributo, que é a conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Saiba que esse inciso não foi recepcionado pela Magna Carta, devendo ser consideradas
incorretas as questões que mencionem tal hipótese.
Assim, hoje, os empréstimos compulsórios não podem ser instituídos com base no
pressuposto fático de “conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo” e só
pode ser instituído por meio de lei complementar e nunca por medidas provisórias.

Meus caros, cuidado também para não confundir esses pressupostos como sendo os
fatos geradores dos empréstimos compulsórios. Esses pressupostos NÃO SÃO OS FATOS
GERADORES! O fato gerador é deixado a critério do legislador.

Por fim, cabe mencionar o Art. 148, §único da CF:


Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição.

Assim, veja que os empréstimos compulsórios são tributos de arrecadação


vinculada. Contudo, isso não quer dizer que eles necessariamente sejam tributos vinculados
(pois a escolha do fato gerador fica a cargo do legislador).
Além disso, o parágrafo único do art. 15 do CTN exige que a lei instituidora do
tributo fixe o prazo do empréstimo e as condições de resgate. Ressalte-se que o STF
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
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possui entendimento no sentido de que a restituição deve ser efetuada na mesma


espécie do que foi recolhido (RE 175.385/CE).

É isso, meu caros. Vamos para mais uma espécie. #FocoNaMatériaChata.

4.5. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS:


Por se tratarem de tributos de arrecadação vinculada (também denominados tributos
finalísticos), o destino do que foi arrecadado é um critério relevante para definir de que tributo
estamos tratando. Portanto, a análise do fato gerador é insuficiente para determinar a
natureza jurídica das contribuições especiais.

ATENÇÃO: NOMENCLATURA:
Alguns autores referem-se a essas contribuições como “contribuições parafiscais”.
tributos parafiscais são aqueles instituídos por uma pessoa política (a União, por exemplo) e
arrecadados e fiscalizados por outra pessoa jurídica. Em alguns casos, tais entidades
parafiscais nem mesmo arrecadam e fiscalizam os tributos, mas ficam apenas com o destino
da arrecadação.
Cuidado, pois encontramos questões de prova utilizando as duas nomenclaturas.

Prossigamos...
Conforme aponta o Art. 149 da CF (UM DOS MAIS COBRADOS):
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, de INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO e de INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU
ECONÔMICAS, como instrumento de sua atuação nas respectivas
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições
a que alude o dispositivo.

Há uma exceção que permite aos Estados, DF e municípios instituírem contribuições


especiais (Art. 149, §1º - ATENÇÃO PARA NOVIDADE DE 2019):
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§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão,


por meio de lei, CONTRIBUIÇÕES PARA CUSTEIO DE REGIME
PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL, cobradas dos servidores
ATIVOS, dos APOSENTADOS e dos PENSIONISTAS, que poderão ter
alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de
pensões.
§ 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos
aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos
de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo.

§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para


equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição
extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos
aposentados e dos pensionistas.

§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser


instituída simultaneamente com outras medidas para equacionamento
do deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua
instituição.

O STF tem entendimento de que a expressão “regime previdenciário” não abrange a


prestação de serviços médicos, hospitalares, odontológicos e farmacêuticos (RE 573.540).

Há também a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Essa


contribuição foi permitida com a EC 39/2002, e a competência para instituí-la é do Distrito
Federal e dos Municípios.
Vejamos a seguinte tabela:
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
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Conforme o STF, as contribuições sociais são assim divididas:

a) Contribuições da seguridade social;


b) Outras contribuições sociais; e
c) Contribuições sociais gerais.

Meus caros, MUITA ATENÇÃO para o que diz o Art. 149, §2º da CF:
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico de que trata o caput deste artigo:

I - NÃO INCIDIRÃO sobre as receitas decorrentes de exportação;


II - INCIDIRÃO também sobre a importação de produtos estrangeiros
ou serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) AD VALOREM, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o
valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) ESPECÍFICA, tendo por base a unidade de medida adotada.

As alíquotas ad valorem são aquelas em que se aplica um percentual sobre o valor a


ser tributado (por exemplo, 10% sobre R$ 500,00). As alíquotas específicas são diferentes e
menos usuais. Elas tomam por base a unidade de medida adotada. Por exemplo, R$ 1,00 de
tributo a cada maço de cigarro.
Prossegue ainda o Art. 149:
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá
ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
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§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma


única vez.

4.5.1. Contribuições Sociais:


Aqui temos uma divisão:

a) Contribuição para seguridade social;


b) Contribuições gerais; e
c) Outras contribuições.

4.5.1.1. Contribuições da seguridade social:


Como não poderia ser diferente, têm por objetivo carrear recursos para seguridade
social.
Lembre-se que a seguridade social compreende a saúde, previdência e assistência
social. As regras dessas contribuições estão inseridas no capítulo da Constituição que trata
especificamente da seguridade social. Elas poderão incidir sobre várias bases econômicas
como: receita ou faturamento (COFINS); lucro (CSLL); importação de bens ou serviços do
exterior (PIS /PASEP-Importação e COFINS-Importação.

Conforme o Art. 195 da CF:


Art. 195. A SEGURIDADE SOCIAL será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
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II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência


social, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo
com o valor do salário de contribuição, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
Regime Geral de Previdência Social; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a
ele equiparar.

Atenção ao que diz o inciso II, pois modificado pela EC 103/19. Nesse sentido, o STF
ficou tese em repercussão geral no seguinte sentido: “É constitucional, formal e
materialmente, a contribuição social do segurado especial prevista no art. 25 da
Lei 8.212/1991”
Atente-se ainda para os parágrafos do Art. 195:
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos,
não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de
forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência
social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada
área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social,
como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público
nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser
criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo SÓ PODERÃO
SER EXIGIDAS APÓS DECORRIDOS NOVENTA DIAS DA DATA
DA PUBLICAÇÃO DA LEI QUE AS HOUVER INSTITUÍDO OU
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MODIFICADO, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,


III, "b".
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput


deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra,
do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de
cálculo diferenciadas APENAS NO CASO DAS ALÍNEAS "B" E
"C" DO INCISO I DO CAPUT. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o


sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.

§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo


superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei
complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais
de que tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II do caput.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as


contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão
não-cumulativas.

§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,


de 2019)

§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de


contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a
competência cuja contribuição seja igual ou superior à
contribuição mínima mensal exigida para sua categoria,
assegurado o agrupamento de contribuições. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

Muita atenção, portanto, aos parágrafos modificados ou incluídos pela EC 103/19.


No que tange à Jurisprudência, o STF já entendeu que é possível os bancos comerciais
e as instituições financeiras contribuírem com alíquota superior ao que é cobrado dos demais
setores da economia (em sintonia com o §9º). Ver, por exemplo, AC 1.109-MC/SP.
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4.5.1.2. Outras contribuições sociais (contribuições residuais):


Estão previstas no §4º do Art. 195:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.

Além das contribuições da seguridade, a União pode criar outras, cujas fontes de
financiamento não foram previstas no art. 195 da CF/88. É a chamada competência
residual que só é permitida para a União e deve respeitar os critérios discriminados no art.
154, I, a saber:
a) Devem ser instituídas por Lei Complementar (não precisa para aquelas cuja
base econômica foi prevista na CF);
b) Devem ser NÃO CUMULATIVAS;
c) Não podem ter base de cálculo ou fato gerador próprios de outras contribuições
já existentes.

Parte da doutrina intitula “nominadas” as contribuições já previstas na CF e


“inominadas” aquelas que chamamos de residuais. Da mesma forma, os impostos residuais
também são conhecidos por impostos inominados.

ATENÇÃO: O entendimento do STF é que os Impostos Residuais devem ter fato


gerador e base de cálculo diferentes dos outros impostos previstos na lei, e não das
contribuições sociais. Podemos dizer o mesmo a respeito das contribuições residuais, ou seja,
elas podem ter fato gerador e base de cálculo próprios de outro imposto, mas não idênticos
às contribuições já existentes na CF/88.

4.5.1.3. Contribuições Sociais Gerais:


São as destinadas a custear atividades do poder público na área social, mas que não
estejam destinadas à seguridade social.
Podemos citar o salário-educação, que foi instituído com base no Art. 212, §5º da CF
(Registre-se que o STF reafirmou a constitucionalidade da contribuição do salário-
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educação, com repercussão geral) e também as contribuições ao sistema “S” previstas


no Art. 240. Estas entidades são pessoas jurídicas de direito privado, não pertencendo à
administração pública direta ou indireta, mas realizam atividades de interesse público, e por
isso podem receber recursos públicos.
Assim, são exemplos de tributos parafiscais.

Alguns pontos importantes:

• Por não ser contribuição residual, não é necessária lei complementar;


• Por não ser contribuição da seguridade social, aplica-se a noventena e a
anterioridade do exercício financeiro.

• NATUREZA JURÍDICA DO FGTS:

Temos aqui as seguintes contribuições ao FGTS:


a) Lei 8.036/90: Contribuição tradicional, correspondente a 80% da
remuneração para pelo empregador ao trabalhador;
b) Lei complementar 110/01: 10% sobre o montante de todos os depósitos
realizados ao FGTS durante o período do contrato de trabalho, em caso de
despedida de empregado sem justa causa. É a denominada multa de 10% do
FGTS.

A contribuição tradicional ao FGTS, instituída pela Lei 8.036/90, não se caracteriza


como tributo, em razão de os recursos não serem destinados ao Estado, mas sim aos próprios
trabalhadores. No STF, temos o RE 100.249-S/SP.
As contribuições instituídas pela LC 110/01 tiveram como objetivo o pagamento da
atualização monetária das contas vinculadas de FGTS, que, por conta do Plano Verão e Plano
Collor, sofreram expurgos. Não se trata, pois, de contribuições decorrentes de contrato de
trabalho.
Todavia, muito cuidado aqui:
A Lei 13.932/19 extinguiu a contribuição da LC 110/01. Vejam:
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Art. 12. A partir de 1º de janeiro de 2020, fica extinta a contribuição


social instituída por meio do art. 1º da Lei Complementar nº 110, de
29 de junho de 2001.

Relata-se que há forte controvérsia sobre a natureza jurídica das contribuições para
os serviços autônomos, de forma que há decisão do STF enquadrando a contribuição para o
SEBRAE como CIDE e as demais como “gerais” (RE – AgR 404.919).
Não é demais frisar que as contribuições sociais gerais estão sujeitas ao princípio da
anterioridade do exercício financeiro (art. 150, III, “b”), sendo vedada a produção de efeitos,
no mesmo ano de sua publicação, da lei que as institua ou aumente. Elas não se submetem
ao art. 195, § 6º, que estabelece o prazo nonagesimal aplicável exclusivamente às
contribuições de seguridade social. A partir da EC 42/2003, entretanto, as contribuições de
sociais gerais passaram a estar sujeitas à norma de noventena inespecífica prevista na alínea
“c” do inciso III do art. 150, que alcança todos os tributos, ressalvadas, obviamente, as
exceções arroladas no próprio texto constitucional – além de continuarem sujeitas à
anterioridade do exercício financeiro.
Ressalte-se, por fim, a súmula 499 do STJ:
As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às
contribuições ao Sesc e Senac, salvo se integradas noutro
serviço social.

4.5.2. Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE’s):

Trata-se de um tributo extrafiscal, pois a finalidade é intervir no funcionamento da


economia do país. as CIDEs são tributos de arrecadação vinculada, e é o próprio destino da
arrecadação que faz com que ela intervenha na economia, direcionando recursos para setores
específicos. Com efeito, se o Governo quiser estimular um setor da economia, ele pode
instituir uma CIDE, e utilizar os recursos arrecadados para fomentar tal setor.
Destaque-se que não incidirão sobre exportações, mas incidirão sobre as importações
de produtos ou serviços estrangeiros. Além disso, lembre-se que suas alíquotas podem ser
AD VALOREM ou ESPECÍFICAS.
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A CF não delineou os fatos geradores sobre os quais o tributo deveria incidir. Por conta
disso, podemos dizer que a União possui certa autonomia para criar novas Contribuições de
Intervenção no Domínio Econômico.
Quando classificamos as contribuições especiais, é possível separar as contribuições
de intervenção no domínio econômico em gerais e nominada.
As gerais são instituídas com base na competência genérica estabelecida pelo artigo
149 da Constituição Federal, que analisamos anteriormente. É o caso, por exemplo, da
contribuição destinada ao SEBRAE, que tem como objetivo estimular as microempresas e as
empresas de pequeno porte. Neste sentido: RE 635.682 – 2013.
A contribuição nominada diz respeito à chamada CIDE-Combustível, cujo suporte
repousa no artigo 177 da Constituição:
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio
econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e
seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes
requisitos:
I - a ALÍQUOTA da contribuição poderá ser:
a) diferenciada por produto ou uso;
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe
aplicando o disposto no art. 150,III, b ;
II - os recursos arrecadados serão DESTINADOS:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool
combustível, gás natural e seus derivados e derivados de
petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a
indústria do petróleo e do gás;
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Vale destacar que a CIDE-Combustível foi instituída por meio da Lei 10.336/01. Aponto
os principais dispositivos:
Art. 1º Fica instituída a Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de
petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico
combustível (Cide), a que se refere os arts. 149 e 177 da Constituição
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Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional no 33, de 11


de dezembro de 2001.
§ 1º O produto da arrecadação da Cide será destinada, na forma da lei
orçamentária, ao:
I - pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool
combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de
petróleo;
II - financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria
do petróleo e do gás; e
III - financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Art. 3º A Cide tem como fatos geradores as operações, realizadas pelos


contribuintes referidos no art. 2o, de importação e de comercialização
no mercado interno de:
I – gasolinas e suas correntes;
II - diesel e suas correntes;
III – querosene de aviação e outros querosenes;
IV - óleos combustíveis (fuel-oil);
V - gás liqüefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de
nafta; e
VI - álcool etílico combustível.
§ 1o Para efeitos dos incisos I e II deste artigo, consideram-se
correntes os hidrocarbonetos líquidos derivados de petróleo e os
hidrocarbonetos líquidos derivados de gás natural utilizados em
mistura mecânica para a produção de gasolinas ou de diesel, de
conformidade com as normas estabelecidas pela ANP.
§ 2º A Cide não incidirá sobre as receitas de exportação, para o
exterior, dos produtos relacionados no caput deste artigo.
§ 3º A receita de comercialização dos gases propano, classificado no
código 2711.12, butano, classificado no código 2711.13, todos da NCM,
e a mistura desses gases, quando destinados à utilização como
propelentes em embalagem tipo aerossol, não estão sujeitos à
incidência da CIDE-Combustíveis até o limite quantitativo autorizado
pela Agência Nacional do Petróleo e nas condições estabelecidas pela
Secretaria da Receita Federal.
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São contribuintes da CIDE-Combustível o produtor, o formulador e o importador,


pessoa física ou jurídica, dos combustíveis líquidos relacionados no art. 3º. O sujeito ativo da
contribuição é a União Federal.

4.5.3. Contribuições Corporativas:


Encontram previsão no Art. 149 da CF:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III,
e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

Exemplo de contribuições instituídas com base nesse dispositivo são aquelas


destinadas aos conselhos de fiscalização profissional, que são partes integrantes da
administração pública indireta na condição de autarquias, cuja finalidade é a fiscalização de
profissões legalmente regulamentadas, como é o caso dos conselhos de medicina, de
arquitetura, de veterinária, etc.

ATENÇÃO: o STF entende que não se enquadra nessa condição a Ordem dos
Advogados do Brasil, sob o fundamento de que essa entidade não integra a administração
pública indireta e possui finalidade institucional própria.

Por se tratarem de tributos, há a necessidade de observância estrita de todos os


princípios e limitações constitucionais ao poder de tributar, merecendo destaque a incidência
dos princípios da legalidade e anterioridade.

Outro exemplo de contribuição corporativa eram as chamadas contribuições sindicais,


cujo suporte de validade repousava no artigo 149 da Constituição Federal, e que a União
havia instituído por meio dos artigos 578 a 580 da CLT.
Todavia, lembre-se que a Reforma Trabalhista operada pela Lei 13.467/2017 revogou
essas contribuições, ao dispor da seguinte forma:
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Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes


das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais
representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de
contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma
estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente
autorizadas.
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à
autorização prévia e expressa dos que participarem de uma
determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão
liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou
profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591
desta Consolidação.

Veja o seguinte quadro comparando as redações:

Assim, o que você precisa saber para concursos públicos é que não há que se falar
em contribuição sindical como tendo natureza tributária a partir da Lei
13.467/2017, pois a compulsoriedade não está mais presente nesta prestação pecuniária,
não mais se adequando à definição de tributo.

Vamos agora para a última espécie de contribuição aqui a ser analisada...


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4.5.4. Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública:


Você deve lembrar aqui da súmula vinculante 41 que já mencionamos e que diz que
não pode o serviço de iluminação pública ser custeado por taxas.
Por esse motivo, o legislador constituinte derivado, por meio da Emenda Constitucional
39/2002, acrescentou o art. 149-A ao texto constitucional. Tal dispositivo prevê a criação da
Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP).
Conforme a CF:
Art. 149-A Os MUNICÍPIOS e o DISTRITO FEDERAL poderão
instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do
serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e
III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se
refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

Suas principais características são:

a) A competência é restrita aos municípios e ao DF;


b) A arrecadação do tributo é vinculada ao custeio do serviço de iluminação
pública;
c) É facultado que a cobrança seja feita na fatura de consumo de energia.

Assim entendeu o STF sobre esta contribuição:


I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de
energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante
a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do
serviço de iluminação pública. II - A progressividade da alíquota, que
resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores
de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva.
III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um
imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem
com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um
serviço ao contribuinte. IV - Exação que, ademais, se amolda aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. V - Recurso
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extraordinário conhecido e improvido.” (Pleno, RE 573.675-SC, rel.


Min. Ricardo Lewandowski)

A base de cálculo não foi definida pela Constituição Federal. Normalmente, os


municípios utilizam uma dessas três bases de cálculo: a) valor do custo do serviço
municipal de iluminação pública; b) consumo de energia do próprio sujeito
passivo; c) valor fixo.
Como exemplo, o município de João Pessoa – PB utiliza como critério o consumo dos
próprios contribuintes, conforme se extrai da LC 31/2002 nos seus Arts. 1º e 4º.

É isso, meus caros. Espero que tenham gostado e bons estudos!


Divulguem e compartilhem

SDG
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JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
EMENTA - Agravo regimental no recurso extraordinário. Tributário. Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural (ITR). Lei nº 9.393/96. Progressividade das alíquotas. Grau de
utilização e área do imóvel. Constitucionalidade. 1. Mostra-se alinhada com a redação
originária do § 4º do art. 153 da Constituição Federal a progressividade das alíquotas do ITR
a qual se refere à Lei nº 9.393/96, progressividade essa que leva em conta, de maneira
conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel. 2. Agravo regimental não
provido, com imposição de multa de 2% (art. 1.021, § 4º, do CPC). 3. Não se aplica ao caso
o art. 85, § 11, do CPC, haja vista tratar-se, na origem, de mandado de segurança (art. 25
da Lei nº 12.016/09).” (RE 1038357 AgR, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma,
julgado em 06/02/2018, DJe-036 DIVULG 23-02-2018 PUBLIC 26-02-2018)

EMENTA (...) 2. Não se verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros
do setor privado decorrentes da alteração de política econômico-tributária, no caso de o ente
público não ter se comprometido, formal e previamente, por meio de determinado
planejamento específico. 3. Com finalidade extrafiscal, a Portaria MF n. 492, de 14 de
setembro de 1994, ao diminuir para 20% a alíquota do imposto de importação para os
produtos nela relacionados, fê-lo em conformidade com o art. 3º da Lei n. 3.244/1957 e com
o DL n. 2.162/1984, razão pela qual não há falar em quebra do princípio da confiança. 4. O
impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização de mercadorias pelas
sociedades empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos decorre do risco da
atividade próprio da álea econômica de cada ramo produtivo. 5. Inexistência de direito
subjetivo da recorrente, quanto à manutenção da alíquota do imposto de importação (status
quo ante), apto a ensejar o dever de indenizar (...)” (REsp 1492832/DF, Relator Ministro
GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2018, DJe 01/1018).

TRIBUTÁRIO – ICMS – SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL – INADIMPLÊNCIA DOS USUÁRIOS


– FURTO DE SINAL (CLONAGEM) – INCIDÊNCIA DO TRIBUTO. 1. O fato gerador do ICMS na
telefonia é a disponibilização da linha em favor do usuário que contrata, onerosamente, os
serviços de comunicação da operadora. A inadimplência e o furto por "clonagem" fazem parte
dos riscos da atividade econômica, que não podem ser transferidos ao Estado. 2. Nos termos
do art. 118 do Código Tributário Nacional, o descumprimento da operação de compra e venda
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mercantil não tem o condão de malferir a ocorrência do fato gerador do ICMS. 3. Inexiste
previsão legal que permita a compensação tributária de ICMS em serviços de telefonia móvel
inadimplidas, ou cujo sinal foi furtado por "clonagem" do aparelho celular. 4. "A exigência
tributária não está vinculada ao êxito dos negócios privados." (REsp 956.842/RS, Rel. Min.
José Delgado, Primeira Turma, julgado em 20.11.2007, DJ 12.12.2007, p. 408.) 5. Não
compete ao Estado zelar pelo cumprimento da obrigação dos consumidores; cabe, no caso,
à prestadora dos serviços buscar, pela via própria, o recebimento de seus créditos. 6.
Precedentes: AgRg no REsp 1.132.852/SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 23.3.2010, DJe 6.4.2010; AgRg no REsp 987.299/RS, Rel. Min. Denise Arruda,
Primeira Turma, julgado em 7.10.2008, DJe 29.10.2008; REsp 953.011/PR, Rel. Min. Castro
Meira, Segunda Turma, julgado em 25.9.2007, DJ 8.10.2007, p. 255. Recurso especial
improvido.
(STJ - REsp: 1189924 MG 2010/0067405-6, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de
Julgamento: 25/05/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/06/2010)

EMENTA (...) 1. O fato gerador do ICMS na telefonia é a disponibilização da linha em favor


do usuário que contrata, onerosamente, os serviços de comunicação da operadora. A
inadimplência e o furto por "clonagem" fazem parte dos riscos da atividade econômica, que
não podem ser transferidos ao Estado. (...) “(REsp 1189924/MG, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/05/2010, DJe 07/06/2010).

EMENTA - TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. FURTO ANTES DA


ENTREGA A CONSUMIDOR FINAL. NÃO INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE SE COBRAR O
IMPOSTO COM BASE NA OPERAÇÃO ANTERIOR REALIZADA ENTRE A PRODUTORA E A
DISTRIBUIDORA DE ENERGIA. (...) 2. Conforme posição doutrinária e jurisprudencial
uniforme, o consumo é o elemento temporal da obrigação tributária do ICMS incidente sobre
energia elétrica, sendo o aspecto espacial, por dedução lógica, o local onde consumida a
energia. (...) 5. O ICMS deixa de ser devido nos casos em que se perde por "vazamentos no
sistema ou em decorrência de ilícito (furto), pois não havendo consumo regular, ausente se
acha a operação de energia elétrica sob o aspecto jurídico tributário.” (RECURSO ESPECIAL
No 1.306.356, Relator Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/08/2012,
DJe 04/09/2012).
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“Recurso extraordinário. Direito do Trabalho. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço


(FGTS). Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quinquenal. Art.
7º, XXIX, da Constituição. Superação de entendimento anterior sobre prescrição
trintenária. Inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento
do FGTS aprovado pelo Decreto 99.684/1990. Segurança jurídica. Necessidade de modulação
dos efeitos da decisão. Art. 27 da Lei 9.868/1999. Declaração de inconstitucionalidade com
efeitos ex nunc. Recurso extraordinário a que se nega provimento.” (ARE 709212, Relator(a):
Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 13/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-032 DIVULG 18-02-2015 PUBLIC 19-02-2015)

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. VINCULAÇÃO DE RECEITAS


TRIBUTÁRIAS A FUNDO DESTINADO A PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PEQUENAS E
MÉDIAS EMPRESAS. § 1º DO ART. 226 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
E ART. 56 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AOS ARTS. 158, 159, 165, §
8º, 167, INC. IV, E 212 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EXAURIMENTO DOS EFEITOS
DA REGRA POSTA NO ART. 56 DO ADCT DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO QUANTO AO § 1º DO ART. 226 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
1. O Supremo Tribunal Federal assentou serem inconstitucionais as normas que estabelecem
vinculação de parcelas das receitas tributárias a órgãos, fundos ou despesas, por
desrespeitarem a vedação contida no art. 167, inc. IV, da Constituição da República. 2. Ação
julgada prejudicada quanto ao art. 56 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
Constituição estadual por ser norma cuja eficácia se exauriu e procedente quanto ao § 1o.
do art. 226 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

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