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Nome: Teresa Delea Gourgel da Silva Araújo

ID.: 19829
Turma: A Ano: 2º

Análise da Classificação das Receitas e Despesas Públicas segundo o


professor António Sousa Franco e a Lei Quadro do OGE

O fim da actividade financeira do Estado, como temos vindo a estudar, é a


satisfação das necessidades colectivas - públicas - que se concretizam realização
de despesas públicas. Estas despesas públicas, por sua vez, só se podem concretizar se
o Estado tiver recursos que as financiem, ou seja, se o Estado tiver receitas.
As despesas e as receitas e as despesas públicas classificam-se de diferentes
maneiras, tendo em conta a sua natureza, conteúdo, entre outros factores.

As despesas públicas

Na leitura de Sousa Franco não pude encontrar, em concreto, uma classificação


das despesas públicas. Porém, são apresentados no seu livro, os elementos que
compõem o conceito de despesas públicas, os quais são:

1. O tipo de operação: a despesa está relacionada ao uso dos recursos


disponíveis para o alcance de determinada finalidade, “sendo o dispêndio de
dinheiro a forma mais típica de a realizar”1.

2. O sujeito da operação: o sujeito da operação deve ser o Estado ou uma


entidade revestida de autoridade, apesar de, modernamente, fazer-se distinção
entre despesa pública e despesa do sector público. Portanto:
- quando for uma despesa pública, referir-nos-emos àquela que o Estado
efectua no exercício da sua autoridade para satisfazer as necessidades colectivas;
- quando for uma despesa do sector público, “abrangeria também os casos
em que certas entidades ligadas ao sector público ou nele integradas efectuam as
suas despesas em analogia com entidades privadas (como seria o caso de certas
empresas públicas ou até mistas, ou de entidades privadas que resolvam
Dotação
satisfazer necessidades públicas)”2 Dotação é um
crédito
orçamentário,
3. A finalidade da operação: satisfazer necessidades públicas. aprovado pelo
Poder Legislativo
por intermédio da
Lei Orçamentária
Anual, ao Poder
Executivo, que
autoriza este a
realizar as
despesas públicas.

1
Franco, António L. de Sousa, cfr. Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p297 e 298.
2
Franco, António L. de Sousa, cfr. Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p298.
Na Lei Quadro do OGE, no seu artigo 12º, encontramos o seguinte conceito para
as despesas orçamentais:

“Constituem despesas orçamentais, todas as despesas públicas cometidas ao Estado e


à Autorquia, bem como aos organismos que deles dependem (...)”

Segundo o artigo 13º da mesma legislação, podemos as despesas públicas


obedecem a seguinte classificação:
a. Classificação Institucional-art. 14º n.1º da Lei Quadro do OGE
- Engloba o conjunto das unidades orçamentais e respectivos órgãos
dependentes-art. 14º n.1º da Lei Quadro do OGE.

b. Classificação funcional-programática-art. 15º n.1º e 2º da LQ do


OGE
- (...) tem por escopo vincular a despesa orçamental a acções e aos objectivos e
metas, observando, para esse efeito, opções de política económica.
- (...) compreende três níveis de agregação:
a) Função
b) Programa
c) Actividade ou projecto

c. Classificação económica-art. 16º n.1º, 2º e 3º da LQ do OGE


- (...) compreende duas categoria:
a) despesas correntes, destinadas à manutenção ou operação de serviços
anteriormente criados, bem como as transferências com igual propósito.
b) despesas de capital, as destinadas à formação ou aquisição de ativos
permanentes, à amortização da dívida, à concessão ou a constituição de
reservas , bem como as transferências realizadas com igual propósito.

As receitas orçamentais

A princípio as receitas públicas são qualquer recurso mediante o qual um sujeito


- neste caso, público - pode cobrir as suas necessidades.
Assim como apresenta os elementos que compõem a definição de despesa pública,
o professor Sousa Franco o faz para as receitas públicas. São estes elementos - de
natureza objectiva, subjectiva e teleológica -, os seguintes:
1. A receita pública, constitui no período orçamental a atribuição definitiva
de uma soma de numerário ou de um bem equivalente;
2. É feita em benefício de um sujeito público ou a ele equivalente;
3. Tem a finalidade de servir para a cobertura das despesas públicas.3

3
Franco, António L. de Sousa, cfr. Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p299.
Mas diferente das despesas, o professor Sousa Franco, classifica as receitas
públicas. Na sua óptica, por meio dos elementos que compõem o conceito de receitas
públicas, podemos recortar três tipos:
- Receitas patrimoniais: podem derivar de uma gestão normal, como a
venda de frutos, arrendamento; ou de uma redução do património, como o resultado
da venda de um edifício.4
- Receitas tributárias: são as receitas públicas fundamentais, num
moderno Estado de economia de mercado. São receitas que o Estado obtém mediante
o recurso ao seu poder de autoridade, impondo aos particulares um sacrifício
patrimonial que não tem por finalidade puni-los nem resulta de qualquer contrato com
eles estabelecido, mas tem como fundamento assegurar a comparticipação dos
cidadãos na cobertura dos encargos públicos ou prosseguir outros fins públicos. Os
tipos de receita tributária são o imposto e a taxa.5
- Receitas creditícias: resultam do recurso ao crédito - empréstimo -
contraído pelo Estado.6

Olhemos, então, para o que diz a Lei Quadro do OGE acerca das receitas, a partir
do artigo 8º:

“Constituem receitas orçamentais todas as receitas públicas, cuja titularidade é o


Estado ou a Autarquia, bem como os dos órgãos que deles dependem, inclusive as
relativas a serviços e fundos autónomos doações e operações de crédito.”

A mesma Lei, no seu artigo 9º, separa as receitas orçamentais em duas


classificações:
a) Classificação económica-art. 10º n.1º, 2º e 3º
- Receitas correntes, as receitas tributárias, patrimoniais, de serviços, bem
como as transferências recebidas para atender quaisquer despesas.
- Receitas de capital, as provenientes da realização de recursos financeiros
oriundos de operações de crédito e da conversão em espécie de bens e de direitos ,
bem como de saldos não comprometidos de exercícios anteriores.

b) Classificação por fonte de recurso-art. 11º n.1º, 2º e 3º


- Quanto à origem:
• receitas ordinárias do tesouro ou da Autarquia;
• receitas próprias;
• receitas de doações;
• receitas de financiamento.
- Quanto ao destino:
• receitas ordinárias do tesouro ou da Autarquia, quando livres de qualquer
restrição;
• receitas consignadas, quando afectadas a determinado fim.

4
Franco, António L. de Sousa, cfr. Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p300
5
Franco, António L. de Sousa, cfr, Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p300 e 301
6
Franco, António L. de Sousa, cfr. Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p301, O crédito público tornou-se
modernamente uma fonte de receitas da maior importância nas sociedades capitalistas e tem um conjunto de caracteristicas que
permitem a sua autonomização e a sua distinção do crédito privado. Entre elas poder-se-á referir: 1. enquanto o crédito privado
assenta numa base real de confiança, a confiança que o prestamista aqui tem no Estado não deriva de garantias reais mas da sua
própria posição especial (de ser Estado, em suma); 2. o carácter público do devedor marca de uma forma essencial as relações de
crédito, já que o devedor conserva faculdades que não seriam normais num devedor privado, como sejam, por exemplo, a de. em
certas circunstâncias poder alterar as condições do empréstimo.
Conclusão

Olhando para o que é a classificação das receitas públicas de Sousa Franco e as


que encontramos estabelecidas pela Lei Quadro o OGE podemos:

A. Enquadrar as classificações de Sousa Franco às classificções legais, pelo que:


• As receitas patrimoniais e as tributárias se enquadrariam na receitas correntes;
• As receitas creditícias estão dentro do que, segundo a Lei Quadro do OGE,
designamos por receitas de capital.
• Por fim, dentro do que são as receitas classificadas por fonte de recurso, estariam
inclusas o que o professor Sousa Franco não considera como receitas públicas, mas
sim, como recursos de tesouraria e entradas de caixa7.

7
Franco, António L. de Sousa, cfr. Finanças Públicas e Direito Financeiro, ob. cit. p300, “Quanto aos recursos de tesouraria,
entende-se de uma maneira geral que eles se limitam a antecipar as verdadeiras receitas públicas, que, por diversos motivos, não
deram ainda entrada na caixa do Estado, sem representarem, no entanto, uma verdadeira receita., já que a sua natureza é
meramente transitória. Trata-se, de alguma forma, de recursos momentâneos: o Estado contrai um empréstimo em Janeiro por
conta das receitas de impostos a cobrar em Julho; só estas são receitas públicas, sendo as outras meras antecipações de tesouraria.
No caso das entradas de caixa vinculadas a fundos de garantia, trata-se de quantias que são entregues ao Estado, mas de que ele
não pode dispor, dado que terão de ser devolvidas ao seu proprietário, que as entregou apenas para funcionarem como garantia
do cumprimento de certas obrigações (p. ex., depósito ou caução judicial).”

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