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Instituto Superior de Ciências de Educação a Distância

Departamento de Economia e Gestão


Licenciatura em Administração pública

Despesas Públicas e sua evolução dos últimos 10 anos ( 2010-2020)

Margarida Ricardo Johane

2° Ano

Maxixe, 2021
Índice

1. Introdução...........................................................................................................................3

1.2. Objetivos do trabalho..................................................................................................4

1.3. Conceito e requisitos da Despesa Pública...................................................................5

1.4. Classificações da despesa pública...............................................................................6

2. Despesas públicas...............................................................................................................7

2.1. Despesas de Funcionamento.......................................................................................7

2.2. Despesas de Investimento...........................................................................................9

2.3. Despesas de operações financeiras...........................................................................10

2.4. Politica orçamental no domínio da Racionalização da Despesa Pública..................12

3. Conclusão..........................................................................................................................13

3.1. Sugestões..................................................................................................................13

4. Bibliografia.......................................................................................................................15
1. Introdução

O desenvolvimento e crescimento económico que se tem registado nos últimos anos em


Moçambique, faz com que haja sempre uma crescente preocupação por parte do Governo em
modernizar e actualizar o seu papel como responsável na administração financeira da coisa
pública. Para que se possa perceber exaustivamente o Sistema da Administração Financeira
do Estado (SISTAFE), é preciso que a contabilidade pública moçambicana tenha consistência,
comparabilidade, materialidade e oportunidade. A informação prestada pelos gestores e
contabilistas públicos sobre a contabilização e controlo das despesas públicas é preponderante
para o país, partindo da ideia de que os recursos são escassos e a administração pública tem
como objectivo principal a prestação de serviços sociais ao público.

Segundo ANDRADE ﴾2002:27), a contabilidade pública é uma ciência que regista, controla e
estuda os actos e factos administrativos e económicos operados no património público duma
entidade, possibilitando a geração de informações, variações e resultados sobre a composição
deste, auferidos por sua administração e pelos usuários.

A Lei no 09/2002, de 12 de Fevereiro, a Lei do SISTAFE, preconiza que a partir de 1997,


houve a necessidade de se introduzir um novo sistema de contabilização e controlo da despesa
pública, para deixar de lado as regras e normas utilizadas a mais de 100 anos.

O controlo das despesas públicas desperta particular atênção, garantindo motivação aos
gestores e contabilistas públicos na concretização das metas traçadas duma forma eficaz,
eficiente e económica. Ainda no que diz respeito ao controlo interno, a contabilidade pública
deve ser também entendida à observação da legalidade dos actos de execução orçamental,
através do controlo e acompanhamento, que será prévio, concomitante e subsequente, além de
verificar a exacta observância dos limites das quotas trimestrais atribuídas a cada unidade
orçamental, dentro do sistema que for instituído para esse fim. Deve também verificar a
legalidade dos actos de execução orçamental, como sejam: se o empenho da despesa pública
obedece a legislação vigente, relativa a licitação, autorização competente, se não se trata de
despesa já realizada; se na liquidação da despesa foram atendidos todos aspectos da legislação
sobre o assunto; se a ordem do pagamento foi exarada em documentos processados pelo
serviço de contabilidade e se a determinação para o pagamento da despesa foi despachada
pela autoridade competente.
1.2. Objetivos do trabalho

Objetivos gerais:

Fazer uma análise da tendência das Despesas Públicas e sua evolução em Moçambique nos
últimos 10 anos (2010-2020)

Objetivos específicos:

 Mostrar como é feita a realização da despesa pública;


 Caracterizar o processo de contabilização e controlo da despesa pública;
 Mostrar aos utentes internos e externos, o estado de execução orçamental das despesas
públicas em Moçambique nos anos 2010-2020;
1.3. Conceito e requisitos da Despesa Pública

A despesa pública corresponde a um dispêndio de recursos públicos relativo à


determinada finalidade de interesse público (uma necessidade pública). O uso do dinheiro
público para a realização de obras e serviços públicos, em favor da população, caracteriza a
chamada despesa pública. Pode-se, assim, conceituar despesas públicas como o gasto da
riqueza pública, devidamente autorizado pelo poder competente (o Poder Legislativo), com o
fim de satisfazer as necessidades públicas.

Aliomar Baleeiro definiu despesas públicas, enxergando-as em seus sentidos amplo e restrito:
em latu sensu, é “o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa jurídica de direito
público, para o funcionamento dos serviços públicos”; em strictu sensu, é a “aplicação de
certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de
uma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo.” A primeira definição
pode ser considerada como a despesa pública em seu significado abstrato, como a previsão,
em orçamento público, do emprego das receitas públicas em diversas atividades do Poder
Administrativo no cumprimento de suas atribuições. No segundo sentido, bem mais concreto,
trata-se da despesa pública decorrente de um pagamento específico para o custeio de
determinada atividade administrativa obrigatória, sendo o dispêndio de dinheiro elemento
essencial da despesa pública.

A aplicação de dinheiro na satisfação das necessidades públicas representa a despesa


pública, que vem a corresponder a uma das facetas da atividade financeira do Estado. Como
consequência de a eleição das necessidades públicas ser uma decisão política, as despesas
públicas decorrem, necessariamente, de uma decisão política. O exame das despesas públicas,
aprovadas pelo Congresso na Lei Orçamentária, identifica o plano de governo que será
concretizado: se houver maior previsão de despesas públicas para a área de saúde, o plano de
governo será voltado precipuamente para a saúde da população; por outro lado,
diferentemente, se houver maior previsão para gastos na área de educação, teremos que o
Estado priorizou a educação como meta de governo.

Os governantes não podem gastar à vontade, ou seja, não são livres para realizarem as
despesas públicas que desejarem. Existem limitações para estes gastos. A autorização para
efetivação das despesas públicas deve observar alguns requisitos:
1) autorização legislativa – todas as despesas devem estar aprovadas pelo
Congresso Nacional na Lei Orçamentária. A execução das despesas públicas,
pelo Poder Executivo, deve se submeter ao Poder Legislativo, tal como as
despesas do Poder Judiciário;

2) observância do processo de licitação – deve haver licitação para a escolha


daqueles que executarão os serviços públicos, venderão mercadorias, para
alienações dos bens públicos, todos destinados para a satisfação das
necessidades públicas;

3) empenho das despesas públicas – o empenho significa o ato administrativo que


reserva recursos suficientes, tirados do orçamento público, para pagamento do
débito respectivo. Tem natureza jurídica de ato administrativo e visa garantias
de recebimentos aos credores do Estado.

Não obstante, um corte explicativo deve ser feito acerca do requisito da autorização
legislativa para o caso de despesas públicas voltadas para a satisfação de direitos
fundamentais, inclusive do mínimo existencial. Os direitos fundamentais e os sociais, esses
em sua expressão de mínimo existencial, devem ser garantidos pelo Estado mesmo se não
contemplados por políticas públicas ou por qualquer outra previsão legal, podendo a execução
dos serviços públicos correspondentes ser imposta judicialmente. Na omissão do legislador
em estabelecer o dispêndio de recursos públicos para satisfação desses direitos fundamentais,
caberá ao Judiciário determinar a institucionalização das medidas necessárias para a fruição
desses direitos. A fundamentalidade desses direitos justificaria a judicialização da despesa
pública.

1.4. Classificações da despesa pública

As despesas públicas podem ser classificadas de acordo com diferentes critérios. O


primeiro a ser observado é o critério de sua periodicidade, de onde se extrai que as despesas
públicas podem ser ordinárias ou extraordinárias:

a) despesas ordinárias – representam a rotina dos serviços públicos e são renovadas


anualmente no orçamento (saúde, educação, segurança, folha de salário dos
servidores públicos, etc.);
b) despesas extraordinárias – são as despesas momentâneas, esporádicas, que não se
renovam todo ano (calamidade pública, evento internacional de grande porte).

Há autores que classificam as despesas, segundo suas utilidades, em produtivas, reprodutivas


e improdutivas. As primeiras se limitam a criar utilidades por meio da atuação estatal
(atividade policial, atividade jurisidicional, etc.); as segundas são as que representam aumento
de capacidade produtora do país (construção de escolas, estradas, hidroelétricas, etc.); já as
improdutivas correspondem às despesas inúteis.

2. Despesas públicas

2.1. Despesas de Funcionamento

No período em análise, as Despesas de Funcionamento que, em 2010, rondavam em cerca de


59,4 mil milhões de meticais, mostraram uma tendência contínua crescente, em termos
nominais ao longo do período, excepto em 2015, ano em que houve um ligeiro decréscimo,
tendo atingido cerca de 148 mil milhões de meticais, em 2017. Em termos relativos, esta
componente manteve-se flutuando acima de 55% do total das despesas do OE, tendo atingido
cerca de 61%, em 2017.

No que se refere à racionalização da despesa pública e a implementação de reformas na área


tributária a nível das despesas de funcionamento, abaixo segue um gráfico que ilustra o que
temos vindo a dizer. Onde se pode verificar que a gordura da despesa do Estado incidiu nas
rúbricas de despesas com pessoal, bens e serviços.
Despesas de Funcionamento (Valores em milhões mt)

Pode-se observar dos dados que houve uma redução nas rubricas de Demais despesas com o
Pessoal que compõe (viagens, subsídios e ajudas de custo para dentro e fora do pais) e Bens e
Serviços. Estas medidas, para Castel-Branco (2017), deveriam ter enfoque nos cortes das
mordomias dos dirigentes públicos e em algumas despesas correntes do Estado, uma vez que
estas representariam medidas populares e simbólicas, que sinalizariam ser o governo sensível
e comprometido com as preocupações dos cidadãos. Ainda porque libertaria uma quantidade
de recursos para enfrentar a crise a escala da economia. Mas, claramente, esta medida isolada
não resolve o problema, no entanto, pode ajudar a credibilizar o governo e a moralizar a
sociedade.

As despesas com salários correspondem perto de 40% do total das despesas de


funcionamento, o que significa que a margem de ajuste financeiro é grande. Até porque as
despesas com o pessoal tenderam a crescer, tal explica-se pelo facto de ter-se admitido novos
funcionários no Aparelho do Estado, com destaque para os sectores da Educação e da Saúde e
ainda o pagamento de dívidas de horas extraordinárias. Segundo Castel-Branco (2017), o
grosso do

pessoal do aparelho do Estado está em serviços públicos essenciais, como saúde, educação e
polícia. Cortes significativos neste pessoal teriam impactos relativos a redução de sua
cobertura e a deterioração da qualidade do serviço prestado, conduzindo a uma possível crise
severa nos serviços públicos. Tal crise teria um impacto negativo na qualidade de vida dos
cidadãos, sobretudo, dos grupos sociais de baixo rendimento, que constituem a maioria da
população, pois estes são os que mais dependem dos serviços públicos. Além disso, o Estado
é o maior empregador e há poucas opções alternativas de emprego. Portanto, outro impacto
imediato de cortes drásticos no pessoal do aparelho do Estado seria o desemprego.
Combinando o desemprego e a deterioração dos serviços sociais, esta medida conduziria ao
aumento significativo da pobreza. Esta é uma questão que preocupa o FMI e os mercados
financeiros e é alvo de resistências, tanto da classe dos trabalhadores como do governo, por
causa das suas implicações políticas, sociais e económicas.

Em linha com as recomendações dos principais parceiros de cooperação representados pelo


FMI, o governo tem feito reengenharias para manter a estabilidade macroeconómica, quer
através da correcção dos desequilíbrios fiscais, quer através da racionalização da despesa
pública, incluindo as seguintes acções:

 Contenção das rúbricas de bens e serviços com particular enfoque para combustíveis,
comunicações e viagens,
 A contenção das rúbricas com Outras Despesas com o Pessoal, com enfoque para
ajudas de custo dentro e fora do país;
 Contenção de novas admissões de pessoal para o aparelho do Estado, salvaguardando
os sectores de Educação, Saúde e Agricultura, privilegiando a mobilidade dos
funcionários do Estado;
 A gestão rigorosa da dívida pública incluindo a sua restruturação, de modo a assegurar
a sustentabilidade; e
 O adiamento de projectos de apoio Institucional Administrativo, projectos de
reabilitação e construção de Edifícios Públicos e de novos projectos de investimento
ainda não iniciados.

2.2. Despesas de Investimento

Castel-Branco (2017), no que toca a esta rúbrica, sugere cortes nos projectos sem impacto na
economia real, libertando recursos existentes para opções mais adequadas do ponto de vista
económico e social e travando as tendências de endividamento público descontrolado, que
significa efectuar cortes drásticos no investimento público (suspensão ou, mesmo,
cancelamento de projectos). Tais cortes poderão ter seguintes implicações imediatas:

 Redução da actividade ou paralisação de projectos em curso;

 Cancelamento de projectos aprovados;

 Redução das expectativas e possível fuga de investidores; e,

Contudo, no caso concreto, as Despesas de Investimento situaram-se em cerca de 43,7 mil


milhões de meticais, em 2010, apresentando um sentido inverso às Despesas de
Funcionamento, tendo decrescido, em termos relativos, de cerca de 41% do total de despesas
do OE, em 2010, para cerca de 17%, em 2017, embora tenha se verificado um ligeiro
crescimento, em termos nominais, para cerca de 49,5 mil milhões de meticais.

Castel-Branco (2017), sugere ainda possibilidades de desinvestimentos através de


privatizações, apesar de reconhecer que as margens para cortes nas despesas sociais e para
privatizações são pequenas. Além disso, estes tendem a agravar a pobreza e a desigualdade
social, com o risco de causar crises e tensões sociais. Para este autor, é provável que o
processo de entrega do que resta das empresas públicas e dos activos fixos do Estado como a
terra e os recursos do subsolo ao capital internacional seja acelerado, como forma de
conversão de dívida em liquidez para satisfazer as necessidades fiscais do Estado a curto
prazo. Estas medidas estão entre as favoritas do FMI, pois também protegem interesses
financeiros de curto prazo.

2.3. Despesas de operações financeiras

O Decrescimento das Despesas de Investimento no período em análise foi acompanhado com


o crescimento das Despesas de Operações financeiras, tanto em termos nominais, como em
termos relativos. Sendo assim, as Despesas de Operações Financeiras que se situavam em
cerca de 4,0 mil milhões de meticais, em 2010, assistiram a um crescimento galopante para
cerca de 44,8 milhões de meticais, em 2017, correspondendo a cerca de 4% e 15% do total
das Despesas do OE, em 2010 e em 2017 respectivamente.

Um dos principais debates na actualidade é sobre a sustentabilidade da dívida pública de


Moçambique de médio e longo prazo. E, neste caso, a dívida resultou das expectativas futuras
sobre a economia. Com o esgotamento da capacidade de endividamento, conjugado com
choques económicos sofridos, ocorreu uma retracção de investimentos e desaceleração do
crescimento e a consequente crise resultante da dívida.

Para Castel-Branco (2017), o endividamento emerge de vários factores relacionados que


fazem parte das dinâmicas macroeconómicas de Moçambique, caracterizada, por um lado,
pela perda de oportunidade de captação de receitas fiscais causadas pelos pacotes de
incentivos fiscais para o grande capital multinacional e pela dependência de importações da
estratégia de investimento. Por outro lado, o investimento público financiado pela dívida
concentrou-se essencialmente num pequeno grupo de grandes projectos de infra-estruturas e
serviços não justificáveis como prioridades para alargamento e diversificação de
oportunidades e capacidades produtivas, económicas e sociais. Castel-Branco (2017), refere-
se como exemplos, a este respeito, ao caso dos 950 milhões de euros, financiados pelo Banco
Europeu de Investimento, para a compra das acções da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, sem
impacto positivo no aumento da oferta e da qualidade de energia e na redução do seu preço;
os 850 milhões de USD gastos no caso da EMATUM, uma frota para pesca de atum; os 750
milhões de USD da Ponte da Catembe; os mais de 500 milhões de USD gastos na zona
económica especial de Nacala e no Parque Industrial de Beluluane, com limitado impacto no
desenvolvimento industrial e acesso a energia eléctrica; os 300 milhões de USD da circular de
Maputo; os mais de 100 milhões de USD gastos nas infra-estruturas dos Jogos Africanos, uma
parte das quais foi posteriormente privatizada a baixo custo e especulada, estando a outra
dramaticamente subutilizada; os 100 milhões de USD do aeroporto internacional de Nacala;
os 40 milhões de USD da ponte sobre o rio Rovuma, servida por vias de acesso de péssima
qualidade; as várias parcerias público-privadas (PPP), como o projecto de digitalização da
radiodifusão adjudicado, a Star Times (calculado em 300 milhões de USD), entre outros.
Estes projectos de investimento público ou com garantia pública são maioritariamente úteis
para o núcleo extractivo da economia e para o grande capital multinacional, mas são
ineficazes em promover a diversificação e a articulação da base produtiva, ou a substituir
importações efectivamente.

Neste caso, as pressões da crise advindas da dívida sobre o mercado doméstico de capitais,
particularmente em um contexto de elevada concentração bancária, uma base produtiva
afunilada, o sistema financeiro doméstico expande-se em torno dos serviços em redor do
núcleo extractivo da economia, e o capital torna-se escasso e caro para as pequenas e médias
empresas,

dificultando não só a sua emergência e desenvolvimento mas, até, a formação de ligações
entre estas empresas e os megaprojectos. Assim, embora a renegociação parcial ou total da
dívida seja um caminho, reestruturando-a ou transferindo o problema para o futuro, aliviando
a pressão de curto e médio prazo sobre o serviço da dívida, pois o capital só será amortizado
no fim do período, o acordo de reestruturação torna este empréstimo mais caro. Ainda que se
conserve a expectativa de que os rendimentos futuros dos megaprojectos de hidrocarbonetos
permitam reembolsar estas dívidas até 2023. Esta renegociação da dívida (cancelamento
parcial e reestruturação) só será útil se for para libertar recursos para uma estratégia de
diversificação e articulação económica com alargamento da base social de desenvolvimento.
Se o seu objectivo for limitado a estabilização fiscal, o risco será o agravamento da
dependência externa e consolidação do ciclo e do vício da dívida.

2.4. Politica orçamental no domínio da Racionalização da Despesa Pública

Para a contenção da Despesa pública, destacam-se as seguintes medidas:

 Prosseguimento da contenção da rubrica de Salários e Remunerações, racionalizando o


número de admissões, com um enfoque estratégico para os sectores da saúde,
educação e agricultura (extensionistas) e para os restantes sectores permitida a
admissão de um novo funcionário pela saída de 3;
 Racionalização das Despesas com Bens e Serviços evitando a acumulação dos
atrasados;
 Garantia da continuidade de projectos de investimento já iniciados, restringindo os
projectos de apoio institucional;
 Salvaguarda da sustentabilidade da dívida pública, através da materialização do
Decreto n.° 77/2017 de 28 de Dezembro, que aprova os procedimentos relativos à
emissão e gestão da dívida pública e das garantias pelo Estado;
 Elaboração e implementação da matriz de riscos das Empresas do Estado;
 Conclusão do processo de actualização dos instrumentos de governação corporativa
nas empresas Públicas e Participadas pelo Estado (Estatutos e Modelos de
Governação);
 Celebração de contratos de mandato e de gestão com todos os titulares dos Conselhos
de Administração das empresas do Estado; e
 Realização da segunda Prova de Vida com base no Cadastro Electrónico dos processos
físicos dos pensionistas.

3. Conclusão

Chegando o fim desta pesquisa e em conformidade com os resultados do estudo, posso


concluir que: O modelo de gestão financeira aplicado para o controlo das despesas públicas,
embora ainda prevaleça o meio de pagamento alternativo (via directa / cheque), o único
modelo predominante na gestão de recursos financeiros na Administração é SISTAFE,
instituído por lei como sistema único de transacções financeiras nos órgãos de Administração
Pública centrais e locais. Daí que, o controlo das despesas públicas registou melhorias nos
últimos 4 anos, com a implementação da plataforma e-SISTAFE, que permite rastrear todas as
transacções realizadas no período em causa, através de um sistema de segurança fiável.

E pode-se considerar que a Administração Pública moçambicana passou a ter nova dinâmica
na gestão financeira do Estado ao aprovar o SISTAFE (Sistema de Administração Financeira
do Estado). Contudo, a Contabilidade de Gestão na actualidade globalizada, ostenta um papel
cada vez mais determinante na adequada gestão dos gastos públicos. Neste sentido, a reforma
da Contabilidade Pública, iniciada nos ano 90 veio tornar este sistema obrigatório nas várias
entidades públicas no Mundo, caso particular Moçambique. Para que se possa perceber
exaustivamente o SISTAFE, é preciso que a contabilidade pública moçambicana tenha
consistência, comparabilidade, materialidade e oportunidade.

Numa outra versão é notável ver que cada vez mais, há uma necessidade de os gastos públicos
aumentarem progressivamente não se conseguindo alcançar ao nível ou meta das necessidades
colectivas a responsabilidade do sector público.
3.1. Sugestões

De acordo com as conclusões do estudo, sugiro o seguinte:

 Que se faça o uso adequado do sistema SISTAFE existente;


 Que se estabeleça regras e procedimentos de programação, execução, controlo e
avaliação dos recursos existente;
 Que se desenvolva subsistemas que proporcionem informação oportuna e fiável sobre
o comportamento orçamental e patrimonial dos órgãos e instituições do Estado;
 Que se estabeleça e seja implementado um sistema contabilístico de controlo da
execução orçamental e patrimonial adequado às necessidades de registo da
organização da informação e da avaliação do desempenho das acções desenvolvidas
no domínio da actividade dos órgãos e instituições do Estado;
 E por fim, deve se estabelecer, implementar e manter o sistema de controlo interno
eficiente e eficaz e procedimentos de auditoria interna internacionalmente aceites.
4. Bibliografia

ACS & Kula. (2008). Sumário de Estudo de base: A Monitoria da Governação em


Moçambique. Maputo: MASC.

ANDRADE, Nilton de Aquino (2002). Contabilidade pública na gestão municipal. 1a


Edição. Atlas: São Paulo.

Arndt et. al. (2006). Aid and Development: The Mozambican Case. Maputo: Ministry of
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BANCO DE MOÇAMBIQUE. (2010). Relatório Anual. Maputo: BM.

BANCO DE MOÇAMBIQUE. (2012). Os Desafios da Política Monetária no Contexto da


Exploração de Recursos Naturais: O Caso de Moçambique. Maputo: BM.

BOBBIO, Norberto. (2007). Estado, Governo, Sociedade, para uma Teoria Geral da
Política, 14a Edição. São Paulo. Editora PAZ E TERRA S/A.

<http://www.ufjf.br/virgilio_oliveira/files/2014/10/Texto-21-Bobbio-2007.pdf

CASTEL-BRANCO, Carlos Nuno. (2017). Dívida Pública, Sistema Financeiro e


Mobilização de Recursos. Maputo: IESE.

COSTA, Carlos Baptista da; Alves, Gabriel Correia (2008). Contabilidade Financeira. 7a
Edição. Rei dos Livros: Lisboa

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