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7566 Diário da República, 1.ª série — N.

º 178 — 11 de setembro de 2015

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Lei n.º 151/2015


de 11 de setembro

Lei de Enquadramento Orçamental


A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1.º Artigo 3.º
Reclassificação de entidadas empresariais
Perímetro orçamental e desorçamentação
Forma de capturar a realidade orçamental de certas
1.Uma das questões mais críticas à contabilidade entidades empresariais. Consideram-se entidades
nacional: controlo e prevenção de situações de públicas reclassificadas as que foram incluídas no sector
desorçamentação. público administrativo no âmbito do SEC.95. Isto
2.Desorçamentação é uma forma de fraude à lei ou porque o SEC.95 integra, nas administrações públicas,
manipulação de regras contabilísticas: é o processo pelo as instituições controladas pelo Estado seja qual for a
qual algumas receitas e despesas que antes eram objeto sua natureza e forma, desde que não mercantis (não
de relevação orçamental agora passam a estar na esfera mercantil: a entidade que não vende a sua produção a
de entidades fora das administrações públicas, não preços economicamente significativos, de tal modo que
ficando por isso sujeitas ao controlo financeiro da a sua principal fonte de financiamento não é a receita
execução do OE. (não é necessariamente negativa: pode associada a um preço ou taxa pelos bens e serviços que
resultar da necessidade d de adoção de formas presta.
autónomas e modernas de gestão ou mesmo de objetivos
de descentralização e racionalidade económicas)
3.Exemplos de desorçamentação: Artigo 4º
a)Retirada artificial de uma entidade do sector Parcerias público-privadas
público (qualificando-a como entidade privada, mesmo
deixando de ser apoiada pelo lado do financiamento, Pressupõe uma intervenção ou financiamento público
continua a ser favorecida pelo regime fiscal) e uma gestão privada e cuja partilha de riscos nem
b)Retirada artificial do perímetro orçamental (ou sempre é assumida da forma mais transparente. Não
seja, do orçamento do estado) de algumas entidades existe um modelo de contabilidade das PPP, o que
qualificando-as como empresas públicas, mas mantendo contribui para que as PPP sejam utilizadas para
o financiamento público às mesmas. contornar os controlos financeiros a que o sector
público está adstrito, bem como para retirar o
investimento público e dívida associada ao balanço
Artigo 2.º do estado. As garantias que o estado geralmente
Orçamentos das empresas públicas
concede nas PPP, ao financiamento privado, acabam
1.Não figuram no OE. por expô-lo a custos ocultos mais elevados que os
2.No entanto, as regras do SEC (sistema europeu de custos resultantes do financiamento público
contas) 95 intentam capturar os encargos financeiros tradicional.
associados a transferências financeiras entre as A existência de um modelo, internacionalmente
administrações públicas e sectores empresariais aceite, de contabilidade contribuiria certamente para
locais, através da consolidação de contas: ou seja- a promover uma maior transparência na celebração de
contabilização de receitas e despesas deverá fazer-se, PPP. Modelo concessivo: as concessões constituem
não apenas através de valores brutos de transferência pelo menos em Portugal, a forma jurídica de
mas também de valores líquidos. contratualização de uma PPP. Mapas orçamentais:
impõe-se a apresentação por programas das despesas
3. A consolidação permite verificar quais as receitas
associadas à PPP e a elaboração de um programa
públicas que advém da sua relação direta com a
alternativo de despesas, concretizando o art.19º2.
economia e quais as receitas que resultam das
Deve também existir um elemento que justifique o
intermediações com outros sectores públicos e recurso a parcerias dos sectores públicos e privados
privados de que o estado recebe transferências. De face a um programa alternativo elaborado nos termos
igual modo, a consolidação permite verificar quais as do art.19º2 c)- art.37º1 LEO. O art.31º1 da LEO
despesas realizadas diretamente com a economia e condiciona o contéudo da LOE apontando que aí se
quais as que supõem uma intermediação de outros deve prever um limite máximo de compromissos com
sectores para os quais o estado realiza transferências. as PPP. Para além destas limitações, está escrito num
4.Engenharia financeira/contabilidade criativa: artigo pertencente a um diploma regulador das PPP
prática que torna possível contornar as exigências que a qualquer momento de pode pôr termo à PPP
legais impostas pelas rigorosas regras da U.E (que sempre que os resultados não correspondam aos fins
tentam impedir situações de mentira orçamental). de interesse público que estavam estipulados.
Artigo 5º também é um conjunto de mapas (vertente
Conceitos relevantes contabilistica).
1-Descentralização financeira: serve para explicar as
relações financeiras organizadas entre níveis Artigo 7º
diferenciados de decisão. Relações entre LEO e LOE
2-Descentralização político-administrativa: O estado
português é um estado unitário, parcialmente regional. 1-LEO resulta do artigo 106º1 CRP: nos termos do qual
Os dois subsectores (RA e AL) são a expressão máxima a LOE é elaborada. A LEO é uma lei de valor reforçado:
da descentralização. ela própria de uma forma redundante se auto-qualifica
3.Descentralização fiscal: refere-se à receita fiscal como tal (art.3º) - de uma forma redundante pois ela já é
própria (cobranças efetuadas pelos serviços resultantes considerada pela própria CRP como tal e só à CRP
da sua atividade específica) e pode desdobrar-se em 2 compete definir o que sejam leis de valor reforçado.
planos diferentes: Acontece que o OE também é uma lei em sentido formal
a) Possibilidade que estas entidades têm de e material e é considerada por diversos autores como
serem titulares da receita tributária sendo uma lei de valor reforçado.
b) Possibilidades de essas mesmas entidades 2-Surgem 2 grandes obstáculos:
tributárias exercerem poderes tributários em relação a a) Está na não previsão de qualquer relação de
esses tributos/impostos- autonomia fiscal. dependência hierárquica de uma das leis de
4- Independência orçamental destas entidades valor reforçado em relação a outras: entre si
relativamente ao OE. Os orçamentos anuais das RA e são leis de igual valor valendo desde logo
das AL não constam do OE. Tem-se vindo a assistir a as regras gerais de direito
um alargamento do perímetro orçamental no sentido de b) A função paramétrica da LEO não aparecer
garantir uma visão completa de todo o estado, incluindo blindada e por isso poder ser alterada por
por isto mesmo também o sector empresarial regional e qualquer lei parlamentar aprovada por
local. maioria simples (OE).
5-Autonomia financeira: é bastante mais reduzida do
que já foi no passado. Hoje reduz-se à autonomia
orçamental e patrimonial, e está hoje fortemente Artigo 8º
condicionada pelas autorizações do ministro das Planos de incidência da LEO
finanças.
1.Planos de incidência formal (estrutura e
Artigo 6º procedimentos orçamentais).
Orçamento de estado 2. Planos de incidência substancial (resultados
orçamentais).
É um documento onde são previstas e computadas as LEO é cada vez menos uma lei de incidência formal
receitas e as despesas anuais, competentemente para ser cada vez mais uma lei preocupada com os
autorizadas. Tem 2 elementos centrais: resultados orçamentais. No passado bastava que o
1- Previsão: associam-se funções económicas do processo orçamental fosse certo e devido: hoje é o
OE. resultado orçamental que tem de ser certo e devido. São
a. Perspetiva da racionalidade económica- identificáveis 3 eixos na parte integrante do corpo de
OE permite uma gestão mais eficiente umaLEO.
e racional dos dinheiros públicos
b. Perspetiva da eficácia- quadro de
elaboração de políticas financeiras Artigo 9º
2- Autorização: associam-se funções jurídicas e Razões das alterações mais recentes (ver artigo 10 e 11)
políticas do OE.
a. Autorização política que visa por um 1.Crise económico-financeira e memorando de
lado a garantia dos direitos entendimento assinado com a Troika (A necessidade de
fundamentais assistência financeira foi o que levou a que o governo
b. Equilíbrio e separação de poderes português e a Troika, em maio de 2011, assinassem o
c. Limitação jurídica da administração, Memorando de Entendimento, do qual resulta um
pois os poderes financeiros têm de ser programa de ajustamento que regula e condiciona os
anualmente autorizados termos da mencionada assistência).
2.Boas práticas internacionais do domínio das finanças
Artigo 7º públicas.
Natureza e características do OE
Artigo 10º
É uma lei em sentido formal e material. A concretização Objetivos fundamentais do programa de ajustamento
de um sistema monista (que junta esses 2 elementos) só 1. Realização de reformas estruturais que potenciem o
aconteceu na revisão constitucional de 1982, antes disso crescimento económico.
eram disseminados por dois documentos distintos. Faz 2. Implementação de uma estratégia de consolidação
da LOE uma lei particular pois tem um objeto (ajustamento orçamental- processo de redução de défice
ambivalente: é uma lei (vertente normativa) mas orçamental das administrações públicas), apoiada por
medidas orçamentais de natureza estrutural e por um
maior controlo financeiro sobre as PPP e empresas Artigo 12º
públicas tendo em vista a diminuição da dívida pública Princípio da anualidade (art.14º)
para valores sustentáveis e redução do défice para
valores inferiores a 3%. Dupla exigência:
3. Implementação de uma estratégia para o sector 1. Votação anual do OE pelo parlamento
financeiro. 2. Execução anual do OE pelo governo e AP.
2 tipos de orçamento:
Os saldos superavitários e deficitários são o resultado 1. Orçamento de gerência/compromissos:
dos estabilizadores automáticos. Se a economia enfrenta incluem-se no orçamento tanto as receitas a
uma recessão, o desemprego aumenta e cobrar efetivamente durante o ano e as despesas
consequentemente a despesa pública com os subsídios a realizar efetivamente.
também, agravando o défice. Se a economia cresce, os a. Período complementar de execução é
impostos aumentam e o superavit torna-se uma uma demonstração do princípio da
realidade. anualidade do orçamento de gerência.
b. O que interessa é o momento em que
Artigo 11º eu me comprometo com a despesa e
Boas práticas internacionais não quando a pago - despesa
compromissada no orçamento de 2017
1-Os sistemas orçamentais estão menos concentrados mesmo que seja paga já no início de
nos procedimentos e nos formatos orçamentais e mais 2018 ainda é execução de 2017 -
nos resultados orçamentais, pelo que a micro período complementar de execução
orçamentação está subordinada aos objetivos da macro orçamental
orçamentação: -vantagens: fácil e clara a execução
a) Os países devem promover planos credíveis de orçamental
redução do défice público; -desvantagens: dificulta a responsabilização
b) Os planos melhor sucedidos envolvem de cada Governo pela elaboração e
ajustamentos a longo prazo; execução dos orçamentos que lhe são
c) A consolidação orçamental deve dar preferência imputáveis.
às restrições do lado da despesa, pois garantem 2. Orçamento de exercício/caixa: créditos e
melhores resultados económicos, do que débitos originados naquele período orçamental,
subidas de impostos; independentemente do momento em que se
d) Orçamentação deve basear-se em previsões viessem a concretizar.
económicas prudentes e realistas -vantagem: permitem mais facilmente a
2-Microorçamentação exibe um conjunto de responsabilização do governo
características novas: -desvantagem: num determinado ano não
a) Aumento dos instrumentos de programação sabemos ao certo a situação financeira.
plurianual da despesa pública (constitui a base
da consolidação orçamental) Sistema vigente: de gerência.
b) Desenvolvimento de técnicas orçamentais top- Nota: mesmo quando a lei prevê a existência de mapas
down (implica a definição prévia de tetos plurianuais, as verbas neles incluídas devem ser inscritas
máximos de despesa para cada ministério no OE de cada ano, sob pena de não poderem ser
sectorial) realizadas por falta de cabimento orçamental (art.106º1)
c) Novas regras ou princípios orçamentais (não
fazem parte integrante do orçamento mas
devem ser respeitadas; diferentemente das Artigo 12º-A
regras clássicas procuram condicionar os Período complementar
resultados orçamentais (consolidação Art.14º4 da lei nova: o período anual é o período
orçamental e disciplina financeira, mínimo de vigência orçamental, sendo o período
sustentabilidade financeira de longo prazo, máximo definido pelo poder executivo, através da
eficiência agregada e eficiência alocativa) Estas existência ou não de período complementar (período
novas regras abrangem a integralidade das para fecho de contas) que se admite até 15 de fevereiro,
administrações públicas e não apenas o sector embora nos últimos anos, este período tenha decorrido
estado. até 21 de janeiro. É um período com duração variável e
3-Relaxamento, na gestão orçamental, dos controlos é estipulado anualmente pelo decreto-lei de execução
sobre o input e focalização nos resultados (a gestão orçamental.
orçamental parte de uma menor rigidez no regime de
classificação pressupondo um sistema orçamental com Artigo 13º
maior flexibilidade por parte do gestor, tendo em vista o Princípio da plenitude
cumprimento dos objetivos traçados para aquele 1-“Um só orçamento e tudo no orçamento”. Pretende-se
departamento ou programa-gestão por objetivos). evitar a existência de receitas e despesas que escapam à
autorização parlamentar e ao controlo orçamental.
Permite aos serviços e organismos administrativos tomar
conhecimento das receitas que podem cobrar e das
despesas que podem realizar.
A regra da plenitude tem uma abrangência limitada, não estar inscrita no orçamento Se é inadiável não posso
abrange: operações de tesouraria, gestão patrimonial do esperar pelo próximo orçamento Ex: incêndios
estado, fenómenos de independência orçamental (esta
última só se faz no sentido de as RA e as AL poderem Artigo 15º
ter os seus próprios orçamentos e não o intuito de as Princípio da publicidade/transparência
isentar à apresentação de todas as receitas e despesas Impõe a publicação oficial no diário da República.
num só orçamento), já que isso contraria os artigos Art.19º lei nova
1º/2ºLEO.
2-Plenitude orçamental só se aplica a receitas e despesas Artigo 16º
de: Princípio do equílibrio/estabilidade
a) Serviços integrados
b) Serviços e fundos autónomos Imperativo constitucional-art.105º4
c) Segurança social Pode ser encarado de 2 perspetivas:
1) Equilíbrio formal- estrita igualdade entre
Artigo 14º receitas e despesas; interdição de défice e
Discriminação excedentes de receita (é irreal)
2) Equilíbrio substancial- baseia-se nas teorias do
Tem 3 sub-regras: não compensação, não consignação e défice sistemático e nos orçamentos cíclicos, ou
especificação seja, nunca é possível a inexistência de défices e
excedentes pois estão sujeitos a períodos
Artigo 14º-A cíclicos e estabilizadores automáticos.
Princípio da não compensação/orçamento bruto ART.31º
As receitas e as despesas devem ser inscritas no OE de Quais são os critérios do equilíbrio substancial:
uma forma bruta e não líquida, não devendo ser 1. Critério clássico do equilíbrio orçamental: as
deduzidas às receitas as importâncias gastas com a sua receitas e despesas de referência eram as
cobrança, nem às despesas as receitas originadas pela normais (patrimoniais e tributárias). Haverá
sua realização. O fundamento é o facto de se exigir uma equilíbrio quando as receitas normais servem
maior racionalidade e de possibilitar um controlo para cobrir pelo menos as despesas normais,
efetivo, político e administrativo da execução sendo que o recurso ao crédito só seria aceitável
orçamental. em casos excepcionais. Ex: incêndios
2. Critério do ativo de tesouraria: as receitas e as
Artigo 14º-B despesas de referência são as receitas e despesas
Princípio da não consignação efetivas: consoante se traduzam em entradas
Não pode num orçamento afetar-se qualquer receita à efetivas ou em saídas efetivas de massa
cobertura de determinada despesa: pretende-se evitar a monetária no património de tesouraria do
existência de uma AP fragmentária. Exceções: art.16º/2. estado. Haverá equilíbrio quando as despesas
efetivas só poderem ser financiadas por receitas
Artigo 14º-C efetivas, ao passo que despesas não efetivas
Princípio da especificação podem ser financiadas por receitas efetivas e
não efetivas. As verbas efetivas representam
1.OE deve individualizar suficientemente cada receita e uma efetiva diminuição do património
cada despesa. Assim, para cada despesa pública deverá monetário do estado.
ser concedido um crédito que deve ser exclusivamente 3. Critério do orçamento ordinário: as receitas e
afeto ao serviço (órgão) ou função prescrita. despesas de referência são as receitas e despesas
2.Impõe uma organização por classificadores que ordinárias. Há uma situação de equilíbrio
permite perceber para identificar ao que cada despesa ou quando as primeiras servem para cobrir, pelo
receita está afeta: classificador económico (receitas e menos, as segundas.
despesas), orgânico e funcional (despesas): 4. Critério do ativo patrimonial do estado: receitas
a) Funcional (com que fim)- ficamos a saber e despesas de referência são as receitas e
quanto se gasta por exemplo na saúde, na educação, despesas correntes: ou seja as que não afetam o
etc… património duradouro do estado. Há equilíbrio
b) Orgânico (quem?) - qual o responsável quando as receitas correntes servem para cobrir
político por cada parte do orçamento: as despesas correntes.
c) Económico (sem saber para que órgão e para
que função é): Artigo 17º
Diferenças entre regras clássicas e novas regras orçamentais
-Receita (há diferentes impostos)
-Despesa (contratação de pessoal, bens e
serviços) 1.Regras clássicas: respeitam tendencialmente o OE.
3. Art.105/3 CRP Regras novas: respeitam a todas as administrações
4.Fundamento: clareza e limpidez na elaboração, públicas
execução e controlo orçamentais. 2.Regras clássicas: regulam a fase da elaboração e
5.Exceção: dotação provisional - face a despesas aprovação do OE
simultaneamente imprevistas e inadiáveis - não viola o Regras novas: regulam todo o ciclo orçamental,
principio da especificação Sé é imprevista não podia respeitam também à fase de execução
2. Existem hoje na legislação 3 tipos de regras
3.Regras clássicas: baseiam-se fundamentalmente na numéricas:
estrutura e no procedimento orçamentais a. Regra do saldo ou equilíbrio (art.12º-
Regras novas: centram-se nos resultados orçamentais C): saldo estrutural ajustado ao ciclo e
4.Regras clássicas: sobretudo de cariz continental de medidas excecionais/temporárias em
Novas regras: nova influencia dominante- a influencia conformidade com o objetivo
da literatura internacional mais relevante em matéria de orçamental de médio prazo resultante
orçamentação pública. do PEC.
5.Regras clássicas: consagradas há muito no direito b. Regras de dívida (art.87º): LOE
orçamental estabelece limites de endividamento
Regras novas: aparecem no nosso direito orçamental dos subsectores do estado. Determinou-
sobretudo a partir da aprovação da atual LEO. se que tais limites possam ser inferiores
ao que resulte das respetivas leis de
financiamento, quando tal resulte da
Artigo 18º necessidade de cumprir o PEC.
Novo princípio: estabilidade orçamental c. Regras de despesa: existem 2 tipos: as
Art.10º LEO: Impõe a todos as entidades do sector regras de despesa de carácter implícito
público administrativo a verificação de uma situação de e indireto (art.12ºD-resulta da
equilíbrio ou excedente orçamental, calculada pelo necessária subordinação do OE aos
Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais. limites máximos de despesa fixados
A estabilidade orçamental é o equilíbrio das AP pela lei de programação orçamental
calculado nos termos do SEC95: está em causa a noção plurianual) e as regras de carácter
desaldoglobal. explícito e direto (art.12ºC/6)

Artigo 19º Artigo 22º


Novo princípio: transparência e solidariedade recíproca Vinculações externas do OE-art.17º

Maior exigência substantiva de bom comportamento Desenvolvimento no artigo 105º2 CRP.


orçamental: informação exata e objetiva sobre o modo Constituem vinculações externas:
como o Estado utiliza os dinheiros públicos e sobre o 1. As obrigações decorrentes de lei, contrato ou
custo dos programas orçamental, facilitando os sentenças judiciais ou outras obrigações
mecanismos de controlo orçamental. determinadas pela lei (despesas obrigatórias)
Pressupõe a ideia de divulgação público, no que diz 2. Obrigações decorrentes do tratado da U.E
respeito à estrutura e funções do estado e às intenções da 3. Opções em matéria de planeamento e
política orçamental e contas públicas. programação financeira plurianual.
Pressupõe também abertura interinstitucional: dos Destas fontes externas resultam hoje importantes
governos nacionais em relação às instâncias consequências:
competentes e interessadas; do governo em relação ao 1. Subordinação do OE às obrigações definidas
parlamento; dos sectores e subsectores do estado em nos programas de estabilidade e crescimento
relação ao governo, especialmente ao ministro das impostos pelo PEC
finanças. 2. Subordinação do OE aos limites de despesa
A solidariedade recíproca estabelece-se na medida em consagrados nos instrumentos de programação
que apela ao comprometimento de todos os níveis de orçamental, quadros plurianuais que fixem
decisão a esse esforço de estabilidade. limites máximos para a despesa agregada e para
a despesa em cada sector: LEO criou então o
Artigo 20º quadro plurianual de programação orçamental
Novo princípio: Equidade intergeracional
Induz a necessidade de avaliação da sustentabilidade de (art.12ºD- este quadro é o documento através do
longo prazo da dívida pública (art.13º) qual são definidos os limites da despesa da
administração central financiada por receitas
gerais, os limites da despesa por cada programa
Artigo 21º orçamental, para cada agrupamento e
Novas regras numéricas na legislação portuguesa programas e para o conjunto de todos os
programas)
Decorrentes das exigências da estabilidade orçamental e Despesas obrigatórias como vinculação externa do OE-
da sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas: art.16º- as despesas obrigatórias derivam:
1. Regras procedimentais: a aprovação do OE faz- 1. Obrigações decorrentes da lei ou contrato
se em articulação com a aprovação de outros 2. Obrigações associadas ao cumprimento de
documentos com relevância orçamental que o sentenças judiciais.
vinculam ou condicionam. Acresce cada vez No plano da execução orçamental, estas vinculações
mais a europeização do processo orçamental- associadas a despesas obrigatórias projetam-se na
não há apenas lugar à intervenção de entidades concretização do princípio da legalidade da despesa.
nacionais mas ainda de instâncias comunitárias A realização prática entre as vinculações externas e o
como a Comissão. OE permite perceber que constrangimentos económicos
e financeiros, desprovidos geralmente de juridicidade,
acabam por ser mais efetivos e limitativos do que as
verdadeiras obrigações jurídicas. OE é cada vez mais o Propostas de alteração orçamental: a emenda
instrumento legal por excelência de criação de parlamentar está mais limitada- 2 argumentos
obrigações para o estado. 1. Alteração de sentido da proposta de lei- tem-se
apenas a pretensão de alterar um plano já
Artigo 23º elaborado, que está a ser executado e em áreas
Conteúdo do OE e cavaleiros orçamentais delimitadas pela proposta do governo, que tem
o exclusivo da iniciativa de alteração e o
Art.31º formata o conteúdo desejável do OE- indica o encargo da responsabilidade, ou seja, os
conjunto de matérias que podem e devem estar no deputados não podem proceder a modificações
articulado do OE. orçamentais que não se inscrevam na proposta
31º1: do governo, ou seja, alargar essas modificações
a) Matérias específica e indubitavelmente a outras áreas.
orçamentais: a) a d) e alínea p). 2. Lei-travão: aplicação indireta do artigo 167º/2
b) Matérias não especificamente orçamentais, mas CRP.
tornadas orçamentais, legalizando-se numa
prática ou costume orçamental: a) a m) e o) Artigo 25º
Cronologia do processo orçamental em Portugal
Matérias que não constam expressamente no 31º/1:
a) Matérias que serão ainda matérias 1.Envio à AR do programa de estabilidade e
especificamente orçamentais, surgindo crescimento (março a junho)
habitualmente nas leis do OE: caso das 2.Início dos trabalhos de preparação do OE para o ano
alterações à legislação fiscal ou certas regras seguinte (início do 2ºsemestre)
sobre gestão do património público. 3.Negociação interministerial
b) Matérias que serão ainda matérias 4.Aprovação, em Conselho de ministros, da proposta das
especificamente orçamentais, surgindo GOP (grandes opções dos planos)
esporadicamente nas leis do OE: caso do 5. Envio da proposta de Lei das GOP à AR (setembro)
contrato trabalho da Administração Pública. 6. Aprovação, em conselho de ministros, das propostas
c) Matérias que só de forma indireta e incidental de lei do Quadro Plurianual de Despesa Pública e do OE
têm natureza orçamental: é difícil determinar se (outubro)
é matéria orçamental ou cavaleiro orçamental- 7.Envio das propostas à AR (outubro)
exemplo: regime de férias, feriados e faltas. 8.Discussão (novembro)
d) Cavaleiros orçamentais: é uma prática que tem 9.Aprovação (dezembro)
sido exercida pelos governos e que corresponde
a normas de natureza muito diversa e são Artigo 26º
incluídas na LOE como expedita, isto é de Orçamento de base-zero e de base incremental
forma desembaraçada e eficiente, de obter a sua
aprovação num contexto em que as atenções 1.OBZ: art.21ºA a 21ºE.
estão viradas para outras matérias. Guilherme -Integra todos os serviços do Estado
d’Oliveira Martins admite que constituem (administração direta ou indireta)
cavaleiros orçamentais todas as disposições não -Compete ao Governo definir quais os
financeiras e as financeiras de carácter organismo e programas sujeitos ao OBZ
permanente.(exemplo- art.75ºLEO) -OBZ aparece associada à gestão por objetivos
-OBZ consiste na justificação detalhada das
Artigo 24º depesas que cada serviço pretende inscrever.
Emenda parlamentar Quando fizemos o acordo com a troika e nos
comprometemos com o novo OE que supostamente ia
A iniciativa superveniente dos deputados ou dos grupos entrar em vigor de 2018, foi estabelecido que seria feito
parlamentares conhece maiores limitações quando ela um OBZ em vários sectores da administração publica,
incide sobre uma proposta de alteração orçamental, do comerçar-se-ia do zero em vez de se utilizar o
que quando respeita à proposta inicial do OE. incremental, continuando com os anteriores e alterando-
1.Proposta inicial do OE: não existirão quaisquer os apenas e basicamente a principal razão para a lei não
limitações do ponto de vista material. No limite a entrar em vigor é que nós tinhamos 3 anos de vacatio
questão é política e depende fundamentalmente da legis para realizarmos os mecanismos necessários para
relação de forças existentes no parlamento. implementarmos OBZ mas como não se formou
a) Logrolling (troca de votos): a democracia nenhuma comissão nem houve qualquer iniciativa nesse
pode dificilmente gerar o consenso, a democracia apenas sentido não poderá entrar em vigor.
produz maiorias. Exemplos dos “orçamentos limianos”: O que o professor Marco Capitão propõe é que em vez
O governo socialista que então, eleito sem maioria de se fazer uma mudança drástica de orçamento
absoluta (por apenas um voto) conseguiu aprovar esse incremental para OBZ, é passarmos progressivamente e
orçamentos com o voto de um deputado do CDS de fazermos uma comissão que se especialize numa
Ponte de Lima e eleito pelo círculo de Viana do Castelo. matéria, contratando as pessoas especializadas nesse
Em troca o Governo comprometeu-se na realização de tipo de matérias que vão sendo rotativamente trocadas
vários investimentos públicos no conselho e no distrito para a elaboração do OE, começando por um ministério
em causa. e depois por outro e assim sucessivamente.
a) Fragilidades: prática morosa e burocrática. Execução do orçamento da receita obedece a:
b) Exige-se prudência e faseamento na sua 1. Princípio da segregação de funções entre
aplicação. liquidação e cobrança
Para além do OBZ também a programação orçamental 2. Princípio da legalidade
visa colocar fim à tentação incremental: LEO estabelece 3. Princípio da tipicidade qualificativa
a programação em sentido material (art.12ºD)- o Execução do orçamento da despesa obedece a:
objetivo deste quadro é o de definir os limites da 1. Princípio da segregação de funções entre
despesa da administração central, financiada por receitas liquidação e cobrança.
gerais e em cumprimento dos objetivos do PEC. 2. Princípio da legalidade
2.Orçamento de base incremental: é o que nos dias de 3. Princípio da tipicidade qualificativa
hoje ainda vigora pelo facto de ter sido impossível a 4. Princípio da tipicidade quantitativa
implementação do OBZ pois não foram criados 5. Regras de economia, eficiência e eficácia.
mecanismos nenhuns que permitissem a implementação
deste. No orçamento de base incremental os gestores de Artigo 30º
cada de cada departamento apenas justificam as Regime das alterações orçamentais
variações relativamente a anos anteriores.
A necessidade de efetuar alterações orçamentais resulta
Artigo 27º da execução orçamental. Há 3 graus:
Processo orçamental originário: aprovação do OE 1. Alterações da competência da AR (art.50ºA)
2. Alterações da competência do Governo (art.51º)
1.LOE: 106º1 3. Alterações da competência dos serviços.
2.A proposta de lei para o ano económico seguinte é
apresentada pelo Governo à AR até 15 de outubro de Artigo 31º
cada ano (art.12ºE) Conceito de equilíbrio orçamental
3.A iniciativa em matéria orçamental é um exclusivo do
governo (161º1 CRP) É considerado um princípio sobre o conteúdo do OE, ou
a)Exclusivismo da iniciativa: OE é o principal melhor dizendo, um princípio que atende aos resultados
instrumento de concretização financeira e política do orçamentais.
governo, assumida e apresentado ao parlamento. No 1. Equilíbrio em sentido formal- refere-se a uma
final do mandato o governo deverá prestar contas ao igualdade contabilística entre receitas e
eleitorado, da execução do programa político e despesas, sendo que a violação desta exigência
responsabilizqar-se por ela. é quase impensável, apenas podendo acontecer
4.Votação da proposta: 45 dias (12ºF/2) por um erro.
5.Plenário discute e vota na generalidade a proposta de 2. Equilíbrio em sentido substancial- permite
lei, tendo por objeto o articulado e os mapas evidenciar a situação orçamental do Estado,
orçamentais. A votação é efetuada na generalidade salvo confrontando um certo tipo de receita, com um
exceções: certo tipo de despesa (receitas e despesas de
a) casos em que resulta da obrigatoriedade legal referência) e definindo uma linha, acima da
(criação, extinção ou modificação de impostos e qual haverá equilíbrio e abaixo do qual se
situações em que se autorizam empréstimos e verificará uma situação de défice orçamental.
financiamentos) Existem diferentes critérios para se optar entre as
b) sempre que a AR entender submeter à receitas e as despesas de referência:
apreciação individual. 1. Critério clássico do equilíbrio orçamental: as
receitas e as despesas de referência eram as
Artigo 28º receitas e despesas normais. À luz desta
Prorrogação de vigência do OE (12ºH) concepção, haverá equilíbrio quando as receitas
normais servem para cobrir pelo menos as
1. Legislador resolve o problema que se arrastava despesas normais. O recurso ao crédito só seria
na doutrina: necessidade ou não de novos aceitável em situações muito excecionais:
decretos de execução orçamental para sustentar guerra.
o regime de prorrogação- Governo pode 2. Critério do ativo de tesouraria: as receitas e
aprovar por decreto-lei os dispositivos de despesas de referência são as receitas e despesas
execução orçamental apenas e quando venham efetivas, consoante se traduzem em entradas
justificar-se. efetivas ou em saídas efetivas de massa
2. Atenção ao artigo 12ºH/5. monetária no património de tesouraria do
estado. À luz desta ideia, haverá equilíbrio
Artigo 29º quando as receitas efetivas servirem para cobrir,
Regime de execução orçamental pelo menos as despesas efetivas. As receitas
efetivas são todas aquelas que não implicam a
1.199ºb) CRP: exclusivamente ao Governo porque a inscrição desse montante no passivo financeiro
execução orçamental situa-se no quadro da competência do estado, tal como as despesas efetivas são
administrativa que é do governo e em principio é no todas aquelas que não implicam a supressão
governo que estão os serviços tecnicamente habilitados desse valor no passivo financeiro do estado. É
para produzir o OE (ver artigo 43º) este critério que está na base da definição das
principais regras em matéria de saldos
orçamentais hoje vigente em diversos países paga também juros): os juros são uma despesa corrente e
desenvolvidos- constituem concretizações do é uma despesa efetiva porque não tem relação nenhuma
ativo da tesouraria: saldos global e primário do com o passivo financeiro; os juros são um encargo
orçamento. corrente da dívida mas não tem nada a ver com o
3. Critério do orçamento ordinário: neste, as montante do capital principal da dívida, ou seja, são
receitas e despesas de referência são as receitas inseridos no saldo global porque são uma despesa
e despesas ordinárias, aquelas que se repetem efetiva (ver artigo 35º)
em todos os orçamentos, havendo situação de SG= RE-DE
equilíbrio quando as primeiras servirem para
cobrir pelo menos as segundas. Artigo 32º B
4. Critério do ativo patrimonial do Estado: aqui, as Receitas e despesas relacionadas com ativos financeiros
receitas e despesas de referência são as receitas
e despesas correntes, ou seja, as receitas e as Começando pela despesa: imaginem que o estado
despesas que não afetam o património português empresta 100 a Moçambique, está a realizar
duradouro do estado. Há equilíbrio quando as uma despesa de 100 que vai sair do seu património de
receitas correntes servem para cobrir pelo tesouraria, vai tornar-se credor de Moçambique, ou seja,
menos as despesas correntes. vai registar a inscrição de 100 no seu ativo financeiro
porque é algo que mais cedo ou mais tarde Moçambique
Artigo 32º vai pagar.
Regra do saldo estrutural Passado 5 anos, Moçambique paga a divida de 100, o
estado recebe essa receita correspondente à amortização.
É o equilíbrio orçamental que em termos substanciais É considerada uma receita não efetiva relacionada com o
permite determinar se estamos perante uma situação de ativo financeiro porque o estado deixa de ser credor de
défice ou superavite (excesso de receitas sobre 100.
despesas).Os critérios nem sempre foram os mesmos, os
mais importantes são: Artigo 33º
1. Critério do saldo corrente/orçamento corrente: Critério do saldo primário
confrontam-se as receitas correntes (não afetam
o património do estado) com as despesas Critério no saldo primário- continua a ser as receitas
correntes. efetivas em oposição às despesas efetivas, mas retira-se
a. SC=RC-DC às despesas efetivas os juros da dívida pública.
2. Critério de saldo global (adotado entre nós): 1. Como calcular? Retira-se previamente do
confrontam-se as receitas efetivas (entrada de montante das despesas efetivas o valor dos
dinheiro no património de tesouraria do estado) juros da dívida pública e ao subtrairmos o valor
com as despesas efetivas (saída de dinheiro do dos juros da dívida pública obtemos o saldo
património de tesouraria do estado). primário.
a. Receitas e despesas que concorrem, SP= SG – juros da dívida pública
para os ativos e passivos financeiros 2. Utilidade do saldo primário: Se subtrairmos os
não são contabilizadas (art.32ºA e encargos correntes da dívida, obter-se-á a
32ºB) percepção de qual é a verdadeira situação
3. Critério do saldo primário (tem a ver com o financeira do país naquele ano, isto é, se
tratamento dos juros da dívida e distingue-se do retirarmos o valor dos juros vamos ter o total
saldo global pela maneira como os juros são das receitas (nomeadamente receita fiscal) e
tratados)-art. 33º vamos ter o total da despesa (relacionada com o
funcionamento dos serviços públicos, gestão de
Artigo 32º A pessoal…)
Receitas e despesas relacionadas com passivos financeiros 3. Os juros para o estado são uma herança e se se
eliminar o peso dessa herança, consegue-se
Receita que dá origem a um passivo financeiro- receita compreender o que é que aquele governo em
fictícia, é uma receita que implica o endividamento. (o cada momento está a fazer, e o que é que deixa
estado obtém essa receita mas torna-se devedor para o futuro:
exatamente desse montante) a. Ou deixa um défice primário (gerando
Há uma inscrição no passivo do estado, é uma receita mais necessidade de dívida a
não efetiva porque implica a inscrição de uma dívida no acrescentar à que já vem de trás, ou
passivo financeiro do estado, é uma dívida financeira. seja, as receitas já não são suficientes
(Se o estado pagar esta dívida passado 5 anos, ele realiza para pagar as despesas e portanto vai
despesa e amortiza o passivo de 100, esta divida haver necessidade de financiamento.
significa que aquele valor de 100 que estava registado b. Ou deixa um superávite primário: está
no seu passivo financeiro desapareceu- a inscrição a reduzir para o futuro as necessidades
desaparece do seu balanço). de endividamento da economia, está a
Despesa relacionada com passivo financeiro- despesa da reduzir as necessidades de
amortização da dívida não é efetiva porque está financiamento.
relacionada com a supressão de um passivo financeiro. 4. O saldo primário permite uma informação
Despesa com os juros da dívida (o estado quando se acerca do presente e daquilo que o governo
individa, além de ter de pagar esse montante mais arde deixa para o futuro.
5. Saldos primários são uma condição essencial da 6. Portanto, SN é o saldo nominal e corresponde
chamada sustentabilidade de longo prazo da ao saldo global efetivo e é a diferença entre as
dívida pública: se em cada momentos tivermos receitas e as despesas, mas a esse saldo temos
supéravites primários, ou seja saldos primários de retirar as medidas extracíclicas e a
positivos, significa que estamos a reduzir componente cíclica do saldo.
progressivamente as necessidades que o estado 7. OGP é o desvio do produto do PIB em relação
tem de recorrer a financiamento. ao produto potencial
a. OPG+: output gap positivo.
Artigo 36º b. OPG-: output gap negativo.
Fórmula do saldo global 8. Para podermos calcular este output gap temos
de calcular primeiro o produto potencial e só
Saldo global= receitas efetivas- despesas efetivas depois é que podemos saber se há desvio para
mais ou para menos.
9. O nosso saldo cíclico corresponde a este output
Receitas efetivas – Despesas efetivas
Saldo nominal== gap no ano t multiplicando pelo símbolo E: este
PIB
símbolo representa a elasticidade das receitas e
despesas em relação à variação do produto (%
1º passo: subtrair a despesa efetiva à receita efetiva do PIB).
2º passo: verificar se temos um saldo positivo ou a. Símbolo E: média ponderada de várias
negativo elasticidades: elasticidade da receita e
3ºpasso: converter em PIB e isso dá a % de défice despesa fiscal, IVA (elasticidade é
orçamental menos do que no caso dos impostos
A regra no tratado orçamental aprovado em 2012 é a diretos mas também existe)
regra do saldo estrutural: ou seja parte-se do saldo SC= E (R-D) x OGP
global. 10. 2 medidas para calcular o PIB potencial:
a. FMI- tenta filtrar no produto aquilo que
Artigo 37º e PIB potencial daquilo que não é.
Como é que se calcula o saldo estrutural? b. Comissão europeia- Função de
produção Cobb Douglas (é uma
O saldo estrutural é: saldo nominal-medidas extraordinárias-efeito
cíclico
metodologia necoclássica
convencional, utilizada pelas teorias do
1. Calcular saldo global (saldo nominal, o tal saldo crescimento económico de longo prazo,
global efetivo e vemos quanto dá em % do PIB. pois o PIB potencial é uma curva que
2. Há uma diferença entre um saldo de défice de representa uma realidade a longo
10% e uma situação em que houve uma prazo, não são cíclicos curtos)
recessão gravíssima OU esses 10%
corresponderem a uma situação de crescimento Artigo 38º
Fatores que contribuem para crescimento em termos estruturais
económico e a economia do país estar bem.
3. A comissão europeia não só sanciona os países 1.Trabalho (disponibilidade de mão de obra)
pela parte que é efetivamente da sua 2.Capital (e produtividade desse capital que existe na
responsabilidade, por exemplo as catástrofes economia)
naturais ou crises nada têm a ver e por isso 3. Tecnologia
devemo-nos concentrar naquilo que é o saldo
em termos estruturais. Relação: as economias mais industrializadas têm um
4. Então, a avaliação do comportamento de um capital maior e um trabalho menor; as economias menos
governo e das AP em geral para a aplicação das industrializadas têm mais trabalho e menos capital. Em
regras orçamentais têm em consideração os Portugal a nossa economia é baseada no fator trabalho.
aspetos estruturais e não o que tem carácter
cíclico ou extraordinário.
5. Vamos subtrair ao saldo nominal a componente Opinião da regente: é preferível calcular o saldo
cíclica e as medidas extraordinárias: retirando orçamental isolando esses efeitos do ciclo,
estas 2 vertentes o saldo fica apenas com o que concentrando-nos naquilo que é estrutural porque
não é cíclico nem extraordinário. efetivamente numa fase de recessão o saldo tende a
a. Um país que tenha um saldo estrutural deteriorar-se e isso pode não querer significar que o
em boa posição é mais capaz de estado gastou demasiado e de forma irresponsável). A
acomodar os efeitos de uma recessão: professora é favorável a uma gestão contracíclica (e não
tem “balões de oxigénio”, tem reservas de autoridade expansionista) nos momentos maus da
porque poupou- é um país que tem as economia. Da mesma maneira que nos anos maus deve
contas em dia. Tem um saldo estrutural haver alguma margem para os estados poderem gastar
positivo e apesar da perda fiscal e do um bocadinho mais, também nos anos bons não devem
aumento do subsídio de desemprego fazer medidas pro-cíclicas (aproveitar aquele ano para
tem balões de oxigénio. começar a gastar muito e aliviar a carga fiscal), ou seja,
SN= SE+SC nos anos bons deve-se fazer uma contenção criando-se
reservas/almofadas financeiras que permitam ao estado
criar algum músculo que o apoie nas situações mais financiar e até tem capacidade de
difíceis. financiamento líquido: tem receitas que
sobram e pode emprestar a outros.
b. Situação deficitária (receitas efetivas
são inferiores às despesas efetivas)- as
Artigo 39º receitas efetivas não são suficientes
Críticas à regra do saldo estrutural para pagar as despesas efetivas: é
preciso lançar mão das chamadas
1. Calcula-se o PIB num ano e estima-se o PIB receitas não efetivas, ou seja,
para o próximo ano para mais ou menos definir financiamento líquido). O estaod tem
qual vai ser o OPG no ano seguinte, ou seja, de recorrer ao crédito, tem de recorrer
fazem-se estimativas e quando a regra for valer às receitas não efetivas para financiar
no próximo ano se calhar o PIB vai ser outro esse défice.
porque a estimação não se fez em tempo real.
2. Estimação de taxas e elasticidades: Relação entre as 2 noções: quando há défice, há
artificialismo que por vezes não acompanha a necessidade de financiamento, ou seja,
realidade. necessidade de recorrer a crédito público
(endividar-se). Nem todas as situações que
Conclusão sobre saldo estrutural: implicam alterar os valores da dívida e do
1. Saber ver quando é medida extraordinária ou passivo financeiro resultam necessariamente de
ordinária (integrada no cálculo do saldo variações anuais do défice. O resultado em
orçamental) termos de saldo orçamental determina as tais
2. A regra do saldo estrutural obriga a que todos necessidades de financiamento ou pelo
os estados se encaminhem para um valor de contrário a capacidade de financiamento.
défice que não deve ser superior a 0,5% do PIB.
Se tivermos um saldo estrutural de 0% existe a Artigo 41º
tal folga cíclica que permite que numa fase Valor da dívida concorre para o cálculo do saldo
negativa do ciclo consigamos atingir os -3% (do
PEC) só com medidas cíclicas. A componente mais significativa da despesa
3. O desejável é ficar alinhado com as metas do publica associada à divida: juros da divida
PEC. publica ( são uma despesa corrente e por isso
Artigo 40º não efetiva, está inscrita acima da linha) Quanto
Dívida pública maior força o peso da dívida, mais pesados são
os juros.
É o conjunto de situações passivas que o estado tem. A herança da dívida tem uma dupla
Quando se fala em dívida pública fala-se em dívida que importância:
resulta nomeadamente de empréstimos contraídos pelo 1. Em cada ano a variação da dívida
estado português- passivos financeiros. autorizada está dependente do stock de
O balanço do estado é composto pelo ativo e pelo dívida herdada e dos juros que se pagam
passivo. Do lado do passivo temos as várias situações de sobre esse stock (um dos fatores que
dívida que um estado pode ter, também está lá incluída a concorre para a sustentabilidade da dívida
dívida a fornecedores do estado (na área da saúde- se é são os juros do passado)
necessário fazer a reposição do stock dos produtos que 2. O stock da divida tem importância para o
os utentes precisam no SNS é evidente que nem sempre saldo orçamental:
os estabelecimentos de saúde pagam imediatamente os a. Por exemplo: Se tivermos encargos
fornecimentos desses produtos e isso vai gerando uma em 7MM€ temos de os pagar em
dívida). juros de dívida e isso é despesa
A dívida aos fornecedores, aos próprios funcionários, pública, é despesa corrente do
aos beneficiários do estado e clientes não são dívida estado que está no OE para 2018.
financeira: são dívida não financeira, ou seja, não são b. Para esse saldo concorrem várias
passivo financeiro. receitas e despesas do estado e
diante as despesas estão os 7 mil
Artigo 41º milhões de euros com juros da
Dívida pública vs Défice orçamental
dívida pública.Se não tivéssemos
1. Dívida pública: conjunto de situações passivas herança ou se fosse mais pequena
do estado (passivos financeiros) estávamos perante o superávite e
2. Défice orçamental: é o saldo orçamental quando tínhamos almofadas financeiras e
este se caracteriza pelo facto de as receitas mais investimento público.
públicas serem inferiores às despesas públicas.
No cálculo do salgo global em termos nominais Artigo 42º
Dívida fundada vs dívida flutuante
podemos ter 2 situações.
a. Situação superavitária (receitas efetivas
superiores às despesas efetivas)- o 1. Dívida fundada- amortiza-se num
estado não tem necessidade de se período/exercício orçamental diferente de
quando é contraída. Ex: emito uma divida a 10
anos ( a maturidade ultrapassa o ano orçamental tendo condições orçamentais para ir fazendo
em que foi contraída). O período de duração de essa gestão e obviamente que implica que o
atividade é normalmente de longo prazo, ou estado seja controlador do seu gasto.
seja, superior a um ano, mas há exceções (por a. Quanto maior for o défice, menos
exemplo: emissão de dívida no mês de outubro capacidade de pagar a dívida
no ano N para ser paga em março do ano N+1: b. Um estado com saldos primários
é divida fundada e no entanto é curto prazo. positivos tem maior capacidade para
2. Dívida flutuante (menor exigência)- gerir a divida que tem.
amortização faz-se no mesmo ano orçamental 2. Própria qualidade da dívida que se tem: um
que é contraída. É sempre curto prazo. estado que tenha uma dívida
sustentável/pagável tem mais condições para
Artigo 43º continuar a endividar-se: os investidores
Como é que a agência da dívida decide avançar com estes emprestam aos países que têm boas condições
processos de emissão? relativamente à dívida já existente.
Processos de emissão: financiamento ao estado pode ser feito atrvés 3. Financiar a dívida através da criação de moeda:
de contrato de empréstimo, obrigações tesouro, obrigações-tesouro de há um risco de inflação mas é uma prática
rendimento variável, certificados de aforro, bilhetes de tesouro (ver seguida por países com autonomia monetária.
lei 7/98) (os países da zona euro não têm essa capacidade
de produção autónoma de moeda).
1. Venda a retalho: Nota: Um país à beira da bancarrota não é viável. Para
a. democratização-qualquer se estar à beira da banca rota não basta ter dificuldades
investidor com capacidade em pagar o principal (capital mutuário) da dívida: o
financeira média pode comprar estado tem de começar a ter sérias dificuldades em pagar
estes títulos investindo e juros. Hipóteses de trabalho até à bancarrota.
emprestando ao estado português. 1. Inflação (os países sem autonomia monetária
2. Colocações privadas de dívida junto de estão mais condicionados): normalmente a
investidores institucionais. inflação interessa a quem deve (pois a divida
a. Normalmente são os tais contratos perde valor) e prejudica o credor, quem
celebrados entre o estado e certos empresta porque o que emprestou perde valor.
financiadores escolhidos a dedo. 2. Estratégias com os credores:
3. Leilões de dívida a. Reestruturação/Negociação da dívida e
a. Estado português decide emitir um esta implica o acolhimento e aceitação
acerto de dívida pública e no dia de novos termos por parte dos que
em que está marcada a operação e emprestaram: pode haver uma
esse montante é colocado no redefinição da taxa de juro, um
mercado, os investidores aumento de prazos ou no limite um
interessados farão as suas perdão da dívida, ou pelo menos
propostas. Se houver muita gente a perdão parcial (o credor abdica de uma
oferecer e a entrar no negócio vai parte sob pena de poder não ficar com
haver mais procura que oferta e nada)
por isso há uma redução na taxa de A bancarrota está associada a situações como:
juro e o estado vai financiar-se em mudança de regime, processos políticos
condições favoráveis. Se houver conturbados… As situações de incumprimento
pouca gente, a procura não supera são de facto gravosas para um estado e esta
as expectativas e a taxa de juro situação só acontece no limite, normalmente
subirá. pagam as suas dívidas: até porque se deixar de
4. Emissões sindicais- também há licitação e ter acesso a financiamento o país pode sujeitar-
propostas mas nestas há uma espécie de se a retaliação ( os outros deixam de cumprir e
“trabalho de casa” antecedendo o dia D. comprar produtos a este país) ou seja, com
Trabalho que é feito pelos sindicatos maior ou menos dificuldade, normalmente
bancários para estudar as condições de pagam as suas dívidas.
mercado- se as indicações forem boas
dizem à agencia para avançar com o Artigo 45º
processo de emissão. Despesas públicas
Ver lei da Maria+ art.51
Artigo 44º
Gestão normal e anormal da divida pública
Artigo 46º
Gestão normal: pagando a dívida nos prazos que estão Finalização do processo orçamental
predefinidos; implica por vezes contrair novos
empréstimos. LEO concretizou o processo orçamental de 2 fases em
Gestão anormal- como é que se vai fazendo a gestão? linha com os semestres europeus
1. Receita fiscal- cobrança de impostos que são as 1ªfase: art.34º e 35º (submissão do programa de
receitas efetivas predominantes que o estado estabilidade que deve ser remetido à comissão europeia
tem ao seu dispor. É assim que o saldo vai
e ainda aprovação da lei quadro plurianual da despesa quais foram definidos programas de assistência
publica) financeira no respeito por um principio de estreita
2ªfase: 36º e ss. Apresentação até 1 de outubro da condicionalidade.
proposta de lei do OE pelo governo à AR, proposta essa
que deve ser acompanhada do relatório e elementos Austeridade expansionista: fornece um forte argumento
informativos: estes elementos ajudam os deputados a às políticas que têm vindo a ser seguidas pela europa e
ficar inteirados e informados sobre o que está a pelos países europeus. Consideram agora, numa
montante e explica as opções de política orçamental que primeira aceção que um período de ajustamento é
o governo toma. (a falta ou insuficiência desses expansionista se o crescimento do PIB real durante esse
instrumentos tem como vício de forma que pode no período for mais elevado do que o crescimento médio
limite determinar a própria ilegalidade, embora verificado nesse país nos dois anos anteriores.
normalmente se pode dizer que a não apresentação possa
ser suprida pela apresentação tardia, satisfazendo desse Artigo 48º
modo as necessidades que os deputados possam ter. Desenvolvimentos mais recentes na legislação europeia

Artigo 47º Embora a austeridade tenha conseguido melhorias em


Origens da crise europeia atual: da crise financeira à divida termos de saldo orçamental nos países em que foi
soberana instalada, essas melhorias teriam sido mais significativas
se a dose de austeridade não tivesse sido tão profunda,
A crise atual começou com o crash da bolha imobiliária se tivesse existido uma austeridade mais soft a redução
nos EUA em 2007, deixando as instituições financeiras do défice teria beneficiado ainda mais. A estratégia
com graves problemas e liquidez ou até numa situação europeia pareceu basear-se numa linha keynesiana, ora
de insolvência. Em grande medida, por causa das aceitando e promovendo à adoção, pelos estados
medidas adotadas para salvar as instituições financeiras, membros, de pacotes de estímulo orçamental, ora
alguns países da zona euro começaram a enfrentar apostando no reforça da intensidade dos estabilizadores
dificuldades orçamentais de financiamento da respetiva automáticos. O PEC que parecia ter sido
economia pelo que isso determinou uma mutação na transitoriamente suspendido pelos responsáveis
crise-financeira, numa crise de dívida soberana. A crise europeus, na primeira metade do ano de 2009 reganhou,
instalada tornou evidente a existência de um Sistema a partir daí uma nova vida e recuperou a sua missão de
europeu de bancos centrais, de um banco central instrumento rígido e implacável de supervisão
europeu e de uma política monetária e cambial única, a multilateral da situação orçamental dos estados
efetiva fragmentação do mercado financeiro europeu. membros.
Existem essencialmente 3 fatores que concorrem para
essa variabilidade: Desse novo fôlego do PEC e da necessidade de repensar
1. Aversão internacional ao risco o quadro europeu resultou um pacote legislativo de 6
2. Contágio: probabilidade de outros países medidas de direito comunitário derivado intitulado six
entrarem na mesma situação pack (2011): 5 regulamentos e 1 diretiva.
3. Elementos específicos do pais como stock de 1. Alguns alteram o próprio PEC, fazem
divida e défice orçamental. nomeadamente uma redefinição do próprio
procedimento por défice orçamental excessivo.
2. Um dos regulamentos trata do procedimento
Artigo 48º por défice orçamental excessivo e introduz
Resposta à crise: dos pacotes de estímulo orçamental à algumas redefinições.
austeridade
3. Há um regulamento que cria uma figura nova:
Numa primeira fase apelou-se ao estímulo orçamental Não é o procedimento por défice orçamental
como forma preventiva de se cair numa grande excessivo, é o procedimento por desequilíbrio
depressão. A segunda fase de 2010 até meados de 2012 macroeconómico excessivo: este destina-se a
enfatizou pelo contrário, o objetivo da consolidação fazer “tocar umas campainhas” de alerta sempre
orçamental à medida que a dimensão da divida pública que um país evidencie este desequilíbrio
foi assumindo valores reconhecidos como macroeconómico excessivo.
insustentáveis. A terceira fase surgiu a partir dessa altura 4. Diretiva comunitária que obrigou os países a
quando verificadas as consequências da austeridade avançarem para a chamada criação de quadros
sobre o crescimento económico. Os pacotes de estímulo plurianuais de despesa publica/programação
orçamental, adotados naquela primeira fase pelos orçamental: nova LEO contempla o que veio a
estados membros foram claramente sancionados e estar concretizado nesta diretiva.
impulsionados pelas instituições comunitárias que
autorizam o relaxamento no cumprimento dos objetivos Em 2012 foi aprovado o tratado orçamental.
ficados pelo PEC. Revisão do PEC em 2013: uma das coisas que foi revista
A aprovação do six pack e aprovação em 2012 do pacto foi o semestre europeu que consiste em dividir o
orçamental consubstanciam a recuperação da ortodoxia processo orçamental em 2 fases: o semestre primavera
que estivera na génese deste pacto e que havia sido (atualização dos programas de estabilidade) e o semestre
ligeiramente atenuada com a revisão de 2005. A UE foi de outono (proposta de lei orçamental).
obrigada a enquadrar os mecanismos de assistência
financeira: criara em 2010 dois instrumentos através dos Artigo 49º
Funções musgravianas: teoria das funções financeiras
e assegura a gestão da política
1. Função alocação de recursos: esta função estuda monetária e o governo da política
as falhas de mercado. Esta função é censurável, orçamental.
não há consenso entre os economistas. Existem
2 falhas de mercado que podem justificar a
intervenção do estado:
a. Bens coletivos: não exclusivos e não
rivais no consumo. Artigo 50º
b. Externalidades Modelo keynesiano através de uma equação- PIB
i. Positivas: têm benefícios Y= C [ y-T(y)] + I (R) + G
múltiplos, são induzidos a toda
a sociedade (exemplo: Y= PIB real: aquilo que temos em cada momento da
vacinação) economia:
ii. Negativas: existe um custo 1. Consumo (C) das famílias ou empresas- o
social que o agente não consumo depende do rendimento (líquido e não
suporta, o que faz com que o bruto porque temos de tirar os impostos) das
estado possa criar por exemplo famílias por exemplo (salários=y)
impostos ambientais a. As famílias não ficam com todo o
(ex:poluição). rendimento que ganham, há uma parte
2. Função redistribuição económica: surgem as 2 que é tributada: impostos. A Tributação
correntes: também depende do rendimento.
a. Corrente liberal de carácter 2. Investimento (I) dependente da taxa de juro (R):
conservador: Hawke é contrário à a. Quando a taxa de juro é mais elevada,
tradição do racionalismo cartesiano significa que as pessoas vão menos
(estado surge para corrigir a sociedade pedir crédito a um banco porque o
desorganizada). Sugere a ideia de encargo da dívida é superior. Quanto
tradição em vez de razão. As mais elevada a taxa de juro, menor
sociedades vão sendo capazes de investimento.
evoluir (tentativa erro): o importante é 3. G (despesa publica)
que os cidadãos com base no saber vão 4. É da conjugação deste 3 fatores que depende o
construindo sociedades mais produto em que momento:
organizadas. a. Se tudo constante e se o consumo
b. Corrente social democrata (igualdade aumenta, o produto aumenta.
de oportunidades): Kennedy b. Se tudo constante e o investimento
(contratualismo constitucional) tem aumenta, o produto aumenta
uma visão negativa, ou seja, defesa da c. Se tudo constante e a despesa publica
propriedade, justiça distributiva aumenta, o produto aumenta.
(subjetiva): é justo o resultado quando
as regras são justas, sendo assim é Artigo 51º
criticada por esta corrente a justiça Despesa pública
adjetiva.
A ação do governo tem uma dupla importância:
Teoria da justiça de John Rawls: uma nova sociedade 1. Efeito direto
define as suas regras através de uma constituição. Nessa 2. O aumento da despesa publica pode introduzir
sociedade ninguém sabe como nasceu, ou seja, ninguém um aumento nas outras variáveis,
sabe as suas características (“véu de ignorância”)- nomeadamente no consumo privado.
através desse véu os elementos da sociedade definem os A despesa publica de investimento do estado pode
princípios chave que são a liberdade e o principio da mibilizar algum investimento privado: porque são as
propriedade privada. Os elementos da sociedade vão empresas que são contratadas, estas contratam outras e
querer o elemento da justiça que permita a redistribuição portanto há uma dinâmica de investimento que se pode
porque vão ter de admitir que podem ficar na pior gerar a partir daí.
posição possível. Estamos perante uma sociedade A despesa pública pode mobilizar investimento provado
capitalista justa: procura maximizar os efeitos de se estar que também favorece o consumo: há mais gente a
na pior situação possível: lança as bases da trabalhar, a receber salário e por isso a consumir- é um
solidariedade. efeito acionado através da ação da política orçamental
através de uma política expansionista (aumento de
3. Função da estabilização macroeconómica despesa publica).
a. O próprio mercado também induz essa
estabilização. Nem sempre esta Como é que avalio o efeito induzido pela despesa no
estabilização acontece: o estado tem produto?
uma terceira função que não está 1. Através do multiplicador da despesa pública: o
apenas a cargo do governo (as duas efeito é bastante significativo.
anteriores estão) mas também a cargo 2. Ação do multiplicador da despesa não é igual
do banco central porque este manipula em todos os países, não é igual em todas as
circunstâncias nem em todos os contextos.
a. Quanto mais profunda é a recessão
mais intensa é a ação do multiplicador.
b. Se a recessão for débil provavelmente a
ação do multiplicador não é tão
evidente.
3. A ação do efeito da despesa sobre o produto é
medido através de uma ferramenta matemática
que resulta de uma derivação da equação que se
chama multiplicador da despesa.
4. Além da despesa publica existe outro
instrumento que também depende da ação
governamental: os impostos também dependem
porque o governo pode decidir aumentar ou
diminuir em cada circunstância a carga fiscal.
Este (multiplicador dos impostos) funciona de
forma indireta, primeiro sobre o rendimento e
só depois sobre o consumo: normalmente o
multiplicador dos impostos é menos intenso que
o da despesa.

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