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FACULDADE C COSMOPOLITA

FACULDADE COSMOPOLITA
DISCIPLINA : DIREITO FINANCEIRO
PROFESSORA : GRAÇA PENELVA
AULA n° 01 - INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO – FINANÇAS PÚBLICAS

1- FINANÇAS PÚBLICAS

Desde que o homem passa do Estado de quase isolamento para a vida social, surgem
necessidades comuns a todos: a defesa da pessoa e dos bens, disciplina de conflitos entre os
indivíduos, defesa interna e externa etc. Basicamente, a finalidade do Estado é a realização do bem
comum.

O Estado não deixa de ser uma grande associação que existe para o atingimento de certos fins que
dizem respeito aos interesses da coletividade.

Fundamentalmente o Estado dispõe daquilo que arrecada na sociedade muitas vezes de maneira
coercitiva.

O funcionamento do Estado funciona através da obtenção de recursos na sua gestão e, finalmente,


na sua aplicação.

2- ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO - CONCEITO

● “A atividade financeira consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável


às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu outras pessoas de direito
público” (Aliomar Baleeiro)

●“podemos conceituar atividade financeira do Estado como sendo a atuação estatal voltada
para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à consecução das finalidades
do Estado que, em última análise, se resume na realização do bem comum. (Kiyoshi Harada)

● “Atividade financeira é o conjunto de ações do Estado, para a obtenção da receita e a


realização dos gastos para o atendimento das necessidades públicas.” (Ricardo Lobo Torres)
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● É a atividade política do Estado que determina a escolha dos objetivos que devem ser perseguidos,
prioritariamente, pelo Estado, visto que não é possível atingir a todos simultaneamente em virtude da
escassez de meios financeiros.

● É toda aquela marcada ou pela realização de receita ou pela administração do produto arrecadado,
ou ainda, pela realização de um dispêndio ou investimento.

É a procura de meios para satisfazer as necessidades públicas. O Estado visa, dentre outras
atividades: a prestação de serviços públicos, as construções de pontes, estradas, ferrovias etc,
defesa interna e externa.
A implementação destas tarefas envolve, necessariamente, custos insuscetíveis de serem
cobertos exclusivamente com o patrimônio do próprio Estado. Daí a necessidade de obtenção de
outros recursos financeiros para cobrir tais despesas.

3- CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE FINANCEIRA

O desempenho de atrividades financeiras revela certas características que nela estão sempre
presentes :
a) Presença constante de uma pessoa jurídica de direito público:
A atividade financeira tem sempre como sujeito um ente público
Órgãos Públicos: União, Estados,Distrito Federal, Municípios.
Fica excluída a atividade financeira do Estado a desenvolvida por pessoas de direito privado no
exercício de função ou serviço público.

b) Atividade de conteúdo econômico

A atividade financeira tem, inequivocamente, um objeto econômico na medida em que lida com
recursos que tem essa natureza. Contudo, não poderíamos apontar como financeira toda atividade
econômica do Estado.
De conteúdo econômico porque disciplina a captação, guarda e dispêndio dos recursos públicos

c) Conteúdo monetário:

Está fora da atividade financeira, a captação de outros valores que não seja dinheiro propriamente
dito, tais como Bens ou Serviços
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O Direito Financeiro regula as situações e relações jurídicas que , de forma mediata ou imediata,
se referem a obtenção, gestão e gastos de recursos monetários por parte dos entes públicos.

d) A instrumentalidade da atividade financeira

A atividade financeira é um INSTRUMENTO destinado a arrecadar os meios financeiros, e


direcioná-los para a concretização dos referidos fins.
A atividade financeira não visa diretamente à satisfação de uma necessidade coletiva, mas cumpre
uma função instrumental de grande importância, sendo seu regular desenvolvimento condição
indispensável para o desempenho de todas as demais atividades.
Caracteriza-se por ser uma atividade de gestão direta do dinheiro público como instrumento para
realização do bem comum.

4- FINS DA ATIVIDADE FINANCEIRA

O objetivo maior da atividade financeira é o de proporcionar recursos econômicos para o custeio da


manutenção e funcionamento do Estado.
Os fins da atividade financeira coincidem com as próprias finalidades da atuação estatal destinada à
satisfação das necessidades coletivas, que crescem na mesma proporção do agigantamento do
Estado moderno.
Cabe ao poder público a escolha dessas necessidades coletivas, encampando-as como
necessidades públicas e, consequentemente, inseri-las no ordenamento jurídico, disciplinando-as a
níveis constitucional e legal.

Atividade financeira do Estado é a procura de meios para satisfazer às necessidades públicas,


consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o
Estado assumiu ou imputou a pessoas de direito público.

5- NECESSIDADE PÚBLICAS

É aquela necessidade de interesse geral, satisfeita sob o regime de direito público, presidido pelo
princípio da estrita legalidade, em contraposição aos interesses particulares ou coletivos, satisfeitos
elo regime de direito privado, informado pelo princípio da autonomia da vontade.
Quanto maior a gama de necessidades públicas, maior será a intensidade da atividade financeira do
Estado.

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Segundo o mestre Kiyoshi Harada, podemos dizer que, atualmente, a atividade financeira do Estado
está vinculada à satisfação de três necessidades públicas básicas, inseridas na ordem jurídico-
constitucional:
a) a prestação de serviços públicos;
b) o exercício regular do poder de polícia;
c) a intervenção no domínio econômico.

a) Serviços Público

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, “serviço público significa prestação utilidade ou comodidade
material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem faça suas vezes,
sob regime de direito público.

Não devemos confundir serviço público com serviço ao público. Do ponto de vista jurídico nem
tudo que o Estado faz ou deva fazer configura serviço público, mas só aquele prestado sob o regime
de direito público, o regime administrativo, informado pelos princípios da supremacia e da
indisponibilidade do interesse público.
A numerosidade de serviços públicos, bem como sua variedade, dependem sempre da maior ou
menor intervenção Estado neste ou naquele campo, de conformidade com as tradições e as
instituições públicas em vigor.
Serviço público é a prestação de utilidade material fruível individualmente sob regime de direito
público.
Existem duas modalidades:

1- gerais (alcançam a comunidade como um todo, não se refere diretamente a ninguém, a título
universal, uti universi – ex. iluminação pública, segurança pública, serviço diplomático, bombeiro etc.)

2- específicos (alcançam pessoas individualmente consideradas, refere-se diretamente a alguém, uti


singuli, dotados de divisibilidade, ex. iluminação domiciliar, água potável, telefone etc.).

Os serviços gerais não podem ser remunerados por taxa de serviço, são mantidos através das
receitas gerais da pessoa jurídica (impostos e multas), diferente dos serviços específicos que podem
ser tributados por taxa.

Podemos ter o serviço efetivamente utilizado (taxa de serviço fruído) e o serviço colocado à
disposição do contribuinte (taxa de serviço fruível). A taxa de serviço fruível (taxa mínima) só pode ser
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cobrada quando há um serviço de utilização compulsória, tem valor prestigiado pela CF, ex: serviço
domiciliar de água potável para evitar epidemias, diferente dos correios, do pedágio (são de fruição
facultativa, serviço específico e divisível).

b) Poder de Polícia

O art. 78 do CTN define poder de polícia.

Art. 78 : “ Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou


disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato em razão de
interesse público, concernente ‘a segurança, ‘a higiene, ‘a ordem, aos costumes , ‘a disciplina da
produção do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do poder público, ‘a tranquilidade pública ou ao respeito a propriedade e aos direitos
indivduais e coletivos” .

Resumidamente, podemos conceituá-lo como sendo a atividade inerente do poder público que
objetiva, no interesse geral, intervir na propriedade e na liberdade dos indivíduos, impondo-lhes
comportamentos comissivos ou omissivos.

Ato de polícia = é aquele que envolve o exercício do chamado Poder de Polícia, que consiste na
faculdade que o Estado tem de observadas as diretrizes constitucionais baixar regras de nível legal ou
infralegal para disciplinar o exercício dos direitos à liberdade e a propriedade compatibilizando com o
bem comum (limitações).Ex: taxa de fiscalização e inspeção de bebidas alcoólicas (federal), taxa de
porte de arma (estadual), taxa de licença para construir (municipal)

c) Intervenção no Domínio Econômico

Dentre os princípios consagrados na CF/88 está a livre iniciativa ( art. 1°, IV e art. 170).
Esse princípio, contudo, não é absoluto, comporta exceções, dentre elas está intervenção do Estado
no domínio econômico através de seu poder normativo.
Essa intervenção no domínio econômico ocorre quando o Estado elabora leis de combate ao abuso do
poder econômico e de proteção ao consumidor; ocorre quando o poder público fomenta a atividade
econômica, promovendo financiamentos públicos e até mesmo realizar a exploração da atividade
econômica em caráter excepcional.

Regra constitucional sobre intervenção do Estado no domínio econômico:


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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer


atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.

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