O documento apresenta uma introdução ao estudo do Direito Financeiro e Tributário, definindo a Ciência das Finanças como atividade pré-normativa que fornece dados para políticas estatais, enquanto o Direito Financeiro disciplina a atividade financeira do Estado por meio de normas. Também define a atividade financeira do Estado como o conjunto de ações para obter recursos e realizar gastos visando atender necessidades públicas por meio de serviços públicos.
O documento apresenta uma introdução ao estudo do Direito Financeiro e Tributário, definindo a Ciência das Finanças como atividade pré-normativa que fornece dados para políticas estatais, enquanto o Direito Financeiro disciplina a atividade financeira do Estado por meio de normas. Também define a atividade financeira do Estado como o conjunto de ações para obter recursos e realizar gastos visando atender necessidades públicas por meio de serviços públicos.
O documento apresenta uma introdução ao estudo do Direito Financeiro e Tributário, definindo a Ciência das Finanças como atividade pré-normativa que fornece dados para políticas estatais, enquanto o Direito Financeiro disciplina a atividade financeira do Estado por meio de normas. Também define a atividade financeira do Estado como o conjunto de ações para obter recursos e realizar gastos visando atender necessidades públicas por meio de serviços públicos.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO FINANCEIRO E DO DIREITO
TRIBUTÁRIO. 1. Ciência das Finanças e Direito Financeiro: conceito, relações e distinções.
- A palavra “finanças” vem do latim “finis”, que significa “fim”: impõe o
fim de uma operação que se desenvolve pelo pagamento. Definição de Geraldo Ataliba: Ciência das Finanças “é um conjunto enciclopédico de conhecimentos e meditações sociológicos, políticos, econômicos, administrativos e psicológicos etc., que servem de instrumentação política para o legislador”. A ciência das finanças trata de atividade PRÉ-NORMATIVA, ou seja, não pertence ao mundo do direito, mas sim ao mundo da economia, fenômenos sociais e estatísticos, que podem fornecer elementos para a estruturação da política financeira do Estado. Após fazer um estudo global de todas as necessidades da sociedade e dos meios necessários para atender a essas necessidades, o Estado formula suas políticas financeiras. Tal comportamento não é jurídico, mas apenas político (no sentido amplo). A Ciência das Finanças é, pois, INFORMATIVA, já que fornece dados, estatísticas ao político para que ele decida: procura fenômenos econômicos em que possa incidir alguma norma tributária, possibilitando a arrecadação do Estado; estuda as reais necessidades da sociedade, bem como os meios disponíveis para atendimento dos interesses públicos, sempre com o propósito de obter recursos para o custeio das atividades estatais. Já o Direito Financeiro pertence ao mundo do direito, sendo a DISCIPLINA JURÍDICA DA ATIVIDADE FINANCEIRA do Estado. O mundo do direito faz um processo de seleção dos fatos que considera relevantes no mundo real, a fim de discipliná-los por lei. Ex.: o respirar e o andar são fatos irrelevantes para o Direito, porque uma norma que dissesse “é proibido respirar” não teria qualquer consequência no mundo jurídico. A Ciência das Finanças assume o papel de fornecer meios e dados para que o legislador faça suas decisões políticas, enquanto Direito Financeiro estuda as normas já editadas e busca lhes dar as consequências jurídicas pretendidas. - A sistematização do Direito Financeiro no Brasil: deu-se em 1964, por ocasião da publicação da Lei nº 4.320/64. Antes disso: existiam apenas leis esparsas e discussões legislativas e acadêmicas, sendo que desde a Constituição de 1824 eram debatidas questões referentes à distribuição da arrecadação tributária entre o Governo Geral e as Províncias. O tema central sempre envolveu a necessidade de garantir uma melhor distribuição das formas de obtenção de receitas pelo Estado, a fim de viabilizar e assegurar a autonomia política e administrativa não só da União, mas também dos entes federados. A Lei nº 4.320/64 veio delimitar, por meio de normas gerais, o objeto do Direito Financeiro. O advento do CTN apenas dois anos depois demonstra, de forma clara, a separação entre o exercício da tributação e das finanças públicas. Tanto a Lei nº 4.320/64 quanto o CTN (Lei nº 5.172/66) foram recepcionados, pela CF/88, com status de Lei Complementar.
2. A atividade financeira do Estado.
2.1. Conceito: o Estado e as necessidades públicas.
Com o agigantamento do Estado e sua intervenção em diversas
atividades humanas, aumenta a importância do estudo das necessidades públicas. As necessidades públicas decorrem de uma decisão política, ou seja, é o Estado que vai dizer quais as necessidades que ele vai considerar como públicas. Todas as vezes em que a Constituição prever, por exemplo, uma competência da União (ex.: art. 21, III, da CF, que diz que à União competirá assegurar a defesa nacional), isso significará que deverão existir pessoas a quem incumbirá o atendimento do mandamento constitucional. Será uma necessidade pública, então, que haja o Exército, a Marinha e a Aeronáutica para cumprir a missão constitucional de assegurar a defesa nacional. As necessidades públicas se diferem das privadas, porque são anônimas e voltadas a atender o interesse da coletividade, e jamais o de particulares. As necessidades públicas não podem ser confundidas com as individuais, pois estas não são suscetíveis de serem satisfeitas pelo Estado. Amplamente, pode-se falar que tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar, em função de uma decisão política que resultou em uma norma, é necessidade pública. Assim, em princípio, as necessidades públicas devem guardar relação com as necessidades gerais ou coletivas, mas nem sempre uma necessidade geral ou coletiva será pública. O que determinará se uma necessidade será pública é a necessidade de intervenção do Estado para sua satisfação. Assim, podemos conceituar a atividade financeira do Estado como o conjunto de ações por ele desempenhado visando à obtenção de recursos para seu próprio custeio e realização de gastos para a execução das necessidades públicas.
2.2. Características da atividade financeira do Estado.
A atividade financeira decorre, essencialmente, do exercício da soberania do Estado nos casos em que este realiza atividades próprias e indelegáveis. Em primeiro lugar, as necessidades públicas, como veremos mais detalhadamente adiante, são satisfeitas por meio dos serviços públicos e estes devem ser pagos em dinheiro. Sendo assim, resta óbvio que os recursos financeiros do Estado devem ser obtidos em dinheiro – o objeto da atividade financeira do Estado é o dinheiro. Também se pode afirmar que a atividade financeira do Estado é espécie de atividade administrativa que possui conteúdo econômico. Por fim, vale dizer da instrumentalidade da atividade financeira do Estado, assim vista por ser uma atividade-meio praticada em favor das demais atividades estatais – ela é realizada para dar suporte financeiro à consecução das outras atividades estatais. Do exposto, é possível apontar as seguintes características fundamentais da atividade financeira do Estado: a) desenvolvimento da atividade por uma pessoa jurídica de direito público – para que seja caracterizada a atividade financeira do Estado, é necessária a participação de um ente público em seu desenvolvimento; b) conteúdo econômico – o conteúdo econômico se manifesta em razão da atividade financeira ser desenvolvida em torno de recursos desta natureza; c) conteúdo monetário – o objeto econômico da atividade financeira é o dinheiro, daí o conteúdo monetário ser característica fundamental da atividade financeira; d) instrumentalidade da atividade financeira – “simultaneamente com as atividades políticas, sociais, econômicas, administrativas, educacionais, policiais, etc., que constituem a sua finalidade própria, o Estado exerce também uma atividade financeira, visando a obtenção, a administração e o emprego de meios patrimoniais que lhe possibilitam o desempenho daquelas outras atividades que se referem à realização de seu fins.”
*Diferentemente do particular, que utiliza como quiser seu patrimônio
e dinheiro, o Estado deve desenvolver atividade financeira para atendimento das necessidades que assume. Para o desempenho de toda a atividade prevista na Constituição Federal, o Estado deve dispor de meios materiais (recursos) para o atingimento de suas finalidades. A atividade financeira significa, portanto, a obtenção de meios para o atendimento das finalidades encampadas pelo Estado. O desenvolvimento da atividade financeira se apoia em três pilares: orçamento público, receita pública e despesa (tópicos das próximas aulas). O Direito Financeiro visa a disciplinar a atividade financeira do Estado e, assim, estabelecer regras relativas aos três pilares dessa atividade.*
2.3. Serviços públicos.
Dentro da ampla margem de atuação estatal, o Estado poderá exercer e
prestar serviços públicos. Serviços públicos são atividades prestadas pelo Estado ou por alguém que o represente, sendo materialmente usufruídos pela coletividade. Ex.: ao apertar o interruptor, o indivíduo acende a luz e usufrui de um serviço público, que é o fornecimento de energia elétrica. É por meio da atividade financeira do Estado visando à obtenção de recursos que se torna possível a consecução dos serviços públicos, sempre com o objetivo de satisfazer as necessidades públicas.
2.4. Fazenda Pública.
A Fazenda Pública representa a parcela do Estado responsável pela
consecução da atividade financeira do Estado. Sob o ponto de vista subjetivo, a Fazenda Pública se aproxima do conceito de Administração Financeira, de organismo responsável pelas finanças do Estado, administradora dos bens, dos valores, das rendas públicas e das despesas públicas. É designativa de Erário, de Fisco ou de Tesouro Público – conjunto de órgãos que cuida das finanças públicas, gerindo as receitas e despesas públicas, portanto, realizando a atividade financeira do Estado. No âmbito da Fazenda Publica Nacional, que tem como responsável maior o Ministro de Estado da Fazenda, destaca-se a Secretaria da Receita Federal como órgão responsável pela arrecadação e fiscalização da maior parte dos tributos de competência da União Federal, justamente sua maior fonte de receita. O conceito de Fazenda Pública alcança também a Fazenda Pública Estadual e a Municipal. As Fazendas Públicas dos Estados federados são administradas pelos Secretários de Fazenda nos limites das atribuições que lhes são cometidas pelas respectivas constituições e leis estaduais, enquanto em relação aos Municípios, o responsável pela Fazenda Pública é o próprio Prefeito ou o Secretário de Finanças. Sob o aspecto objetivo, Fazenda Pública corresponde ao conjunto de bens e haveres pertencentes ao Estado, bem como suas obrigações assumidas. Nessa perspectiva estritamente objetiva, Fazenda Pública corresponde ao “complexo dos recursos e obrigações financeiras do Estado. Constitui-se pelos recursos públicos, que compreendem assim os direitos criados pela legislação e consignados no orçamento (créditos tributários, direitos derivados da emissão de títulos da dívida pública, direitos patrimoniais) como os ingressos, isto é, os fundos que efetivamente afluem ao Tesouro (prestações tributárias, produtos da dívida pública, rendimentos patrimoniais). Abrange também as obrigações financeiras, assumidas de acordo com a permissão da lei ou a prévia autorização do orçamento”.
3. Conceito de Direito Tributário.
Podemos conceituar o Direito Tributário como o ramo do Direito que se
ocupa das relações entre o Fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra abusos desse poder (Hugo de Brito Machado). A finalidade do Direito Tributário não é a arrecadação de recursos financeiros para o Estado, mas o controle do poder de tributar inerente ao Estado. O Direito Tributário existe para delimitar o poder de tributar, transformando a relação tributária – que antigamente foi uma mera relação de poder – em uma relação jurídica. A finalidade essencial do Direito Tributário, assim, não é a arrecadação de tributos pelo Estado, mas sim a delimitação do poder de tributar, a fim de coibir abusos no exercício desse poder estatal. Assim, os conceitos de “Ciência das Finanças”, “Direito Tributário” e “Direito Financeiro” não se confundem. “Direito Tributário” e “Direito Financeiro” são disciplinas jurídicas, enquanto “Ciência das Finanças”é disciplina pré ou metajurídica, não sendo conhecimento especificamente jurídico. A Ciência das Finanças está para o Direito Trubutário tal qual a Ciência da Administração está para o Direito Administrativo, a Economia está para o Direito Econômico e a Criminologia está para o Direito Penal. Já o Direito Financeiro regula a atividade financeira do Estado, juntamente com o Direito Tributário, tendo como dado essencial a norma. O tributarista, que tem ciência do Direito Tributário, conhece o conjunto de normas que disciplinam a tributação. O especialista em Direito Financeiro, por seu turno, conhece as normas que regulam a atividade financeira, menos a tributação.
4. A relação entre Direito Financeiro e Tributário.
No que se refere ao Direito Tributário, a relação do Direito Financeiro
com este, como já dissemos, é de um todo e sua parte. O Direito Tributário é ramo do Direito Financeiro que regula especificamente a arrecadação tributária, uma das facetas da atividade financeira do Estado. Hoje, o estudo dos tributos, bem como das relações jurídicas surgidas que refletem a exigência dos mesmos, possui uma gama de cientistas que lhe dispensam atenção exclusiva. Porém, estes estudiosos não se atrevem a isolar o desenvolvimento da Ciência do Direito Tributário da Ciência do Direito Financeiro. A disciplina jurídica que estuda a receita tributária consiste em disciplina contida no Direito Financeiro, ou seja, o Direito Tributário está inserido no contexto geral do Direito Financeiro tendo em vista a receita tributária ser espécie de receita pública. Ocorre que, como já dito, ao longo dos anos, a receita tributária se tornou a maior fonte de recursos do Estado. Portanto, se mostra inegável, diante da importância maior da receita tributária para o desenvolvimento do Estado e, por consequência, do expressivo volume de textos legais a tratarem dos tributos, a necessidade de uma escola própria e evoluída para desenvolver o estudo científico da atividade de tributação. Assim, foi inevitável o destaque do Direito Tributário, mas sem que este deixasse de ser um ramo do Direito Financeiro.