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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

“TRABALHO DE CAMPO”

NATUREZA E AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

Estudante: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Código: 31210503

Xai-xai, Agosto de 2022


“TRABALHO DE CAMPO”

NATUREZA E AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

Estudante: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Código: 31210503

Trabalho de campo de Direitos Financeiro


a ser Submeter ao Cursor de Coordenação de
Licenciatura em Direito no ISCED.

Xai-xai, Agosto de 2022


ÍNDICE

CAPITULO I: INTRODUÇÃO...………………………………………………………….….4

1.1. Objetivos…..…………….……………………………………………………………….4
1.2. Metodologia...…..………….……………………………………………………….…....5
1.3. Quadro teórico....………………………………………………………………………...5

CAPITULO II: REVISÃO LITERÁRIA DO TRABALHO DE CAMPO..…………………..6

2.1. Natureza jurídica do direito financeiro…………………………………………………..6

CAPITULO III: AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO……………………………...11

3.1. Autonomia do direito financeiro………………………………………………………...11

3.2. Esquematização………………………………………………………………………….11

CAPITULO III: CONCLUSÃO……………………………………………………….……....16

CAPITULO IV: BIBLIOGRAFÍA………………………………………………………….....18


CAPITULO I: INTRODUÇÃO

Estudo do orçamento público é condição primordial para se entender o direito financeiro, pois
qualquer ação do Estado necessariamente perpassa por reflexos financeiros, sendo o orçamento o
início e o fim de toda ação estatal. Daí a importância do seu estudo e o grau de atenção crescente
que lhe tem sido dispensado nos últimos anos. Analisar o orçamento, torná-lo transparente,
incluir o cidadão dentro do detalhamento dos gastos, respeitar, não apenas o patrimônio público e
privado, mas o destino que se faz com o dinheiro que lhe é retirado, tem sido uma conquista da
democracia, historicamente perseguida, culminada em momentos importantes, como a imposição
feita pela nobreza e pelo clero a João Sem Terra, em 1215, para permitir ao Conselho dos
Comuns o direito de votar os impostos e de determinar a sua aplicação, bem como com a
independência americana, culminada pela ingerência da Inglaterra no orçamento da colônia, ou
na França, quando os reis tiveram de se dobrar frente à necessidade de se votar o orçamento,
outrora gerido de forma absoluta, sem qualquer respeito aos cofres públicos. Daí se afirmar que a
inspiração última do orçamento é “de se tornar um instrumento de exercício da democracia pelo
qual os particulares exercem o direito, por intermédio de seus mandatários, de só verem
efetivadas as despesas e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na lei
orçamentária”. Embora ainda não se tenha alcançado esse desiderato, caminha-se nessa direção,
tendo em vista que cada dia mais o cidadão e o Poder Judiciário têm-se empenhado em exigir o
cumprimento das determinações do Executivo e do Legislativo no aspecto orçamentário. As
espécies normativas não se apresentam idênticas em nosso ordenamento jurídico. A investigação
da identidade e da essência particular da Lei de Orçamento representa o objeto deste estudo. O
exame da natureza jurídica da citada Lei é bem mais amplo do que uma mera afirmação de que se
trata de lei formal ou de lei material. Na verdade, o interior a ser percorrido para que possa
defende uma ou outra posição não prescinde de uma perquirição mais profunda acerca dos
postulados e premissas que se encontram associados a cada uma das teses formuladas.

1.1. Objetivo

O objectivo central desta pesquisa é a investigação da natureza jurídica e da autonomia da lei de


Orçamento em consonância com o ordenamento jurídico.

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1.2. Metodologia

O presente trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica e exploratória, onde com
auxílio da internet buscou-se manuais com intuito de ter uma visão nítida dos principais aspetos
inerentes ao tema, e com a leitura minuciosa do material adquirido no portal Google académico,
foi possível compilar o presente estudo

1.3. Referencial teórico

TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário. vol. V – O


Orçamento na Constituição. É desse autor a afirmação de que os princípios acima assinalados são
vinculados à ideia de justiça orçamentária. Já o equilíbrio orçamentário, a separação de poderes, a
igualdade, o devido processo legal, o federalismo, a subsidiariedade, a eficiência, a
responsabilidade, a ponderação e a razoabilidade são princípios constitucionais orçamentários
gerais (p. 278-313).

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CAPITULO II: REVISÃO LITERARIA DO TRABALHO DE CAMPO

NATUREZA E AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO


 Natureza jurídica do direito financeiro
Quer pelo critério do interesse, quer o da posição dos sujeitos, quer ainda o da qualidade em que
estes intervêm na relação jurídica, é pacifico entre os doutrinários de que o Direito Financeiro é
um ramo do Direito Público não só por se destinar à realização de interesse colectivo mas
também pelo facto de nele o sujeito activo aparecer na sua veste de ente publico, investido de
poderes e garantias de que não desfruta um sujeito passivo.

O Direito Financeiro em primeira instância, o mesmo, visará no seu propósito primordial, a


realização de interesses de natureza colectivas ou interesses colectivo/da coletividade onde
o Estado é (ou será) o sujeito activo, estuda o ordenamento jurídico das finanças do Estado e as
relações jurídicas decorrentes de sua atividade financeira e que se estabeleceram entre o Estado e
o particular. A referida citação estabelece o Direito Financeiro como um Gênero entre os ramos
do Direito Público. Tal gênero objetiva a captação de recursos e sua consequente divisão
isonômica entre os entres Federados e Particulares como um todo. O foco do direito financeiro é
atender às necessidades públicas do Estado. O direito Financeiro é o corpo e o Direito
Tributário as mãos/arrecadadoras de tributos. A autonomia dos fundos suscita questões sobre a
sua natureza jurídica. Questiona-se, então, se fundos tem personalidade jurídica.

A doutrina, de forma majoritária, entende que não, quer porque esses seriam meros lançamentos
fiscais, quer porque não possuem direitos, deveres e obrigações próprios, quer porque não são
capazes de praticar nenhum ato jurídico, ou até porque não possuem capacidade para ser parte em
um processo judicial.

A doutrina minoritária entende que os fundos tem personalidade judiciária ou contábil, podendo
fazer parte de um processo.

1. Organização do funcionamento interno da actividade financeira do Estado, ou seja,


1. Em Matéria de Controlo e Execução Orçamental;
2. Normas que definem qual a estrutura financeira do Estado
Relação Financeira entre o Estado e outras entidades privadas/particulares e das normas que
disciplinam a arrecadação de recursos pelo Estado, e que protegem os
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particulares, subentendendo-se o conceito de Direito Fiscal, e de suas normas que estão
subordinadas a CR.
O Direito Financeiro é um Ramo do Direito Público, pois, e em primeira instância, o mesmo,
visará no seu propósito primordial, a realização de interesses de natureza colectivo ou interesses
coletivos/da coletividade onde o Estado é (ou será) o sujeito activo.

Quer pelo critério do interesse, quer o da posição dos sujeitos, quer ainda o da qualidade em que
estes intervêm na relação jurídica, é pacifico entre os doutrinários de que o Direito Financeiro é
um ramo do Direito Público não só por se destinar à realização de interesse colectivo mas
também pelo facto de nele o sujeito activo aparecer na sua veste de ente publico, investido de
poderes e garantias de que não desfruta um sujeito passivo. A CFRB/1988 confere ao orçamento
a natureza jurídica de lei, art 165, III e parágrafos. Planejamento definido em lei. A ideia de
origem do Orçamento Público veiculado por lei, reside no controle pelo Poder Legislativo dos
gastos públicos realizados pelo Poder Executivo, coibindo exageros e ilegalidades. Em suma,
fixação de despesas e previsão de receitas para determinado período de governo. As leis
orçamentárias recebem um regime peculiar de tramitação, estabelecido no art. 166 e parágrafos,
entretanto não é exigido para sua aprovação o quórum qualificado, portanto, as lei orçamentárias
são leis ordinárias.

Tema dos mais conflituantes no direito financeiro é o estudo da natureza jurídica do orçamento
público. A doutrina clássica possui três posicionamentos, sendo um desses o adotado pela maioria
dos doutrinadores brasileiros. Parte da doutrina, na linha do apregoado por Léon Duguit, entende
que o orçamento público, em relação às despesas, é um mero ato administrativo, e, em relação à
receita, é uma lei em sentido formal. Esse posicionamento será mais bem entendido quando se
verificar que, àquele tempo, havia a necessidade de a lei orçamentária autorizar a cobrança dos
tributos, a conhecida “anualidade tributária”, uma vez que a lei que previa a instituição dos
tributos não era suficiente para permitir a sua cobrança. Daí entender-se o orçamento como lei
apenas no tocante às receitas. Para esta corrente, a lei que previa os ingressos públicos, ao decidir
quais os tributos que seriam arrecadados e quais não, se converteria numa norma imperativa e
geral que estabelece periodicamente a obrigação de pagar os tributos nela mencionados quando
da renovação da sua vigência. Assim, a cada ano, deveria haver discussão a respeito das receitas
necessárias para cobrir os custos do Estado. O orçamento, nessa ótica, enumerava as matérias

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sobre os quais se poderiam cobrar os tributos, mas não identificava os seus montantes
específicos, seus sujeitos passivos, a maneira de cobrar etc., pois esses aspectos estavam contidos
em leis especiais. Ambas eram necessárias para a cobrança do tributo, o que realçava a
importância da lei orçamentária anual, de modo que, se esta não mencionasse determinado
imposto, este devia ser considerado derrogado.

Como se sabe, o orçamento não tem o poder de criar receitas ou revogar o seu ingresso,
mormente receitas advindas de tributos. O tributo nasce de lei específica, que deve reger todos os
critérios para a sua regular cobrança, cabendo ao orçamento tão-somente prever o montante a ser
arrecadado. As receitas possuem diferentes fontes normativas e não da sua previsão orçamentária.
Para outra corrente, aqui representada por Gaston Jèze, o orçamento não passava de um ato-
condição. É dizer, as receitas e as despesas já possuíam outras normas que previam a sua criação,
não passando o orçamento de mera condição para a realização do gasto e para o ingresso da
receita. Não era lei, portanto. A terceira corrente, defende que o orçamento é uma lei, mas uma
lei meramente formal, que apenas prevê as receitas públicas e autoriza os gastos. Isto porque,
partindo-se da classificação das normas jurídicas pela sua origem, e não pelo conteúdo, o
orçamento tem apenas forma de lei, mas não tem o conteúdo de lei, visto que não veicula direitos
subjetivos, tampouco é norma abstrata e genérica. Assim, o orçamento é uma lei que não cria
direitos subjetivos e não modifica as leis tributárias e financeiras. Sendo assim, a autorização no
orçamento para a construção de uma escola, por exemplo, não obriga o Executivo a sua
realização, visto que o orçamento não obriga a efetivação das despesas nelas previstas. Antes,
tão-somente, autoriza que aludida obra seja realizada, cabendo ao Executivo realizá-la ou não. É,
portanto, uma lei que autoriza o Estado a efetuar as suas despesas. É a legitimação da atuação
estatal quanto à efetivação de gastos públicos. Não que tudo no orçamento seja meramente
autorizativo. É dizer, há despesas que constam no orçamento e o Executivo tem o dever de
realizá-las, tornando-o, nesse ponto, impositivo. Mas a imposição do seu cumprimento não surgiu
por força da norma orçamentária, e, sim, das normas pré-orçamentárias que vinculam o
Executivo ao seu cumprimento. Dessa forma, podemos separar as normas da lei orçamentária em
normas orçamentárias e normas pré-orçamentárias. As primeiras nasceram no orçamento público
e são autorizativas. As últimas nasceram antes do orçamento e vinculam-no à sua efetivação,
chamadas de impositivas. As normas constantes do orçamento que versam sobre gastos com
pessoal, transferências constitucionais, gastos na educação e na saúde, dentre outras, são
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impositivas, obrigatórias e devem ser cumpridas, não porque veiculadas no orçamento, mas, sim,
porque previstas em outros instrumentos com força normativa mais vinculante do que as normas
orçamentárias. São as normas pré-orçamentárias, é

que os gastos com pessoal advêm de relações de trabalho e sua força vinculante está prevista na
Constituição Federal, na CLT ou nos estatutos dos entes federativos, de modo que o fato gerador
do pagamento do trabalho efetivamente prestado por cada servidor surgiu por força de outra
norma que não a orçamentária. As transferências obrigatórias, constantes do orçamento, estão
previstas na Constituição Federal (arts. 157-162), o que torna obrigatório constar a sua repartição
no orçamento. Os gastos com educação estão previstos no art. 212, da Constituição Federal, que
impõe um mínimo de dispêndio anual dos entes federativos nessa área24. Quanto à saúde, o art.
198, § 2º, e a LC n. 141/2012 Determinam os percentuais de sua aplicação pelos entes da
federação. Assim, essas normas impõem o modo de elaboração do orçamento e tornam
impositivo o seu cumprimento, donde dizer que o orçamento possui normas impositivas ao lado
das outras, chamadas de normas autorizativas. As impositivas correspondem às vinculações pré-
orçamentárias e as autorizativas correspondem às vinculações orçamentárias. Estas, segundo a
doutrina, podem ou não ser cumpridas, enquanto aquelas têm o seu cumprimento obrigatório
advindo de outra norma, sem natureza orçamentária. Disso resulta a consolidação na doutrina
brasileira de que o orçamento é meramente autorizativo e não impositivo. Quando assim se
afirma, pensa-se apenas nas normas surgidas dentro da lei orçamentária e não naquelas outras,
cujo nascedouro se deu antes do orçamento. Aludido posicionamento, ainda que prevalecente,
sofre críticas de pequena parte da doutrina. “se o Orçamento é programa não pode ser
autorizativo. O Orçamento é lei que precisa ser cumprida pelo Poder Executivo”. Se o programa
consta das leis orçamentárias, não há facultatividade. Antes, o próprio poder Executivo se
vinculou, cabendo aos órgãos competentes exercerem a fiscalização sobre o que predispõe a lei.
Em livro de nossa autoria, também defendemos o posicionamento de que a Constituição Federal
não dá margens para o orçamento autorizativo da forma como comumente É que o direito não
tolera surpresas. Afirmar que o orçamento é autorizativo permite o Executivo deixar os cidadãos
em constante apreensão no tocante aos gastos e ao destino dos valores arrecadados, se serão
enviados ao seu fim legalmente previsto ou não. Na mesma linha, Regis Fernandes de Oliveira,
para quem fixar “não se conforma com o sentido pouco estável da mera previsão de despesas.
Fixar é mais que lançar provisoriamente no rol de gastos. É séria demonstração de
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reconhecimento de dívida, só ilidida por motivos relevantes e fundados”. É que, na execução da
despesa, não se há fazer coisa alguma de novo, senão declarar e executar somente o que já está
fixado. Orçamento autorizativo gera insegurança para todos os que com ele se relacionam. No
plano do Executivo, por saber que o orçamento não é obrigatório, nota-se sua elaboração com
diminuta programação, vindo, por consequência, a manejá-lo ao sabor das primazias do
governante, com a liberação de recursos para a satisfação de despesas eleitas como primordiais de
conformidade com o seu entendimento pessoal e não de acordo com o interesse público. No
campo da função Legislativa, observa-se que, uma vez aprovado o orçamento, mais das vezes
abdica o Poder Legislativo do seu controle, vindo, por conseguinte, a chancelar aplicação distinta
da que autorizou. Por último, no que diz respeito ao Judiciário, a experiência forense registra
reiteradas decisões judiciais, em matéria referente a despesas públicas, que nem de longe
observam os ditames da legislação orçamentária em vigor, como se a satisfação de
circunstanciais direitos pudesse autorizar o malferir da norma de controlo, situando-se o Juiz
acima do seu comando.

A actividade financeira do Estado consubstancia-se por ser o conjunto de acções que o Estado
desempenha com o objectivo de obter recursos económico-financeiros necessários para sua
sustentabilidade, visando a realização das receitas, dos gastos e despesas (previstas) para a
concretização das necessidades colectivas públicas. Pelo que, e para o exercício “eficaz”
desta mesma actividade, o Estado deverá munir-se de um conjunto de normas jurídicas que
disciplinam a sua actividade financeira e dos demais entes públicos, direito financeiro. Neste
sentido, deparamo-nos com a “ existência de um conjunto de princípios ou de regras que regulam
a actividade financeira do Estado” que se estenderá em dois planos:

Plano da:

Organização do funcionamento interno da actividade financeira do Estado,

Ou seja,

Em Matéria de Controlo e Execução Orçamental;


Normas que definem qual a estrutura financeira do Estado

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II. Relação Financeira entre o Estado e outras entidades privadas/particulares e das normas que
disciplinam a arrecadação de recursos pelo Estado, e que protegem os
particulares, subentendendo-se o conceito de Direito Fiscal, e de suas normas que estão
subordinadas a CR.

CAPITULO III: AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

 Autonomia do direito financeiro

Assim, e do exposto, deduziremos que as normas de Direito Financeiro, possuem o Poder de


conceder as entidades públicas a possibilidade de terem orçamentos próprios, e de os gerir de
acordo com as respectivas despesas e receitas, decidindo apenas sobre elas; autonomia
orçamental, Na medida em que, algumas entidades públicas poderão decidir sobre as suas
próprias receitas, autonomia de receitas, e do seu património, autonomia patrimonial, que
consistirá no poder das entidades públicas possuírem o seu património, e deterem poderes de
gestão sobre o mesmo. Quanto a Autonomia Creditícia, versará ou consistirá na faculdade que
determinada entidade pública possui para recorrer ao crédito, assumindo as correspondentes
responsabilidades

Por fim, e quanto ao poder de gerir automaticamente os recursos monetários próprios em


execução ou não do orçamento, consistirá na Autonomia de Tesouraria. Ao preceituado sobre
Autonomia de Tesouraria, surge o conceito de Desorçamentação, ou seja, uma actividade
orçamental paralela ao orçamento do Estado, que deverá ser feita em conformidade e de acordo
com a lei.

Como o Estado deve atender as políticas e diretrizes estabelecidas por seus governantes e
impostas na realização das despesas públicas, temos o Direito Financeiro para fixar princípios e
regras para arrecadação, gestão e aplicação dos recursos públicos.

ESQUEMATIZANDO:

Atividade Financeira

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RECEITAS DESPESAS

ORÇAMENTO CRÉDITO

O Direito Financeiro trabalha em conjunto com a chamada Ciência das Finanças, dando-lhe um
norte jurídico. Além de reger toda a atividade financeira do Estado, é também tarefa do Direito
Financeiro estudar os Controlos da atividade financeira do Estado, conforme previsto no art. 70 e
seguintes da Constituição Federal:

A existência autônoma do Direito Financeiro se justifica por ser um sistema próprio de normas,
com objetivos bem definidos. O ramo mantém sua autonomia no direito mesmo diante do direito
tributário, um ramo tão próximo que são diversos os “Tratados De Direito Financeiro e
Tributário” que encontramos nas livrarias. Apesar das receitas tributárias serem uma parcela
significativa das receitas públicas, o Direito financeiro preocupa-se ainda com as demais receitas,
como as receitas provenientes da atividade econômica do Estado; bem como as despesas, a
autorização de gastos e a fiscalização do dinheiro público.

Em se tratando de uma ciência, a questão da autonomia serve à delimitação de peculiaridades,


com a consequente elaboração de conceitos específicos de uma ciência, o que refletirá, na
verdade, a sua verdadeira autonomia. Uma vez localizado dentro da categoria do Direito Público,
o Direito Financeiro pode se utilizar dos conceitos gerais desse ramo do direito (Direito
Constitucional, Administrativo, Tributário, etc.) no preenchimento de suas lacunas. Existem três
autores que creem na autonomia do direito financeiro. Na concepção de Sainz de Bujanda, o
direito financeiro é autônomo, pois dele se extrai a compreensão da operacionalidade funcional
do Estado. Sobre essa questão, Geraldo Vidigal compreende essa autonomia pelo princípio da
visualização global das necessidades públicas, considerando o direito financeiro uma disciplina
de relações econômicas entre o Estado e a coletividade. O meio de obtenção dos recursos existe
em razão do poder estatal em obtê-los, caracterizando-se essa relação pelo aspecto impositivo,
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inexistindo bilateralidade. Pela interpretação de António Souza Franco, o direito financeiro opera
a arbitragem concreta entre patrimônio público e patrimônio privado. Concreta no sentido de
definição das relações patrimoniais entre Estado e a coletividade num momento peculiar - o
orçamento. Relação que implica retirar o patrimônio da coletividade através da receita,
incrementando o do Estado. Trata-se, portanto, de uma atividade concreta, pois é uma regulação
prática, específica, já que assevera quanto o Estado pode retirar da coletividade e de quanto pode
despender, sendo imprescindível a existência de limites, no ordenamento jurídico, ao avanço do
Estado no patrimônio da população. Isso se destina a evitar que o Estado acabe desfalcando o
patrimônio privado por meio, por exemplo, de excessiva tributação. Souza Franco entende que o
direito financeiro opera a disciplina de uma relação geral constante entre o Estado e a
coletividade na qual aquele acresce seu patrimônio mediante retirada do patrimônio desta.
Entretanto, o direito financeiro não possui completa autonomia científica, urna vez que opera em
outras do direito e utiliza-se também de conceitos das mesmas. Em contrapartida, o direito
financeiro tem autonomia legislativa, havendo disposição constitucional expressa da elaboração
de um direito financeiro (art. 24, I Constituição). O Estado elabora permanentemente toda uma
normatividade de direito financeiro. Tem, ainda, esse ramo jurídico autonomia didática, já que se
trata de estudo específico do direito público, cuja definição advém da elaboração legislativa
específica.

Assim, e do exposto, deduziremos que as normas de Direito Financeiro, possuem o Poder de


conceder as entidades públicas a possibilidade de terem orçamentos próprios, e de os gerir de
acordo com as respectivas despesas e receitas, decidindo apenas sobre elas; autonomia
orçamental,

Na medida em que, algumas entidades públicas poderão decidir sobre as suas próprias
receitas, autonomia de receitas, e do seu património, autonomia patrimonial, que consistirá no
poder das entidades públicas possuírem o seu património, e deterem poderes de gestão sobre o
mesmo. Quanto a Autonomia Creditícia, versará ou consistirá na faculdade que determinada
entidade pública possui para recorrer ao crédito, assumindo as correspondentes responsabilidades

Por fim, e quanto ao poder de gerir automaticamente os recursos monetários próprios em


execução ou não do orçamento, consistirá na Autonomia de Tesouraria.

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Ao preceituado sobre Autonomia de Tesouraria, surge o conceito de Desorçamentação, ou
seja, uma actividade orçamental paralela ao orçamento do Estado, que deverá ser feita em
conformidade e de acordo com a lei.

A questão de autonomia é precisamente procurar saber se estamos ou não perante um conjunto de


normas referentes a uma matéria ou área institucionalizada da vida social, susceptivel de
construir um subconjunto normativo organizado em torno de princípio comuns e técnicas
regulamentares. Há muita discussão quanto a questão da autonomia do Direito Financeiro, não
existe posições homogéneas, na medida em que há autores que consideram que o Direito
Financeiro não é um ramo de direito autónomo por incluir normas de direito privado como por
exemplo nas receitas patrimoniais, pois a obtenção destas receitas é disciplinada por direito
privado tais como direito das obrigações. Outra posição considera que o Direito Financeiro goza
de plena autonomia perante o Direito Administrativo, devido à feições da actividade financeira,
ao conteúdo próprio das normas e do seu método. A autonomia de qualquer ramo de
conhecimento pode nos levar a pensar numa ideia de isolamento, de independência, relativamente
a qualquer outro ramo, só que tal isolamento tal independencianao não pode ser levado ao
extremo ou seja tida em termos absolutos porque não existe ramos de direito que prescindem dos
conhecimentos ou ligações e dependências, porque o Direito é uno e incindível, pelo que
autonomia de qualquer dos seus ramos será sempre relativa e um tanto convencional se não
teórica. Pois, a autonomia de uma disciplina jurídica não se pretende significar senão que os
conceitos por ela elaborados são independentes das concepções particulares de outras disciplinas
quer para integração de lacunas quer para interpretação. Dai que, da sua função própria decorrem
conteúdos normativos próprios e regimes específicos de Direito Financeiro e conjunto de regras e
princípios do Estado moderno, constitucional, Liberal e democrático (formulados no Séc. XVIII
na Inglaterra antes do Direito Administrativo resultado do Liberalismo no séc. XIX), não há
dúvidas de que o Direito Financeiro é autónomo, porque tem leis próprias e um sistema de fontes
próprias, é uma disciplina científica no plano curricular dos estudos e tem alguns dos seus
regimes importantes por exemplo a vigência anual dos orçamentos de receita e de despesa; o
carácter da legalidade da despesa; inexistência de privilégio de execução prévia; a decisão
parlamentar sobre as receitas e despesas o sistema de controlo e fiscalização. Nessa ordem, terá
uma autonomia legislativa por canta dessas leis próprias; uma autonomia didática e científica por
conta de ser uma disciplina nas universidades.
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Embora o direito seja incindível, é sabido que a sua divisão se dá apenas por questões de ordem
didática, para facilitar o seu estudo. Assim, justifica-se estudar um ramo em apartado quando o
mesmo possui institutos e princípios próprios, a ponto de não mais fundamentar o seu estudo
como mero apêndice de outro ramo. E tal se dá com o direito financeiro. Ele possui um sistema
próprio de normas (art. 24, I da CF/88), bem como o capítulo II do Título VI da Constituição
Federal, alusivo às finanças públicas (arts. 163 a 169 da CF/88), além de um plexo de artigos
espalhados no corpo da Constituição Federal, que tratam dos empréstimos públicos,
financiamento dos direitos fundamentais, discriminação de despesas públicas entre as diferentes
esferas de governo, princípios constitucionais, responsabilidade pelos gastos públicos, precatórios
e parâmetros para a concessão de incentivos financeiros. Sendo assim, não se justifica estudar o
direito financeiro juntamente com o direito tributário, ramo que lhe é mais próximo, visto que,
enquanto o direito financeiro estuda a atividade financeira do Estado, aí incluída as receitas
públicas, o direito tributário preocupa-se apenas com uma parte desta receita, qual seja, a receita
tributária, a demonstrar maior amplitude do direito financeiro.

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CAPITULO III: CONCLUSÃO

Percorrido o itinerário previsto para o presente trabalho de campo, podem-se extrair, apertadas
sínteses, as seguintes conclusões.

O orçamento público, ao acompanhar o desenvolvimento dos Estados modernos, ensejou a


incorporação de novas e relevantes funções, que se soma à função tradicional de controlo político
do legislativo sobre o Executivo. Entre as funções incorporadas a nova conformação dos
Orçamentos Públicos, destaca se a instrumentalização administrativa ou gerencial, por meio da
qual passam a reformas técnicas modernas de administração, com vistas ao gerenciamento dos
resultados pretendidos pela ação governamental, e a instrumentalização fiscal, pela qual passa
consubstanciar e concretizar determinados fins de política fiscal do Governo. A
instrumentalização administrativa e gerencial das leis orçamentárias resultam na incorporação de
critérios de eficiência, eficácias e efetividade na elaboração, execução e avaliação da lei de
orçamento, bem como na mensuração dos resultados pretendidos pelos programas e politicas
publicas implementados pelo Governo. Existe uma tendência na configuração dos Orçamentos
públicos estrangeiros no sentido de implementação da concepção de orçamento por desempenho,
procurando-se associar objectivo e metas ao processo locativo, além de introdução de
informações de resultados e de uma tendência de estruturação dos orçamentos em programas.
Tais tendências realçam e reafirmam a instrumentalização gerencial e administrativa dos
orçamentos públicos. Preocupações e objetivos de política fiscal também aparecem associados

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aos orçamentos públicos dos países abordados, seja por meio de anexos de estratégia fiscal
associados a lei orçamentária, da associação de objetivos fiscais ao processo orçamentário, ou,
ainda, por meio da previsão de leis e regras que incorporam mecanismos que garantam a
sustentabilidade da despesa e a contenção de despesa em face de frustrações da receita. Os
ordenamentos jurídicos estrangeiros, de forma geral, definem as dotações como limites máximos
disponibilizados ao poder Executivo, não havendo obrigatoriedade de exaurimento dos recursos
orçamentários, a temática do orçamento mandatório ou impositivo termina por lançar confusão ao
exame de natureza jurídica da lei de orçamento visto que procura associar, a toda lei
orçamentaria, um caracter meramente autorizativo. Contudo, ao fazer tal generalização termina
por encobrir a existência de uma multiplicidade de comandos na lei de orçamento: autorização,
proibições e determinações. Esse equivoco se deve ao restrito objeto de exame, que se concentra,
apenas, nas dotações orçamentárias. Estas, efetivamente, não enfeixam um cunho de
obrigatoriedade, representando, antes, limites máximos disponibilizados antes as actividade do
poder executivo. A lei o orçamento e um todo orgânico, cujos dispositivos e partes integrantes
compõem um único diploma narrativos e, assim, somente pode revelar a sua natureza jurídica
enquanto considerada em sua totalidade. Todavia, existe uma pluralidade normativa na lei
orçamentária, diante da existência de dispositivos com distintos conteúdos: autorizações,
proibições e obrigações ou determinações. O principal núcleo obrigatório das leis orçamentarias
são os seus fins. Os fins orientam a estruturação das leis orçamentares e lhes conferem direção e
sentido, de modo que o administrador público fica vinculado ao alcance dos objetivos e metas
fixados, devendo envidar os esforços necessários a plena desincumbência das tarefas que lhes
foram cometidas.

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CAPITULO IV: REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

ALMIRO, Affonso (coord.). Normas gerais de direito financeiro. Rio de Janeiro: Finanças S.A.,
1950.

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