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FACULDADE DE DIREITO
“TRABALHO DE CAMPO”
CONVENÇÕES ANTENUPCIAIS
Código: 31210503
CONVENÇÕES ANTENUPCIAIS
Código: 31210503
1.1. Objetivos......................................................................................................................5
1.4. Metodologia.................................................................................................................5
4. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................................18
1. CAPITULO I: INTRODUÇÃO
O presente trabalho de campo fala da convenção antenupcial que é o acordo pelo qual os
nubentes estipulam o regime de bens que vigorará durante o seu casamento. Até à celebração
do casamento é livremente revogável ou modificável, caducando se o casamento não for
celebrado dentro de 1 ano a contar da sua celebração ou se, tendo sido celebrado, for
declarado nulo ou anulado. A convenção antenupcial só produz efeitos em relação a terceiros
depois de registada. Podem celebrar convenções antenupciais quem tem capacidade para
contrair casamento e os menores, interditos ou inabilitados quando autorizados pelos seus
representantes legais. Existe, na lei, um conjunto de efeitos patrimoniais imperativos que
valem para todos os casamentos de forma impreterível e só para além destes é que os
nubentes poderão fixar livremente, em convenção antenupcial, o regime de bens que lhes
aprouver. Desta feita, é seguro dizer que “o estatuto patrimonial dos cônjuges, no Direito
Português, é estratificado”. Na base temos um estatuto imperativo que, no nosso
ordenamento, é constituído fundamentalmente pelos direitos e deveres conjugais patrimoniais
e pelas regras relativas à administração e disposição dos bens dos cônjuges e à
responsabilidade por dívidas. A este estatuto de base podem, os cônjuges, acrescentar novas
especificidades. Esta faculdade é-lhes atribuída pelo princípio da liberdade das convenções
antenupciais, que será mais à frente analisado, pela qual poderão adaptar o regime
matrimonial às suas conveniências. A estipulação do regime patrimonial que regerá o
casamento, após a sua válida celebração, poderá fazer-se de forma expressa ou “silenciosa”. A
primeira forma cumpre-se através da celebração de uma convenção antenupcial, na qual os
cônjuges poderão optar por um dos “regimes-tipo” previstos no Código Civil, ou, até mesmo
criar um regime misto que englobará caraterísticas daqueles, combinadas de forma a
satisfazerem as pretensões dos futuros cônjuges, tendo sempre em atenção os limites impostos
pela lei. No que diz respeito à segunda forma, esta constitui uma “aceitação pura e simples do
regime supletivo geral”8 , sem que os cônjuges nada manifestem a esse respeito, que
atualmente será, nos termos do Artigo 1717.º do CC9 , o regime da comunhão de adquiridos.
No Direito Português, relativamente ao estatuto patrimonial dos cônjuges e para além do
supramencionado princípio da liberdade, vigora ainda o princípio da imutabilidade do regime
de bens, previsto no Artigo 1714º do CC. A lei concede aos futuros esposos uma ampla
liberdade de escolha do regime de bens, todavia, e após a celebração do casamento, a
possibilidade de alteração ao regime escolhido (tanto tácita, como expressamente) ou, por
maioria de razão, imposto pela lei é fortemente restringida. É, pois, esta forte e apertada
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restrição que serve de base à elaboração do presente trabalho de investigação. Assim sendo, o
presente trabalho iniciar-se-á com uma, não muito exaustiva, análise dos regimes de bens do
casamento previstos no ordenamento jurídico português. De seguida, procurar-se-á abordar a
temática das convenções antenupciais em correlação com o princípio da liberdade e suas
limitações.
1.1. Objetivos
1.2. Objectivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar e discorrer sobre a Convenção
Antenupcial.
1.4. Metodologia
O presente trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica e exploratória, onde
com auxílio da internet buscou-se manuais com intuito de ter uma visão nítida dos principais
aspetos inerentes ao tema, e com a leitura minuciosa do material adquirido no portal Google
académico, foi possível compilar o presente estudo
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2. CAPITULO II: REVISAO LITERARIA DO TRABALHO DE CAMPO
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designam terceiros (artigos 1700.º e ss do CC). Com a entrada em vigor da Lei n.º 48/2018, de
14 de agosto, passou a ser também admitida a celebração de pactos sucessórios renunciativos,
mas apenas relativamente à renúncia recíproca dos cônjuges à condição de herdeiro
legitimário do outro e desde que vigore o regime da separação de bens (imperativo ou
convencionado).
Além disso, o documento deve ser assinado por ambas as partes, depois de devidamente
identificadas. A convenção antenupcial não é obrigatória. Conforme já referimos, se não
quiser registar uma convenção, a lei determina que o regime de bens a aplicar ao casamento é
o de comunhão de adquiridos. Ainda que existam estes três regimes descritos acima, os
noivos podem optar por elaborar um documento com um novo regime ou uma mistura dos
existentes, desde que mantenham as chamadas "normas imperativas".
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1.7. Custo da convenção antenupcial
A convenção é outorgada em cartório notarial ou junto dos serviços do registo civil. Neste
último caso, os emolumentos a pagar oscilam entre €100,00 e €160,00, consoante as
estipulações que se fizerem constar no acordo pré-nupcial.
Segundo este regime, a cada um dos cônjuges pertence apenas os bens que tinha antes de
casar e os bens que, depois do casamento e na constância deste, venha a receber por sucessão
(por morte de outra pessoa) ou por doação, ou venha a adquirir por virtude de direito próprio
anterior. A ambos os cônjuges pertencem os outros bens, ou seja, os bens adquiridos depois
do casamento sem ser por sucessão, doação, ou direito próprio anterior ao casamento. Nestes
bens está incluído o produto do trabalho dos cônjuges e os rendimentos dos bens que
pertençam apenas a cada um deles. Ao conjunto destes bens chama-se património comum,
composto por um activo (bens) e um eventual passivo (dívidas), do qual cada um dos
cônjuges participa em metade.
Segundo este regime, a cada um dos cônjuges pertence apenas os bens que tinha antes de
casar e os bens que, depois do casamento e na constância deste, venha a receber por sucessão
(por morte de outra pessoa) ou por doação, ou venha a adquirir por virtude de direito próprio
anterior.
A ambos os cônjuges pertencem os outros bens, ou seja, os bens adquiridos depois do
casamento sem ser por sucessão, doação, ou direito próprio anterior ao casamento.
Nestes bens está incluído o produto do trabalho dos cônjuges e os rendimentos dos bens que
pertençam apenas a cada um deles. Ao conjunto destes bens chama-se património comum,
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composto por um activo (bens) e um eventual passivo (dívidas), do qual cada um dos
cônjuges participa em metade.
De acordo com este regime, cada um dos cônjuges é proprietário dos bens que adquiriu, por
qualquer forma, antes e depois do casamento. No entanto, pode acontecer que determinados
bens hajam sido adquiridos por ambos os cônjuges. Neste caso os dois são proprietários dos
bens, não como casal mas como quaisquer outras duas pessoas não casadas, o que se
denomina por co-propriedade.
Neste regime é regra que todos os bens, seja qual for a sua origem e momento de aquisição,
pertencem a ambos os cônjuges. No entanto, a lei estabelece que um certo tipo de bens
pertence apenas a cada um dos cônjuges, designadamente, as suas roupas, a sua
correspondência, e os bens doados ou deixados quando a doador ou testador tiver determinado
que não quer que os bens passem a pertencer a ambos. Assim como, também os direitos
estritamente pessoais pertencem apenas ao cônjuge que os possui. É o caso do usufruto e do
uso ou habitação. Ao conjunto destes bens chama-se património comum, composto por um
activo (bens) e um eventual passivo (dívidas), do qual cada um dos cônjuges participa em
metade.
É possível que os noivos estipulem para o seu casamento um regime de bens diferente dos
legalmente previstos, desde que respeitem os limites da lei.
Sempre que algum dos noivos, à data do casamento, tenha idade igual ou superior a 60
anos;
Sempre que antes do casamento não correu na conservatória do registo civil o
processo destinado a averiguar se legalmente o casamento se pode realizar – processo
de publicações - (o que a lei admite em determinadas circunstâncias).
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Sempre que algum dos noivos já tenha filhos, ainda que estes sejam maiores ou
emancipados (tenham casado).
1.14. Local do efeito
A Convenção pode ser feita através de declaração prestada perante funcionário do posto
consular ou do registo civil ou ainda por escritura pública no posto consular onde os nubentes
estão inscritos, numa Conservatória do Registo Civil ou num Cartório Notarial.
Quando a convenção foi celebrada por escritura pública o casamento tem de ser realizado
dentro do prazo de 1 ano. Quando a convenção foi lavrada por declaração, o casamento tem
de ser realizado no prazo concedido no posto consular ou registo civil, sob pena de
caducidade.
Quando os noivos não tenham escolhido o regime de bens do casamento, a lei estabelece
como regime de bens supletivo o Regime da Comunhão de Adquiridos. Este regime supletivo
é aplicado aos casamentos realizados a partir de 1 de Junho de 1967, os casamentos
celebrados anteriormente estão sujeitos aos regime supletivo da comunhão geral.
Não podem ser objecto de convenções antenupciais:
A regulamentação da sucessão hereditária dos cônjuges ou de terceiro, salvo o
disposto no art. 1670º do Código Civil;
A alteração dos direitos e deveres paternais ou conjugais;
A alteração de regras sobre administração dos bens do casal;
A estipulação da comunicabilidade dos bens enumeradas no art. 1733º do Código
Civil;
Os nubentes que tenham filhos não podem convencionar o regime de comunhão de
bens nem estipular a comunicabilidade dos bens considerados próprios dos cônjuges;
O regime de bens do casamento não pode ser fixado por simples remissão genérica
para uma lei estrangeira, para preceito revogado ou para usos e costumes locais, nos
termos do art. 1718º do Código Civil;
Se o casamento foi celebrado sem processo preliminar ou por quem tenha completado
60 anos de idade, é aplicado o regime imperativo de separação de bens.
Por norma a convenção antenupcial deverá ser outorgada antes da celebração do casamento,
porém, é possível a sua apresentação após o mesmo. Neste caso, é averbada ao assento de
casamento a menção da celebração da convenção antenupcial, bem como a alteração do
regime de bens.
1.15. Os que tem o direito de fazer uma convenção antenupcial
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Os próprios membros do casal
Representante legal com poderes especiais para o efeito.
A Convenção Antenupcial pode ser feita quando: O contrato de convenção antenupcial não é
obrigatório, mas sempre que não é realizado, aplica-se, por defeito, o regime de comunhão de
adquiridos. Se vai casar e quer outro regime de bens, é necessário fazer uma convenção
antenupcial. Qualquer casal que desejar pode fazer o pacto antenupcial. Todavia, trata-se de
um instrumento obrigatório a aqueles que optarem por um regime de bens que não for o
legal (comunhão parcial de bens). Assim, aos nubentes que desejam casar sob o regime da
comunhão universal de bens, separação absoluta ou participação final nos aquestos o pacto é
obrigatório. Salienta-se, ainda, que nada obsta que os nubentes que venham a se casar sob o
regime de comunhão parcial de bens também o façam. Recentemente vem ganhando
destaque a possibilidade de elaboração de pacto antenupcial daqueles que são obrigados a
casar sob o regime de separação obrigatória em virtude da Súmula 377 do Supremo
Tribunal Federal e de decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) que
entendeu possível a comunicação dos bens adquiridos na constância do casamento, desde
que comprovado o esforço comum para a sua aquisição. A Corregedoria Geral de Justiça do
Tribunal de Justiça de São Paulo (CGJ TJSP) por meio do Recurso Administrativo,
entendeu ser possível a elaboração de pacto antenupcial a aqueles em que é imposto o
regime de separação obrigatória de bens para prever a incomunicabilidade absoluta dos
aquestos, afastando a incidência da súmula 377, desde que mantidas todas as demais regras
do regime de separação obrigatória. Da mesma forma, em Pernambuco foi editado
o Provimento 8/2016 da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça em que se
fixou que no regime de separação legal ou obrigatória de bens, deverá o oficial do registro
civil cientificar os nubentes da possibilidade de afastamento da incidência da referida
súmula por meio de pacto antenupcial.
Para mais informações sobre regimes de bens consulte o guia prático “Casar ou viver em
união de facto”. Também pode criar um regime de bens personalizado, desde que respeite os
limites definidos na lei.
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1.16. Documentos e requisitos para fazer uma convenção antenupcial
Se a convenção for feita num cartório notarial, terá de ser apresentada e registada uma
certidão na conservatória onde foi iniciado o processo do casamento. Caso o pedido seja feito
por uma pessoa que representa legalmente o casal, a procuração deve ter a indicação clara do
regime de bens a adotar ou conter.
Mesmo que o processo do casamento seja iniciado online, a convenção antenupcial tem
sempre de ser pedida presencialmente. Na maioria das vezes, a convenção antenupcial é
celebrada no momento da instauração do processo preliminar de casamento. A convenção
caduca se o casamento não for celebrado dentro de um ano, ou se for declarado como nulo ou
anulado.
As regras mais habituais numa convenção estão relacionadas com o regime de bens, ou seja,
determinam quem é dono do quê. No entanto, o documento pode conter todas as regras que
as partes acordarem entre elas, como por exemplo:
Para além das disposições patrimoniais, o pacto antenupcial poderá prever questões de
cunho interpessoal ou até mesmo sobre a responsabilidade paterno-filial. Indenizações em
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decorrência de infidelidade passaram a ser tema da moda, sendo prevenidos em pactos
antenupciais. Cláusula polêmica e, ainda em discussão, é aquela que traz expressa
exteriorização de que, em eventual falecimento de qualquer um dos cônjuges casados sob o
regime de separação absoluta, o outro não o sucederá em concorrência com os
descendentes, nos moldes delineados por uma decisão proferida no STJ. Neste tipo de
cláusula, é importante haver expressa menção de que ambos os nubentes têm pleno
conhecimento da decisão e estão de pleno acordo com os seus efeitos. Cabe ressaltar que
ainda que conste no instrumento a anuência de ambos os contraentes, subordina-se a sua
eficácia à interpretação do juiz, caso seja questionada posteriormente no âmbito judiciário.
Ainda, também pode-se pensar em alternativas que se adequem a cada relacionamento,
como:
É importante ressaltar que é nula toda a cláusula que contravenha literal disposição de
lei. Ou seja, não é permitido utilizar o pacto para burlar qualquer dispositivo legal,
como a renuncia à pensão dos filhos menores.
Este documento não pode registar qualquer regra que esteja fora do âmbito da lei. Por
exemplo, não pode retirar direitos parentais a um dos membros do casal.
Outra limitação está relacionada com a capacidade de ambas as partes beneficiarem do que lá
está escrito. Em outras palavras, e conforme já referido, noivos com mais de 60 anos, só
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podem casar ao abrigo do regime de separação de bens. Nesse sentido, não podem ditar o
contrário numa convenção antenupcial.
Por último, a Lei também dita que noivos com filhos não podem casar com comunhão de
bens nem decidir a comunicabilidade de bens. Não esquecer que, em alternativa ao Registo
Civil, pode registar a sua convenção antenupcial num Cartório Notarial. Ao escolher esta
opção, o valor total a pagar vai variar consoante o Cartório que escolher, já que o mercado é
livre e não há preços fixos.
Não é possível alterar a convenção antenupcial depois do casamento, mas há exceções. Por
exemplo, em situações em que um cônjuge está em risco de perder o que é seu devido à má
gestão do outro.
1.21. Validade do documento da Convenção Antenupcial
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3. CAPITULO III: CONCLUSÃO
Conclui-se que o pacto antenupcial nada mais é do que um contrato solene firmado entre os
nubentes antes do casamento com o objetivo de convencionar como ficarão questões atinentes
ao patrimônio bem como aspectos extrapatrimoniais de cunho interpessoal ou até de
responsabilidades paterno-filiais. É A discussão sobre as regras econômicas do casamento
entre os noivos ainda enfrenta inúmeras barreiras e entraves para um diálogo franco. Contudo,
o pacto antenupcial é o instrumento que pode disciplinas as questões patrimoniais e
extrapatrimoniais dos nubentes. Por ser entendido como um contrato acessório, para a sua
eficácia e validade é necessário que o casamento se concretize, que seja feito por meio de
escritura pública em um Cartório de Notas e, após o casamento, seja levado ao Cartório de
Registro Civil onde se concretizou o matrimônio. A Lei de Registros Públicos também exige
que, caso exista bem imóvel em nome de qualquer um dos nubentes ou em nome de ambos, é
necessária a averbação do pacto nos registros de imóveis de cada imóvel.
Não é necessário ter um advogado, pacto poderá ser feito diretamente no Cartório utilizando
um dos modelos prontos existentes. Porém, é altamente recomendado que um advogado
especialista auxilie na confeção e na orientação das partes, dada a importância do conteúdo, o
contexto do casal e os interesses diretos e indiretos. A celebração de um casamento entre duas
pessoas acarreta, necessariamente, uma série de efeitos pessoais e patrimoniais aos quais os
esposos não se podem escusar. Quanto aos efeitos patrimoniais, que foram aqueles sobre os
quais nos debruçámos, estes passam essencialmente pelo regime de bens a vigorar no
casamento, sobre as regras de administração dos bens dos cônjuges e responsabilidade por
dívidas. No nosso ordenamento jurídico a definição do estatuto patrimonial dos cônjuges faz-
se por duas vias possíveis: pela celebração de uma convenção antenupcial ou então por meio
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de um comportamento passivo de aceitar, pura e simplesmente, o regime de bens supletivo
previsto na nossa lei, ou seja, o regime da comunhão de adquiridos. No que diz respeito à
estipulação do regime patrimonial por meio da celebração de uma convenção antenupcial, a
nossa lei permite aos nubentes a escolha entre um dos regimes-tipo previstos na lei, desde e
quando não se impuser legalmente o regime da separação de bens, como acontece nos casos
abrangidos pela norma do 1720.º. Podendo, ainda, criar um regime de bens atípico que,
eventualmente, combinará regras dos vários tipos de regimes previstos no CC, ou então a criar
um regime ex novo que regerá a esfera patrimonial do novo casal. Está aqui patente, como
vimos, o princípio da liberdade das convenções antenupciais, previsto no Artigo 1698.º,
acolhido no nosso sistema da forma ampla. A extensa liberdade atribuída aos cônjuges
obrigou a que, por razões de estabilidade económica e mesmo de estabilidade das relações
familiares, se fixassem, ainda que não de maneira taxativa, um conjunto de limitações a este
princípio constantes do Artigo 1699.º. A par deste princípio da liberdade, vigora no nosso
ordenamento jurídico a regra da imutabilidade das convenções antenupciais, prevista no
Artigo 1714.º. Por maioria de razão, entende-se que esta disposição abrange não só o regime
de bens convencionado pelas partes, bem como o regime de bens supletivo e ainda o regime
de bens imperativo, ou seja, na constância do matrimónio o regime de bens nunca pode ser
alterado, salvo nas exceções previstas no Artigo 1715.º. Estas exceções são reveladoras da
rigidez da solução portuguesa, devido ao seu cariz limitado e taxativo. Relativamente à
amplitude do princípio da imutabilidade, a maioria da doutrina considera que este deve
abranger não só as operações diretas que resultem na alteração do regime de bens, bem como
todos os negócios que impliquem a alteração da massa patrimonial do casal e que por isso,
indiretamente, alterem o regime das relações patrimoniais em vigor.
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4. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA.
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: famílias. Vol. 6.
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jurídico dos procedimentos administrativos de Dissolução e de Liquidação de Entidades
comerciais, Coimbra, Almedina, 2009
CORTE-REAL, Carlos Pamplona; PEREIRA, José Silva, Direito da Família: tópicos para
uma reflexão crítica, Lisboa, AAFDL, 2008
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