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Introdução ......................................................................................................................... 4
1. Objectivos.................................................................................................................. 4
Conclusão ....................................................................................................................... 10
Legislação ....................................................................................................................... 11
Doutrina .......................................................................................................................... 11
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Introdução
1. Objectivos
O presente trabalho tem como objectivo geral, abordar sobre a Lei Aplicável às
pessoas.
2.1. Noção
Diz-nos o art 25º CC que o estado dos indivíduos, a capacidade das pessoas, as relações
de família e as sucessões por morte são regulados pela lei pessoal dos respectivos
sujeitos, salvas as restrições estabelecidas na presente secção.
O artigo opera, portanto, uma remissão para a lei pessoal, que rege assim um conjunto
de matérias, ainda que não seja definida por qualquer elemento de conexão. Pode dizer-
se, portanto, que a lei pessoal é a lei que rege o estatuto pessoal das pessoas singulares
no Direito Internacional Privado.
A razão de ser desta remissão prende-se com o facto de estarmos perante matérias que
contendem em grande nível com a identidade dos indivíduos – saber se uma pessoa é ou
não capaz, se é ou não casada, etc., são aspectos que definem a sua condição como
pessoa, razão pela qual foi entendido, pelo nosso legislador, que estávamos perante
aspectos que não devem sofrer alterações consoante o local onde o cidadão se encontra.
Por outras palavras, entende-se que uma pessoa deve poder passar as fronteiras do país
de que é nacional sem perder essas qualidades fundamentais que tem de acordo com a
lei da sua nacionalidade.
2.2. Apátrida
Apátrida é uma pessoa que não possui nacionalidade, ou seja, não é reconhecida como
cidadã por nenhum país. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como o estado de
nacionalidade da pessoa ter sido extinto, a pessoa ter sido privada de sua nacionalidade
ou por não preencher os requisitos para obter uma nacionalidade. Os apátridas
enfrentam diversas dificuldades, como restrições de viagens, dificuldades de acesso a
direitos básicos e falta de protecção legal. A Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas,
de 1954, estabelece direitos e protecções para essas pessoas.
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Professor Doutor Dário Moura Vicente. Faculdade de Direito. Universidade de Lisboa.
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A lei da nacionalidade e
A lei do país do domicílio.
São várias as razões para que assim seja. Desde logo, há razões políticas, na medida em
que Moçambique é, desde cedo, um país de forte emigração, e esta era a única forma de
garantir que as pessoas singulares moçambicana, radicadas em países estrangeiros, se
mantinham sujeitos à lei moçambicana.
A verdade, não obstante, é que continua a ser o critério da nacionalidade aquele que
mais releva entre nós, ainda que não seja a única conexão que adoptamos neste domínio
– o próprio art 31º, nº 2 CC consagra uma relevante excepção, estatuindo que são,
porém, reconhecidos em Moçambique os negócios jurídicos celebrados no país da
residência habitual do declarante, em conformidade com a lei desse país, desde que esta
se considere competente.
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A lei pessoal das pessoas colectivas é a lei que regulará a constituição, o funcionamento
e a extinção dessas. Note-se, por isso, que em causa não está uma questão de
reconhecimento da pessoa colectiva, mas antes de saber de que condições depende a
possibilidade de uma pessoa colectiva, sujeita a uma lei estrangeira, poder exercer a sua
actividade em território nacional.
A matéria da lei pessoal das pessoas colectivas é uma matéria na qual se conjugam
diferentes interesses, todos eles relevantes:
Uma pessoa colectiva que se tenha constituído em determinado país, e de acordo com a
lei desse, ficará submetida única e exclusivamente à lei do referido Estado. Há uma
prevalência da autonomia privada, através da qual a pessoa colectiva em causa poderá
escolher a lei aplicável. Tem, como principal inconveniente, o facto de os fundadores da
pessoa colectiva poderem escolher a lei ao abrigo da qual a vão incorporar, abrindo a
porta a que esta fique sujeita a uma lei com a qual não apresenta qualquer ligação. Em
contrapartida, é a solução que melhor permite a mobilidade da pessoa colectiva.
Esta é a lei que é indicada nos estatutos da pessoa colectiva, sendo por isso a lei mais
fácil de identificar, uma vez que os terceiros que contactam com a pessoa colectiva têm
acesso aos respectivos estatutos. Não obstante, esta é muitas vezes diferente da lei da
sede real da pessoa colectiva, pois que muitas pessoas colectivas têm uma sede
estatutária que não corresponde ao país onde efectivamente exercem a sua actividade.
Desta feita, também esta solução apresenta inconvenientes. Desde logo, o facto de ser
possível que uma entidade fique sujeita a uma lei com a qual não apresenta qualquer
ligação, o que abre a porta a situações de fraude à lei.
Houve quem entendesse que isto significaria aplicar a lei do país onde a pessoa
colectiva exerce a sua direcção (onde é administrada). No entanto, se assim fosse,
facilmente haveria fenómenos de deslocalização das pessoas colectivas. Assim sendo,
entende-se hoje que o local da sede real não é esse, mas antes o local onde as decisões
fundamentais da direcção da empresa se traduzem em actos de gestão correntes. É
irrelevante o local onde se formou a vontade social, ou onde foi tomada a deliberação.
Apesar de parecer ser a melhor das três soluções apresentadas, a mesma também traz
consigo inconvenientes: uma pessoa colectiva já constituída, mas cujos órgãos ainda
não começaram a trabalhar, não tem propriamente uma sede real, situação na qual terá
que se adoptar um outro critério. Outro inconveniente prende-se com as deliberações
tomadas por meios electrónicos, em que é dificultada a determinação da sede real. Por
fim, pode esta solução apresentar entraves à liberdade de estabelecimento da pessoa
colectiva.
3. Personalidade Jurídica
Art 26º CC – início e termo da personalidade jurídica. Esta é uma questão que envolve
alguma divergência, na medida em que ordenamentos diferentes podem definir
momentos distintos para o início da personalidade jurídica. Em Portugal, como
sabemos, o art 66º determina que a personalidade jurídica se adquire-se no momento do
nascimento completo e com vida. Também relativamente à cessação da personalidade
pode haver contrariedades.
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Art 27º CC – direitos de personalidade. Este artigo submete à lei pessoal dos indivíduos
a existência e tutela impostas ao exercício destes direitos. Já relativamente à
responsabilidade civil decorrente da violação destes direitos, a mesma é regulada pelo
art 45º (responsabilidade extracontratual). Tudo isto tem, não obstante, de ser analisado
tendo presente o art 27º, nº 2 CC, do qual resulta que o estrangeiro ou apátrida não goza
de qualquer forma de tutela jurídica que não seja reconhecida na lei portuguesa.
Conclusão
Referências Bibliográficas
Legislação
Doutrina