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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

1. Objectivos.................................................................................................................. 4

1.2. Objectivo geral ...................................................................................................... 4

1.3. Objectivos específicos ........................................................................................... 4

2. Lei Aplicável às pessoas ........................................................................................... 5

2.1. Noção ..................................................................................................................... 5

2.2. Apátrida ................................................................................................................. 5

2.3. Lei Pessoal dos singulares ..................................................................................... 6

2.4. Pessoas Colectivas Internacionais ......................................................................... 7

3. Personalidade Jurídica ............................................................................................... 8

3.1. Término da Personalidade Jurídica........................................................................ 9

Conclusão ....................................................................................................................... 10

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 11

Legislação ....................................................................................................................... 11

Doutrina .......................................................................................................................... 11
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Introdução

Quando se trata de relações jurídicas entre pessoas de diferentes países, é fundamental


determinar qual lei será aplicável para resolver eventuais conflitos. A lei aplicável pode
variar de acordo com diferentes critérios, como a nacionalidade das partes envolvidas, o
local onde ocorreu o fato jurídico, ou a vontade das partes expressa em um contrato.
Neste contexto, é fundamental que as pessoas conheçam e respeitem as regras do
Direito Internacional Privado para garantir a validade e eficácia de seus contratos e
relações jurídicas em âmbito internacional.

1. Objectivos

1.2. Objectivo geral

 O presente trabalho tem como objectivo geral, abordar sobre a Lei Aplicável às
pessoas.

1.3. Objectivos específicos

 Abordar sobre os apátridas;


 Falar da noção da lei aplicável às pessoas;
 Compreender a personalidade jurídica;
 Comentar sobre a determinação da lei pessoal.
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2. Lei Aplicável às pessoas1

2.1. Noção

Diz-nos o art 25º CC que o estado dos indivíduos, a capacidade das pessoas, as relações
de família e as sucessões por morte são regulados pela lei pessoal dos respectivos
sujeitos, salvas as restrições estabelecidas na presente secção.

O artigo opera, portanto, uma remissão para a lei pessoal, que rege assim um conjunto
de matérias, ainda que não seja definida por qualquer elemento de conexão. Pode dizer-
se, portanto, que a lei pessoal é a lei que rege o estatuto pessoal das pessoas singulares
no Direito Internacional Privado.

A razão de ser desta remissão prende-se com o facto de estarmos perante matérias que
contendem em grande nível com a identidade dos indivíduos – saber se uma pessoa é ou
não capaz, se é ou não casada, etc., são aspectos que definem a sua condição como
pessoa, razão pela qual foi entendido, pelo nosso legislador, que estávamos perante
aspectos que não devem sofrer alterações consoante o local onde o cidadão se encontra.
Por outras palavras, entende-se que uma pessoa deve poder passar as fronteiras do país
de que é nacional sem perder essas qualidades fundamentais que tem de acordo com a
lei da sua nacionalidade.

2.2. Apátrida

Apátrida é uma pessoa que não possui nacionalidade, ou seja, não é reconhecida como
cidadã por nenhum país. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como o estado de
nacionalidade da pessoa ter sido extinto, a pessoa ter sido privada de sua nacionalidade
ou por não preencher os requisitos para obter uma nacionalidade. Os apátridas
enfrentam diversas dificuldades, como restrições de viagens, dificuldades de acesso a
direitos básicos e falta de protecção legal. A Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas,
de 1954, estabelece direitos e protecções para essas pessoas.

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Professor Doutor Dário Moura Vicente. Faculdade de Direito. Universidade de Lisboa.
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2.3. Lei Pessoal dos singulares

São essencialmente duas as vias possíveis:

 A lei da nacionalidade e
 A lei do país do domicílio.

No âmbito do sistema jurídico moçambicano, com base o artigo 31º do CC – a lei


pessoal é a lei da nacionalidade.

São várias as razões para que assim seja. Desde logo, há razões políticas, na medida em
que Moçambique é, desde cedo, um país de forte emigração, e esta era a única forma de
garantir que as pessoas singulares moçambicana, radicadas em países estrangeiros, se
mantinham sujeitos à lei moçambicana.

Para além disso, há razões jurídicas, associadas ao facto de a nacionalidade ser um


vínculo mais estável do que o domicílio ou a residência habitual – é mais difícil mudar
de nacionalidade do que de residência, razão pela qual, por esta via, se previnem
situações de fraude à lei (evita-se que uma pessoa mude ou manipule um elemento de
conexão relevante, por forma a subtrair-se às normas que de outra forma lhe seriam
aplicáveis).

O favorecimento da livre circulação de pessoas é um claro ponto a favor da adopção do


critério da residência habitual – torna-se, por esse modo, mais fácil que as pessoas
celebrem negócios jurídicos atinentes ao seu estatuto pessoal, se esses forem
submetidos à lei do país onde residem.

A verdade, não obstante, é que continua a ser o critério da nacionalidade aquele que
mais releva entre nós, ainda que não seja a única conexão que adoptamos neste domínio
– o próprio art 31º, nº 2 CC consagra uma relevante excepção, estatuindo que são,
porém, reconhecidos em Moçambique os negócios jurídicos celebrados no país da
residência habitual do declarante, em conformidade com a lei desse país, desde que esta
se considere competente.
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2.4. Pessoas Colectivas Internacionais

A lei pessoal das pessoas colectivas é a lei que regulará a constituição, o funcionamento
e a extinção dessas. Note-se, por isso, que em causa não está uma questão de
reconhecimento da pessoa colectiva, mas antes de saber de que condições depende a
possibilidade de uma pessoa colectiva, sujeita a uma lei estrangeira, poder exercer a sua
actividade em território nacional.

A matéria da lei pessoal das pessoas colectivas é uma matéria na qual se conjugam
diferentes interesses, todos eles relevantes:

 Interesse da própria pessoa colectiva e seus constituintes – para estes, a melhor


solução é que a pessoa colectiva seja sujeita a uma lei que eles próprios
escolheram, ficando sempre essa a lei aplicável;
 Interesse dos credores da pessoa colectiva – estes têm já interesse em que a
pessoa colectiva se regule pela lei em que exerce a sua actividade, pois que essa
é a que os credores melhor conhecem e a que lhes dá, por essa forma, mais
garantias na satisfação dos créditos;
 Interesse do Estado – aos Estados interessa sempre exercer algum grau de
controlo sobre a actividade das entidades, o que pressupõe que a pessoa
colectiva fique sujeita à lei do lugar onde exerce a sua actividade, e não a uma ei
que ela escolheu ou a uma qualquer lei estrangeira;
 Interesse dos trabalhadores da pessoa colectiva – a esses interessa que a pessoa
colectiva fique sujeita à lei do país onde a mesma exerce a sua actividade, e onde
os trabalhadores prestam a sua actividade laboral.

Aplica-se a lei do país de incorporação

Uma pessoa colectiva que se tenha constituído em determinado país, e de acordo com a
lei desse, ficará submetida única e exclusivamente à lei do referido Estado. Há uma
prevalência da autonomia privada, através da qual a pessoa colectiva em causa poderá
escolher a lei aplicável. Tem, como principal inconveniente, o facto de os fundadores da
pessoa colectiva poderem escolher a lei ao abrigo da qual a vão incorporar, abrindo a
porta a que esta fique sujeita a uma lei com a qual não apresenta qualquer ligação. Em
contrapartida, é a solução que melhor permite a mobilidade da pessoa colectiva.

Aplica-se a lei da sede estatutária


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Esta é a lei que é indicada nos estatutos da pessoa colectiva, sendo por isso a lei mais
fácil de identificar, uma vez que os terceiros que contactam com a pessoa colectiva têm
acesso aos respectivos estatutos. Não obstante, esta é muitas vezes diferente da lei da
sede real da pessoa colectiva, pois que muitas pessoas colectivas têm uma sede
estatutária que não corresponde ao país onde efectivamente exercem a sua actividade.
Desta feita, também esta solução apresenta inconvenientes. Desde logo, o facto de ser
possível que uma entidade fique sujeita a uma lei com a qual não apresenta qualquer
ligação, o que abre a porta a situações de fraude à lei.

Aplica-se a lei da sua sede real

É a solução consagrada no Direito Moçambicano.

Houve quem entendesse que isto significaria aplicar a lei do país onde a pessoa
colectiva exerce a sua direcção (onde é administrada). No entanto, se assim fosse,
facilmente haveria fenómenos de deslocalização das pessoas colectivas. Assim sendo,
entende-se hoje que o local da sede real não é esse, mas antes o local onde as decisões
fundamentais da direcção da empresa se traduzem em actos de gestão correntes. É
irrelevante o local onde se formou a vontade social, ou onde foi tomada a deliberação.
Apesar de parecer ser a melhor das três soluções apresentadas, a mesma também traz
consigo inconvenientes: uma pessoa colectiva já constituída, mas cujos órgãos ainda
não começaram a trabalhar, não tem propriamente uma sede real, situação na qual terá
que se adoptar um outro critério. Outro inconveniente prende-se com as deliberações
tomadas por meios electrónicos, em que é dificultada a determinação da sede real. Por
fim, pode esta solução apresentar entraves à liberdade de estabelecimento da pessoa
colectiva.

3. Personalidade Jurídica

Art 26º CC – início e termo da personalidade jurídica. Esta é uma questão que envolve
alguma divergência, na medida em que ordenamentos diferentes podem definir
momentos distintos para o início da personalidade jurídica. Em Portugal, como
sabemos, o art 66º determina que a personalidade jurídica se adquire-se no momento do
nascimento completo e com vida. Também relativamente à cessação da personalidade
pode haver contrariedades.
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Art 27º CC – direitos de personalidade. Este artigo submete à lei pessoal dos indivíduos
a existência e tutela impostas ao exercício destes direitos. Já relativamente à
responsabilidade civil decorrente da violação destes direitos, a mesma é regulada pelo
art 45º (responsabilidade extracontratual). Tudo isto tem, não obstante, de ser analisado
tendo presente o art 27º, nº 2 CC, do qual resulta que o estrangeiro ou apátrida não goza
de qualquer forma de tutela jurídica que não seja reconhecida na lei portuguesa.

3.1. Término da Personalidade Jurídica

Compreende-se acerca do fim da personalidade por intermédio da lei do domicílio da


pessoa. Em tese, isso ocorre com a morte natural do ser humano, única forma em nosso
Direito que põe termo à personalidade. O momento exacto do falecimento pode
apresentar divergências nas legislações, presentes os avanços científicos no campo
médico, vide o artigo 26º, nº 1 e 2, alienado com o artigo 68º, nºs 1, 2 e 3, ambos do CC.
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Conclusão

Em conclusão, a determinação da Lei Aplicável às pessoas em Direito Internacional


Privado é fundamental para garantir a segurança jurídica e a justiça nas relações
transfronteiriças. É essencial que sejam considerados todos os elementos relevantes para
escolher a legislação mais adequada para regular a situação em questão e proteger os
direitos das partes envolvidas.

Ao analisar a Lei Aplicável às pessoas, os tribunais devem considerar diversos factores,


como a nacionalidade das partes, o local onde ocorreu a situação jurídica e a conexão
mais relevante com o caso em questão. Além disso, tratados internacionais e
convenções podem influenciar a escolha da lei aplicável.
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Referências Bibliográficas

Legislação

Código Civil – Decreto-Lei nº 47/ 344, de 25 de Novembro de 1966 – Moçambique.

A Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954.

Doutrina

Professor Doutor Dário Moura Vicente. Faculdade de Direito. Universidade de Lisboa.

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