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DIREITO

INTERNACIONAL
PRIVADO
Aplicação das Normas de Direito Internacional
Privado: Classificação, Estatuto Pessoal e Elementos
de Conexão, Qualificação, Questão Prévia ou
Incidental e Reenvio.
Parte III
Professora Raquel Perrota
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de Conexão

- Como parte da norma indicativa do direito internacional


privado, os elementos de conexão se prestam no auxílio para
que se determine o direito aplicável.

- Eles se diferenciam conforme do direito internacional privado


de cada Estado.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de Conexão

- Os elementos de conexão de adoção mais corriqueira são a


nacionalidade e o domicílio.

- Assim sendo, o objeto de conexão a que se referem esses dois


elementos é o estatuto pessoal da pessoa física.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de Conexão

a) Nacionalidade

- A dinâmica corrente da população mundial, onde muitos


indivíduos vêm a possuir mais de uma nacionalidade, faz com
que esse elemento venha perdendo a relevância.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

a) Nacionalidade

- Quando se está diante de um único indivíduo com


nacionalidades plúrimas, cabe ao legislador nacional definir
qual a sua nacionalidade relevante, a fim que seja possível a
determinação do direito aplicável.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

a) Nacionalidade

- Em regra, decisiva é a nacionalidade efetiva de uma pessoa


física (aquela com a qual possui laço íntimo).

- Os requisitos para que ela seja determinada diferem conforme


as legislações dos diversos países.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

a) Nacionalidade

- Quando o indivíduo for apátrida, ou possuir a condição jurídica


de refugiado, é aplicável a lei do seu domicílio ou, na falta
deste, a lei de sua residência.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, art. 12, alínea 1

“O estatuto pessoal de todo o apátrida será regido pela lei do país


do seu domicílio, ou na falta de domicílio, pela lei do país da sua
residência.”
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados, art. 12, alínea 1

“O estatuto pessoal de um refugiado será regido pela lei do país


de seu domicílio, ou, na falta de domicílio, pela lei do país de sua
residência.”
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de Conexão

b) Domicílio

- Trata-se do elemento de conexão predominante no direito


internacional privado.

- O conceito de domicílio no direito internacional privado varia de


acordo com o entendimento adotado em cada Estado.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

b) Domicílio

- Não há uma efetiva harmonização desse conceito. Entretanto,


há tratados internacionais que se debruçaram sobre o tema.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

Convenção Interamericana sobre o Domicílio das Pessoas Físicas


no Direito Internacional Privado, art. 2º

“O domicílio de uma pessoa física será determinado, no ordem


abaixo, pelas seguintes circunstâncias:

1) pelo lugar da residência habitual;

2) pelo lugar do centro principal dos seus negócios;

3) na ausência dessas circunstancias, considerar-se-á como


domicílio o lugar da simples residência;

4) em sua falta, se não houver simples residência, o lugar onde


se encontrar”.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

b) Domicílio

- O Direito brasileiro adotou o domicílio como elemento de


conexão para reger o estatuto pessoal da pessoa física, sem,
entretanto, definir o conceito de domicílio no seu direito
interno.

- A LINDB apenas faz referências indiretas à definição de


domicílio.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

LINDB, art. 7º, §§7º e 8º

“§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família


estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o
do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.

§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á


domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se
encontre.”
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

b) Domicílio

- Uma exceção à essa regra, no Direito brasileiro, é representada


pelo direito aplicável quanto à capacidade de uma pessoa física
de comprometer-se por uma letra de câmbio, nota promissória
ou cheque.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

c) Residência habitual

- Importante notar que a partir da Segunda Guerra Mundial,


várias convenções, edificadas no contexto das Conferências de
Haia, passaram a adotar o elemento de conexão da
RESIDÊNCIA HABITUAL.

- Da mesma forma, legislações de diversos países em matéria


de direito internacional privado o fizeram.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

Convenção Interamericana sobre a Obrigação Alimentar, art. 6º

“A obrigação alimentar, bem como as qualidades de credor e de


devedor de alimentos, serão reguladas pela ordem jurídica que, a
critério da autoridade competente, for mais favorável ao credor,
dentre as seguintes:

a) ordenamento jurídico do Estado de domicílio ou residência


habitual do credor;

b) ordenamento jurídico do Estado de domicílio ou residência


habitual do devedor.”
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

c) Residência habitual

- A residência habitual caracteriza-se como sendo o lugar em


que a pessoa habita ou tem o centro de seus ocupações.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

c) Residência habitual

- Na falta de residência habitual ou de domicílio, o direito


aplicável será regido, via de regra, pela lei do lugar de simples
residência do indivíduo.

- Nesse sentido a LINDB, em seu art. 7º, §8º.


Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

LINDB, em seu art. 7º, §8º

“Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada


no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.”
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de Conexão

d) Lex Rei Sitae

- Determina ser aplicável a lei do lugar em que está situada a


coisa (bem corpóreo).

- O objeto de conexão da lex rei sitae é o regime geral dos bens


(aquisição, posse, direitos reais, etc).
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de Conexão

e) Lex Loci Delicti Commissi

- Corresponde à lei do lugar onde um ato ilícito foi cometido.

- Aplica-se às obrigações de ordem extracontratual que induzem


à responsabilidade civil pela prática de atos ilícitos.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

e) Lex Loci Delicti Commissi

- O ato ilícito pode ter sido praticado em vários lugares, seja


dentro do território de um país, seja em países distintos.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

e) Lex Loci Delicti Commissi

- Têm-se como exemplo de atos ilícitos cometidos com conexão


internacional os atos que causam poluição ou outras emissões.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

e) Lex Loci Delicti Commissi

- O Brasil não adotou de forma expressa, em sua legislação, o


princípio da lex loci delicti commissi.

- Entretanto, a doutrina majoritariamente defende a existência


desse elemento de conexão no Direito brasileiro.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de conexão

f) Autonomia da vontade

- A autonomia da vontade das partes significa dizer que as


próprias partes podem escolher o direito aplicável.

- O elemento de conexão é a vontade manifestada pelas partes,


vinculada a um negócio jurídico de direito privado com
conexão internacional.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

f) Autonomia da vontade

- Países como Áustria, Suíça, Itália e Japão já se demonstraram


receptivos a esse elemento de conexão.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

f) Autonomia da vontade

- A autonomia da vontade das partes aplica-se principalmente


às obrigações contratuais.

- Num espectro mais amplo, algumas legislações e tratados


internacionais facultam a autonomia da vontade das partes no
que pertine ao regime de bens e às sucessões, sendo a relação
jurídica de natureza internacional.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

f) Autonomia da vontade

- A autonomia da vontade das partes raramente é admitida


quanto aos direitos da pessoa, da família e das coisas.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

f) Autonomia da vontade

- Em grande parte da América Latina, a autonomia da vontade


das partes ainda não é reconhecida como um elemento de
conexão que possa reger relações de direito privado com
conexão internacional.

- Em países como Uruguai, Paraguai e Brasil, o princípio não é


abraçado pela jurisprudência.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

f) Autonomia da vontade

- Em que pese a ausência de previsão legal e de acolhimento


jurisprudencial quanto a esse elemento de conexão, na prática, a
maior parte dos CONTRATOS INTERNACIONAIS DE COMÉRCIO,
contêm cláusula expressa que indica o direito aplicável ao
contrato.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

3. Elementos de conexão

g) Lex fori

- A regra é que o magistrado aplique as normas de direito


internacional privado vigentes no lugar do foro.

- Trata-se de normas, via de regra, indicativas, que designam o


direito aplicável a uma relação jurídica de direito internacional
privado com conexão internacional.
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

g) Lex fori

- Há casos em que a lex fori também exerce função de


ELEMENTO DE CONEXÃO.

- Isso ocorre quando é determinada como lei aplicável ao caso


concreto a própria lei do foro (lex fori in foro próprio)
Aplicação das Normas no Direito Internacional Privado

4. Qualificação

5. Questão Prévia ou Incidental

6. Reenvio

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