Estudo da LINDB

1. Fontes do Direito
a. A Lei (fonte primacial do direito brasileiro) – cuida-se do piso do Direito, da base a partir
da qual serão buscadas soluções para os entraves. Não é, portanto, o teto, a fonte
uníssona ou exauriente.
b. A Doutrina (fonte científica do Direito) – no nosso sistema (civil law) a doutrina não
alcança tecnicamente o status de fonte (eis que não há imposição de seu acatamento),
mas é inegavelmente fonte de fato por apresentar conceitos e continuamente propor
soluções
c. A Jurisprudência (não reconhecida formalmente pela LINDB, embora inequívoca fonte de
compreensão do direito) – cuida-se de conjunto de decisões provenientes de um
Tribunal que têm por fito uniformizar a compreensão de um tema e lhe ofertar solução
harmônica em casos idênticos.
CUIDADO: a palavra Jurisprudência não tem variação para o plural!
Portanto:
❌ O direito do autor encontra guarida nas normas jurídicas, conforme jurisprudências abaixo:
✅ A jurisprudência desta Corte (do STJ/STF) dá guarida à pretensão do autor, conforme se infere dos
arestos/das ementas que seguem:

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2. As normas de integração
Art. 4º LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
Art. 140, CPC: O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento
jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
a. O costume
Traduz-se, em suma, numa expectativa de consenso derivada da reiteração da prática de uma
conduta lícita e de relevância jurídica.
- Segundo a lei: há referência expressa à aplicação do costume no próprio texto legal (art.
187, CC). Neste caso há subsunção (e não integração)
- Na falta de lei: o costume é utilizado de modo integrativo por força da ausência de lei.
Exemplo clássico: emissão de cheque pós-datado (depósito futuro, a despeito de ser o
cheque ordem de pagamento à vista). Sum. 370, STJ: Caracteriza dano moral a apresentação
antecipada do cheque pré-datado.
- Contra a lei: prática que se oponha ao direito legislado. Parte da doutrina o admite nos casos em que
diante se está do desuso da lei.

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2. As normas de integração
b. Os princípios gerais
Abstratos, são mais amplos que a Lei.
Exemplo do princípio da função social do contrato, expresso no CC, mas apenas implícito no
CDC e na CLT. Em todos os sistemas a premissa é a mesma: proteção da parte mais frágil.
c. A analogia
Diante da ausência de norma específica, deve o magistrado se valer de normas próximas
extraídas do próprio ordenamento jurídico para julgar o caso.
Exemplo: o NJ viciado por lesão pode ser alvo de ação anulatória a ser proposta no prazo
decadencial de 4 anos. Preferir-se-á, contudo, diante do princípio da conservação dos
negócios jurídicos, a revisão em detrimento do desfazimento, a qual poderá ser feita por meio
da complementação do valor.
Não há previsão expressa para a revisão em caso de estado de perigo, outro vício que
contamina os NJs. Neste caso, poderá o magistrado, lançando mão da analogia, revisar o
negócio açoitado pelo estado de perigo em vez de o anular. A este respeito o Enunciado 148
do CJF: “Ao estado de perigo (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157.”

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2. As normas de integração
d. A equidade
A expressão projeta a ideia de justiça para o caso concreto. Confere-se ao magistrado a
autonomia para julgar segundo sua concepção de justiça, segundo o bom-senso.

3. Aplicação da Lei no tempo

• A irretroatividade é a regra. A retroatividade, exceção.
Art. 5º, XXXVI, CF - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Art. 6º, LI - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada.

➢ Direito Adquirido (material ou imaterial incorporado ao patrimônio)

“Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
outrem”.
➢ Ato jurídico perfeito (aperfeiçoado pela manifestação licita da vontade)
“Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.”

➢ Coisa julgada
“Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.”

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4. Aplicação da Lei no espaço
➢ Lex domicilii
O domicílio da pessoa torna aplicáveis as regras do pais vigentes e relativas ao começo e ao fim da
personalidade jurídica, ao nome, à capacidade civil e aos direitos de família.

➢ Casamento
No Brasil: submissão aos impedimentos (1.521, CC) e às formalidades.
Entre estrangeiros: perante as autoridades consulares ou diplomáticas de ambos os países
Domicílio diverso: regras de impedimento do primeiro domicílio conjugal
Regime de bens: lei do país em que domiciliados os cônjuges.
Divórcio: brasileiro (os) decretado no estrangeiro – sem partilha, registro direto (Prov. 53/2016, CNJ).
Com partilha ou outros temas (guarda, convivência, alimentos), mister a homologação pelo STJ.

➢ Chefe de Família
O domicílio do marido ou da mulher (não importa se a família é hetero ou homoafetiva) será o dos
filhos submissos ao poder familiar, assim como o domicílio do tutor será o do tutelado.

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4. Aplicação da Lei no espaço
➢ Domicílio inexistente
A residência ou o local em que for encontrado será considerado.

➢ Bens
Lei do pais em que estiverem situados

➢ Obrigações
Lei do país em que se constituírem

➢ Sucessão
Lei do país em que domiciliado o de cujus. (art. 1785, CC), independentemente da situação dos bens
Transmissão de bens de estrangeiros situados em território nacional: lei brasileira em favor de cônjuge e
filhos brasileiros.
Capacidade para suceder: lei do domicílio do herdeiro ou legatário

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4. Aplicação da Lei no espaço
➢ Fatos ocorridos no exterior e carga probatória
Submissão às regras que advêm do direito alienígena, sendo vedada aos Tribunais brasileiros a admissão
de provas não contempladas por nosso ordenamento.

➢ Lei estrangeira
O juiz poderá exigir que quem a invoca comprove seu texto e sua vigência

➢ Decisões provenientes de outros países

Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão;
I - ser proferida por autoridade competente;
II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
III - ser eficaz no país em que foi proferida;
IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado;
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.

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5. Supressão de antinomias
a. Critério cronológico
Lei posterior se sobrepõe à anterior

b. Critério da especialidade
Norma especial prevalece sobre a geral

c. Critério hierárquico
Lei inferior sucumbe diante de lei superior

Conflitos de 1º grau: envolvem apenas um dos critérios acima

Conflitos de 2º grau: abrangem dois dos critérios acima.

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