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RODADA 01 – SETEMBRO/2022
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DIREITO INTERNACIONA L
ELEMENTOS DE CONEXÃO:
ARTS. 7°, 8°, 9°, 10° E 11 DA LINDB
Os elementos de conexão são temas de Direito Civil que, quando presentes no caso
concreto multiconectado, indicam se haverá a aplicação da lei brasileira ou a aplicação
da lei estrangeira para solucionar o conflito de leis no espaço, que é característico das
situações em que há a aplicação do Direito Internacional Privado.
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I – DOUTRINA:
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mercantil, mas significando intercâmbio entre os diversos povos do universo, seja sob o
lado mercantil, seja sob o familiar, cultural, científico, artístico etc. (...)”1.
“O método conflitual tradicional, ainda utilizado pelo Direito Internacional Privado dos
países da Europa e da América Latina, com as modificações que a seguir serão
comentadas, tem como particularidade a existência de uma regra de DIPr – a regra de
conflito, que dá a solução de uma questão de direito contendo um conflito de leis
através da designação de lei aplicável pela utilização da norma indireta. Não compete
ao DIPr fornecer a norma material aplicável ao caso concreto, mas unicamente designar
o ordenamento jurídico ao qual a norma aplicável deverá ser requerida. Para a
concepção clássica do DIPr, é através das normas de conflitos que o DIPr cumpre uma
missão de prover à regulamentação da vida jurídica internacional. (...)
Um problema de DIPr (para a concepção clássica) não é um problema de justiça material,
mas sim a escolha da lei aplicável indicada pela norma de conflito. (...)”2.
“Em todos os sistemas jurídicos nacionais há previsão legal para a solução do conflito de
leis, nos casos de julgamento da situação jurídica multiconectada. O juiz escolhe a lei a
partir das normas de DIPr, tendo como resultado a indicação da lei brasileira ou
estrangeira. Mas o funcionamento desse sistema de DIPr poderá ser impedido pela
aplicação da exceção de ordem pública”3.
1
STRENGER, Irineu, Direito Internacional Privado, 6 ed., São Paulo, LTr, 2005, pp. 30-31.
2
ARAUJO, Nadia de, Direito Internacional Privado: Teoria e Prática brasileira, Rio de Janeiro, Renovar,
2003, pp. 36-37.
3
ARAUJO, Nadia de, Direito Internacional Privado: Teoria e Prática brasileira, Rio de Janeiro, Renovar,
2003, pp. 95-96.
4
DOLINGER, Jacob, Direito Internacional Privado, 6 ed., Rio de Janeiro, Renovar, 2001, pp. 329-330.
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II – LEGISLAÇÃO:
Art. 7° A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e
o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1° Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2° O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas
ou consulares do país de ambos os nubentes.
§ 3° Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio
a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4° O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5° O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de
naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens,
respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
§ 6° O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros,
só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver
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ARAUJO, Nadia de, Direito Internacional Privado: Teoria e Prática brasileira, Rio de Janeiro, Renovar,
2003, pp. 127-128.
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves, Direito Internacional Público e Privado, 6 ed., Salvador, Jus Podivm,
2014, p 673.
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sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação
produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das
sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu
regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já
proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de
brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
§ 7° Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro
cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua
guarda.
§ 8° Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua
residência ou naquele em que se encontre.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado
o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§ 2° A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
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Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros
provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova
do texto e da vigência.
(...)
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão
por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.
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III – JURISPRUDÊNCIA:
“Nos termos dos arts. 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, 963
do CPC/2015, e 216-C, 216-D e 216-F do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça, são requisitos da homologação os seguintes: (i) instrução da petição inicial com
o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros documentos
indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e
chancelados pela autoridade consular brasileira; (ii) haver sido a sentença proferida por
autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente citadas ou haver-se
legalmente verificado a revelia; (iv) ter a sentença transitado em julgado; (v) não
ofender a soberania, a dignidade da pessoa humana e/ou ordem pública” (HDE n.
1.936/EX, relator Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado em 1/8/2022, DJe de
18/8/2022.)
IV – ORIENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA:
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves Portela, Direito Internacional Público e Privado,
Editora Jus Podivm, Parte II (Direito Internacional Privado), Capítulo I (Direito
Internacional Privado), Capítulo II (Aplicação da Lei no Espaço: Conflitos de Leis no
Espaço e a Norma de Direito Internacional Privado).
V – EXERCÍCIOS OBJETIVOS:
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III – O Estado pode engajar-se em uma relação jusprivatista (jus: direito; privatista:
privado) com conexão internacional, sujeitando-se às regras do direito internacional
privado sem, contudo, beneficiar-se de privilégios decorrentes de sua qualidade de ente
soberano. CERTO
No Direito Internacional Privado, os Estados podem atuar na realização de atos de
gestão, isto é, atos relacionados à gestão ou à gerência do seu patrimônio (ex. compra
de computadores, automóveis etc.). Neste caso, o Estado equipara-se ao particular,
uma vez que não exerce atributos do seu poder de império ou atributos de sua
soberania.
IV – A autoridade judiciária nacional poderá aplicar, de ofício, o direito estrangeiro,
desde que este se imponha por força própria. ERRADO
Para que um juiz brasileiro (autoridade judiciária nacional) possa aplicar a lei
estrangeira (lei de outro país), o juiz brasileiro deverá observar os elementos de
conexão previstos na LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
Apenas se a LINDB (lei brasileira) autorizar, o juiz brasileiro poderá aplicar leis
estrangeiras no Brasil. Logo, conclui-se que é a lei nacional (LINDB) que autoriza a
aplicação, no Brasil, da lei estrangeira. É errado afirmar que a lei estrangeira se impõe
por força própria no ordenamento jurídico brasileiro.
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III – A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. CERTO
O art. 10, § 2°, da LINDB prevê expressamente que a CAPACIDADE PARA SUCEDER –
isto é, a capacidade civil para que o herdeiro ou legatário possa participar, sem
representante, do processo judicial ou do processo administrativo de transferência a
herança que lhe é de direito – será regida pela LEI DO DOMICÍLIO DO HERDEIRO OU
DO LEGATÁRIO.
Ex. Os filhos do Gugu Liberato têm domicílio nos EUA e, atualmente, há um processo
judicial no Brasil para realizar a sucessão dos bens deixados pelo Gugu. Para saber se
os filhos do Gugu (herdeiros) precisam ou não ser representados no referido processo
judicial, deve-se aplicar a LEI DO DOMICÍLIO DOS FILHOS DO GUGU, isto é, a lei dos
EUA. Trata-se, aqui, de definir se os herdeiros têm, sem a necessidade representação,
capacidade para suceder ou para, sozinhos, participar do processo judicial de
transferência da referida herança.
IV – Os governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza que
eles tenham constituído (empresas ou fundações de direito privado criados por
governos estrangeiros), dirijam ou hajam investido de funções públicas, poderão
adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação. ERRADO
O art. 11 da LINDB trata do regime jurídico a ser observado pelos Estados ou governos
estrangeiros e pelas organizações (empresas ou fundações) criadas, dirigidas ou que
recebem funções públicas por parte de governos estrangeiros no tocante à aquisição
de imóveis ou bens suscetíveis de desapropriação no Brasil:
REGRA GERAL: Os Estados ou governos estrangeiros e suas organizações (empresas ou
fundações) NÃO poderão adquirir bens imóveis ou bens suscetíveis de desapropriação
no Brasil (art. 11, § 2°, LINDB);
EXCEÇÃO: O art. 11, § 3°, da LINDB autoriza os Estados ou governos estrangeiros a
adquirirem, no Brasil, a propriedade dos PRÉDIOS NECESSÁRIOS À SEDE DOS
REPRESENTANTES DIPLOMÁTICOS OU DOS AGENTES CONSULARES.
GABARITO:
Questão 01 – I.C; II.C; III.E; IV.C.
Questão 02 – I.C; II.E; III.C; IV.E.
Questão 03 – I.C; II.C; III.C; IV.E.
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