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Universidade Aberta Isced (UnISCED)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Direito

2º Ano

Âmbito e Natureza do Direito Fiscal

Raimundo Cassiano Balidi

Pemba, Maio 2023


Universidade Aberta Isced (UnISCED)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Direito

2º Ano

Âmbito e Natureza do Direito Fiscal

Trabalho de Carácter avaliativo,


desenvolvido no Campo a ser submetido na
Coordenação do Curso de Licenciatura em
Direito da UnISCED.

Tutor:____________________________

Raimundo Cassiano Balidi

Pemba, Maio 2023


i

Índice

1. Introdução ........................................................................................................................................2
1.1. Objectivos. ...............................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo geral: ................................................................................................................2
1.1.2. Objectivos específicos: .....................................................................................................2
2. Âmbito e Natureza do Direito fiscal.................................................................................................3
2.1. Âmbito e enquadramento ..........................................................................................................3
3. Precursores das declarações de direitos............................................................................................3
4. Princípios do direito fiscal................................................................................................................4
5. Impostos ...........................................................................................................................................5
5.1. Conceito e elementos essenciais ..............................................................................................5
6. Classificação dos impostos...............................................................................................................6
7. História do Direito Fiscal .................................................................................................................8
8. Conclusão .......................................................................................................................................10
9. Bibliografia ....................................................................................................................................11
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1. Introdução

O presente trabalho, faz parte do módulo de Direito Fiscal e Aduaneiro, com tema: Âmbito e
Natureza do Direito fiscal. Portanto, de referir que as doutrinas brasileiras e latino-
americana tem dado pouca atenção ao tema em alusão, e é possível dizer que talvez não tenha
havido tema mais polémico e mais discutido no âmbito do direito público inglês na década de
1990. Portanto, dentro deste trabalho, irei arrolar alguns pressupostos tais como, princípios de
direito fiscal, impostos e suas características entre outros aspectos pertinentes ao tema em
destaque.

1.1.Objectivos.
1.1.1. Objectivo geral:
 Debruçar- se sobre a Natureza do Direito Fiscal

1.1.2. Objectivos específicos:


 Conceitualizar;
 Descrever os princípios de direito fiscal.
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2. Âmbito e Natureza do Direito fiscal


2.1. Âmbito e enquadramento

Para a satisfação das necessidades colectivas o Estado e demais ente públicos carecem de
grandes quantidades de bens materiais e de recursos humanos.

O direito fiscal é um ramo do direito que objectiva o estudo das leis e normas que regulam as
relações entre o Estado e os contribuintes, no que diz respeito à cobrança de taxas, impostos,
contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsório

Para adquirir os tais bens e remunerar os recursos humanos é necessário dinheiro e os


rendimentos dos entes públicos são limitados e por conseguinte reduzidas as receitas
patrimoniais, sendo necessário obtê-las junto aos agentes económicos privados. Por isso a
actividade financeira dos entes públicos resume-se a obtenção, gestão e dispêndio de dinheiro
obtido junto dos agentes económicos. Mas esta actividade financeira dos entes públicos
desenvolve-se respeitando a execução de normas jurídicas que estão obrigados a observar,
chamando a este grupo de normas o direito financeiro, ou seja este ramo de direito é o
complexo de normas jurídicas que disciplinam a obtenção e distribuição do dinheiro necessário
ao funcionamento dos entes públicos.

Dentro do direito financeiro temos três sectores:

I. Direito das receitas - direito das receitas coactivas do Estado e demais ente públicos,
direito fiscal.
II. Direito das despesas – utilização de recursos financeiros para fazer face as exigências
financeiras dos entes públicos;
III. Direito da administração ou gestão financeira – rege a organização e funcionamento
da administração financeira, constituído basicamente pelo orçamento.

3. Precursores das declarações de direitos

Como salientei no início, não é meu objectivo procurar, em declarações remotas, por
precursores e reminiscências das declarações contemporâneas.
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A ideia, aqui, é apenas esclarecer o que foi abordado no tópico anterior, ou seja, por que se
pode- dizer que a Inglaterra, sempre apontada como precursora da ideia de direitos
fundamentais, não tinha uma verdadeira declaração até 1998.

Duas são as razões principais:

(1) Documentos como a Magna Carta, de 1215, o Petition of Rights, de 1629 e,


especialmente, o Bill of Rights, de 1689, eram ou são declarações destinadas a garantir
privilégios e prerrogativas a uma classe - a nobreza, como mostra o exemplo da Magna Carta
- ou, no caso do Bill of Rights de 1689, de um órgão, o Parlamento. A eventual presença,
nessas declarações, de alguns direitos mais amplos - como o direito de petição - não altera
essa característica principal: elas não eram declarações de direito no sentido actual do termo;

(2) as declarações de direitos, em seu sentido actual, pressupõem a vinculação de todos os


poderes estatais incluindo o poder legislativo a suas disposições, o que não ocorria na
Inglaterra até o advento do Human Rights Act de 1998. Isso não significa, obviamente, que
não existiam na Inglaterra ideias no sentido da consagração dos chamados "direitos naturais,
inalienáveis e imprescritíveis" dos seres humanos. O grande exemplo disso é sem dúvida
Locke. Mas isso não culminou, contudo, na promulgação de uma verdadeira declaração de
direitos, o que ocorreria somente em 1776, nos Estados Unidos da América, e em 1789, na
França.

4. Princípios do direito fiscal

Segundo TEIXEIRA (2010), “Adam Smith em sua obra, em 1976 apresentava a Riqueza das Nações
quatro axiomas fundamentais:

1- Os cidadãos devem contribuir em função dos seus rendimentos e riqueza;


2- Os impostos devem ser certos, não arbitrários;
3- Os impostos devem incidir sobre os contribuintes ou transacções sob a forma mais
conveniente (princípio da simplicidade);
5

Os custos da incidência e cobrança fiscal devem ser reduzidos ao mínimo (princípio da


eficiência).1

“À semelhança de outros ordenamentos jurídicos, a Constituição Portuguesa nos


seus artigos 103.° e 104.° Define o sistema fiscal com referência aos princípios
fiscais fundamentais legalidade, igualdade e proibição da retroactividade),
enunciando as opções de política fiscal portuguesa: satisfação das necessidades
financeiras do estado e repartição justa do rendimento e da riqueza”. 2

No âmbito da União Europeia, assumem especial relevância os princípios da


proporcionalidade e da não discriminação. Trata-se de princípios comunitários, o seu impacto
nos regimes fiscais dos Estados-Membros não deve ser subestimado. Experiências recentes do
Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias demonstram claramente que os países da
União terão de conciliar as suas políticas fiscais internas com os princípios comunitários
fundamentais, nomeadamente livre circulação de capitais e direito de estabelecimento no
espaço da União.

Percebemos, assim, que a estrutura fiscal adopta por Portugal nunca deve ser distonante do
que prega os ditames do direito comunitário.

5. Impostos
5.1.Conceito e elementos essenciais

Os impostos incidem tendencialmente sobre todas as manifestações de riqueza e sobre todas


as actividades económicas. O Direito fiscal é chamado a regular a relação jurídica pública que
se estabelece entre quem tem as obrigações materiais e/ou formais relacionadas com os
impostos (sujeito passivo) e a entidade de Direito público titular do direito de exigir o
cumprimento das obrigações tributárias (sujeito activo).

1
Ibidem
2
Ibidem
6

6. Características
De acordo com um critério estrutural, os impostos são tributos de carácter unilateral (sem
contraprestação pública directa e imediata) que servem as necessidades financeiras gerais
(princípio da não consignação orçamental, ou seja, quando o particular paga impostos apenas
sabe que estes serão afectos a finalidades públicas, não sabe a sua aplicação concreta).

Os impostos obedecem ao princípio da não consignação, ou seja, servem para cobrir despesas.
Distinguem-se das taxas, na medida em que estas assentam na bilateralidade/sinalagma
jurídico (prestação pecuniária directa e imediata contraprestação pública). Distinguem-se das
contribuições financeira porque estas assentam num sinalagma difuso e porque algumas
contribuições financeiras servem para satisfazer exclusivamente as necessidades financeiras
de um grupo (princípio da consignação orçamental – art. 9º LEO).

Os impostos prosseguem finalidades públicas não sancionatórias. Ou seja, ficam de fora do


conceito de imposto as sanções: coimas e multas praticadas por infracções e os juros que
constituem indemnizações por atrasos no cumprimento de obrigações fiscais.

A finalidade principal (ou secundária) será a arrecadação de receitas, pois tal arrecadação é o
objectivo principal do sistema fiscal. Mas também pode suceder que os impostos sejam
extrafiscais (aqueles que têm como finalidade principal um fim social político, ambiental,
saúde etc.), o que sucede quando o objectivo principal dos impostos não é arrecadar receitas,
mas sim modelar comportamentos individuais ou colectivos. Se assim for, os impostos ficam
sujeitos às exigências jurídico-constitucionais dos impostos. São exemplos dos impostos
extrafiscais os chamados “impostos sobre o pecado”: álcool, tabaco e jogo.

Os impostos ficam sujeitos ao princípio orçamental da universalidade (art. 9º LEO): servem


para financiar todas as despesas. Só não estamos perante impostos (receitas unilaterais para
cobrir despesas orçamentais gerais) se os montantes cobrados forem afectos à compensação
dos prejuízos causados pela rigidez dos comportamentos que se pretendia orientar
(consignação orçamental). No caso dos sacos de plástico, as receitas cobradas são afectas as
Direito Fiscal.
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7. Classificação dos impostos


7.1.Impostos consoante o objecto sobre que recaem:

Imposto sobre rendimento (104º/1 e 2 CRP), mais concretamente, o IRS e o IRC. Em ambos
os impostos se tributa o rendimento líquido, baseado na diferença entre proveitos e gastos de
actividade. Ao rendimento líquido opõe-se o rendimento-fonte, que é aplicado sobre o
exercício de uma actividade, independentemente de esta gerar lucro ou prejuízo; o rendimento
presumido assenta não só no imposto que se paga por se exercer a actividade, mas pelo modo
como se exerce a actividade.

Ex: antigamente, as barbearias eram tributadas consoante o número de cadeiras que


tinham (são conceitos arcaicos e que caíram em desuso, porque é intrinsecamente
injusto).

Os impostos sobre o rendimento são os mais justos, na medida em que assentam sobre o
rendimento líquido. É claro no caso das pessoas colectivas; mas nas pessoas singulares, para
além disto, são permitidas deduções à colecta que têm a ver com necessidades sociais (saúde,
educação). NOTA – 104º/1 tem a ver com o CIRS, art. 104º/2 tem a ver com o CIRC.

Imposto sobre o consumo (104º/4 CRP): Incidem sobre o consumo geral de bens e serviços
(IVA) e sobre o consumo específico de certos bens, tais como tabaco, álcool (impostos sobre
o pecado/sin taxes), produtos petrolíferos (impostos especiais sobre o consumo/IEC’s). Os
impostos gerais sobre o consumo são considerados menos justo do que os impostos sobre o
rendimento, porque incidem sobre todos os sujeitos na mesma medida, independentemente da
capacidade económica de cada um. Mas são considerados mais neutros para o funcionamento
da economia, porque implicam menos distorções nas opções acessíveis aos contribuintes.

Imposto sobre o património (104º/3 CRP): são impostos sobre a riqueza e podem ser:

i) Estáticos - têm a ver com a posse ou detenção de riqueza, i.e. incidem sobre o
valor da propriedade em si, como o IMI;
ii) Dinâmicos – ideia de transacção/transmissão desse património, como o IMT.
Podem recair sobre: (a) Transmissões onerosas – é o caso do Imposto sobre a
Transmissão de Imóveis (IMT)
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(b) Transmissões gratuitas – podem classificar-se em impostos sobre doações e
sucessões, sendo sujeitos ao imposto as pessoas singulares para quem se
transmitam os bens (ex: art. 2º/2 CIS).

 Impostos consoante a função que desempenham

Impostos reais: são aqueles que incidem sobre a manifestação de riqueza como tal, sem
considerar outros elementos diferenciadores ligados à capacidade económica do sujeito: são
irrelevantes a situação conjugal ou familiar do sujeito, as despesas de saúde, educação ou
outras ligadas a uma concepção de Estado social ou de justiça; ou seja, nos impostos reais o
que se pretende apurar é o valor do bem. Podem ser impostos sobre o consumo, o rendimento
ou o património: é o caso do IVA, do IRC (salvo para SALDANHA SANCHEZ), do IMT e
do IMI.

O IVA também é, em termos puros, um imposto real: o que se tributa é o valor do bem
consumido. Isto significa que deveria existir apenas uma taxa do IVA. Os Estados que
seguem a lógica do IVA de uma forma mais rigorosa, como é o caso da Nova Zelândia ou da
Taiwan, têm apenas uma taxa para o IVA. Em Portugal temos 3 taxas que são autorizadas:
taxa para os bens essenciais (6%), taxa média (13%) e taxa normal (23%) – este é um
elemento pessoalizante, na medida em que ao introduzir estas diferenciações distorce-se a
natureza real do IVA.

Impostos pessoais (art. 104º/1 CRP): também incide sobre uma manifestação de riqueza, mas
têm em conta alguns elementos diferenciadores relacionados com a capacidade contributiva
do sujeito e estão ligados a um conceito mais fino de justiça, podendo revelar-se menos
eficientes, por provocarem distorções.

8. História do Direito Fiscal

O direito tributário, assim como os outros ramos da ciência jurídica, teve sua formação e
desenvolvimento de maneira lenta. Não se sabe exactamente quando e onde a cobrança de
tributos e impostos começou.
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No latim, fisco (fiscus) era o apelativo de um paneiro de pôr dinheiro, um cesto de junco ou
vime, com asas e que, segundo Juvenal, era sinónimo de tesouro do príncipe ou bolsinho
imperial. Embora a palavra "fisco" corresponda hoje ao sujeito activo da relação jurídico-
tributária, vê-se que, historicamente, fisco, em contraposição ao tesouro público (aerarium
populi romani), era o tesouro privado do imperador, donde veio a palavra "confisco".

O primeiro sistema de tributação conhecido foi o do Antigo Egipto por volta de 3000 a.C. -
2800 a.C., durante a primeira dinastia do Antigo império.[5] Os registros documentais do
período afirmam que o faraó realizava uma excursão bienal em todo o reino, com a cobrança
de receitas fiscais dos seus súbditos. Outros registros conhecidos são recibos de celeiros reais
pela compra de cereais, de calcário e de papiros.

Registros sobre o princípio da tributação também são descritos na Bíblia.


Em Gênesis (capítulo 47, versículo 24), há a seguinte afirmação:

Há de ser, porém, que no tempo das colheitas dareis a quinta parte ao Faraó,
e quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso
mantimento e dos que estão nas vossas casas, e para o mantimento de
vossos filhinhos.

Segundo José estava dizendo ao povo do Egipto como dividir sua cultura, proporcionando
uma parte para o Faraó: ou seja, segundo o relato, a quinta parte (20%) da cultura foi o
imposto. Mais tarde, no Império Aqueménida, um sistema fiscal regulado e sustentável foi
introduzido por Dario, o Grande em 500 a.C., sendo que o sistema de tributação persa foi
adaptado para cada satrapia. Às vezes, havia diferentes impostos entre as 30 satrapias do
império, sendo que cada satrapia era avaliada de acordo com sua suposta produtividade. Era
de responsabilidade do sátrapa o recolhimento do montante devido e o seu envio ao imperador
logo após a dedução de seus gastos. As quantidades solicitadas a partir de várias províncias
deu uma imagem vívida de seu potencial económico.

Por exemplo: foi avaliado, para a Babilónia, o maior dispêndio em impostos, por quantidade e
por variedade de matérias-primas: mil talentos de prata e quatro meses de fornecimento de
alimentos para o exército. Para a Índia, uma província com uma grande produção de ouro, foi
determinado o fornecimento de pó de ouro em grande quantidade. O Egipto, considerado
o celeiro do Império Aqueménida, foi obrigado a fornecer 120 mil medidas de trigo, além de
700 talentos de prata. Em contrapartida, nenhum cidadão Persa ou Medo pagava imposto.
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9. Conclusão

Chegando a este ponto, observou – se que o direito fiscal, era utilizada por doutrinadores
portugueses e franceses e foi empregada pela doutrina brasileira nos primeiros trabalhos que
versaram sobre o assunto que hoje é mais frequentemente referido por direito tributário.
Portanto, em sentido comum, direito fiscal ainda é hoje usado no Brasil como sinónimo de
direito tributário. Ainda observou – se que nos meios técnicos administrativos e contábeis do
Brasil, o uso como sinónimo das expressões direito fiscal e direito tributário tem gerado
alguma confusão. Seria mais viável se fosse reconhecido tecnicamente, dentro do país,
que direito tributário se refere a legislação sobre tributos, (receita tributária ou
receita orçamentária), enquanto direito fiscal se torna mais apropriado no que concerne
a despesa pública (despesa orçamentária) ambos como ramificações do direito
financeiro interno.
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10. Bibliografia

AMARO. Luciano. Conceito e classificação dos tributos. Revista de Direito Tributário


Nacional. São Paulo. Saraiva. 1998

CARVALHO, Paulo Barros, Curso de direito tributário;16 ed. São Paulo Saraiva 2004

DEODATO, Alberto. Manual de Ciência das finanças 5ed. São Paulo. Saraiva. 1954

HARADA, Kiosthi. Direito Financeiro e tributário. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2001

MEIRELLES, Hely lopes Direito administrativo brasileiro. ¨5 ed. São Paulo: RT,1990

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