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TEMA 4:

CAPÍTULO II: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E OS SISTEMAS


ADMINISTRATIVOS
 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
 Conceito de Administração Pública;
 As necessidades Colectivas e Administração Pública;
 Os Sentidos da Expressão Administração Pública;
 A Administração Pública e Administração Privada;
 O Estado e Administração Pública;
 A Administração Pública e as demais Funções do Estado.

1. Administração Pública
1.1. Conceito de Administração
Quando se fala em administrar deve se ter em conta dois aspectos, o primeiro que se
deve administra algo1, o segundo aspecto é que para se administrar é necessário se
manejar recursos2, com a finalidade de obter certas utilidades actuais ou futuras.
Segundo Marcelo Caetano a Administração:
É um conjunto de decisões e operações mediante as quais alguém procura prover à
satisfação, regular de necessidades humanas, obtendo e empregando racionalmente para
esse efeito os recursos adequados.
Importa, também, clarificar que a actividade de administrar não atenta à natureza das
organizações, se são públicas ou privadas, todas carecem de administração, sendo que a
diferença entre elas reside nos princípios e regras com que cada uma delas se rege,
sendo que:
 A administração Pública é regida por normas de Direito Administrativo (Direito
público);
Enquanto que:
 Administração Privada é regida por normas de Direito Privado (Direito Civil).

1.2. Necessidades Colectivas e a Administração Pública

1
Por exemplo uma casa, uma empresa ou um Estado.
2
Como dinheiro, bens ou serviços.
Quando se fala de Administração Pública, está a falar-se de todo o conjunto de
necessidades de interesse geral3, cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental
pela colectividade, através de serviços por esta organizados e mantidos.
Na verdade, o conceito de Administração Pública encontra-se ligado às necessidades
colectivas, as quais decorrem, necessariamente, da convivência entre os indivíduos e são
relativas à normalidade a ao progresso da vida em sociedade.
Sendo que, as necessidades:
 No contexto geral, consubstanciam carências ou desejos insatisfeitos do homem,
 No caso específico, às necessidades colectivas referem-se às carências da
colectividade de indivíduos que formam o Estado
Portanto:
A existência de necessidades colectivas é explicada pelo facto de o Homem enquanto
ser social não poder bastar-se por si mesmo, havendo necessidades que este possa
satisfazer por si próprio através de bens que produz ou que obtém por troca no exercício
da actividade económico-privada, as quais tomam a designação de necessidades
individuais ou privadas.4
Porém, existem outras necessidades que os indivíduos não conseguem satisfazer por si
só, em virtude de os bens necessários à sua satisfação, serem de interesse geral, e, o
custo de produção ser superior ao ganho que se vai obter pela sua utilização, por
exemplo, a segurança pública, o transporte colectivo, a saúde.
O enfoque, neste campo de estudo são as necessidades colectivas, as quais, conforme já
vimos, são essenciais para a normalidade e o progresso da vida em sociedade,
constituindo a esfera do interesse público e o domínio próprio da Administração
Pública.

Para uma melhor compreensão apresentamos os seguintes exemplos:


Necessidade individual: 1.
A Ford está disposta a produzir veículos automóveis e a vendê-los, porque da venda
obtém lucros, assim, o indivíduo que queira um veículo automóvel, terá que pagar o
preço estipulado pela Ford. A necessidade do comprador de adquirir a viatura diz-se
individual, é motivada pelo seu conforto e interesse pessoal. Não possuindo viatura
própria, o pretenso comprador poderá deslocar-se através do transporte público, porém,

3
Como saúde, educação, segurança.
4
A título de exemplo, a necessidade de adornos pessoais, de mobiliário, de transporte pessoal.
dada a sua motivação e capacidade individual, este prefere adquirir o seu próprio
veículo automóvel.

Necessidade colectiva: 2.
A necessidade de segurança do território contra agressões externas é assegurada pelas
forcas de defesa e segurança que beneficia a todos os cidadãos de um determinado
Estado, sem exclusão de qualquer natureza, como seria no caso da fixação de um preço,
que, por conseguinte, é uma necessidade colectiva. No entanto, a criação e manutenção
do exército é assegurada pelo Estado, pois, é um serviço que pela sua natureza, excede
as possibilidades de qualquer particular e é de interesse geral, uma vez que a guerra
traria consequências nefastas para a tranquilidade e ordem públicas.

 Espécies Necessidades Colectivas


Segundo AMARAL (1998), as necessidades colectivas podem ser classificadas em três
espécies fundamentais, noeadamente:
 A Segurança - pretende-se garantir a protecção de pessoas e bens através da
prestação de serviços públicos como: bombeiros, polícia, marinha, exército.
 A Cultura e Bem-Estar Económico e Social. – estas duas espécies aglutinam-se,
sendo quepretendesse assegurar a qualidade de vida e o desenvolvimento sócio-
económico da colectividade, fornecendo serviços como: a educação, saúde,
assistência social, museus, centros de pesquisa, obras públicas, transporte
público, saneamento básico, registos e notariados.
Pelo que foi exposto, mostra-se claro que, onde quer que exista e se manifeste com
intensidade suficiente uma necessidade colectiva, aí surgirá um serviço público
destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse da colectividade.
No entanto:
Existem necessidades colectivas que não são satisfeitas na esfera da Administração
Pública, ficando excluídas do âmbito administrativo, falamos da necessidade colectiva
da justiça, concretamente, a aplicação das normas jurídicas aos casos concretos por
sentenças com força de caso julgado que são proferidas pelos tribunais. Esta função
embora satisfaça inegavelmente uma necessidade colectiva, pertence, por força da lei,
ao poder judicial5. Quanto às demais necessidades colectivas, cabem na esfera
administrativa e dão origem ao conjunto, vasto e complexo, de actividades e
5
Vide artigo 212.º da Constituição da República de Moçambique.
organismos, designados por Administração Pública, porém, dada a polissemia do
conceito, torna-se necessário esclarecer as suas principais acepções.

1.3. Os Sentidos da Expressão “Administração Pública”


Existem duas grandes formas de se entender a expressão administração pública,
nomeadamente:
 O Sentido Orgânico ou Subjectivo;
 O Sentido Material ou Objectivo.
Tomando em conta os dois sentidos da expressão, emprega-se o termo Administração
Pública, com iniciais maiúsculas quando usada no sentido orgânico ou subjectivo, e
administração pública, com iniciais minúsculas quando usada no sentido material ou
objectivo.

a) Administração Pública em Sentido Orgânico ou Subjectivo


Refere-se a quem administra, sendo constituída pelo conjunto de órgãos, serviços e
agentes do Estado e demais entidades públicas que asseguram, em nome da
colectividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua das necessidades colectivas
de segurança, cultura e bem-estar.
Portato, extrai-se desta definição, que o Estado não é o único que desempenha a
actividade administrativa, pois naverdade, é apenas uma parte da Administração Pública
no seu conjunto. Porém, importa destacar que é a principal entidade de entre as que
integram a Administração, é o Governo o mais importante órgão administrativo.
Assim, do conjunto de órgãos que integram a administração Pública, destaca-se o
Estado em toda a sua extensão territorial6, as Autarquias, as Associações Públicas, os
Institutos Públicos, entre outras, as quais dispõem de personalidade colectiva pública.

A noção Orgânica de Administração Pública compreende duas realidades


diferentes, a saber:
 As Pessoas Colectivas Públicas e os Serviços Públicos - As Pessoas Colectivas
Públicassão organizações dotadas de personalidade jurídica, como por exemplo: o
Estado, as Autarquias, as Universidades Públicas.
Enquanto que:

6
Abrangendo os órgãos e serviços centrais e locais.
Serviços Públicos são entidades dotadas de personalidade jurídica própria, exemplo: o
Serviço Nacional de Saúde.
 Os Funcionários e Agentes Administrativos - são os indivíduos que põem o seu
saber e a sua vontade ao serviço das organizações públicas para as quais trabalham,
sendo que: são Funcionarios os individous que fazem parte do quadro de pessoal de
uma instituição.7
Enquanto que:
Os Agentes são indivíduos que põem o seu saber a disposicaqo da instituição, porém
não fazem parte do quadro do pessoal da mesma.8
Ora, da actuação das organizações e dos indivíduos que compõem a Administração
Pública, resulta a actividade administrativa, ou administração pública em sentido
material.

b) Administração Pública em Sentido Material ou Objectivo


de segurança, cultura e bem-estar económico e social, nos termos estabelecidos pela
legislação aplicável e sob o controle dos tribunais competentes, refere-se exatamenete a
forma como se administra.
Portanto:
Da definição acima, resulta que a administração pública em sentido material é uma
actividade típica, a qual não se deve confundir com a actividade privada e nem com as
outras actividades públicas, não administrativas9, cuja distinção será posteriormente
apresentada.
Assim, o conteúdo material da actividade administrativa compreende:
 A promoção da execução das leis;
 A execução de directrizes e opções fundamentais traçadas pelo poder político;
 A realização de actividades como estudo de problemas;
 A planificação económico-social, gestão financeira;
 A produção de bens, prestação de serviços e atribuição de subsídios;
 entre outras.
Todas estas actividades devem ser realizadas de conformidade com a lei.

7
Com nomeação difinitiva
8
Sendo contratados
9
Actividades legislativa e judicial.

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