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FATORES QUE INFLUEM NA SELEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE TRANS...

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SELEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE EM TERRAPLANAGEM :


FATORES QUE INFLUEM

Fatores naturais:

topografia ( mais ou menos acidentada ) ; altitude ; natureza dos solos, presença de lençol
freático, regime de chuvas .

Fatores do projeto:

volume a ser movido, distâncias de transporte, rampas, dimensões das plataformas .

Fatores econômicos :

custo unitário ( por m3 movimentado ).

Princípios básicos do critério econômico :

redução ao máximo, do capital empatado; equilíbrio de trabalho para rendimento máximo


por unidade mecanizada ; o custo unitário deve ser sempre menor que o custo da maquina
ou de algum método de trabalho alternativo

FATORES NATURAIS

Natureza do solo :

Granulometria , resistência ao rolamento , capacidade de suporte à ação de cargas ,


umidade natural , aderência...
Exemplos: baixa capacidade de suporte ou alta resistência ao rolamento pode descartar
possibilidade de usar equipamento de pneus , como pá carregadeira sobre pneus, em
geral mais econômica, ser substituída por shovel, retro-escavadeira ou draga, de custo
horário maior. Motivos: excesso de umidade , solo argiloso com matéria orgânica , turfas,
interferência de lençol freático.

A resistência ao rolamento não afeta equipamentos de esteiras.

Topografia :

Terrenos acidentados implicam rampas mais fortes. (Declives e aclives maiores). Então
surge necessidade de maior potência e problemas de aderência nos aclives, bem como
problemas de segurança nos declives.

Regime de chuvas : Exemplos citados por Ricardo e Catalani, relativos ao estado de S.


Paulo:

Precipitações até 5 mm, em 10 dias por mês acarretam 50 % paralisação.

No inverno (estação de seca ) - média de 15 % paralisação .

Na estação chuvosa : em regiões com mais de 3 000 mm/ano é desaconselhável o uso de


equipamento com pneus (exemplo: Serra do Mar).

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FATORES DE PROJETO

Volume a ser movido, peso, empolamento, compactabilidade

O volume geralmente é contratado medido no corte, em obras rodoviárias. Ao ser


escavado, ocorre o empolamento (aumento de volume), e o novo volume é que será
transportado. Quando compactado em um aterro, o volume reduz-se novamente, tendo
seu peso específico aparente aumentado. Ao dimensionar aterros, é necessário conhecer
a % de redução volumétrica. Verificar também a capacidade de carga (em peso) do
equipamento de transporte . Conforme a densidade do material transportado, não se deve
coroar a carga (carregamento máximo) de caminhões ou scrapers (por exemplo), para não
reduzir sua vida útil.

CARACTERÍSTICAS APROXIMADAS DE ALGUNS MATERIAIS:

Fator de
Kg/m3 Empolamento Kg/m3
MATERIAL conversão
(CORTE) (multiplicar) (SOLTO)
(peso)
Argila 1720 1,4 0,72 1140
Argila c/ 1780 1,4 0,72 1300
pedregulho, seca
Argila c/ 2200 1,4 9,72 1580
pedregulho,
molhada
Carvão – 1450 1,35 0,74 1070
antracítico
Carvão – 1280 1,35 0,74 950
betuminoso
Terra comum, seca 1550 1,25 0,8 1250
Terra comum, 2000 1,25 0.8 1600
molhada
Pedregulho(1-5 2000 1,12 0,89 1780
cm), molhado
Pedregulho(1-5 1840 1,12 0,89 1640
cm), seco
Hematita 3180 1,18 0,85 2700
Magnetita 3280 1,18 0,85 2780
Calcáreo 2620 1,67 0,6 1570
Areia seca, solta 1780 1,12 0,89 1580
Areia molhada, 2100 1,12 0,89 1870
compacta
Arenito 2410 1,54 0,65 1570
Escória de fundição 1600 1,23 0,81 1300

Peso, empolamento e fc variam com tamanho das partículas, componentes, conteúdo de


umidade, grau de compacidade, etc. Testar.

SE GRANDE VOLUME :

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Mais e melhores máquinas - grande investimento inicial, grande lucro bruto.

Necessário maior planejamento, controles mais rígidos.

SE PEQUENO VOLUME:

Máquinas menores em menor número, menor investimento inicial, menor faturamento.

Em certas obras, como na construção de barragens, o volume pode ser medido e pago por
material compactado. Para pequenos volumes, uma primeira aproximação é feita
considerando-se 25 % de redução em relação ao volume de corte . Para um bom
orçamento, há que testar, fazendo (por exemplo) aterro experimental.

Custos envolvidos :

Preço dás máquinas, transporte para a obra, instalação da obra, alojamentos (e afins),
mão de obra ( direta e indireta ) ; segurança, instalações de pronto socorro, CIPA (controle
interno de prevenção de acidentes) , lazer, transporte de pessoal, manutenção, controles
da produção e qualidade, serviços sociais , posto de abastecimento com lavagem e
lubrificação, etc.

Distância de transporte : dt

tempos e custos de carga , descarga , manobras ( pequenos , quase fixos , quando


comparados aos de transporte em distâncias médias e longas ) .

CUSTO DE UM SERVIÇO :

C = ΣCh / ΣQh

Onde : Σ Ch é o custo global e Σ Q h a produção global da equipe.

A produção de cada máquina é inversamente proporcional ao tempo de ciclo :

Q=f(1/tc)

Se dt cresce  tempo de ciclo cresce  Qh diminui  C cresce

Critério de custo em função da distância de transporte : ( primeira aproximação, mas não o


único critério)

DISTÃNCIA (m) +
0 50 100 200 300 400 750 900 de
EQUIPAMENTO 900
Trator de esteiras

Scraper rebocado por trator de esteiras

Motoscraper convencional de 1 eixo

Motoscraper grande (twin)

Unidades de transporte + unidades de carga

O critério de CUSTOS pela distancia de transporte é o primeiro a ser considerado, mas

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não é determinante: outros fatores devem ser analisados. Alguns fatores técnicos (rampa,
afundamento, material transportado, etc.) PROÍBEM o uso de alguns dos equipamentos.

A estimativa da produção provável para o cumprimento de prazos, análise da topografia do


conjunto da obra , necessidade de serviços* paralelos , manutenção, são alguns dos
muitos outros parâmetros a serem analisados na escolha quantitativa da equipe .

O estudo e o controle do tempo de ciclo, que deverá ser o mínimo possível, é uma, se não
a maior, diferença entre o empreiteiro que tem lucros para o que tem prejuízos ... Os
principais instrumentos para isso são: cronômetro, papel, lápis e bom senso. Voltaremos
ao assunto mais adiante.

SELEÇÃO DAS UNIDADES DE TRANSPORTE:

PRINCIPAIS TIPOS DE UNIDADES DE TRANSPORTE :

CM - caminhões ( caçamba comuns ou fora-de-estrada )

VG F - vagões com descarga pelo fundo (botton-dump)

VGL - vagões com descarga lateral

VG T - vagões com descarga traseira (rear-dump) e

UNIDADES ESCAVOTRANSPORTADORAS ( SCRAPERS )

CONV 1 scraper convencional

CONV 2 scraper convencional c / rebocador de 2 eixos

EL scraper com esteira elevatória

PP push-pull

MT-TR motor traseiro , tração em todas as rodas

SR scraper rebocado por trator de esteiras

Conforme a natureza do material transportado:

Todos os equipamentos mencionados podem transportar argila, areia, pedregulho miúdo e


graúdo. Mas os scrapers EL, PP e os vagões VGF não são indicados para o uso com
rocha escarificada ou dinamitada. (desgaste). Analise e discuta os problemas de carga e
descarga de um scraper transportando rocha dinamitada.

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Seleçao conforme o afundamento dos pneus e a resistência ao rolamento:

Causas de resistência ao rolamento: atrito interno, atrito roda x piso, afundamento causa
subida permanente.

Para afundamento de pneus na pista de trabalho até 10 cm, ou


resistência ao rolamento até 85 kg/ tonelada, qualquer dos
equipamentos pode ser usado.

Se o afundamento for maior que 25 cm, ou a resistência a rolamento maior que 183 kg/ t ,
apenas o SR apresenta rendimento. Até esse último limite, recomenda-se PP e MT-TR.
Afundamentos entre 10 e 15 cm ou resistências ao rolamento de 85 a 117 kg/t indicam o
uso de scrapers convencionais (1 e 2). Caminhões e vagões não devem ser usados
quando se observa afundamentos superiores a 10 cm. Ver gráfico seguinte.

RESISTÊNCIAS MÉDIAS AO ROLAMENTO, EM QUILOS POR TONELADA


(EQUIP. DE PNEUS)
Estrada dura e compactada, que não cede sob peso
( concreto ou macadame betuminoso)............................................20
Estrada firme que cede levemnte sob peso
(pavimento com macadame comum) .............................................30
Estrada de terra, estabilizada, que cede sob peso
(penetração aproximada dos pneus, 2 a 3 cm) ................................50
Estrada de terra não estabilizada
(penetração dos pneus, 10 a 15 cm) .............................................. 75
Estrada de terra, solta, barrenta ou arenosa ................................100 a 200

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Fonte: Introdução à Terraplanagem (Caterpillar do Brasil)

Capacidade de vencer rampas:

Caminhões e vagões : até 15 %

CM fora-de-estrada até 25 %

Scrapers de dois eixos com pouco peso nas rodas motrizes : até 10 %

Scrapers de um eixo : até 15 %

Scrapers TR e PP : aproximadamente até 30 %

Scrapers SR ( rebocados por Trator de esteiras) : até 40 %

RESISTÊNCIA TOTAL AO MOVIMENTO DE UM EQUIPAMENTO

A resistência total pode ser decomposta em:

1. resistência ao rolamento;

2. resistência de rampa;

3. resistência de inércia; (pequena e difícil de dimensionar );

4. resistência do ar – atrito e pressão frontal (desprezível na terraplanagem ).

A resistência de inércia surge quando o veículo sofre variação na velocidade (freada ou


aceleração) . Para reduzi-lo, o modo mais prático é reduzir as causas, suavizando o trajeto
dos equipamentos (principalmente veículos de transporte).

Detalhando a resistência de rampa:

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R rampa = P cos (α) : simplificamos o cálculo expressando α em porcentagem e fazendo

R (em Kg) = 10 x P (em toneladas) x ( aclive em porcentagem )

P. exemplo: se α = ang tg( 15/100) , aclive % = 15/100 = 0,15

R = 10 x P x 0,15

A resistência total ao movimento será expressa por

RT = R rolamento + R rampa
(desprezamos os outros fatores, muito pequenos)

É costume calcular separadamente o peso P2 sobre o eixo trator, para facilitar o cálculo da
aderência ( semelhante ao atrito ).

Conhecido o coeficiente de aderência A e o peso P2 do trator, calculamos a força de


aderência Fa = P2 x A.
Se RT > Fa , as rodas tratoras patinam e o veículo não se move.

Ver mais detalhes adiante, em POTÊNCIA.

Facilidade de Escavação com scrapers em terreno natural:

Terrenos muito compactos : use scraper SR ou TR, com pusher.

Menos compactos : convencionais. Os "cavalos"(tratores) de pior desempenho quando há


pouca aderência são os de dois eixos.

Sobre os tratores de rodas puxando scraper:

Como ambos se deslocam sobre rodas, há que considerar o peso do trator e o do scraper,
vazio ou carregado. Calcular resistência ao rolamento, resistência/assistência de rampa,
distribuição do peso , aderência.

A resistência ao rolamento não afeta os tratores de esteiras ...

Resumo:

CONV1- Motoscraper convencional ,


rebocador (cavalo) de 1 eixo:

Para distâncias médias e curtas, terrenos

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de compacidade média ou baixa, rampas <


15 %, terrenos com bom suporte e pouco
afundamento (baixa resistência ao
rolamento.

CONV2 - Motoscraper convencional ,


rebocador (cavalo) de 2 eixos:

Distâncias médias e grandes, terreno


compacidade média ou baixa, rampas até
10 %, terrenos bom suporte e
afundamento < 15% (baixa resistência ao
rolamento).
EL - Motoscraper com elevatório:

Distâncias curtas e médias, terrenos


pouco compactos, solo solto, rampas
pequenas (<10 %) , terrenos com bom
suporte e pouco afundamento (baixa RR)
MT-Motoscraper (twin) :

Distâncias médias, terrenos compactos, rampas <


30 % (médias e fortes), terrenos de baixa cap. De
suporte e alta resistência ao rolamento.
Scraper rebocado SR por trator de
esteiras:

Distâncias curtas, terrenos compactos,


fortes rampas (> 30 %), terrenos de baixa
capacidade de suporte e alta resistência ao
rolamento.

CONSIDERAÇÕES SOBRE CARGA, TRANSPORTE E ESPALHAMENTO:

Carregamento mais caro: vagões e caminhões (tempo de carga muito maior que dos
scrapers).

Carregamento mais barato: TR e EL quando terreno dispensa uso de pusher, porem


menor velocidade acarreta transporte mais caro. Os EL , invertendo o sentido da esteira,
tem a descarga mais regular, adiantando o espalhamento.

Caminhões e vagões tem transporte com custo menor, porém espalhamento após
descarga mais caro ( é preciso usar trator de lâminas e motoniveladoras).

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VAGÃO FORA-DE-ESTRADA

COMPARAÇÕES ALTERNATIVAS

Os fatores que mais influem no desempenho de equipamentos escavotransportadores são:


distância de transporte e resistências ao movimento das máquinas. O gráfico a seguir
orienta uma seleção baseada nesses fatores.

(gráfico baseado em Ricardo e Catalani: Manual Prático de Escavação)

Algumas vezes as máquinas são usadas em condições diferentes das mais favoráveis
segundo esse gráfico. Fatores teoricamente menos importantes podem predominar em
condições especiais, conforme análise de produção e custo, não disponibilidade
momentânea de um recurso, trabalhos de curta duração, etc.

Veja a continuação do assunto em POTÊNCIA

Referencias bibliográficas:

Ricardo ,Hélio de Souza e Catalani , Guilherme - Manual Prático de Escavação, Pini Editora

Senso, Wlastermiler de - Terraplenagem – EP USP, 1975

?? - Princípios Básicos de Terraplanagem – Caterpillar Brasil

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Pacheco, Luiz Cesar Duarte - Apostila de Construção de Estradas I

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