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7.

ÂMBITO E NATUREZA DO DIREITO FISCAL

7.1. Os impostos e a actividade financeira do Estado

O Estado desenvolve uma actividade financeira caracterizada pela


realização das despesas derivadas da satisfação das necessidades colec
tivas e pela arrecadação das receitas para a cobertura dessas despesas.
Essas necessidades colectivas têm variado ao longo do tempo, ou
melhor, a escolha das necessidades a satisfazer pelo Estado, dado que
está dependente de uma decisão política, tem variado de época para época,
de certo modo ao sabor da visão que se vai tendo sobre as funções do
Estado e bem assim das correntes políticas dominantes. Acresce que
muitas delas correspondem a necessidades de satisfação passiva, na
medida em que a mesma não depende da procura e, por isso, não pode
ser exigido um preço ao consumidor em contrapartida dessa satisfação.
Põe-se, desse modo, o problema de saber como financiar as correspon
dentes despesas, que integram em grande medida o núcleo essencial das
funções tradicionais do Estado, designadamente a defesa e a segurança.
Com o alargamento do Estado providência, entende-se que mesmo em
relação a certas necessidades de satisfação activa não deve vigorar o prin
cípio da exclusão em relação à satisfação das mesmas, ou seja não podem
ser afastados dessa satisfação os que não podem pagar, no todo ou em
parte, o respectivo preço. E daí que também em relação a estas se ponha o
problema de como cobrir essas despesas.
De que receitas pode o Estado lançar mão para cobrir as suas neces
sidades financeiras? Desde logo, das receitas que resultam da administra
ção dos bens do património do Estado ou da produção de bens ou da
prestação de serviços em que possa cobrar um preço superior ao seu custo
e donde, por isso, consiga retirar rendimentos líquidos para a cobertura
das despesas com a satisfação de necessidades colectivas. Só que, ao con
trário do que aconteceu noutras épocas, em que o património do Estado
era vasto e proporcionava a maior parte das receitas de que este carecia,
126 Fiscalidade li — Direito Fiscal — 7. Âmbito e natureza do direito fiscal 127

hoje essas receitas têm de ser obtidas coactivamente junto dos agentes Essa actividade, modernamente, num Estado de direito, desenvolve-
económicos privados, ou seja através de tributos, nos quais ocupa o prin. -se no respeito estrito de normas jurídicas que a disciplinam. Pode não ter
cipal lugar, e de muito longe, o imposto. Por isso, se diz que se passou, sido assim noutras épocas, mas é impensável que hoje em dia não seja
historicamente, de um Estado patrimonial para um Estado fiscal. Mas, muitas assim. É precisamente o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a
vezes, estas receitas são ainda insuficientes para a cobertura de todas as actividade financeira do Estado e de outras entidades públicas que se cos
despesas, pelo que se torna necessário cobrir o défice. Para isso, o Estado tuma designar por direito financeir&
.
95
recorre ao crédito, contraindo empréstimos. Trata-se, porém, de um meio O direito financeiro abrange deste modo uma realidade complexa e
de financiamento não definitivo, pois, mais tarde ou mais cedo, esses heterogénea: todo o sector das receitas públicas, ele próprio muito diver
empréstimos terão de ser reembolsados, pelo que o recurso ao crédito não sificado, todo o sector das despesas públicas e ainda a actividade de ad
pode ser sistemático ou feito sem qualquer limite. Está, aliás, aqui em ministração ou gestão de umas e outras, incluindo o respectivo controlo
causa o princípio da equidade intergeracional na distribuição de bene interno e externo. Refiexivamente, o direito financeiro comporta um
fícios e custos entre gerações (cf. art.° l0.° da Lei n.° 91/2001, de 20 de direito das receitas, um direito das despesas e um direito da adminis
Agosto, relativa ao Enquadramento do Orçamento do Estado). tração financeira. E cada um destes ramos do Direito Financeiro admite
Temos, portanto, uma possível classificação das receitas do Estado ainda divisões, com particular saliência no domínio das receitas para o
conforme segue’
:
94 Direito Fiscal enquanto direito dos impostos, ou seja das receitas públicas
a) Receitas patrimoniais, que correspondem aos preços contratual- mais importantes’
.
96
mente estabelecidos, que o Estado recebe pela venda de bens do Mais especificamente, fruto de um longo processo evolutivo, pode
seu património ou pela prestação de alguns serviços ou bens mos encontrar no direito das receitas as divisões seguintes, todas elas
semipúblicos; com a sua especificidade própria:
b) Taxas, que, como se viu já, correspondem a preços autoritaria —o direito patrimonial, que trata das receitas patrimoniais dos entes
mente fixados, que o Estado recebe em contrapartida da presta públicos;
ção de serviços, ou pela utilização de bens do domínio público — o direito tributário, incidindo sobre todas as receitas coactivas do
ou pela remoção de um limite jurídico à actividade dos particula Estado e outros entes públicos, em que se autonomiza o direito
res; fiscal, relativo às receitas coactivas que se caracterizam pelo seu
c) Impostos, que, como também já se viu, são receitas coactivas carácter unilateral, ou seja os impostos’
;
97
que o Estado cobra de forma unilateral, não dando nada de espe
cificamente em troca e que cobra a título definitivo; ‘
Ou, como avisadamente salienta CASALTA Nasis, direito financeiro público para
d) Empréstimos, que são receitas que o Estado obtém através do o distinguir do cada vez mais importante direito financeiro privado. Cf. CASALTA NABAIS,
crédito, ou seja receitas não definitivas já que têm de ser reem José, Direito Fiscal, pág. 4.
bolsadas posteriormente. ‘ SOUSA F,co alude a este propósito ao facto de as normas jurídicas que regulam
a actividade financeira do Estado se poderem configurar em dois planos: 1) o da organiza
Temos, assim, caracterizada, grosso modo, a actividade financeira ção e funcionamento interno da actividade financeira do Estado e demais entidades públi
cas; 2) o das relações financeiras entre o Estado e outras entidades, nomeadamente os
do Estado que consiste basicamente na obtenção e gestão de receitas e na
particulares. E neste último piano se situaria sobretudo o direito das receitas. Cf. SOUSA
realização de despesas. O mesmo se diga, com as necessárias adaptações, Fau’,co, A. L., Finanças Públicas e Direito Financeiro, pág. 97.
em relação à actividade financeira de outros entes públicos. Por vezes, quer na linguagem corrente quer em termos técnicos, emprega-se a
expressão “direito tributário” como sinónimo de “direito fiscal”, mas, em bom rigor,
estamos perante dois conceitos diferentes. Assim, as doutrinas italiana, espanhola, brasi
Veja-se, por todos, Teixam RIBEIRO, J. 3., Finanças Públicas, págs. 29 e segs. leira e outras sul-americanas, baseando-se no facto de as respectivas disposições consti
A classificação económica das receitas e despesas públicas consta desenvolvidamente do tucionais darem um tratamento homogéneo à generalidade dos tributos, optam por auto
Decreto-Lei n.° 26/2002, de 14 de Fevereiro. nomizar o seu estudo no Direito Tributário; já, entre outras, as doutrinas portuguesa, francesa
128 Fiscalidade Ii Direito Fiscal - 7. Âmbito e natureza do direito fiscal 129

— o direito do crédito público, que respeita ao recurso ao crédito por b) Normas relativas ao nascimento, desenvolvimento e extinção da
parte dos entes públicos e à gestão da dívida pública. obrigação fiscal, quer as que se referem à incidência do imposto
quer as que têm um carácter procedimental, ao disciplinarem o
Por sua vez, no direito das despesas assume particular relevo o cha lançamento, a liquidação e a cobrança do imposto, incluindo
mado direito orçamentário ou orçamental, que disciplina a realização das igualmente normas atinentes à fiscalização dos obrigados fiscais
despesas públicas e abrange aspectos mais gerais ligados ao processo e normas relativas às garantias administrativas dos contribuintes;
orçamental e à elaboração das contas públicas. c) Normas relativas a obrigações acessórias impostas ao contri
buinte ou a terceiros, designadamente de natureza declarativa ou
contabilística, destinadas a possibilitar ou a controlar a percep
7.2. Noção e âmbito do Direito Fiscal ção dos impostos;
ci) Normas de sanção fiscal, que estabelecem as sanções, quer de
O Direito Fiscal é, assim, o ramo do direito que disciplina os impostos, natureza penal quer de natureza contra-ordenacional, a aplicar a
tendo por objecto as normas que regulam o “nascimento, o desenvolvimento quem infringe os comandos jurídico-fiscais e regulam o respecti
e a extinção das relações jurídicas suscitadas pela percepção do imposto”
.
9t vo processo;
Esta noção afasta desde logo uma limitação do Direito Fiscal à dis e) Normas relativas ao processo fiscal, que estabelecem as garantias
ciplina da obrigação fiscal, ou seja à relação que se estabelece entre o contenciosas dos contribuintes (processo de impugnação judicial)
ente público credor do imposto e a pessoa ou entidade obrigada à cor e regulam a cobrança coerciva dos impostos (processo de exe
respondente prestação pecuniária, que sendo o seu núcleo essencial não cução fiscal).
esgota as relações jurídicas suscitadas pelo imposto. E que importa apli
car os mesmos princípios básicos que disciplinam a obrigação fiscal a Dada a heterogeneidade de normas que o integram, alguns autores,
outras relações, que se estendem do direito procedimental e processual na esteira da doutrina alemã, distinguem no âmbito do Direito Fiscal o
fiscal ao direito sancionatório fiscal, passando por muitos outros domí chamado Direito Fiscal material e o Direito fiscal formal. O primeiro
nios como o direito fiscal internacional e o direito fiscal comunitário. diria respeito às normas relativas à obrigação fiscal, ou seja as relativas
Assim, o Direito Fiscal abrange uma grande multiplicidade de nor ao pressuposto do imposto e consequentes obrigações da sua ocoifência
mas jurídicas, a saber: derivadas. O segundo agregaria todas as demais normas, desde as que
a) Normas de soberania fiscal, que ao regularem os princípios fun disciplinam a actividade administrativa de aplicação das leis de imposto
damentais do sistema fiscal, incluindo a formulação da lei fiscal, até às que tutelam as garantias jurisdicionais quer dos contribuintes quer
fazem apelo ao direito constitucional, formando o que se cos do Estado em matéria fiscal’
.
99
tuma designar por direito constitucional fiscal

e alemã, invocando o enquadramento constitucional específico dos impostos, encontram 7.3. Natureza do Direito Fiscal
nestes homogeneidade justificativa do seu estudo autónomo no Direito Fiscal e isso mau
grado o tratamento unitário dos tributos para certos efeitos, incluindo em termos de prin Questão muito debatida na doutrina é a da natureza do direito fiscal,
cípios gerais aplicáveis, como o faz, entre nós, a “Lei Geral Tributária”. No entanto, al que acarreta necessariamente o problema da sua autonomia.
guns autores preferem confinar o próprio Direito Tributário ao estudo dos impostos,
designadamente por razões históricas, usando assim como sinónimas as expressões Direito
Tributário, Direito Fiscal e Direito dos Impostos. Cf., por todos, SOARES Mierunz, Pedro,
Manual de Direito Fiscal, págs. 22 e segs.
ALBERTO X.v,ER identifica até o Direito Tributário formal com o que designa de
Bsz TEIXErRA, António, Princípios de Direito Fiscal, vol. 1, págs. 20 e segs. Cf.
normas tributárias instrumentais. Cf. XAVEER, Alberto, Manual de Direito Fiscal, 1, págs.
também SoMus MxTeez, Pedro, Manual de Direito Fiscal, págs. 58 e segs.
103 e 104.
130 Fiscalidade 11—Direito Fiscal —7. Âmbito e najureza do direito fiscal 131

Os autores são praticamente unânimes em considerar que o Direito


Fiscal se integra plenamente no Direito Público, não só tendo em Fiscal e constituem a base de todo o sistema normativo tributário e
201 —

vista as guia interpretativo do mesmo. Dessas normas deriva, aliás, uma das acti
finalidades prosseguidas pelo imposto como também por o sujeito
activo vidades por excelência do Tribunal Constitucional, no controlo da cons
ter de ser necessariamente um ente público. Mas, ainda tem alguns
defen titucionalidade das leis fiscais.
sores a corrente que o pretende aproximar do Direito Privado, dado que
São normas de Direito Fiscal inscritas na Constituição, em especial,
alguns aspectos da disciplina relativa aos impostos seriam apenas
uma 5 13.°, n.° 2, 66.°, n.° 2, alínea h), 67.°, n.° 2, alíneaf),
as contidas nos art.°
excepção aos princípios deste, o que, portanto, não chegaria para consa
81.°, alínea b), 103.°, 104.°, 165.°, n.° 1, alínea i), 227.°, n.° 1, alíneas i) e
grar a sua autonomia.
j), 232.°, n.° 1, 238.°, n.° 4 e 268.°. O significado e alcance de algumas
Integrado o Direito Fiscal no Direito Público, sabido que este com
porta vários ramos importa ver onde ele se insere. Para uns, delas relacionadas com os limites formais e materiais da tributação
— —

o Direito será abordado adiante (ponto 8.2) quando se tratar da Constituição como
Fiscal integra-se no Direito Financeiro, Para outros, o Direito
Fiscal inse fonte de direito fiscal.
re-se no Direito Administrativo, Para outros ainda, o Direito Fiscal
tem
autonomia científica e, portanto, mau grado as suas relações com
esses 7.4.2. Direito Fiscal e Direito Administrativo
ramos do direito, tem de ser considerado um ramo autónomo do
Direito
Público. O Direito Fiscal goza de autonomia, como já se referiu, relativa
Perante esta diversidade de posições, a solução há-de buscar-se, mente ao Direito Administrativo, o que não significa que não sejam estrei
sem
esquecer, perante a unidade do sistema jurídico, a relatividade da
autono tas, em múltiplos aspectos, as ligações entre estes dois ramos de Direito,
mia de um qualquer ramo do direito, na consideração do que afinal
carac em especial no que se refere ao chamado Direito Fiscal formal.
teriza essa autonomia. Assim, é evidente que a actividade da administração fiscal se rege
A esse respeito, parece que o critério fundamental terá de situar-se por normas que, em termos substanciais, são normas de direito adniinis
num plano teleológico e institucional
. E na medida em que o Direito
200 trativo, pelo que o Direito Fiscal estabelece com o Direito Administrativo
Fiscal corresponde a um conjunto de normas ordenadas com
vista a um íntimas conexões em tudo o que se relaciona com a organização dos ser
fim comum a regulamentação das normas suscitadas pelo

imposto é — viços tributários e a actuação dos órgãos e agentes que lançam, liquidam
um direito autónomo.
e cobram os impostos. Nesta linha, o Código de Procedimento Adminis
trativo é considerado legislação complementar pela Lei Geral Tributária
[art.° 2.°, alínea c), desta], o que é concretizado na sua aplicação supletiva
7.4. Relações do Direito Fiscal com outros ramos do direito relativamente ao procedimento tributário [art.° 2.°, alínea d), do Código
de Procedimento e de Processo Tributário (CPPT)]. Além disso, é obriga
7.4.1. Direito Fiscal e Direito Constitucional tória a aplicação da lei de processo dos tribunais administrativos ao recurso
Em relação ao Direito Constitucional as ligações são tão contencioso dos actos administrativos em matéria tributária que não com
estreitas portem a apreciação da legalidade do acto de liquidação (art.° 97,0, n.° 2,
que é inteiramente justificado falar do Direito Constitucional
Fiscal, inte do CPPT)
.
202
grado por aquelas normas respeitantes à disciplina jurídica dos
impostos
que, por estarem associadas aos limites dos poderes tributários,
à defini
ção das finalidades dos sistema fiscal e à sua estrutura ZOJ
Veja-se, por exemplo, CASALTA No.Ms, José, Direito Fiscal, págs. 127 e segs.
básica e às garan 202
J nos parece excessivo não visualizar apenas relações estreitas entre o Direito
tias dos cidadãos em matéria fiscal, estão inseridas
na Constituição da Fiscal e o Direito Administrativo, mas um argumento para defender urna eventual inclusão
República fala-se a propósito da existência de uma

Constituição do primeiro no segundo, na integração dos tribunais fiscais numa mesma jurisdição a —

jurisdição administrativa e fiscal, disciplinada pelo Estatuto dos Tribunais Administrativos


a Brz TEDCEIRA, António, Princípios de Direito Fiscal, vol. 1, págs. e Fiscais, inclusão desde logo negada pela designação deste e pela existência no próprio
23 e segs. Supremo Tribunal Administrativo de uma “secção de contencioso tributário”. Acresce que
132 Fiscalidade li Direito Fiscal
— — 7. Âmbito e natureza do direito fiscal 133

A relação tributária tem, no entanto, características específicas que recepcionados pelo direito fiscal, valendo neste com os contornos e o
que a diferenciam de urna relação administrativa e, hoje em dia, é cada significado que têm naquele (veja-se adiante no Cap. 9. Interpretação e
vez mais vasto o domínio da liquidação e cobrança dos impostos em Integração da Lei Fiscal o ponto 9.1.4.). Para tanto, não é exigível uma
que a mesma se faz sem qualquer interferência prévia da administração expressa remissão do direito fiscal para o direito privado basta que não —

fiscal. haja uma rejeição desses contornos e significado para efeitos fiscais, quer
essa rejeição seja expressa quer resulte da interpretação da lei fiscal
.
204
7.4.3. Direito Fiscal e Direito Privado Tal validade acontece, por exemplo, com conceitos como os de pessoa
colectiva, sociedade civil, sociedade comercial, parte social, acções, obri
São muito intensas as relações entre direito fiscal e direito privado, gações, agrupamento complementar de empresas, contrato individual de
nas suas várias componentes, em especial o direito civil, o direito comer trabalho, sociedade conjugal, adopção.
cial e o direito da contabilidade. Isso não impede, porém, que, muito frequentemente, o direito fiscal,
Isso não é de estranhar se for tido em conta que o direito civil cons dada a sua natureza, princípios e finalidades específicos, reelabore certos
titui, de algum modo, em resultado da própria evolução histórica, a ma conceitos, que passam a ter um sentido próprio para efeitos tributários.
triz o também chamado direito comum que dá unidade ao sistema

jurídico, constituindo o repositório de princípios e conceitos de carácter


É O que acontece, por exemplo, com os conceitos de transmissão ou de
prédio. Isso acontece, perante uma realidade dinâmica, para que o prin
geral a que se deve recorrer sempre que necessário. E, tal como para os cípio da igualdade de tributação seja respeitado, mas também dado que,
restantes ramos de direito, essa matriz também é válida para o direito se assim não fosse, “da adopção pura e simples de alguns conceitos civi
fiscal, sem perda da autonomia deste. listas no campo do direito tributário” o que se abriria, muitas vezes, era
Assim, em primeiro lugar, como se verá adiante (Cap. 12. Relação urna via fácil de evasão fiscal.
205 Noutros casos, o direito fiscal, em rela
jurídico-fiscal, ponto 12.1.1.), a relação jurídica de imposto está moldada ção a certas áreas objecto de harmonização comunitária para efeitos fis
pelo direito civil das obrigações, o que é visível nos princípios e concei cais, sente necessidade de estabelecer contornos específicos para certos
tos a que o direito fiscal recorre para disciplinar as relações que se esta conceitos ou introduzir outros que o direito privado ainda não adoptou.
. É, assim, que, sem prejuízo
belecem por via da obrigação de imposto
203 É o que se passa, por exemplo, com os conceitos, para efeitos de IRC, de
das suas características específicas, a Lei Geral Tributária, nos seus art.°
15.° e segs., trata da relação jurídica tributária, abordando sucessivamente
os seus sujeitos, o seu objecto, a sua constituição, alteração e extinção e a
sua garantia, questões que, como é sabido, se põem a propósito de qual De acordo com a LGT art. 11 n.° 2 para que os termos próprios de outros
— ., —

quer relação jurídica. ramos de direito possam ser interpretados com sentido diverso do que aí têm, isso deverá
resultar directamente da lei, o que parece apelar a uma interpretação literal da mesma.
Por outro lado, as situações da vida recortadas pela lei fiscal como Entende-se, no entanto, que tal limitação ao intérprete é descabida, podendo este de acor
pressupostos da obrigação de imposto são situações a que se aplica, em do com os princípios gerais de interpretação das leis chegar à conclusão de que o sentido
primeiro lugar, o direito privado e daí que os conceitos deste sejam como dado DO ramo de direito de que o conceito é originário não tem aplicação para efeitos
fiscais. Neste exacto sentido, CASALTA NABAJS, José, Direito Fiscal, págs. 90 e 91.
205
SOARES Mriraz, Pedro, Direito Fiscal, pág. 67. Este autor apresenta sugestiva-
este Supremo Tribunal não obstante a sua denominação nunca teve a sua competência mente o caso da promessa de compra e venda de um prédio, que, como é sabido, não
limitada ao âmbito das questões de Direito Administrativo cf. SOARES MAJrn1mz, Pedro,
— opera a transmissão jurídica deste. Mas, caso haja lugar a tradição para o comprador, a lei
Direito Fiscal, pág. 64. fiscal qualifica, em alguns casos, tal promessa como transmissão para efeitos fiscais
203
Sobre as consequências metodológicas daqui derivadas veja-se SA ANHA SAN [veja-se, por exemplo, o n. 5 do art-° 43.° do Código do IRC ou a alínea a) do n.° 2 do
ctms, José Luís, Manual de Direito Fiscal, págs. 245 e segs. Não parece, porém, de art.° 2.° do IMT], de modo a obstaculizar que o vendedor ou o comprador, para evitar o
acolher a visão do direito das obrigações de imposto como um simples ramo do direito pagamento dos impostos, não mais celebre a escritura de compra e venda, contentando-se
privado das obrigações cf. Letra DE C.o.s.wos, Diogo e Letra oa Caipos, Mónica, Direito

com o recebimento do preço ou de parte substancial deste ou com uma transmissão de
Tributário, 2 ed., Coimbra, Almedina, 2003, pág. 78. facto.
r

134 Fiscalidade II Direito Fiscal


— — 7. Âmbito e natureza do direito fiscal 135

fusão, cisão, entrada de activos e permuta de partes sociais (cf. art.° 67.°
gerais da não retroactividade da lei penal (nulia poena sine lege), da
do respectivo Código do IRC)
.
206 tipicidade e da imputação moral
°.
2
Há ainda casos em que o direito fiscal adopta conceitos antes do Por outro lado, também no direito fiscal penal, à semelhança do que
direito privado e aí é, muitas vezes, este a seguir aquele. Isso aconteceu
se passa no direito penal comum, vigora uma concepção dualista, que
historicamente, por exemplo, no chamado direito da contabilidade, onde leva a classificar as infracções tributárias em crimes e contra-ordenações
antes mesmo de se verificar a adopção de um “Plano Oficial de Contabi (art.° 2.°, a.° 2, do RGIT)
.
209
lidade” já o direito fiscal art.°’ 22.° e segs. do Código da Contribuição

Nos primeiros, que são sancionados, se cometidos por pessoas sin
Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 45 103, de 1 de Julho de 1963 —
gulares, com prisão até oito anos ou multa de 10 a 600 dias (art.° 12.°,
mandava aplicar para efeitos fiscais os “sãos princípios da contabilidade”
n.° 1, do RGIT), e com pena de multa de 20 a 1920 dias, se cometidos por
e definia um conjunto de regras contabilísticas que vieram a ter consagra pessoas colectivas e entidades finalmente equiparáveis (art.° 12.°, n.° 2,
ção nesse 207
“Plano”
. do RGIT), encontramos os chamados crimes tributários comuns (burla
A autonomia do direito fiscal em face do direito privado assume a tributária, frustração de créditos, associação criminosa, desobediência
máxima exprpssão quando a lei prevê art.° 36.°, n.° 4, da LGT


qualificada e violação de segredo), os crimes aduaneiros (contrabando,
que “a qualificação do negócio jurídico efectuada pelas partes, mesmo contrabando de circulação, contrabando de mercadorias de circulação
em documento autêntico, não vincula a administração tributária” ou —
condicionada em embarcações, fraude no transporte de mercadorias em
art.° 38.°, n.° 1, da LGT que “a ineficácia dos negócios jurídicos não

regime suspensivo, introdução fraudulenta no consumo, violação das
obsta à tributação, no momento em que esta deva legalmente ocorrer, garantias aduaneiras, quebra de marcas e selos, receptação de mercadorias
caso já se tenham produzido os efeitos económicos queridos pelas objecto de crime aduaneiro), os crimes fiscais (fraude, fraude qualificada
partes”. E ainda quando se desqualificam os negócios jurídicos como e abuso de confiança) e os crimes contra a segurança social (fraude con
medida geral anti-abuso para combater a evasão fiscal (art.° 38.°, n.° 2, tra a segurança social e abuso de confiança contra a segurança social).
da LGT) ou quando se consagra a prevalência da substância sobre a As contra-ordenações, que são classificadas em simples ou graves,
forma das operações sujeitas a imposto (art.° 78.°, 11.0 11, do Código do sendo as primeiras punidas com coima cujo limite máximo é de € 3 750 e
IRC). as segundas, em geral, com coima superior a este limite (art.° 23.° do
RG1T), são muito diversas e sancionam as acções ou omissões de contri
7.4.4. Direito Fiscal e Direito Penal buintes (ou de terceiros) que violem a lei fiscal e que não constituam
Integrando o Direito Fiscal normas de sanção o chamado direito

crime, sendo aplicadas numa primeira fase pela administração fiscal ou
fiscal penal, constante sobretudo do Regime Geral das Infracções Tribu pela administração aduaneira, conforme os casos, podendo estas decisões
tárias (RGIT) os princípios que enformam o Direito Penal em geral

ser objecto de recurso para o tribunal tributário de l instância. As coimas
projectam-se necessariamente no Direito Fiscal. aplicáveis a pessoas colectivas e entidades finalmente equiparáveis,
Assim, em primeiro lugar, na defmição de infracção tributária —
podem, regra geral, elevar-se até € 110 000, em caso de dolo, e € 30 000,
“todo o facto típico, ilícito e culposo declarado punível por lei tributária em caso de negligência, não podendo, em princípio, as aplicáveis a pes
anterior” (art.° 2.°, n.° 1, do RGIT), é possível visualizar os princípios soas singulares exceder metade daqueles valores, nuns e noutro caso com
o valor míninio de € 30, excepto em caso de redução da coima em que é
de € 15. Como regra geral, os limites máximo e mínmo previstos nos
Fmrros PEREIRA, M. H., “A directiva comunisária relativa ao regime fiscal comum
206
aplicável a fusões, cisões, entradas de activos e permutas de acções”, in Fisco, n.° 47, 20
SOARES Mucriunz, Pedro, Direito Fiscal, págs. 65 e 66. Cf. igualmente
Out/1992, págs. 3-14. MARQUES
DASn..vA, Isabel, Regime Geral das Infracções Tributárias, Cadernos IDEFF
207
Para maiores desenvolvimentos veja-se FERI’IANDES FERREIRA, Rogério, A tributa n.° 5, 2’ cd.,
Coimbra, Almedina, 2007, págs. 51 e segs.
ção do lucro real, 2’ cd., Lisboa. 1972. 209
CASALTA NABAIS, José, Direito Fiscal, págs. 99 e 100.
136 Fiscalidade II Direito Fiscal
— — 7. Âmbito e natureza do direito fiscal 137

diferentes tipos legais de contra-ordenação são elevados para o dobro 7.4.6. Direito Fiscal e Direito Comunitário
quando aplicáveis a pessoas colectivas e entidades fiscalmente equipa
ráveis (art.° 26.°, n.° 4, do RGIT). São cada vez mais estreitas as relações entre direito fiscal e direito
Finalmente, a relação entre Direito Fiscal e Direito Penal também é comunitário, dando origem ao que se designa por direito fiscal comuni
ilustrada pelo facto de o Código Penal constituir direito subsidiário em tário.
matéria de infracções fiscais [art.° 3.°, alínea a), do RGIT) e o regime Na sua génese o direito comunitário aparece ligado ao Direito Inter
destas remeter algumas vezes directamente para esse Código para regular nacional Público, mas ganhou uma especificidade própria que deriva das
certas matérias é o caso dos art.
— ’ 11.0, alínea d), 17.0, n.° 1, e 21.°,
0 finalidades atribuídas às comunidades e dos meios instituídos para as rea
n.°’ 2 e 4, do RGIT. lizar, especificidade que conduziu à sua progressiva “constitucionaliza
ção”, que lhe confere uma legitimidade autónoma, processo que culmi
nou com o “Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa”,
210
7.4.5. Direito Fiscal e Direito Processual
que, porém, ainda não entrou em vigor, para o que contribuiu o facto de
Dado que no âmbito do Direito Fiscal se integram normas de natu esse “projecto” não ter sido aprovado em referendos realizados em alguns
reza processual, relacionadas em especial com o processo de impug países. Ao longo desse processo a prossecução das finalidades atribuídas
nação, o processo de execução fiscal, o processo penal fiscal e de segu às comunidades levou à formulação de um vasto conjunto de normas,
rança social e o processo de contra-ordenações fiscais, explicada está a pertencentes a praticamente todos os domínios do direito e que são apli
ligação do mesmo ao Direito Processual, quer como fonte inspiradora cáveis na nossa ordem jurídica.
H Entre essas normas estão as que, direc
2
para as correspondentes normas do processo fiscal, quer como direito ta ou indirectamente, têm que ver com impostos.
subsidiário para resolver eventuais casos omissos quer ainda pelo facto Nesse direito fiscal comunitário englobam-se, como se verá a pro
de o processo fiscal remeter directamente em alguns casos para normas pósito das fontes de direito fiscal (ponto 8.3.), quer as disposições fiscais
do Código de Processo Civil e do Código de Processo Penal. ou com relevância fiscal do direito comunitário originário ou primário
Assim, a Lei Geral Tributária considera o Código de Processo Civil quer o acervo, já muito numeroso e diversificado, de direito comunitário
como legislação complementar em matéria tiibutária [art.° 2.°, alínea d), secundário ou derivado de natureza fiscal ou com incidência fiscal.
daquela Lei] e o Código de Procedimento e de Processo Tributário, que Assim, além de um direito comunitário fiscal próprio, que integra as
integra o processo de impugnação e o processo de execução fiscal, remete, relações jurídicas tributárias de que as Comunidades são sujeito activo
nos termos do seu art.° 2.°, alínea e), a solução de casos omissos para o (que respeita aos impostos comunitários, como aqueles que recaem sobre
Código de Processo Civil; já o Regime Geral das Infracções Tributárias, os vencimentos dos seus funcionários, ou aos impostos aduaneiros, inte
de acordo com o seu art.° 30, alíneas a) e b), faz aplicar como direito grantes da chamada pauta aduaneira comum, em que as administrações
subsidiário em matéria de processamento dos crimes tributários o Código aduaneiras de cada Estado ainda têm um papel de gestão ou adminis
de Processo Penal e quanto ao processamento das contra-ordenações fis tração), tem-se o chamado direito comunitário fiscal interestadual, que
cais, o regime geral do ilícito de mera ordenação social. abrange todos aqueles aspectos em que se visa uma certa harmonização
Além disso, é a própria lei processual fiscal a remeter directamente ou coordenação das legislações fiscais dos Estados membros e que nessa
para a lei processual geral. Isso acontece em inúmeros artigos do Código medida introduzem limitações aos seus poderes legislativos
.
212
de Procedimento e de Processo Tributário em que se remete a respectiva
disciplina para o Código de Processo Civil — são disso exemplos os
° Jornal Oficial da União Europeia C 310, de 16 de Dezembro de 2004.
art.°’ l16.°, n.° 4, 118.°, n.° 3, 128.°, l39.°, 142.°, 192.°, n.° 1, 223.°, 211
Cf. Moua. Rutos, Rui, Direito Comunitário, Coimbra, 2003, págs. 29 e segs.
n.° 3, 246.° e 258.°. Também no Regime Geral das Infracções Tributárias Para maiores. desenvolvimentos veja-se MOTA CAMPOS, João, Manual de Direito Comuni
se verificam frequentes remissões para o Código de Processo Penal é o — tário, 3’ ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
que acontece por exemplo nos art.°’ 35.°, n.° 5, 36.°, 37.°, 38.°, n.° 3, 40.°, 212
Sobre esta matéria veja-se, para maiores desenvolvimentos, X.viaa, Alberto, Di
n.os 1 e 2,43.0, a.° 1 e 46.°. reito Tributário Internacional, 2.’ ed., Coimbra, Almedina, 2007, págs. 205 e segs.
138 Fiscalidade II Direito Fiscal
— — 7. Âmbito e natureza do direito fiscal 139

São hoje numerosos os casos em que o direito fiscal reflecte essa plurilocalizadas, em que estão envolvidos os seus residentes ou que têm
harmonização ou coordenação e não só pela via positiva, ou seja pela qualquer outra conexão com o seu território. Daí que no próprio Direito
adopção das soluções consagradas no direito comunitário mas também Fiscal ganhe cada vez mais importância o chamado Direito Fiscal Inter
pela via negativa, através do acatamento que é devido à jurisprudência nacional, o qual integra o conjunto de normas fiscais que incidem sobre
de natureza fiscal do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.
2t3 as “situações da vida que têm contacto, por qualquer dos seus elementos,
E além desta via jurídica tem vindo a ganhar peso a via política de har com mais do que uma ordem jurídica dotada do poder de tributar”
.
215
monização ou coordenação, que também tem reflexos no direito fiscal, de Tais normas têm origens diferenciadas. Em primeiro lugar, tem-se o
que, aliás, é exemplo o Código de Conduta em matéria de fiscalidade das direito interno, que, como se verá adiante, a propósito da aplicação da lei
.
214
empresas fiscal no espaço (veja-se adiante Cap. 11), define os elementos de conexão
Importa, aliás, assinalar que estas relações entre o direito fiscal e o de territorialidade que concretizam o aspecto espacial do facto gerador do
direito comunitário não se cingem à adopção no direito interno das solu imposto e que, em relação àquelas situações que têm contacto com mais
ções consagradas em directivas ou regulamentos, elas são também ilus do que uma ordem jurídica, definem o que se tributa, quando se tributa e
tradas pela remissão cada vez mais frequente nas disposições fiscais para quanto se tributa, tendo sempre em conta nessa definição que uma situa
normas de direito comunitário. Isso acontece com muita intensidade nos ção plurilocalizada pode dar lugar quer a uma dupla tributação, que tem
impostos indirectos, designadarnente no Código dos Impostos Especiais de ser evitada ou minorada, quer, através da evasão e fraude, a uma dupla
de Consumo, mas também se verifica cada vez mais nos impostos direc não tributação, que deve ser combatida. Em segundo lugar, devem men
tos. Veja-se, por exemplo, o caso dos n.°’ 3, 4, 6 e 8 do art.° 14.°, dos cionar-se as normas de fonte internacional, que prevalecem, sempre que
OS
5, 6, 8 e 12 do art.° 46.°, dos n°’ 6 e 7 do art.° 67.°, do n.° 2 do art.° for caso disso, sobre as normas de fonte interna, em que os problemas
68.°, do n.° 3 do art.° 69.°, do n.° 2 do art.° 71.° e dos n.°’ 1, 2 e 3 do art.° que se colocam são também os anteriormente indicados, mas que agora
72.°, todos do Código do IRC. se pretendem resolver através de convenções ou tratados internacionais,
de carácter bilateral ou multilateral, em que as ligações ao Direito Inter
7.4.7. Direito Fiscal e Direito Internacional nacional (naturalmente Direito Internacional Público) são óbvias. Neles
assumem particular relevo, como se verá adiante a propósito dos tratados
As relações económicas internacionais, que os fenómenos da internacionais como fontes de direito fiscal as convenções bilaterais cele
integração económica e da globalização fizeram crescer, colocam cada bradas entre os Estados em matéria de impostos sobre o rendimento e que
vez mais a necessidade de os Estados regularem as situações lributárias têm por inspiração o Modelo de Convenção da OCDE . Por último,
216
tem-se também o direito comunitário, que, além do mais, e, como se viu,
de forma específica, trata não só de situações plurilocalizadas em mais do
213
Essa jurisprudência tem sido formulada, quer em resultado das chamadas acções que um Estado da Comunidade como de situações plurilocalizadas dentro
por incumprimento, instauradas ao abrigo do art.° 226. do Tratado CE, através das quais e fora da Comunidade, em relação às quais entende que se justifica uma
é apreciado, por iniciativa da Comissão ou de um Estado membro, o incumprimento das abordagem comum.
obrigações que aos Estados membros incumbem por força do Tratado, quer em
consequência do denominado processo de reenvio a título prejudicial, nos termos do art.°
234.° do Tratado CE, ao abrigo do qual os tribunais nacionais podem ou, em certos casos,
devem submeter ao TJCE a questão da interpretação de norma comunitária ou da validade
de acto comunitário. Sobre a eficácia ou os efeitos dos acórdãos proferidos veja-se MorA 215
Alberto, Direito Tributário Internacional, pág.3.
XAVtER,
CAMPOS, João, Direito Comunitário, págs. 445 e segs. e 424 e segs. 216
As convenções internacionais destinam-se, em regra, a regular situações fiscais
214
Jornal Oficial das Comunidades Europeias, C2, de 6.1.98. Sobre o seu conteúdo plurilocalizadas, mas, como muito justamente assinala CASALTA NABAIS, isso não significa
veja-se FREITAS PEREIRA, MIL, “Concorrência fiscal prejudicial o Código de Conduta

que não haja casos de convenções internacionais que regulam situações exclusivamente
da Unido Europeia”, in Ciência e Técnica Fiscal, n.° 390, Abril-Junho de 1998, págs. internas, como se verifica com a Concordata entre Portugal e a Santa Sé cf. CASALTA—

205-219. NABAIS, José, Direito Fiscal, pág. 102.

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