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Tendo em conta a referência corrente ao “reembolso do IRS”, como concilia com a prestação
de imposto ser coativa e definitiva?
O conceito de imposto é definido com recurso a 3 elementos sendo eles o elemento objetivo,
subjetivo e teleológico ou finalista. Assim o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral,
definitiva e coativa devida por detentores, individuais ou coletivos, de capacidade contributiva a
favor de entidades que exercem funções ou tarefas publicas e que é exigido pelas entidades que
exerçam funções públicas para a realização dessas mesmas funções, sendo que não têm um caráter
sancionatório. Assim a prestação do imposto é coativa porque tem como fonte a lei que é de
reserva relativa parlamentar nos termos do artigo 165º nº1 i CRP, o que implica que só a assembleia
da república é que pode legislar a criação de um imposto. Assim sendo é coativo quanto à sua
criação não havendo qualquer negócio entre sujeito ativo e passivo, e quanto ao seu cumprimento
em que não pode ser afastado pelas partes, 36º nº1 e 2 LGT. Assim a prestação também é definitiva
pois não dá lugar ao seu reembolso sendo que vigora aqui a unilateralidade do imposto.
Sobre o imposto pessoal que será único e progressivo tendo em conta as necessidades
do agregado familiar, artigo 104º nº1. A CRP aponta que o IRS seja um imposto pessoal.
Faz-se a pessoalização e aqui encontramos algumas caraterísticas que encontramos no
IRS. Os impostos pessoais são impostos que tributam a matéria coletável tendo em
conta a pessoa do contribuinte e do seu agregado familiar, a pessoalização é feita sobre
o imposto do rendimento singular. Incide sobre o rendimento e tem o sujeito passivo
que é o contribuinte, e todas as regras do imposto conclui-se que o apuramento da
obrigação de imposto é feito tendo em conta as condições familiares do contribuinte.
Quanto aos impostos reais, a tributação faz-se centrando na matéria coletável sem ter
em conta as especiais caraterísticas do contribuinte, resulta de uma aplicação de uma
taxa a um certo montante, são impostos que são cobrados de igual forma a todos os
sujeitos.
Tem a ver com o modo de definir o montante individual dos contribuintes, ou seja,
definido um montante fixo igual para todos ou faz variar o montante através da quota
variável. Quota fixa é um valor fixo, valor de capitação, per capita, por cabeça, aqueles
em que a lie diz direta e expressamente qual a importância, o montante, a ser prestado
pelos contribuintes que não varia de sujeito passivo para sujeito passivo. Os impostos
de quota variável é aquele em que o imposto varia conforme a matéria coletável. O IRS
tem como taxas gerais, taxas progressivas, 68º CIRS, mas também tem taxas
proporcionais ou fixas nos termos do artigo 71º e 72º CIRS. Obtemos o rendimento
global que é a base do rendimento coletável, a regra é que se aplica as taxas gerais,
progressivas. Mas alguns rendimentos quer de sujeitos passivos residentes quer os não
residentes estão sujeitos a taxas proporcionais. O que é variável é a quota apurada
porque se aplica uma taxa à quota e esta varia consoante as taxas aplicadas. Se for
progressiva ela progride, podemos ter imposto de taxas regressivas em que diminui o
imposto. Quando é de taxa proporcional quer dizer que é fixa, aplica-se a mesma taxa
independente do valor. A fração de imposto é que varia proporcionalmente, a taxa não
varia pois é fixa. A quota de imposto que é apurada é que varia, varia de modo
constante se for proporcional, se for progressivo varia de modo crescente.
11. As pessoas singulares residentes em território nacional têm uma obrigação ilimitada
de IRS, pelo que podem configurar-se situações de dupla tributação jurídica
internacional dos seus rendimentos. Explique a afirmação, justificando legalmente.
As pessoas residentes em território nacional têm uma tributação ilimitada de IRS nos
termos do artigo 13º nº1 CIRS, em que são tributadas as pessoas singulares residentes
em Portugal e por todo os seus rendimentos, sejam eles auferidos em Portugal ou não,
ou seja para estes vigora um princípio da universalidade ou de rendimento mundial,
juntamente com o artigo 15º nº1 visto que as pessoas que viverem em território
nacional o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos independentemente de
ser ou não auferidos em território nacional. No âmbito do artigo 13º LGT a tributação
pessoal abrange os rendimentos obtidos pelo sujeito com domicílio em território
português independentemente do local onde obtenha os rendimentos, ou seja, o
sujeito pode ser tributado pelos rendimentos que aufere no território português e os
que aufere em território internacional ficando assim cum uma dupla tributação
internacional dos seus rendimentos.
12. Em matéria de impostos, a reserva de lei parlamentar não abrange todas as matérias
fiscais, podendo o regulamento constituir fonte de direito fiscal, justifique,
fundamentando legalmente.
É imperativo que os impostos sejam criados e disciplinados nos que toca aos seus
elementos essenciais através de uma lei, por norma, do parlamento sendi este o órgão
de supremacia. Nos termos do artigo 103º nº2 leva-nos a querer que se legisla
mediante uma lei, decreto lei autorizado, por um decreto legislativo regional ou por
um regulamento autárquico sobre os elementos essenciais do imposto que nos leva a
entender que matérias referentes à liquidação, à cobrança, em que não são objeto
desta reserva de lei, estando apenas sujeito ao princípio da legalidade da
administração pública. Assim nos termos do artigo 103º nº3 nenhum sujeito pode ser
tributado quando a liquidação e a cobrança não se façam nos termos legais. Este
assunto acabou por ser resolvido nos termos do artigo 8º nº2 LGT que se estendeu à
liquidação e cobrança do imposto o principio da legalidade tributária assim não podem
ser estipulados por via de regulamento visto que integram os elementos essenciais. É
um produto de lei e não de normas e preceitos constitucionais e por isso é que se
refere o principio da legalidade tributária e não da legalidade fiscal nos termos do
artigo 8º nº1 LGT podendo aqui legislar-se por lei visto que não é matéria que se
enquadre nos termos da reserva relativa de lei à AR.
14. No direito fiscal pode entender-se que não é absolutamente proibida a analogia.
No que tange na integração das lacunas, havendo lacunas serão voluntarias na medida
que o legislador não previu, mas perante elementos essenciais dos impostos, se
determinado facto da vida não encontra norma de incidência, se não há previsão legal
não se pode colmatar a lacuna por via da analogia, isto decorre automática e
consequentemente do princípio tipicidade da sua vertente material. Segundo o artigo
11º nº4 em matéria de reserva de lei parlamentar não pode haver integração de
lacunas através de analogia. O interprete não pode integrar lacunas por analogias, mas
deve considerar a hipótese de o legislador estabelecer a possibilidade de situações de
poder o legislador prever o recurso à analogia com a integração de lacunas. Por razões
constitucionais é que retiramos o uso da analogia por causa do princípio da legalidade,
mas pelo princípio da igualdade fiscal em que há capacidade contributiva, há riqueza,
mas não há tributação, para realização de igualdade fiscal pode o legislador recorrer à
analogia para não haver diferenciação a nível de tributação.
A obrigação fiscal tem fonte legal porque tem a sua origem única na lei, ou seja, tem
uma formação legal, não depende da vontade das partes. De acordo com o artigo 36º
nº2 LGT nas suas fases da vida a sua fonte é sempre a lei. Diz o artigo que o elemento
essencial da relação jurídica tributária não pode ser alterados por vontade das partes.
Importa referir que a obrigação fiscal é o vínculo jurídico pelo qual uma pessoa
determinada de devedor ou sujeito passivo deva levar a cabo um certo
comportamento a favor de outra pessoa denominada de credor ou sujeito ativo que o
pode exigir.
23. Explique a seguinte afirmação, tendo em conta as normas legais relevantes: pode
afirmar-se que o IRS não é um imposto pessoal para todos os sujeitos passivos.
A regra é do englobamento, mas nem todos os sujeitos passivos vão ser alvo de
tributação porque uns tem obrigação limitada e outros não limitada. Os rendimentos
que os sujeitos não residentes auferem noutros países não são objeto de tributação no
território nacional assim diz-se que o IRS é um imposto pessoal, mas apenas para
residentes em território na nacional. E para os rendimentos a regra não é absoluta
porque não engloba todos os rendimentos. O regime previsto no 71º e 72º é o que
resulta de casos de não englobamento para sabermos os rendimentos dos residentes
que não estão sujeitos a tributação.
24. Suponha que o ministro das finanças pretende o aumento, em um ano, do prazo
geral da caducidade do direito á liquidação dos impostos. Em que termos poderá ser
concretizada tal pretensão?
O ministro das finanças não tem competência para legislar sobre esta matéria estando
ela consagrada no artigo 165º CRP e sendo da exclusiva competência da assembleia da
republica nos termos do artigo 165º nº1 i) CRP é da exclusiva competência da AR
legislar sobre a matéria de impostos ou dando autorização ao governo para tal em que
sendo assim o ministro das finanças deveria pedir à assembleia da república para
legislar sobre este assunto para que procedesse à sua pretensão de aumento do prazo
de caducidade do direito à liquidação dos impostos.
26. A criação dos tributos bilaterais – taxas, não está sujeita a reserva de lei em sentido
formal.
Há uma reserva de lei em sentido formal no que tange aos impostos e á sua disciplina
essencial, 103º nº2 em que os impostos são criados por lei que determina a sua
incidência, a taxa, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. Se for tributo
unilateral é da reserva da assembleia da república, enquanto que nos tributos
bilaterais, as taxas são cridas através das autarquias, não têm de ser obrigatoriamente
criadas pela assembleia da república, isto no que tange à reserva de lei em sentido
formal. Só há reserva quanto ao seu regime geral que são princípio e critérios para a
criação das taxas, terão de respeitar os princípios que conformam o regime geral das
taxas. Para determinadas áreas de tributos bilaterais de diversos tipos de entidades
publicas forma cridas taxas especiais. Regime geral das taxas das autarquias locais, lei
52/2006. Um exemplo do seu regime geral, a taxa não deve de exceder o valor do
custo ou o benefício que o obrigado retira do serviço, porque pode-se criar um
benefício superior ao custo e vice-versa. A CRP só exige que a lei parlamentear em
matéria de taxas aprove o regime geral de taxas, não exige que aprove o regime de
cada taxa.
27. A proibição absoluta da retroatividade dos impostos resulta do nº3 do artigo 103º
CRP.
Uma das vertentes do princípio da segurança jurídica é o da não retroatividade dos
impostos o que passou daquele artigo mencionado para o art.103º/3 CRP em que este
artigo refere que são proibidas normas fiscais retroativas que tenham uma incidência
que onerem ou agravem a situação jurídica dos contribuintes. Se os impostos forem
proibidos pelo art.103º/3 CRP e estes afetassem situações que tinham já produzido
todos os efeitos ao abrigo de leis anteriores então estamos face à retroatividade
própria, autêntica ou verdadeira. Para tal é preciso que se tenha verificado o facto
tributário, a liquidação e o pagamento do imposto. Mas se apenas se verificou o facto
tributário, mas não ainda a liquidação e, muito menos, a cobrança então estamos já
face à retroatividade imprópria, inautêntica ou falsa e, nestes casos, pondera o tribunal
se esta norma nova, ao retroagir, não irá afetar a confiança que o sujeito passivo do
imposto tem na norma. Caso o que se verifique é que a norma nova apenas regula o
facto tributário e este não estava regulado, pelo menos não na totalidade, pela norma
anterior então o que temos aqui não é já uma retroatividade, mas sim uma
retrospetividade, pelo que ambas as leis conseguirão manter a sua vigência, dado que
a norma nova vem completar, de certa forma, a norma anterior.
Casalta Nabais critica o facto de que se o que é efetivamente proibido é a
retroatividade própria e se é este conceito um tão concreto e restrito então aquele
pergunta-se se não se está a tentar repor uma situação prévia àquela consagrada na
CRP.
Perguntas de desenvolvimento
Suponha que o ministro das finanças pretende, relativamente aos veículos utilitários
reduzir o valor do IUC para metade do seu valor e com efeitos a 1 de janeiro de 2018.
Considerando os princípios da constituição fiscal, aprecie em que termos é que tal
medida pode ser concretizada.
Suponha que o governo pretende diminuir as taxas de 28%, previstas nos artigos 71º
e 72º do CIRS para 25%. Aprecie a possibilidade de concretizar tal pretensão.