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1.

Tendo em conta a referência corrente ao “reembolso do IRS”, como concilia com a prestação
de imposto ser coativa e definitiva?
O conceito de imposto é definido com recurso a 3 elementos sendo eles o elemento objetivo,
subjetivo e teleológico ou finalista. Assim o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral,
definitiva e coativa devida por detentores, individuais ou coletivos, de capacidade contributiva a
favor de entidades que exercem funções ou tarefas publicas e que é exigido pelas entidades que
exerçam funções públicas para a realização dessas mesmas funções, sendo que não têm um caráter
sancionatório. Assim a prestação do imposto é coativa porque tem como fonte a lei que é de
reserva relativa parlamentar nos termos do artigo 165º nº1 i CRP, o que implica que só a assembleia
da república é que pode legislar a criação de um imposto. Assim sendo é coativo quanto à sua
criação não havendo qualquer negócio entre sujeito ativo e passivo, e quanto ao seu cumprimento
em que não pode ser afastado pelas partes, 36º nº1 e 2 LGT. Assim a prestação também é definitiva
pois não dá lugar ao seu reembolso sendo que vigora aqui a unilateralidade do imposto.

2. Distinga entre liquidação e extinção da obrigação de imposto


Assim que determinada a matéria coletável vamos aplicar a taxa à matéria coletável e retiramos a
coleta estando assim na fase de liquidação do imposto, assim a liquidação não é a eliminação da
extinção da obrigação de imposto, é tornar a obrigação de imposto líquida, e assim passa a ser
exigível. No que diz respeito à extinção da obrigação de imposto esta só se dá com o pagamento no
ato da cobrança em que há um prazo para o pagamento voluntário para extinguir a obrigação do
imposto. Assim a liquidação consiste em tornar líquida a obrigação de imposto não importando a
sua extinção. Enquanto a extinção da obrigação de imposto se dá através do pagamento.

3. A natureza “coativa” não é exclusiva dos tributos unilaterais. Aprecie a afirmação,


considerando o conceito de “tributo”.
O conceito de tributo consiste nas receitas coativas que o estado aufere em que o estado
estabelece através dos tributos em que temos os tributos unilaterais e os tributos bilaterais. Temos
como tributos unilaterais o imposto, 4º nº1 LGT e como tributos bilaterais as taxas, 4º nº2 LGT.
Estamos perante um tributo em que a sua fonte é a lei que nos leva a ser uma prestação coativa.
Também no tributo bilateral estamos perante prestações coativas que tem por fonte a lei. A
coatividade é o que une o conceito de imposto e o de taxa. Assim sendo a natureza coativa não é
exclusiva dos tributos unilaterais pois os tributos bilaterais também são regidos pela lei.

4. Caraterística da coatividade dos tributos decorre da fonte da obrigação tributária. Explique a


afirmação, justificando legalmente.
A coatividade consiste no pressuposto que os tributos devem de ser criados por lei, que têm como
fonte a lei. Aqui identificamos o conceito de tributos que são as receitas coativas que o estado
aufere em que o estado estabelece através dos tributos. A lei fixa os pressupostos geradores da
obrigação de imposto, que uma vez verificados na realidade despoleta o nascimento da obrigação
de imposto. A lei é que tem de tipificar os factos tributários que estão definidos na incidência real
do imposto. 36º nº1 e 2 LGT – resposta de como nasce a obrigação de imposto. A lei prevê
abstratamente os factos da obrigação do imposto e verificando-se encontro do facto tributário que
está previsto na norma e que se verifica na vida real, o facto subsume-se à norma e está previsto a
obrigação de imposto. Também no tributo bilateral estamos perante prestações coativas e tem por
fonte a lei. Basta que a lei preveja um dos pressupostos do 4º nº2 LGT para que isso se verifique,
não é por vontade da pessoa.
A coatividade é o que une o conceito de imposto e taxa, a unilateralidade do imposto é o
elemento fundamental da distinção entre o imposto e a taxa, entre os unilaterais e os bilaterais.
5. A natureza grupal dos destinatários de certos tributos, constitui uma das razões principais da
questão da divisão dos tributos numa perspetiva dicotómica/binária ou numa perspetiva
tripartida/ternária. Explique a afirmação.
A divisão dos tributos levanta-nos uma questão do Casalta Nabais, em que temos os tributos
que são incluídos os unilaterais que são os impostos 4º nº1, e bilaterais que são as taxas 4º nº2.
Sendo esta a teoria defendida por Casalta Nabais. Nos termos do artigo 4º nº3 temos as
contribuições especiais que são de melhoria e por maior despesa. Por sua vez a CRP, 165º nº1 i,
faz referências a taxas e outras contribuições financeiras a favor das entidades públicas. Podendo
ser este facto capaz de suscitar a questão dos tributos podendo ser binária ou tripartida.
Este artigo 4º nº3 as contribuições especiais de melhoria estão na primeira parte deste artigo
enquanto que as contribuições por maior despesa estão assentes na parte final deste artigo.
As contribuições especiais têm um carater pessoal porque aplica-se às pessoas em geral, as
demais contribuições financeiras são contribuições que se dirigem a determinados grupos de
pessoas que apresentam atividade. São entidades publicas que tem função de supervisão e que
são fixadas por lei que são para essa supervisão. Não há prestação e contraprestação, mas há
serviço de supervisão latente e efetivo que justifica a contraprestação, a doutrina em considera
que estas contribuições financeiras têm caraterísticas de natureza grupal, mas o seu regime é o
das taxas.
Quer as contribuições especiais que são uma subcategoria dos tributos unilaterais que se
dirigem a um grupo, segundo Casalta Nabais são também tributos bilaterais, tributos que se
reconduzem à repartição que ele se refere com uma diferença em relação as taxas em que nas
taxas à uma contrapartida, enquanto que nestes tributos há uma natureza grupal, dirigem-se a um
grupo. O facto de haver essa supervisão beneficia as entidades no sentido em que elas ganhem
esse sentido de segurança. Se o ente público conceder as normas que se aplicam as taxas pode ser
que consiga conceder as contraprestações.

6. Impostos pessoais e impostos reais

Sobre o imposto pessoal que será único e progressivo tendo em conta as necessidades
do agregado familiar, artigo 104º nº1. A CRP aponta que o IRS seja um imposto pessoal.
Faz-se a pessoalização e aqui encontramos algumas caraterísticas que encontramos no
IRS. Os impostos pessoais são impostos que tributam a matéria coletável tendo em
conta a pessoa do contribuinte e do seu agregado familiar, a pessoalização é feita sobre
o imposto do rendimento singular. Incide sobre o rendimento e tem o sujeito passivo
que é o contribuinte, e todas as regras do imposto conclui-se que o apuramento da
obrigação de imposto é feito tendo em conta as condições familiares do contribuinte.
Quanto aos impostos reais, a tributação faz-se centrando na matéria coletável sem ter
em conta as especiais caraterísticas do contribuinte, resulta de uma aplicação de uma
taxa a um certo montante, são impostos que são cobrados de igual forma a todos os
sujeitos.

7. Impostos periódicos e impostos de obrigação única

A distinção dos impostos entre periódicos e de obrigação única, compreende-se a


importância da distinção que reside na configuração do elemento temporal do facto
tributário. Nos impostos de obrigação única são impostos instantâneo por terem na
base um elemento temporal que não tem critérios jurídicos, mas sim critérios
naturalísticos que não releva importância maior, que recaem perante factos isolados. Já
os impostos periódicos ou duradouros levantam complexidade porque tem um âmbito
temporal que prolonga ao longo do tempo em que coincide com o ano civil.
Relevância da distinção - Efeitos de extinção da obrigação de imposto em que pode ser
a prescrição, também a autoridade tributária a liquidar o imposto tem um tempo para
poder tributar o imposto, 45º nº4 e 48º nº1 LGT. Para efeitos da caducidade e
prescrição interessa a distinção entre impostos periódicos e de obrigação única por
causa do elemento duradouro destes impostos. A caducidade está ligada com a
liquidação do imposto, se não líquida a tempo caduca e não pode extinguir, se não for
notificada ao contribuinte, não fica líquida, não é exigível, não extingue a obrigação de
imposto, mas como não foi exigível no prazo que estabelece não pode ser extinta,
ficando caducada. Caducidade não extingue a obrigação dos impostos, extingue o
direito de liquidar a obrigação do imposto. Já quanto à prescrição é o modo de
extinção do imposto ao longo do tempo.

8. Impostos de quota fixa e quota variável

Tem a ver com o modo de definir o montante individual dos contribuintes, ou seja,
definido um montante fixo igual para todos ou faz variar o montante através da quota
variável. Quota fixa é um valor fixo, valor de capitação, per capita, por cabeça, aqueles
em que a lie diz direta e expressamente qual a importância, o montante, a ser prestado
pelos contribuintes que não varia de sujeito passivo para sujeito passivo. Os impostos
de quota variável é aquele em que o imposto varia conforme a matéria coletável. O IRS
tem como taxas gerais, taxas progressivas, 68º CIRS, mas também tem taxas
proporcionais ou fixas nos termos do artigo 71º e 72º CIRS. Obtemos o rendimento
global que é a base do rendimento coletável, a regra é que se aplica as taxas gerais,
progressivas. Mas alguns rendimentos quer de sujeitos passivos residentes quer os não
residentes estão sujeitos a taxas proporcionais. O que é variável é a quota apurada
porque se aplica uma taxa à quota e esta varia consoante as taxas aplicadas. Se for
progressiva ela progride, podemos ter imposto de taxas regressivas em que diminui o
imposto. Quando é de taxa proporcional quer dizer que é fixa, aplica-se a mesma taxa
independente do valor. A fração de imposto é que varia proporcionalmente, a taxa não
varia pois é fixa. A quota de imposto que é apurada é que varia, varia de modo
constante se for proporcional, se for progressivo varia de modo crescente.

9. Princípio da legalidade fiscal

O princípio da legalidade fiscal consubstancia-se na ideia de Autotributação /


autoliquidação / autoimposição em que é imperativo que os impostos sejam criados e
disciplinados no que toca aos seus elementos essenciais através de uma lei, por norma,
do parlamento.
Pode-se dizer que este princípio assenta em duas vertentes, a formal com reserva de lei
em sentido formal previsto no artigo 165º nº1 i CRP em que conjugado com o artigo
103º nº2 os impostos são criados por lei que determina a sua incidência, taxa,
benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. Em que se exige uma intervenção da
assembleia da república ou uma intervenção autorizada do governo. E a reserva
material de lei que é mais abstrata e remete para o princípio da tipicidade em que se
exige que a lei legisle sobre aqueles elementos seja tao completa quanto possível no
que toca aos elementos essências conforme definidos pelo artigo 103º nº2 CRP.
Imagine que o ministro das finanças se propõe a alterar as taxas de IRS retirando 10%
às taxas iniciais, ainda que seja por via de alteração como por via da redução estamos
perante elementos essenciais dos impostos, se for alteração está a mexer da disciplina
do elemento essencial que é a taxa, se for a redução estamos perante benefícios
fiscais. Como se pode concretizar este projeto de acordo com o princípio da legalidade
fiscal, uma das hipóteses é alteração da taxa de imposto outra das hipóteses é a
redução da taxa através do benefício fiscal, isto está sujeito a reserva de lei em sentido
formal, ou há intervenção em sentido material da assembleia da república que legisla
sobre essa matéria, ou autoriza o governo a legislar por força do artigo 165º nº1 i mais
o nº2.
Consagra a redução de taxa para os profissionais das áreas artísticas em 20%. De
acordo com a vertente material do principio da legalidade fiscal resulta uma reserva,
quanto aos elementos essenciais do imposto, a lei determina esses elementos e retira-
se daí a reserva material de lei, é diferente de reserva de lei material, alem de haver
reserva e lei, depois de determinar quem legisla, a vertente material de lei fiscal impõe
como o legislador deve de legislar acerca destas matérias que determina estes
elementos e a norma deve de ser densificada de forma a ser aplicada ao caso em
concreto.
Temos de partir da matéria que vai ser consagrada, fazer a qualificação da matéria para
ver se está abrangido pelo princípio da legalidade fiscal a que acresce a reserva
material de lei ou conteudística em que tem de ter um conteúdo tão quão completo
quanto possível. A lei tem de estabelecer critério daquilo que é baixo tendo em conta o
rendimento do agregado familiar.
Para respeitar a reserva material de lei, princípio da tipicidade, as normas que criam o
imposto e regulam os seus elementos, era preciso que as normas que consagra esta
redução, consideram-se famílias numerosas aquelas que têm pelo menos 4 elementos
no agregado familiar, e a nível de rendimentos, se o seu rendimento per capita anual
for inferior a 5000€ é uma família numerosa de baixo rendimento. Isto varia de acordo
com a composição da família, se tiver algum deficiente, é preciso que a lei concretize
estas situações. Aplica-se apenas à criação de impostos e há disciplina dos elementos
essenciais, fora essa matéria não se aplica o princípio da legalidade fiscal desde logo a
reserva de lei em sentido formal.
O n° 3 diz que não somos obrigados a pagar impostos, em matéria de liquidação e
cobrança não somos obrigados a pagar. A lei do n°3 não é a lei do n°2, que lei é esta? A
doutrina divide-se em que casalta nabais, a lei do n°3 era lei em sentido material,
qualquer norma em sentido material e abstrato enquanto que para outros autores o
conceito era mais apertado. Casalta entendia isto que podia um regulamento
determinar regras sobre os impostos, a CRP 1976 redige isto, mas na LGT temos o 8°n°1
que levanta questões constitucionais, este repete o que dissemos sobre o artigo
103°n°2, consagra o princípio da legalidade tributária, mas tem o n°2. Estão ainda
sujeitas ao princípio da legalidade não está sujeito a reserva de lei em sentido formal
estão numa reserva de diploma legislativo, ou é a lei da Assembleia da República ou é
decreto lei. Afasta os regulamentos. Ao abrigo do 103°n°3 entendia que era
regulamentos, por força do artigo 8°n°2 é forçado a considerar que são abrangidos pela
legalidade tributária é reserva de ato ou diploma legislativo não precisa de autorização
da assembleia da República.
10. Prazos de prescrição e caducidade do direito

O artigo 8º nº2 a LGT estipulou que se estende à liquidação e à cobrança do imposto o


princípio da legalidade tributária assim como os prazos de prescrição e caducidade do
imposto, portanto, estes não podem ser estipulados por via do regulamento dado que
integram o elenco dos elementos essenciais, contudo como são produto
infraconstitucional, um produto de lei e não de norma e preceitos constitucionais. Aqui
pode legislar-se por lei, pela assembleia da república ou por decreto-lei do governo
dado que não é matéria que se enquadre no termos da reserva relativa de lei à
assembleia da república.

11. As pessoas singulares residentes em território nacional têm uma obrigação ilimitada
de IRS, pelo que podem configurar-se situações de dupla tributação jurídica
internacional dos seus rendimentos. Explique a afirmação, justificando legalmente.
As pessoas residentes em território nacional têm uma tributação ilimitada de IRS nos
termos do artigo 13º nº1 CIRS, em que são tributadas as pessoas singulares residentes
em Portugal e por todo os seus rendimentos, sejam eles auferidos em Portugal ou não,
ou seja para estes vigora um princípio da universalidade ou de rendimento mundial,
juntamente com o artigo 15º nº1 visto que as pessoas que viverem em território
nacional o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos independentemente de
ser ou não auferidos em território nacional. No âmbito do artigo 13º LGT a tributação
pessoal abrange os rendimentos obtidos pelo sujeito com domicílio em território
português independentemente do local onde obtenha os rendimentos, ou seja, o
sujeito pode ser tributado pelos rendimentos que aufere no território português e os
que aufere em território internacional ficando assim cum uma dupla tributação
internacional dos seus rendimentos.

12. Em matéria de impostos, a reserva de lei parlamentar não abrange todas as matérias
fiscais, podendo o regulamento constituir fonte de direito fiscal, justifique,
fundamentando legalmente.
É imperativo que os impostos sejam criados e disciplinados nos que toca aos seus
elementos essenciais através de uma lei, por norma, do parlamento sendi este o órgão
de supremacia. Nos termos do artigo 103º nº2 leva-nos a querer que se legisla
mediante uma lei, decreto lei autorizado, por um decreto legislativo regional ou por
um regulamento autárquico sobre os elementos essenciais do imposto que nos leva a
entender que matérias referentes à liquidação, à cobrança, em que não são objeto
desta reserva de lei, estando apenas sujeito ao princípio da legalidade da
administração pública. Assim nos termos do artigo 103º nº3 nenhum sujeito pode ser
tributado quando a liquidação e a cobrança não se façam nos termos legais. Este
assunto acabou por ser resolvido nos termos do artigo 8º nº2 LGT que se estendeu à
liquidação e cobrança do imposto o principio da legalidade tributária assim não podem
ser estipulados por via de regulamento visto que integram os elementos essenciais. É
um produto de lei e não de normas e preceitos constitucionais e por isso é que se
refere o principio da legalidade tributária e não da legalidade fiscal nos termos do
artigo 8º nº1 LGT podendo aqui legislar-se por lei visto que não é matéria que se
enquadre nos termos da reserva relativa de lei à AR.

13. Apesar da sua natureza de obrigação legal, é possível a transmissão da obrigação


fiscal.
A obrigação fiscal é intransmissível regendo-se assim pelo principio da
intransmissibilidade dos créditos e dívidas tributárias de acordo com o artigo 29º nº1 e
3 LGT. Mas nos termos do nº2 do mesmo artigo existe uma exceção que ocorre na
sucessão legal que estipula a exceção do lado ativo no que toca à sub-rogação nos
direitos de fazenda pública, artigo 41º nº2 LGT.

14. No direito fiscal pode entender-se que não é absolutamente proibida a analogia.
No que tange na integração das lacunas, havendo lacunas serão voluntarias na medida
que o legislador não previu, mas perante elementos essenciais dos impostos, se
determinado facto da vida não encontra norma de incidência, se não há previsão legal
não se pode colmatar a lacuna por via da analogia, isto decorre automática e
consequentemente do princípio tipicidade da sua vertente material. Segundo o artigo
11º nº4 em matéria de reserva de lei parlamentar não pode haver integração de
lacunas através de analogia. O interprete não pode integrar lacunas por analogias, mas
deve considerar a hipótese de o legislador estabelecer a possibilidade de situações de
poder o legislador prever o recurso à analogia com a integração de lacunas. Por razões
constitucionais é que retiramos o uso da analogia por causa do princípio da legalidade,
mas pelo princípio da igualdade fiscal em que há capacidade contributiva, há riqueza,
mas não há tributação, para realização de igualdade fiscal pode o legislador recorrer à
analogia para não haver diferenciação a nível de tributação.

15. Considerando o conceito de tributo, aprecie a afirmação: a natureza coativa não é


exclusiva dos tributos unilaterais.
Esta prestação é coativa porque tem como fonte a lei, lei que é da reserva relativa
parlamentar nos termos do artigo 165º nº1 i CRP, o que implica que só a AR pode
legislar a criação de um imposto, não obstante conferir ao governo tal poder. Assim o
imposto é duplamente coativo, quanto à sua criação em que não há qualquer
negociação entre sujeitos ativo e passivo do imposto e quanto ao seu cumprimento em
que não pode ser afastado pelas partes, 36º nº1 e 2 LGT. Aqui identificamos o conceito
de tributos que são as receitas coativas que o estado aufere em que o estado
estabelece através dos tributos. Também no tributo bilateral estamos perante
prestações coativas e tem por fonte a lei.

16. A obrigação fiscal tem fonte voluntária ou legal?

A obrigação fiscal tem fonte legal porque tem a sua origem única na lei, ou seja, tem
uma formação legal, não depende da vontade das partes. De acordo com o artigo 36º
nº2 LGT nas suas fases da vida a sua fonte é sempre a lei. Diz o artigo que o elemento
essencial da relação jurídica tributária não pode ser alterados por vontade das partes.
Importa referir que a obrigação fiscal é o vínculo jurídico pelo qual uma pessoa
determinada de devedor ou sujeito passivo deva levar a cabo um certo
comportamento a favor de outra pessoa denominada de credor ou sujeito ativo que o
pode exigir.

17. A caducidade, a par da prescrição, constitui modo de extinção da obrigação fiscal?


Para efeitos da caducidade e prescrição interessa a distinção entre impostos periódicos
e de obrigação única por causa do elemento duradouro destes impostos. A caducidade
está ligada com a liquidação do imposto, se não líquida a tempo caduca e não pode
extinguir, se não for notificada ao contribuinte, não fica líquida, não é exigível, não
extingue a obrigação de imposto, mas como não foi exigível no prazo que estabelece
não pode ser extinta, ficando caducada. Caducidade não extingue a obrigação dos
impostos, extingue o direito de liquidar a obrigação do imposto. Já quanto à prescrição
é o modo de extinção do imposto ao longo do tempo.

18. A obrigação fiscal é “indisponível e irrenunciável”. Justifique


É uma obrigação indisponível e irrenunciável porque o credor do imposto não tem
poder para conceder moratórias, para permitir o pagamento em prestações ou para
conceder perdões de dívidas artigo 29º nº1 e 3, 30º nº2, 36º nº3 e 37º nº2 LGT. No
mesmo sentido vai o art.85º nº3 CPPT ao permitir a concessão de moratórias ou a
suspensão da execução fiscal quando a lei assim o permita, sendo que tal concessão
fora da lei e dolosamente implicam responsabilidade tributária e subsidiária. No que
toca ao pagamento em prestações há a exceção do sujeito passivo poder requerer tal
formato de pagamento, quando a lei o autorize artigo 42º LGT e 86º nº2 e 3 e 196º
CPPT..

19. Enuncie as principais caraterísticas dos impostos pessoais.


Os impostos pessoais são impostos que tributam a matéria coletável tendo em conta a
pessoa do contribuinte e do seu agregado familiar, a pessoalização é feita sobre o
imposto do rendimento singular. Incide sobre o rendimento e tem o sujeito passivo
que é o contribuinte, e todas as regras do imposto conclui-se que o apuramento da
obrigação de imposto é feito tendo em conta as condições familiares do contribuinte.
São impostos caraterizados por 4 elementos, tem como característica tributar a
globalidade do rendimento, a taxas progressivas/taxas crescentes, permitir a dedução
de encargos resultantes de despesas relativas ao agregado familiar, socialmente
relevantes, como sejam as de educação, saúde. Consagra-se a isenção do mínimo da
existência, é o montante abaixo do qual o contribuinte não deve de ficar após a
tributação do rendimento. CIRS artigo 70º. A tributação do rendimento global, 22º
CIRS, englobamento. A taxa progressiva artigo 68º, 78º deduções dos encargos com as
despesas familiares.

20. No âmbito da relação jurídica tributária, distinga entre caducidade e liquidação.


Assim que determinada a matéria coletável vamos aplicar a taxa à matéria coletável e
retiramos a coleta estando assim na fase de liquidação do imposto, assim a liquidação
não é a eliminação da extinção da obrigação de imposto, é tornar a obrigação de
imposto líquida, e assim passa a ser exigível. A caducidade está ligada com a liquidação
do imposto, se não líquida a tempo caduca e não pode extinguir, se não for notificada
ao contribuinte, não fica líquida, não é exigível, não extingue a obrigação de imposto,
mas como não foi exigível no prazo que estabelece não pode ser extinta, ficando
caducada. Caducidade não extingue a obrigação dos impostos, extingue o direito de
liquidar a obrigação do imposto.
21. O que significa a caraterização do imposto como prestação coativa? Tal caraterística
verifica-se quanto ao IRS?
Esta prestação é coativa porque tem como fonte a lei, é uma prestação cuja fonte é a
lei. Lei esta que é de reserva relativa parlamentar, nos termos do art.165º/1/i) CRP, o
que implica que só a AR pode legislar a criação de um imposto, não obstante conferir
ao Governo tal poder. Ora o imposto resulta de uma imposição legal ao contribuinte e,
ao mesmo tempo, não pode ser afastado por vontade das partes pelo que se diz que o
imposto é duplamente coativo: é coativo quanto à criação – não há qualquer
negociação entre sujeitos ativo e passivo do imposto – e quanto ao seu cumprimento –
não pode ser afastado por vontade das partes (cfr.art.36º/1 e 2 LGT). Assim esta
caraterística verifica-se quanto ao IRS visto que este é imposto pela lei. Sendo que é
imperativo que os impostos sejam criados e disciplinados nos que toca aos seus
elementos essenciais através de uma lei.

22. Em que consiste a liquidação do imposto?


Assim que determinada a matéria coletável vamos aplicar a taxa à matéria coletável e
retiramos a coleta estando assim na fase de liquidação do imposto, assim a liquidação
não é a eliminação da extinção da obrigação de imposto, é tornar a obrigação de
imposto líquida, e assim passa a ser exigível.

23. Explique a seguinte afirmação, tendo em conta as normas legais relevantes: pode
afirmar-se que o IRS não é um imposto pessoal para todos os sujeitos passivos.
A regra é do englobamento, mas nem todos os sujeitos passivos vão ser alvo de
tributação porque uns tem obrigação limitada e outros não limitada. Os rendimentos
que os sujeitos não residentes auferem noutros países não são objeto de tributação no
território nacional assim diz-se que o IRS é um imposto pessoal, mas apenas para
residentes em território na nacional. E para os rendimentos a regra não é absoluta
porque não engloba todos os rendimentos. O regime previsto no 71º e 72º é o que
resulta de casos de não englobamento para sabermos os rendimentos dos residentes
que não estão sujeitos a tributação.

24. Suponha que o ministro das finanças pretende o aumento, em um ano, do prazo
geral da caducidade do direito á liquidação dos impostos. Em que termos poderá ser
concretizada tal pretensão?
O ministro das finanças não tem competência para legislar sobre esta matéria estando
ela consagrada no artigo 165º CRP e sendo da exclusiva competência da assembleia da
republica nos termos do artigo 165º nº1 i) CRP é da exclusiva competência da AR
legislar sobre a matéria de impostos ou dando autorização ao governo para tal em que
sendo assim o ministro das finanças deveria pedir à assembleia da república para
legislar sobre este assunto para que procedesse à sua pretensão de aumento do prazo
de caducidade do direito à liquidação dos impostos.

25. O princípio da legalidade fiscal não exige a intervenção parlamentar em todas as


matérias de imposto.
O princípio da legalidade fiscal exige que a criação ou modificação de tributos só possa
ser realizada por meio de lei, ou seja, a intervenção do Poder Legislativo é necessária
nesse processo. No entanto, nem todas as matérias fiscais precisam passar pelo crivo
do parlamento, já que algumas delas podem ser definidas por regulamentos ou atos
administrativos, desde que não haja criação ou majoração de tributos.

26. A criação dos tributos bilaterais – taxas, não está sujeita a reserva de lei em sentido
formal.
Há uma reserva de lei em sentido formal no que tange aos impostos e á sua disciplina
essencial, 103º nº2 em que os impostos são criados por lei que determina a sua
incidência, a taxa, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. Se for tributo
unilateral é da reserva da assembleia da república, enquanto que nos tributos
bilaterais, as taxas são cridas através das autarquias, não têm de ser obrigatoriamente
criadas pela assembleia da república, isto no que tange à reserva de lei em sentido
formal. Só há reserva quanto ao seu regime geral que são princípio e critérios para a
criação das taxas, terão de respeitar os princípios que conformam o regime geral das
taxas. Para determinadas áreas de tributos bilaterais de diversos tipos de entidades
publicas forma cridas taxas especiais. Regime geral das taxas das autarquias locais, lei
52/2006. Um exemplo do seu regime geral, a taxa não deve de exceder o valor do
custo ou o benefício que o obrigado retira do serviço, porque pode-se criar um
benefício superior ao custo e vice-versa. A CRP só exige que a lei parlamentear em
matéria de taxas aprove o regime geral de taxas, não exige que aprove o regime de
cada taxa.

27. A proibição absoluta da retroatividade dos impostos resulta do nº3 do artigo 103º
CRP.
Uma das vertentes do princípio da segurança jurídica é o da não retroatividade dos
impostos o que passou daquele artigo mencionado para o art.103º/3 CRP em que este
artigo refere que são proibidas normas fiscais retroativas que tenham uma incidência
que onerem ou agravem a situação jurídica dos contribuintes. Se os impostos forem
proibidos pelo art.103º/3 CRP e estes afetassem situações que tinham já produzido
todos os efeitos ao abrigo de leis anteriores então estamos face à retroatividade
própria, autêntica ou verdadeira. Para tal é preciso que se tenha verificado o facto
tributário, a liquidação e o pagamento do imposto. Mas se apenas se verificou o facto
tributário, mas não ainda a liquidação e, muito menos, a cobrança então estamos já
face à retroatividade imprópria, inautêntica ou falsa e, nestes casos, pondera o tribunal
se esta norma nova, ao retroagir, não irá afetar a confiança que o sujeito passivo do
imposto tem na norma. Caso o que se verifique é que a norma nova apenas regula o
facto tributário e este não estava regulado, pelo menos não na totalidade, pela norma
anterior então o que temos aqui não é já uma retroatividade, mas sim uma
retrospetividade, pelo que ambas as leis conseguirão manter a sua vigência, dado que
a norma nova vem completar, de certa forma, a norma anterior.
Casalta Nabais critica o facto de que se o que é efetivamente proibido é a
retroatividade própria e se é este conceito um tão concreto e restrito então aquele
pergunta-se se não se está a tentar repor uma situação prévia àquela consagrada na
CRP.
Perguntas de desenvolvimento

O código do IRS consagra diversos tipos de deduções para efeito de determinação da


obrigação de imposto, as quais constituem claras manifestações do principio da
capacidade contributiva plasmado na constituição fiscal.
Aprecie criticamente a afirmação, identificando e expondo sumariamente sobre o
mencionado principio e as manifestações referidas, concretizando e exemplificando
por referencia ás regras do CIRS.

Suponha que o ministro das finanças pretende, relativamente aos veículos utilitários
reduzir o valor do IUC para metade do seu valor e com efeitos a 1 de janeiro de 2018.
Considerando os princípios da constituição fiscal, aprecie em que termos é que tal
medida pode ser concretizada.

Suponha que o governo pretende diminuir as taxas de 28%, previstas nos artigos 71º
e 72º do CIRS para 25%. Aprecie a possibilidade de concretizar tal pretensão.

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