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Princípio da igualdade fiscal + Princípio da capacidade contributiva. 13º CRP.

Vimos de uma
igualdade, típica do Estado liberal, perante a lei – todos iguais perante a lei, sem discriminação
e privilégios. Começa por ser liberdade formal. Caminhamos para uma igualdade na lei, a
igualdade no sentido material, que tem uma dupla manifestação: a ideia de generalidade ou
universalidade, no sentido de que todos devem estar adstritos ao cumprimento do dever de
pagar impostos; e da uniformidade, em que devem pagar de acordo com um mesmo critério, o
qual fixa a medida do imposto. É um dos pressupostos do imposto, o princípio da capacidade
contributiva. Assim, quem tiver a mesma capacidade contributiva com o mesmo rendimento
deve pagar o mesmo imposto – igualdade fiscal horizontal; quem tiver capacidade contributiva
e/ou rendimento diferente deve pagar o imposto na medida da diferença – igualdade fiscal
vertical. Questão mais relevante é a de saber como se concretiza a uniformidade. Será através
de um imposto de taxa proporcional ou um imposto de taxa progressiva? Casalta Nabais
defende a proporcionalidade. Mas se assim for o sacrifício não é o mesmo. Quem tiver
rendimentos mais baixos deve pagar taxa inferior; quem tiver rendimentos mais altos deve
pagar taxa superior. A Constituição refere um imposto de taxa progressiva. Aquela liga-se a
uma ideia de sacrífico. Das várias implicações que decorre da igualdade fiscal enquanto
uniformidade e do princípio da capacidade contributiva, em matéria de impostos sobre
rendimento aquele manifesta-se como um princípio de rendimento líquido e um princípio de
rendimento disponível. Há lugar à tributação do rendimento líquido, e não do rendimento
bruto. Não deve ser tributado o rendimento que constitui o mínimo essencial à vida da pessoa
e da sua família. Assim, só se deve considerar o rendimento depois de expurgado aquele. Daí o
conceito de rendimento disponível.
Impostos periódicos e de obrigação única.
A importância da distinção reside na configuração do elemento temporal do facto tributário.
No caso dos impostos sobre transmissão de imóveis, o imposto incide sobre o adquirente do
mesmo. Releva, nesta hipótese, o momento da aquisição. Por um lado, nestes impostos
falamos em factos instantâneos, pelo outro nos demais temos factos continuados ou
duradouros. São periódicos quando assentam em factos tributários de natureza duradoura.
Estes tendem a renovar-se no tempo, período após período. Geram, portanto, obrigações
periódicas de imposto. Já quando o facto é intermitente ou instantâneo temos os chamados
impostos de obrigação única, também designados por instantâneos: geram aquela obrigação,
mas não há qualquer relação com outras que se possam a vir a criar seguidamente. A
contagem dos prazos de prescrição (da obrigação de imposto) e caducidade (da liquidação) é
um dos elementos importantes da distinção, bem como a própria aplicação da lei fiscal no
tempo, a propósito da retroatividade dos impostos. Em suma, os impostos periódicos definem-
se pelo momento da verificação do facto tributário, isto é, pela configuração do elemento
temporal do facto tributário, sendo periódicos aqueles relativamente aos quais o facto é de
verificação continuada, prolongando-se ao longo do tempo e repetindo-se período após
período. Quando o facto tributário apresenta natureza duradoura há lugar a uma obrigação
periódica de imposto. Quando o facto é instantâneo ou intermitente o imposto diz-se de
obrigação única.
Impostos de quota fixa e variável
Temos como pressuposto natural que os impostos são de quota variável: dependendo de um
valor, por exemplo, do imóvel ou do rendimento, a obrigação de imposto irá ser diferente. O
imposto de quota variável contrapõe-se ao de quota fixa, no qual é determinada uma quota
fixa, um valor a pagar por todos os contribuintes. Não há, nestes, necessidade de verificar o
quantitativo da matéria tributada. A distinção prende-se com o modo de definir e, em
consequência, de determinar o montante individual do imposto, ou seja, o montante a pagar
por cada contribuinte. A lei ou determina que esse montante seja para todos os contribuintes
uma importância fixa por ela mesma estabelecida – imposto de quota fixa – ou faz variar esse
montante em função da matéria coletável ou tributável, indicado neste caso, por via de regra
sob a forma duma percentagem, o fator ou fatores (taxa ou alíquota) que devem recair sobre o
valor da matéria coletável para o apuramento da coleta – imposto de quota variável. No
primeiro caso temos os impostos de quota fixa, que têm de caraterístico, além do mais, a
dispensa de uma liquidação (stricto sensu), já que o montante da coleta consta da própria lei. É
o caso da Contribuição para o Audiovisual. Quanto à imposto de quota variável, dissemos que
o montante vai variar em função da variação matéria coletável, mas aquela pode ser por uma
taxa diferente: taxa proporcional – variação numa proporção ou taxa fixa; taxa progressiva – a
variação será ascendente; e taxa regressiva – quando a variação da proporção ou taxa for
descendente. Nos segundos, os impostos em que há uma taxa progressiva, temos uma
progressividade, a qual se divide em várias modalidades, destacando-se a que incide sobre
classes (aplica-se uma única taxa a todo o rendimento tributável, a taxa atingida pelo
montante deste) e escalões (a cada escalão do rendimento tributável aplica-se a
correspondente taxa) (art. 68.º CIRS). Como é que a quota varia? Varia de um modo
proporcional ou constante nos impostos de taxa proporcional; varia de um modo crescente
nos impostos de taxa progressiva; varia de um modo decrescente nos impostos de taxa
regressiva. Não será a taxa que varia, mas antes a coleta, o montante de imposto apurado.
Os impostos de quota variável não implicam que a taxa seja, necessariamente, variável.
Justifique. Temos como pressuposto natural que os impostos são de quota variável:
dependendo de um valor, por exemplo, do imóvel ou do rendimento, a obrigação de imposto
irá ser diferente. O imposto de quota variável contrapõe-se ao de quota fixa, no qual é
determinada uma quota fixa, um valor a pagar por todos os contribuintes. Não há, nestes,
necessidade de verificar o quantitativo da matéria tributada. A distinção prende-se com o
modo de definir e, em consequência, de determinar o montante individual do imposto, ou
seja, o montante a pagar por cada contribuinte. A lei ou determina que esse montante seja
para todos os contribuintes uma importância fixa por ela mesma estabelecida – imposto de
quota fixa – ou faz variar esse montante em função da matéria coletável ou tributável,
indicado neste caso, por via de regra sob a forma duma percentagem, o fator ou fatores (taxa
ou alíquota) que devem recair sobre o valor da matéria coletável para o apuramento da coleta
– imposto de quota variável. No primeiro caso temos os impostos de quota fixa, que têm de
caraterístico, além do mais, a dispensa de uma liquidação (stricto sensu), já que o montante da
coleta consta da própria lei. É o caso da Contribuição para o Audiovisual. Quanto à imposto de
quota variável, dissemos que o montante vai variar em função da variação matéria coletável,
mas aquela pode ser por uma taxa diferente: taxa proporcional – variação numa proporção ou
taxa fixa; taxa progressiva – a variação será ascendente; e taxa regressiva – quando a variação
da proporção ou taxa for descendente. Nos segundos, os impostos em que há uma taxa
progressiva, temos uma progressividade, a qual se divide em várias modalidades, destacando-
se a que incide sobre classes (aplica-se uma única taxa a todo o rendimento tributável, a taxa
atingida pelo montante deste) e escalões (a cada escalão do rendimento tributável aplica-se a
correspondente taxa) (art. 68.º CIRS). Como é que a quota varia? Varia de um modo
proporcional ou constante nos impostos de taxa proporcional; varia de um modo crescente
nos impostos de taxa progressiva; varia de um modo decrescente nos impostos de taxa
regressiva. Não será a taxa que varia, mas antes a coleta, o montante de imposto apurado.
O conceito de imposto - Pode ser definido, na teoria da Casalta Nabais, o imposto com o
recurso a três elementos: um elemento objetivo, um elemento subjetivo e um elemento
teleológico ou finalista. Mas antes de qualquer coisa vamos apresentar a noção que por
completo para a seguir a desmembrarmos. Assim, imposto é uma prestação pecuniária,
unilateral, definitiva e coativa devida por detentores, individuais ou coletivos, de capacidade
contributiva a favor de entidades que exerçam funções ou tarefas públicas e que é exigido
pelas entidades que exerçam funções públicas para a realização dessas mesmas funções,
sendo que não têm um caráter sancionatório.
Momentos da vida do imposto - Do ponto de vista jurídico considera-se existir dois momentos
essenciais da vida do imposto. O primeiro momento designa-se por momento do
estabelecimento, incidência, criação ou instituição do imposto. Este é um momento
iminentemente normativo, o qual se rege pelo princípio da legalidade, de acordo com o qual a
criação dos impostos incumbe à assembleia, seja diretamente, pela lei parlamentar, ou de
modo indireto, mediante autorização legislativa concedida ao governo. Neste momento temos
a determinação do objeto do imposto, dos sujeitos ativos e passivos da obrigação de imposto,
da matéria coletável e dos benefícios fiscais, caso esses existam, os quais visam reduzir ou
mesmo excluir a obrigação de imposto. Com objeto referimo-nos ao pressuposto gerador ou
pressuposto de facto, que será o facto que dá origem ao imposto. A matéria coletável
determina-se pela aplicação das deduções (específicas) aos rendimentos brutos, de modo a
torná-los líquidos, para seguidamente lhes aplicar uma percentagem, designada por taxa ou
alíquota, o que resulta na determinação da matéria coletável ou coleta, à qual podemos ainda
ter que vir a aplicar eventuais deduções (as deduções à coleta). No segundo momento temos a
aplicação, efetivação, administração ou gestão do imposto. Este, diferentemente do que
sucede com o anterior, é um momento principalmente administrativo, consagrado nas
operações de lançamento, liquidação e cobrança. Trata-se da aplicação prática das regras
definidas no momento anterior. O lançamento divide-se em dois: no lançamento subjetivo
encontramos a determinação de qual o sujeito passivo, titular da obrigação de imposto; no
lançamento objetivo temos a determinação da matéria coletável e da taxa a aplicar. No
momento da liquidação temos a determinação do montante de imposto a pagar, mediante a
aplicação da alíquota aos rendimentos líquidos (que são constituídos pela matéria coletável),
que origina a coleta, e das eventuais deduções à coleta. Não é nesta fase que se extingue a
obrigação de imposto, visto que aqui temos somente a transformação da obrigação em
líquida. Por fim, surge o momento da cobrança, a qual pode ser ora voluntária, se o
contribuinte paga voluntariamente dentro do prazo legalmente fixado, ora coativa, quando
aquele não procede ao pagamento atempadamente. Em tais casos a entidade administrativa
emite uma certidão de dívida, a qual forma título executivo para a ação de execução fiscal.
Com a falta de cumprimento começam a correr juros de mora. Será, então, nesta subfase que
temos a extinção da obrigação do imposto.
Característica da coatividade dos tributos decorre da fonte da obrigação tributária
O nosso Estado é um “Estado não patrimonial”, desprovido de património. Com a revolução
liberal passamos para uma ideia de Estado mínimo, abstencionista. Os empréstimos (ou
crédito para financiamento do Estado) tiveram como consequência uma crise soberana (dos
Estados), a qual leva a que os capitalistas não estejam interessados a emprestar dinheiro ou,
caso o façam, exijam uma taxa de juro mais elevada. Este meio de financiamento veio também
a ser reduzido. Esta realidade do património reduzido e dos limites de financiamento por via
do crédito público leva a uma maior pressão sobre os tributos, as receitas coativas. Assim, as
receitas focam-se mais naqueles para conseguir financiamento. Os tributos são as receitas que
são fixadas por lei, motivo pelo qual se consideram receitas coativas. A coatividade pretende
demonstrar que é afastada a vontade porque os pressupostos da obrigação são fixados pela
lei. Pelo contrário, nas receitas voluntárias é a voluntariedade que é o fundamento da receita.
É uma prestação duplamente coativa: por um lado, porque fixada por lei; e, por outro lado,
porque se não for cumprida pode ser feita cumprir através do recurso à força pública e judicial.
O Direito das Receitas é um Direito patrimonial, um Direito do crédito público e um Direito
tributário que correspondem, respetivamente, às receitas voluntárias dos preços, às receitas
voluntárias dos empréstimos e às receitas coativas. Ora, no Direito Tributário (das receitas
coativas) é onde estão as taxas e os impostos, ou seja, os tributos. Se o Estado português não
é, de todo, um Estado patrimonial, porque os bens que detém não são idóneos a serem uma
fonte forte e coesa de rendimento, então os preços não são capazes de sustentar, só de per si,
as despesas públicas. Também o crédito não parece ser uma fonte viável para ser a primordial
porque como se facilmente verá qualquer crédito tem como contrapartida a contração de
juros e que endividam o Estado e certamente a recente História económico-financeira
portuguesa não abona a favor da dívida pública. Por isto mesmo resta ao Estado agravar os
tributos para fazer face à pressão financeira que necessariamente importa a atividade
financeira e por isto se diz que somos um “Estado Fiscal”.
A natureza “grupal” dos destinatários de certos tributos, constitui uma das razões principais
da questão da divisão dos tributos numa perspetiva dicotómica ou numa perspetiva
tripartida // Divisão dos tributos Os tributos dividem-se em unilaterais – os impostos – e em
bilaterais – as taxas. Pergunta-se se a arrumação dos tributos se circunscreve à divisão
dicotómica imposto-taxa ou se deve ser considerado um outro tipo de divisão, na qual se
incluem as contribuições especiais – seria uma arrumação mais alargada, uma divisão
tripartida. A questão coloca-se sobretudo porque o art. 4.º da LGT tem por epígrafe
“pressupostos dos tributos”. Este preceito dá-nos um apoio legal para estas ideias. Dispõe
aquele preceito no seu n.º 1 que “os impostos assentam essencialmente na capacidade
contributiva, revelada, nos termos da lei, através do rendimento ou da sua utilização e do
património”. O pressuposto do imposto é a capacidade contributiva, que se manifesta no
rendimento e património. Determina o n.º 2 que “as taxas assentam na prestação concreta de
um serviço público, na utilização de um bem do domínio público ou na remoção de um
obstáculo jurídico ao comportamento dos particulares”. É este preceito que demonstra a
unilateralidade do imposto e a bilateralidade da taxa, que se justifica por ser devida como
contrapartida de uma daquelas prestações. O n.º 3 estabelece que “as contribuições especiais
que assentam na obtenção pelo sujeito passivo de benefícios ou aumentos de valor dos seus
bens em resultado de obras públicas ou da criação ou ampliação de serviços públicos ou no
especial desgaste de bens públicos ocasionados pelo exercício de uma atividade são
consideradas impostos”. De acordo com o professor Casalta Nabais devemos bastar-nos com a
divisão dicotómica desde logo porque a Constituição vai nesse sentido.
As pessoas singulares residentes em território nacional têm uma obrigação ilimitada de IRS,
pelo que podem configurar-se situações de dupla tributação jurídica internacional dos seus
rendimentos. Suscita-se o problema da dupla tributação jurídica internacional. Sendo legítimo,
do ponto de vista do direito internacional, convocar diferentes elementos de conexão
relativamente ao mesmo tipo de imposto, então estamos confrontados com o problema da
dupla tributação. A dupla tributação configura uma situação de concurso de normas, isto é,
uma situação em que o mesmo facto se integra na hipótese de incidência de duas normas
tributárias diferentes, o que implica, de um lado, a identidade do facto tributário e, de outro, a
pluralidade de normas tributárias. Podemos ter problemas de dupla tributação internacional:
um residente está sujeito à tributação de todo o seu rendimento, podendo ser de igual modo
tributado num outro Estado onde aufira rendimentos. Por este e outros motivos é que são
celebradas convenções internacionais, sejam tratados, acordos ou outros, em matéria fiscal,
seja para evitar a dupla tributação ou para lutar contra a fraude e evasão fiscais. Os Estados
decidiram celebrar convenções para repartir o poder tributário, acordando critérios para
aquela repartição. Assim, a tributação dependerá daquilo que foi definido no acordo, a
generalidade das convenções que o Estado português celebrou respeitam o chamado “modelo
OCDE”. Os Estados ou nada fazem, ou celebram convenções entre si, ou são adotadas medidas
unilaterais. Por regra, o Estado de residência adota medidas unilaterais para evitar a dupla
tributação. No CIRS consta do art. 81.º n.º 2. São dois os grandes métodos utilizados: o método
da isenção ou o método do crédito de imposto, da imputação ou da dedução. Estes não são
exclusivos das convenções, podendo também ser utilizados unilateralmente. // No caso do
primeiro, o método da isenção, o Estado de residência isenta de imposto o rendimento de
origem estrangeira. Quando utiliza este método considera isentos os rendimentos de fonte
estrangeira. No segundo, o método do crédito de imposto, da imputação ou da dedução, o
Estado não isenta de imposto os rendimentos de fonte estrangeira, sujeitando-os a tributação,
mas concede ao rendimento um crédito de imposto pelo imposto pago no estrangeiro, o que
significa que o imposto pago no estrangeiro vai ser deduzido ao imposto a pagar no Estado de
residência.
A obrigação fiscal é “indisponível e irrenunciável”. Justifique. A obrigação fiscal pode ser
caracterizada por 7 pontos. Em primeiro lugar esta é uma obrigação legal, ou seja, é produto
da lei e esta é a sua fonte, é ex lege, pelo que a obrigação nasce da subsunção de um facto
tributário na lei e que está previsto como sendo aquele facto um facto tributário e que, por
isso, impulsiona e gera a obrigação de imposto (36º/1 LGT). Em segundo lugar é uma obrigação
pública porque integra o direito público e é isso que permite a presunção de legalidade de que
os atos de liquidação estão dotados e tal suporta a exigibilidade. Em terceiro lugar esta é uma
obrigação exequível e executiva o que quer dizer que carece de atos que executem a
obrigação, mas uma vez promovido o ato tributário não é mais necessário outro. Em quarto
lugar é uma obrigação semi executória, ou seja, em sede de ação executiva fiscal isto implica
que, numa primeira fase, a execução ocorra na Administração tributária, sendo esta dotada do
poder de instauração da ação, da citação dos executados, da penhora dos bens, etc mas numa
segunda fase ocorre em tribunais tributários (151º CPPT). Em quinto lugar é uma obrigação
indisponível e irrenunciável porque o credor do imposto não tem poder para conceder
moratórias, para permitir o pagamento em prestações ou para conceder perdões de dívidas
(29º/1 e 3, 30º/2, 36º/3 e 37º/2 LGT). No mesmo sentido vai o art.85º/3 CPPT ao permitir a
concessão de moratórias ou a suspensão da execução fiscal quando a lei assim o permita,
sendo que tal concessão fora da lei e dolosamente implicam responsabilidade tributária e
subsidiária. No que toca ao pagamento em prestações há a exceção do sujeito passivo poder
requerer tal formato de pagamento, quando a lei o autorize (42º LGT e 86º/2 e 3 e 196º CPPT).
Em sexto lugar a obrigação é autotitulada o que quer dizer que é o próprio titular ativo que
cria os seus títulos executivos, bastando as certidões de dívida que sejam extraídas pelos
serviços competentes das notas de cobrança ou elementos similares e que servem como título
que, como se sabe, é indispensável ao impulso da execução (88º CPPT). Em sétimo e último
lugar esta é uma obrigação especialmente garantida, porque o credor da obrigação fiscal tem
uma prevalente posição face aos credores comuns, tendo direito a ser satisfeito no seu crédito
primeiro que estes. Ainda no sentido do caráter indisponível e irrenunciável, é admissível dizer
que a obrigação fiscal é intransmissível, ou seja, rege-se por um princípio de
intransmissibilidade dos créditos e das dívidas tributárias, de acordo com o 29º/1 e 3 LGT. Mas
a lei logo no mesmo artigo no n.2 estipula uma exceção que ocorre na sucessão legal, do lado
passivo, e estipula uma exceção do lado ativo no que toca à sub-rogação nos direitos da
Fazenda Pública, do 41º/2 LGT.
Enuncie, exemplificando, as principais características dos “impostos pessoais”. O imposto
pessoal tende a tributar o rendimento global do contribuinte. Assim, estes atendem ao
rendimento global do contribuinte, o que constitui um verdadeiro pressuposto da
pessoalização do imposto, uma vez que, se assim não for, não se pode conhecer minimamente
a situação pessoal do contribuinte. Do 22.º n.º 1 resulta a regra da tributação pelo rendimento
global. Há lugar à exclusão da tributação o mínimo de existência, ou seja, aquela quota de
rendimento que se considera necessária à satisfação das necessidades essenciais à salvaguarda
da dignidade humana do contribuinte e a sua família. O 70.º consagra a exclusão da tributação
do mínimo de existência. A redação não é, porém, a mais adequada. Têm em consideração os
encargos com a família, abatendo-os à matéria coletável, ou tendo-os em conta através de
deduções à coleta. Desta forma, há uma dedução das despesas com encargos de natureza
familiar (78.º). Sujeitam a matéria coletável a uma taxa progressiva. A taxa do imposto ou
alíquota é progressiva, ou seja, é crescente. Esta encontra-se referida no 68.º. A densidade do
grau de pessoalização poderá variar, desde logo em razão das deduções das despesas com
encargos de natureza familiar. O IRS é indicado como exemplo de excelência do imposto
pessoal. Em rigor, aquele só é imposto pessoal, só se verificam estas caraterísticas, para uma
das categorias dos sujeitos passivos: é imposto pessoal para os residentes; para os não
residentes faltam estes elementos de pessoalização, logo concluímos que é um imposto de
natureza real.
Em que medida se pode afirmar que as características dos “impostos pessoais” não se
verificam relativamente a todos os sujeitos passivos de IRS? Os impostos pessoais,
subjetivizam a tributação, isto é, tributam a matéria coletável tendo em conta as
circunstâncias pessoais do seu titular. Há aqui, deste modo, uma subjectivização da tributação.
Temos então determinadas características do imposto pessoal que são relevantes para a
adjetivação do imposto pessoal como não rigoroso. O imposto pessoal tende a tributar o
rendimento global do contribuinte. Assim, estes atendem ao rendimento global do
contribuinte, o que constitui um verdadeiro pressuposto da pessoalização do imposto, uma
vez que, se assim não for, não se pode conhecer minimamente a situação pessoal do
contribuinte. Do art. 22.º n.º 1 resulta a regra da tributação pelo rendimento global. Há lugar à
exclusão da tributação o mínimo de existência, ou seja, aquela quota de rendimento que se
considera necessária à satisfação das necessidades essenciais à salvaguarda da dignidade
humana do contribuinte e a sua família. O art. 70.º consagra a exclusão da tributação do
mínimo de existência. A redação não é, porém, a mais adequada. Têm em consideração os
encargos com a família, abatendo-os à matéria coletável, ou tendo-os em conta através de
deduções à coleta. Desta forma, há uma dedução das despesas com encargos de natureza
familiar (art. 78.º). Sujeitam a matéria coletável a uma taxa progressiva. A taxa do imposto ou
alíquota é progressiva, ou seja, é crescente. Esta encontra-se referida no art. 68.º. A densidade
do grau de pessoalização poderá variar, desde logo em razão das deduções das despesas com
encargos de natureza familiar. O IRS é indicado como exemplo de excelência do imposto
pessoal. Em rigor, aquele só é imposto pessoal, só se verificam estas caraterísticas, para uma
das categorias dos sujeitos passivos: é imposto pessoal para os residentes; para os não
residentes faltam estes elementos de pessoalização, logo vamos concluir que é um imposto de
natureza real.
O que significa a caracterização do imposto como prestação coativa? Tal característica
verifica-se quanto ao IRS? A definição de imposto tem por base três elementos. No elemento
objetivo, o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral, definitiva e coativa. É uma
prestação coativa, esta característica permite a distinção, no que diz respeito à identificação
dos meios de financiamento do Estado, de receitas voluntárias e receitas coativas. Trata-se de
uma prestação ex lege, ou seja, é estabelecida por lei. A lei é que define/ fixa os pressupostos
que vão gerar o imposto, afastando a vontade do nascimento da prestação do imposto e do
seu cumprimento (dupla coatividade), ou seja, afasta quer o lado ativo, quer o lado passivo
(Art.36º/2-LGT). Para se entender o afastamento do lado ativo na fixação do imposto, tem-se
de ter em conta a distinção entre o Estado legislador (cabe à AR) e o Estado administrador
(governo), ou seja, a criação do imposto está ao cargo da AR através de reserva de lei
parlamentar (lei em sentido formal) e a relação jurídica fiscal é executada pelo Estado
administrador através do governo (Ex: Ministro das finanças, etc.), estando este na posição do
sujeito ativo na gestão do imposto. Este último não está na vontade de dispor da prestação do
imposto, isto é, obrigação de imposto está a indisponibilidade e irrenunciabilidade pelo titular
do lado ativo. Se estas prestações não forem cumpridas, podem ser cumpridas pela força,
como são as obrigações civis.
Em que consiste a liquidação do imposto? Observando o imposto numa perspetiva dinâmica e
tendo em consideração os momentos em que se desdobra a sua vida, encontramos dois
momentos essenciais do ponto de vista jurídico. O momento do estabelecimento e o momento
de aplicação. Dentro do momento de aplicação temos 3 subfases. Traduz-se nas operações de
lançamento, liquidação e cobrança dos impostos. Podemos chamar este momento de
procedimento fiscal porque vai assentar predominantemente numa atividade administrativa
em que se vai fazer a aplicação da definição normativa à realidade, ou seja, aplicar aquelas
normas aos casos concretos: determinar o facto e os sujeitos ativos e passivos, calcular o
montante do imposto e aferir da existência. A liquidação é a segunda subfase do segundo
momento e nesta subfase determina-se a coleta aplicando a taxa à matéria coletável, a qual
vai coincidir com o imposto a pagar, exceto se houver lugar a deduções à coleta, caso em que a
liquidação abarca igualmente esta última operação. É a operação pela qual à matéria coletável
se aplica a taxa (a taxa ou alíquota, a tal percentagem que vimos acima) e apura a coleta do
imposto. A coleta poderá coincidir com a obrigação de imposto, como sucede no caso do IMI.
Já no IRS e no IRC quando perante a matéria coletável aplicamos a taxa apuramos uma coleta,
mas essa vai ainda estar sujeita a deduções, pelo que o montante do imposto não coincide
necessariamente com o montante da coleta. Não será, portanto, com a liquidação que há lugar
à extinção da obrigação de imposto. Nesta subfase apenas se transforma a obrigação em
líquida.
Princípio da legalidade fiscal O princípio da legalidade tem por base a ideia de autoimposição,
autotributação e autoconsentimento dos impostos, segundo a qual os impostos devem ser
consentidos pelos próprios contribuintes. É uma ideia que remonta à Idade Média, nesta altura
apresentavam uma natureza extraordinária, só com a concentração dos poderes é que passam
a ter natureza ordinária. Sendo o Estado liberal um Estado abstencionista, com património
reduzido, há lugar a um reforço daquele princípio. (este último é um Estado de Direito) Com
este aparece-nos uma consagração mais expressa do princípio da igualdade fiscal na aceção
que temos nos nossos dias. Atualmente esta ideia manifesta-se em 2 institutos diferentes: a
votação anual da cobrança dos impostos através da aprovação anual do orçamento pelo
parlamento, e a exigência de os impostos serem criados e disciplinados nos seus elementos
essenciais através da lei (do parlamento). É aqui, neste segundo instituto, que temos o
princípio da legalidade fiscal. Deste modo, é necessária uma autorização anual, através
daquela votação, para que se possam cobrar os impostos. Exige-se, para além disso, que a lei
parlamentar crie e discipline os elementos essenciais dos impostos, isto é, a sua incidência, a
taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. O princípio da legalidade fiscal
dobra-se em dois aspetos ou segmentos: num princípio da reserva de lei (formal) – vertente
formal; e num princípio da reserva material (substancial ou de lei (formal) conteudística) –
vertente material. Este corresponde à ideia de tipicidade dos impostos. A lei a que se refere o
art. 103.º n.º 2 é a lei em sentido formal. Este implica que haja sempre uma intervenção
parlamentar na criação da sua disciplina e elementos essenciais, os quais constam daquele n.º
2, sendo a própria Assembleia a legislar – é a intervenção material. Pode, ainda, nos termos do
art. 165.º n.º 1 al. i) e n.º 2, aquela autorizar o Governo a estabelecer essa disciplina –
intervenção formal. O princípio da reserva material (substancial ou conteudística) de lei
(formal), habitualmente referido como princípio da tipicidade, exige que a lei contenha a
disciplina tão completa quanto possível da matéria reservada, matéria que, nos termos do n.º
2 do art. 103.º, integra, relativamente a cada imposto, a incidência, a taxa, os benefícios fiscais
e as garantias dos contribuintes, sendo certo que, quanto às garantias dos contribuintes, a
reserva apenas é exigida se e na medida em que estas sejam objeto de restrição ou
condicionamento e já não quando forem objeto de ampliação ou alargamento. O que é exigido
pelo princípio da legalidade fiscal aplica-se apenas à matéria da criação dos impostos e do
estabelecimento da sua disciplina essencial, isto é, da regulação dos elementos essenciais do
imposto – incidência, taxa, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. As garantias dos
contribuintes acabam por traduzir direitos ou faculdades que a lei estabelece à pessoa do
contribuinte relativamente à matéria dos tributos, e os impostos em especial.
Tradicionalmente olha-se para estas no sentido de garantias impugnatórias, em relação às
quais temos as vias administrativas ou judiciais. Estas permitem reagir contra ilegalidades de
atos tributários, permitindo a sua impugnação. Mas também existem garantias não
impugnatórias, as quais não se tratam, como o nome diz, de conferir direito de impugnar atos,
mas de posições que vão conformar o seu direito como contribuinte, como é o caso do direito
à informação, entre o qual se conta o direito de informação vinculativa. Quanto às garantias
dos contribuintes será de aplicar apenas a vertente material. Aos benefícios fiscais aplicam-se
as duas vertentes do princípio da legalidade. Trata-se do aspeto intensivo do princípio: a
primeira vertente determina a fonte da legislação normativa; a segunda dirige-se ao próprio
legislador. Esta ideia de que a lei deve conter uma disciplina tão completa quanto possível
decorre do art. 103.º n.º 2 da CRP. A ideia de determinabilidade significa que a lei não deve
estabelecer apenas princípios, mas deve determinar. Tem que se admitir que a lei estabeleça
conceitos indeterminados e gerais e discricionariedade à administração fiscal desde logo
porque existe aquele que se apelida de princípio da praticabilidade. Se se obrigasse que a lei
definisse todos os elementos podia nunca se conseguir aplicar a norma, ou seja, podia nunca
ser aplicada na prática. Por força da praticabilidade, para que os impostos possam ser
aplicáveis, tem que se recorrer a conceitos indeterminados ou à atribuição de
discricionariedade à administração fiscal. Importa ter presente que o princípio da legalidade
fiscal apenas se aplica a certas matérias, à disciplina ou elementos essenciais dos impostos.
Significa isso que fora destas matérias não vale o princípio de reserva de lei formal. Importa
saber se é também a lei em sentido formal, a prevista no n.º 2 do art. 103.º, ou não. A doutrina
dominante defendia que não se refere à lei em sentido formal. Para o professor Casalta Nabais
será a lei em sentido material, qualquer norma jurídica. Parte da doutrina considerava que
devia ser considerada como lei, ou seja, diploma legislativo. Ainda que não haja reserva de lei
formal, o que significa que o Governo pode regular as matérias sem necessidade de
autorização, tem que o fazer através de decreto-lei. A reserva de lei decorrente do princípio da
legalidade fiscal não abrange qualquer outra matéria fiscal. Designadamente, não abrange a
liquidação e cobrança dos impostos, momentos estes cuja disciplina não está sujeita ao
princípio da legalidade fiscal, mas apenas ao princípio geral da legalidade da administração
pública. Mas a doutrina dominante defende que a disciplina de tais momentos da vida do
imposto está constitucionalmente sujeita à reserva de diploma legislativo, isto é, de lei,
decreto-lei ou decreto legislativo regional. Tendo em conta o disposto no art. 8.º n.º 2 al. a) da
LGT que veio estender o princípio da legalidade tributária à liquidação e cobrança dos tributos,
incluindo os prazos de prescrição e caducidade, temos de concluir que, em virtude dessa
exigência legal, a liquidação e cobrança dos impostos não podem ter a sua disciplina jurídica
em regulamentos, com exceção dos regulamentos das autarquias locais que podem versar
inclusivamente sobre a matéria essencial dos impostos. Com a exigência do art. 8.º n.º 2 al. a)
LGT, Casalta Nabais diz que tem que ser um ato com força de diploma legislativo, mas sem
necessidade de autorização legislativa.
Princípio da proibição da retroatividade dos impostos Para podermos enunciar o princípio da
proibição da retroatividade dos impostos necessitamos de contextualizar. Começamos pelo
princípio da segurança jurídica. Este princípio é corolário do princípio do Estado de direito
democrático, previsto no art.2º CRP, e impõe-se na atividade legislativa ou à Administração
Pública quando tenha margem de atuação neste sentido, nos moldes que suprarreferimos
ainda agora quanto ao princípio da legalidade fiscal. Uma das vertentes deste princípio é o da
não retroatividade dos impostos o que passou do 2º para o 103º/3 CRP, a partir da Revisão
Constitucional de 1997, tornando-se um princípio expresso e não já mero corolário do
princípio do Estado de direito democrático, como o era. O 103º/3 CRP refere que são proibidas
normas fiscais retroativas que tenham uma incidência que onerem ou agravem a situação
jurídica dos contribuintes. Se os impostos forem proibidos pelo 103º/3 CRP e estes afetassem
situações que tinham já produzido todos os efeitos ao abrigo de leis anteriores então estamos
face à retroatividade própria, autêntica ou verdadeira. Para tal é preciso que se tenha
verificado o facto tributário, a liquidação e o pagamento do imposto. A relação jurídico-fiscal já
cessou. Mas se apenas se verificou o facto tributário, mas não ainda a liquidação e a cobrança,
então estamos já face à retroatividade imprópria, inautêntica ou falsa e, nestes casos, pondera
o tribunal se esta norma nova, ao retroagir, não irá afetar a confiança que o sujeito passivo do
imposto tem na norma. Caso o que se verifique é que a nova norma apenas regula o facto
tributário e este não estava regulado, pelo menos não na totalidade, pela norma anterior
então o que temos aqui não é já uma retroatividade, mas sim uma retrospetividade, pelo que
ambas as leis conseguirão manter a sua vigência, dado que a norma nova vem completar, de
certa forma, a norma anterior. Para Casalta Nabais o que importa, para uma eficaz distinção, é
o facto tributário, pois daqui surge a relação entre o Estado e o sujeito passivo o respetivo
dever fundamental de pagamento dos impostos. Quer isto dizer que se à altura em que ocorre
o facto tributário e em que se materializa a capacidade contributiva e se esta está esgotada na
altura em que a nova norma entra em vigor e pretendendo ela atuar sobre tal capacidade
contributiva então esta irá necessariamente mexer no passado. Perante isto, Casalta Nabais
critica o facto de que se o que é efetivamente proibido é a retroatividade própria e se este
conceito é tão concreto e restrito então aquele pergunta-se se não se está a tentar repor uma
situação prévia àquela consagrada na CRP. Apesar de CN não concordar com tal proibição,
refere que esta é constitucionalmente consagrada e que, portanto, tem que ser respeitada, e a
AR, aliada à atuação do Tribunal Constitucional ao estipular aquele conceito tão restrito que é
efetivamente proibido ao editar normas fiscais constitui uma das maiores manifestações de
ofensa ao Estado de Direito no domínio dos impostos. Este princípio vem exigir ainda uma
certa constância das leis e que tem expressão em sede de limitação ou de exclusão da livre-
revogabilidade das leis relativas aos benefícios fiscais. Assim, há uma certa limitação a ser feita
à revogação de normais beneficiadoras. Este princípio incide não só nos impostos, mas
também nas taxas ou nas contribuições, assim como nas normas que regulem elementos não
essenciais dos impostos. O art.12º LGT que regula esta matéria é uma norma do plano legal,
infraconstitucional, e que por isso não é uma limitação ao legislador, mas sim aos operadores
jurídicos como juízes, Administração Pública, particulares, etc. Quer isto dizer que só a CRP
pode limitar a atuação do legislador fiscal.
Pode afirmar-se que a matéria dos elementos essenciais do imposto constitui limite à
integração de lacunas no direito fiscal? A integração de lacunas está proibida aos olhos do
princípio da legalidade fiscal quando vise integrar matérias referentes a elementos essenciais
dos impostos, porque se tais elementos têm de constar de lei, ou melhor, respeitar as reservas
de lei então não faz sentido deixar-se para o aplicador das leis a integração dessas lacunas.
Pelo art.11º/4 LGT retira-se isto, porque deve interpretar-se que não só está proibida a
integração de lacunas por recurso a analogia como isso conduz a que o legislador quisesse que
não fossem colmatadas lacunas do domínio que é coberto pela reserva de lei fiscal. Apesar
disto, alguma doutrina na qual se inclui Casalta Nabais entende que que não pode ser rejeitada
absolutamente qualquer integração do direito fiscal essencial, acreditando que deve haver
uma adequada e equilibrada ponderação dos bens jurídico-constitucionais que passam pela
legalidade fiscal ao exigir-se segurança jurídica, mas também passam pela igualdade fiscal ao
reclamar-se justiça fiscal. Ao fim ao cabo, admite-se a integração de lacunas de matérias
essenciais quando a lei assim o preveja e dentro da tal ponderação de bens
jurídicoconstitucionais e que o art.11º/4 LGT não obsta, até porque este artigo é uma norma
infraconstitucional e aqueles princípios são do plano constitucional, ou seja supralegal. Mas
isto sempre do lado do legislador, porque o aplicador das normas está absolutamente proibido
de integrar tais lacunas, ou seja, falamos da Administração tributária, os juízes ou os
particulares.
É possível a transmissão da obrigação fiscal? Pergunta-se se pode haver do lado ativo
transmissão do crédito de imposto e se do lado passivo pode haver transmissão da obrigação
de imposto. Decorrendo do caráter indisponível e irrenunciável da obrigação fiscal, estabelece
o art. 29.º da LGT, nos seus n.ºs 1 e 3, o princípio da intransmissibilidade dos créditos e das
dívidas tributárias. Assim, salvo disposição em contrário da lei, os créditos e as dívidas
tributárias são insuscetíveis de transmissão. O n.º 2 do art. 29.º (“As obrigações tributárias
originárias e subsidiárias transmitem-se, mesmo que não tenham sido ainda liquidadas, em
caso de sucessão universal por morte, sem prejuízo do benefício do inventário”) excetua a
transmissão pelo lado passivo ou sucessão legal – sendo que pelas dívidas do falecido apenas
respondem os valores da herança. O art. 41.º n.º 2 (“O terceiro que proceda ao pagamento das
dívidas tributárias após o termo do prazo do pagamento voluntário fica sub-rogado nos
direitos da administração tributária, desde que tenha previamente requerido a declaração de
sub-rogação e obtido autorização do devedor ou prove interesse legítimo”) respeita à
transmissão pelo lado ativo ou sub-rogação nos direitos. Se depois de acabar o prazo de
pagamento voluntário alguém não tiver cumprido a obrigação fiscal pode um terceiro,
verificados certos requisitos, sub-rogar-se naquela, cumprindo, assistindo-lhe depois o direito
de exigir o valor pago ao devedor originário (art. 155.º CPPT).

A caducidade, a par da prescrição, constitui modo de extinção da obrigação fiscal? A forma


típica e normal de extinção da obrigação fiscal é o seu cumprimento, seja ele voluntário ou
coercivo (art.40º e 84ºss CPPT). Voluntariamente ocorre quando seja prestado o imposto
dentro do prazo estabelecido nas leis tributárias, podendo ganhar os moldes do art.40º/1 LGT
(cfr.art.84º CPPT). Relembramos aqui o princípio da indisponibilidade e da irrenunciabilidade
da obrigação fiscal pelo qual, por um lado, não podem os sujeitos ativos conferir facilidades de
pagamentos os perdões fiscais arbitrariamente nem podem, por outro lado, os sujeitos
passivos dispor da sua obrigação fiscal. Isto só se admite quando a lei o admita. É o caso, como
já dissemos, do contribuinte requerer o pagamento em prestações (art.42º LGT), caso este não
tenha condições de pagar integralmente o imposto. Não pagando dentro dos prazos legais
começam a contar-se os juros de mora do art.44º LGT e do art.86º/1 CPPT. Os juros
compensatórios serão devidos nos termos do art.35º/1 LGT. Não cumprindo voluntariamente
então este pode requerer o pagamento em prestações (art.86º/2 CPPT) ou pode fazer
pagamentos por conta das dívidas, nos termos do art.86º/4 CPPT. Não cumprindo isto então é
extraída a certidão de dívida nos termos do art.88º CPPT e que vale como título executivo para
instauração do processo de execução fiscal para pagamento coercivo (art.88º/5 CPPT).
(prescrição) Nos termos dos arts.48º e 49º LGT é de se notar que a obrigação de imposto
prescreve no prazo de oito anos a contar, quando se tratem de impostos periódicos, do termo
do ano em que se verificou o facto tributário e, nos impostos de obrigação única, a partir da
data em que se verificou o facto tributário (art.48º/1 LGT). É de se notar a exceção do
art.48º/1/última parte LGT que refere que caso o imposto seja sobre o rendimento e caso se
trate de retenção na fonte a título definitivo (como é o caso do art.71º CIRS) então a contagem
dos prazos ocorre a partir do ano seguinte. O prazo de prescrição interrompe-se quando se
promova a citação, quando haja reclamação, recurso hierárquico, pedido de revisão oficiosa da
liquidação do imposto (art.49º/1 e 3 LGT) e suspende-se nos termos do art.49º/4 LGT.
(caducidade) O poder da Administração tributária para liquidar os impostos pode caducar. Este
poder deve ser exercido no prazo de quatro anos (art.45º/1 LGT) contados nos mesmos
moldes que vimos para a prescrição (art.45º/4 LGT). Mas se houver erro na declaração do
sujeito passivo então o prazo já é só de três anos (art.45º/2 LGT).
No direito fiscal é absolutamente proibida a analogia. A Lei Geral Tributária estabelece no art.
11.º as regras sobre a interpretação. Existiam, no passado, diversas correntes interpretativas.
Alguma doutrina entendia que em matéria de interpretação dos impostos apenas podia existir
interpretação literal, por razões de respeito do princípio da legalidade enquanto segurança
jurídica. No passado tínhamos a interpretação in dubio pro fisco e a interpretação in dubio
contra fisco, mas estas já foram ultrapassadas. Aparecem outras, desde logo aquela que se
designa por interpretação económica, apontando-se ainda a interpretação funcional. Há ainda
quem defenda a interpretação nos termos gerais. A primeira e esta última são as posições
contemporâneas. Rege o n.º 1 daquele preceito que “na determinação do sentido das normas
fiscais e na qualificação dos factos a que as mesmas se aplicam são observadas as regras e
princípios gerais de interpretação e aplicação das leis”. Admite-se, de acordo com o disposto
naquele número, a interpretação extensiva. O n.º 2 diz que “sempre que, nas normas fiscais, se
empreguem termos próprios de outros ramos de direito, devem os mesmos ser interpretados
no mesmo sentido daquele que aí têm, salvo se outro decorrer diretamente da lei”. O sentido
com que deve ser interpretado um conceito é o mesmo que ele tem no ramo de direito em
causa, salvo se outro sentido decorrer da lei fiscal. O n.º 3 acrescenta o seguinte: “Persistindo a
dúvida sobre o sentido das normas de incidência a aplicar, deve atender-se à substância
económica dos factos tributários”. Está a defender uma interpretação económica, de acordo
com a finalidade ou substância económica dos factos tributários. Enquanto o n.º 1 defende
uma interpretação geral, o n.º 3 parece estar a adotar um modo de interpretação específico.
Casalta Nabais estabelece que não se percebe muito bem como é que as normas de incidência
fiscal, após a utilização das regras gerais da interpretação, ainda sejam objeto de dúvidas
acerca do seu sentido, uma vez que tais regras visam justamente dissipar todas as dúvidas que
se levantem. Afirma que este último preceito está a contrariar o que se prescreve no n.º 1. O
n.º 4 diz que “as lacunas resultantes de normas tributárias abrangidas na reserva de lei da
Assembleia da República não são suscetíveis de integração analógica”. Estamos aqui perante
matéria não de interpretação, mas de integração. Se a Constituição impõe ao legislador que a
matéria dos elementos essenciais de imposto deve ser legislada de modo tão completo quanto
possível (ideia de tipicidade fiscal), então não se compadece com a hipótese de quando houver
uma lacuna concluirmos que essa não se integra por interpretação, mas por analogia. É o
mesmo que dizer que a exigência da reserva material de lei não se compadece com a analogia.
Temos aqui uma repetição daquilo que foi consagrado na Lei Fundamental. Respeita apenas às
normas tributárias abrangidas na reserva de lei da Assembleia da República, apenas as que se
referem aos elementos essenciais dos impostos. Assim, noutras matérias fiscais a aplicação da
norma fiscal por analogia poderá acontecer se fora da reserva da lei em sentido formal. Apesar
do tradicional consenso que a argumentação a favor da exclusão da integração das lacunas no
domínio da reserva de lei fiscal suscita, alguma doutrina atual, entra a qual se inclui Casalta
Nabais, contesta uma rejeição absoluta da integração do direito fiscal essencial, propondo uma
adequada e equilibrada ponderação dos bens jurídico-constitucionais em presença. São eles,
de um lado, o princípio da legalidade fiscal, a exigir segurança jurídica e, de outro lado, o
princípio da igualdade fiscal, que reclama a justiça fiscal. O que passa por se admitir a
integração de lacunas em sede do direito fiscal essencial sempre que a lei especificamente a
preveja dentro da referida ponderação de bens jurídico-constitucionais. Uma hipótese a que
aquele preceito legal não obsta, nem naturalmente pode obstar, uma vez que a mesma se
coloca a nível constitucional e não ao nível legal. Casalta Nabais entende que não há uma
proibição absoluta de integração das lacunas por analogia no direito fiscal essencial no sentido
de que o legislador poderá socorrer-se daquelas quando a ponderação de dois bens
constitucionais, a segurança e a justiça, o justifique. Não será esta lei que o vai impedir de o
fazer. Mas não é o interpretador da norma que o faz; há de ser o legislador que consagra a
solução de onde constam os pressupostos em que se deve basear a analogia, justificada
naqueles bens constitucionais. Se o não fizer pode haver situações de grande injustiça fiscal,
daí dever reconhecer-se ao legislador aquela possibilidade. É a mesma ideia que assiste à
eficácia temporal ou aplicação da lei fiscal no tempo, para o problema da retroatividade da lei
fiscal (art. 12.º LGT).
A característica da coatividade dos tributos decorre da fonte de obrigação pecuniária.
Explique a afirmação, justificando legalmente. O imposto é objetivamente uma prestação
coativa, isto é, uma prestação ex lege ou uma prestação que tem por fonte a lei, que é
estabelecida por lei. A obrigação de imposto surge, pois, exclusivamente por força do encontro
do facto tributário ou do pressuposto de facto do imposto com a lei, que assim modela o seu
conteúdo, independentemente portanto de qualquer manifestação de vontade do
contribuinte nesse sentido, como o prescrevem, de resto em termos muito claros, os nºs 1 e 2
do art.º 36 da LGT, na medida em que dispõem que a relação jurídica tributária se constitui
com o facto tributário e os elementos essenciais da mesma não podem ser alterados por
vontade das partes. Em nota de rodapé, o professor Casalta Nabais chama-nos á atenção que o
que é nota típica de tributo, neste caso com os tributos de precisão coativa, não é o poder ser
feito cumprir pela pelos tribunais, mas este professor acaba por dizer que há uma dupla
coatividade quanto ao nascimento da obrigação: é coativo quanto à criação – não há qualquer
negociação entre sujeitos ativo e passivo do imposto – e quanto ao seu cumprimento – não
pode ser afastado por vontade das partes (cfr.art.36/1 e 2 LGT).
A natureza grupal dos destinatários de certos tributos, constitui uma das razões principais da
questão da divisão dos tributos numa perspetiva dicotómica ou numa perspetiva tripartida.
Explique a afirmação. As contribuições especiais estão previstas no art. 4nnº3 da LGT e as
demais contribuições financeiras estão referidas no art.3 nº2 da LGT e o art. 165 nº1 al. i 2ª
parte da CRP. Isto porque é uma questão doutrinal saber, como diz o professor Cassalta
Nabais, se há uma divisão dicotómica, bipartida ou binária ou se há uma divisão tripartida ou
ternária. Efetivamente na aparência, quem olha para o art. 4 da LGT, no nº1,2 e 3 , há
impostos, taxas e ainda aparece contribuições especiais, só por isso, a partir desta aparência se
justifica perguntar se a divisão dos tributos é dicotómica ou é ternário e, portanto, se se divide
em dois ou três. O professor Casalta Nabais diz-nos, efetivamente, que para efeitos jurídico-
constitucionais, independentemente do nome que ostentem ou tributos unilaterais que
integram a figura dos impostos ou tributos unilaterais que integram a figura dos impostos ou
tributos bilaterais que se reconduzem á figura das taxas, portanto a CRP assenta em 2 regimes,
sendo que os impostos estão presentes no art. 103 nº2 e 104, 165 nº1 al,i 1ª parte da CRP, e
art. 4 nº1 da LGT e as taxas no art. 165 nº1 al. i 2ª parte da CRP e art. 4 nº2 da LGT. Quanto ás
contribuições especiais, o legislador fez-nos um favor e disse no nº3 “são considerados
impostos” e, portanto, que dizer que, a tal dicotomia que o professor Casalta Nabais diz que
defende pelo menos no contexto constitucional por uma mera divisão dicotómica, binária,
regime de impostos e regime de taxa, tributos unilaterais- impostos, tributos bilaterais – taxas
que reconhece que possam haver tributos com denominações próprias em situações
especificas, mas segundo ele, temos que ir fazer a sua qualificação e, em particular, no que diz
respeito ao elemento da bilateralidade ou unilateralidade porque todos esses tipos de
contribuições, hão de reconduzir-se ou ao regime dos imposto ou das taxas. Quanto ao regime
geral das taxas e demais contribuições financeiras, estas contribuições financeiras também
têm natureza bilateral, as taxas têm natureza individual, ao passo que as contribuições
financeiras têm natureza grupal. O imposto tem uma natureza geral (art.4 nº3 da LGT).
As pessoas singulares residentes em território nacional têm uma obrigação ilimitada de IRS,
pelo que podem configurar-se situações de dupla tributação jurídica internacional dos seus
rendimentos. Explique a afirmação, justificando legalmente. Só há incidência de um imposto
se se verificarem os dois elementos da incidência, a real por um lado, e a pessoal por outro. É
preciso que o titular dos rendimentos seja sujeito passivo de IRS, ou seja, possa ser titular da
obrigação de imposto e isso resulta do art. 13 do código do IRS. São sujeitos de IRS as pessoas
singulares residentes em território nacional e as que não residem, mas auferem rendimentos
em Portugal. O critério para a incidência pessoal é a residência e não a nacionalidade, não
interessa se é moçambicana, angolana ou outra qualquer, o importante é onde reside. A
incidência pessoal está presente no art. 13 nº1 dividido em 1º e 2º parte e art. 15 e 15 do
Código do IRS (estabelece os critérios de residência) e art. 18 do Código de IRS, sendo este art.
muito especial para resolvermos questões de incidência quanto ás categorias do sujeito
passivo. Os residentes têm uma obrigação de imposto ilimitada de base mundial, universal-
art. 13 nº1 1ª parte e art. 15 do Código de IRS. Os não residentes têm uma obrigação de
imposto limitada aos rendimentos obtidos em Portugal- art. 13 nº1, 2ª parte e art. 15 nº2 do
C.IRS. O artigo 13 nº1 do Código de IRS diz que ficam sujeitas a IRS as pessoas singulares que
residem em território português e as que, não residindo, aqui obtenham rendimentos e o art.
15 do mesmo código refere que sendo as pessoas residentes em território português, o IRS
incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora do território e
tratando-se de não residentes, o IRS incide unicamente sobre os rendimentos obtidos em
território português. Assim, encontra-se aqui presente uma situação de dupla tributação
jurídica internacional dos rendimentos, na medida em que declara os rendimentos em
Portugal e no estrangeiro.

Constituição Fiscal, princípios do rendimento disponível e líquido. A Constituição Fiscal pode


ser definida como um conjunto de princípios jurídico-constitucionais disciplinadores, quer de
quem, de como e de quando pode tributar, quer do que (é que) e do quanto tributar. Os
primeiros apresentam caráter formal e os segundos caráter material. Deste modo, a Lei
Fundamental consagra, através de princípios, limites formais e limites materiais. Nos primeiros
é decisivo o princípio da legalidade fiscal – o qual assegura um adequado processo de
instituição dos impostos e uma tributação justa. Do lado dos princípios formais temos, ainda, o
princípio da segurança jurídica. Encontramos na constituição o princípio da proibição do
referendo fiscal – no sentido de que os impostos não são referendáveis. Nos limites materiais
encontramos o princípio da igualdade e o princípio da não discriminação da família (ou da
consideração fiscal da família). Também se aponta o princípio do respeito pelos direitos
fundamentais, o princípio do Estado social, entre outros. No Estado liberal bastava-se o
primeiro por se entender que a própria legalidade acautelaria a justiça na tributação.
Atualmente entende-se que aquele traduz, quando muito, uma justiça formal. Por isso, é
necessário procurar a justiça com princípios materiais, desde logo o princípio da igualdade. É
aqui que encontramos o princípio da capacidade contributiva, o qual se encontra ao lado do
princípio da igualdade – aquele consubstancia uma manifestação ou elemento deste último.
Todos devem pagar impostos, sendo que o devem fazer segundo o mesmo critério. O critério a
aplicar será o princípio da capacidade contributiva. Resulta daí que quem tiver a mesma
capacidade contributiva deve pagar o mesmo imposto; quem tiver capacidade diferente deve
pagar um imposto diverso, em princípio na medida da diferença. É de referir o princípio da
igualdade fiscal. Vimos de uma igualdade, típica do Estado liberal, perante a lei – todos iguais
perante a lei, sem discriminação e privilégios. Começa por ser liberdade formal. Caminhamos
para uma igualdade na lei, a igualdade no sentido material, que tem uma dupla manifestação:
a ideia de generalidade ou universalidade, no sentido de que todos devem estar adstritos ao
cumprimento do dever de pagar impostos; e da uniformidade, em que devem pagar de acordo
com um mesmo critério, o qual fixa a medida do imposto. É um dos pressupostos do imposto,
o princípio da capacidade contributiva. Assim, quem tiver a mesma capacidade contributiva
com o mesmo rendimento deve pagar o mesmo imposto – igualdade fiscal horizontal; quem
tiver capacidade contributiva e/ou rendimento diferente deve pagar o imposto na medida da
diferença – igualdade fiscal vertical. Questão mais relevante é a de saber como se concretiza a
uniformidade. Será através de um imposto de taxa proporcional ou um imposto de taxa
progressiva? Casalta Nabais defende a proporcionalidade. Mas se assim for o sacrifício não é o
mesmo. Quem tiver rendimentos mais baixos deve pagar taxa inferior; quem tiver
rendimentos mais altos deve pagar taxa superior. A Constituição refere um imposto de taxa
progressiva. Aquela liga-se a uma ideia de sacrífico. Das várias implicações que decorre da
igualdade fiscal enquanto uniformidade e do princípio da capacidade contributiva, em matéria
de impostos sobre rendimento aquele manifesta-se como um princípio de rendimento líquido
e um princípio de rendimento disponível. Há lugar à tributação do rendimento líquido, e não
do rendimento bruto. Não deve ser tributado o rendimento que constitui o mínimo essencial à
vida da pessoa e da sua família. Assim, só se deve considerar o rendimento depois de
expurgado aquele. Daí o conceito de rendimento disponível.
Incidência pessoal: No que diz respeito à incidência pessoal, …. é residente em Portugal (art.
13 nº1, 1ª parte) enquanto ….. é residente no estrangeiro, mas ambos obtêm rendimentos em
Portugal, porquanto e de acordo com o 13 nº1 e 16 do CIRS, são sujeitos passivos de IRS e o
âmbito da sujeição da obrigação de imposto é ilimitada, ou seja, é uma obrigação de base
mundial e ilimitada, é tributada por todos os rendimentos onde quer que aufira (15 nº1 do
CIRS). Sendo assim, … por ser residente tem de declarar todos os rendimentos e … apenas os
rendimentos em Portugal.
Incidência real: Sócio – categoria E. Gerente- categoria A.
Reduções: Com exceção dos rendimentos da categoria E, aos quais se aplica a taxa a que se
refere o art. 71.º n.º 1 al. a) (art. 22.º n.º 3 al. b), os rendimentos estão sujeitos à regra do
englobamento (art. 22.º n.º 1). O n.º 8 admite a opção pelo englobamento. Importa ter
presente o disposto no n.º 9. Nesse caso, o imposto que houver sido retido (por retenção na
fonte) vai ser deduzido à coleta apurada. Categoria E: Não estão sujeitos a deduções. Sobre
estes incide uma taxa de 28% (art. 71.º n.º 1 al. a), havendo uma retenção na fonte de 2.800€,
o que significa que A apenas recebe 7.200€. Categoria E com englobamento sem passar do
mesmo escalão: Neste caso, se optar por englobar: 5.000€ + 896€ = 5.896€. Está ainda dentro
do mesmo escalão, sendo aplicada aos rendimentos da categoria E uma taxa mais reduzida.
Vai deduzir imputação na fonte que lhe foi feita. O art. 22.º n.º 5 determina que “quando o
sujeito passivo exerça a opção referida no n.º 3, fica, por esse facto, obrigado a englobar a
totalidade dos rendimentos da mesma categoria de rendimentos”. Categoria A: Tem de se
calcular o valor anual do salário (não esquecer dos subsídios, prémios etc). Vamos deduzir
4.104€ (art. 25.º n.º 1 al. a): 15.000 – 4.104 = 10.896€. Categoria B: É-lhes aplicado o regime
simplificado, estarão submetidos ao coeficiente de 75% (28.º): 5.000 x 75% = 3750€. 10896€ +
3750€ = 14.646€. A esse valor será de aplicar as taxas gerais do art. 68.º. Categoria H :Aos
rendimentos da categoria H, no valor de 5.000€, será de apurar a dedução de 4.104€, pelo que
o rendimento líquido será de 896€. Neste caso, se optar por englobar: 5.000€ + 896€ = 5.896€.
Está ainda dentro do mesmo escalão, sendo aplicada aos rendimentos da categoria E uma taxa
mais reduzida. Vai deduzir imputação na fonte que lhe foi feita. O art. 22.º n.º 5 determina
que “quando o sujeito passivo exerça a opção referida no n.º 3, fica, por esse facto, obrigado a
englobar a totalidade dos rendimentos da mesma categoria de rendimentos”. Mais-valias:
vender casa no valor de 200.000€ e comprar uma no valor de 100.000€ e um carro no valor de
20.000€. Analisando o nº5 do artigo 10, se houver mais-valia ela será excluída de tributação,
vamos ver se total ou parcialmente se o contribuinte reinvestir o valor da venda noutro imóvel
destinado a sua habitação própria permanente ou do seu agregado familiar. __ não fez esse
reinvestimento total, foi parcial, se ele reinvestisse os 300 mil noutro imóvel estaria livre de
tributação. Mas neste caso ele fez um reinvestimento parcial, só reinvestiu 2/3 e aí diz a norma
que admite o reinvestimento parcial. Assim sendo, a mais-valia que fosse sujeita a tributação é
excluída na medida em que tenha havido o tal investimento, nº5 e ss.

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