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HISTÓRICOS
AULA 2
história, com a intenção possibilitar ao aluno um vislumbre das perspectivas usuais durante o
que configuram tais correntes, além de mencionar alguns de seus principais membros para que os
alunos possam recorrer caso desejem se aprofundar mais em alguma dessas perspectivas. Como se
trata de um vasto campo com diversas possibilidades, decidimos selecionar aquelas que nos parecem
mais basilares para um(a) aluno(a) que esteja iniciando o curso de História. São elas: a Escola
Comecemos pela escola historiográfica considerada como pioneira nos estudos históricos como
campo científico do conhecimento. Inaugurada no século XIX, essa corrente garantiu importantes
avanços ao setor da História em questões de método, teoria e abordagem do objeto de estudo por
parte do historiador. Ainda que atualmente seja uma perspectiva considerada datada e não mais
utilizada de forma específica nos estudos históricos, a Escola Metódica forneceu importantes avanços
perspectiva utilizada.
a chamada Escola Metódica possui suas origens em meados do século XIX, momento em que a
História estava se formando como disciplina. Foi ela, inclusive, a principal responsável pela
especialmente pelo rigor que possui no tratamento com os documentos históricos. Entretanto, como
bem destacaram Guy Bourdé e Hervé Martin (1990), seria um erro considerá-la positivista, já que essa
filosofia da história possui pressupostos que são opostos ao defendidos pela linha metódica. Entre as
principais características do positivismo que se choca com os metódicos estão a defesa da busca por
leis ordenadoras e totalizantes, bem como a preferência pelas populações em massa ao invés dos
grandes personagens históricos, o que possibilitaria estudos que fossem capazes de “ao mesmo
A referência principal dos metódicos, nesse sentido, não seria o positivismo encabeçado por
Augusto Comte, mas sim os trabalhos do alemão Leopold von Ranke (1795-1886). Os pressupostos
rankeanos que influenciaram a Escola Metódica foram elencados por Bourdé e Martin (1990), sendo
Gabriel Monod, principal revista francesa que dera início à chamada Escola Metódica. De acordo com
Pedro Paulo Funari e Glaydson José da Silva (2008), os metódicos introduziram seus estudos também
no ensino básico como forma de refundar os valores nacionais, sendo a escola o principal veículo de
propagação do ideal de nação. Vale lembrar que a França havia acabado de ser derrotada na Guerra
Franco-Prussiana (1870-1871), algo que abalou fortemente as bases nacionais que a França se
Podemos destacar, portanto, que os principais membros dessa escola de pensamento que
grandes personagens e batalhas são, para além do próprio Ranke, Gabriel Monod, Charles Fagainez,
Ernest Lavisse e Charles Seignobos.
A segunda metade do século XIX certamente foi dominada pelas perspectivas construídas pela
Escola Metódica, um modelo objetivo de fazer história que retirava qualquer poder de interferência
do historiador em termos de julgamento sobre seu objeto de análise. Mas ainda que tenha vigorado
nas primeiras décadas do século XX, foi justamente nesse momento que as primeiras críticas aos
métodos e teorias da Escola Metódica passaram a ser questionados. A principal corrente que se
destacou nesse momento foi a chamada Escola dos Annales, encabeçada pelos historiadores Lucien
Febvre e Marc Bloch. Nos dedicaremos aqui a observar suas principais críticas aos metódicos e
de “exercer uma liderança intelectual nos campos da história social e econômica [...] em favor de uma
A elaboração do projeto dos Annales tem relação direta com os desenvolvimentos dos
praticamente 60 anos anteriores liderados pela Escola Metódica. Guy Bourdé e Hervé Martin (Bourdé;
Martin, 1990, p. 115) elucidaram as críticas direcionadas pelos Annales aos metódicos, as quais
Nesse sentido, como ressalta Burke (1992), trata-se de uma corrente historiográfica que foca a
pesquisa histórica a partir de um problema imposto pelo historiador, que analisará seu tema por um
viés interdisciplinar. Podemos citar como principais autores dessa geração Marc Bloch, Lucien Febvre
e Henri Pirenne, ainda que este último fosse mais um colaborador do grupo do que um membro
integrante.
O sucesso da Escola dos Annales logo se tornou visível e rapidamente se tornou uma das escolas
historiográficas (seria até possível dizer a mais) influentes não apenas na Europa, como no mundo.
Com a morte de Marc Bloch em 1944, Lucien Febvre assumiu a direção dos Annales até 1956, ano
que viria a falecer. Foi então que uma outra figura passou a ganhar destaque e terminou por
impulsionar ainda mais a produção historiográfica. Trata-se de Fernand Braudel. Braudel assumiu o
posto de líder dos Annales após a morte de Febvre e estabeleceu a corrente historiográfica annalista
como interdisciplinar.
De acordo com Peter Burke (1992), o aspecto mais relevante trazido nos estudos de Braudel foi,
sem dúvida, as mudanças de perspectivas a respeito das categorias de tempo e espaço. Esta última
foi promovida especialmente pela aproximação do autor com os estudos do renomado geógrafo
Paul Vidal de la Blache, com quem manteve diálogos constantes. Particularmente em sua obra O
Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II, publicado pela primeira vez em 1949, se
tornou uma referência indispensável e representa um trabalho onde o trato com a geografia é
marcante em vários momentos.
Contudo, é importante destacar que a questão do tempo seja ainda mais predominante nos
trabalhos de Fernand Braudel, principalmente por essa categoria estar presente em todos os
momentos de seu O Mediterrâeno... ordenando todo o desenvolvimento de sua análise. Burke (1992)
nos informa que a definição do tempo de longa duração proposto por Braudel seria aquele de maior
interesse aos historiadores, pois embora ele fosse curto quando comparado com outras
temporalidades, como o tempo geológico, ele seria o responsável por fornecer ao historiador aquela
imagem mais clara das mudanças que seu objeto de análise sofrera. Em outras palavras, Braudel
mantinha um grande interesse nas estruturas, sendo que essas só seriam possíveis de serem
identificadas com maior precisão e clareza quando o historiador se dedicasse a analisá-las na longa
duração.
Em fins da década de 1960, após desgastes internos no grupo, Braudel recrutou novos
historiadores para integrar os Annales a fim de promover uma renovação de seus membros. Dentre
eles estavam importantes nomes como Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie e Marc Ferro.
Outro nome de destaque nessa segunda geração, tão preocupada com as questões de demografia e
economia, fora Georges Duby, historiador que inovou em suas análises sobre a sociedade rural na
Idade Média.
As tendências trabalhadas especialmente, embora não unicamente, por Fernand Braudel, dando
ênfase nas transformações estruturais passíveis de conhecimento pela análise da longa duração,
manifestaram o crescimento de uma outra linha de pesquisa ainda durante a segunda geração, mas
Pedro Paulo Funari e Glaydson José da Silva afirmam que a terceira geração dos Annales
proporcionou uma verdadeira ampliação dos pressupostos de Lucien Febvre e Marc Bloch, que
clamavam pela maior interdisciplinaridade nos estudos históricos. Isso teve impacto inclusive nos
temas que foram cada vez mais se diversificando, estando presentes alguns “como morte, doença,
alimentação, sexualidade, família, loucura, bruxaria, mulher, clima etc” e que viria a ressaltar a
Funari e Silva (2008) também ressaltam que outra diferença da terceira geração (também
chamada de História Nova) em relação às duas anteriores é que, enquanto aquelas mantiveram sua
liderança conduzidas por nomes específicos, esta manifestou uma despersonalização tamanha que se
Mas o ponto marcante dessa geração foi de fato o estudo das mentalidades. A questão-chave
dessa temática era demonstrar as distinções existentes entre a mentalidade da época estudada com a
do historiador que a estudava. Nos termos de Georges Duby, essa consciência de mentalidades
distintas era importante para impedir que fosse cometido o “anacronismo psicológico”, prejudicando
a análise (Funari; Silva, 2008, p. 73). Contudo, como bem destacam Funari e Silva (2008), essa geração
também sofreu duras críticas de outras linhas historiográficas, especialmente porque, ao considerar
as mudanças da mentalidade estruturadas em longas durações, corria-se o risco de dispor “em níveis
similares diferentes segmentos [sociais], aí constituindo uma de suas maiores críticas” (Funari; Silva,
2008, p. 73).
Apesar das críticas, as inovações da terceira geração dos Annales foram extremamente
importantes na historiografia e ainda hoje nos auxiliam em reflexões das mais diversas. Entre os
principais expoentes dessa geração estão, além de Georges Duby (que também esteve ativo na
segunda geração), Pierre Nora, Jacques Le Goff, Philippe Ariès e Jacques Revel.
Além dos Annales é preciso destacar também a historiografia marxista que, seguindo os preceitos de
Karl Marx do século XIX estabeleceriam críticas profusas ao mesmo tempo que indicavam novas
3.1 MARXISMO
nos escritos de Karl Marx ao longo de todo o século XIX, foi desenvolvida uma perspectiva
teórico-metodológica que supera o campo da História e possui seus alicerces na Filosofia. Durante o
século XX, a corrente marxista foi adaptada e reformulada em alguns aspectos que formularam
diferentes perspectivas. Não pretendemos aqui fazer um levantamento dessas ramificações por
questões de espaço no presente material, por isso decidimos apresentar as principais linhas que
constituem o pensamento marxista que, de uma forma ou de outra, acabam por integrar as
perspectivas por mais diversas que possam ser.
O principal fator que caracteriza a abordagem marxista está explicitado na concepção filosófica
que a sustenta, uma posição que coloca em oposição à grande perspectiva filosófica de então no
século XIX: o idealismo de Hegel. Karl Marx foi um duro crítico dos pressupostos da filosofia
hegeliana e não é preciso se esforçar para percebê-lo como tal. José Paulo Netto (2011) nos explica
que na visão de Marx a teoria seria a elaboração feita pelo pesquisador a respeito de um objeto
possível chegar à essência daquele objeto, ou seja, depreendendo sua estrutura e dinâmica na
realidade. Nos termos de Netto:
Para Marx, ao contrário, o papel do sujeito é essencialmente ativo: precisamente para apreender
não a aparência ou a forma dada ao objeto, mas a sua essência, a sua estrutura e a sua dinâmica
(mais exatamente: para apreendê-lo como um processo), o sujeito deve ser capaz de mobilizar um
Hegel ao afirmar que a essência e, portanto, a elaboração de uma síntese sobre um dado objeto só é
possível de ser feita a partir da aplicação de métodos sobre aquilo que se estuda, levando às
proposições e construções teóricas, isto é, no plano ideal. Trata-se, como bem expõe Netto (2011), da
base do pensamento marxista estar ancorado no pressuposto de que é o ser quem determina a
Ciro Flamarion Santana Cardoso sintetiza de forma bastante clara as prerrogativas do Marxismo:
A principal contradição dialética reconhecida pelo Materialismo Histórico (ou seja, pela teoria
forças produtivas. As outras contradições fundamentais são a que vincula as forças produtivas com
as relações de produção e a que estabelece a determinação em última instância da base econômica
Nesse sentido, ao realizar seus estudos sobre o capitalismo, Marx esclarece que sua investigação
tem por base a compreensão de que as relações materiais dos homens “formam a base de todas as
suas relações” (Marx, 2009, p. 245, citado por Netto, 2011, p. 34). Por mais que a perspectiva marxista
encare que, em última instância, é o econômico que determina as relações humanas, isso não
significa que devamos reduzir a abordagem marxista a um mero determinismo economicista. O
com Marx não colocava o econômico como único e exclusivo fator de transformação das relações
humanas. Nas palavras de Engels, se alguém mobiliza a concepção de que o “fator econômico [é] o
único determinante [das transformações sociais], converte esta tese numa frase vazia, abstrata,
absurda” (Marx; Engels, 2010, p. 107, citado por Netto, 2011, p. 14).
demais esferas do social (cultura, política, religião etc.) não era presente somente entre os críticos do
Marxismo, mas inclusive muitos adeptos deste entendiam suas formulações como correspondendo a
essa noção de determinismo do econômico. Romper com tal perspectiva era necessário e o próprio
Marx demonstrou como a abordagem do materialismo histórico que ele e seu colega Engels
propunham poderia ser utilizada no estudo de um fenômeno histórico com foco na esfera política.
Foi nesse sentido que a obra O 18 Brumário de Luís Bonaparte foi publicada em 1852. Conforme as
décadas foram passando e a abordagem foi sendo cada vez mais empregada, novos estudos
confirmaram que a abordagem marxista não se restringia à abordagem do econômico, algo que
pode ser visto, por exemplo, nos estudos sobre cultura do historiador inglês Edward Palmer
Thompson.
Em suma, podemos afirmar que a perspectiva marxista trouxe inúmeras inovações envolvendo
tanto questões estruturais quanto de dinâmicas específicas das sociedades. Baseando-se numa linha
filosófica oposta ao idealismo hegeliano, o marxismo defendeu uma clara atuação ativa do
historiador durante o procedimento de análise de seu objeto, seja ele qual fosse. Por tratar
uma nova perspectiva um tanto provocativa e, de certa forma, também inovadora: o pós-
modernismo. A base da crítica pós-moderna encontra sua origem já no século XIX, mas é
principalmente no XX que suas discussões colocaram em xeque a qualidade da História como ciência,
desafiando a conquista metódica que, até então, não havia sido questionada de forma tão veemente.
É fato que as perspectivas sobre como o historiador deveria proceder ao fazer sua análise são
variadas, mas a crítica pós-moderna assumiria uma postura questionando inclusive a existência da
4.1 PÓS-MODERNISMO
direção a dois pontos essenciais: aos discursos e aos argumentos totalizantes. Se fossemos rastrear as
origens da perspectiva pós-moderna, deveríamos nos deslocar para o século XIX em direção aos
estudos filosóficos de Friedrich Nietzsche. Diogo da Silva Roiz (2010) nos informa que Nietzsche
possuía uma postura crítica a respeito das reflexões sobre os fatos, justamente por considerar que
estes não existem na realidade, sendo somente interpretações que podem variar de acordo com
quem interpreta determinada situação. O ponto é preocupante especialmente para os historiadores
que procedem em suas pesquisas analisando fatos.
A crítica ganharia novos contornos especialmente ao longo das décadas de 1950-60. Como
destaca Ellen Melkins Wood (1999), essa nova corrente teórico-metodológica “é produto de uma
consciência formada na chamada idade áurea do capitalismo, por mais que possa insistir na nova
forma do capitalismo (‘pós-fordista’, ‘desorganizada’, ‘flexível’) da década de 1990” (Wood, 1999, p. 9-
10). Seria, portanto, fruto de uma sociedade que presenciou tanto os horrores das duas Guerras
Mundiais quanto os benefícios tecnológicos proporcionados pelo capitalismo da década de 1960.
As temáticas pós-modernas são variadas passando por temas culturais até os linguísticos, mas
são nesses últimos que suas abordagens mais se destacaram a partir das análises dos discursos. De
acordo com Wood (1999), a estrutura da sociedade na linha pós-moderna seria aquela mesma da
linguagem, e é nesse sentido que podemos compreender melhor a afirmação dos discursos como
chave investigativa da História cuja origem está em Nietzsche. Já que a estrutura explicativa e
ordenadora da sociedade está na linguagem e “todos nós somos dela cativos, nenhum padrão
externo de verdade, nenhum referente externo para o conhecimento existe para nós, fora dos
‘discursos’” (Wood, 1999, p. 11). Ou seja, a verdade única e possível de se apreender se encontra nos
discursos, e por isso mesmo ela não é una e possui uma enorme variedade.
Justamente pelo discurso ser a chave dos fenômenos históricos e também da prática do
historiador que a crítica a respeito da cientificidade ganhou corpo. Segundo Roiz (2010), um dos
afirmando que o discurso narrativo nos trabalhos históricos estava mais próximo da arte do que da
ciência. Já Wood (1999) ressaltou que alguns dos pesquisadores mais recentes extrapolam a noção
do conhecimento como socialmente construído a ponto de estender essa perspectiva para as leis
físicas e matemáticas, afirmando que suas formulações são frutos de um contexto histórico
específico. Ainda nessa perspectiva de pluralidade é que os pós-modernos possuem seu foco em
realçar as diferenças e agir contrariamente às teorias ditas reducionistas, totalizantes ou, para ser
mais claro, que buscam estabelecer sínteses sobre os fenômenos históricos. Nos termos de Wood,
estruturas e causas “foram substituídas por fragmentos e contingências. Não há um sistema social
(como, por exemplo, o sistema capitalista), com unidade sistêmica e ‘leis dinâmicas’ próprias; há
apenas muitos e diferentes tipos de poder, opressão, identidade e ‘discurso’” (1999, p. 14).
Dentre os principais pensadores pós-modernos que podemos citar, estão Charles Wright Mills,
Hayden White, Keith Jenkins, Michel Foucault e Paul Ricoeur, todos sendo ainda bastante influentes
se dizem globais. Embora não seja uma linha de pesquisa nova, pois possui origens já desde meados
do século XX, o que comumente vem sendo chamado de História Global tem colocado importantes
das interconexões dos fenômenos históricos. Veremos neste tema os principais contornos da História
Global que atualmente pode ser considerada como uma das correntes historiográficas com maior
destaque nos estudos históricos.
podemos afirmar que as origens da História Global podem remontar desde estudos como o já
Considerado como pioneiro dos estudos da então chamada História Mundial, Braudel se tornou
importante referência no campo e inspirou muitos pesquisadores a romper com as fronteiras
nacionais em suas pesquisas. A ruptura com a ideia de se estudar os temas dos mais diversos
globalização pós 1950, tornando o mundo cada vez mais conectado e integrado. Fluxos, trânsitos e
principalmente as conexões passaram a ser alguns dos objetos preferidos dos historiadores globais
que perceberam a impossibilidade de sociedades sobreviverem e se desenvolverem de maneira
isolada. Por isso que, de acordo com Sebastian Conrad (2019), muitos passaram a identificar ou
se debruça. Além disso, é preciso mencionar outro fator em que a crítica da História Global se
direciona: o eurocentrismo.
mover os estudos da história para outras regiões do globo para além da Europa, mas sim em romper
com o que o autor chama de “eurocentrismo conceitual” (Conrad, 2019, p. 203-204). Trata-se de
avançar numa abordagem que evite a reprodução dos mesmos valores e parâmetros que
Europa para outro continente qualquer não faz com que se rompa com o eurocentrismo se as bases
e os preceitos fundamentais da pesquisa são os mesmos formulados pelas narrativas eurocêntricas
É preciso ter em mente, contudo, que a História Global ainda não é uma perspectiva em que
os(as) autores(as) possuem concordância a respeito de sua prática metodológica. Como bem definiu
Diego Olstein em seu livro Thinking History Globally (2015), atualmente é possível definir pelo menos
12 perspectivas distintas que estão “pensando o mundo globalmente”, o que nos demonstra a
diversidade de abordagens distintas. Contudo, se podemos definir as prerrogativas que são criticadas
de maneira comum a todas elas seriam, sem dúvida, a ruptura com o eurocentrismo e com o
nacionalismo metodológico.
Entre os principais autores que se destacam nos estudos de História Global estão Sebastian
Conrad, Diego Olstein, Bruce Mazlish, Immanuel Wallerstein e Sanjay Subrahmanyam.
NA PRÁTICA
As correntes historiográficas são extremamente variadas e múltiplas nas suas abordagens. Nesse
sentido, propomos a seguinte atividade: analise o trecho abaixo e tente identificar qual a corrente
historiográfica, dentre as mencionadas ao longo desta aula, que mais se aproxima com a linha de
Proponho que a base da cultura, e da religião como campo primordial de sua manifestação, reside
na forma e na maneira pela qual os indivíduos entendem, definem, articulam e expressão as mútuas
relações estabelecidas entre si e com a natureza. Em sociedades caracterizadas por uma profunda
FINALIZANDO
Nesta aula, vimos as diversas correntes teórico-metodológicas que podem ser utilizadas nas
pesquisas históricas do historiador. Visamos estabelecer cinco vias historiográficas possíveis que
internamente se desdobram em diversas outras possibilidades, mas que infelizmente não temos
espaço o suficiente para discorrer nesse texto. Contudo, fornecemos ao longo de cada uma delas
diversos autores para que o(a) aluno(a) possa recorrer às suas obras a fim de conhecer mais a
Passando desde a Escola Metódica com suas metodologias rigorosas e pela consolidação da
História como disciplina, seguimos para a Escola dos Annales com suas três gerações críticas aos
vimos como o enfrentamento da história metódica não se restringiu aos Annales, sendo uma
perspectiva crítica da História enquanto ciência pela corrente Pós-Moderna e seu foco nos discursos,
além da História Global com suas múltiplas perspectivas que entendem a fluidez do espaço e a
Vale lembrar que todas essas correntes não necessariamente se anulam e, a depender da
questão formulada pelo pesquisador ao seu objeto de análise, podem ser combinadas de muitas
maneiras a fim de garantir uma pesquisa de qualidade e com um alto nível de discussão teórica e
metodológica.
REFERÊNCIAS
Camponeses na Alta Idade Média Ibérica (Séculos IV-VIII). São Paulo: Editora da Universidade de
1990.
FUNARI, P. P. A.; SILVA, G. J. da. Teoria da História. São Paulo: Editora Brasiliense, 2008.
NETTO, J. P. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011.