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CURSO: Bacharelado em Direito 8º Período/Noturno

DISCIPLINA: Direito Tributário I – 1º Semestre de 2022

PROFESSOR: André Luís Vieira Elói Estudo dirigido

DISCENTES:
Deivide Dener Pereira Baracho – Matrícula: 14-93339
Laís Lopes de Sousa – Matrícula: 14-93005

Questão 01- Tião, prefeito de Jangadinha do Deserto, publicou decreto alterando as


alíquotas do IPTU em seu município. O ato é válido? Explique.
Não, o ato não é válido. Saliente-se que o decreto é um ato de competência de chefe
do executivo (prefeito, governador e Presidente da República) e, em que pese não seja possível
criar tributo mediante decreto, a Constituição Federal prevê algumas possibilidades que podem
ser reguladas por decreto.
Ocorre que, nos termos do art. 150, I, da Constituição Federal, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça. Significa, desde logo, que o decreto não tem o condão de alterar as alíquotas do
IPTU, no caso em comento. No mais, conforme a Súmula 160, do STJ, “é defeso ao Município,
atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção
monetária.”
Ainda, o STF possui o entendimento da imprescindibilidade de lei em sentido
formal para aumento do IPTU. Nessa esteira, a Suprema Corte considera inconstitucional o
aumento do referido imposto por meio de decreto, o que corrobora a invalidade do ato
perpetrado pelo Prefeito de Jangadinha do Deserto.

Questão 02- Em uma decisão sobre a validade de determinado tributo, certo magistrado
afirmou que “o tributo era válido e as normas de direito tributário resultantes de tratados
internacionais revogam a lei especifica do tributo, por serem hierarquicamente
equivalentes às leis complementares, no ordenamento jurídico brasileiro”. Esta
afirmativa é correta? Explique.
A afirmativa é incorreta. Inicialmente, ressalte-se que tratado internacional é de
iniciativa do Poder Executivo. No direito tributário, os tratados internacionais, de fato, são
recepcionados com a mesma hierarquia de legislação ordinária. Apesar disso, se coexistem uma
lei ordinária e um tratado com o mesmo peso, mas que versam o oposto sobre uma mesma
matéria, tem-se uma antinomia. Formalmente, o CTN prevê que, nessas hipóteses, os tratados
internacionais revogam a legislação. Mas, materialmente, não é isso que ocorre.
O STF decidiu sobre a questão, a partir da teoria de Norberto Bobbio,
especificamente do critério da especialidade. A norma do tratado internacional é mais
específica. Então, no caso em concreto, aplica-se o tratado internacional, enquanto este for
vigente, sem, contudo, revogar a legislação ordinária, a qual será aplicada aos demais casos,
desde o ponto de vista de que a lei mais específica derroga lei mais genérica.

Questão 03 - José recebeu notificação para pagar imposto sobre serviços de qualquer
natureza. Entretanto, nunca foi prestador de serviço. É possível cancelar o lançamento
deste crédito? Responda explicando os meios possíveis, caso a resposta seja positiva.
De início, importante lembrar que o fato gerador do Imposto Sobre Serviços – ISS
é a prestação do serviço. Dessa forma, não havendo prestação de serviço, não há que se falar
em Imposto Sobre Serviços – ISS a ser recolhido. Logo, é possível cancelar o lançamento do
crédito.
No caso de José, o cancelamento pode ser feito a partir de impugnação do sujeito
passivo, nos termos do art. 145, I, da Constituição Federal. Neste ponto, existem duas vias para
impugnar o lançamento: a via administrativa e a via judicial. Em se tratando da via
administrativa, José deverá procurar o próprio órgão que realizou o lançamento, para então
preencher um formulário, a fim de questionar e solicitar o cancelamento.
Havendo frustração da via administrativa, ou seja, sendo o pedido de cancelamento
negado, José poderá buscar a via judicial. Ou, caso assim prefira, José pode ingressar
diretamente no judiciário, sem enfrentar a via administrativa antes.

Questão 04 - Carlos tem um imóvel que herdou do pai em 2015. Seu pai não pagava IPTU
desde de 2010. E depois de receber o imóvel como herança, nunca pagou o tributo. Em
relação aos créditos devidos qual é a relação de Carlos com o fisco? Responda se utilizando
de conceitos estudados.
O caso em apreço relaciona-se com a matéria da responsabilidade tributária, a qual
pode ser progressiva ou regressiva. Nesse sentido, como pontapé inicial, importante assinalar a
diferença entre contribuinte e responsável tributário. Contribuinte é aquele que tem a obrigação
tributária decorrente da realização do fato gerador, isto é, como consequência de seus próprios
atos. Responsável tributário, por sua vez, é aquele que tem a obrigação tributária, mas não é
contribuinte, vez que não realiza o fato gerador, mas a lei determina sua obrigação tributária.
São duas as hipóteses de responsabilidade tributária: 1) por substituição: o
responsável tributário assume o lugar do contribuinte, sabendo que ocorrerá antes do fato
gerador consumar-se; 2) por transferência: o responsável tributário assume o lugar do
contribuinte por situação alheia ao fato gerador. Esta última hipótese comporta três
possibilidades: a solidariedade passiva, isto é, entre codevedores; por sucessão; de terceiros.
No caso em análise, considerando que Carlos é herdeiro de seu pai, tem-se a
incidência de uma responsabilidade tributária por transferência, na modalidade de sucessão.
Logo, em se tratando o IPTU de obrigação propter rem, Carlos é responsável por todos os
créditos devidos, desde 2010.

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