FUNDADO EM 1875
JULIO MESQUITA (1862—1927)
Vale a pena? __ A24
Ser pago para viver
no primeiro mundo
O que explica oferta
de cidades europeias
O legado científico da Revolução de 1932
Máscara contra gases (foto), capacetes de liga leve e lançadores de granadas estão entre as criações do Laboratório de Ensaio de
Materiais. Ligação do LEM com indústrias paulistas levou à criação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em 1934. __ C6 e C7
Sua saúde A16 e A17
Planos de saúde usam
Justiça, biometria e até
IA contra fraudadores
Ações contra empresas de fachada saltam de 75
para 738 em 4 anos; reembolso é problema central
alta do número de
A fraudes contra con-
vênios médicos fez
com que as operado-
ras de planos de saúde inicias-
sem ofensiva que inclui exigên-
cia de biometria facial para uso
de aplicativo, inteligência artifi-
cial (IA) para identificar clíni-
cas problemáticas, tentativa de
Edição de hoje
3 CADERNOS – 44 páginas
Domingo 9 de JULHO de 2023 l R$ 9,00 l Ano 144 l Nº 47381
estadão.com.br
INÊS249
E&N __ B5
Uma frota verde,
mas não tão elétrica
Brasil tem via própria
até descarbonização
remoção de anúncios fraudu-
lentos e denúncias ao Ministé-
rio Público, informa Fabiana
Cambricoli. Levantamento da
Federação Nacional de Saúde
Suplementar (FenaSaúde)
mostra que o número de notí-
cias-crime e ações cíveis movi-
das pelas operadoras saltou de
75 para 738 entre 2018 a 2022. A
Caderno A. Opinião, Política, Internacional, Metrópole, Esportes, Para fechar...
E&N. Destacar Economia & Negócios
Fim de semana
C2 __ C3
Ele está de volta
‘Praga’, obra inacabada de Zé do
Caixão, é lançada ‘post mortem’
investida se dá principalmente
em situações que envolvem pe-
didos de reembolso. Empresas
de fachada contratavam pla-
nos premium para seus supos-
tos funcionários. Elas simula-
vam atendimentos e solicita-
vam reembolsos. A estimativa
é de que essas fraudes tenham
movimentado R$ 51 milhões.
C2. Cultura & Comportamento,
A fundo
JOSE LUIS DA CONCEIÇÃO/ESTADÃO
WERTHER SANTANA/ESTADÃO
A Guerra de Putin __ A14
Vinho na Itália, a
vítima inesperada
da invasão russa
à Ucrânia
Falta de garrafa, rótulo e lacre
leva vinícolas a fazer alertas co-
mo: “Aparência modificada
por causa do caos geopolítico”.
No cheque especial __ A12
Na Argentina,
dívida e reservas
no fim pressionam
candidato peronista
Reserva de dólares negativa
complica campanha de Ser-
gio Massa, ministro da Eco-
nomia. Eleição é em outubro.
Rosely Sayão __ A19
As férias podem ser
educativas, afinal
Celso Ming __ B2
Primeiro passo
e grande avanço
Leandro Karnal __ C8
Custo do voto __ A6 As bolsas e
o capitalismo
Liberação de
emendas por
Lula já soma
Notas e Informações __ A3
Bolsonaro, nanico
R$ 16 bilhões
neste ano
moral e político
O autoproclamado gran-
de líder da direita não li-
Maiores liberações coinci- dera ninguém.
dem com votações importan-
tes, como a da reforma tribu-
tária. Valor efetivamente já Lula, evangélicos e
pago chega a R$ 11 bilhões. espírito republicano
Aberto de Wimbledon __ A23
E&N Nova tributação __ B2
Bia Haddad vai às oitavas e
Como fica o
imposto sobre
herança, carros,
barcos e imóveis
pega amanhã a atual campeã
E&N Aposta de Zuckerberg __ B7
Nova rede social de Meta,
Threads desafia o Twitter
Texto que irá ao Senado tra-
ta de tributação sobre consu- C2 Carreira literária __ C1
mo. Projeto sobre IR deve Grupos leem livros online, sob
ser proposto ainda este ano. pressão, para depois debater
Tempo em SP
15° Mín. 21° Máx.
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
A2 O ESTADO DE S. PAULO
INÊS249
ROSEANN KENNEDY
COM EDUARDO GAYER E AUGUSTO TENÓRIO
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
Coluna do
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
ESTADAO.COM.BR/POLITICA/COLUNA-DO-ESTADAO Estadão
PT teme contaminar base SINAIS
PARTICULARES
de Lula no Congresso ao
por Kleber Sales
articular chapas para 2024

O
PT começou a negociar as formações de chapas
para as eleições municipais de 2024 no Grupo
de Trabalho Eleitoral, que terá reunião nesta se-
gunda, 10. Uma preocupação geral na sigla é não
deixar as articulações regionais prejudicarem a relação
com os partidos da base governo Lula no Congresso. A
prioridade dos petistas é ter o maior número possível
de candidatos a prefeito, principalmente nas capitais.
Mas, eles sabem que essa orientação esbarra em interes-
ses de siglas como PSB, MDB e União, que hoje estão na
Esplanada dos Ministérios. O coordenador nacional do
GT, o senador Humberto Costa é taxativo: “O governo
é quem tem a política, as emendas e cargos, não pode-
mos atrelar as eleições municipais à governabilidade”.

l PRIORIDADE. Há preferência l OFENSIVA. O governador Tar-

por compor com legendas da es-
querda, com relação histórica
com o PT, como PDT, PSB, e a
federação com PCdoB e PV. Mas
Humberto Costa deixa claro que
alianças com siglas de centro-di-
reita não serão descartadas.
l EMERGIR. Depois de chegar ao
“fundo do poço” nas eleições
de 2020, como admite o pró-
prio coordenador GT eleito-
ral, o PT desenha novas estraté-
gias. Naquele ano, pela primei-
ra vez desde a redemocratiza-
ção, a sigla não elegeu prefei-
tos nas capitais.
l PÉ NO CHÃO. PT evita falar em
números. “Não adianta lançar
candidatos no maior número de
cidades, sem pernas ou recur-
sos para a campanha”, diz Hum-
berto. Mas a ideia é se fortalecer
para 2026, criar lideranças em
locais importantes que também
possam ajudar a eleger deputa-
dos no pleito seguinte e crescer
na Câmara dos Deputados.
císio de Freitas (SP) aprovei-
tou a passagem por Brasília,
nas negociações da reforma tri-
butária, para estreitar relações
com políticos da baixada san-
tista. O local é reduto eleitoral
do ministro de Portos e Aero-
portos do governo Lula, Már-
cio França, que não esconde
de ninguém seu sonho de vol-
tar a governar o Estado.
l OLÁ. Tarcísio passou pelo gabi-
nete do deputado Paulo Alexan-
dre Barbosa (PSDB), ex-prefei-
to de Santos e padrinho político
do atual prefeito de cidade, Ro-
gério Santos (PSDB). O assunto
foi a migração para o Republica-
nos, partido do governador.
l ADEUS. Barbosa, o PAB, como
é conhecido, foi aliado por anos
de Márcio França, ex-prefeito de
São Vicente, e de Geraldo Alck-
min, atual vice de Lula. Mas quer
migrar para o grupo de Tarcísio,
pois está insatisfeito no ninho tu-
cano, que está em frangalhos.
Humberto Costa, senador (PT-PE)
l GENTE NOVA. Após perder PRONTO, FALEI! CLICK
mais de 30% de seus filiados
entre 2019 e 2022, além de ver
a bancada cair de oito para três
deputados federais, o Novo re-
gistrou aumento de filiações.
Nos últimos dois meses, ga-
nhou mais 1,8 mil filiados e che-
gou a 33 mil.
l TUDO NOVO. O presidente da si- Arnaldo Jardim Romeu Zema
gla, Eduardo Ribeiro, implemen- Vice-presidente FPA Governador de Minas Gerais
tou mudanças. Agora, a legenda
autoriza o uso de fundo partidá-
rio, algo que condenava em sua “A Frente Parlamentar da Agro- Esteve na reunião da bancada do
origem. Também vai ampliar a pecuária atuou na reforma tri- Novo na Câmara, com Gilson
abertura de diretórios pelo país. butária na defesa do agro e não Marques, Eduardo Girão, Adria-
Aposta que superou a crise com submissa à disputa politico-par- na Ventura, Marcel van Hattem e
o ex-dirigente João Amoedo. tidária. Assim foi e assim será!” o ex-deputado Alexis Fonteyne.
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Publicado desde 1875
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
NOTAS E INFORMAÇÕES
Bolsonaro, nanico
moral e político
Categórica irrelevância do manifesto de Bolsonaro contra a
reforma tributária explicita sua real dimensão política e moral.
O autoproclamado grande líder da direita não lidera ninguém
empre houve especulações
S sobre o real tamanho que
Jair Bolsonaro teria na vida
nacional após deixar a Presi-
dência da República. O tema
ganhou novo destaque após a decisão
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
que o tornou inelegível por oito anos.
Qual será de fato o papel do ex-presi-
dente na política brasileira? Sem poder
se candidatar, qual será sua influência
na vida nacional?
Nesta semana, o assunto saiu do
campo da especulação e pôde ser ob-
servado na realidade. No dia 4 de ju-
Lula, os evangélicos e o
espírito republicano
Atender os evangélicos não é beneficiar financeiramente
lideranças religiosas, com novas isenções fiscais. É governar
responsavelmente, respeitando os valores de cada um
ara melhorar a relação com
P os evangélicos, o Palácio do
Planalto estuda a possibili-
dade de apoiar projetos de
lei que ampliam benefícios
e isenções fiscais às igrejas. É realmen-
te desolador. O PT não faz nenhum
esforço para compreender as reais as-
pirações dessa parcela da população.
No entanto, querendo obter com ela
rendimentos político-eleitorais, o go-
verno Lula se movimenta para aten-
der a interesses pouco republicanos
de lideranças religiosas.
Antes de mais nada, é preciso fazer
uma distinção. As isenções fiscais que
a bancada evangélica almeja – seja
qual for o governo, ela sempre está em
busca de um benefício monetário a
mais – não atendem aos interesses
dos fiéis dessas igrejas. Elas atendem
LUIZ CARLOS MESQUITA(1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
lho, Jair Bolsonaro lançou um manifes-
to contra a reforma tributária em tra-
mitação na Câmara, qualificando-a de
“verdadeiro soco no estômago dos
mais pobres”. O ex-presidente concla-
mou os deputados do seu partido, o
PL, “pela rejeição total da PEC da re-
forma tributária”.
Em tese, era de esperar que um posi-
cionamento tão incisivo, vindo de al-
guém que obteve 58 milhões de votos
no segundo turno das eleições do ano
passado, despertasse alguma comoção
e representasse algum empecilho à tra-
mitação da reforma tributária. A voz
apenas e exclusivamente aos bolsos
dos líderes e administradores dessas
igrejas.
Na proteção do exercício efetivo da
liberdade religiosa, a Constituição de
1988 proíbe que a União, os Estados e
os municípios instituam “impostos so-
bre templos de qualquer culto” (art.
150, inciso VI, alínea b). Trata-se de
medida adequada, que assegura o fun-
cionamento das igrejas e, em último
termo, a liberdade de culto. Nenhum
templo será fechado por não pagar im-
posto, porque o Estado, em suas diver-
sas esferas, não pode cobrar impostos
das igrejas. Este é o interesse dos fiéis:
que possam livremente praticar sua fé.
No entanto, há uma parcela de lide-
ranças religiosas que quer mais do que
o livre exercício da fé. Almeja mais
isenções fiscais; em outras palavras,
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE
DIRETOR PRESIDENTE
FRANCISCO MESQUITA NETO
ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA DIRETOR DE JORNALISMO
MEMBROS EURÍPEDES ALCÂNTARA
FERNANDO C. MESQUITA DIRETOR DE OPINIÃO
FRANCISCO MESQUITA NETO MARCOS GUTERMAN
JÚLIO CÉSAR MESQUITA
LUIZ CARLOS ALENCAR
RODRIGO LARA MESQUITA
do autoproclamado grande líder da di-
reita nacional – que se apresenta como
representante do liberalismo e dos in-
teresses do empresariado – deveria
produzir alguma consequência sobre
tema tão fundamental para o desenvol-
vimento social e econômico do País.
No entanto, a oposição de Jair Bolsona-
ro à reforma tributária não gerou rigo-
rosamente nenhum efeito. Nem no
seu partido nem também naquele que
é considerado um dos principais suces-
sores do bolsonarismo, o governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Ainda que seja paradoxal, tendo em
vista o cargo que Jair Bolsonaro ocu-
pou até o fim do ano passado, a nulida-
de do manifesto bolsonarista contra a
reforma tributária não deve, a rigor,
surpreender ninguém. Ela expõe a exa-
ta dimensão da figura de Bolsonaro na
vida nacional. Está em plena conformi-
dade com suas quase três décadas de
completa irrelevância como deputado
federal.
Em 2018, diversos grupos sociais e
políticos apoiaram a candidatura de
Jair Bolsonaro. Mas esse apoio, como
agora uma vez mais se comprova, foi
meramente circunstancial. Bolsonaro
nunca foi capaz de articular politica-
mente setores e grupos da sociedade.
Basta ver sua trajetória de trocas contí-
nuas de legendas e o fracasso, mesmo
estando na Presidência da República,
na hora de criar seu próprio partido.
Uma coisa é organizar motociatas ou
ter muitos seguidores (e robôs) nas re-
des sociais. Outra, bem diferente, é
exercer uma efetiva liderança política,
congregando interesses por meio de
ações políticas coordenadas.
melhores condições financeiras para
suas atividades. Exemplo disso ocor-
reu no governo Bolsonaro, quando o
Congresso estendeu a imunidade tri-
butária prevista na Constituição à co-
brança da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL). É esquisito
que entidades “religiosas” façam dis-
tribuição de lucro. Na ocasião, disse-
mos que tal prática “deveria levar a
um questionamento se essas entida-
des fazem jus à imunidade tributária
prevista na Constituição” (O escânda-
lo dos vetos, 19/3/2021). No entanto,
não apenas fizeram a distribuição, co-
mo conseguiram não mais pagar
CSLL sobre esses valores.
Agora, na busca por condições mais
benéficas para as igrejas, a bancada
evangélica deseja isentar de imposto
toda compra de bem ou serviço feita
por um CNPJ de igreja. A rigor, preten-
de-se criar um feudo de imunidade:
tudo o que supostamente se relacio-
nar com uma entidade religiosa esta-
ria imune de tributos. Ou seja, mais do
que uma igreja, essas lideranças que-
rem ter um negócio altamente lucrati-
vo. Outra frente de pressão da banca-
da evangélica é a liberação da tributa-
ção da folha de pagamento dos empre-
gados das igrejas.
Um governo responsável com o in-
teresse público, que deseja prover con-
dições para políticas públicas efeti-
vas, tem o dever de resistir a pressões
A3
DIRETORA JURÍDICA
MARIANA UEMURA SAMPAIO
DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE
PAULO BOTELHO PESSOA
DIRETOR FINANCEIRO
SERGIO MALGUEIRO MOREIRA
Com a publicação do manifesto bol-
sonarista contra a reforma, maliciosa
e falsamente chamada no texto de “re-
forma tributária do PT”, era nítida a
pretensão de Jair Bolsonaro de se reco-
locar como a grande liderança antipe-
tista. Eis sua estatura moral. Na tenta-
tiva de alavancar popularidade, não te-
ve pudor de opor-se integralmente à
proposta, fruto de anos de trabalho le-
gislativo, que busca superar um dos
grandes entraves nacionais. O resulta-
do da manobra foi, no entanto, um
grande fiasco. Ninguém fez caso da
sua opinião.
Evidencia-se aqui outro aspecto da
pequenez de Jair Bolsonaro. Não é me-
ra ausência de capacidade de articula-
ção política. Diante de um cenário na-
cional de debate longamente amadure-
cido sobre o sistema tributário, seu ma-
nifesto pela “rejeição total” da refor-
ma explicitou que Bolsonaro não tem
nada a propor ao País. Seu discurso é
feito exclusivamente de chavões e de
desinformação. Não tem diagnóstico,
não tem proposta, não tem argumen-
to. Ou seja, a indiferença ao tal manifes-
to, tanto por parte dos agentes políti-
cos como pelos vários setores da socie-
dade envolvidos diretamente na dis-
cussão da reforma, era mais que natu-
ral. Não havia nenhum motivo para al-
guém gastar tempo com tão evidente
disparate.
Se é triste constatar a diminuta di-
mensão moral e política de quem ocu-
pou a Presidência da República por
quatro anos, é alvissareiro reconhecer
que Jair Bolsonaro volta a ter agora o
exato peso que sempre mereceu ter. A
mais cabal e rigorosa irrelevância.l
não republicanas da bancada evangéli-
ca. Foi justamente cedendo a esse tipo
de demanda que se construiu no País,
ao longo dos anos, um sistema tributá-
rio disfuncional, complexo e injusto.
Se o presidente Lula deseja aproxi-
mar-se da população evangélica, mais
do que facilitar que pastores e líderes
religiosos tenham negócios altamen-
te lucrativos, é preciso atender aos
reais interesses dessa parcela da popu-
lação. Como todos os brasileiros, que-
rem inflação baixa, emprego, atendi-
mento médico adequado, escola de
qualidade, segurança na sua rua, trans-
porte público pontual, saneamento
básico e tantos outros serviços que
não se relacionam com ser de esquer-
da, de direita ou de centro.
Atender aos interesses reais das
pessoas de fé não é, portanto, benefi-
ciar financeiramente lideranças reli-
giosas. É governar responsavelmen-
te. Em vez de se tornar refém dessas
lideranças que distribuem lucros e
querem transformar o CNPJ de suas
entidades num passe de mágica para o
não pagamento de tributos, Lula e o
PT têm a obrigação de respeitar a po-
pulação evangélica, a começar por
não desautorizar sua compreensão de
mundo, majoritariamente conserva-
dora, que valoriza a família tradicio-
nal. O pluralismo democrático exige
respeito efetivo aos valores de cada
cidadão.l

A4 O ESTADO DE S. PAULO
ESPAÇO ABERTO
Eletricidade: o último
verão fóssil?
Jorge Caldeira
pergunta traz
A uma mistura de
tempos: o verão
deste ano já pas-
sou, o próximo
ainda não veio. Para muita
gente, essa estrutura que com-
bina passado com futuro,
quando trata de mudanças re-
lacionadas à luta contra o
aquecimento global, se con-
funde com pouco realismo e
muita utopia – com coisa para
sonhadores.
Então é o caso de começar
argumentando com dados.
Neste último verão, nada me-
nos que 95,1% de toda a ener-
gia elétrica produzida no Bra-
sil veio de fontes renováveis.
Hidrelétricas, parques eóli-
cos, painéis solares e biomas-
sa, para sermos específicos.
Sobraram 4,9% para usinas nu-
cleares, petróleo, carvão mine-
ral e gás.
Mais dados do passado: ape-
nas quatro anos atrás, no ano
de 2019, a repartição era: 87%
para as renováveis e 13% para
os combustíveis fósseis. E 15
anos atrás, em 2008, não havia
energia eólica, nem solar, nem
de biomassa no Brasil.
Agora, um dado geral.
Quando se olha a capacidade
instalada de produção de ener-
FÓRUM DOS LEITORES
Revolução de 1932
Coragem e união
Quando nos lembramos da Revo-
lução Constitucionalista, per-
gunto-me o que pensariam os va-
lentes voluntários que lutaram e
os que tombaram em 1932 pela
democracia, deixando-nos um
belíssimo exemplo de coragem e
de união – como a vitoriosa cam-
panha do ouro –, ao ver o Brasil
hoje tão dividido. O mais triste é
que essa divisão é causada por
um ex-presidente e um presiden-
te que já demonstraram não en-
tender ou ignorar os direitos de-
mocráticos de uma nação. Um,
pela irresponsabilidade com a
saúde do povo durante a pande-
mia de covid, gastando seu tem-
po de governo envergonhando o
País com pronunciamentos chu-
los e desrespeitosos aos direitos
humanos, desmerecendo as ins-
tituições democráticas e incitan-
do o totalitarismo. Outro, que já
deixou saquearem os bens públi-
cos da nossa pátria, sempre elo-
giou e apoiou regimes antidemo-
gia elétrica, as fatias são de
80,5% de energias renováveis
e 19,5% de plantas movidas a
combustíveis fósseis.
Somando esses dados, já dá
para entender: o acontecido
neste verão passado foi um do-
mínio cada vez mais avassala-
dor. As renováveis conquista-
ram mercado acima de sua fa-
tia na capacidade instalada, ali-
jando a concorrência.
Mudando do passado para
o presente. Ao longo dos qua-
tro primeiros meses deste
ano, foram acrescentados 3,3
GW ao parque produtivo de
eletricidade no Brasil. Destes,
93% são de eólica, solar e bio-
massa. A tendência se acelera.
Falando do que vem pela
frente, com quase nada de uto-
pia: existem unidades produti-
vas em obras. Nada excepcio-
nal acontecendo, até o fim des-
te ano haverá mais 10,1 GW de
capacidade instalada no Bra-
sil. Um crescimento de 5%,
possivelmente maior que o au-
mento do consumo. A fatia
das renováveis nestas novas
plantas deve ser a mesma do
primeiro quadrimestre. Com
isso, até o fim de 2023 eólica,
solar e biomassa devem ter al-
go próximo a 35% da capacida-
de produtiva instalada no
O Estado reserva-se o direito de selecionar e resumir as cartas.
Correspondência sem identificação (nome, RG, endereço e telefone) será desconsiderada l E-mail: forum@estadao.com
cráticos e, hoje, se posiciona ao
lado de ditadores e afirma sim-
ploriamente que a democracia é
“relativa”. Como comemorar o 9
de Julho sem pedir perdão aos he-
róis da Revolução Constituciona-
lista de 1932, por nossa Constitui-
ção democrática hoje tão desres-
peitada e aviltada?
Maria T. A. Galvão de França
mariatoledoarruda@gmail.com
Jaú
Reforma tributária
Oposição destrutiva
Se Jair Bolsonaro tivesse ficado a
favor da reforma tributária, pode-
ria até reivindicar a sua paterni-
dade e colher os seus dividendos
políticos, já que a PEC 45/2019
nasceu em seu governo. Mas, er-
roneamente e por temor de que
o governo Lula pudesse colher
os louros do sucesso, Bolsonaro
e o PL preferiram fechar questão
e votar contra. Bolsonaro deu
mais um tiro no próprio pé. Está
agindo como sempre fizeram Lu-
la e o PT, fazendo oposição des-
trutiva ao País. Já Tarcísio de
Não há muito de
fantasia na afirmação
de que, no próximo
verão, haja pelo menos
alguns dias nos quais o
Brasil venha a ser
100% abastecido por
energia renovável
País. Relembrando: era zero
há apenas 15 anos.
Claro, podem acontecer aci-
dentes. O mais comum nas úl-
timas décadas têm sido as es-
tiagens, que afetam sobretu-
do a produção das hidrelétri-
cas. As indicações são de que
El Niño fará das suas e isso po-
de se repetir. Mas, ainda as-
sim, 2023 vem a ser o ano em
Freitas, por sua vez, acertou na
mosca ao ser favorável às mudan-
ças, já aprovadas na Câmara. Fez
a leitura certa e percebeu que
morreria eleitoralmente abraça-
do com Bolsonaro, caso optasse
por uma posição antirreforma. E
seu apoio – é bom que se diga –
foi decisivo para a aprovação. Pal-
mas para Tarcísio!
Deri Lemos Maia
derimaia@yahoo.com.br
Araçatuba
O beija-mão da reforma
Em busca de apoio no Congres-
so, o governo Lula está pagando
caro. Em dois dias, foram mais
de R$ 7 bilhões pagos em emen-
das. Os parlamentares já nem fi-
cam mais corados. Recebem o
Pix sentados confortavelmente.
E os eleitores que apostaram em
novos parlamentares estão des-
cobrindo que, sim, os eleitos em
2022 também se vendem em tro-
ca dessas emendas. Nada dife-
rente dos que já estavam lá. Co-
mo se vê, se o governo não paga,
seus projetos não são votados. E
assim a reforma tributária pas-
que os reservatórios estão
mais cheios (80% da capacida-
de) nesta época do ano – o me-
lhor resultado desde 2000,
quando as medidas começa-
ram a ser feitas. Mais um pon-
to para as renováveis.
Com todos esses dados em
mente, entremos na pergunta
do título. Sendo realista, não
dá para imaginar que o Brasil
vai fechar as usinas nucleares,
desativar as minas de carvão
mineral, devolver o gás aos po-
ços de petróleo e fechar as
térmicas que queimam óleo
diesel.
Mas, sendo igualmente rea-
lista, não há muito de fantasia
na afirmação de que, no próxi-
mo verão, haja pelo menos al-
guns dias nos quais o Brasil ve-
nha a ser 100% abastecido por
eletricidade renovável.
Com tal proporção, agora
se pode repensar o valor da
pergunta. A revolução produti-
va não foi ainda capaz de me-
xer minimamente com as
ideias correntes, com a im-
pressão geral de que esta coisa
de ambientalismo é uma in-
venção lá de fora, ideia impos-
ta por terceiros e que não tem
nada que ver com a realidade
da economia brasileira.
Tais fumaças têm seu va-
lor. Servem para produzir ar-
gumentos que refutam pro-
postas realistas, feitas com ba-
se no novo pensamento, ain-
da mais quando os autores es-
tão fora do Brasil. Especial-
mente quando apontam um
grande futuro econômico, ca-
so aconteça uma aceleração
da tendência do uso dos recur-
sos naturais para fundar uma
economia de carbono neutro
– nada muito diferente do es-
sou na Câmara. Nos últimos tem-
pos, tudo o que acontece no Con-
gresso vem acompanhado de
muitos zeros à direita. É a Mate-
mática do governo, uma verda-
deira bola-de-neve. Entra gover-
no e sai governo, o modus operan-
di está instalado. Dificilmente sai-
remos desse emaranhado. Só
Deus para nos livrar dele.
Izabel Avallone
izabelavallone@gmail.com
São Paulo
Resultados
Para saciar a fome, a ganância e,
possivelmente, a desonestida-
de, o Brasil parece ter-se trans-
formado numa colcha de reta-
lhos. Nada se faz sem a liberação
de polpudas verbas aos legislado-
res, para que se aprove qualquer
coisa. Mas os resultados dessa
distribuição de dinheiro nunca
aparecem concretamente, nun-
ca corrigem nada, como ensina a
palavra, a não ser produzir no-
vos escândalos.
Adriles Ulhoa Filho
adriles@uai.com.br
Belo Horizonte
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
praiamento daquilo que já
acontece no terreno da eletri-
cidade para a totalidade da
economia.
Exemplo: em maio, o Ban-
co Mundial publicou um rela-
tório sobre as possibilidades
do País com a adoção deste ca-
minho. Basicamente, repete o
que dizem esses estudos no
mundo todo, já há alguns
anos. Quantificando: com um
investimento anual de apenas
0,8% do Produto Interno Bru-
to (PIB), de retorno quase ime-
diato, o Brasil se transforma-
ria numa plataforma mundial
de atração de capitais e gera-
ção de empregos em poucos
anos.
Então, caro leitor, permita-
me, enfim, um pouco de fanta-
sia. A pergunta deste artigo
não é sobre um futuro verão,
no qual as usinas movidas a
combustível fóssil tenham
seus dias de serem apenas um
retrato na parede, como a Ita-
birito do poeta.
É mais, sendo de novo rea-
lista, sobre o hábito de pensar
o futuro nos termos do passa-
do. Esse me parece um estra-
nho esporte nacional. Para ser
sincero, sendo amante de estu-
dar outros tempos, saudosis-
mo não me incomoda. Mas, pa-
ra quem se acostumou a lidar
com o conhecimento do Bra-
sil, a dominância da versão de
não enxergar uma era de mu-
dança, numa era de grandes
mudanças, é algo que uma na-
ção talvez não se deva permi-
tir – especialmente quando é a
maior beneficiária delas, em
todo o planeta. Fiat lux? l
ESCRITOR, É MEMBRO DA ACADEMIA
BRASILEIRA DE LETRAS (ABL)
Uma briga para Lula
A maneira como a reforma tribu-
tária foi aprovada escancara a ne-
cessidade de uma grande refor-
ma política. O País não pode fun-
cionar movido a propina. A gene-
rosa distribuição de bilhões de
reais a título de emendas parla-
mentares feita pelo presidente
da República às vésperas da vota-
ção deixou muito claro o meca-
nismo de compra e venda de
apoio político. O mensalão se
transformou num esquema siste-
mático e bilionário, em que tudo
se compra e tudo se vende, ten-
do os cofres públicos como fon-
te inesgotável de recursos. O Bra-
sil será o melhor e mais rico país
do mundo quando acabar com a
corrupção generalizada e siste-
mática, e o primeiro passo desta
longa caminhada é acabar com o
segredo e a roubalheira das
emendas parlamentares. Um po-
lítico em final de carreira, sem na-
da a perder, como Lula, tem tudo
para comprar essa briga.
Mário Barilá Filho
mariobarila@yahoo.com.br
São Paulo
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO A5

ESPAÇO ABERTO

FMI, juros e governo sem plano

Rolf Kuntz

eclamar dos juros rando a chegar às metas. Po- crédito do Tesouro favoreceu de escolher prioridades.

R e atacar o presi- dem surgir tensões entre os ob-

dente do Banco
Central (BC) têm
sido ações lucrati-
vas para o presidente Luiz Iná-
cio Lula da Silva. Disfarçam a
pobreza da política econômi-
ca, atraem apoio parlamentar
e empresarial e podem, se o jo-
go avançar um pouco mais, fa-
cilitar sua intervenção na po-
lítica monetária. Se isso ocor-
rer, o arsenal do populismo se-
rá enriquecido. Mas essa é uma
briga perigosa para o País e pa-
ra o governo. A inflação tem re-
cuado, mas ninguém pode,
com segurança, descartar o ris-
co de um repique. As condi-
ções globais estão melhores do
que há alguns meses, mas a geo-
política permanece inquietan-
te e é cedo para celebrar a nor-
malização dos preços e das fi-
nanças. O novo conjunto de ris-
cos foi resumido pela vice-che-
fe do Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI), Gita Gopina-
th, em “três verdades incômo-
das para a política monetária”.
Incômodas também, pode-se
acrescentar, para um gover-
nante pouco disposto, aparen-
temente, a aceitar os custos da
austeridade e das políticas de
ajuste.
As três “verdades” foram
apontadas em discurso dedica-
do aos dirigentes de bancos
centrais. A inflação está demo-
jetivos de contenção dos pre-
ços e de estabilidade financei-
ra. Efeitos econômicos da pan-
demia e da guerra na Ucrânia
podem refletir-se em novas
pressões inflacionárias e em
novos problemas de formula-
ção e de condução de políticas.
Em todos os casos, a recomen-
dação é seguir trabalhando pe-
la normalização dos preços,
mesmo quando seja indispen-
sável cuidar de dois objetivos e
ajustar os instrumentos e estra-
tégias a novos desafios. Negli-
genciar o combate à inflação
pode ter custos muito altos e
implicar correções especial-
mente dolorosas.
Dirigentes e técnicos de
bancos centrais podem discu-
tir essas questões em todos os
seus detalhes. Podem manter
as políticas conhecidas ou for-
mular novas estratégias e dese-
nhar novos instrumentos, co-
mo fizeram, por exemplo, no
último meio século. Especialis-
tas em política monetária po-
dem contribuir com dados e
análises. Mas o bom senso
manda evitar a sujeição dessas
políticas a objetivos pessoais
ou partidários de governantes,
de outras autoridades e de gru-
pos políticos ou econômicos.
No balanço deste século e do
anterior, os surtos inflacioná-
rios foram em geral menos du-
Cenários desenhados
para a economia nos
próximos anos ainda
são deprimentes. E não
se sabe como o governo
do Brasil enfrentará as
limitações econômicas
radouros e menos danosos nos
países com bancos centrais au-
tônomos. Esse grupo inclui as
economias mais desenvolvi-
das, mais inovadoras e com me-
lhores condições para a maior
parte das famílias. A saúde mo-
netária foi normalmente um fa-
tor de segurança e de previsibi-
lidade nessas economias.
Mas a tarefa dos bancos cen-
trais foi certamente facilitada,
nesses países, por finanças pú-
blicas sustentáveis e pela con-
fiança no poder público. O
o financiamento do governo e
a manutenção de juros baixos,
ou, pelo menos, de juros infe-
riores àqueles encontrados em
cenários menos seguros. Em
todos os casos, políticas fiscais
conduzidas com segurança e
previsibilidade propiciaram se-
gurança ao mercado financei-
ro e à vida empresarial.
Nenhuma economia – de-
senvolvida, emergente ou em
desenvolvimento – é imune a
crises. A história das mais avan-
çadas inclui episódios de turbu-
lência, de quebras e de sofri-
mento. Mas é caracterizada,
também, por longos períodos
de prosperidade associados à
condução segura das contas pú-
blicas e à relativa estabilidade
dos preços. Nessas economias,
a predominância da estabilida-
de fiscal favorece gastos ex-
traordinários, quando são ne-
cessárias ações emergenciais
para a reativação econômica e
a recuperação do emprego.
Todas essas condições ocor-
rem mais facilmente quando o
valor da seriedade fiscal é par-
te do dia a dia. Se os cidadãos
tendem a apoiar e a cobrar a
gestão cautelosa do dinheiro
público, os governantes po-
dem ser estimulados, mais fa-
cilmente, à austeridade finan-
ceira. Não se trata, obviamen-
te, de renunciar a investimen-
tos de interesse público, mas
Essa escolha pode ser favo-
recida por um debate público
democrático, amplo e baseado
em boas informações. A limita-
ção dos meios, com frequência
apontada em tom lamentoso
por autoridades brasileiras, é
um dado incontornável em to-
do o mundo. É sempre necessá-
rio renunciar a alguns objeti-
vos, ao menos por algum tem-
po, e concentrar o trabalho
nos fins considerados mais im-
portantes ou mais urgentes.
Definição cuidadosa de prio-
ridades é especialmente impor-
tante quando um novo gover-
no começa a operar. Sem isso,
é difícil evitar tropeços, desper-
dício de recursos, perda de tem-
po e insegurança para a admi-
nistração pública e para os
agentes privados. No Brasil, as
projeções de crescimento eco-
nômico neste ano têm melho-
rado e já superam 2%, uma taxa
ainda medíocre, mas os cená-
rios desenhados para os próxi-
mos anos continuam depri-
mentes. Não se sabe como o go-
verno enfrentará as limitações
econômicas. Nenhum plano
claramente desenhado foi pro-
posto até agora pelo presiden-
te, mais ocupado, nos últimos
seis meses, em praticar populis-
mo, brigar com o presidente do
BC e viajar ao exterior. l
JORNALISTA

TEMA DO DIA PRODUTOS DIGITAIS

WERTHER SANTANA/ESTADÃO DESIREE RIOS/THE NEW YORK TIMES

Comentários de leitores no
portal e nas redes sociais

l “Independentemente de voto, tem de se re-

conhecer: Tarcísio é um cara equilibrado.”
EDMUNDO BORBA

l “Optou pelo País e deu as costas pro atraso,

negacionismo e ignorância de Bolsonaro.”
THERE LIMA
The New York Times
l “Tarcísio só entendeu que a reforma tribu- Crianças de 7 anos ‘resol-
tária era essencial, nada mais.” vem’ a crise climática; veja. l
THIAGO AZAMBUJA https://bit.ly/3JIRr9x

Disputa política l “Mérito foi de Haddad e do presidente Lu- Ranking da TasteAtlas

Articulação por reforma cacifa Tarcísio para la, que souberam negociar com todos os par- Galinhada brasileira está
tidos e criar uma reforma possível.” entre melhores do mundo. l
2026 ao opor governador de SP a Bolsonaro VIRGÍLIO RIBEIRO https://bit.ly/3rcXQU0
Nas negociações sobre a reforma tributá-
ria, governador capturou uma agenda da cen- Newsletters do Estadão
tro-direita, pró-reforma tributária, enquanto o 13.323 NAS REDES SOCIAIS
Veja outros destaques e participe das discussões no
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ex-presidente voltou seu discurso para a extre- Interações www.estadao.com.br/e/linkdabio cias no seu e-mail. l
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A6
POLÍTICA
Relações Institucionais
Liberação de emendas a parlamentares
antes de votações soma R$ 16 bi no ano
Esse é o total de recursos empenhados pela gestão Lula, que já pagou R$ 11 bilhões
aos congressistas, somando as emendas apresentadas neste ano às de anos anteriores
DANIEL WETERMAN
BRASÍLIA
O governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva acelerou a
liberação de emendas para in-
fluenciar votações importan-
tes no Congresso, como a refor-
ma tributária, na semana passa-
da. Desde o início do ano, o Pla-
nalto já liberou (empenhou)
R$ 16,3 bilhões em recursos in-
dicados por parlamentares.
Desse total, R$ 4,4 bilhões fo-
ram pagos. Além disso, o gover-
no pagou R$ 6,6 bilhões de re-
cursos empenhados em anos
anteriores, totalizando R$ 11 bi-
lhões em pagamentos.
Durante a campanha eleitoral
do ano passado, Lula classificou
o orçamento secreto, esquema
criado pelo governo de Jair Bol-
sonaro, como uma excrescên-
cia. Após assumir o governo, o
ministro das Relações Institu-
cionais, Alexandre Padilha, dis-
se que a liberação de emendas
parlamentares passaria a ser
transparente e de acordo com
critérios técnicos. Procurado pe-
lo Estadão, o governo negou ir-
regularidades.
Nos primeiros sete meses de
governo, o governo petista pa-
gou emendas do orçamento se-
creto deixadas por Bolsonaro e
ainda fez liberação recorde de
um recurso ainda menos trans-
parentes, também usado por
seu antecessor: as emendas Pix,
cujo dinheiro é direcionado por
parlamentares para Estados e
municípios, que podem gastá-lo
em qualquer área, sem projetos,
transparência ou fiscalização
dos órgãos de controle. Isso per-
mite atender o Centrão e evitar
um caos na articulação política
com o Congresso.
As maiores liberações ocorre-
ram nos dias de votações estra-
tégicas para o Executivo, que
não tinha apoio para aprová-las.
Ou seja, o caixa do governo fede-
ral rodou no ritmo das negocia-
ções mais intensas, conforme le-
vantamento do Estadão com
dados do Siga Brasil, portal man-
tido pelo Senado.
Só no dia 23 de maio, o gover-
no liberou mais de R$ 1 bilhão
em emendas para pagamento.
Naquele dia, a Câmara aprovou
o projeto do novo arcabouço fis-
cal. O Estadão flagrou deputa-
dos admitindo a troca de votos
por verbas e cargos. Com o de-
sembolso, Lula conseguiu a pri-
LULA ACELERA LIBERAÇÃO DE EMENDAS
EM DIA DE VOTAÇÕES IMPORTANTES
Governo libera R$ 16,3 bilhões em
emendas neste ano, até o dia 6 de julho.
Maiores empenhos ocorreram durante
votações do arcabouço fiscal, MP dos
Ministérios e reforma tributária
EM BILHÕES DE REAIS
2.000.000
VOTAÇÃO DO ARCABOUÇO FISCAL NA
CÂMARA. ESTADÃO FLAGROU DEPUTADOS
TROCANDO VOTOS POR CARGOS E EMENDAS
1.000.000
0
7/FEV
meira vitória no Congresso,
após uma série de derrotas.
Sete dia depois, outro recor-
de: R$ 1,7 bilhão em emendas li-
beradas na véspera da votação
da Medida Provisória dos Minis-
térios. A Câmara ameaçava não
votar o projeto, o que faria o go-
verno perder ministérios cria-
dos pelo petista. Após a tensão
na negociação e a liberação do
dinheiro, os deputados aprova-
ram a MP com 337 votos favorá-
veis e 125 contrários.
COBRANÇA. A vontade do Cen-
trão não foi saciada. Parlamenta-
res começaram a cobrar um con-
trole maior do caixa da União e
mais cargos para aliados políti-
cos. No dia 15 de junho, Lula or-
ganizou uma reunião ministe-
rial e deu um “pito” em seus mi-
nistros, afirmando que era preci-
so acelerar a liberação de verbas
e de cargos para o Centrão, dian-
te do risco de o Executivo não
conseguir aprovar projetos.
No dia seguinte, o petista se
reuniu com o presidente da Câ-
mara, Arthur Lira (PP-AL), e
prometeu abrir mais espaço pa-
EM REUNIÃO COM
LIRA, LULA PROMETE
ENTREGAR MAIS
CARGOS PARA O
CENTRÃO
REUNIÃO MINISTERIAL - LULA
COBRA EMPENHO DOS MINISTROS
PARA MAIS EMENDAS
15/JUN
0,3
VÉSPERA DA VOTAÇÃO DA
MP DOS MINISTÉRIOS.
PROJETO QUASE
CADUCOU APÓS AMEAÇA
DA CÂMARA
30/MAI
1,7
23/MAI
1,0
ra o grupo. Não deu outra. Só
naquele dia: R$ 1 bilhão libera-
do em emendas. Lira pressio-
nou o governo a demitir a mi-
nistra da Saúde, Nísia Trinda-
de, e colocar um indicado do
PP no cargo. Mais tarde, Lula
avisou que não entregaria a
pasta para o Centrão, mas po-
deria ceder outros cargos ain-
da em negociação.
“O toma lá, dá cá continua a
pleno vapor. As emendas não
garantem base fiel para o gover-
no e os parlamentares vão se
mover na medida em que fo-
rem contemplados”, diz o cien-
tista político Leandro Consenti-
no, do Insper. Para o especialis-
ta, o cenário é diferente do pre-
sidencialismo de coalizão tradi-
cional, em que o Congresso de-
cidia se aderia ou não ao gover-
no eleito. Agora, é Lula quem
está tendo de se movimentar
para aderir ou não ao Centrão.
“O governo está bastante de-
pendente dessa negociação e
podemos antever no futuro
uma reforma ministerial para
contemplar cada vez mais o
apetite do grupo.”
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
demos-PR), um dos mentores
5,3 da reforma. Em um único dia,
5/JUL na véspera da votação na Câma-
VÉSPERA DA ra, o governo liberou R$ 5,3 bi-
VOTAÇÃO DA
REFORMA lhões em emendas Pix para aten-
TRIBUTÁRIA der os parlamentares. A refor-
ma tributária passou com 375 vo-
tos a favor e 113 contra.
16/JUN
SOBRAS. Os pagamentos totais
feitos pelo governo Lula duran-
te o ano incluem R$ 2 bilhões do
orçamento secreto deixados pe-
la gestão Bolsonaro e R$ 6,3 bi-
lhões em emendas Pix. “Esta-
mos assistindo a uma reedição
CÂMARA
PAUTA
da mesma prática a despeito de
REFORMA ela ter sido criticada duramente
TRIBUTÁRIA por Lula durante a campanha
4/JUL
eleitoral”, observa Consentino.
2,1
Após a aprovação da reforma
tributária, o presidente da Câ-
mara afirmou que a proposta
passou “graças aos partidos de
centro” – como ele chama o Cen-
trão. “Quanto mais o governo
1,0 1,1 CÂMARA tratar da maneira como esco-
APROVA lheu, da confecção da sua base,
REFORMA
TRIBUTÁRIA mais fácil fica a vida do governo,
mais fácil fica a nossa vida aqui”,
disse Lira à GloboNews.
Apesar das primeiras vitórias,
a vida do governo não está resol-
vida no Congresso. Lula precisa
6/JUL concluir a votação do arcabou-
FONTE: SIGA BRASIL/SENADO / INFOGRÁFICO: ESTADÃO ço fiscal e encaminhar o Orça-
mento de 2024, que define para
onde vai o dinheiro federal. Ele
REFORMA. Durante a votação da já trocou a ministra do Turismo,
reforma tributária, Brasília foi Daniela Carneiro pelo deputa-
tomada por empresários, depu- do Celso Sabino (União-PA) e
tados, senadores, governadores vai negociar outros cargos exigi-
e prefeitos em busca de defen- dos pelo Centrão, como a Em-
der interesses na proposta. O bratur, os Correios e mais minis-
combo de benesses no projeto – térios. E a pressão continua. A
segundo parlamentares – veio fatura de emendas ainda não li-
acompanhado de recursos para beradas neste ano soma R$ 20
bilhões, fora outros R$ 25 bi-
lhões de anos anteriores que es-
“O governo está tão à espera de pagamento.
bastante dependente Ao Estadão, o governo infor-
dessa negociação e mou que as emendas executa-
podemos antever no das seguem dois critérios estabe-
futuro uma reforma lecidos pelo Congresso. O pri-
ministerial para meiro é o das emendas impositi-
contemplar cada vez vas, de execução obrigatória. O
mais o apetite do grupo” segundo é o calendário com pra-
Leandro Cosentino zos da Lei de Diretrizes Orça-
Cientista político mentárias – as emendas po-
diam ser apresentadas até 26 de
abril, e a liberação de recursos
os redutos eleitorais. “A situa- começava em maio. “Foi exata-
ção para os Estados e municí- mente isso o que aconteceu:
pios já estava resolvida, mas maio e junho foram executados
eles queriam uma coisa a mais. os empenhos das emendas im-
Quando o governo negocia uma positivas.” O governo informou
vez, significa que vai negociar to- avaliar tecnicamente os pedi-
da vez, e o Parlamento é muito dos. “Tudo o que foi definido
sabujo do Executivo”, disse o de- em lei está sendo cumprido pe-
putado Luiz Carlos Hauly (Po- lo governo de forma regular.” l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO POLÍTICA A7

Eliane Cantanhêde E-mail: eliane.cantanhede@estadao.com; Twitter: @ecantanhede

O Centrão e ‘a prioridade do governo’

om dois ministérios, um com a (ainda...) ministra do Tu- A reforma tributária e a ânco- que arbitra conflitos entre Fis- Embratur... Lula dá limites. Os

C para o PP, outro para o

Republicanos, uma esta-
tal daqui outra dali e R$
7 bilhões em emendas de uma
tacada só, o presidente Lula
conseguiu a aprovação folgada
da reforma tributária e da mu-
dança no Carf e obteve a sua
maior vitória desde a posse: iso-
lou o PL na Câmara, dividiu a
extrema direita e ajudou a em-
purrar Bolsonaro de volta à in-
significância.
Por uma barbeiragem do Pla-
nalto, a votação da reforma fi-
cou por um fio na quinta-feira.
O ministro da Comunicação
Social, Paulo Pimenta, enten-
deu errado a reunião de Lula
rismo, Daniela Carneiro, e sol-
tou nota dizendo que ela conti-
nuava no cargo. Para quê? O
União Brasil (UB) da Câmara
pegou em armas, ameaçando
votar contra a reforma, o Carf e
a âncora fiscal.
Alexandre Padilha, da Articu-
lação Política, teve de soltar
uma segunda nota para desmen-
tir Pimenta e avisar que Daniela
está fora e o deputado Celso Sa-
bino, dentro do Turismo. Após
um mês na frigideira, a ministra
foi demitida por uma nota. O
UB reduziu a retaliação a um pe-
dido de adiamento da votação,
que foi derrubado, e votou a fa-
vor da reforma e do Carf.
ra fiscal são importantes para o
País e tiveram forte sopro de fo-
ra para dentro do Congresso,
com pressão de entidades, em-
Se os ministros
estão com a cabeça
a prêmio, os da
área social
também?
presas, economistas e mídia.
Logo, não são vitórias do inte-
resse exclusivo do governo.
Mas a do Carf é. Com o “voto de
qualidade”, o governo recupera
o poder de desempate no Carf,
co e empresas, e pode lucrar R$
50 bilhões em 2024.
Daí, Lula ligou para Lira na
sexta-feira, com um pedido e
uma oferta: a votação do Carf
no mesmo dia, antes do recesso
branco, em troca dos dois minis-
térios para o Centrão. O Carf
foi aprovado e o acordo, selado
na mesma tarde no Alvorada. A
guerra, porém, continua na Câ-
mara, com a âncora fiscal, e no
Senado, com a reforma e o Carf.
O Centrão já viu que a Saúde
não dá e, como antecipado
aqui, desviou o olho gordo para
o Ministério do Desenvolvi-
mento Social (MDS), além de
Caixa Econômica, Correios,
outros ministros estão com a ca-
beça a prêmio, mas, nos da área
social, ninguém mexe.
Enquanto Lula se acertava
com o Centrão, seu maior (ex)
crítico no PP, senador Ciro No-
gueira, dava uma cambalhota e
dizia que “nenhuma oposição
pode ser contra o Brasil”. Do ou-
tro lado, Janja visitava o MDS,
blindava o ministro Wellington
Dias, do PT, e postava que a po-
pulação pobre é “a prioridade
desse governo”. Lula não vai en-
tregar a prioridade do seu gover-
no para o Centrão, ou vai? l
COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO,
DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL
GLOBONEWS EM PAUTA

SEG. Carlos Pereira e Felipe Moura Brasil (quinzenalmente) l TER. Eliane Cantanhêde l QUA. Vera Rosa e Marcelo Godoy (quinzenalmente) l QUI. William Waack l SEX. Eliane Cantanhêde l SÁB. João Gabriel de Lima l DOM. Eliane Cantanhêde e J.R. Guzzo

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Ataques aos Três Poderes
STF vê ‘democracia inabalada’ seis meses após 8/01
Seis meses após a invasão e de-
predação dos prédios dos Três
Poderes em Brasília por bolso-
naristas, o Supremo Tribunal
Federal (STF) relembrou o epi-
sódio e informou que a demo-
cracia no Brasil “segue inabala-
da” apesar de ter vivido “uma
página triste e lamentável de
sua história”.
“As instituições brasileiras se-
guem firmes. Cadeiras, qua-
dros, vidraças e obras de artes
foram restaurados. O impacto
financeiro da destruição é da or-
dem de R$ 11,4 milhões, apenas
no STF”, disse a nota do tribu-
nal. O ministro do STF Alexan-
dre de Moraes comentou nas re-
des sociais a nota, classificando
o dia da invasão aos Poderes co-
mo “dia da infâmia”. “O STF re-
cebeu 1.295 denúncias da Procu-
radoria Geral da República, ini-
ciando as ações penais, e já reali-
zou 133 audiências de instrução.
Viva o Estado Democrático de
Direito!!!”, escreveu Moraes. l
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
A8 POLÍTICA O ESTADO DE S. PAULO

J. R. Guzzo
A reforma que não reformou
emos, enfim, a reforma se a mínima atenção aos interes- única reforma fiscal que faz ne- uns impostos daqui para lá, mu- governo. A despesa pública

T tributária que o governo

queria. Começou, como
em geral começa tudo
que tem alguma coisa a ver com
Lula, com uma queima monstro
de dinheiro público – R$ 5 bi-
lhões em “emendas Pix”, libera-
dos em cima da hora, para com-
prar votos no bazar do plenário
da Câmara. (É a única preocupa-
ção do presidente Arthur Lira e
da maioria dos deputados: fa-
tiar o Orçamento, levar cada um
o seu e o resto que se exploda.)
Acabou com mais um pacote de
novas regras para o pagamento
de impostos – que, mais uma
vez, como se faz há 500 anos, foi
decidido sem que ninguém des-
ses, ou sequer à opinião, dos bra-
sileiros que estão condenados a
pagar até o último tostão desses
impostos todos.
O Brasil precisava de uma re-
forma tributária? Precisava.
Poucos países do mundo têm
um sistema de impostos tão es-
túpido quanto o brasileiro –
obra direta dos sagrados sacer-
dotes que produziram a Consti-
tuição de 1988 e das gerações
de deputados que vêm aprovan-
do, uma depois da outra, todas
as leis que criaram essa situa-
ção fiscal demente. O Brasil pre-
cisava da reforma que acabou
aprovada? Aí já é outra conver-
sa. O que dá para falar é que a
xo neste país – onde quem ga-
nha R$ 2 mil por mês, e mal con-
segue comer, já tem de pagar
Imposto de Renda – é uma re-
forma para baixar os impostos.
A única reforma que
faz nexo é uma para
baixar os impostos.
A lei aprovada não
baixa coisa nenhuma
Serão R$ 3 trilhões de arrecada-
ção neste ano de 2023. Alguém
acha que é pouco? Só Lula.
A lei agora aprovada não bai-
xa coisa nenhuma. Empurra
da nomes e reparte os trilhões
de forma diferente. Pode, até,
gerar um pouco mais de sanida-
de no sanatório geral que está
aí, embora os tributaristas, ana-
listas e “especialistas” chama-
dos para nos instruir nas me-
sas-redondas da mídia digam
coisas tão diferentes umas das
outras que fica difícil entender
se vai piorar ou despiorar, co-
mo diziam os jornalistas até Lu-
la assumir a Presidência. O fa-
to indiscutível é que não foi fei-
ta, nem passou pela cabeça de
ninguém, a mínima tentativa
de tratar do único problema fis-
cal que realmente existe no
Brasil: o gasto sem controle do
não é fixada segundo a capaci-
dade que a população tem para
pagar os impostos. É o contrá-
rio. O imposto é que tem de
acompanhar o gasto público.
Para um país pobre como o
Brasil, com um PIB inferior ao
valor de mercado da Apple, ho-
je batendo nos US$ 3 trilhões,
o resultado é a concentração
alucinada de renda e o desas-
tre social que vem daí. A Justi-
ça, por exemplo, custa R$ 100
bilhões por ano; o Congresso,
mais R$ 14 bi, e assim por dian-
te. O Brasil não tem dinheiro
para pagar isso tudo. l
JORNALISTA

SEG. Carlos Pereira e Felipe Moura Brasil (quinzenalmente) l TER. Eliane Cantanhêde l QUA. Vera Rosa e Marcelo Godoy (quinzenalmente) l QUI. William Waack l SEX. Eliane Cantanhêde l SÁB. João Gabriel de Lima l DOM. Eliane Cantanhêde e J.R. Guzzo

l Eleições municipais l Construindo as candidaturas

via entre Pietá e Alencar, que,

Disputas nos partidos deixam desta vez, esperava ser escolhi-
do candidato de forma consen-
sual. Para complicar ainda

cenário embolado em Guarulhos mais o racha interno, o verea-

‘Xerife do Consumidor’
tenta se credenciar
como o candidato
bolsonarista; PT se
divide entre três nomes
e PSDB repete aposta
ADRIANA FERRAZ
A cerca de um ano para o início
das convenções partidárias, a
disputa eleitoral em Guaru-
lhos, segunda cidade mais po-
pulosa do Estado, tem cenário
incerto. O atual prefeito Gusta-
vo Henric Costa, o Guti (PSD),
ainda não definiu seu suces-
sor, o que embola todas as de-
mais pré-candidaturas.
Até mesmo o PT, que tenta-
rá voltar ao poder no ano que
vem, depois de oito anos, pos-
terga a sua escolha entre o ex-
prefeito Elói Pietá, o deputado
federal Alencar Santana e o ve-
reador Orlando Maurício Ju-
nior, conhecido como “Maurí-
cio Brinquinho”.
Aceno
Escolha de Jorge Wilson
para líder na Assembleia é
visto como um sinal de
Tarcísio para o centro
Com 1,4 milhão de habitan-
tes e dona da 12.ª economia
mais rica do País – muito em
função do Aeroporto Interna-
cional de São Paulo –, a cidade
enfrenta realidade semelhan-
te à da capital no que diz respei-
to às desigualdades sociais, o
maior desafio a ser enfrentado
por qualquer um que vença a
eleição. Nada que os pré-candi-
datos não saibam de cor. A lis-
ta, aliás, inclui ainda o deputa-
do estadual Jorge Wilson (Re-
publicanos) e a empresária
Fran Corrêa (PSDB).
Atual líder do governo Tarcí-
sio de Freitas (Republicanos),
Wilson, que é mais conhecido
como “Xerife do Consumi-
dor”, tenta se cacifar para 2024
como bolsonarista de perfil
moderado. A escolha do parla-
mentar para o posto na Assem-
bleia Legislativa de São Paulo
foi tratada como um aceno de
Tarcísio ao centro, movimen-
to que o parlamentar tentará
seguir em sua eventual segun-
da disputa em Guarulhos. Em
2016, Wilson ficou em quarto
lugar, com quase 11% dos vo-
tos válidos.
SITUAÇÃO. Para representar a
gestão Guti nas urnas, no en-
tanto, Wilson terá de vencer
uma disputa travada entre
aliados. O atual prefeito cogi-
ta apoiar seu secretário de Go-
verno, o ex-vereador Edmil-
son Americano, hoje filiado
ao Cidadania, mas com a pos-
sibilidade de se lançar pelo
PSD de Guti.
Um dos nomes preferidos
do grupo político que coman-
da a cidade, Americano é bas-
tante conhecido entre os mo-
radores de Guarulhos e está
na gestão desde o primeiro
mandato, o que lhe confere
mais credibilidade para repre-
sentar uma candidatura de
continuidade. Segundo o Es-
dor Maurício Brinquinho tam-
bém defende que o nome petis-
FELIPE RAU /ESTADÃO
ta saia pelo voto dos delegados
do partido na cidade e se colo-
ca como opção.
“Eu apoiei o nome do Elói
na eleição passada, mas não es-
pero essa cortesia de volta. Se
necessário, vamos à disputa in-
terna, sem problemas”, afir-
mou Alencar, que aguarda
uma decisão do PT ainda neste
ano. Pesa contra Alencar o fato
de ele ser o único deputado fe-
deral que representa Guaru-
lhos em Brasília.
LISTA. Até outubro do ano que
vem, a lista de possíveis candi-
datos dentro e fora do PT deve
aumentar. Se Guti não conse-
guir montar uma aliança am-
pla pela continuidade do gover-
no, outras lideranças cogitam
se lançar, como o vereador Lu-
cas Sanches (PP), que alcan-
Ponte estaiada de Guarulhos: cenário eleitoral está indefinido çou mais de 40 mil votos em
Guarulhos em sua primeira dis-
puta para deputado federal.
tadão apurou, Guti só fará Considerado um bolsonaris-
sua escolha no início do ano ta raiz, o parlamentar se tor-
GUARULHOS que vem. Até lá, líderes do nou popular ao vestir um cole-
PSD e do Republicanos pre- te preto com os dizeres “fiscal
tendem testar a viabilidade do povo” para visitar serviços
PREFEITO ÁREA TOTAL
GUSTAVO 318.675 KM² eleitoral dos pré-candidatos. públicos da cidade, como uni-
HENRIC COSTA Semanalmente, o Estadão dades de saúde. No estilo, San-
(PSD) POPULAÇÃO
mostra como está o “esquen- ches se assemelha a Wilson,
TOTAL
1.404.694 ta” na corrida pelas principais que também passou a ser co-
HABITANTES prefeituras do Estado. A série nhecido por defender os direi-
teve início com São Paulo, a tos do consumidor.
maior e mais rica cidade do Já o PSDB pretende repetir a
FUNDAÇÃO 8 DE DEZEMBRO País, com orçamento previsto aposta de 2020 e lançar Fran
DE 1560*
de R$ 107,3 bilhões para 2024. Corrêa, presidente do partido
ORÇAMENTO R$ 6,5 BILHÕES na cidade e mulher do deputa-
SECRETARIAS 22 OPOSIÇÃO. No PT, mais indefi- do federal Eli Corrêa Filho.
MUNICIPAIS
nições. Longe do poder muni- Terceira colocada na eleição
DISTÂNCIA DA 17 KM cipal desde 2017 – o partido passada, a empresária já se mo-
CAPITAL
*EMANCIPAÇÃO OCORREU EM
venceu em 2000, 2004, 2008 e vimenta politicamente, dando
24 DE MARÇO DE 1880 2012 –, a legenda caminha, por entrevistas e listando priorida-
FONTE: IBGE/PREFEITURA / INFOGRÁFICO: ESTADÃO enquanto, para mais uma pré- des de gestão. l
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023 POLÍTICA A9
Apresentado por

Como remover os riscos

do painel de instrumentos?
Procedimento simples e rápido ajuda a eliminar os
indesejados arranhões no quadro à frente do motorista

Foto: Getty Images

C om o passar do tempo, o painel de

instrumentos do carro começa a
acumular riscos. Em casos mais extre-
A tarefa é rápida e simples e só requer
os produtos adequados, como panos
limpos, produto de limpeza automotiva
plástico de maneira homogênea, inclusi-
ve nos cantos.

mos, essas avarias chegam a dificultar
até mesmo a leitura das informações
pelo motorista.
Existem os arranhões de forma mais
circular, provocados pela passagem de
um pano para tirar o pó, e os produ-
zidos por material pontiagudo ou duro
(como a chave do carro), que bate aci-
dentalmente no plástico do painel. Nos
dois casos, eles podem ser removidos
tranquilamente.
“A melhor técnica para eliminar
os riscos é desmontar o painel, mas
é melhor que esse trabalho seja feito
por um profissional de centros auto-
motivos especializados em recupe-
ração de componentes de aparência
do veículo”, afirma Cléber Willian Go-
mes, professor de Engenharia Auto-
motiva da FEI.
Quando a escolha não for recorrer a
um especialista, o próprio dono do veí-
culo pode fazer o polimento do plástico.
específico para tirar arranhões e um apli-
cador circular, semelhante ao utilizado
para encerar a lataria do automóvel.
Com isso, basta seguir os seguintes
passos:
1 – Limpe o acrílico
Passe um pano de microfibras na superfí-
cie do painel de instrumentos. Isso vai eli-
minar as marcas de dedo e a poeira, além
de preparar a superfície para a aplicação
do polimento.
2 – Isole o painel
Com uma fita, isole a área ocupada pelo
painel de instrumentos, a fim de evitar
que o produto de limpeza respingue em
outros plásticos que não precisam do
polimento. Limpo, o painel está pronto
para ser polido.
3 – Primeira aplicação
Com o aplicador, espalhe o produto no
4 – Faça o polimento
Inicie o polimento com movimentos cir-
culares e logo você perceberá os resul-
tados. A parte central do painel ficará
praticamente nova. O polimento dos
cantos é mais complicado, mas vale a
pena persistir.
5 – Sem deixar restos
Depois do primeiro polimento, aguarde
alguns minutos e repita o procedimen-
to, para que o resultado final seja ainda
mais eficiente. Em seguida, pegue um
pano limpo e remova os restos de produ-
to que, porventura, tenham grudado na
capa do painel.
Confira outras
dicas de
manutenção e
cuidados com o
seu veículo

Patrocínio Produção Viabilização Realização

 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
A10 POLÍTICA O ESTADO DE S. PAULO

Poderes

Centrão mantém
investida para
perturbar ‘sono
tranquilo’ de
Nísia na Saúde
Lula diz que ministra nas últimas semanas. Em para-
fica, mas, com R$ 189 bi lelo, parlamentares do Cen-
trão cogitam o nome do depu-
de orçamento e alta tado federal licenciado e atual
visibilidade, pasta secretário de Saúde do Rio de
continua na mira de Janeiro, Doutor Luizinho (PP-
Lira e de seus aliados RJ), para ocupar o cargo. Arthur Lira em fevereiro, quando foi reeleito presidente da Câmara: poder para reivindicar cargos
A demora na liberação de
emendas e na distribuição de ADRIANO MACHADO / REUTERS - 20/3/2023
GABRIEL DE SOUSA cargos nos Estados é a princi- Como mostrou o Estadão, opção. O cenário era dramáti-
BRASÍLIA pal reclamação dos congressis- contudo, na briga por poder, co: o número de mortes por co-
tas em relação à Saúde, de acor- cargos e emendas, Lira conta vid-19 se aproximava de 3 mil
O interesse do Centrão pelo do com lideranças ouvidas pe- com aliados fiéis dentro do PT. por dia e Pazuello – hoje depu-
Ministério da Saúde virou a in- lo Estadão. A divisão de recur- Os “petistas do Centrão, como tado pelo PL do Rio – era inves-
sígnia da cobiça do grupo e da sos e a entrega de postos regio- são conhecidos nos bastidores tigado, suspeito de omissão na
constante medição de forças nais estariam condicionadas a da Casa, atuam em sintonia crise em Manaus, onde pacien-
entre Palácio do Planalto e decisões da chefe do ministé- com PP, Republicanos e União tes morreram por falta de oxi-
Congresso no terceiro manda- rio. Uma das queixas é sobre o Brasil, entre outros que for- gênio hospitalar. À época, Lui-
to de Luiz Inácio Lula da Silva. fato de a pasta da Saúde exigir mam o bloco de partidos, e zinho era deputado e presidia a
Aliados do presidente da Câ- “projetos detalhados” para li- têm dado apoio a muitas inicia- Comissão Externa de Enfrenta-
mara dos Deputados, Arthur berar verba aos deputados. tivas do presidente da Câmara. mento da Covid-19 na Câmara.
Lira (PP-AL), reivindicam o A destinação de dinheiro da Antes da viagem presiden- Luizinho era um dos nomes
controle da pasta chefiada por Saúde para Estados e municí- cial à França e à Itália, em 19 de defendidos pelo Centrão, que
Nísia Trindade em troca de pios é um tema caro aos parla- junho, Lula e Lira se encontra- o apresentava como um candi-
apoio nas pautas do governo mentares, pela capilaridade ram. Segundo interlocutores, dato de perfil misto: político,
petista. Com orçamento de R$ que o ministério tem no País. Nísia Trindade: blindada por o petista prometeu buscar “al- mas também técnico – um
189 bilhões, o ministério é alvo Eles veem nos recursos para a Lula, ministra segue na Saúde ternativas” às demandas do médico, como convinha para
do desejo dos parlamentares área a possibilidade de ampliar Centrão porque não quer en- combater uma emergência sa-
que vislumbram emendas, car- a interlocução com governado- tregar a Saúde. nitária. O escolhido, porém,
gos e projeção eleitoral. res e prefeitos e de angariar e ter um ministério com o pres- Desde que a medida provisó- acabou sendo Marcelo Queiro-
apoio popular em seus redutos tígio da Saúde pode ser boa op- ria que reorganizou os ministé- ga, então presidente da Socie-
de olho nas próximas eleições. ção no futuro. “Se o PP tiver o rios na gestão Lula foi aprova- dade Brasileira de Cardiologia.
Negociação O PP trabalha para retomar controle da Saúde, quando o da em cima da hora – mediante No ano passado, Doutor Lui-
Para cientista político, o controle do Ministério da Lira sair da Câmara, ele pode o repasse de emendas –, Lula zinho foi reeleito, com 190 mil
domínio da pasta ampliaria Saúde, antigo feudo político eventualmente negociar com entrou na articulação política votos. Foi a quarta maior vota-
o poder de barganha do do partido de Lira. Durante o Lula”, afirmou Gabiati. para tentar melhorar a relação ção do Rio, atrás apenas de Da-
presidente da Câmara governo de Michel Temer com os deputados, que têm re- niela do Waguinho (eleita pelo
(MDB), a legenda comandou a ‘PÉS DE BARRO’. Mas o retros- clamado da demora na libera- União Brasil), Pazuello e Talí-
pasta com dois ministros: Ri- pecto do PP no comando da ção de recursos e da falta de no- ria Petrone (PSOL). Ele se li-
Nos últimos dias, Lula tem cardo Barros e Gilberto Occhi. Saúde tem manchas que ten- meações em cargos regionais. cenciou da Câmara para virar
reiterado sua posição de man- Para o doutor em Ciência Po- dem a dificultar um acordo. Mas Lira marca de perto secretário no Rio. Só que não
ter a Saúde do jeito que está. lítica pela Universidade de Bra- Em 2021, a Polícia Federal de- seus interesses. Também an- deixou o imóvel funcional que
“Nísia, vá dormir tranquila e sília (UnB) Leandro Gabiati, o flagrou uma operação, a Pés de tes de viagem oficial a Portu- ocupava em Brasília (mais in-
acorde tranquila porque o Mi- antigo vínculo da sigla com a Barro, que apurou suspeita de gal, em 21 de junho, ele se reu- formações na página ao lado).
nistério da Saúde é do SUS”, área motiva o presidente da Câ- fraudes na aquisição de medi- niu com Nísia. Por trás do en-
disse ele ao discursar em uma mara a tentar recuperar a Saú- camentos de alto custo pelo contro havia o que alguns par-
conferência do setor, na quar- de, no momento em que o Pla- ministério, entre 2016 e 2018, lamentares tem chamado de Alternativa
ta-feira passada. nalto mostra ter dificuldades no governo Temer. O rombo “insatisfação generalizada” de Caso presidente mude de
A atual titular da pasta é um para agradar ao Legislativo estimado foi de R$ 20 milhões. deputados com o ritmo na libe- ideia, há até um nome em
dos poucos integrantes da Es- com quadros ministeriais. Na época, o ministro era Ricar- ração de emendas, sobretudo vista: Doutor Luizinho (PP),
planada com perfil puramente Gabiati ressaltou que ter o do Barros, deputado federal da Saúde. Lira nega que esteja secretário de Saúde do Rio
técnico. Cientista social de for- controle do ministério atende do PP licenciado e atual secre- reivindicando a pasta.
mação, não tem filiação parti- a interesses do próprio Lira. Ao tário da Indústria, Comércio e
dária. É a primeira mulher a lado de Lula, o líder do Centrão Serviços do Paraná. ‘TÉCNICO’. Nas últimas sema- Luizinho tinha papel rele-
chefiar o ministério desde a fala hoje “de igual para igual” Lula resiste a trocar o coman- nas, o PP fez chegar ao gover- vante na bancada da saúde. A
sua criação, em 1953, no gover- com o chefe do Executivo, que do da pasta. Ele pediu que inter- no que poderia apadrinhar um atual composição do Legislati-
no de Getúlio Vargas. Desde não consegue aprovar nenhum locutores informassem aos par- nome “técnico” para o Ministé- vo inclui ex-secretários da área
então, passaram pelo cargo 50 projeto se não tiver apoio do lamentares que “de jeito ne- rio da Saúde. Uma ala da banca- que ganharam notoriedade em
homens. Ela já havia sido a pri- bloco de partidos controlado nhum” tiraria Nísia. Em entre- da de parlamentares do Cen- seus Estados por causa da ges-
meira mulher a ocupar a presi- pelo deputado. Em fevereiro, o vista recente, o titular da Secre- trão passou então a defender o tão da pandemia. É o caso de
dência da Fundação Oswaldo presidente da Câmara foi reelei- taria de Comunicação Social, nome de Doutor Luizinho. Ana Pimentel (PT-MG), Leo
Cruz (Fiocruz) – em 120 anos to para mais dois anos no cargo Paulo Pimenta, negou a possi- Não é a primeira vez que ele Prates (PDT-BA), Daniel So-
de instituição –, em 2017. com a maior quantidade de vo- bilidade de saída da ministra, é cotado para o cargo. Em mar- ranz (PSD-RJ), Ismael Alexan-
Nas redes sociais, a hashtag tos – 464 – desde a promulga- que, por enquanto, tem tam- ço de 2021, quando o então titu- drino (PSD-GO) e Beto Preto
“Nísia Trindade fica”, por ção da Constituição, o que re- bém a proteção de Alexandre lar da pasta, general Eduardo (PSD-PR). Dos 513 deputados
meio da qual os internautas pe- forçou o poder do Centrão. Padilha, que comanda a pasta Pazuello, enfrentava seu pior eleitos no ano passado, 36 são
dem a manutenção dela na che- O mandato como presiden- encarregada de fazer a “ponte” momento no ministério, o no- médicos – é o quinto maior gru-
fia da Saúde, ganhou destaque te da Casa, porém, vai até 2025, entre Planalto e Legislativo. me de Luizinho surgiu como po profissional na Casa. l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO POLÍTICA A11

WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 1/2/2023

Dr. Luizinho, nome do bloco partidário,

recebeu ‘ordem de despejo’ da Câmara
Parlamentar está
licenciado para
ocupar cargo no Rio,
mas não entregou
imóvel funcional
em Brasília
BRASÍLIA
A Câmara notificou o deputa-
do licenciado Doutor Luizi-
nho (PP-RJ) a deixar o imóvel
funcional que ocupa em Brasí-
lia. Os apartamentos são desti-
nados a parlamentares em
exercício da função que preci-
sam ter residência na capital
federal. Luizinho (cujo nome
completo é Luiz Antonio Tei-
xeira Júnior) é um dos cotados
para assumir o Ministério da
Saúde no lugar de Nísia Trinda-
de. Ele tem o aval do presiden-
te da Casa, deputado Arthur Li-
ra (PP-AL), líder do Centrão.
TEMPO. O prazo para devolu-
ção do imóvel funcional se es-
tende por 60 dias após o início
da licença do mandato. O limi-
te para que Doutor Luizinho
deixasse o local, de acordo
com a Câmara, era 14 de abril.
No Rio, onde exerce atualmen-
te a função de secretário esta-
dual de Saúde, ele é dono de
dois apartamentos: um no Re-
creio dos Bandeirantes, na zo-
na oeste, e outro em Nova Igua-
çu, na Baixada Fluminense.
Sobre o imóvel funcional,
Luizinho disse que está em
“tratativas com a Quarta-Se-
cretaria da Câmara dos Depu-
tados para regularizar a situa-
ção”. “Como ele ocupa cargo
de secretário de Estado, tem
um prazo maior, de até 60
dias, para devolver o imóvel
funcional que ocupa.”
PREFEITURA. No Rio, Doutor
Luizinho costura uma aliança
para disputar a prefeitura da
capital fluminense, nas elei-
ções municipais do ano que
vem. O deputado licenciado
tem apoio do governador Cláu-
dio Castro, do PL, partido da
família Bolsonaro. O nome de-
le, no entanto, ainda não é um
consenso dentro da sigla.
Jair Bolsonaro – inelegível
até 2030 por decisão do Tribu-
nal Superior Eleitoral – e os fi-
lhos do ex-presidente não bate-
ram o martelo sobre quem se-
rá o nome apoiado pelo clã na
disputa prevista contra o pre-
feito Eduardo Paes (PSD).
Até o momento, Bolsonaro
aposta no general Braga Net-
to. Candidato a vice-presiden-
te em sua chapa no ano passa-
do, Braga Netto foi investiga-
do na mesma ação em que Bol-
sonaro foi condenado, mas aca-
bou absolvido. l G.S.

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Para lembrar
O desafio da articulação
política do governo Lula
l Maus resultados
O governo vinha recebendo
sinais de que havia problemas
no relacionamento com o
Congresso. A situação ficou
clara em temas como o Projeto
de Lei das Fake News e a medi-
da provisória da reorganização
dos ministérios. O primeiro
não chegou a ser votado e o se-
gundo foi desfigurado na Câma-
ra – “consertos” foram feitos
no Senado e por meio de vetos
l Poder
O Planalto reconhece que o pre-
sidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), tem grande poder so-
bre as votações, e que não é pos-
sível votar temas sensíveis sem
seu apoio. Lira comanda um
grupo de nove partidos (União
Brasil, PP, PSB, PDT, Avante,
Patriota, PSDB, Cidadania e
Solidariedade) e 173 deputados
l Pressão
Com tanto poder nas mãos, Li-
ra e aliados têm pressionado o
governo para ampliar sua in-
fluência – o que se traduz por
comando sobre maiores orça-
mentos, mais cargos e mais
visibilidade. O Ministério da
Saúde se tornou um dos alvos
preferenciais do grupo. Além
disso, os deputados do grupo
querem participar de inaugu-
rações de obras e estar próxi-
mos de ministros e do presi-
dente da República
A12
INTERNACIONAL
América Latina
Dívida e falta de reservas pressionam
candidato peronista na Argentina
Sergio Massa, ministro da Economia, escolhido pelos governistas para disputar a
eleição de outubro, corre contra o tempo para amenizar a crise e vencer nas urnas
CAROLINA MARINS
A Argentina adiou para o fim
de julho o pagamento de US$
2,6 bilhões ao FMI. A medida
estava prevista em acordos as-
sinados pelo governo, por isso
não é considerada um atraso,
mas mostra a dificuldade em
obter dinheiro em meio à cri-
se econômica. A falta de reser-
vas em dólares compromete o
pagamento das dívidas e colo-
ca pressão sobre Sergio Mas-
sa, ministro da Economia e no-
me ungido pelo peronismo pa-
ra disputar as eleições presi-
denciais de outubro.
O adiamento do pagamento
ocorre em meio a negociações
de Massa com o FMI em busca
de mais dinheiro. Uma delega-
ção argentina viajou para
Washington esta semana,
mas voltou com o pires vazio.
O peronista agora corre con-
tra o tempo para reequilibrar
as contas antes das primárias
eleitorais de agosto.
Com suas reservas líquidas
– o montante em dólar dispo-
nível imediatamente – no ver-
melho em mais de US$ 5 bi-
lhões, o governo argentino se
via com a corda no pescoço pa-
ra pagar duas parcelas ao FMI.
Uma de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,3
bilhões) vencia na sexta-feira.
Outra de quase US$ 1 bilhão
para fundos privados vence
hoje. Com isso, consultorias
econômicas previam que os
cofres do Banco Central argen-
tino (BCRA) ficariam com
US$ 7 bilhões negativos, um
recorde.
ADIAMENTO. Com o acordo, o
governo conseguiu jogar a
bomba para o fim de julho,
quando deve ainda honrar
mais US$ 687 milhões de ou-
tra dívida que vence no dia 28.
Para completar o desastre,
consultorias lembram que há
um outro pagamento previsto
no dia 1.º de agosto no valor de
US$ 736 milhões.
Ao adiar o pagamento, o go-
verno demonstra esperança
de obter mais dólares até a da-
ta. “Eles param de pagar os ou-
tros para pagar o FMI até rece-
berem o dinheiro” explica
Juan Carlos Rosiello, profes-
sor do Centro de Análise Eco-
nômica da Universidade Ca-
tólica Argentina (UCA). “Paga-
mentos de importações não
são autorizados, afetando a
produção e muitos insumos
que já faltam.” Por isso, segun-
do ele, os argentinos já sen-
tem a piora na crise econômi-
ca, com uma inflação acima de
110% e escassez de medica-
mentos, peças para automó-
veis e outros produtos.
IMPACTO POLÍTICO. Com a defi-
nição de Massa como candida-
to pela coalizão governista
União pela Pátria (antiga Fren-
te de Todos), as listas estão
fechadas para as primárias de
agosto, chamadas de “Paso” –
primárias, abertas, simultâ-
neas e obrigatórias. Por ter vo-
to obrigatório, as prévias cos-
tumam servir como uma pes-
quisa de intenção de voto de
alta precisão, mais do que defi-
nir o candidato de cada grupo
político.
Na oposição estão Horacio
Larreta, prefeito de Buenos Ai-
res, e Patricia Bullrich, ex-mi-
nistra da Segurança Pública,
disputando a vaga de candida-
to da coalizão Juntos pela Mu-
dança, a mesma do ex-presi-
dente Mauricio Macri. Além
de Javier Milei, o libertário
que é a novidade desta elei-
ção.
Nas primeiras sondagens
feitas após o fechamento das
listas, Massa aparece bem em
grande parte do interior da Ar-
gentina. A exceção é Buenos
Aires, província com maior nú-
mero de eleitores, onde Bullri-
ch levaria a melhor. No entan-
to, ao reunir as sondagens por
coalizão, os opositores da
aliança Juntos pela Mudança
estão à frente dos governistas
do União pela Pátria.
“Massa é o candidato mais
competitivo do partido gover-
nista, mas não muda significa-
tivamente o cenário eleito-
ral”, afirma María Lourdes
Puente, cientista política e di-
retora da Escola de Política e
Governo da Universidade Ca-
tólica Argentina (UCA). “A
oferta eleitoral melhorou
com três candidatos impor-
tantes disputando o centro,
dois candidatos importantes
à direita e várias minorias à es-
querda.”
QUEDA. Enquanto isso, Milei,
que vinha em uma crescente
desde o começo do ano em
meio às disputas internas de
seus rivais, parece estar atin-
Sergio Massa, após reunião com FMI: chances na eleição dependem de um ajuste econômico urgente
gindo um teto de votos. Ele
chegou a aparecer em primei-
ro em algumas pesquisas se
apoiando no discurso contra a
“casta política” argentina.
Na quinta-feira, porém, Mi-
lei se tornou investigado pela
Justiça Eleitoral em meio a de-
núncias de venda de candida-
turas em troca de dólares. Ele
nega irregularidades e acusa a
imprensa e seus adversários
de fazerem uma “campanha
de difamação”.
“Milei representa claramen-
te o setor que acredita que o
melhor a fazer é plantar uma
bomba e começar a recons-
truir tudo. Ninguém faria isso
com sua casa, com sua família,
nem nós, argentinos. Parou
“Não importa quem
ganhe a eleição, o ano
que vem será muito
complicado, porque
virão todos os ajustes
que não são feitos há
quatro anos”
Juan Carlos Rosiello
Professor e pesquisador
do Centro de Análise
Econômica da UCA
de crescer e não parece estar
em condições de continuar,
até porque os seus candidatos
também não deslancham nas
eleições provinciais”, disse
Puente.
Analistas acreditam que, pa-
ra o FMI, está claro que haverá
mudanças no governo, mes-
mo se o peronismo conseguir
se segurar e ganhar as elei-
ções. “Se ganha Massa, seu go-
verno em termos econômicos
vai ser mais parecido com o
que seria o Juntos pela Mudan-
ça (oposição) do que com o
que é atualmente com o presi-
dente Alberto Fernández”,
afirma Juan Carlos Rosiello,
pesquisador do Centro de
Análise Econômica da UCA.
A realidade, no entanto, é
que, independentemente de
quem ganhar em outubro, o ce-
nário para a economia argenti-
na será sombrio. Segundo con-
sultorias, a presidência de Fer-
nández deve terminar com as
reservas líquidas negativas
em US$ 15 bilhões.
BOLA DE NEVE. A situação é tão
crítica que, no fim de junho, o
governo argentino anunciou
o pagamento de US$ 2,7 bi-
lhões ao FMI utilizando
yuans, a moeda chinesa, além
de usar os Direitos Especiais
de Saque (SDR, na sigla em in-
glês), dispositivo criado pelo
FMI socorrer países-mem-
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
EVELYN HOCKSTEIN/REUTERS-12/9/2022
bros.
“Não importa quem ganhe a
eleição, o ano que vem será
muito complicado, porque vi-
rão todos os ajustes que não
são feitos há quatro anos.
Qualquer plano econômico te-
rá um componente de ajuste
muito forte, por isso o grande
desafio para o próximo gover-
no será como se ajustar e so-
breviver”, disse Rosiello.
A crescente dívida argenti-
na, explica o economista, ten-
de a ser empurrada com a bar-
riga até dezembro, quando se
acredita que um novo gover-
no tomará posse. “O que o
FMI espera até lá é ter um in-
terlocutor mais razoável que
tenha um plano econômico
que permita a promoção das
exportações, que atraiam dóla-
res para que, no futuro, se pa-
gue a dívida e se proponha um
plano de mais longo prazo”,
explica Rosiello.
OBSTÁCULOS. A crise econômi-
ca argentina teve um reflexo
direto na vida política. Impo-
pular, o presidente Fernán-
dez desistiu de tentar a reelei-
ção. Sua vice, Cristina Kirch-
ner, também se manteve fora
da disputa. O maior nome da
oposição, o ex-presidente
conservador Macri também
anunciou, em março, que não
participaria das próximas elei-
ções. l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
América Latina
Quem são os refugiados que se
animam a voltar para a Venezuela
Venezuelanos
retornam por razões
familiares, por falta
de adaptação ao exílio
ou por uma discreta
melhora na economia
CARACAS
O número de venezuelanos
que fugiram do colapso do Es-
tado nos últimos oito anos ul-
trapassou 7 milhões, de acor-
do com a ONU. A maioria se
estabeleceu em países vizi-
nhos, onde eles enfrentam
instabilidade financeira e hos-
tilidade contra os imigrantes.
Agora, muitos estão voltando
à Venezuela, uma decisão de
alto risco.
O regime chavista diz que
300 mil venezuelanos já volta-
ram, mais de 30 mil com a aju-
da de um programa de repa-
triação chamado “Retorno à
Pátria”. Quem volta, encon-
tra um país diferente, embora
ainda em pandarecos.
A dolarização da economia
trouxe um boom de alimentos
importados e novos restauran-
tes, tornando a capital mais
atraente. Mas, fora da bolha
da elite, a Venezuela ainda é
assolada por falta de energia
elétrica, escassez de água, ins-
tabilidade política e uma infla-
ção que atingiu 234% em 2022.
No entanto, os venezuela-
nos que retornaram dizem
que essa foi a melhor opção.
Depois que a mãe de Yessica
Barajas morreu, em 2019, ela
decidiu seguir seu irmão para
o exílio. Com quatro filhos,
cruzou a fronteira com a Co-
lômbia, o destino mais co-
mum para os venezuelanos
que fogem – com idioma, his-
tória e cultura comuns, ela se
sentiu em casa.
Em Bogotá, ela trabalhou
em um restaurante e em um
supermercado, ganhando o
suficiente para sobreviver.
Então veio a covid. A Colôm-
bia impôs uma quarentena ri-
gorosa e Yessica perdeu seu
emprego. “Não tinha mais di-
nheiro para pagar as contas”,
afirmou. “Com quatro filhos,
estava desesperada. Não con-
seguia comprar comida.”
RETORNO. Yessica viajou de
volta em setembro de 2020,
seguindo a rota pela qual ha-
via saído. “Voltamos com a
ajuda do caminho humanitá-
rio da ONU”, disse. “Fica-
mos em seis tendas diferen-
tes, esperando para atraves-
sar. Foi uma das coisas mais
difíceis que tive de fazer. Ago-
ra, trouxe meu pai e minha
irmã de volta para a Venezue-
Ana Francheska: saudades da família e desejo de retomar estudos em administração de empresas
Caminho da volta
300 mil
venezuelanos já voltaram
ao país, segundo o governo
de Maduro
30 mil
retornaram com a ajuda de
um programa de repatria-
ção do regime chavista
la conosco.”
Ela diz que não quer mais ir
embora. “Tenho uma casa
aqui. Conheço as pessoas do
meu bairro. É mais fácil encon-
trar emprego e ajuda. Meus fi-
lhos estão felizes. Eu me sinto
em paz.”
Com um recém-nascido,
Ana Francheska Palomino foi
para a Colômbia em 2018 para
se reunir com o pai de seu fi-
lho. Fugindo de um país onde
as fraldas e o leite em pó eram
escassos, ela se mudou para
ANDREA HERNÁNDEZ BRICEÑO/THE WASHINGTON POST-11/11/2022
Bogotá para trabalhar em qual-
quer coisa que pudesse encon-
trar. “Um dia, decidi voltar”,
contou. “Sou muito próxima
de minha mãe e me sentia mui-
to sozinha.”
Ana voltou para a Venezue-
la, onde planeja continuar
seus estudos em administra-
ção de empresas. “Eu me sinto
muito bem aqui. Não deixaria
minha família e meu país nova-
mente”, disse.
FUGA. Franklin García também
deixou o país em 2018 para esca-
par das longas filas de comida,
dos supermercados vazios e
das manifestações de rua que
eram violentamente reprimi-
das – e para compartilhar sua
mágica com o mundo. Como
mágico, ele viajou para a Repú-
blica Dominicana. Trabalhou
em uma loja de carros e em um
bar, antes de conseguir um
show em um cruzeiro.
A pandemia interrompeu os
cruzeiros, e García voltou para
casa para visitar a família. Ele
INTERNACIONAL
ficou impressionado com o
quanto a Venezuela havia mu-
dado. “No começo, fiquei em
choque”, afirmou. “De repen-
te, os supermercados estavam
cheios. As pessoas também mu-
daram. Tudo tinha de ser pago
em dólares. Voltar foi a decisão
certa.”
Carlos Alvarado, um come-
diante, estava acostumado a
migrar para trabalhar. Em
2013, ele se mudou para o Pana-
má, onde encontrou uma co-
munidade de venezuelanos an-
siosos para celebrar suas raí-
zes. “Foi uma boa decisão”, dis-
se. “Mas, depois de seis meses,
quase todos os venezuelanos
tinham visto meu show e deci-
di fazer uma turnê em meu pró-
prio país.”
Em 2015, ele se mudou nova-
mente, dessa vez para a Colôm-
bia. “Não foi fácil”, afirmou.
“Tive de trabalhar vendendo
perfumes na rua, como portei-
ro de bar, garçom, vendendo ca-
fé – e só então comecei a encon-
trar lugares para me apresen-
A13
tar.” Um término de relacio-
namento o levou a retornar à
Venezuela, em 2019. Naquele
ano, o país sofreu uma falta de
energia elétrica de cinco dias.
Em seguida, uma escassez de
gás. “Tudo isso forçou a me
reinventar”, lembrou.
Ele abriu uma empresa de
entrega de hambúrgueres cha-
mada El Perezoso (“O pregui-
çoso”), apresentou-se pelo
Zoom e ofereceu cursos de co-
média on-line. Agora, ele pla-
neja viver na Venezuela. “Sou
filho único. Minha mãe é a úni-
ca pessoa que tenho, e eu sou
a única pessoa que ela tem”,
disse. “Não sei se algum dia
voltarei a morar no exterior.
Mas quero conhecer novos lu-
gares e me apresentar em ou-
tros países.”
Stefan Licheri viaja desde
os 17 anos. Como músico pro-
fissional, estudou violão
clássico e música na Venezue-
la, França e Alemanha, onde
morou por 11 anos. Ele viven-
ciou as dores de seu país. De-
pois de concluir um mestrado
na Europa, em 2021, decidiu
retornar à Venezuela para pas-
sar um tempo com a família.
Dois anos depois, ele não quer
mais partir. “Quero devolver
todas as coisas que aprendi no
exterior”, afirmou.
Licheri afirma que seu prin-
cipal motivo para ficar é a fa-
mília, mas também uma ideia
de negócio que está desenvol-
vendo com um grupo de enge-
nheiros da Universidade Cen-
tral da Venezuela. O objetivo
é criar instrumentos experi-
mentais para exportar. En-
quanto isso, ele ensina ale-
mão. “Há tantas coisas na Ve-
nezuela que eu adoro”, disse.
“Não apenas minha família, o
clima, a comida, a oportunida-
de de desenvolver novas
ideias e produzir os instru-
mentos musicais.”
RETORNO. Yamileth Galindo
cruzava a fronteira da Vene-
zuela com a Colômbia sempre
que precisava encontrar comi-
da ou pasta de dente. Durante
os anos de escassez, a Colôm-
bia oferecia o que muitos vene-
zuelanos não tinham. A cada
três meses, ela pegava uma ma-
la e se mudava para o país vizi-
nho por um tempo, e depois
voltava.
Mas, da última vez, ela foi
surpreendida com uma gran-
de notícia: a Venezuela havia
fechado a fronteira por causa
da covid e ela não poderia mais
voltar para casa. “Eu havia dei-
xado meu filho na Venezuela e
estava em Barranquilla”, lem-
bra. “Peguei covid e fiquei com
medo. Chorei o tempo todo.”
Assim que pôde, em um da-
queles raros dias em que as
pessoas puderam sair às ruas,
ela pegou suas coisas e, junto
com a irmã, decidiu voltar.
“Foi uma experiência horrí-
vel. Tivemos de atravessar o
rio com a ajuda de alguns ca-
ras que pagamos”, disse.
“Não quero mais ir embora.
Estou feliz aqui.” l WP

A14 INTERNACIONAL
l A Guerra de Putin
Vinho na Itália,
uma vítima
inesperada da
invasão russa
à Ucrânia
Alterações forçadas
ocultam alta nos custos
e escassez de
matéria-prima na
cadeia de suprimentos
do mercado italiano
FELIPE FRAZÃO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Na Europa, a guerra chegou à
prateleira dos supermercados.
Um ano e meio depois da inva-
são da Ucrânia pela Rússia, pro-
duções locais tradicionais co-
mo a dos vinhos sofrem com
os efeitos diretos do confron-
to. E não só nos volumes de
consumo e vendas. A produ-
ção artesanal, destinada ao
consumo interno na União Eu-
ropeia e exportação, foi preju-
dicada, bem como a forma co-
mo os vinhos chegam aos su-
permercados.
Europa
Guerra provocou corrida
por vidro e Ucrânia
tinha algumas das maiores
fábricas do mundo
É o caso da vinícola familiar
Azienda Foradori, um produ-
tor local da Itália. Desde o fim
do ano passado, eles passaram
a entregar um de seus vinhos
de forma diferente e com um
aviso peculiar. A etiqueta cola-
da sobre o rótulo não dá mar-
gem a dúvidas: “Aparência mo-
dificada temporariamente por
causa do caos geopolítico”.
O vinho segue o mesmo, ga-
rante a Foradori. A garrafa
guarda um Teroldego Rotalia-
no, de cepa única, produzido
nos campos do norte da Itália,
próximos da fronteira com a
Áustria e a Suíça. Trata-se de
um tinto típico dos vinhedos
das Dolomitas, a icônica ca-
deia de montanhas dos Alpes
italianos. A safra de 2021, en-
garrafada no ano passado, foi a
primeira a ser afetada pelo con-
fronto na Ucrânia. Virou uma
edição “limitada” da guerra.
A vinícola chegou a publicar
um aviso dizendo que a mudan-
ça duraria pelos próximos me-
ses. “O recipiente, por outro la-
do, sofre uma modificação nes-
te estoque, porque nos últi-
mos meses foi impossível en-
contrar vidro verde”, disse a
Foradori. “O fechamento de
seis fundições na Ucrânia, im-
portante na distribuição de ma-
terial semiprocessado na Itá-
lia, resultou em uma variação
estética temporária desse ti-
po.”
O rótulo e a cor da garrafa
mudaram. Antes verdes, passa-
ram a ser marrons. O código de
barras, impresso em papel, foi
colado no verso com fita adesi-
va. A rolha passou a ficar à mos-
tra. Não há mais acabamento
com lacre vermelho metaliza-
do, em geral a base de alumí-
nio, ou cera no gargalo. Sem es-
sa cápsula, a rolha de cortiça
natural fica mais exposta à de-
terioração precoce e ao conta-
to com impurezas.
São alterações forçadas de
ordem estética e de apresenta-
ção do produto, mas que ocul-
tam a alta nos custos e a escas-
sez de matéria-prima na ca-
deia de suprimentos do merca-
do do vinho italiano. Mostram
também até que ponto vão as
consequências da guerra no
Leste Europeu.
O Estadão encontrou um
exemplar do Foradori Terolde-
go safra 2021 na gôndola de um
supermercado de bairro, em
Roma. Estava em “promoção”,
ao custo de ¤19,90 (cerca de
R$ 106), destacado como vi-
nho biodinâmico, um tipo ca-
da vez mais valorizado no mer-
cado europeu, que evita ao
máximo intervenções no ter-
roir local.
CUSTOS. Emilio Zierock é res-
ponsável por gerenciar a produ-
ção da Foradori, fundada em
1901, ao lado dos irmãos. Eles
são a quarta geração da família.
O produtor diz que o problema
todo começou muito rápido,
depois que fundições de vidro
na Ucrânia fecharam as portas
por causa do conflito.
Segundo ele, sua empresa pa-
gava 40 centavos de euro por
garrafa antes de a guerra come-
çar, e logo nos primeiros me-
ses pós-invasão russa, o preço
quase dobrou, chegando a 75
centavos de euro cada casco.
Algo similar ocorreu com o for-
necedor das cápsulas.
O jeito, afirma Zierock, foi
adaptar ao que existia de dispo-
nível. A Azienda Agricola Fora-
VINHO DA GUERRA
A invasão da Ucrânia provocou uma corrida por vidro na
Europa e impacta a produção de vinícolas familiares italianas
PRODUÇÃO
50.000
garrafas por ano
FONTES: AZIENDA AGRICOLA FORADORI / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
dori viu os seus revendedores
italianos da região de Trenti-
no, que por sua vez compra-
vam as garrafas de fábricas na
Ucrânia, destinarem sua pro-
dução totalmente para aten-
der às vinícolas gigantes da Itá-
lia. Esses produtores usam gar-
rafas mais padronizadas, e a Fo-
radori encomendava garrafas
customizadas, com cor verde
especial, mais clara.
“Somos uma empresa muito
pequena nos Alpes, mas a guer-
ra afetou até a gente. Não pelas
exportações, que caíram, ob-
viamente, mas muito mais na
cadeia de suprimentos. Traba-
lhamos num microcosmo,
mas ainda assim fomos afeta-
dos pela disputa geopolítica. A
Ucrânia tem grandes fábricas
de garrafas de vidro que abaste-
cem o mercado europeu, e por
causa da guerra elas fecharam
as portas. Até na Rússia têm
fábricas de garrafas de vidro,
mas por razões óbvias não esta-
mos importando deles agora”,
explica Zierock.
O maior produtor de vinhos
do mundo, a vinícola italiana
Gallo, distribui cerca de 1,2 bi-
lhão de garrafas por ano, en-
quanto a Foradori é capaz de
colocar 180 mil no mercado
por ano – sendo 50 mil do Fora-
dori Teroldego.
Em vez de produzir as garra-
fas customizadas de pequenos
clientes, os fornecedores pas-
saram a padronizar para am-
pliar os lucros e atender as
maiores vinícolas. A Itália lide-
ra os rankings de produção
mundial.
A vinícola fica em Mezzolom-
bardo, uma comuna na provín-
Adaptação
"Estética alterada
temporariamente pelo caos
geopolítico". Esse foi o selo
de aviso adotado pela Foradori
ao envasar o Teroldego 2021,
quando já não conseguia mais
garrafas customizadas,
proveniente de fundições que
fecharam as portas em Kiev
LOCAL DA VINÍCOLA
SUÍÇA ÁUSTRIA
ESLÔVENIA
Mezzolombardo
CROÁCIA
ITÁLIA
Roma
MAR
MEDITERRÂNEO
cia de Trento. Neste ano, ocor-
re uma falta de matéria-prima,
e a empresa não teve ainda con-
dições de normalizar sua pro-
dução. Emilio acredita que is-
so vá ocorrer apenas em 2024,
quando devem engarrafar sa-
fra deste ano.
BOMBARDEIOS. “Ainda está
complicado obter as garrafas.
Estou planejando comprá-las
agora com um ano de antece-
dência. Antes eu adquiria com
algumas semanas antes de en-
garrafar”, afirma. A guerra na
Ucrânia aumentou a demanda
por vidro na Europa, um isolan-
te térmico e acústico, mas que
também permite a passagem
de luz natural.
Os bombardeios russos des-
truíram primeiro janelas e por-
tas, que precisam ser recons-
truídas. Isso provocou uma
“Trabalhamos num
microcosmo, mas ainda
assim fomos afetados
pela disputa
geopolítica”
“Até na Rússia têm
fábricas de garrafas de
vidro, mas por razões
óbvias não estamos
importando deles
agora”
Emilio Zierock
Um dos proprietários da
vinícola Foradori
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
corrida pelo vidro, em que pe-
se a Ucrânia abrigar algumas
das maiores fábricas do mun-
do. Fundições foram obriga-
das a fechar as portas, e os tra-
balhadores fugiram dos ata-
ques russos.
Uma delas foi a suíça Vetro-
pack, que fornece para países
da Europa Ocidental, entre
eles a Itália. Em março de
2022, a empresa fechou uma
fundição que fabricava vidro
desde 1912, perto de Kiev. A ins-
talação já estava com a fabrica-
ção suspensa e 600 funcioná-
rios parados, por causa da inva-
são russa. Mas acabou sendo
alvo de um ataque militar. O
problema de parar uma fábrica
como essa é que grandes quan-
tidades de vidro derretido en-
durecem dentro dos fornos, da-
nificando-os.
Por outro lado, a produção
do vidro demanda muita ener-
gia para processamento da
areia, calcário e outras maté-
MA
rias-primas, e os custos em ge-
RA ral aumentaram por causa das
DR
IÁT
IC restrições a fontes de energia
O
provenientes da Rússia, sobre-
0 km 100
tudo do gás. A indústria foi afe-
tada ainda pelo aumento do
preço da matéria-prima para
produção do vidro.
Além disso, nos últimos
anos, as fábricas estavam volta-
das para produção de ampolas
de vacina contra a covid. O vi-
dro também vinha sendo mais
usado no dia a dia dos euro-
peus, num esforço para redu-
zir e eliminar o plástico.
Com a guerra, além da neces-
sidade de repor portas e jane-
las, garrafas vazias se transfor-
maram em coquetéis molotov
na Ucrânia. O cenário foi agra-
vado, segundo vinicultores,
porque a Itália não adotou ne-
nhuma política específica para
reaproveitamento das garrafas.
A França, eles dizem, vetou a
exportação das garrafas de vi-
dro usadas – o “casco” – com
objetivo de minimizar os im-
pactos da guerra internamen-
te. O reúso tem sido também a
solução ambientalmente in-
centivada no país vizinho.
Principal instituição do se-
tor no país, a Federvini (Fede-
ração Italiana de Produtores
Industriais, Exportadores e Im-
portadores de Vinhos, Bebidas
Espirituosas, Licores, Xaro-
pes, Vinagres e similares) con-
firmou as dificuldades criadas
pela guerra na Ucrânia.
O Observatório Econômico
da Federnivi, em parceria com
a consultoria Nomisma, acres-
centou ao Estadão que os pro-
blemas enfrentados pelos pe-
quenos produtores se agrava-
ram, porque, tão logo saíram
os primeiros alertas da iminen-
te invasão russa, os maiores
players do mercado começa-
ram a estocar vidro, antecipan-
do-se ao aumento de preços.
“O problema afetou particular-
mente os pequenos produto-
res que não conseguiram ab-
sorver esse efeito da guerra”,
informou a entidade. l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO INTERNACIONAL A15

Lourival Sant’Anna carta@lourivalsantanna.com

As facções do Exército russo

ruptura entre o grupo com mais desenvoltura e go- tos não foram suficientemen- As críticas de Prigozhin às do-Maior e comandante da

A mercenário Wagner e
as Forças Armadas re-
gulares afeta a efetivi-
dade militar russa em três ei-
xos fundamentais: desempe-
nho operacional, moral da tro-
pa e ambiente político.
O efetivo do Wagner na
Ucrânia era formado por com-
batentes veteranos profissio-
nais e recrutas inexperientes.
Os veteranos representam cer-
ca de 5 mil dos 30 mil comba-
tentes. Eles estavam entre os
mais competentes, com um de-
sempenho só comparável, do
lado russo, ao dos militares
profissionais das unidades de
elite. Com a “vantagem”, por
assim dizer, que violam as re-
gras, recorrem à brutalidade
zam de mais autonomia.
Eles foram substituídos por
7 mil milicianos chechenos, cu-
jo líder, Ramzan Kadyrov, assi-
nou contrato com o Ministério
da Defesa no dia 12 de junho –
o mesmo contrato que Yev-
geny Prigozhin, dono do Wag-
ner, recusou-se a assinar.
Segundo Kadyrov, outros
2.400 homens estão sendo trei-
nados para integrar dois novos
regimentos do Exército russo.
Até que ponto os chechenos
atingirão o grau de efetividade
dos mercenários e não trarão
novos problemas de rivalidade
com os militares regulares é al-
go que só saberemos com o
tempo. Eles já vinham atuan-
do na Ucrânia, mas esses aspec-
te avaliados.
O Ministério da Defesa rus-
so e o comando militar ucrania-
no informaram que a Rússia
Efeitos do motim
armado na Rússia
ainda não podem
ser medidos no
campo de batalha
deslocou 185 mil novos solda-
dos para o front. Esse efetivo é,
provavelmente, pobre em qua-
lidade operacional, como tem
sido a regra, mas garante a ca-
pacidade da Rússia de seguir
impondo resistência ao avan-
ço ucraniano no terreno.
Forças Armadas contribuem
para a deterioração do moral
dos militares russos. O ex-ho-
mem de confiança do presiden-
te, Vladimir Putin, acusou os ge-
nerais russos de serem incom-
petentes e de mandarem para o
campo de batalha os filhos dos
pobres, numa guerra que só be-
neficia a “elite oligárquica”.
ÍDOLO. Prigozhin é idolatrado
por muitos militares russos, e
suas denúncias tendem a ter
impacto sobre a tropa. Duran-
te o motim do dia 24, Prigozhin
pediu a Vladimir Alekseiev, vi-
ce-diretor da GRU, a inteligên-
cia militar russa, que lhe entre-
gasse o ministro da Defesa, Ser-
gei Shoigu, e o chefe do Esta-
operação na Ucrânia, Valeri Ge-
rasimov. “Pode levá-los”, res-
pondeu Alekseiev, fazendo um
gesto de quem dá passagem.
O ex-presidente e atual vi-
ce-conselheiro de Segurança
Nacional, Dmitri Medvedev,
admitiu que elementos da eli-
te militar russa participaram
do motim. Os efeitos disso ain-
da não podem ser medidos no
campo de batalha. Os ucrania-
nos já liberaram dezenas de
quilômetros quadrados, mas
seu principal objetivo é neutra-
lizar tropas, equipamento, de-
pósitos de combustível, arti-
lharia e defesa antiaérea. l
É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA
DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

Europa deiras já estavam hasteadas, tado, vem o VVD, de Rutte, em-

Após renúncia, premiê daHolanda convoca eleição
HAIA
O primeiro-ministro holan-
dês, Mark Rutte, apresentou
ontem sua renúncia por escri-
to ao rei Willem-Alexander,
que voltou das férias para rece-
bê-la. Foi o quarto governo de
Rutte – uma frágil coalizão de
quatro partidos de várias ten-
dências – que precisou de 10
meses para ser negociada e du-
rou menos de 18 meses.
Imigração
Coalizão cai em razão de
divergências sobre regras
de asilo; nova eleição deve
ocorrer em novembro
A coalizão caiu por divergên-
cias com relação à imigração.
Em meio a uma crise de habita-
ção, altos preços da gasolina e
inflação, muitos holandeses
culparam pelas mazelas do
país os estrangeiros – estudan-
em referência a um vídeo que bora a imagem do premiê este-
mostra agricultores colocando
bandeiras do BBB em uma es-
ja desgastada. Em seguida, cer-
ca de 15 partidos dividiriam os
tura mais dura, restringindo comanda o Movimento Agricul- trada no interior da Holanda. votos, uma fragmentação que
os direitos de parentes se jun- tor-Cidadão (BBB), um popu- De acordo com pesquisas, o é típica do Parlamento holan-
tarem aos refugiados de guer- lismo de direita com fortes raí- BBB seria o partido mais vota- dês – e parece que não deve mu-
ra. Ele propôs um limite de zes rurais, tuitou que suas ban- do. Em segundo, quase empa- dar com a nova eleição. l EFE e AP
200 familiares reagrupados
por mês e uma espera de dois
anos antes de poderem viajar
para a Holanda. HOTEL E GOLFE CLUBE DOS 500
QUEDA. Esta proposta era apoi-
ada pelo VVD, partido de Rut-
te, e pelos democratas-cris-
tãos do CDA, mas foi conside-
rada inviável pelos dois outros
parceiros de coalizão: o D66,
de caráter progressista, e a
União Cristã (CU), de forte cu-
nho religioso e tendências es-
querdistas, que defende o res-
peito pela família.
Citando “diferenças irrecon-
ciliáveis”, Rutte anunciou o co-
lapso da coalizão, na sexta-fei-
ra. O rei, que estava na Grécia,
de férias com a família, voltou
às pressas para receber a re-
núncia e negociar um manda-
to provisório para o premiê,
até a votação, que deve ocorrer
em novembro – a data ainda

Conheça esse paraíso!

tes, expatriados ricos e refugia- não foi definida.
dos. A renúncia de Rutte foi cele-
Divergências sobre o siste- brada por alguns partidos de ex-
ma de asilo foram a gota trema direita. Geert Wilders,
d’água. Embora o número de chefe do Partido para a Liberda- Equipe de Lazer - Avidades Infanl e Adulto
requerentes este anos seja esti- de (PVV), de caráter anti-imi-
mado em 45 mil, o mesmo de grante, já começou a campa- Esportes - Golfe, Beach Tennis, Futebol, Tênis, Bocha e Pista de Cooper
2022, Rutte defendia uma pos- nha. Caroline van der Plas, que Bem Estar - Espaço Zen, Massagem, Jacuzzis, Fitness Center e Sauna
Lazer - Piscinas, Bicicleta, Piquenique, Salão de Jogos, Pesca no Lago e Cinema
Arte - Oscar Niemeyer, Di Cavalcan e Burle Marx
O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes Rodoviários e Anexos de
Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio
Grande da Serra - SINTETRA - no uso que lhe conferem os artigos 50,52,63,72 e 77 do estatuto, con-
Gastronomia - Restaurante Di Cavalcan e Pizzaria
voca todos os associados, no pleno gozo de seus direitos e quites com suas obrigações, a participarem
da eleições sindicais, que serão realizadas nos dias 09, 10 e 11 de agosto de 2023, em primeiro turno,
e conforme o artigo 86 do estatuto, nos dias 23, 24, 25 de agosto 2023, em segundo turno, caso não FAÇ A S UA R E S E RVA ! 12 3132-3555
haja quórum no primeiro turno, para eleger a Diretoria Executiva e Suplentes, membros do Conselho
Fiscal e Suplentes, os Representantes junto a Federação e Suplentes e o Representante dos Aposen-
tados e Suplentes. Ocorrendo o evento de anulação de votos que comprometam o processo eleitoral Localizado a apenas duas horas de São Paulo, o Hotel & Golfe Clube dos 500
(art. 88, §3º) e/ou ato anulatório(art. 92) será realizado novo escrutínio nas datas de 06, 07 e 8 de se-
tembro do corrente. O prazo para a inscrição de chapas concorrentes é de 05(cinco) dias corridos, con- combina arte, bom gosto e hospedagem.
tados a partir desta publicação, inclusive. O expediente da Secretaria Eleitoral do Sindicato, localizada
na sede, à Rua Santo André, nº 435, Vila Assunção, Santo André, SP, permanecerá aberta das 10.00hs
(dez horas) às 17.00hs (dezessete horas), fechando apenas no intervalo de almoço das 12.00hs (doze
horas) às 13.00hs (treze horas), para cumprir o disposto no artigo 64, parágrafo 4º do Estatuto. Este
edital proclama também a instalação do processo eleitoral, que autoriza a edição de Resoluções Elei-
torais, para disciplinar a programação dos concorrentes e estabelecer os procedimentos até o final
do curso tudo nos justos termos do Estatuto Social, levado a registrado em 17 de abril de 1988, no 2º
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, sob o nº 37.068 e regulamente depositado no Ministério do Traba-
lho e Emprego em Brasília. Santo André, 09 de julho de 2023. Leandro Mendes da Silva - Presidente.
A16
METRÓPOLE
l Medicina privada
Planos de saúde
ampliam ações na
Justiça contra fraudes
Dados inéditos mostram avanço de 884% em ações
cíveis e notícias-crime de operadoras entre 2018 e 2022
FABIANA CAMBRICOLI
Diante do aumento de fraudes
contra convênios médicos, as
operadoras de planos de saúde
iniciaram nos últimos meses
uma ofensiva contra os frauda-
dores em um esforço que in-
clui exigência de biometria fa-
cial para uso de aplicativo, fer-
ramentas de inteligência artifi-
cial para identificar clínicas
problemáticas, tentativa de
parceria com o Google para re-
moção de anúncios fraudulen-
tos e até denúncias ao Ministé-
rio Público.
Levantamento inédito da Fe-
deração Nacional de Saúde Su-
plementar (FenaSaúde) obti-
do pelo Estadão mostra que o
número de notícias-crime e
ações cíveis movidas pelas ope-
radoras para a denúncia de
fraudes subiu 884% entre 2018
a 2022, passando de 75 para
738 procedimentos.
A investida se dá principal-
mente sobre situações que en-
volvem pedidos de reembolso,
condição em que ocorre a
maior parte das fraudes. “Hoje
você tem na saúde suplemen-
tar todo tipo de fraude. Em
uma analogia, há desde o bate-
dor de carteira a organizações
criminosas. O batedor de cartei-
ra seria aquele que pede para
fracionar o recibo de uma con-
sulta em dois para ter reembol-
so maior. E as organizações cri-
minosas são empresas de facha-
da criadas com o único intuito
de fraudar planos de saúde”,
diz Vera Valente, diretora exe-
cutiva da FenaSaúde.
A entidade já apresentou três
notícias-crime ao Ministério
Público de São Paulo que leva-
ram à abertura de nove inquéri-
tos policiais. As representações
denunciavam contratações
fraudulentas de planos de saú-
de para obtenção de vantagem
indevida via reembolso. Pelo es-
quema, empresas de fachada
contratavam planos premium
de diferentes operadoras para
seus supostos funcionários.
Elas simulavam atendimentos
e solicitavam reembolsos por
meio de CNPJs de clínicas que
fariam parte do esquema. A esti-
mativa é de que essas fraudes
Cobertura especial
Caros para quem paga, defi-
citários para quem opera.
Nesta série, discutimos as
fragilidades do sistema de
planos de saúde e possíveis
soluções. Leia mais em:
Aponte a câmara do celular para o
código ao lado e veja as reportagens
https://bit.ly/3D5Fffm
tenham envolvido o pagamen-
to indevido de R$ 51 milhões.
De acordo com as empresas,
práticas abusivas e fraudulen-
tas em reembolsos se intensifi-
caram a partir de 2021, quando
o valor gasto pelas operadoras
com esse tipo de pagamento
passou a registrar aumento
muito superior ao das despe-
sas assistenciais. Levantamen-
to da Associação Brasileira de
Planos de Saúde (Abramge),
com base em dados da Agência
Nacional de Saúde Suplemen-
tar (ANS), mostra que, enquan-
to as despesas assistenciais au-
mentaram 0,2% entre 2021 e
2022, o valor gasto com reem-
bolsos subiu 25,6%.
Problema identificado
Enquanto as despesas
assistenciais aumentam
0,2%, o valor gasto com
reembolsos sobe 25,6%
“Fraudes sempre existiram.
A diferença é que, quando era
tudo analógico, era mais di-
fícil. Com a acelerada digitali-
zação que tivemos na pande-
mia, as fraudes aumentaram,
principalmente pela prática do
reembolso assistido”, afirma
Cassio Ide Alves, superinten-
dente médico da Abramge.
Ele se refere a clínicas e con-
sultórios que solicitam login e
senha dos beneficiários para
auxiliar no pedido de reembol-
so para o convênio, sob o argu-
mento de oferecer maior co-
modidade ao cliente. Na práti-
ca, porém, algumas dessas
clínicas podem se aproveitar
do acesso ilimitado ao perfil
do cliente para inserir procedi-
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
mentos não realizados, lançar
valores exorbitantes e até tro-
car a conta bancária informada
para reembolso para que o
prestador receba diretamente
da operadora.
ASSOCIAÇÃO E AGÊNCIA. De
acordo com a Abramge, em al-
guns casos investigados as
clínicas chegaram a abrir con-
tas bancárias no nome dos be-
neficiários sem que eles sou-
bessem para que o reembolso
fosse feito em nome do cliente
para despistar investigações,
mas sem o usuário saber da
existência dessa conta, que era
administrada pelo fraudador.
Questionada sobre ações
que vem realizando para coibir
fraudes no setor de saúde su-
plementar, a ANS informou
que as práticas fraudulentas
são “apuradas pelos órgãos
com competência para tal, co-
mo a polícia e o Ministério Pú-
blico” e caso saiba de alguma
conduta do tipo o caso é noti-
ciado a esses órgãos. Informou
que, mesmo que não tenha mento, não há previsão legal pa-
competência para apurar essa ra reembolso por parte da ope-
prática, “tem buscado solu- radora”, disse a agência, em no-
Previna-se !
ções para coibir práticas ile- ta oficial. Isso porque algumas
gais, como medidas para me- clínicas fraudadoras chegam a
lhorar a apuração dos fatos no registrar reclamações (NIP) na Principais tipos de fraude
momento da recepção de recla- ANS para pressionar a operado- que já foram observados
mações de consumidores pe- ra a pagar o valor.
los canais de atendimento”. l Fornecer dados pessoais a
Conforme a agência, se vo- CANCELAMENTOS. “Nesse pro- clínicas/Utilizar os dados de
cê passou login e senha para cesso criminoso, o fraudador terceiros
uma clínica, altere a senha da entra com pedido de reembol- Assim como a senha do seu
sua conta no app/site da opera- so e, na mesma hora, abre uma banco, o login e a senha de
dora, verifique o histórico de NIP para que a operadora fi- acesso ao site e aplicativo do
reembolsos para avaliar se fo- que com a corda no pescoço seu plano de saúde devem ser
ram feitos pedidos de ressarci- porque, se não resolver, pode confidenciais. Os beneficiá-
mento indevidos, informe a pagar uma multa de R$ 80 mil. rios podem ser induzidos a
operadora contratada sobre a Muitas vezes a operadora aca- fornecer dados com a promes-
situação e verifique no site do ba pagando pela pressão e a sa de ter ajuda para a realiza-
Banco Central se for aberta in- NIP, criada para proteger o ção de algum processo com a
devidamente alguma conta consumidor, está sendo usada operadora. Mas de posse des-
bancária em seu nome de uma forma indevida”, diz ses dados terceiros podem ter
“Por exemplo, no caso de re- Vera Valente, da FenaSaúde. acesso a informações pes-
clamações sobre problemas Só a SulAmérica disse que já soais e utilizá-las de forma
com reembolso, o atendente do teve mil NIPs canceladas após inadequada; por exemplo, pa-
Disque ANS está orientado a comprovar que as queixas esta- ra alterar a conta bancária vin-
perguntar se houve efetivo paga- vam relacionadas a práticas culada ao reembolso ou para
mento pelo procedimento”, in- fraudulentas. A ANS disse ain- solicitar reembolso de proce-
formou a ANS. “Caso a resposta da estar incentivando as opera- dimentos não realizados.
seja que até o momento não foi doras a procurarem os órgãos
realizado o pagamento, o aten- devidos para investigação de l Empréstimo de carteira
dente informa que o reembolso possíveis crimes, como a polí- do convênio
só é devido após a existência do cia, o Ministério Público, o Po- A carteirinha do plano é pes-
desembolso prévio, esclarecen- der Judiciário e os conselhos soal e intransferível. Quando
do que, se não aconteceu paga- profissionais. l uma pessoa se passa por ou-
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
tra, para usar o plano de saúde
de um terceiro, está cometen-
do crime. Assim como aqueles
que cedem sua carteirinha para
uso. Além das punições previs-
tas em lei para esse tipo de ca-
so, fraudes contra o plano de
saúde contratado pela empresa
podem ocasionar demissões.
l Fracionamento de recibo
Quando uma única consulta ou
procedimento é realizado, mas
emite-se mais de um recibo ou
nota fiscal, com o objetivo de
conseguir um reembolso total
mais alto, configura-se uma
prática irregular e fraudulenta.
O pedido de reembolso deve
informar corretamente o proce-
dimento ou a consulta realiza-
da, assim como o valor efetiva-
mente desembolsado, para pa-
gamento com base nas cláusu-
las contratuais.
l Informações falsas na
contratação do plano
A omissão ou falsificação de
dados pessoais como idade,
condições pessoais de saúde ou
vínculos empregatícios, para
contratação de plano de saúde
ou obtenção de vantagens con-
SulAmérica quadruplicou o
tamanho da equipe de combate
a fraudes e, no fim deste mês,
adotará biometria facial para
acesso ao aplicativo do plano
tratuais, é fraude.
l Reembolso assistido ou
auxiliado
O chamado “reembolso assisti-
do” geralmente é oferecido em
troca da cessão de dados pes-
soais dos beneficiários, como o
login e a senha de acesso ao por-
tal do cliente na operadora de
plano de saúde. O beneficiário
recebe como promessa a “facili-
tação” do processo de pedido
de reembolso.
l Reembolso, mas sem um
desembolso
Muitas vezes o beneficiário é
estimulado a realizar um aten-
dimento fora da rede credencia-
da, sob a promessa de que não
precisará fazer pagamento pela
consulta ou pelo procedimen-
to. No entanto, para que o bene-
ficiário tenha direito ao reem-
bolso, é necessário que tenha
pago previamente os valores
dos serviços de saúde.
l Adulterar estado clínico ou
informar procedimento dife-
rente do que foi feito
A alteração do estado clínico
do paciente (classificação da
ALEX SILVA/ESTADÃO
doença no pedido médico)
para solicitar procedimentos
desnecessários, excessivos ou
não cobertos pelos planos de
saúde – por exemplo, para
fins estéticos –, além de ser
fraude, muitas vezes coloca a
saúde do paciente em risco.
l Golpes virtuais
Criar sites falsos ou outros
recursos para emitir ou alte-
rar boletos é crime. Nesses
casos, o dinheiro depositado é
desviado para a conta dos
fraudadores, afetando direta-
mente os beneficiários.
l Utilização de empresas
falsas
Há casos que são criadas em-
presas falsas para a contrata-
ção de planos de saúde coleti-
vos e prestação de serviços.
Os colaboradores da empresa
são beneficiários falsos. Essas
organizações criminosas con-
tratam diversos planos de saú-
de do mercado e começam a
solicitar reembolso de proce-
dimentos emitidos por presta-
dores de fachada, nunca fei-
tos por esses colaboradores
que só existem no papel.
IA e biometria
facial são usadas
por operadoras
De olho nas práticas fraudulen-
tas em reembolsos, a SulAméri-
ca quadruplicou o tamanho da
equipe de combate a fraudes,
desenvolveu ferramentas de
inteligência artificial para iden-
tificar possíveis fraudadores e
vai implementar, no fim deste
mês, biometria facial para aces-
so ao aplicativo.
“Estamos com uma área mul-
tidisciplinar trabalhando nes-
se tema, com profissionais de
auditoria, jurídico, segurança
da informação, inteligência ar-
tificial, especialista em sinis-
tro, em sindicâncias. Temos
até ex-delegado na equipe”, diz
Raquel Reis, presidente de Saú-
de e Odonto da SulAmérica.
A decisão de ampliar as ini-
ciativas de combate a práticas
irregulares se deu após a com-
panhia observar um aumento
de 101% no valor pago em
reembolsos entre janeiro de
2019 e março de 2023. Com is-
so, o custo com esses pagamen-
tos passou a representar 12,3%
de toda a sinistralidade da em-
presa, ante 9,6% no início de
2019. Em abril, a empresa con-
tratou uma ferramenta para
rastrear anúncios que traziam
práticas fraudulentas. Segun-
do Raquel, foram identificadas
em redes sociais e no Google
mais de 900 propagandas com
práticas irregulares, entre elas
oferta de procedimentos co-
mo botox que seriam cobertos
pelo plano.
A executiva diz ainda que a
equipe especializada identifi-
cou aumento expressivo de
reembolso em casos de exa-
mes. “Geralmente, o reembol-
so costumava ser usado para
uma consulta médica com um
profissional de confiança que
não está na rede referenciada,
mas dificilmente para exames,
já que os planos têm uma am-
pla rede de laboratórios. Passa-
mos a ver o oportunismo de
algumas clínicas cujos profis-
sionais indicavam 50, 100 exa-
mes e induziam o cliente a fa-
zê-los no local, cobrando valo-
res muito superiores à média
do mercado”, diz. Nesses ca-
sos, um hemograma que custa
geralmente de R$ 12 a R$ 15 che-
gava a ter o valor lançado de
mais de R$ 200.
A partir da identificação de
anúncios online com práticas
fraudulentas, a SulAmérica se
juntou à Abramge na iniciativa
de procurar plataformas como
Google para tentar criar um
mecanismo que iniba essas pu-
blicidades. “Tivemos uma reu-
METRÓPOLE A17
nião para entender quais são
os caminhos. Estamos fazen-
do um documento com os
links dessas publicidades para
que eles avaliem se há crime e
se seria possível derrubar es-
ses links”, diz Alves, da Abram-
ge. O setor também pretende
estabelecer o mesmo diálogo
com a Meta, dona de Face-
book, Instagram e WhatsApp.
PADRÃO. A Care Plus, por traba-
lhar com foco no mercado pre-
mium e portanto com planos
com altos valores de reembol-
so, percebeu o impacto das
fraudes e iniciou ações de com-
bate um pouco antes. “Quan-
do começamos a pegar essas
trilhas de fraudes, passamos a
observar padrões. A gente inse-
re esses padrões em um mode-
lo estatístico com toda a nossa
base de sinistros pagos e então
é relativamente simples ver
quando esse padrão se repete.
Isso nos permitiu identificar
quais clínicas tinham compor-
tamento parecido e deixá-las
identificadas para que, caso
ocorra outra transação suspei-
ta, isso dispare um alerta”, diz
Ricardo Salem, diretor de Saú-
de da companhia.
Economia visível
Companhia reduziu em
29% o valor pago em
sinistros entre abril e
dezembro de 2022
Com foco em análise de da-
dos e campanhas de comunica-
ção para beneficiários e profis-
sionais da saúde sobre práticas
fraudulentas, a companhia
conseguiu reduzir em 29% o va-
lor pago em sinistros entre
abril e dezembro de 2022 em
comparação com o ano ante-
rior, com economia na casa
dos R$ 16 milhões. A compa-
nhia também estima que esse
era o porcentual de valores pa-
gos indevidamente em reem-
bolsos por causa de fraudes.
REAJUSTE. Os executivos do
setor ressaltam que o combate
às fraudes não é um esforço
que beneficia somente os cai-
xas das operadoras, mas, sim,
o bolso do cliente. “Em um pri-
meiro momento é a operadora
que é prejudicada, mas isso vol-
ta para o consumidor porque
as despesas são consideradas
no momento do cálculo do rea-
juste”, diz Raquel Reis, da SulA-
mérica. l F.C.
A18 METRÓPOLE DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023 O ESTADO DE S. PAULO
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO METRÓPOLE A19

Rosely Sayão rosely.estadao@gmail.com

As férias podem ser educativas, afinal

s estudantes estão em além disso, pela manhã não há cia! Então, nas férias, a família lhos fazem muito nesse perío- dos no vazio. Há pais, que po-

O férias. Ao conversar
com a mãe de três crian-
ças, todas cursando o
ensino fundamental em dife-
rentes séries, ouvi uma frase
aquela correria para que todos
estejam prontos no horário de
sair. Se a mãe e/ou o pai podem
ficar em casa nesse período, a
rotina familiar se mostra de
pode viver um pouco como
ela de fato prefere.
Por outro lado, criança em
casa o tempo todo dá mais tra-
do e mostra o quanto eles es-
tão crescendo demasiadamen-
te dependentes dos adultos.
Nós nos acostumamos a
conduzir tudo na vida deles,
demos chamar de superprote-
tores, que não aguentam teste-
munhar essa experiência.
Mas há dores que são inevi-
táveis na vida. Como as provo-
bem curiosa. “Não sei se gosto acordo com o ritmo do grupo. Mesmo que isso não é verdade? Então, nem cadas pelas frustrações e rejei-
ou não gosto desse período. Fi- Você já se deu conta de co- mesmo escolher a brincadeira ções, por exemplo. E é na infân-
lhos em casa dão mais traba- mo o fato de os filhos frequen- signifique passar por que eles querem realizar têm cia que as crianças podem
lho, mas também dá gosto de tarem a escola afeta a vida de algum tipo de conseguido. Pois nas férias aprender a criar recursos pes-
ver a alegria deles em não ter todos da família? O orçamen- sofrimento. Aliás, eles têm a oportunidade de se soais para não sucumbir quan-
compromissos escolares.” to é administrado de acordo aborrecerem até conseguir do enfrentam tais situações.
Pois é: no período de férias com os gastos escolares – se- aprender é difícil olhar para dentro de si, desco- As férias podem ser educati-
escolares, a dinâmica familiar jam eles diretos ou indiretos brir seus interesses e buscar sa- vas, afinal. Mesmo que isso sig-
muda bastante. Os pais não –, o horário do começo ao fim balho mesmo. E muitas que- tisfação e alegria ao realizarem nifique passar por algum tipo
têm, nesse período, a preocu- do dia é estipulado pelo horá- rem ficar nas telas por muito algo de que gostam. de sofrimento. Aliás, aprender
pação com o horário do início rio escolar dos filhos e até mais tempo ou se aborrecem e Para isso, os pais precisam é difícil, não é?
das aulas, então relaxam um mesmo a moradia pode ser es- se entediam por não saberem suportar o tédio deles. Pode
pouco e deixam os filhos acor- colhida para estar próxima da o que fazer. “Mãe, o que eu fa- ser difícil para os que sofrem É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL
E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO
dados mais tempo à noite; escola. É bastante interferên- ço?” é uma pergunta que os fi- ao ver a dor deles quando joga- SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ

SAB. Fernando Reinach l DOM. Renata Cafardo (a cada 15 dias) e Rosely Sayão (a cada 15 dias)

Ensino superior UNICAMP. A Comissão Central

de Graduação da Unicamp
aprovou no fim de abril a ade-

USP, Unicamp e Unesp têm seleção são ao processo seletivo seria-

do. Em sessão realizada na
quinta-feira, a Câmara de Ensi-

alternativa para a rede pública no, Pesquisa e Extensão “to-

mou ciência do Programa Ves-
tibular Paulista Seriado e a par-
ceria deverá ser votada no ór-
Exame começa em provas feitas em dois anos – na Desse total, 343 serão destina- construção que as universida- gão máximo da Unicamp, o
novembro e passará a segunda e terceira séries do en- das a alunos pretos, pardos e des fizeram com a secretaria é Conselho Universitário, em 1.º
sino médio. indígenas. para tirar isso de cena.” de agosto de 2023”.
ser seriado. Secretaria A partir de 2025 serão consi- “Um ponto interessante do
da Educação estima deradas as avaliações feitas projeto é a aproximação da uni- USP. Também no final de ju-
que prova vai oferecer nas três séries. Conforme a pas- versidade com o ensino mé- nho, o Conselho Universitá- Remédio contra a evasão
cerca de 10 mil vagas ta da Educação, essa medida dio”, disse o reitor da Unesp rio da USP aprovou um proto- Conforme o governo, essa
servirá também para comba- Pasqual Barretti, na sessão que colo de intenções com a Secre- medida servirá também
ter o abandono e a evasão nes- aprovou a adesão ao progra- taria Estadual de Educação para combater o abandono
FABIO GRELLET sa etapa. ma. “A ideia é fazer com que o para a utilização da avaliação e a evasão nessa etapa
LEON FERRARI aluno do ensino médio veja seriada. Para 2023 (com in-
UNESP. No fim do mês passa- sentido em concluir e seguir gresso em 2024), a USP deve-
Os alunos da 3.ª série do ensi- do, o Conselho Universitário com os estudos, além de ter al- rá oferecer 1,5 mil vagas para O ingresso de estudantes na
no médio da rede pública do da Unesp aprovou o ingresso gum apoio para fazer uma uni- o Provão Paulista. Dessas, 555 Unicamp se dá principalmen-
Estado de São Paulo ganharam da universidade no Vestibular versidade. Hoje, eles vão se au- serão destinadas para estu- te por vestibular próprio e pe-
uma nova porta de entrada pa- Paulista Seriado a partir de toexcluindo (do sistema de ensi- dantes pretos, pardos e indí- lo processo seletivo Enem-
ra as universidades públicas 2024. De 3.854 vagas destina- no público) na medida em que genas. “Essas vagas serão re- Unicamp, também por siste-
paulistas: o Provão Paulista, das a egressos de escolas públi- têm dificuldades crescentes, distribuídas do total das va- ma próprio, sem utilizar o Si-
exame que será aplicado pela cas, a instituição vai oferecer às vezes de poder socioeconô- gas oferecidas para alunos de su. E há vagas destinadas à sele-
primeira vez em novembro, 980 vagas para o Provão Paulis- mico e às vezes de pensar que escolas públicas na Fuvest e ção por meio do desempenho
em data ainda não definida, ta – 12,76% do total de vagas não vão conseguir, que a uni- no Enem USP”, afirmou, em em olimpíadas científicas e
em todas as escolas públicas dos 136 cursos de graduação. versidade não é para ele. Essa comunicado. um vestibular indígena. l
dessa etapa. O exame será com-
posto por questões de múlti-
pla escolha e Redação.
A Secretaria Estadual da
Educação de São Paulo estima é aqui... lugar de gente
que por meio dessa prova se-
rão oferecidas cerca de 10 mil muito, muito feliz!
vagas. Por ela, será possível in-
gressar em escolas como a Uni-
versidade de São Paulo (USP),
a Universidade de Campinas
(Unicamp), a Universidade Es-
tadual Paulista (Unesp) e a
Universidade Virtual do Esta-
do de São Paulo (Univesp). Ca-
da instituição tem autonomia
Fortaleza-Porcelanato Metalatex-Acrilico Fosco
para definir quantas vagas se- Interno Cinza 20kg Perfeito 3,6L Branco
Cód.46340
rão oferecidas. Cód.5586130
De: 34,90 De: 209,90

24,90 156,90
Versões do Provão também Por:
Por:
serão aplicadas aos alunos da
DESCONTO ECONOMIZE:
1.ª e da 2;ª séries do ensino mé- Ofertas válidas de 09/07/2023 a 15/07/2023 ou enquanto durarem os
DESCONTO
-29%
ECONOMIZE:
10,00 -25% 53,00
estoques. Preços FOB. Imagens meramente ilustrativas. Não acompanham
dio da rede pública estadual, os objetos decorativos, os acessórios e os metais. A loja reserva-se o
direito de corrigir eventuais erros gráficos. Condição de pagamento para
para começar a compor uma produtos deste anúncio - à vista, retira. Dinheiro - cheque. HORÁRIO DE
FUNCIONAMENTO: De Segunda a Sexta-feira, das 6h30 às 21h30; Sábado,
Amplo estacionamento: 200 vagas
nota acumulada. Em 2024, a das 7h às 21h; Domingo e Feriado, das 8h às 20h.
R. Ática, 47 - Brooklin - São Paulo/SP
classificação vai considerar as
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
A20 METRÓPOLE O ESTADO DE S. PAULO

HOJE : MANHÃ TARDE NOITE VOLUME UMIDADE SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SOL LUA: CHEIA
PREVISÃO DO TEMPO
15° 21° 19°
DE CHUVA RELATIVA CHEIA 3/7 8H38
15°/ 26° 14°/ 28° 15°/ 29° 19°/ 29°
10MM 29%
MINGUANTE 9/7 22H47
78% 39% 82% NOVA 17/7 15H31
NASCENTE: 6H48 CRESCENTE 25/7 19H06
POENTE: 17H34

ACIMA Tábuas das marés: Porto de Santos Capitais MÍN./MÁX. MÍN./MÁX. Mundo FUSO MÍN./MÁX. FUSO MÍN./MÁX.
VOTUPORANGA FRANCA DE 32° N
Estado de SP 16°/32°
ARACAJU 23°/27° MACEIÓ 22°/27° ASSUNÇÃO -1 17°/30° MÉXICO -3 15°/24°
16°/28° NO NE BELÉM 24°/33° MANAUS 24°/33° ATENAS 6 25°/31° MIAMI -1 27°/33°
S. J. DO RIO PRETO
RIBEIRÃO PRETO
O 11nós L 1,0m BELO HORIZONTE 11°/27° NATAL 23°/29° BARCELONA 5 24°/34° MONTEVIDÉU 0 8°/14°
ARAÇATUBA 17°/31° 28°
14°/29° BOA VISTA 24°/33° PALMAS 19°/33° BERLIM 5 19°/33° MOSCOU 6 15°/24°
16°/31° SO SE
ARARAQUARA BRASÍLIA 10°/28° PORTO ALEGRE 13°/20° BRUXELAS 5 16°/26° NOVA YORK -1 21°/24°
ADAMANTINA 16°/27° 24° HOJE S SEGUNDA, 10
SÃO CARLOS CAMPO GRANDE 18°/31° PORTO VELHO 21°/34° BUENOS AIRES 0 11°/13° PARIS 5 18°/26°
20°/27° C. DO JORDÃO 6h02 1,0 6h48 0,9
MARÍLIA 15°/26° CUIABÁ 21°/35° RECIFE 22°/27° CARACAS -1 21°/28° ROMA 5 23°/32°
PRESIDENTE PRUDENTE 15°/23° BAURU 10°/21°
19° 13h18 0,4 14h25 0,6 CURITIBA 12°/20° RIO BRANCO 21°/33° CHICAGO -3 19°/20° SANTIAGO -1 5°/12°
19°/26° 16°/24° CAMPINAS
PIRACICABA 15°/23° 18h55 1,0 19h32 0,9 FLORIANÓPOLIS 14°/22° RIO DE JANEIRO 18°/25° ESTOCOLMO 5 12°/23° SYDNEY 13 10°/16°
15°/24° S. J. DOS CAMPOS ABAIXO
OURINHOS
14°/20° DE 19° 23h37 0,7 23h46 0,7 FORTALEZA 24°/32° SALVADOR 22°/29° GENEBRA 5 15°/28° TEL-AVIV 6 23°/32°
15°/25°
ITAPETININGA GOIÂNIA 12°/31° SÃO LUÍS 24°/31° JOHANNESBURGO 5 6°/16° TÓQUIO 12 26°/32°
SÃO PAULO
15°/21° SOROCABA 15°/21° UBATUBA TERÇA, 11 QUARTA, 12 JOÃO PESSOA 23°/27° TERESINA 23°/33° LIMA -2 19°/21° TORONTO -1 19°/21°
15°/22° 18°/22° 3h01 0,8 0h30 0,7
Muitas nuvens, chuva fraca GUARUJÁ MACAPÁ 24°/31° VITÓRIA 18°/31° LISBOA 4 15°/29° WASHINGTON -1 21°/25°
ITAPEVA 18°/22° 3h47 0,8 1h43 0,8
intercalando períodos de SANTOS LONDRES 4 15°/23°
13°/20° 18°/22° 9h15 0,8 5h50 0,7 Receba
Confirapor SMS a previsão
a previsão para os próximos
melhoria. Temperatura amena. IGUAPE LOS ANGELES -4 19°/29°
CANANEIA 13°/21° 16h13 0,7 12h46 1,0 dodias:
tempo de onde você está
www.estadao.com.br/clima-
e-tempo/sp-sao-paulo
www.estadao.com.br/sms MADRID 5 22°/35°
14°/21°

SÃO PAULO RECLAMA HÁ UM SÉCULO

Trânsito

Prefeitura quer retomar Prefeitura diz que leitor

pagou IPTU de vizinho

Reclamação de João Mero-

Quédas

Cahiu de um bonde - Ás 12 ho-

ras de hontem, o menor Aldo,

obra parada há 30 anos, lo Júnior: “Eu recebi infor-

me da Prefeitura de São Pau-
lo sobre o não pagamento
filho de Angelo Cavalitor ope-
rario, residente a rua Anna Cin-
tra, n.9, viajava no estribo de

perto do Ibirapuera
de IPTU lançamento de um bonde com destino á Ponte
2023, inclusive com ameaça Grande, quando na rua Floren-
de inclusão de meu nome cio de Abreu, a uma volta subi-
no Cadastro Informativo ta daquelle vehiculo, cahiu ao
de Créditos não Quitados sólo, fracturando o craneo.
do Setor Público Federal
(Cadin), porém, o mesmo Cahiu ao mar - Ao embarcar pa-
BOULEVARD JK débito já havia sido quitado ra o Rio de Janeiro, a bordo do
em parcela única em 28 de vapor nacional Itaphy, foi victi-
Projeto de túnel nas imediações do Parque do Ibirapuera fevereiro deste ano. Então, ma de lamentavel desastre o
TÚNEL EXISTENTE FUTURO TÚNEL (LIGAÇÃO SUBTERRÂNEA SOB AVENIDA) por orientação da própria septuagenario sr. Gaspar Man-
TRECHO I/II TRECHO I/II
AV

NI
O Prefeitura, abri solicitação ga, antigo negociante nesta ci-
.D

TÔ
via e-mail, informando o fa- dade. Ao subir pela escada que
AS

N
SA
RIO

N
UÍ
NA

TÚNEL .L
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to e anexando comprovan- conduz os passageiros ao inte-

PIN

RIG
ÇÕ

RD

TRIBUNAL B
V.
JA
ES
HE

DE JUSTIÇA A te. O mais estranho é que a rior do navio, o sr. Gaspar es-
AV.
E
UN
IRO

TÚNEL
AD

TÚNEL
resposta foi apenas: “Em corregou, cahindo ao mar. Na
ID
IDA

PRES. JÂNIO
BRIG
S

AYRTON
.C

QUADROS
S

AV

SENNA atendimento à solicitação, quéda, o pobre homem ainda

. FA

informamos que não cons- bateu com o craneo de encon-

RIA

PARQUE
RO
LIMA

DO POVO AV. ANTÔNIO

ta em nosso sistema o paga- tro ao mar.
TO AMA

JOAQUIM DE
PARQUE
MOURA
IBIRAPUERA
mento do contribuinte refe-
ANDRADE
rente ao exercício de 2023.”
AV. SAN

AV. PRES.
TÚNEL JUSCELINO
SEBASTIÃO KUBITSCHEK
Resposta: “A Secretaria
A

CAMARGO
ER

A
DO V. R
PU

AV LÍ EPÚ Municipal da Fazenda escla-

A

.D
IR

OS BA B
. IB

BA NO LIC rece que o comprovante

AV

ND A
EIR AV. HÉLIO
AN
TE PELLEGRINO compartilhado pelo muníci-
S
FONTE: SPURBANISMO / INFOGRÁFICO: ESTADÃO pe está vinculado ao paga-
mento do IPTU de outro
apartamento do mesmo
Estuda-se passagem pensa e anunciada por diver- bana Faria Lima, que pro- condomínio. É possível que
subterrânea sob a sas gestões municipais. A esti- move a transformação urba- o munícipe tenha se equivo-
mativa é de que a passagem na daquela região e arreca- cado na digitação do cadas-
Avenida Presidente subterrânea tenha 2.850 me- da recursos para serem rein- tro do imóvel (SQL) no mo-
Juscelino Kubitschek; tros. A primeira versão chegou vestidos localmente por mento do pagamento, ou CORREÇÕES
haveria aterramento a ser iniciada em 1988, pelo en- meio da verticalização. ainda fez uso de carnê erra-
de fiação e ciclovia tão prefeito Jânio Quadros. Na do, acarretando a quitação
época, ele veiculou anúncios CALÇADAS. A obra em dis- do IPTU da unidade vizi- Este espaço se destina à correção de erros
publicados na edição impressa do ESTADÃO.
A Prefeitura de São Paulo reto- sobre essa e outras obras, co- cussão inclui ainda a imple- nha. Recomenda-se ao mu- Você pode colaborar enviando e-mail para
mou o desenvolvimento do mo “luz no fim do túnel”. mentação de uma ciclovia, nícipe consultar o SQL do correcoes@estadao.com. As correções abran-
gem erros como: de informação, nome, cargo,
projeto de um novo túnel sob a O objetivo é atrair o tráfego o enterramento da fiação imóvel pago e falar com o dados numéricos, entre outros.
Avenida Presidente Juscelino expresso para a Avenida 23 de elétrica e de telecomunica- respectivo titular.” l
Kubitschek, nas imediações Maio e o novo túnel, desafo- ções, mudanças nas redes
do Parque do Ibirapuera, zona gando o trânsito local e de ou- de drenagem, a renovação Teve algum direito como cidadão
LOTERIA
ou consumidor desrespeitado? O
sul. A proposta – colocada em tras avenidas das regiões cen- do mobiliário urbano, a ar- blog Seus Direitos pode ajudar.
Envie suas reclamações, com os
consulta pública até ontem – tral, oeste e sudeste. Esse pro- borização e o alargamento devidos documentos, dados pes- Para ver os resultados, aponte a câma-
envolve uma obra parada há jeto é chamado de “Boulevard dos calçadas, dentre outras soais e contatos, além do nome
dos envolvidos na questão, para o
ra do seu celular para o QR Code ou
acesse: https://loterias. esta-
mais de 30 anos e que foi sus- JK” e faz parte da Operação Ur- intervenções. l PRISCILA MENGUE spreclama@estadao.com dao.com.br/mega-sena.

Para publicar anúncio fúnebre: Balcão Limão l (11) 3856-2139 / (11) 3815-3523 / WHATSAPP (11)99123-8351. l Atendimento de 2ª a 6ª das 8h30 às 21h horas, Sábado das 10h às 20h, Domingo das 14h às 20h l Só serão publicadas notícias de falecimen-
FALECIMENTOS to/missa encaminhadas pelo e-mail falecimentos@estadao.com, com nome do remetente, endereço, rg e telefone.

Zilda da Silva Dias Teixeira – Aos 92 foi realizado no Cemitério da Paz. MISSAS je, às 10 horas, na Paróquia São José, (7º dia).
anos. Deixa os filhos Lucia, Sandra, Da- Claudio Eugenio Stiller Galeazzi – Paulo Rodrigues Fava – Hoje, às 9 ho- na R. Dinamarca, 32, Jardim Europa Cemitério Israelita do Butantã
niel e Marcos. O enterro foi realizado Aos 82 anos. Filho de Alberto Galeazzi ras, na Paróquia Mãe do Salvador (7º dia). (Matzeiva)
no Cemitério da Consolação. e Eugenia Stiller Galeazzi. Era casado. (Cruz Torta), na Av. Prof. Frederico Luiz Antônio de Salles Abreu – Ama- Renee Sassoon – Hoje, às 11 horas, no
Olivia de Oliveira Ferraris – Aos 83 Deixa os filhos Luiz Claudio, Daniela, pa- Hermann Júnior, 105, Alto de Pinhei- nhã, às 19 horas, na Paróquia Nossa Se- S R – Q 369 – Sep. 6.
anos. Era casada com Rubens Ferra- rentes e amigos. O enterro foi realizado ros (1 mês). nhora do Perpétuo Socorro, na R. Ho- Ana Dora Partos – Hoje, às 12 horas,
ris. Deixa a filha Alessandra. O enterro no Cemitério Israelita do Butantã. Luiz Augusto de Araújo Cintra – Ho- nório Líbero, 90, Jardim Paulistano no S G – Q 28 – Sep. 126.
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO METRÓPOLE A21

NOTAS E INFORMAÇÕES de sua responsabilidade – um desafio sem preceden-
tes na história recente. Como administrar um salto
tão concentrado de 41,2% na população, que saiu de
450 mil habitantes, em 2010, para 636 mil, em 2022,
Transbordamento mantendo a oferta de serviços públicos em patamares
mínimos de qualidade?
de uma tragédia Esse crescimento populacional em escala inaudita
está diretamente relacionado, é evidente, ao fluxo mi-
gratório decorrente da tragédia humanitária na Vene-
zuela, país com o qual o Brasil divide uma fronteira de
2,2 mil km. A violência e a fome resultantes dos des-
mandos do ditador Nicolás Maduro têm levado mi-
lhões de venezuelanos a buscar guarida em países vizi-
nhos, sobretudo Colômbia e Brasil. De acordo com o
Ministério da Justiça, entre 2017 e 2022, 702 mil vene-
zuelanos viram o Brasil como a via de acesso para uma
nova vida; cerca de metade desse contingente aqui
Crescimento da população de Roraima permaneceu e fez do País a sua nova pátria.
Para escapar dos horrores do regime chavista, os ve-
decorre da crise na Venezuela e impõe nezuelanos mais ricos emigraram para os Estados Uni-
dos e para a Europa; os mais pobres não puderam ir tão
enorme desafio ao Brasil longe. Os milhares que chegaram ao Brasil aumentaram
sobremaneira a demanda por serviços públicos ofereci-
dos pelos governos estaduais, particularmente o de Ro-
aumento expressivo da população de raima, que recebeu o maior afluxo de estrangeiros. Isso,
habitantes) e pagamos sozinhos o gasto com saúde, edu-
cação e segurança”, disse o governador.
A bem da verdade, o governo federal contribuiu
para a ajuda humanitária por meio da Operação Aco-
lhida, iniciada em março de 2018. A operação estabele-
ceu abrigos provisórios para os refugiados venezuela-
nos na área urbana de Boa Vista e alguma infraestrutu-
ra de acolhimento. O papel do Exército nessa emprei-
tada foi, e continua sendo, decisivo para o bom anda-
mento das ações humanitárias. Contudo, como toda
ação emergencial, passadiça por definição, a Opera-
ção Acolhida tem deficiências e ao Palácio do Planalto
cabe a responsabilidade de dar-lhes soluções.
A gestão de uma crise migratória dessa magnitude
impõe a atuação coordenada dos governos nas três
esferas administrativas. É fundamental um planeja-
mento adequado, centralizado pelo governo federal,
para lidar com o aumento da demanda por serviços de
saúde, moradia, segurança e educação em Roraima de
forma perene, haja vista que muitos refugiados, como
foi dito, vieram para ficar.
O presidente Lula da Silva precisa compreender que a
crise provocada pelo arbítrio de seu “companheiro” Ma-
duro tem impacto direto no bem-estar de milhares de
brasileiros e venezuelanos. Condescender com o furor

O Roraima, o maior registrado no País nos

últimos 12 anos, como apontou o Censo
2022, colocou diante do governo do Es-
tado – e do governo federal, na medida
é claro, custa dinheiro. Ao Estadão, o governador do
Estado, Antonio Denarium, disse que tem cobrado do
governo federal o ressarcimento pelo custeio desses ser-
viços, sem sucesso. “Crescemos tudo isso (em número de
liberticida de Maduro só contribui para agravar a crise.
Uma Venezuela democrática e estável representa-
rá um novo sopro de vida para milhões de pessoas,
inclusive, e sobretudo, no Brasil.l
Imagens meramente ilustrativas.

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Imunização meses, a partir de 2024. A quin- fim imediato do imunizante

Pólio terá só vacina injetável; mas Zé Gotinha fica
GIOVANNA CASTRO
O Ministério da Saúde anun-
ciou na sexta que vai substituir
gradualmente a vacina contra
poliomielite de via Oral (VOP)
pela versão inativada (VIP)
nos postos de saúde de todo o
Brasil. Segundo a pasta, a VIP,
aplicada via injeção e já utiliza-
da nas três primeiras doses do
esquema de imunização, esta-
rá disponível também para a
dose de reforço aplicada aos 15
ta dose, dada aos 4 anos, deixa-
rá de existir.
A recomendação foi debati-
da e aprovada pela Câmara
Técnica de Assessoramento
em Imunização (CTAI). “É im-
portante reforçar que essa
atualização não representa o
na versão popularmente co-
nhecida como ‘gotinha’ e sim
um avanço tecnológico”, afir-
ma a pasta. “O Zé Gotinha, sím-
bolo histórico da importância
da vacinação no Brasil, tam-
bém continuará participando
das ações de imunização.” l
A22 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

ESPORTES
F-1: Verstappen é o
mais rápido e faz O ESTADO DE S. PAULO
5ª pole consecutiva

Futebol brasileiro
AS DIFERENÇAS ENTRE O GRAMADO NATURAL E O SINTÉTICO

Qualidade Apenas três times do Brasileirão fazem uso de campo artificial, enquanto os
outros 17 usam três tipos diferentes de grama natural

dos gramados Gramado natural SOLO À BASE DE AREIA

A coloração

reabre ‘briga’
GRAMA marrom se dá pela
ALTURA DE
1,5 CM decomposição da
grama (altura de
3,5 centímetros)

entre naturais COLCHÃO

DRENANTE
CAMADA DE
BRITA (10 CM)
TOPSOIL
(COMPOSTO DE AREIA)
É a camada superior
de solo, que pode

e sintéticos SOLO variar em espessura

(média de 30 cm)
e composição
dependendo das
condições climáticas

Gramado sintético
Pisos artificiais suportam melhor o (Allianz Parque)
excesso de partidas do calendário e GRAMA
TPE
Material de 3 a 5 cm
eventos como shows e deixam o jogo ALTURA DE 5 CM
de diâmetro diminui
impacto e a
mais veloz, mas enfrentam resistência COLCHÃO
temperatura
DRENANTE
CAMADA
DE BRITA
são as mais utilizadas. Este ti- MANTA DE
SOLO AMORTECIMENTO
RODRIGO SAMPAIO po tolera uma quantidade me- Espuma feita na
nor de luz e se adapta melhor Alemanha ajuda
O debate sobre a qualidade às arenas cobertas. Porém, na sustentação e
dos gramados no futebol brasi- seu diferencial está na capaci- na drenagem
leiro voltou a ganhar força dade de se desenvolver e, con-
nas últimas semanas com a re- sequentemente, se “recupe-
clamação de alguns treinado- rar” após cada partida. A ber- Tipos de gramado utilizados nos estádios da Série A do Campeonato Brasileiro
res. Estádios como Mineirão muda tifway 419 necessita de
e Maracanã foram alvo de mais luz, ela ainda está presen- TIME ESTÁDIO GRAMA TIPO

críticas pela condição ruim de te em estádios onde bate mais NATURAL SINTÉTICA

seus campos. Enquanto isso,
o Botafogo se juntou a Palmei-
ras e Athletico-PR no uso da
grama artificial e vem se desta-
cando na temporada. Os três
gramados têm o certificado Fi-
fa Quality Pro.
Defensores da grama natu-
ral nas arenas criticam o avan-
ço do sintético no Brasil, op-
ção cada vez mais utilizada pe-
los clubes com estádios mul-
tiúso. O excesso de partidas e
estádios que abrigam mais de
uma equipe são os vilões de
gramados esburacados, ondu-
lados e sem cuidado, onde a
bola não rola como deveria.
Polêmica sobre lesões
sol no campo, como Couto Pe- BOTAFOGO Nilton Santos Cortiça manufaturada
reira e São Januário. GRÊMIO Arena do Grêmio Bermudas tifway 419
O único a não utilizar ber- FLAMENGO Maracanã Bermudas celebration
mudas como grama natural é PALMEIRAS Allianz Parque Elastômero termoplástico
o Corinthians, que dispõe da RED BULL BRAGANTINO Nabi Habid Chedid Bermudas celebration
ryegrass na Neo Química Are- FLUMINENSE Maracanã Bermudas celebration
SÃO PAULO Morumbi Bermudas celebration
na, em Itaquera. É uma grama
INTERNACIONAL Beira-Rio Bermudas tifway 419
usada especificamente para o
ATHLETICO-PR Ligga Arena Composto eco-compatível (fibra de coco)
inverno. Por isso, o estádio
ATLÉTICO-MG Mineirão Bermudas celebration
conta com um moderno siste-
FORTALEZA Arena Castelão Bermudas celebration
ma de refrigeração, manten-
CRUZEIRO Mineirão Bermudas celebration
do a temperatura de 23 graus.
CUIABÁ Arena Pantanal Bermudas celebration
SANTOS Vila Belmiro Bermudas celebration
GRAMADO ARTIFICIAL. O pri-
BAHIA Arena Fonte Nova Bermudas celebration
meiro a abraçar a ideia de jogar
CORINTHIANS Neo Química Arena Ryegrass
em um campo sintético foi o
GOIÁS Serrinha Bermudas celebration
Athletico Paranaense. A Ligga
VASCO São Januário Bermudas tifway 419
Arena, nome atual da Arena da
AMÉRICA-MG Arena Independência Bermudas celebration
Baixada, teve o piso artificial
CORITIBA Couto Pereira Bermudas tifway 419
implementado em 2016, com
uma tecnologia chamada Les- FONTES: ITOGRASS, SOCCER GRASS, TOTAL GRASS E ITALGREEN / INFOGRÁFICO: ESTADÃO

Críticos dizem que campos mo HD. Segundo a Italgreen,

sintéticos aumentam
lesões no joelho, mas não
há estudos que comprovem
A grama que vemos nos está-
dios é da família Poaceae e,
assim como outras, possui di-
ferentes tipos. No Brasil, a
grande maioria dos campos
de futebol é feito com uma es-
pécie chamada bermudas, ca-
racterizada por folhas estrei-
tas, crescimento rápido e in-
tenso tom verde. Três tipos
de gramas naturais estão pre-
sentes em estádios da Série A
do Campeonato Brasileiro: ce-
lebration, tifway 419 e rye-
grass.
As bermudas celebration
empresa responsável pela apli-
cação, trata-se de um enchi-
mento de “grânulos orgânicos
composto de uma combinação
de elementos naturais e eco-
compatíveis”, mas também po-
de ser descrito como fibra de
coco. O gramado precisa ser ir-
rigado com mais constância pa-
ra manter a umidade.
Utilizar a arena para shows
e eventos levou a WTorre, res-
ponsável pela operação do Al-
lianz Parque, estádio do Pal-
meiras, a optar pelo gramado
artificial. O objetivo é conciliar
a agenda de shows com o calen-
dário do futebol e economizar
na manutenção do campo.
O material utilizado no gra-
mado do Allianz desde 2020 se
chama TPE (elastômero ter-
moplástico). São partículas ci-
líndricas de até cinco milíme-
tros de comprimento. A base é
uma tela de polietileno e propi-
leno. Os tufos de grama são en-
trelaçados três vezes no supor-
te.
O Botafogo inaugurou seu
campo sintético mais recente-
mente, em abril. Assim como o
Allianz Parque, o Nilton San-
tos conta com uma manta de
amortecimento, mas a tecnolo-
gia do gramado é feita com fios
mistos, com a parte interna
mais rígida e externa mais flexí-
vel, com acabamento em corti-
ça. Segundo a Total Grass, res-
ponsável pelo trabalho, o com-
posto garante maciez, menor
retenção de calor e mantém a
umidade por mais tempo. Os
jogadores não se queixam.
Uma das principais reclama-
ções de quem é contra o grama-
do sintético é de que a bola fica
mais “viva”, com o jogo ga-
nhando velocidade acima dos
campos naturais. Isso pode ser
explicado pelo fato de as dife-
rentes tecnologias utilizadas
nos gramados artificiais busca-
rem uma uniformidade do pi-
so durante a partida.
Para Sandro Orlandelli,
Membro da UEFA Academy e
com trabalhos em clubes co-
mo Arsenal, Manchester Uni-
ted, Santos e Athletico, exis-
tem vantagens e desvantagens
para cada tipo de gramado.
“A grama natural propor-
ciona uma condição melhor
de jogo porque ela rompe
quando há algum atrito ou al-
guma desaceleração. Isso aju-
da a minimizar o risco de le-
sões. Esse gramado também
não cria tanto impacto por-
que tem um solo mais fofo e
consegue dar mais aderência
aos saltos e aos movimentos.
Porém, se for muito irregular,
é melhor que seja sintético,
uma vez que dará a estabilida-
de para o jogo em todas as re-
giões. Porque um gramado irre-
gular também provoca le-
sões”, afirma. l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Campeonato Brasileiro
Corinthians se fecha, vence
Atlético-MG e foge do Z-4
Atacante Róger
Guedes faz gol da
vitória por 1 a 0
no Mineirão e
quebra jejum de sete
partidas sem ganhar
ROBSON MORELLI
O Corinthians assumiu sua
condição na temporada. Fe-
chou-se com três zagueiros,
povoou o meio de campo e fi-
cou apenas com Róger Guedes
e Yuri Alberto com a responsa-
bilidade de jogar na frente. Os
laterais Fagner e Fábio Santos
também foram importantes
em três funções diante do Atlé-
tico dentro do Mineirão: eles
ajudaram na marcação, refor-
çaram o meio defensivamente
e ainda tiveram liberdade para
se juntar aos dois da frente.
Deu certo.
O Corinthians ganhou por 1
a 0, com gol de Róger Guedes
aos 39 minutos do primeiro
tempo, em jogada de contra-
ataque, mas que só foi possível
por causa de um erro de passe
de Mariano. O capitão atletica-
no deu a bola nos pés de Yuri
Alberto, com sua defesa saindo
para o ataque. “Fazia tempo
que não marcava, sete jogos.
Mas mantive a tranquilidade.
Contra o América (pela Copa do
Brasil no meio da semana), fize-
mos um grande jogo. O mérito
agora é do professor (Luxem-
burgo) com a opção de três za-
gueiros. Eu e o Yuri ficamos lá
na frente”, disse Guedes.
Luxemburgo também mu-
dou o posicionamento do seu
camisa 10, disparado o jogador
mais lúcido do time nas últi-
mas partidas, apesar da secura
de gols. Guedes começou pela
esquerda e ficou boa parte do
jogo por ali, mas tinha liberda-
de para se movimentar. Foi vis-
Palmeiras empata com Fla e
soma três jogos sem vitória
O Palmeiras recebeu ontem o
Flamengo no Allianz Parque e
empatou em 1 a 1. A equipe de
Abel Ferreira começou com tu-
do e abriu o placar com Dudu.
Mas perdeu o controle do due-
lo e sofreu o empate de Arras-
caeta, já na segunda etapa.
O Palmeiras soma três parti-
das seguidas sem vitória. No
Brasileirão, chega a 24 pontos
e ocupa a quarta colocação. O
Flamengo subiu para 26 pon-
tos e assumiu provisoriamen-
te a segunda posição.
O Palmeiras abriu o placar
aos 23 minutos: Mayke cruzou
ESPORTES A23
Campeonato Brasileiro - 2
São Paulo joga contra o Bragantino para
confirmar boa fase e Pato pode reaparecer
RED BULL BRAGANTINO SÃO PAULO
Local: Estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista. Horário: 16h (de Brasília).
Árbitro: Raphael Claus (Fifa-SP). Transmissão: Globo e Premiere.
to na direita e no meio da
14ª RODADA DO BRASILEIRÃO área. Também andou atra- Após dois anos e 11 meses, Alexandre Pato pode voltar a
sando a bola na defesa para atuar com a camisa do São Paulo. Oficializado como reforço da
Cássio. Teve essa liberdade equipe do Morumbi em junho, o atacante está pronto para jo-
porque o meio de campo e a gar pela primeira vez com Dorival Júnior hoje, contra o RB Bra-
ATLÉTICO-MG CORINTHIANS
0 1 defesa estavam povoados. gantino pelo Brasileirão, às 16h. Pato treinou com o elenco du-
Gol: Róger Guedes, aos 39 do 1º T O posicionamento do Co- rante pouco mais de um mês para se recondicionar fisicamen-
ATLÉTICO-MG: Everson; Mariano rinthians era pelo resulta- te e ter condição para poder voltar a atuar. A grande quantida-
(Pedrinho), Lemos, Jemerson e Gui- do, e nada mais que isso. de de jogadores do ataque no departamento médico abre a pos-
lherme Arana (Rubens); Battaglia,
Edenílson (Saravia) e Igor Gomes Não teve técnica a não ser sibilidade de Pato ser, ao menos, relacionado para a partida. O
(Alisson); Pavón, Alan Kardec (Var- no lance do gol, quando zagueiro Alan Franco, sentindo um problema físico, deve ser
gas) e Paulinho. Técnico: Carlos Guedes tirou do goleiro desfalque. O treinador deve usar Diego Costa. l
Pracidelli Everson. De resto, era mais
CORINTHIANS: Cássio; Fágner, Gil,
Murillo e Bruno Mendez; Gabriel coração e disposição do que
Moscardo (Maycon), Ruan (R. Augus- qualidade. O postura tam-
to) e Fausto Vera (Giuliano); Róger bém só deu certo porque o Campeonato Brasileiro - 3
Guedes (Adson) e Yuri Alberto (Feli- Atlético foi um time lento e
pe Augusto). Técnico: Vanderlei Santos tenta encerrar jejum no último jogo
Luxemburgo. sem pontaria. Aos 45 de bo- antes de cumprir punição longe da Vila
Árbitro: Rodrigo P. de Lima (PE). la rolando, tinha chutado 13
Amarelos: Mariano, Jemerson, vezes para o gol de Cássio,
Battaglia. Róger Guedes
Público: 21.086 pagantes
sendo que as melhores con- SANTOS GOIÁS
Renda: R$ 829.717,80 clusões saíram do pé esquer-
Local: Mineirão, em Belo Horizonte do de Pavón, que é destro. Local: Vila Belmiro, em Santos (SP). Horário: 11h (horário de Brasília).
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ). Transmissão: SporTV e Premiere.
DESENCANTO. Até que, aos
CLASSIFICAÇÃO 39 do primeiro tempo, Ma- Sem vencer há 12 jogos na temporada, o Santos continua
riano errou e Róger Guedes sua jornada espinhosa às 11h de hoje, na Vila Belmiro, onde
PG J V E D SG desencantou. recebe o Goiás com os portões fechados para a torcida, confor-
1 Botafogo 33 13 11 0 2 15
2 Flamengo 26 14 8 2 4 9
O segundo tempo foi um me determinado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva
3 Grêmio 26 13 8 2 3 6 espelho do primeiro, com (STJD). O jogo será o último antes do início do período de uma
4 Palmeiras 24 14 6 6 2 12 os donos da casa com a bola nova punição ao clube alvinegro, que terá de jogar os próximos
5 RB Bragantino 23 13 6 5 2 8
6 Fluminense 21 13 6 3 4 5
e a vontade de marcar e o seis jogos como mandante a 150 quilômetros de seu estádio. A
7 São Paulo 21 13 6 3 4 5 time paulista se defenden- novidade do técnico Paulo Turra pode ser a escalação de Lucas
8 Cruzeiro 21 14 6 3 5 5 do e tentando alguns pou- Braga. Isso envolve a mudança do esquema 4-4-2 para o 4-3-3 e
9 Internacional 21 13 6 3 4 -1
10 Athletico-PR 20 13 6 2 5 1
cos contra-ataques. Mas o a saída de Luan Dias do time titular. l
11 Atlético-MG 20 14 5 5 4 4 que valia para o Corin-
12 Fortaleza 20 13 5 5 3 4 thians era manter a vitória e
13 Cuiabá 16 14 4 4 6 -4
14 Corinthians 15 14 4 3 7 -5 levar de Minas os três pon-
15 Santos 13 13 3 4 6 -5 tos com aquele magro 1 a 0.
16 Bahia 13 14 3 4 7 -6 Renato Augusto só entrou Tênis
17
18
Goiás
Coritiba
11
10
13
14
3
2
2
4
8 -11
8 -14 para cadenciar o jogo e fa- Bia Haddad derrota romena e vai enfrentar a
19 Vasco 9 14 2 3 9 -12 zer o tempo passar. O Atléti- atual campeã nas oitavas de final em Wimbledon
20 América-MG 9 14 2 3 9 -16 co tinha volume, mas falta-
l Libertadores l Sul-Americana l Rebaixamento
va competência, aceitava Bia Haddad está nas oitavas de final de Wimbledon. On-
14ª RODADA
mais a condição do visitan- tem, diante da romena Sorana Cirstea, ela voltou a vencer um
ONTEM
Vasco 0 x 1 Cruzeiro te, esbarrava na marcação primeiro set depois de nove jogos e avançou com 2 sets a 0
Cuiabá 1 x 1 Bahia volumosa do rival e não se (6/2 e 6/2). Amanhã, a brasileira irá buscar uma vaga entre as
Atlético-MG 0 x 1 Corinthians achava. Os jogadores que oito melhores diante da atual campeã, Elena Rybakina, do
Coritiba 3 x 1 América-MG deixaram o jogo substituí- Casaquistão. Com o triunfo, Bia Haddad se tornou a primeira
Palmeiras 1 x 1 Flamengo
dos foram todos vaiados. brasileira desde Maria Esther Bueno, em 1976, a chegar às
HOJE
11h Santos x Goiás
O Corinthians, por sua oitavas em Wimbledon. Além disso, é a primeira vez em 21
16h Fluminense x Internacional vez, desmanchou sua pro- anos que um tenista do País chega a essa fase em simples no
16h RB Bragantino x São Paulo posta tática, defendeu-se torneio. E Bia Haddad também avançou nas duplas: ao lado
18h30 Grêmio x Botafogo como deu e tratou de garan- da belarussa Victoria Azarenka, ela venceu a espanhola Cris-
Athletico-PR
18h30 Fortaleza x tir a vitória. l tina Bucsa e a japonesa Makoto Ninomiya por 6/4 e 7/5. l
O MELHOR NA TV
14ª RODADA DO BRASILEIRÃO
TÊNIS Chapecoense x CRB
PALMEIRAS FLAMENGO l Torneio de Wimbledon 15h15 / Band e Premiere
da direita, Rony desviou e a bo- 1 1 Oitavas de Final Sport x Mirassol
la parou na trave do Flamengo. Gols: Dudu, aos 23 do 1º T, e 7h / ESPN 2 e SporTV 3 17h30 / Band e Premiere
No rebote, Dudu marcou. Arrascaeta, aos 35 min. do 2º T l Campeonato Brasileiro
Aos 35 minutos do segundo PALMEIRAS: Weverton; Mayke, CICLISMO Santos x Goiás
tempo, Everton Ribeiro rece- Luan, G. Gómez e Piquerez; R. l Volta da França 11h / Premiere
beu na entrada da área e cru- Ríos (Endrick), G. Menino (Naves)
11h / ESPN Red Bull Bragantino x São Paulo
e R. Veiga (Fabinho), Artur (Muri- 16h / Globo e Premiere
zou para Arrascaeta tocar de lo), Dudu (Luiz Guilherme) e
Fluminense x Internacional
cabeça e empatar. Rony. Téc: Abel Ferreira. FÓRMULA 1
FLAMENGO: M. Cunha, Wesley,
16h / Premiere
Entre os dois gols, a partida l GP da Inglaterra
Fortaleza x Athletico-PR
foi interrompida duas vezes F. Bruno, D. Luiz e A. Lucas; T. 10h / Band
Maia, V. Hugo (B. Henrique) e 18h30 / Premiere
porque, segundo a transmis- Gerson; Luiz Araújo (É. Ribeiro), Grêmio x Botafogo
são, a polícia usou gás de pi- Pedro e Cebolinha (Arrascaeta). STOCK CAR 18h30 / SporTV e Premiere
menta conter uma confusão Téc: Jorge Sampaoli. l Etapa de São Paulo
com torcedores do Flamengo Árbitro: Ramon Abatti (Fifa/SC) 13h30 / Band VÔLEI
Amarelos: V. Hugo, Mayke, A.
fora do estádio e a substância Lucas, F. Bruno, R. Ríos Público: l Liga das Nações Masculina
chegou ao campo e afetou joga- 40.229 Renda: R$ 3.148.494,25 FUTEBOL França x Alemanha
dores e o trio de arbitragem. l Local: Allianz Parque (SP) l Série B 21h / SporTV 2
A24
PARA FECHAR...
Ofertas tentadoras
Por que cidades da
Europa pagam por
novos moradores
Objetivo é tentar reverter cenário
de envelhecimento da população, mas
não há garantias para imigração
DUBLIN
O governo da Irlanda anun-
ciou em junho que pagará pa-
ra a quem reformar casas de
ilhas mais distantes. Em ou-
tras cidades do continente eu-
ropeu, anúncios semelhan-
tes são comuns. No primeiro
momento, pode até parecer
mentira ou uma via milagro-
sa para emigrar, mas o fato é:
algumas cidades europeias
estão tentando reverter o ce-
nário de diminuição e enve-
lhecimento da população. E o
processo não é tão simples
quanto parece.
O anúncio do governo irlan-
dês explica que oferecerá de ¤
60 mil a ¤ 84 mil (cerca de R$
300 mil a R$ 440 mil) para
aqueles que quiserem se mu-
dar para as 30 ilhas mais distan-
tes, que estão apresentando di-
minuição em seus índices po-
pulacionais.
A Irlanda não é o único país
da Europa a oferecer subsídios
do tipo. Cidades de Espanha,
Grécia, Suécia e Itália já anun-
UMA BOA HISTÓRIA
Ilha de Lettermullen, na Irlanda, com população de 200 pessoas: procuram-se novos habitantes
ciaram programas parecidos.
Esses subsídios são alternati-
vas que os governos encontra-
ram para tentar conter a dimi-
nuição da população dessas ci-
dades – uma tendência desde
2000.
O abandono, principalmen-
te dos mais jovens, tem aconte-
cido não apenas nas áreas mais
rurais, mas também em gran-
des vilas e cidades médias, de
acordo com o levantamento
de Serafin Pazos-Vidal, espe-
cialista em desenvolvimento
rural da Associação Europeia
de Desenvolvimento Local.
Entretanto, o subsídio é ofe-
recido apenas para reforma de
casas, e não para a compra das
residências. Além disso, é pre-
ciso que os imóveis estejam de-
socupados há pelo menos dois
anos. O plano apresentado faz
parte de uma tentativa de pro-
porcionar crescimento susten-
tável de ilhas que são geografi-
camente isoladas. Algumas
têm apenas dois habitantes.
Muitos ao lerem anúncios
como esses supõem que as ci-
dades estão pagando para as
pessoas se mudarem, mas o De-
partamento de Desenvolvi-
mento Rural e Comunitário da
Irlanda esclarece que não é es-
sa a proposta do subsídio:
“Questões como o forneci-
mento de moradia, educação e
assistência médica, acesso à
banda larga de alta velocidade
e oportunidades de emprego
são ampliadas nas ilhas offsho-
re. Há também um desafio adi-
cional de reter os jovens, pois
o perfil da população está enve-
lhecendo.”
REVITALIZAÇÃO. O programa
não é novidade. Ele foi lançado
pela primeira vez no ano passa-
do para revitalizar cidades e
áreas rurais que tinham um ex-
pressivo número de prédios va-
gos. Segundo o departamento,
o retorno foi positivo: mais de
500 pedidos aprovados até o
primeiro semestre de 2023.
A confusão que pode ocor-
rer é a falsa ideia que são garan-
tias ou políticas que auxiliem
na imigração. Isso é uma carac-
terística não somente do subsí-
dio oferecido pela Irlanda,
mas de todos os outros, uma
vez que a permanência de es-
trangeiros nos países é um as-
sunto dos governos nacionais,
e não municipais.
E esse é um dos pontos que
podem representar um obstá-
culo para estrangeiros que que-
rem residir em tempo integral
nas cidades ofertadas. Por
mais que muitas cidades per-
mitam que as pessoas compre
imóveis, eles esbarram nas re-
gras de imigração de cada lo-
cal. Pode-se somar às dificulda-
des, que tornam esses progra-
mas menos fáceis do que o pro-
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
CLODAGH KILCOYNE/REUTERS-15/4/2021
pagado, o desafio da reforma,
especialmente por questões
linguísticas, problemas de
abastecimento e disponibili-
dade imediata de mão de
obra.
LEILÕES. A cidade Mussome-
li, na Sicília, é um exemplo
que busca fomentar o seu de-
senvolvimento por meio de
programas residenciais de ¤
1. O programa teve início em
2017 e já vendeu mais de 300
casas. O vice-prefeito Toti Ni-
grelli esclareceu que a cidade
tinha 40 mil casas, mas ape-
nas 10 mil habitantes.
A analista financeira Mere-
dith Tabbone foi uma das pes-
soas que comprou casas em
Sambuca, charmoso vilarejo
na região sul da Sicília, que
em 2019 leiloou casas abando-
nadas a partir de ¤ 1. Tabbone
foi beneficiada pela licitação
e pagou ¤ 5.555 por uma casa.
Uma única condição era im-
Cilada
Falsa crença sobre
programas de incentivo
está ligada à propaganda
enganosa na internet
posta: se comprometer em re-
formar. “Fiquei chocada
quando ganhei”, disse a ana-
lista financeira de 44 anos.
A falsa crença sobre esses
programas pode estar ligada
à propaganda enganosa des-
ses incentivos na internet,
que são retratados de forma
exagerada e imprecisa, sobre-
carregando as autoridades.
Esse é o caso do governo de
Kaitangata, cidade antiga no
litoral da Nova Zelândia, que
recebeu meio milhão de men-
sagens, ligações e e-mails de
pessoas de todas as partes do
mundo após anunciar que es-
tava procurando novos habi-
tantes para reverter o cená-
rio de grande oferta de empre-
go e falta de mão de obra.
O volume gigante de conta-
tos foi provocado pelo enten-
dimento que o governo esta-
va oferecendo permissão de
trabalho ou residência, o que
não era o caso. l WP

Soluções para:
• Industrias
• Bancos
• Seguradoras
38 ANOS
info@milanleiloes.com.br
l Nó tributário l Negociação no Congresso
Pressão de governadores e barrinhas
de proteína até a aprovação da reforma
O ‘Estadão’ reconstitui o clima de tensão e as negociações de última hora que
garantiram a votação da PEC na Câmara; texto será analisado agora no Senado
MARIANA CARNEIRO
ADRIANA FERNANDES
BRASÍLIA
Barrinhas de proteína, noites in-
sones, pressão de governadores
e acordos de última hora marca-
ram os bastidores da aprovação
da Proposta de Emenda à Cons-
tituição (PEC) da reforma tribu-
tária, na madrugada de sexta-
feira, na Câmara. O texto, que
simboliza o encerramento de
um ciclo de três décadas de ten-
tativas frustradas para mudar o
sistema de impostos no País, se-
gue agora para o Senado, onde
as resistências e as negociações
não devem ser menores. O Esta-
dão acompanhou os últimos
lances até a votação.
Pouco antes da meia-noite de
quarta-feira, depois de ler uma
nova versão do seu texto, o rela-
tor da reforma, Aguinaldo Ribei-
ro (PP-PB), comia barrinhas de
proteína na tribuna da Câmara.
Sua fala, já no final, havia sido
entrecortada por intervalos ca-
da vez mais longos que angustia-
vam os assessores. Depois, ele
contou que, sem ter almoçado,
sentiu a pressão cair e a vista
turvar. Dormir pouco foi outra
regra nos últimos dias, e não só
dele, mas a de secretários de Fa-
zenda, técnicos, governadores,
deputados e lobistas.
A leitura do relatório é o rito
que marca o início das vota-
ções no Legislativo, e ela foi en-
tendida como uma mensagem
de que, apesar da incredulida-
de que reinara em Brasília até
o dia anterior, a reforma tribu-
tária agora era para valer.
Na noite de terça-feira, go-
vernadores dos sete Estados
do Sul e Sudeste mais o do Ma-
to Grosso do Sul reuniram cer-
ca de 200 deputados em um
Appy comemora no WhatsApp: ‘construção coletiva’
Na reta final da votação, as con-
versas de bastidores se desenro-
laram na sala onde são feitas as
reuniões de líderes, no piso infe-
rior ao do plenário da Câmara.
Ali, Arthur Lira (PP-AL), presi-
dente da Casa, e deputados co-
ECONOMIA
&NEGÓCIOS
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
Olhos grudados no painel, deputados conferem o resultado da votação, já na madrugada de sexta-feira
hotel em Brasília. Ainda que
nos discursos tenham defendi-
do a reforma, a leitura era de
que tinham se unido em de-
mandas impossíveis de serem
atendidas sem desfigurar o no-
vo modelo de tributação. Pre-
feitos e procuradores também
tinham invadido a capital para
pedir o adiamento da votação.
As fake news haviam tomado
as redes sociais, e o governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), aparecia como
líder na oposição ao Conselho
Federativo, que deve passar a
centralizar a arrecadação de to-
dos os Estados e municípios.
Ele, então, convenceu os pares
de que, nessas circunstâncias,
era preciso que os Estados mais
populosos assumissem a gestão
do novo colegiado. A divisão que
isso abriu com o Norte e Nordes-
te fez com que os políticos em
Brasília dormissem (e pouco) in-
crédulos do sucesso na votação.
mo Aguinaldo Ribeiro (PP-PB),
Baleia Rossi (MDB-SP) e Reginal-
do Lopes (PT-MG) ouviam os pe-
didos que chegavam de governa-
dores do Centro-Oeste, prefei-
tos de capitais e setores econômi-
cos que ainda tentavam trata-
O ESTADO DE S. PAULO E&N
NOVO CLIMA. Mas o dia em que
Aguinaldo comeu as barrinhas
começou diferente. Tarcísio e o
ministro Fernando Haddad da-
riam entrevista na porta do Mi-
nistério da Fazenda indicando
um acordo. O governo aceitava a
exigência do governador paulis-
ta e iria apoiá-lo. Tarcísio retri-
buiu o gesto horas depois, con-
vencendo o seu partido, o Repu-
blicanos, a fechar questão pela
votação em bloco a favor da refor-
ma, e marcando conversa com o
ex-presidente Jair Bolsonaro pa-
ra tentar atrair também o PL.
Naquela mesma quarta-fei-
ra, o relator passaria horas reu-
nido com deputados da banca-
da do agronegócio – a mais or-
ganizada da Câmara, com 300
membros. A lista de exigências
era variada (quase todas aten-
didas no fim), mas a que mais
vibrava nas redes sociais era a
da tributação da cesta básica.
Na primeira versão de seu re-
mento diferenciado na proposta.
Não à toa, logo após a votação
do texto principal, vários desses
pedidos foram condensados no
que se chama emenda aglutina-
tiva, que acabou apelidada de
“cavalo de Troia” por ter incluí-
ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
latório, o relator fixou que a
cesta básica teria alíquota re-
duzida à metade em relação ao
porcentual padrão (estimado
em 25%). Um estudo da Asso-
ciação Brasileira de Supermer-
cados (Abras) apontou que is-
so poderia resultar no aumen-
to do preço dos alimentos. Ain-
da que o governo tenha rebati-
Sinais
Acerto com governadores
e mudança na cesta básica
foram a senha de que a
reforma seria aprovada
do a tese, afirmando que o cál-
culo não estava correto, o estu-
do bastou para irrigar as redes
com críticas à reforma, inclusi-
ve de Bolsonaro.
Se para a classe política o
ponto de virada para determi-
nar que a reforma vingaria foi a
do benefícios a igrejas e a times
de futebol e até mesmo previsto
a possibilidade de os Estados
criarem um novo tributo. Foi
aprovada com 379 votos.
Apesar das exceções, o secre-
tário de reforma do Ministério
da Fazenda, Bernard Appy, que
desenhou a espinha dorsal da re-
forma, comemorou o resultado
INCLUI CLASSIFICADOS
B1
DESTAQUE O
CADERNO E&N
(B1 A B12)
presença (e o discurso) de Tar-
císio, para Aguinaldo foi a sua
decisão de zerar a cesta básica
naquela quarta-feira. “A cesta
básica foi escolhida para criar
uma narrativa como se a refor-
ma fosse atingir os mais po-
bres, enquanto o que a gente
queria era o contrário. Mais
uma das grandes mentiras con-
tra a reforma que foram prega-
das”, atacou o relator, com a
voz rouca, às 2h da sexta-feira,
após quase 15 horas de sessão e
o painel da Câmara marcar o
placar em segundo turno: 375
votos a 113 (o mínimo necessá-
rio para a aprovação de uma
PEC é de 308 votos).
ACORDO FEITO. Resolvido o pro-
blema da cesta básica, faltava
uma solução para os Estados.
Foi só no dia da votação, mais
precisamente três horas antes
de a versão final do texto ser
protocolada no sistema da Câ-
mara, que os governadores re-
ceberam o trecho que honrava
a promessa feita por Haddad:
mais poder para os Estados
mais populosos no conselho.
Os ajustes de redação foram
feitos pelo secretário de Fazen-
da do Rio, Leonardo Lobo Pi-
res, ao lado de Samuel Kinoshi-
ta, de São Paulo, no computa-
dor da secretária da liderança
do PSD na Câmara – onde esta-
vam acompanhando as negocia-
ções políticas que se desenrola-
ram ora com a frente evangéli-
ca, ora com deputados que re-
presentam os setores de servi-
ços, que temiam aumento da
carga tributária. A Constituição
estava sendo reescrita de pé,
descreveu um dos que compar-
tilharam daquele momento. O
acordo feito de boca no dia ante-
rior estava honrado e, naquela
hora, em papel passado. l
num grupo de WhatsApp de tri-
butaristas: “Highlanders, o re-
sultado de hoje é uma constru-
ção coletiva. Mesmo com mais
exceções do que gostaríamos, é
um enorme avanço”, escreveu
ele, às 0h56 de sexta-feira. Num
canto do plenário, emocionado,
convidava a equipe para come-
morar. l M.C. e A.F./BRASÍLIA

B2 ECONOMIA&NEGÓCIOS
ão haverá nunca uma re-
N forma tributária perfei-
ta. A PEC 45, como quais-
quer outras que viessem
a ser aprovadas, mostraria defei-
tos não detectados ao longo de
mais de 30 anos de debates. No
entanto, a versão aprovada nes-
ta quinta-feira é um grande avan-
ço diante da monstruosidade tri-
butária vigente.
O processo final da decisão
tomada e a ampla margem de
votos obtida a favor são, por si
sós, reveladores de quanto esta
reforma estava amadurecida.
Permaneceram contra ela ape-
nas os políticos movidos por
questões partidárias ou por
uma oposição ocasional infanti-
lizada, como a dos atrelados ao
ex-presidente Bolsonaro, ou
l Nó tributário l Novas regras
Tributação de herança, imóvel e carro mudará
Texto que agora será
analisado pelo Senado
altera a cobrança
de impostos sobre
o consumo, com
unificação de tributos
A reforma tributária aprovada
pela Câmara na madrugada de
sexta-feira vai alterar a vida de
todo brasileiro com mudanças
na tributação de operações co-
muns, do pagamento de taxas
como IPTU (de imóveis) e IP-
VA (que agora terá de ser reco-
lhido também no caso de bens
como lanchas e jatinhos) até
transações que envolvam he-
ranças e doações (mais infor-
mações no quadro ao lado).
O texto aprovado pelos de-
putados e que agora vai ser ana-
lisado pelo Senado trata basica-
mente dos impostos sobre o
consumo. Um outro projeto,
prometido pelo governo para
este semestre, deve propor al-
terações para a tributação da
renda, como o IR.
MUDANÇAS. A Proposta de
Emenda à Constituição (PEC)
que alterou o sistema tributá-
rio acaba com os impostos fe-
derais IPI, PIS e Cofins, o esta-
dual ICMS e o municipal ISS.
No lugar deles, vão passar a
vigorar dois IVAs, o Imposto
sobre Valor Agregado. Um é a
Contribuição sobre Bens e Ser-
viços (CBS), que vai substituir
os tributos federais, enquanto
o Imposto sobre Bens e Servi-
ços (IBS) unificará ICMS e
ISS. A proposta também criou
o Imposto Seletivo, que vai in-
cidir sobre itens considerados
nocivos à saúde e ao meio am-
biente. l BIANCA LIMA/BRASÍLIA
Celso Ming
Primeiro passo e grande avanço
empresários que perderão van-
tagens porque se aproveitavam
da confusão do sistema vigente
para sonegar ou lavar dinheiro.
Até agora, todos tinham a sua
proposta de reforma tributária,
com os mais díspares objetivos.
Pretendiam reduzir sua pró-
pria carga tributária ou aumen-
tar a arrecadação ou promover
distribuição de renda – ou, ain-
da, simplificar o sistema.
Ainda não ficou claro todo o
alcance que o formato aprova-
do vai atingir. Sabe-se que sim-
plificará substancialmente o
sistema tributário; atacará a
guerra fiscal entre Estados e en-
tre municípios; derrubará o
custo Brasil; harmonizar-se-á
com os sistemas adotados na
maioria dos países do mundo;
Saiba tudo ! rado no momento da tributa-
O que pode mudar na sua
vida com a reforma
l Herança
VINICIUS LOURES AGÊNCIA CÂMARA-19/4/2023
O texto do relator Aguinal-
do Ribeiro (Progressistas-
PB), ue foi aprovado, deter-
mina que o Imposto sobre
Transmissão Causa Mortis
e Doação (ITCMD) passe a
ser progressivo em relação
ao valor da transmissão. Ou
seja: quanto maior o mon-
tante recebido pelo herdei-
ro, ou pelo beneficiário da
doação, maior será a alíquo-
ta aplicada. No entanto, ela
não pode ultrapassar 8%
l Mudança
XP -18/12/2021
Uma herança de R$ 1 milhão
distribuída a um único her-
deiro, por exemplo, terá uma
tributação maior do que
uma herança de mesmo va-
lor dividida entre quatro pes-
celso.ming@estadao.com
ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Câmara: votação histórica
deixará explícito o quanto o
consumidor pagará de impos-
tos sobre o consumo; e reduzi-
rá a impressionante inseguran-
ça jurídica produzida pela legis-
lação agora moribunda.
A remoção da enorme confu-
são produzida pelo sistema
atual dispensará os custos das
empresas com seus departamen-
tos tributários e jurídicos, con-
sultorias e despesas proces-
soas. Ou seja: o que é conside-
ção é o chamado quinhão here-
ditário, que é a cota à qual o
beneficiário tem direito.
Quanto maior o quinhão,
maior será a alíquota
l Como é hoje
Segundo a Febrafite, federa-
ção que reúne os auditores fis-
cais estaduais, atualmente 15
Estados e o DF já contam com
tributações progressivas no
ITCMD: Acre, Bahia, Ceará,
Distrito Federal, Goiás, Mara-
nhão, Mato Grosso, Pará, Pa-
raíba, Rio de Janeiro, Rio Gran-
de do Sul, Rondônia, Santa Ca-
tarina, Sergipe e Tocantins.
São Paulo, por exemplo, cobra
uma alíquota única de 4%
l Residência
O texto também determina
que o recolhimento do impos-
to, no caso de bens móveis,
será obrigatoriamente feito
no Estado de residência da
pessoa que morreu, e não
mais onde o inventário é pro-
cessado. O objetivo, segundo
o relator, é evitar o planeja-
mento tributário, ou seja, her-
deiros que processam o inven-
tário em um Estado que tem
alíquota mais baixa, para pa-
gar menos tributo
l No exterior
Também será regulamentada a
cobrança do ITCMD sobre he-
ranças e doações no exterior, o
que vai depender de lei comple-
mentar. Atualmente, o Brasil
tem uma das menores tributa-
ções do mundo sobre herança e
doações: a alíquota máxima é
de 8%, ante 40% dos Estados
suais. É um dos fatores que le-
vam o secretário especial do Mi-
nistério da Fazenda, Bernard
Appy, a calcular que, em 15 anos,
a simplificação tributária au-
mentará em 12% o PIB do Brasil.
Ter de enfrentar a vigente le-
gislação confusa e contraditória
era, até aqui, uma das principais
razões pelas quais os capitais es-
trangeiros evitavam o Brasil.
Daí por que o novo sistema aju-
dará a atrair investimentos, es-
pecialmente agora que o Brasil
está sendo chamado a atender a
suas excepcionais condições de
produção de energia verde.
A principal objeção que pode
ser feita ao texto-base aprova-
do pela Câmara é a das restri-
ções apostas ao pacto federati-
vo, na medida em que Estados
Unidos, 25% no Chile e na
África do Sul, e 20% na
Bolívia, por exemplo
l Imóveis
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-28/9/2011
Em relação ao IPTU, o relator
atendeu a um pedido da Confe-
deração Nacional dos Municí-
pios (CNM) e permitiu que as
prefeituras atualizem a base de
cálculo do imposto por meio de
decreto, a partir de critérios
estabelecidos em lei municipal
l IPTU
A preocupação, segundo tribu-
taristas, é que isso abra uma
brecha para decisões arbitrá-
rias por parte de gestores lo-
cais, uma vez que a atualização
do valor venal dos imóveis, que
é a base de cobrança do IPTU,
não seria mais debatida nas câ-
maras de vereadores, podendo
ser definida por meio de decre-
to. “Isso pode levar a decisões
muito arbitrárias”, diz Breno
Vasconcelos, sócio do Mannri-
ch e Vasconcelos Advogados e
pesquisador do Insper
l Barcos e jatos
EPITACIO PESSOA/ESTADÃO-28/9/2012
Para o IPVA, a proposta prevê
que o imposto passará a incidir
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
e municípios terão de delegar
seu poder de gerir a arrecada-
ção ao Conselho Federativo.
Porém, se a criação e funciona-
mento do Conselho passam a
fazer parte da própria Consti-
tuição, parece despropositado
defender a sua inconstituciona-
lidade sob a alegação de que fe-
re uma das cláusulas pétreas.
O texto segue para ser exami-
nado no Senado. Uma nova atua-
lização do sistema, desta vez no
Imposto de Renda, está prevista
para ser iniciada 180 dias após a
promulgação desta etapa da re-
forma. Mas um passo enorme
acaba de ser dado em direção à
racionalidade tributária e à mo-
dernização da economia. l
COMENTARISTA DE ECONOMIA
sobre veículos aquáticos, como
lanchas, e aéreos, como jati-
nhos. “Não é justo que o contri-
buinte de classe média arque
com a tributação da proprieda-
de de seu carro ou sua moto
usados, enquanto donos de
lanchas, iates e jatinhos são
desonerados”, afirma o relator
no parecer
l Brecha
MARCIO FERNANDES/ESTADÃO-14/3/2006
Por pressão de setores produti-
vos, porém, algumas exceções
foram feitas na última versão
do texto, como aeronaves agrí-
colas, tratores e máquinas usa-
das no campo, que ficaram
isentas. Também ficaram de
fora da cobrança embarcações
que pratiquem pesca indus-
trial, artesanal e de subsistên-
cia. Vasconcelos é crítico a es-
sas mudanças: “Um motorista
de aplicativo, por exemplo,
tem o carro como seu meio de
trabalho e paga IPVA. O produ-
tor rural tem a terra e o trator
como meio de trabalho, mas
ficará isento do tributo”
l Carros
Os motoristas de carro
também podem ter uma
mudança na taxação. Isso
porque o texto permite
que os Estados cobrem IP-
VA de forma progressiva,
de acordo com o impacto
ambiental do veículo
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO ECONOMIA&NEGÓCIOS B3

l Nó tributário l Negociação no Congresso

(municipal). O Estadão tam- dos “precisam de um diferencial

Senador fala em preservar
‘Estados em desenvolvimento’
Para Otto Alencar,
líder do PSD no Senado,
reforma tributária
deveria manter
incentivos para Norte,
Nordeste e Centro-Oeste
CAIO SPECHOTO
LORENNA RODRIGUES
BRASÍLIA
Líder da maior bancada partidá-
ria do Senado, Otto Alencar
(PSD-BA) afirma que o projeto
de reforma tributária precisa
preservar os interesses do que
ele chamou de Estados “em de-
senvolvimento”. Ele aparece
hoje entre os cotados para ser
relator do tema no Senado
(mais informações nesta página).
“Eu conversei com senadores
do Centro-Oeste, que têm o
mesmo pensamento que eu te-
nho. De, sem prejudicar os Esta-
dos do Sudeste, preservar os in-
teresses dos Estados em desen-
volvimento. Centro-Oeste, Nor-
deste, Norte do Brasil. Que preci-
sam ter desenvolvimento econô-
mico e, consequentemente, ofe-
recer bens e serviços”, disse ele,
ao Estadão/Broadcast.
A bancada que Otto lidera é
a maior do Senado, com 15 inte-
grantes. Também é o partido
do presidente da Casa, Rodri-
go Pacheco (MG). Otto Alen-
car é um aliado importante do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), e fez campanha por
sua eleição em 2022.
Após ofensiva de governado-
res do Sul e Sudeste, a Câmara
aprovou a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) da reforma
tributária com os Estados mais
populosos tendo mais peso no
Conselho Federativo, que será
responsável pela gestão dos IBS
– tributo que unificará os atuais
ICMS (de âmbio estadual) e ISS
bém mostrou que já existe uma
pressão de governadores do Nor-
deste para que os senadores, que
vão começar a analisar a PEC de-
pois do recesso parlamentar, de-
finam critérios para a divisão do
bilionário Fundo Nacional de De-
senvolvimento Regional, de pelo
menos R$ 40 bilhões. “A força do
Sudeste será bem maior dentro
desse Conselho Federativo,
quando deveria ser paritária.”
‘GUERRA FISCAL’. A fala do se-
nador adianta dois pontos que
devem monopolizar os deba-
tes da reforma tributária na Ca-
sa: governança do Conselho
Federativo e o que fazer com
os incentivos tributários da-
dos por Estados para atrair em-
presas para seus territórios –
numa disputa que ficou conhe-
cida como “guerra fiscal”.
Para o senador, alguns Esta-
para conseguir avançar, sobretu-
do no setor industrial”. Ele citou
especificamente a instalação da
montadora chinesa BYD na Ba-
hia. Batizado de “emenda Lula”,
artigo incluído originalmente
na PEC concedia incentivo à em-
“Sem prejudicar o
Sudeste, a reforma
precisa preservar os
interesses dos Estados
em desenvolvimento”
Otto Alencar
Senador (PSD-BA)
presa, mas acabou sendo retira-
do durante a votação de desta-
ques. “É importante que se te-
nha os incentivos preservados
no mínimo por dez anos para im-
plantação de uma fábrica como
essa aqui no Estado da Bahia.” l

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sidente da Casa, terá algumas dos pelo Congresso apenas se

Seis nomes aparecem para relatar reforma no Senado semanas para avaliar o cenário houver concordância integral
político antes de definir quem entre Câmara e Senado. Em
Ao menos seis nomes já circu- a tarefa os senadores Eduardo Aprovado na Câmara na ma- será o relator da reforma. projetos de lei, por exemplo, a
lam no Senado como possíveis Braga (MDB-AM), Otto Alen- drugada da sexta-feira passa- O posto de relator é especial- Casa que tiver iniciado a dis-
relatores do projeto da refor- car (PSD-BA), Davi Alcolum- da, o texto da reforma tributá- mente importante em análises cussão pode descartar as alte-
ma tributária na Casa. Mas as bre (União Brasil-AP), Efraim ria só começará a ser analisado de propostas de emenda à rações que a outra fizer e sim-
conversas sobre o tema ainda Filho (União Brasil-PB), Van- no Senado em agosto, depois Constituição (PECs) como a plesmente enviar o texto para
estão longe de se afunilarem. derlan Cardoso (PSD-GO) e Ja- do recesso do Legislativo. da reforma tributária. a sanção presidencial. l CAIO SPE-
Estão cotados até agora para ques Wagner (PT-BA). Assim, Rodrigo Pacheco, pre- Esses projetos são aprova- CHOTO BRASÍLIA

B4 ECONOMIA&NEGÓCIOS
orreu Alysson Paoli-
M nelli na semana passa-
da, poucos dias antes
de completar 87 anos.
Perdemos o grande farol do de-
senvolvimento sustentável da
agropecuária brasileira, mestre
inconteste de gerações inteiras
de produtores rurais, pesquisa-
dores, cientistas, extensionis-
tas e de milhões de pessoas que,
direta ou indiretamente, contri-
buíram com seu trabalho e com
sua fé na pregação de Paolinelli.
Ele foi o maestro que transfor-
mou o Brasil em exportador de
commodities e produtos indus-
trializados de origem agrícola
para cerca de 200 países no
mundo inteiro, alimentando
SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi e Henrique Meirelles (revezam quinzenalmente) l TER. Demi Getschko (quinzenalmente) l QUA. Fábio Alves l QUI. Adriana Fernandes l SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalmente) e Pedro Doria l SAB. Adriana Fernandes
l DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalmente) e Affonso Celso Pastore (quinzenalmente); Paulo Leme (1º domingo do mês), Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês)
A melhor solução em
Segurança e Serviços
Trabalho Benefícios
Governo enfrenta Congresso para
abrir concorrência em vale-refeição
Planalto defende
medidas como a
portabilidade, mas
emendas no
Parlamento tentam
barrar as iniciativas
ADRIANA FERNANDES
THAÍS BARCELLOS
BRASÍLIA
As novas regras do Programa
de Alimentação do Trabalha-
dor (PAT) têm o potencial de
revolucionar o mercado de va-
les, com maior aceitação dos
cartões de alimentação nos es-
tabelecimentos e custo mais
baixo para os restaurantes e
mercados, defende o secretá-
rio de Reformas Econômicas
do Ministério da Fazenda, Mar-
cos Barbosa Pinto, em entrevis-
ta ao Estadão/Broadcast.
Para ver essa revolução na
prática, contudo, a Fazenda
vai ter de barrar iniciativas do
Congresso que buscam rever-
ter as principais mudanças da
legislação aprovada em setem-
bro de 2022: a interoperabilida-
de e a portabilidade.
Roberto Rodrigues
Adeus ao nosso Nobel
mais de 800 milhões de pes-
soas de todos os continentes.
Não foi trivial. Quando ele
se tornou ministro da Agricul-
tura em 1974, o Brasil importa-
va 30% dos alimentos que con-
sumia. Cercado por uma equi-
pe notável – e essa era sua ca-
racterística, sempre trazia pa-
ra seu lado gente competente
e nacionalista –, motorizou a
Embrapa, criada pouco tempo
antes pelo bravo agrônomo
gaúcho Cirne Lima, e partiu pa-
ra o cerrado, até então despre-
zado pelos tradicionais agrope-
cuaristas.
Paolinelli foi o grande timo-
neiro dessa transformação.
Com sua clara visão do papel
O assunto voltou ao Parla-
mento pelas mãos do próprio
governo, que não teve tempo de
regulamentar a lei antes de
maio, que era o prazo final, e pre-
cisou enviar uma medida provi-
sória (MP) com o objetivo de
ganhar mais um ano para finali-
zar as regras. O texto vem sen-
do alvo de diversas emendas.
Com a lei atual, todas as ban-
deiras de vale-alimentação e re-
feição poderão ser usadas nos
estabelecimentos que aceita-
rem o benefício como forma
de pagamento, aumentando o
rol de acesso, o que é chamado
de interoperabilidade. Além
disso, será permitida a portabi-
lidade: o trabalhador poderá
optar por trocar o cartão con-
cedido por sua empresa por ou-
tro de sua preferência, como já
ocorre, por exemplo, com a
conta para depósito salarial.
“Consideramos as mudan-
ças bem importantes, e esta-
mos trabalhando para regula-
mentar. Achamos que o PAT
vai passar por uma transforma-
ção muito parecida com a que o
mercado de cartões de crédito
passou no Brasil quando foi de-
terminado pelos órgãos de defe-
rrceres75@gmail.com
que o Brasil teria na segurança
alimentar global, promoveu a
conquista do Centro-Oeste,
uma experiência épica sem pre-
cedentes no século 20, por
Com seu trabalho,
Paolinelli foi um dos
responsáveis pela
modernização do
campo no Brasil
meio de programas governa-
mentais como o Polocentro e o
Prodecer. Com sua maneira
mansa de convencer quem ti-
nha o privilégio de ouvi-lo, e sis-
tematicamente apoiado no que
sa de concorrência a interope-
rabilidade dos arranjos de paga-
mento”, disse Barbosa Pinto.
Antes da abertura do merca-
do de cartões, cada “maquini-
nha” só trabalhava com uma
bandeira, aumentando o custo
para o lojista que desejasse
aceitar todas. A mudança ge-
rou o “boom” das maquini-
nhas. “Quando se permitiu o
credenciamento livre e a inte-
roperabilidade entre as creden-
ciadoras, caiu muito o custo da
operação para o lojista. Hoje,
no mercado de vale-refeição e
alimentação, é uma situação
parecida: custo elevado para o
lojista e arranjos fechados pre-
dominando no mercado”, dis-
se. “O trabalhador tem a restri-
ção de não conseguir comprar
o produto no estabelecimento
que quer, e o lojista acaba pa-
gando mais em termos de ta-
xas de desconto. Isso causa
um aumento de preços.”
INCENTIVO. O PAT foi criado
em 1976 com o objetivo de me-
lhorar a qualidade de vida dos
trabalhadores, dando incenti-
vos para que as empregadoras
forneçam valores à alimenta-
mais acreditava – a ciência –,
ele criou e administrou uma on-
da de migração para essa nova
fronteira agrícola, irmanando
na mesma saga gente de todas
as etnias e regiões.
Essa história foi alimentada
por políticas públicas sempre
articuladas com o privado.
Com isso, nossa produção de
alimentos, fibras e agroenergia
(sim, ele também contribuiu
para a criação do Proálcool!)
permitiu a inserção do Brasil
no cenário mundial do comér-
cio agrícola.
E aqui está um ponto central
em toda essa epopeia extraordi-
nária. Desconhecido por muita
gente ao redor do mundo até os
Discordâncias
l Portabilidade
A ideia é de que o usuário
possa trocar o seu cartão
por outro de sua preferên-
cia, como ocorre com a con-
ta para depósito de salário
l Interoperabilidade
Permite o uso do cartão de
todas as bandeiras em qual-
quer máquina, a exemplo do
cartão de crédito
l Barreiras
Das 33 emendas ao projeto,
8 revogam portabilidade e
interoperabilidade
ção aos funcionários. Hoje, o
mercado é concentrado em
poucas empresas, caso de VR,
Sodexo, Ticket e Alelo.
No Congresso, foi criada
uma comissão mista para anali-
sar a MP, com relatoria do sena-
dor Mecias de Jesus (Republi-
canos-RR). O plano de ação en-
volve audiências públicas an-
tes da apresentação do pare-
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
anos 80 do século passado, o
Brasil de Paolinelli foi notado
porque ajudou a combater a fo-
me no mundo. Como não have-
rá paz onde houver fome, Paoli-
nelli criou paz universal. Por is-
so, lutamos tanto para que fos-
se galardoado – com imensa jus-
tiça – com o Nobel da Paz.
Não conseguimos esse pro-
pósito. Mas o povo brasileiro re-
conheceu seu trabalho, e, grato
por seu legado imponente, já
fez de Alysson Paolinelli o seu
campeão da paz.
Que Deus o tenha e o conde-
core. Amém… l
EX-MINISTRO DA AGRICULTURA E
COORDENADOR DO CENTRO DE AGRONEGÓCIOS
DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
www.gruposouzalima.com
cer. A MP vence no início de
setembro. Até o momento, há
pelo menos 33 emendas ao pro-
jeto, sendo que oito delas revo-
gam a possibilidade de portabi-
lidade ou interoperabilidade.
Outras tratam de tributação,
prazos e a possibilidade de sa-
que do benefício – dispositivo
que foi vetado à época pelo ex-
presidente Jair Bolsonaro.
Outro destaque versa sobre
um assunto que traz dúvidas ao
mercado: a regulamentação. O
deputado capitão Alberto Neto
(PL-AM) quer que a regulamen-
tação seja realizada pelo Banco
Central. Em janeiro, porém, o
BC reafirmou que não tem com-
petência para tratar de benefí-
cios. No mercado, há uma leitu-
ra de que a autoridade monetá-
ria seria um regulador natural,
porque já tem conhecimento
sobre portabilidade. A lei apro-
vada no ano passado diz que a
regulação sobre portabilidade
será definida em ato do Poder
Executivo, lembra o secretário.
“O mais provável é que essa
regulação seja dividida dentro
do governo, com os aspectos
mais ligados à área trabalhista
acumulados pelo Ministério
do Trabalho. E que a área eco-
nômica regule os aspectos dos
arranjos de pagamento”, diz
Marcos Barbosa, sem dar mais
detalhes de qual órgão seria
apontado como regulador. Ele
disse que pode ser uma deci-
são do Conselho Monetário
Nacional (CMN). “Isso ainda
está em discussão.” l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Montadoras Descarbonização
O caminho para um setor automotivo verde
Para especialistas, Brasil deve cumprir meta de redução de emissões com etanol, usado
em híbridos flex, e biocombustíveis em caminhões; elétricos ficariam para próxima década
CLEIDE SILVA
O caminho do Brasil até a pro-
dução em massa de carros elé-
tricos vai ser longo e gradual e
deverá adentrar a próxima déca-
da. Até lá, o País deve cumprir
metas de descarbonização com
soluções locais, como veículos
híbridos flex, que podem usar
etanol. Caminhões e ônibus se-
rão movimentados com gás,
biodiesel e biometano, mas o
segmento está mais avançado e
já tem elétricos em produção.
Ainda assim, o País não deve
ficar para trás no processo de
Propostas no papel
Apoio ao uso de etanol
nos carros flex
l Campanha de esclareci-
mento sobre o benefício do
etanol. Seu uso reduz em cer-
ca de 60% as emissões de CO2
ante a gasolina. A ideia é usar
postos de combustível com
ações como programa de mi-
lhagem para quem abastece
com etanol. Competência do
governo e de montadoras
l Melhoria da eficiência do
etanol, hoje de 70% da gasoli-
na, para aumentar o desempe-
nho do veículo e diminuir as
paradas para abastecimento.
Competência de montadoras
l Criação de uma política in-
dustrial que inclua o aumento
da produção de etanol para que
a maior oferta reduza o preço
na bomba. Competência do
governo, produtores e usinas
l Ampliação de 27% para 30%
na mistura de etanol na gasoli-
na. Decisão de governo
Renovação da frota
l Programa de inspeção vei-
cular. Iniciativa tem de partir
de governos
l Programa de renovação da
frota para retirada de circula-
ção de veículos velhos. Deci-
são tem de partir de governos
e iniciativa privada
l Importação de carros
elétricos
l Volta da cobrança de Im-
posto de Importação (II) de
35% para carros elétricos, que
está zerada desde 2015, e híbri-
dos. Decisão do governo será
descarbonização no transporte.
Ao contrário, diz o CEO da
Bright Consulting, Paulo Carda-
mone. “O Brasil pode ser um dos
primeiros a atingir a meta de re-
dução das emissões assumida na
COP26 mesmo com porcentual
pequeno de carros elétricos.”
Na Conferência do Clima
das Nações Unidas (COP26),
realizada em 2021, o governo
brasileiro se comprometeu a
reduzir à metade as emissões
de gases do efeito estufa até
2030. Para Cardamone, o futu-
ro será elétrico, mas o formato
da transição será diferente de
acordo com o país. O Brasil de-
Vendas de carros elétricos no País deverão representar 7,4% do mercado em 2030, prevê consultoria
anunciada em breve
l Anfavea (associação das
montadoras) defende a criação
de cotas com imposto zero por
cinco anos. A cota seria de 2 mil
automóveis/ano e 1 mil de co-
merciais leves/ano para monta-
doras e importadores. Propos-
ta da entidade ao governo
Mudança na forma de
calcular o imposto
l Considerando o atual IPI, o
cálculo do imposto passaria a
ser feito de acordo com a eficiên-
cia energética e as emissões de
cada automóvel. Proposta da
Anfavea ao governo
l Hoje, a tarifa varia de acordo
com a cilindrada do motor. Pa-
ra modelos 1.0 flex é de 5,27%;
acima de 1.0 até 2.0 é de 9,78%
(gasolina) e 8,28% (flex); e aci-
ma de 2.0 a taxa é de 18,81% (ga-
solina) e 13,55% (flex)
Produção de carros
híbridos flex
l Empresas aguardam defini-
ve adaptar suas competências
em combustíveis sustentáveis
como etanol e biodiesel.
Estudo da Bright mostra que
7,4% das vendas de veículos no
País em 2030 serão de modelos
elétricos, enquanto a participa-
ção global será de 37,2%, puxa-
da por China, Europa e EUA.
“O País tem tempo para se pre-
parar”, diz Masao Ukon, sócio
diretor da consultoria BCG.
Veja as fases que o Brasil terá
até o início da produção em
série de carros elétricos e de
quem seria a responsabilidade
pela implantação de medidas,
segundo especialistas: l
ção do governo sobre uma políti-
ca industrial para a eletrificação.
O híbrido opera com um motor
elétrico e um a combustão – no
caso do flex, pode usar etanol ou
gasolina. Não é carregado na to-
mada e custa, em média, duas a
três vezes menos que os elétricos
l Não exige nova infraestrutu-
CARROS NA TOMADA
Mercado cresce seguidamente no País e no mundo
Vendas no Brasil
EM UNIDADES
49.245
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
491
0 0
2013 2022
FONTES: ABVE E EV-VOLUMES.COM / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
NEGÓCIOS B5
FUTURO MAIS VERDE
Participação das tecnologias eletrificadas nas
vendas de veículos leves
EM PORCENTAGEM 2020 2030
BRASIL MUNDO
0,04 3,0
ELÉTRICO 7,4 37,2
0,32 1,3
HÍBRIDO PLUG-IN 5,4 5,4
0,72 9,7
HÍBRIDO 32,1 30,6
COMBUSTÃO 55,1
98,92
26,8
86,0
PREVISÃO 2,98 MILHÕES 98,3 MILHÕES
DE VENDAS DE UNIDADES DE UNIDADES
PARA 2030
FONTE: BRIGHT CONSULTING / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-14/6/2022
e eficiência energética, o que
pode levar mais empresas a
fabricar carros híbridos ou
importar elétricos para aten-
der as normas
l O Rota 2030 também deve
regular normas de segurança,
estabelecer a medição da efi-
ciência energética dos carros
utilizando o método chama-
do de “poço à roda” (mede as
emissões do escapamento do
carro e da produção do com-
bustível) e alinhar incentivos
em P&D relacionados a com-
bustíveis alternativos
Produção de carros
elétricos
l Incentivo para pesquisa e
ra, pois o País tem postos de desenvolvimento. Depende
combustíveis. Toyota e Caoa de política industrial do gover-
Chery já produzem híbridos no, iniciativa privada, universi-
flex. Volkswagen, Renault, Stel- dades e centros de P&D
lantis e GWM prometem pro-
dução local para 2024 l Incentivo à fabricação de
baterias. Governo já infor-
l Segunda fase do Rota 2030, mou que trabalha em proje-
ainda em discussão, vai estabe- tos para atrair produtores
lecer novas metas de emissões
l Incentivo à mineração e
processamento de matérias-
primas como lítio e níquel.
Depende de política indus-
trial do governo e iniciativa
privada
l Financiamento para infraes-
trutura pública de recarga rápi-
Vendas globais da e ultrarrápida. A instalação
EM MILHÕES DE VEÍCULOS de 100 mil postos de recarga
em todo o País exigiria investi-
12,0 10,5 mentos de R$ 10 bilhões. Hoje,
há cerca de 3,2 mil eletropos-
9,0 tos, a maioria em grandes cen-
tros urbanos, segundo a ABVE
6,0 (associação dos veículos elétri-
cos). De competência dos go-
3,0 vernos e iniciativa privada
0,21
l Desenvolver uma cadeia de
2013 2022 reciclagem de baterias e do
carro elétrico
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
B6 ECONOMIA&NEGÓCIOS O ESTADO DE S. PAULO

Coluna do
ALTAMIRO SILVA JUNIOR, CYNTHIA DECLOEDT E
ARAMIS MERKI II/ GABRIEL BALDOCCHI (edição)
TWITTER: @COLUNADOBROAD
EMAIL: COLUNABROADCAST@ESTADAO.COM

Broadcast
Reforma e queda do juro VENTOS FAVORÁVEIS SOBE
esquentam fila bilionária BRF
Vendas em lojas físicas
têm recuperação tímida
de oferta de ações na Bolsa NILTON FUKUDA/ESTADÃO-23/5/2016

A
aprovação da reforma tributária na Câmara e
a perspectiva de queda dos juros em agosto
devem dar um novo fôlego para a retomada
do mercado de capitais no País. Os sinais de
aquecimento já estavam perceptíveis. Grandes em-
presas captaram R$ 7,7 bilhões desde junho. Na
próxima semana, a BRF deve fazer a maior venda de As vendas do varejo
papéis na Bolsa dos últimos três anos no Brasil e po- físico do Brasil cres-
de movimentar R$ 5,35 bilhões. O recorde, sem consi- ceram 0,4% em ju-
derar a gigante operação que privatizou a Eletro- nho sobre maio, a segunda
alta seguida, de acordo com
bras, foi da empresa de logística Rumo, que, em agos- o Indicador de Atividade do
to de 2020, captou R$ 6,4 bilhões em uma oferta sub- Comércio da Serasa Expe-
sequente (follow-on). A oferta da BRF terá a defini- A BRF deve fazer a maior venda de papéis no mercado de capitais rian. O destaques foram os
ção do preço de venda na quinta-feira. dos últimos três anos no Brasil, que pode chegar a R$ 5,35 bilhões segmentos de veículos, mo-
tos e peças e de tecidos, ves-
tuários, calçados e acessó-
sar da melhora recente, ainda ra receber autorização. Casas rios, com altas de 5,4% e
Volume deve alcançar R$ 30 bi no ano têm preços atrativos. conveniadas à XP na fila espe- 2,6%, respectivamente.
Os investidores estrangeiros têm elevado a presença ram o aval ainda neste ano.
nas ofertas de ações devido ao cenário mais positivo l FALANDO NISSO... A gestora de DESCE
no Brasil em relação a outros emergentes. Nos cálcu- recursos Cartesia Capital deu l FASE FINAL. Nos escritórios
los da Faria Lima, as ofertas podem chegar a R$ 30 a largada a uma emissão de co- Faros e Messem, que anuncia- Indústria de material de
bilhões neste ano, acima dos R$ 24 bilhões de 2022. tas do seu fundo de investi- ram fusão em abril, o planeja- construção fatura menos
mento imobiliário e busca cap- mento é para que a autoriza- NILTON FUKUDA/ESTADÃO-22/8/2019
tar até R$ 250 milhões. O pla- ção ocorra em outubro. O BC
no é financiar empreendimen- está na etapa de inspeção pré-
MRV também quer buscar recursos tos residenciais e dar crédito a operacional, segundo o sócio-
A construtora MRV pretende levantar até R$ 1 bi- compradores de imóveis. diretor da Faros Samy Bots-
lhão com uma oferta de ações para fortalecer a estru- man. Os dois escritórios têm
R$ 65 bilhões sob assessoria. O
tura de capital e investir mais no programa Minha l JANELA. A Cartesia havia pro- objetivo é chegar ao fim de
Casa, Minha Vida. Já a BRF deve usar o total do re- gramado a emissão para o co- 2024 com R$ 100 bilhões.
curso para pagar dívidas. O Banco de Brasília (BRB) meço deste ano, mas as incerte-
vai retomar uma oferta de ações adiada desde 2021. zas sobre a economia brasilei-
ra provocaram o adiamento. A l TEM MAIS. A Monte Bravo ob- O faturamento real
retomada ocorreu nas últimas teve autorização para virar cor- das indústrias de ma-
semanas, depois que as preocu- retora. Com parte da documen- teriais de constru-
l ESTÁ BARATO. Outro fator que l DESTAQUE. A consultoria in- pações sobre inflação e corte tação aprovada em junho, o es- ção do País caiu 1,9% em ju-
reforça o otimismo são os pre- ternacional TS Lombard reco- de juros foram amenizadas. critório planeja ter a corretora nho em relação a maio, in-
ços baixos. Os estrangeiros menda que os investidores au- operacional neste ano. Com formou a Abramat (Associa-
aproveitaram. Ficaram com mentem exposição no Brasil, R$ 34 bilhões sob gestão, a ção Brasileira da Indústria
60% dos papéis da oferta da Lo- um país “reformista” em con- l TEM FILA. Após a confirmação Monte Bravo prevê chegar a de Materiais de Constru-
caliza, de R$ 4,5 bilhões, e com traste com demais emergen- do Banco Central (BC) para R$ 60 bilhões no fim de 2024. ção). Sobre junho de 2022,
60% da Oncoclínicas, que ven- tes, como China, e na direção que a EQI Investimentos, liga- A Blue3 também aguarda apro- a retração foi de 3,8%. Para
deu na baixa para tentar dar li- de um corte de juros, que deve da ao BTG, opere como corre- vação. Após vender 49% do ca- a entidade, que prevê perda
quidez ao papel e resolver o en- ocorrer em agosto, e da maior tora, outros escritórios que en- pital à XP em dezembro de de 1% no ano, o segundo se-
dividamento. Eles compraram expansão econômica. Ações e traram com pedido semelhan- 2021, teve aval do Cade. O pro- mestre será desafiador dian-
35% das ações da Direcional. outros ativos brasileiros, ape- te ampliaram a expectativa pa- cesso está em fase final no BC. te dos juros ainda altos.

ALTO ESCALÃO Luana Pavani E-mail: luana.pavani@estadao.com

UBS. Sylvia Coutinho, presiden-
te no Brasil, passa a chefiar
também América Latina após
a compra do Credit Suisse.
USIMINAS. Marcelo Chara (ex-
Ternium) foi eleito presidente
no lugar de Alberto Ono, agora
à frente do conselho de admi-
nistração da empresa.
ABBVIE. Heloísa Favaro (ex-Ba-
yer) ingressa como diretora de
Assuntos Regulatórios, no lu-
gar de Beatriz Fernandes, pro-
movida à posição global junto
com Gestão de Mudanças.
PAGUE MENOS E EXTRAFARMA.
Tem nova diretora de Marke-
ting, Growth e CX: Flávia
Drummond (ex-Multilaser).
BINANCE. Min Lin passa a vice-
presidente regional na Améri-
ca Latina.
TRAVELEX BANK. Filipi Ve-
chim (ex-Itaú) assume a posi-
ção de superintendente Co-
mercial B2C.
JHSF MALLS. Felipe Meira Dias
(ex-Almeida Junior) entra co-
mo diretor Financeiro.
ANIMA EDUCAÇÃO. Com a saí-
da de André Tavares Andrade,
Átila Simões assume como di-
retor Financeiro.
AES BRASIL. Promoveu Roge-
rio Pereira Jorge a diretor-pre-
sidente e José Simão a vice-pre-
sidente de Finanças e RI, em
substituição a Alessandro Gre-
gori.
BULLLA. Vem Silvio Lopes (ex-
Banco Safra) como diretor Co-
mercial.
GLOBAL TI. Paulo Loria (ex-
SAP) retorna como diretor exe-
cutivo de Negócios.
GALDERMA. Tem novo diretor
GERMANO LÜDERS
Silvia Machado
Magalu
Profissional foi promovida a CMO,
após dois anos como diretora
executiva de Moda e Beleza
de Assuntos Regulatórios no
Brasil: Carlos Thomazini (ex-
CSL).
B2FINANCE. Anuncia Raphael
Claro (ex-SAP) como diretor
de alianças (CPO) e Karina
Giatti (ex-Essence) como
head de marketing.
VOLTALIA. Promoveu Diana Na-
vas e Ariana Machado a direto-
ras de Desenvolvimento; e de
Assuntos Fundiários e Relacio-
namento com Comunidades.
CERTISIGN. Diego Martins (ex-
Mambu) chega como Chief Re-
venue Officer (CRO). l
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Tecnologia Mais concorrência
Especialistas
apostam que
Threads pode
desbancar
o Twitter
Nova rede social da Meta, empresa
de Mark Zuckerberg, tem um padrão
semelhante ao do concorrente e deve
aproveitar base de usuários do Instagram
BRUNA ARIMATHEA
A rede social do momento foi
apresentada por Mark Zucker-
berg na noite de quarta-feira: o
Threads – conhecido também
como “Twitter do Instagram”
– conquistou 30 milhões de
usuários em menos de 24 ho-
ras, e chega ao mundo com su-
porte de uma gigante de tecno-
logia rica e cheia de recursos.
Com a empolgação entre usuá-
rios e especialistas, há quem di-
ga que a rede é, até o momento,
a opção certa para desbancar o
Twitter, de Elon Musk.
No Threads, os usuários po-
dem fazer publicações de até
Em alta
Threads conseguiu atrair
30 milhões de usuários
em menos de 24 horas
após o lançamento
500 caracteres, publicar fotos
e vídeos e compartilhar con-
teúdos de amigos. Mesmo en-
tregando uma plataforma rela-
tivamente simples, o aplicati-
vo já se destaca por facilitar a
forma com que os usuários po-
dem ingressar na rede – a inte-
gração a partir do Instagram
pode ser um dos caminhos pa-
ra o sucesso.
“A vida é mais fácil para
quem é ‘herdeiro’, especial-
Elon Musk se move para processar concorrente
Poucas horas após o lançamen-
to do Threads, rede social de
mensagens curtas em formato
de microblog, o Twitter amea-
çou processar a Meta, dona do
Facebook, Instagram, What-
sApp e idealizadora do
mente se já aproveita toda a ba-
se de usuários do Instagram”,
diz Alexandre Inagaki, consul-
tor em redes sociais. “Tendo
por trás uma gigante tecnológi-
ca capaz de garantir estabilida-
de de servidores, além de um
departamento de marketing
atraindo celebridades e in-
fluenciadores para a platafor-
ma, agora, sim, podemos dizer
que o Twitter encontrou um
concorrente capaz de desban-
cá-lo nesta rinha de bilioná-
rios.”
Para Inagaki, além da base
de quase 2 bilhões de usuários
do Instagram, o aplicativo tam-
bém sai na frente na hora de
receber seus novos visitantes:
com infraestrutura fornecida
pela Meta, a rede não precisou
“parcelar” seu funcionamen-
to. Usuários de Android e iPho-
ne puderam acessar a platafor-
ma ao mesmo tempo, além de
não ser necessário esperar por
convites ou códigos específi-
cos para acessar a novidade, co-
mo faz o Bluesky.
Além do Bluesky, dispositi-
vos como Mastodon e Koo –
que viu um pico de usuários
brasileiros em dezembro pas-
sado, o que obrigou a rede a
acelerar seu desenvolvimento
– não tiveram o mesmo suces-
so por serem restritivos, com
uma fila de espera que poderia
passar de um mês.
Outro ponto levantado por
especialistas é a possibilidade
Threads. As informações são do
site especializado Semafor.
O advogado da X. Corp (em-
presa de Elon Musk, dono do
Twitter), Alex Spiro, enviou
uma carta à companhia de
Mark Zuckerberg acusando a
Usuário do Instagram baixa o aplicativo do Threads no celular
Como funciona ! namento, e algumas altera-
Principais características
da nova rede social
l Layout e funcionalidades
O desenho do Threads é mui-
to semelhante ao do Twitter.
É possível ao usuário visuali-
zar os threads postados em
texto e vídeo rolando a tela do
smartphone para cima ou pa-
ra baixo. Para atualizar e ver
as novas postagens, é só segu-
rar a tela para baixo
l Como postar
No Threads, postar uma
thread, imagem ou vídeo
tem mecanismo semelhante
ao do Twitter. Assim como
na concorrente, não é permi-
tida a edição de uma publica-
ção e não há hashtag (agrega-
de atrair curiosos do Insta-
gram. Todo usuário que aderir
ao Threads ganha um botão
que redireciona para a rede so-
cial com apenas um clique. O
artifício pode ser um impulsio-
nador para pessoas que não
usam o Twitter, mas que estão
ativas no Instagram diariamen-
te, explica Edney Souza, pro-
fessor de inovação, tecnologia
e negócios digitais na Escola
Superior de Propaganda e
rival de roubo de propriedade
intelectual nos últimos meses.
“O Twitter pretende aplicar
rigorosamente seus direitos de
propriedade intelectual e exige
que a Meta tome medidas ime-
diatas para parar de usar quais-
LINK
DREES MOHAMMED-5/7/2023
dor de assunto)
l Limite de caracteres
O Threads apresenta um
limite de 500 caracteres
por publicação
l Integração com outros
aplicativos
Para criar uma conta no
Threads é necessário ter uma
conta no Instagram. Quando
criado, automaticamente vo-
cê sincronizará os seguidores
das duas redes sociais sem
precisar começar do zero
l Mensagens diretas
Ainda não há a opção de
mensagem direta no Threads
l Web
O Threads serve como espaço
para escanear o QR Code
para fazer o download
da rede social
Marketing (ESPM).
“Isso é uma vantagem. É
uma espécie de ‘cavalo de
troia’ que o Zuckerberg colo-
cou no Instagram. O usuário
pode olhar e pensar que todos
os amigos do Instagram já es-
tão lá, então, vale dar uma olha-
da, não precisa de muito con-
vencimento”, apontou Souza.
E esse é um caminho sem vol-
ta: para apagar a conta no
Threads, é necessário deletar a
quer segredos comerciais do
Twitter ou outras informações
altamente confidenciais”, escre-
veu o advogado. “O Twitter se
reserva todos os direitos, inclu-
indo, mas não se limitando a, o
direito de buscar soluções civis
e medidas cautelares sem aviso
prévio para impedir qualquer re-
tenção, divulgação ou uso de
B7
conta no Instagram.
MELHORIAS. Com menos de 24
horas de lançamento, o
Threads já havia alcançado cer-
ca de 30 milhões de usuários,
de acordo com Zuckerberg.
Mas há pontos negativos que
podem colocar o futuro da re-
de em xeque caso não sejam
resolvidos rapidamente.
A principal reclamação entre
os usuários é a forma como o
feed é apresentado. Sem possi-
bilidade de escolher entre or-
dem cronológica ou mesmo
uma aba em que sejam mostra-
das apenas publicações de ami-
gos, a plataforma é um mix alea-
tório de posts de pessoas que
podem não estar relacionadas
com os interesses do usuário.
Isso também dificulta a vi-
sualização do conteúdo das
pessoas seguidas organica-
mente, sendo necessário, na
pesquisa, procurar pela conta
caso o usuário queira visuali-
zar algum post específico.
Também não existe ainda um
mecanismo de buscas por as-
sunto, como são os trending
topics do Twitter. As
hashtags não estão em funcio-
ções cadastrais só podem ser
feitas no Instagram.
INVESTIMENTOS. Segundo o
analista de redes sociais Matt
Navarra, a plataforma é vista
com bons olhos por investido-
res e pode atrair ainda mais
mercado de publicidade para o
império de Zuckerberg. “Gran-
des marcas terão prazer em (in-
vestir) uma boa quantidade de
dinheiro com publicidade na
plataforma. Será mais palatá-
vel e seguro para a marca do
que o que está sendo oferecido
no Twitter”, explicou.
Adam Mosseri, CEO do Ins-
tagram, admitiu as falhas que
estão sendo apontadas pelos
usuários do Threads e afirmou
que a empresa já está ciente do
que ainda falta na plataforma.
“O verdadeiro teste não é se
conseguimos criar hype (estra-
tégia para enfatizar algum pro-
duto), mas se todos vocês en-
contrarão valor suficiente no
aplicativo para continuar a
usá-lo ao longo do tempo. E há
muitos elementos básicos que
estão faltando: pesquisa,
hashtags, um feed de seguido-
res, sincronização de gráficos,
mensagens. Estamos traba-
lhando nisso. A equipe está tra-
balhando. Mas, para ser since-
ro, isso levará tempo”, disse
Mosseri, pela nova rede. l
sua propriedade intelectual pe-
la Meta.”
A carta aponta que a Meta rea-
lizou contratações de diversos
ex-funcionários do Twitter nos
últimos meses, pessoas que “ti-
veram e continuam a ter acesso
aos segredos comerciais do
Twitter e a outras informações
altamente confidenciais”. l
B8
Emprego Tecnologia
Nova York regula inteligência
artificial em processos seletivos
Pelas normas em vigor na cidade americana, empresas são obrigadas a notificar
os candidatos a vagas que um sistema automatizado de seleção está sendo utilizado
JOÃO SCHELLER
Empresas da cidade de Nova
York que utilizam ferramen-
tas automatizadas para a sele-
ção ou promoção de funcioná-
rios passarão a ter de contra-
tar uma “auditoria de viés”, se-
gundo nova regulação da cida-
de, que entrou em vigor na últi-
ma quarta-feira.
A medida é a primeira do
tipo a valer nos Estados Uni-
dos, em meio a uma onda de
discussões cada vez mais fre-
quentes sobre o uso de inteli-
gência artificial (IA) no merca-
do de trabalho.
A regulação ainda obriga as
empresas a notificar os candi-
datos de que um sistema auto-
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matizado de seleção está sen-
do usado, além de permitir que
eles peçam informações sobre
os dados coletados e utilizados
no processo. Já as auditorias
devem ser renovadas a cada
ano para a manutenção do uso
de IA nos processos seletivos.
A medida visa a combater o
chamado viés algorítmico, que
diz respeito à tendência que di-
ferentes códigos podem ter
com base nos dados utilizados
para a sua programação. Uma
ferramenta de recrutamento
automatizado de uma compa-
nhia, por exemplo, pode ser
programada para escolher
bons currículos com base nos
últimos processos seletivos
coordenados por funcionários
da empresa nos últimos anos.
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Superior; Renda familiar: jovens
oriundos de família cuja renda per
capita não ultrapasse a 01 (um)
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te requisito não seja atendido en-
tre os candidatos, poderá ser alte-
rado conforme avaliação e à crité-
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Ensino Superior em Administração
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para Junho de 2025; Estudantes
do Ensino Superior em Economia
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para Junho de 2025; Estudantes
do Ensino Superior em Marketing
- Previsão de formação mínima
para Junho de 2025; Possuir co-
nhecimento intermediário no In-
glês; Possuir conhecimento inter-
mediário no Excel eTer fácil aces-
so a região do Morumbi. Das 09:00
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sistência Odontológica, Gym Pass
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de produção ou Administração a
partir do 3° semestre; Das 10:00
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R$1,450.00, Fretado, Refeição no
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trias-romi-estagio-em-engenharia-
de-producao-v1?utm_sour-
ce=paineldevagas&utm_medi-
um=onecieelp
,QVFULo}HVJUDWXLWDVHLQIRUPDo}HV
Viés algorítmico poderia ser
percebido caso a IA, ao usar os
dados antigos, reproduzisse
também seus vieses, como a
priorização de candidatos de
determinados gêneros ou gru-
pos étnicos.
A lei, publicada inicialmen-
te em 2021, vale para empresas
que operam ou contratam na
cidade de Nova York.
TRANSPARÊNCIA. “Essa mu-
dança atinge critérios de trans-
parência, equidade e validade.
Eles estão proporcionando
transparência para as pessoas
que estão participando do pro-
cesso seletivo. Equidade, por
meio da análise de vieses. E va-
lidade, ao coletar somente in-
formações que têm relação
ESTÁGIO EM ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO
Estudantes cursando Engenharia
de produção ou Administração a
partir do 3° semestre; Das 10:00
às 17:00; Santa Bárbara D’Oeste
- São Paulo; De R$1,350.00 até
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local e Cesta básica. https://ciee-
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Ter disponibilidade para estagiar
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Superior em Administração - Pre-
visão de formação mínima para
Junho de 2025; Cursar Ensino
Superior em Ciências Contábeis -
Previsão de formação mínima pa-
ra Junho de 2025; Possuir conhe-
cimento intermediário no Excel; Ter
fácil acesso ao bairro Brooklin No-
vo; Das 09:00 às 16:00; São Paulo
- SP; R$ 2,250.00, Vale Transpor-
te e Vale Refeição. https://ciee-
vagas.taqe.com.br/ciee/rio-tinto-
estagio-em-financas-v1
ESTÁGIO EM MARKETING
Ter disponibilidade para estagiar
das 9:00 às 16:00; Cursar Ensino
Superior em Publicidade e Propa-
ganda - Formação mínima previs-
ta para Dezembro de 2024; Cur-
sar Ensino Superior em Marketing
- Formação mínima prevista para
Dezembro de 2024; Cursar Ensi-
no Superior em Web Design - For-
mação mínima prevista para De-
zembro de 2024; Ter fácil acesso
ao bairro Tatuapé; Das 09:00 às
16:00; São Paulo - SP; R$ 1,565.
00, Vale Transporte, Vale Refeição
e Possibilidade de Efetivação.
https://ciee-vagas.taqe.com.br/
company-confidential/scanprint-
estagio-em-marketing-v1
ESTÁGIO EM MARKETING
Ter disponibilidade para estagiar
das 9:00 às 16:00; Cursar Ensino
Superior em Publicidade e Propa-
ganda - Formação mínima previs-
ta para Dezembro de 2024; Cur-
sar Ensino Superior em Marketing
- Formação mínima prevista para
Dezembro de 2024; Cursar Ensi-
no Superior em Web Design - For-
mação mínima prevista para De-
zembro de 2024; Ter fácil acesso
ao bairro Tatuapé; Das 09:00 às
16:00, São Paulo - SP; R$ 1,565.
00, Vale Transporte, Vale Refeição
e Possibilidade de Efetivação.
https://ciee-vagas.taqe.com.br/
company-confidential/scanprint-
estagio-em-marketing-v1
7HO
Para anunciar:
(11) 3855-2001
“Os conselhos de classe
poderiam ser instâncias
para se submeter esses
processos de
auditoria ou as
associações científicas
da área”
Juliana Barreiros Porto,
Professora de Psicologia
Organizacional da UnB
ESTÁGIO EM RECURSOS
HUMANOS
Estudantes cursando administra-
ção a partir do 3° semestre; Das
10:00 às 17:00; Santa Bárbara
D’Oeste - São Paulo; De
R$1,350.00 até R$1,450.00,
Fretado, Refeição no local e Cesta
básica. https://ciee-vagas.taqe.
com.br/ciee/industrias-romi-esta-
gio-em-recursos-humanos-
v1?utm_source=paineldeva-
gas&utm_medium=onecieelp
ESTÁGIO EM SISTEMA DE
GESTÃO DA QUALIDADE
Ter disponibilidade para estagiar
das 8:00 às 15:00; Cursar Ensino
Superior em Administração - Pre-
visão de formação mínima para
Junho 2025; Cursar Ensino Supe-
rior em Gestão de Qualidade -
Previsão de formação mínima pa-
ra Junho 2025; Cursar Ensino Su-
perior em Engenharia de Produ-
ção - Previsão de formação míni-
ma para Junho 2025; Possuir co-
nhecimento intermediário no In-
glês (diferencial); Possuir conheci-
mento intermediário no Excel;
Possuir conhecimento em Quali-
dade/ISO 900 (diferencial); Resi-
dir em Sorocaba ou Votorantim;
Das 08:00 às 15:00; Sorocaba -
SP; De R$1,500.00 até R$1,700.
00, Transporte Fretado, Assistente
Médica, Refeitório no Local e Pos-
sibilidade de Efetivação. https://
ciee-vagas.taqe.com.br/ciee/flex-
fit-tecnologia-estagio-em-sistema-
de-gestao-da-qualidade-soroca-
ba-v2?utm_source=paineldeva-
gas&utm_medium=onecieelp
ESTÁGIO EM VENDAS
Ter disponibilidade para estagiar 6
horas diárias; Estudantes do Ensi-
no Técnico em Química - 1º ou 2º
módulo; Estudantes do Ensino
Técnico em Plásticos - 1º ou 2º
módulo; Estudantes do Ensino
Superior em Química - Formação
mínima para Dezembro de 2024;
Estudantes do Ensino Superior em
Engenharia Química - Formação
mínima para Dezembro de 2024;
Estudantes do Ensino Superior em
Engenharia de Produção - Forma-
ção mínima para Dezembro de
2024 e Residir em Itupeva ou
Jundiaí; Das 08:00 às 12:00; São
Paulo - SP; R$ 753.00, Vale
Transporte, Vale Refeição, Seguro de
Vida e Auxílio Farmácia. https://
ciee-vagas.taqe.com.br/ciee/jti-
aprendiz-v7?utm_source=painel-
devagas&utm_medium=onecieelp
FLEX - ESTÁGIO EM TI -
SOROCABA
Ter disponibilidade para estagiar
das 8:00 às 15:00; Cursar Ensino
Superior em Sistemas da Informa-
ção - Previsão de formação míni-
ma para Dezembro de 2024; Cur-
sar Ensino Superior em Ciências da
Computação - Previsão de forma-
ção mínima para Dezembro de
2024; Cursar Ensino Superior em
Engenharia da Computação - Pre-
visão de formação mínima para
Dezembro de 2024; Cursar Ensi-
no Superior em Análise e Desen-
volvimento de Sistemas - Previsão
de formação mínima para Dezem-
bro de 2024; Possuir conheci-
mento intermediário no Inglês (di-
ferencial) Residir em Sorocaba ou
Votorantim. Das 08:00 às 15:00.
Sorocaba - SP. De R$1,500.00 até
R$1,700.00, Transporte Fretado,
Assistente Médica, Refeitório no
Local, Possibilidade de Efetivação.
https://ciee-vagas.taqe.com.br/
ciee/flex-estagio-em-ti-sorocaba-
v3
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
com as competências do car-
go”, afirma Juliana Barreiros
Porto, professora de Psicolo-
gia Organizacional da Univer-
sidade de Brasília (UnB) e pre-
sidente da Associação Brasilei-
ra de Psicologia Organizacio-
nal e do Trabalho.
Para ela, é possível replicar a
legislação nova-iorquina no Bra-
sil, mas levando em considera-
ção a definição de quais órgãos
ou empresas seriam responsá-
veis por auditar os sistemas.
“Os conselhos de classe po-
deriam ser instâncias para se
submeter esses processos de
auditoria ou as associações
científicas da área”, afirma.
“Se deixarmos somente sob
responsabilidade de empresas
particulares ou de consulto-
rias, talvez não vamos atingir o
que se pretende com esse pro-
cesso”, completa.
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cial nos processos seletivos
também tem aumentado no
Brasil e vem gerando reclama-
ções de candidatos, como mos-
trou o Estadão. Especialistas
em recrutamento pedem uma
maior transparência das empre-
sas que coordenam processos
com esse tipo de tecnologia, jus-
tamente para evitar a ocorrên-
cia de viés algorítmico. l
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DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO Para anunciar:
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Empreendedores Delivery de alimentos

Apps ‘alternativos’ disputam espaço no mercado

Com taxas até 60% menores do que as cobradas por concorrentes tradicionais como
iFood e Rappi, novas empresas tentam fisgar a atenção de restaurantes e consumidores

correntes como Rappi e iFood. lor dos produtos. Isso faria de pedidos para restaurantes. GARGALO. Apesar da possibili-
JOÃO SCHELLER A empresa opera na cidade com que o entregador recebes- Por meio da empresa, os es- dade de descontos e uma rela-
de São Paulo e cobra taxas de se mais pela entrega e o consu- tabelecimentos podem ter o ção mais direta com os restau-
Negócios novos de entrega de 5% dos restaurantes, com midor final pagasse igual ou próprio aplicativo, além de sis- rantes, os aplicativos próprios
comida têm oferecido cobrar acréscimo de 1% a 2,4% pelo menos do que pagaria em ou- tema de pedidos via What- sofrem com a dificuldade de
taxas até 60% menores de res- uso da infraestrutura de paga- tras plataformas”, afirma Pe- sApp ou Instagram. “Na épo- chegar ao público. “As taxas
taurantes e com até 30% de mentos via aplicativo. Para os dro Saulo, cofundador do App- ca, queríamos automatizar, agi- são altas, mas o valor percebi-
desconto para o consumidor fi- entregadores, paga R$ 10 em Justo. lizar os pedidos”, diz Wildes Li- do (pelos restaurantes) também
nal. A dificuldade é que eles deslocamentos de até cinco ma, sócio da empresa. “Com é grande, por isso o iFood cres-
são pouco conhecidos, em um quilômetros. os marketplaces cobrando ta- ce com consistência”, afirma
mercado dominado por plata- O iFood cobra taxa de cerca Planejamento xas cada vez mais altas, cresce- Rubens Massa, professor do
formas como iFood e Rappi. de 20% dos restaurantes para Estratégia de novas mos. Hoje, temos mais de 2 mil Centro de Empreendedorismo
O AppJusto, por exemplo, é utilização da plataforma e siste- empresas passa por clientes”, afirma. e Novos Negócios da Fundação
uma plataforma de delivery de ma de entrega, com acréscimo estruturas mais enxutas Ele estima que seja possível Getulio Vargas (FGV EAESP).
alimentos que surgiu a partir de 3% para pagamentos via apli- e custos menores economizar de 30% a 70% a Para Diego Barreto, vice-
das demandas dos entregado- cativo. Para os motoboys, a tari- partir da operação pela Wabiz, presidente de Finanças e Es-
res de comida, na esteira dos fa paga pela rota mínima, que com custos referentes à insta- tratégia do iFood, é esse movi-
protestos realizados pela cate- na maioria das cidades é de cin- Enquanto alguns apostam lação e pagamento de uma ta- mento que justifica as taxas
goria durante os primeiros me- co quilômetros, é de R$ 6,50. em plataformas alternativas, xa mensal de R$ 250 a R$ 346 cobradas pela plataforma.
ses da pandemia. O aplicativo “Pensávamos que, se conse- outros buscam no contato dire- por unidade atendida. A Wa- “Eu gero tráfego, estou
funciona no formato marketpla- guíssemos ter uma operação to com os restaurantes a chan- biz dobrou sua base de clientes nas grandes mídias, estou en-
ce, onde os restaurantes se ca- enxuta e cobrar uma comissão ce de diminuir custos e ofere- durante a pandemia e aposta viando cupons de desconto,
dastram e oferecem seus produ- bem mais baixa, seria possível cer descontos. É caso dos clien- agora na internacionalização, estou nos canais digitais, es-
tos com outros estabelecimen- conversar com o restaurante tes da Wabiz, que desenvolve com operações já estabeleci- tou tentando atrair consumi-
tos, no mesmo modelo de con- para que eles cortassem o va- sistemas de entrega e controle das no Paraguai e em Portugal. dores”, garante. l

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Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária - O Sindicato dos Trabalhadores em

Serviço Público do Município de Osasco e Região - SINTRASP, inscrito no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas sob o n.º 59.045.054/0001-16, por seu presidente infra-assinado, nos termos R
A AGÊNCIA DE LEILÕES FREIRE INFORMA:
do artigo 19 de seu Estatuto Social, convoca a todos os trabalhadores e servidores públicos GRANDE LEILÃO AGROVALE - AGRO INDÚSTRIA DO VALE DO SÃO FRANCISCO S/A
municipais sindicalizados da Prefeitura Municipal de Osasco para comparecerem em Assembleia
Geral Extraordinária que será realizada na sede do sindicato situado na Rua José Bacarelli, n.º
109, Vila Campesina, Osasco, S.P., C.E.P. 06.023-040, no dia 13 de julho de 2023, às 16h30 em 27/07/2023 MOTONIVELADORA CATERPILLAR,
primeira convocação, caso não seja atingido o quórum a assembleia será realizada em segunda A PARTIR DAS 10h TRATORES VALTRA, RETROESCAVADEIRAS
convocação meia hora mais tarde com qualquer número dos presentes nos termos do Estatuto da
entidade, para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: 1) Discussão e votação para ratificação
PÁTIO INTERNO DA USINA,
BA-210, JUAZEIRO - BA JOHN DEERE E MUITO MAIS
V I S I T E N O S S O S I T E : W W W. L E I LO E S F R E I R E . C O M . B R
da decisão da diretoria executiva quanto a alienação de bens imóveis de propriedade do Sindicato, (82) 3223.5212 / 3221-7439 - Orlando José Lacerda Pereira - Leiloeiro Público Oficial - JUCEB 004629/00
para atendimento do que dispõe os artigos 16 e 17 do estatuto social. Osasco, 9 de julho de 2023.
Jessé de Castro Moraes - Presidente.

C6 E C7 A fundo
IPT é um
grande
legado
científico
da Revolução de 32
Cultura Nas redes
Plataformas ganham espaço
oferecendo leituras online
‘Sprints’ organizados na Twitch ou mesmo no YouTube atraem
cada vez mais um público que quer conteúdo, mas também convivência
ANA LUIZA ANTUNES
JULIA QUEIROZ
Por volta das 14h de quase to-
dos os dias, o criador de con-
teúdo Victor Almeida, de 30
anos, abre uma live na platafor-
ma de vídeos Twitch para fa-
zer os chamados “sprints de
leitura”. Mais conhecido co-
mo Geek Freak, ou Geefe, ele
permanece cerca de uma hora
lendo em silêncio, ao vivo,
com uma música leve ao fun-
do. Depois, passa 15 minutos
interagindo com os espectado-
res por meio de um chat. Esse
ciclo se repete três vezes em
um dia “comum”.
“Sprint”, em inglês, signifi-
ca algo como correr em alta ve-
locidade uma distância curta.
Quando falamos de um
“sprint de leitura” ou “sprint
de produtividade”, no entan-
to, estamos nos referindo a um
tempo definido para manter o
foco em apenas uma atividade.
Esse é objetivo das lives rea-
lizadas por Victor e por outros
influenciadores literários em
plataformas como o YouTube
e, com ainda mais força, na
Twitch: reservar sua atenção
para a leitura de um livro e, ao
mesmo tempo, trocar expe-
riências com outros leitores. A
atividade virou febre no auge
da pandemia, cresceu com a
consolidação da Twitch no Bra-
sil e sobrevive até hoje, impul-
sionando criadores de conteú-
do e leitores ávidos.
Tamirez Santos, do canal
Resenhando Sonhos, já conta
com mais de 20 mil seguido-
res. Assim como outros, a
streamer – como são chama-
dos os criadores de conteúdo
que fazem lives – começou no
YouTube, em que já tem quase
100 mil inscritos. Hoje, divide
o seu conteúdo com a Twitch.
INTERAÇÃO. “Independente-
mente do contexto, o que acon-
teceu foi que conseguimos nos
aproximar das pessoas que
acompanhavam a gente de
uma forma diferente”, ela avi-
sa. “Talvez a pandemia tenha
sido o pontapé inicial, mas o
que veio depois se sustenta so-
zinho.” A história de Victor Al-
meida é parecida. O influencia-
dor faz vídeos sobre literatura
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
para o YouTube há mais de dez
anos. Antes mesmo da pande-
mia, a ideia de ler em conjunto
com os seguidores já começa-
va a circular entre os produto-
res de conteúdo. “A gente co-
meçou fazendo essas lives no
YouTube. Juntávamos amigos
e abríamos lives quase todos
os dias com cinco a dez pes-
soas. Era muito divertido.”
“Conseguimos atrair
pessoas que nos seguiam
de uma forma diferente.
A covid deu o pontapé
inicial, o que veio depois
se sustenta sozinho”
Tamirez Santos
Do canal Resenhando Sonhos
Com a chegada da pande-
mia, parte desses influenciado-
res começou a criar as pró-
prias lives. Foi nesse momen-
to que Victor começou a “mi-
grar” para a Twitch. Segundo
ele, a plataforma “é mais foca-
da em lives” e oferece melhor
interação com o público.
No começo, ele sentia difi-
culdade de se concentrar na lei-
tura sabendo que havia pes-
CULTURA&
COMPORTAMENTO
O ESTADO DE S. PAULO
soas assistindo. “Eu ficava
mais focado no chat, pensan-
do no que falavam. Mas isso é
algo para o que, junto com o
pessoal, conseguimos achar
um meio-termo.”
MEIO-TERMO. Victor também
lembra que as lives têm um pú-
blico menor do que outras re-
des. “A gente tem muita dificul-
dade de atingir o público com
conteúdos mais longos por
causa do TikTok, Instagram e
essa onda de conteúdos cur-
tos. O YouTube ainda tem um
meio-termo”, explica. Ele pon-
dera que as transmissões ao vi-
vo “afunilam” ainda mais o pú-
blico, pois atraem pessoas que
querem passar o dia “ao lado”
de quem faz a live.
O benefício disso é criar
uma proximidade maior com
quem assiste. “É totalmente di-
ferente de um conteúdo que a
pessoa consome rapidinho”,
diz. “É realmente uma troca
muito mais próxima e mais le-
gal. Cria um senso de comuni-
dade ainda maior do que os
conteúdos pré-prontos, por-
que a gente pode trocar essa
ideia de falar sobre os livros e
de comentar sobre assuntos
C2
FOTOS ACERVO PESSOAL
1 maior com quem vê, que
2 Para a jornalista Bruna Tava-
3 YouTube com resenhas de li-
1. Tamirez começou no YouTube
2. Victor Almeida 3. Bel
Rodrigues: leitura para grupos
C1
do dia a dia também.”
Mariana Paixão, de 32 anos,
é exemplo da ascensão dessa co-
munidade. Seguidora fiel de Ta-
mirez desde quando ela come-
çou no YouTube, Mariana ago-
ra é moderadora do seu canal.
“Somente o formato de
sprints já ajuda, mas também
ter companhia, fazer os sprints
sabendo que quando terminar,
a Tami vai perguntar: ‘Como fo-
ram de sprint?’, e todo mundo
vai compartilhar algo”, conta.
“É o melhor de dois mundos:
ter um tempo para fazer uma
tarefa no conforto da minha ca-
sa, mas fazê-la acompanhada
de pessoas que também estão
fazendo as próprias tarefas.”
CONEXÃO. Mariana, aliás, não é
a única a sentir essa conexão
com o influenciador. A proxi-
midade que os sprints de leitu-
ra proporcionam é o que torna
o fenômeno popular. “Esse
sentimento de me sentir parte
de um grupo que compartilha
do mesmo desejo que eu de ler
cada vez mais, conhecer novas
histórias e entrar em novos
mundo”, explica a professora
de inglês Anna Beatriz, de 25
anos. “Quando surgiu o Book-
tube (apelido dado ao nicho de
livros no YouTube), eu amei, ti-
nha um grupo de pessoas que
adoravam ler como eu e incen-
tivavam as leituras”, comenta.
Proximidade
O benefício desse contato é
‘criar uma proximidade
não consome rapidinho’
res, de 21 anos, por ser uma plata-
forma de interação, a Twitch ga-
rante conexão verdadeira. “Gos-
to desse contato de criadores de
conteúdo que comentam, sem-
pre de olho no público.”
A influenciadora Bel Rodri-
gues, de 29 anos, é um dos prin-
cipais nomes da Twitch. Ela
atingiu recentemente mais de
oito mil assinantes na platafor-
ma e entrou na lista dos 10 strea-
mers brasileiros com mais ins-
critos pagos no canal. Na inter-
net desde 2013, ela começou no
vros e viralizou com as lives de
leitura conjunta, no qual ficava
por três horas, ao vivo, lendo
com os seguidores. “Queria
mostrar minhas reações diante
de um livro em específico e aí
veio a ideia de ler ao vivo”, con-
ta Bel. Hoje, o canal já tem qua-
se um milhão de inscritos.
Lívia Gonçalves, de 20 anos,
conhecida na internet como Li-
vresenhas, conta que os sprints
a ajudaram com sua ansiedade.
“Foi a melhor maneira de admi-
nistrar minha ansiedade e me
incentivar a ler, foi um ambien-
te de ajuda mútua.” l

C2 CULTURA&COMPORTAMENTO
Cães e Gatos
Instagram faz ponto de
adoção ganhar fama em SP
s histórias de adoção
A de centenas de cães e
gatos fazem sucesso
entre os seguidores
do ponto de adoção e
petshop Vi.Ca (antigo Vito e
Carmela). Aberto em 2017, o
pet se tornou um ponto de
adoção agitado da cidade,
tanto pelos comentários nas
redes sociais quanto pelo nú-
mero de animais adotados.
Todo mês 180 cães e cerca de
45 gatos resgatados ganham
lares amorosos e suas trajetó-
rias são acompanhadas qua-
se que como uma novela pe-
los 179 mil seguidores da con-
ta de Instagram do local.
“Compramos uma fran-
quia de pet shop onde a prin-
cipal receita era a venda de
filhotes. Em seis meses não
gostamos do que vimos. Fala-
mos para a franquia que não
iríamos mais vender animais
em nossa loja e íamos usar
nossa estrutura de canil para
colocar os animais para ado-
ção. A Amanda, minha espo-
sa, abriu a conta no Insta-
gram e começou a postar as
histórias e as fotos dos ani-
mais que estavam aqui dispo-
níveis para adoção”, diz Mar-
Os desafios e perigos que cercam a Amazônia brasileira
a partir do olhar de uma jovem ativista indígena e de
um mosaico de vozes dos povos que habitam a floresta.
Uma viagem emocional à Amazônia
que os brasileiros desconhecem
Podcast em 10 episódios
PRODUÇÃO:
Direto da Fonte
Gilberto Amendola
cos Vieira da Cunha, proprie-
tário do pet shop junto com a
mulher, Amanda.
As narrativas quase sem-
pre têm um final feliz, que
culmina na adoção dos bi-
chos, mas algumas são per-
meadas de percalços. Alguns
animais acabam sendo devol-
vidos mais de uma vez, mes-
mo com os constantes avisos
de que se trata de um bicho
reativo com outros cães, com
traumas ou histórico de mor-
didas. Quando isso acontece,
os seguidores fissurados por
animais não costumam per-
doar quem devolve cachor-
ros ou gatos por motivos con-
siderados pequenos.
“Falamos para a
franquia que não
iríamos mais vender
animais em nossa loja”
Marcos Vieira da Cunha
Proprietário do pet shop
“É revoltante! Pessoas
sem nenhuma responsabili-
dade com o bichinho. Que
Bella seja adotada por uma fa-
mília que a ama muito”, disse
1 2
Para ouvir, baixe o app da Storytel
Acesse: amazoniainvisivel.com.br
REALIZAÇÃO PARCERIA
gilberto.amendola@estadao.com
Amanda e Marcos são os donos do pet shop que virou o preferido das celebridades
uma seguidora a respeito da
buldogue Bella, devolvida
três dias depois da adoção
porque a adotante teria perdi-
do seu emprego. “Temos
uma média de devolução de
3% sobre o total mensal de
adoções. Os motivos são mui-
tos e algumas vezes mostram
que a pessoa não tinha condi-
ções emocionais nem de saú-
de ou financeira para ter um
companheiro”, diz Marcos.
Um dos grandes diferen-
ciais da conta de Instagram
do local são os belos retratos
dos animais – assim que che-
gam também já são batizados
- e os textos que falam sobre
seus históricos. A maioria
dos pretendentes a pai e mãe
de pet já chegam lá com um
bichinho em mente, que bus-
cam pelo nome. Muitas ve-
zes, o animal em mente já
não está mais lá e o pet shop
não “reserva” os bichos.
“Quem escreve os textos é
a Amanda e eles são o grande
diferencial da nossa página.
São verdadeiros e sinceros,
como ela. A ideia é contar de
forma leve as histórias de co-
mo o animal veio parar aqui.
Muitas vezes são narrativas
tristes, mas os textos deixam
até as histórias tristes mais
agradáveis. Todos nossos ani-
1. Casamento
de Stephanie
Garcia e Eduardo
Petrelli –
Stephanie e o pai,
Lelo Garcia.
2. Karla Petrelli,
Eduardo Petrelli
e Zila Garcia.
3. Marcelo Petrelli
e Judith Petrelli.
Apresentação
Andréia Lago
Jornalista
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
MARCELA PAES | MARCELA.PAES@ESTADAO.COM
PAULA BONELLI | PAULA.BONELLI@ESTADAO.COM
FELIPE IRUATÃ / ESTADÃO
mais, quando chegam, vão pa-
ra o banho e tosa e depois po-
sam para as fotos limpinhos
e de gravata”.
O ponto – que também é
pop por conta dos famosos
que seguem a conta e já fize-
ram adoções por lá como Pao-
la Carosella, Cássio Scapin e
Bela Gil- acaba de dobrar de
tamanho e sai da Vila Madale-
na para os Jardins, na rua
Pamplona. “O espaço antigo
tinha seis baias de cachorro e
um gatil. No novo são 17
baias para cães e um gatil
com capacidade para até 40
bichanos”, diz Marcos.
l MARCELA PAES
3
FOTOS IARA MORSELLI
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
Cinema Estreia
Filme de Zé do Caixão quebra maldição
O média-metragem
‘A Praga’, de 1980,
que ficou anos
desaparecido, passou
por intenso trabalho
de restauração
MATHEUS MANS
É possível acreditar que o filme
A Praga tenha sido realmente
amaldiçoado em algum momen-
to de sua produção. Afinal, o mé-
dia-metragem de José Mojica
Marins (1936-2020), o Zé do
Caixão, que finalmente chegou
aos cinemas, passou por maus
bocados e durante muito tem-
po foi visto como um filme per-
dido. Acreditava-se que ele nun-
ca veria a luz da madrugada.
Primeiramente, o filme, que
nasceu de um roteiro do quadri-
nista Rubens Lucchetti, era o
projeto de um episódio de 50 mi-
nutos para a televisão. Nunca
foi ao ar e, para piorar, o mate-
rial se perdeu em um incêndio
no acervo da TV.
“A Praga foi escrito para
Além, Muito Além do Além, pro-
grama da TV Bandeirantes que
era apresentado por Zé do Cai-
xão às sextas, entre 23 horas e
meia-noite. A atração foi exibi-
da em 29 de dezembro de 1967”,
explica Lucchetti ao Estadão.
“O Mojica, como sempre, ape-
nas me sugeriu a ideia da histó-
ria: um sujeito amaldiçoado por
uma bruxa que tem de ‘se ali-
mentar de carne’.”
RESILIÊNCIA. Em 1980, o resi-
liente Zé do Caixão resolveu vol-
tar ao texto e fazer um filme.
Mas não concluiu as filmagens
por falta de dinheiro e os rolos
se perderam.
A situação começou a mudar
em 2007, quando o produtor e
pesquisador Eugênio Puppo es-
tava preparando uma retrospec-
tiva de Mojica em parceria com
o Centro Cultural Banco do Bra-
Cinema Comédia
Longa retrata a ‘uberização’
com bom humor e crítica social
Com personagens
que representam a
diversidade brasileira,
‘Um Dia Cinco Estrelas’
fala sobre a necessidade
de ser bem avaliado
Pedro Paulo (Estevam Nabote)
está vivendo uma sinuca de bi-
co: de um lado, quer passar o dia
cuidando de seu carro, um Opa-
la dos anos 1970; do outro, preci-
Mojica nas filmagens no centro de SP: na trama, homem que é amaldiçoado por bruxa passa a ter fome insaciável por carne crua
sil São Paulo (CCBB-SP) e a Ci-
nemateca. “Ao longo das últi-
mas semanas dessa pesquisa,
que durou quase cinco anos,
descobri cerca de 20 rolos de fil-
mes em Super 8, que estavam
originalmente destinados ao
descarte. Ao colocar os filmes
em uma mesa enroladeira e se-
guir as indicações fornecidas
por Mojica, confirmei que se tra-
tava de A Praga”, lembra.
Porém, a situação não se re-
sumia a juntar tais rolos e colo-
cá-los no ar. Para começar, era
preciso um trabalho de restau-
ro, além de gravar algumas ce-
nas incompletas e fazer a du-
blagem. Puppo até tentou pôr
a obra na retrospectiva de
2007, mas não era o ponto fi-
nal. O filme ainda necessitava
de muito cuidado: digitaliza-
ção em alta resolução, revisão
da montagem, finalização de
som e imagem e criação de tri-
lha sonora original.
“Ao longo dos anos, busca-
sa ajudar a tirar a família do sufo-
co e realizar o sonho da sua mãe
(Nany People) de viajar para
Buenos Aires. É aí que ele encon-
tra o único caminho que une es-
ses seus dois mundos: ser moto-
rista de aplicativo. Essa é a histó-
ria de Um Dia Cinco Estrelas, que
acaba de estrear nos cinemas.
A ideia do roteiro, de Ricky
Hiraoka e Cris Wersom, é fazer
graça com as dificuldades de Pe-
dro, mas também cutucar ques-
mos financiamento para a pós-
produção, inscrevendo o proje-
to em vários editais, mas não fo-
mos contemplados. No início
de 2021, decidi investir recur-
sos próprios na criação dessa
nova versão. Para chegar à ver-
são final, o material original em
Único
‘Mojica foi um gigante do
cinema brasileiro e um
transgressor em conteúdo
e forma’, diz pesquisador
Super 8 foi escaneado quadro a
quadro e digitalizado em resolu-
ção 4K no laboratório Color-
Lab, em Rockville, nos Estados
Unidos. Em seguida, o filme foi
editado e recebeu nova mixa-
gem sonora”, explica Puppo, so-
bre o processo de restauração.
Com a estreia no cinema, en-
fim, o filme quebra a maldição
de 40 anos. A história é simples,
tões sociais. “Os roteiristas es-
creveram uma comédia sobre a
tragédia da ‘uberização’. Afinal,
toda comédia vem da tragédia,
dos dramas humanos”, diz o di-
retor Hsu Chien. “É um micro-
cosmo do Brasil. Cada persona-
gem representa uma parcela de
classe social, de diversidade de
gênero e de comportamento.”
A cada passageiro que entra
no carro de Pedro para fazer
uma viagem, uma história dife-
CULTURA&COMPORTAMENTO
como eram os programas de
Mojica para a TV, mas traz a
mais pura essência de Zé do Cai-
xão para as telonas – três anos
após sua morte. É como um re-
nascimento desse personagem
tão emblemático e que ainda en-
contra espaço nas telas.
ESSÊNCIA. O resultado da recu-
peração do material enche os
olhos do público. De um lado, a
imagem está cristalina – parece
que o filme foi rodado recente-
mente. Enquanto isso, a voz, du-
blada postumamente que até
contou com leitura labial feita
por uma profissional surda-mu-
da, traz a essência da trama.
“Mojica foi um verdadeiro gi-
gante do cinema brasileiro, pois
não apenas realizou grandes ex-
perimentos com a linguagem
narrativa, criando cenas sur-
reais por meio de posições e mo-
vimentos de câmera incomuns,
mas também foi um transgres-
sor tanto em forma quanto em
rente é contada. Pedro, que an-
tes vivia no casulo de sua casa
limpando o carro e vendo a vida
passar pela janela, é confronta-
do com o que há no mundo lá
fora: o cantor fracassado, o tri-
sal, os idosos perigosos e por aí
vai. É algo que lembra Essa Pe-
quena É Uma Parada e Um Con-
vidado Bem Trapalhão, algumas
das inspirações de Hsu Chien.
As cutucadas surgem, en-
quanto isso, do que o filme suge-
re: o senso de urgência em ser
bem avaliado. “Vivemos essa so-
ciedade em qualquer situação,
fazendo cotação de tudo. Todo
mundo é cotado”, lembra Hsu,
que também passa por isso com
seus filmes. “Temos a expectati-
va de ter o melhor atendimen-
C3
PAULO LIEBERT / ESTADÃO – 7/11/2007
conteúdo”, afirma Puppo.
Mojica explorou os aspectos
mais sombrios e reprimidos da
sociedade brasileira, questio-
nando tabus e provocando refle-
xões sobre a condição humana.
Sua coragem em desafiar con-
venções e sua habilidade em
criar narrativas envolventes e vi-
sualmente impactantes fazem
dele um dos cineastas mais in-
fluentes do cinema nacional. O
lançamento de seu último filme
inédito de que se tem conheci-
mento é uma forma de homena-
gear sua brilhante trajetória.
Em A Praga, por exemplo,
muito desse seu cinema surge
em comentários sobre a mascu-
linidade frágil e a violência con-
tra as mulheres. Claro, há mui-
tas cenas assustadoras que,
com a revitalização, ficam ainda
mais sanguinolentas. “Os fil-
mes do Mojica têm espaço nos
cinemas, já que são sui generis”,
resume Lucchetti. “Não há na-
da igual a eles.” l
to, o melhor profissional, o me-
lhor vendedor. Passamos 24 ho-
ras por isso.”
Um Dia Cinco Estrelas, as-
sim, é a união da reflexão sobre
a “uberização” com o humor
pastelão. Dois universos que,
às vezes, parecem não fazer
sentido juntos, mas que aca-
bam atingindo justamente
aquelas pessoas que precisam
discutir essas ideias. Tudo is-
so, ainda, com um personagem
boa-praça. Aquele motorista
que acrescenta no seu dia. “Ele
é uma pessoa de bom coração,
ingênua, que é levada no papo
pelos passageiros”, comenta o
diretor. “O filme é uma celebra-
ção do que é o Brasil, das pes-
soas de bom coração.” l M.M.
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
C4 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Horóscopo Neusa Maria Faro 1945 – 2023 iniciou carreira, nos anos
1970, em São Paulo. Na televi-
Quiroga Morre atriz de teatro e são, ela estreou em 1998 na no-
vela Fascinação, no SBT. Na
oscar@quiroga.net
mesma emissora, Neusa parti-

Teus desejos realizados
Data estelar: Mercúrio e
Netuno em trígono
e o gênio da lâmpada
da, assim mesmo ocorre com
teus desejos, se esses não fo-
rem bem formulados, inevita-
velmente se transformarão
em maldições.
de novelas, como ‘Alma cipou ainda de Amor e Ódio
(2001), Pequena Travessa
(2002) e Seus Olhos (2004).
Gêmea’ e ‘Amor à Vida’ Neusa Maria ficou mais co-
nhecida por seu papel como Di-
vina Santini, em Alma Gêmea

S surgisse diante de ti e
te outorgasse a realiza-
ção mágica de três dese-
jos, é certo que te precipita-
rias na direção dos anseios
Quando desejares, te debru-
ça sobre teus desejos para os
formular com exatidão, ciente
de que nenhuma realização é
uma fotografia estática, mas
OBITUÁRIO

IARA MORSELLI / ESTADÃO – 8/4/2017

clássicos de nossa humanida-
de, riqueza, poder e beleza
eterna, mas, da mesma forma
com que a inteligência artifi-
cial requer que formules per-
feitamente tua pergunta para
te outorgar a resposta adequa-
ÁRIES 21-3 a 20-4
Seria interessante você
encontrar uma maneira
de registrar o bem-estar
experimentado, porque isso facili-
tará a comunicação futura com
as pessoas de seu interesse. O
bem-estar é como o sonho, pode
ser esquecido. Melhor não.
um caminho cheio de circuns-
tâncias que podem agregar
algo positivo ao processo, ou
também inserir desgraças não
previstas, por pura precipita-
ção e ignorância de tudo que
a vida envolve. l
TOURO 21-4 a 20-5
Use as palavras mais
lindas quando falar com
as pessoas do seu coti-
diano, mas sem que isso pareça
forçado, apenas como uma ex-
pressão de carinho pela convivên-
cia, um gesto de aproximação no
meio de um mundo árido.
A
atriz Neusa Maria Fa-
ro morreu, aos 78
anos, na noite de sex-
ta-feira. A informação foi publi-
cada nas redes sociais, por ami-
gos. Segundo as postagens, ela
estava internada desde junho
devido a complicações causa-
das por uma trombose.
Sem revelar a causa da mor-
te, o artista Pedro Leão anun-
ciou no Instagram: “Perde-
mos, infelizmente, a querida
Neusa Maria Faro. Super atriz.
Mulher de teatro”.
Foi justamente no palco que
Neusa, nascida em Sorocaba,
QUADRINHOS
Minduim Charles M. Schulz
(2005), na TV Globo. A histó-
ria da personagem ficou marca-
da pelo bordão “Oswaldo, não
fale assim com a mamãe”.
Em seguida, ela emendou pa-
péis em mais novelas na emis-
sora, como O Profeta (2006),
Caras e Bocas (2009), Cama de
Gato (2010), Morde e Assopra
(2011), Gabriela (2012) e Amor
à Vida (2013). Seu último folhe-
tim foi Eta Mundo Bom! (2016).
No teatro, Neusa partici-
pou, ano passado, da peça Gas-
light – Uma Relação Tóxica, que
também foi o último trabalho
de Jô Soares como diretor. l

GÊMEOS 21-5 a 20-6 CÂNCER 21-6 a 21-7

Ou a sorte se lança sozi-
nha, ou sua alma faz
algum gesto que lance a
sorte intencionalmente. Este é o
dilema que sua alma precisa re-
solver, sem, no entanto, perder
tempo demais refletindo. É pre-
ciso agir.
Procure abrir seu cora-
ção e conversar sobre
os assuntos que mais
tocam seu coração, mas cuide
para o fazer com as pessoas cer-
tas, porque as erradas se aprovei-
tariam da situação e criariam
intrigas que sua alma não quer. Recruta Zero Mort Walker

LEÃO 22-7 a 22-8 VIRGEM 23-8 a 22-9

No silêncio de seu cora-
ção, quando você colo-
ca a cabeça no travessei-
ro e não há ninguém para pertur-
bar seus pensamentos, é quando
sua alma consegue sintonizar os
sonhos mais lindos. Tenha esses
sempre em mente.
Para que aconteçam os
encontros que a vida
oferece através das coin-
cidências, é preciso sair de casa,
porque se a sua alma fica entoca-
da sem fazer contato com nin-
guém, a vida não tem como lhe
Turma da Mônica Maurício de Sousa
apresentar nada. Melhor não.

LIBRA 23-9 a 22-10 ESCORPIÃO 23-10 a 21-11

Neste mundo que anda
de ponta-cabeça e com
as pessoas angustiadas,
qualquer coisa que você fizer
para mitigar esse estado de coi-
sas agregará harmonia e bem-es-
tar, nem que seja por um instan-
te, mas que será muito valioso.
Dizem que a perfeição
não existe e nem estaria
disponível ao ser huma-
no, mas não há nada mais longe
da verdade do que essa afirma-
ção, porque agora, por exemplo,
você tem chances de viver um O melhor de Calvin Bill Watterson
momento perfeito. Desfrute.

SAGITÁRIO 2-11 a 21-12 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

Talvez não seja possível
encontrar a brecha por
onde sua alma expres-
sar os sentimentos que a invadi-
ram, porque as pessoas não esta-
riam disponíveis a tanto e, pior
ainda, desvalorizariam o que pa-
ra você é muito valioso.
Evite gastar tempo de-
mais em dilemas diante
da oportunidade de ex-
pressar seus sentimentos, pois,
neste momento vale mais a pena
você se manifestar do que silen-
Frank & Ernest Bob Thaves
ciar e depois os sentimentos vira-
rem ressentimentos.

AQUÁRIO 21-1 a 19-2 PEIXES 20-2 a 20-3

É impossível prever
tudo e muito mais ain-
da ter tudo sob contro-
le, porém, há dias em que as coi-
sas fluem com tamanha naturali-
dade que se torna irrelevante
não ter domínio ou não saber o
que virá no dia de amanhã.
Sofrer não é um desti-
no irrevogável, apenas
é o que nossa humani-
dade alcança a entender da vida
e que reproduz de forma in-
consciente. Porém, também há
vida abundante e interessante
para ser experimentada. BEM PENSADO “É assim que as coisas se tornam claras. Repentinamente” M. L’Engle
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO CULTURA&COMPORTAMENTO C5

Sérgio Augusto Escreve quinzenalmente aos sábados

Sugestão editorial
inda averiguava qual edi- nieux, na Provença. 87 anos, a um hospital. mais tarde. Resultaria numa tre- por três estrelas do boom (Llo-

A tora brasileira traduzi-

ria Las Cartas del Boom,
epistolário trocado en-
tre Julio Cortázar, García Már-
quez, Vargas Llosa e Carlos
“Pela decoração”, respondi.
Jantei lá há pouco mais de 20
anos, levado por meu amigo
Walter Salles, íntimo conhece-
dor da região.
Para mim, bem mais relevan-
te que identificar corretamente
o restaurante de Bonnieux era
descobrir, a pedido de amigos e
leitores, quando Las Cartas del
menda dobradinha literária,
um pouco volumosa, por su-
puesto, mas de tentadora fatu-
ra e irresistível leitura.
Ayén recapitula o movimen-
sa, Márquez, Carlos Fuentes) e
seu mais cintilante apêndice, o
chileno Roberto Bolaño.
Oficiosamente, o boom che-
gou ao fim em 12 de fevereiro de
Fuentes, os bambas do boom Aguirre desconfiava de ou- Boom será traduzido aqui. Se- to a partir de seus antecedentes 1976, quando Llosa esmurrou
da literatura latino-americana tro restaurante na mesma cida- gundo Aguirre, nenhuma edito- históricos, das “sementes” que Márquez em público, na Cida-
nos anos 1960-70, que abordei de, L’Arome, que, como ele, ra brasileira procurou até agora prosadores e poetas hispano- de do México. Tinha mulher no
na semana passada, quando re- também conheço apenas de fo- a Alfaguara espanhola, nem americanos plantaram em Barce- meio; no caso, Patricia, casada
cebi um e-mail de seu principal tografia. “É possível”, reconfor- tampouco a agência Balcells, re- lona. O venezuelano Rómolo com o peruano até hoje, aliás –
editor, Carlos Aguirre. Queria tei-o, mantendo, porém, minha presentante dos missivistas e Gallegos estabeleceu-se por lá menos os sete anos em que o
ele saber como eu descobrira aposta no Le Fournil. seus herdeiros. Aguardemos. em 1932, e antes dele, no século autor de Conversa no Catedral
que a foto do grupo estampada Como último sobrevivente Um editor esperto pegaria o 19, o argentino Sarmiento e o mo- preferiu viver com uma sociali-
no livro – a única com todos jun- do quarteto, Vargas Llosa pode- epistolário e o traduziria acopla- dernista nicaraguense Rubén Da- te filipina. Daquela vez, porém,
tos, feita em outubro de 1970 e ria matar a charada. Aguirre pôs do ao ensaio histórico Aquellos río. Consagrado como um “Bolí- o Nobel colombiano nada teve
guardada por mais de meio sé- em dúvida tal possibilidade, ain- Años del Boom, que o jornalista var das letras”, Gallegos acabou a ver com o pato. l
culo pelo mexicano Abraham da mais remota desde que uma cultural catalão Xavi Ayén, do emprestando seu nome ao mais
Nuncio – havia sido feita no res- nova contaminação por covid La Vanguardia, publicou em prestigioso prêmio literário do É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DE
taurante Le Fournil, em Bon- confinou o Nobel peruano, de 2014 e atualizou quatro anos continente, já compartilhado ‘ESSE MUNDO É UM PANDEIRO’, ENTRE OUTROS

SEG Simião Castro (quinzenal) l TER. Patrícia Ferraz l QUA. Leandro Karnal e Roberto DaMatta l QUI. Luciana Garbin (quinzenal), Patricia Ferraz l SEX. Marcelo Rubens Paiva (quinzenal) e Maria Fernanda Rodrigues
l SAB. Sérgio Augusto (quinzenal), Alice Ferraz, Suzana Barelli e Daniel Martins de Barros (quinzenal) l DOM. Leandro Karnal, Sérgio Augusto ( quinzenal) e Ignácio de Loyola Brandão (quinzenal)

CRUZADAS NA WEB Jogue as cruzadas

https://bit.ly/3PNjEjk CRIPTOGRAMA E CAÇA-PALAVRAS Nesta seção, todos os dias, um jogo diferente para você

Era composto por Tarsila do Amaral, Anita A postura esperada Gelato, Para letras iguais, números iguais. Nas casas em destaque, a emissão de uma relação
Papel dos Malfatti, Menotti del Picchia, Os- do filósofo estoico Podem ser primitivos, tiramisu e
bandeirantes na wald de Andrade e ante a morte derivados, simples ou cannoli de mercadorias com preços acima dos valores de mercado.
ocupação do Brasil Mário de Andrade (Lit.) compostos (Gram.) (Cul.)
Tonelada, em inglês
As frutas
como a
1 2 1 3 4 5 6
melancia Açúcar da beterraba ou da cana.
e o melão
Situado no
Ingrediente do panetone 7 1 8 1 5 5 1
passado
Sufixo de tradicional.
"califado"
"A Ilha A sétima
Castigo Organiza- 9 10 11 6 10 12 6
do (?)", nota Unidade ção Inter- Brinco pendente.
romance de força nacional
musical
de Robert (Fís.) do Trabalho
Louis Dom, em 13 8 1 12 9 2 4
Stevenson espanhol Magoar Que tem tendência solidária.
Boro A terra Nem, em
(símbolo) dos faraós inglês
Vilão da
6 1 10 9 13 1 3
série
Restituir à vida.
"Game of
Thrones"
14 1 11 6 14 4 5
Faceta Os do Nordeste são a seca e a fome.
humana
oposta à Alçar voo
espiritual
Amedeo (?), físico e químico 7 4 11 1 15 3 4
Carlos (?), Grupo de italiano.
primeiro jogadores
monarca
do Sacro
(pop.) 4 13 15 6 7 4 16
Império Cândido Sete (?), Dá vida à palavra proferida.
Romano- Rondon, cidade do
Germânico sertanista comedian-
brasileiro te Zacarias 10 9 7 6 3 5 4
Caminho O conjunto de tudo que existe.
seguido Silício
por Jesus (símbolo)
Cristo até
o Calvário, Acreditar 6 15 17 16 9 15 4
carregan- Tornado menor.
do a cruz (?) Néri, Depressão (?)

Furão
(Zool.)
enfermeira
Exaltação
de ânimo
A N A entre mon-
tanhas
(pl.)
Campbell,
top model
britânica Conceder honraria.
11 3 1 2 9 1 3
Terra dada 155, em O paciente
pelo rei romanos da hemo-
medieval Dado do diálise 9 5 2 9 7 6 14
ao vassalo calendário (Med.) Que se pode misturar.
Rabo de
(?), golpe
do capoei- 5 8 6 2 9 13 6
rista Modelo; amostra.
"Sr. & (?). Trapacei-
União
Smith",
filme com
ro (fig.)
Europeia 4 7 9 15 1 15 6
Pouco (sigla) Artigo recente no mercado.
Brad Pitt espessa
Infecção que pode Total de
acarretar a ruptura balas na 3 1 7 6 5 5 4
do tímpano roleta- Inquieto; turbulento.
Novela da TV Globo, russa
com
Gloria 2 17 14 9 5 12 1
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Nível Difícil 6003194

6 5 9 4 8 7 3 1 2
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C6
A FUNDO
Aumento de atividades para guerra e contato
com indústrias levaram à criação de instituto
IPT, um legado
científico da
Revolução de 32
JOSÉ MARIA TOMAZELA
Revolução Constitu-
A cionalista completa
hoje 91 anos. Mas há
histórias que muitos ainda não
conhecem. Quando o conflito
começou, em 1932, o governo
requisitou a Escola Politécni-
ca e todos os seus laboratórios
para constituir o Serviço de En-
genharia da Força Pública, o
exército paulista. O objetivo
era dedicação integral à produ-
ção de armas, munições e arte-
fatos bélicos para equipar os
combatentes constitucionalis-
tas. Em 9 de julho daquele ano,
o Estado entrou em guerra
com o governo Getúlio Vargas
para exigir nova Constituição.
Com a dificuldade de obter
matéria-prima, por causa dos
embargos federais, os enge-
nheiros do Laboratório de En-
saios de Materiais (LEM) tive-
ram de usar a criatividade para
desenvolver equipamentos
que nem o Exército federal
possuía, como o telescópio de
trincheira – aparelho que possi-
bilita ao soldado enxergar os
arredores sem alçar a cabeça à
borda da trincheira, expondo-
se ao tiro inimigo.
Para fabricar granadas de
mão e munição para artilha-
ria, não se conseguia o trotil
(elemento explosivo), o que
levou os químicos a usarem o
amonal, matéria-prima mais
instável e propensa a aciden-
tes. Assim, chegaram a ser pro-
duzidas, por dia, até 3 mil gra-
nadas de mão, conhecidas pe-
los soldados como “abacaxizi-
nhos”. Como o alcance médio
da granada era de 30 metros,
os técnicos desenvolveram
MMDC, 91 anos
IPT
um bocal para que fosse lança-
da com o uso de fuzil, passan-
do a alcançar até 180 metros.
Na época, a Revista Polytécnica
registrou que essa arma “lança-
va o terror e o pânico” no
exército inimigo.
A fábrica da Politécnica che-
gou a ter mil voluntários que,
trabalhando em turnos, dia e
noite, produziram 150 mil gra-
nadas. O laboratório instalou
uma linha de montagem para a
produção de bombas para
aviões, morteiros e projéteis
de explosão por percussão,
além de munição para fuzis e
metralhadoras. Foi desenvolvi-
da também uma bomba de fu-
maça para confundir a tropa
adversária e um lança-chamas,
capaz de atear fogo em blinda-
dos e trincheiras inimigas.
Hoje, o Centro de Memória
do Instituto de Pesquisas Tec-
nológicas (IPT) preserva
exemplares de máscara contra
gases, capacetes feitos com li-
gas leves, e mochilas anatômi-
cas para dar mais conforto aos
soldados, além de exemplares
desativados do “abacaxizi-
nho”. Alguns desses produtos
foram encaminhados para pro-
dução em fábricas do Estado,
sob a orientação do laborató-
rio. “Para o entendimento da
Gênese
A Escola Politécnica e
todos os laboratórios se
tornaram o Serviço de
Engenharia da Força
Pública, o exército
paulista da época.
nossa história atual é necessá-
rio conhecermos o nosso pas-
sado. Para isso, há a preserva-
ção de objetos tridimensio-
nais, de documentos e ima-
gens de fatos relevantes é fun-
damental”, disse a pesquisado-
ra Mirian Cruxen Barros de Oli-
veira, responsável pela memó-
ria histórica do IPT.
Trabalho dia e noite
A fábrica da Politécnica
tinha mil voluntários
que, trabalhando em
turnos, produziram
150 mil granadas
AVANÇO. Com respaldo da Poli-
técnica, foram construídos os
famosos trens blindados que
cruzavam o Estado levando
tropas, além de carros blinda-
dos mais leves, pesando ape-
nas 4 toneladas, e até uma lan-
cha blindada, o que exigiu o
desenvolvimento de chapas
metálicas mais leves e resis-
tentes. Conforme a pesquisa-
dora, o aumento nas ativida-
des na época, aliado ao estrei-
tamento do contato com as in-
dústrias paulistas, levou à cria-
ção do IPT, em 1934, a partir
do laboratório da Politécnica.
DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
O ESTADO DE S. PAULO
1
“O legado deixado ao IPT pela
sua participação na Revolução
de 32 foi um grande desenvol-
vimento tecnológico. O IPT,
que na época era Laboratório
de Ensaio de Materiais
(LEM), ainda vinculado à Es-
cola Politécnica, passa a pro-
duzir armas e munições.”
O prestígio da Politécnica
por encabeçar a produção de
material bélico levou a escola a
ser considerada “encarregada
da defesa do Estado” e rendeu
um salvo-conduto ao então di-
retor, Francisco Maffei, para
transitar livremente pelas 2
áreas conflagradas. É o que
mostram documentos que fa-
zem parte do acervo.
Segundo ela, todo esse co-
nhecimento desenvolvido e
acumulado nos poucos meses
que durou a revolução foram
absorvidos pelas equipes téc-
nicas do LEM e posteriormen-
te utilizados para aquisição de
novos conhecimentos, impul-
sionando o desenvolvimento
das inovações tecnológicas,
que passaram a ser utilizadas
nas várias áreas técnicas do
Instituto. “Dessa forma, o ins-
tituto passa a suprir a indús-
tria paulista nas suas necessi-
dades de inovação tecnológi-
ca, com uma atuação interdis-
ciplinar, que é uma das marcas
do IPT.”
ACIDENTE. Durante a revolu-
ção, o Laboratório de Ensaios
de Materiais da Escola Politéc-
nica ainda foi palco de um
evento trágico particular. A ex-
plosão de uma granada que es-
tava sendo testada matou os
engenheiros Douglas Mc Lean
e Joaquim Bohn, além do estu- 4
dante José Greff Rocha. l
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023

O ESTADO DE S. PAULO A FUNDO C7

FOTOS WERTHER SANTANA / ESTADÃO

tuita e grupos podem agendar

3 72 metros de altura, o Obelis-
1 ___ Politécnica 4 ___ Máscaras contra
chegou a produzir gases e capacetes de
150 mil granadas; liga leve estão entre
as criações do LEM,
2 ___ Peças estão no embrião do IPT;
Centro de Memória;
5 ___ Poucos meses
3 ___ Além dos de guerra foram
‘abacaxis’, foram suficientes para
criados lançadores desenvolver uma
armados em fuzis; série de inovações
5 Paulo. Horário: segunda a sex-
Para ver e visitar ! visita, inclusive aos sábados,
Locais que têm tudo a ver
e passeios para o feriado
Paulistanos e visitantes inte-
ressados em conhecer mais a
fundo a história têm à disposi-
ção alguns monumentos e um
rico acervo em museus e me-
moriais de São Paulo. A me-
mória do conflito está presen-
te em logradouros da capital
paulista, como as avenidas 23
de Maio, data do conflito que
resultou na morte de Martins,
Miragaia, Dráusio e Camargo
(MMDC), e a 9 de Julho, dia
da eclosão da revolta. Além de
visitas guiadas, na capital, no
interior paulista e em algu-
mas cidades do sul de Minas
Gerais há passeios ferroviá-
rios, pedaladas e outros even-
tos que rememoram a saga
dos paulistas.
l Obelisco e Mausoléu de 32
O Obelisco e Mausoléu dos
Heróis de 32, tombado pelo
patrimônio histórico estadual
e municipal, abriga os corpos
de Martins, Miragaia, Dráusio
e Camargo (MMDC) e de 713
ex-combatentes. O interior,
em forma de cruz, apresenta
painéis feitos com pastilhas
de mosaico veneziano repre-
sentando o nascimento, o sa-
crifício e a ressurreição de Je-
sus Cristo. Há ainda 800 ur-
nas funerárias com restos
mortais de constitucionalis-
tas trasladados para o local e
três capelas. Entre elas, há a
de Guilherme de Almeida –
frases do “poeta da Revolu-
ção” estão grafadas nas pare-
des, e de Ibrahim de Almeida
Nobre, o tribuno de 32. Com
co do Ibirapuera é o maior
monumento paulistano, proje-
tado pelo escultor ítalo-brasi-
leiro Galileo Ugo Emendabili
e construído pelo engenheiro
alemão Ulrich Edler.
Fica na Avenida Pedro Álva-
res Cabral, s/n – Parque do
Ibirapuera – São Paulo. Horá-
rio: fica aberto de terça a do-
mingo, das 10 às 16 horas. En-
trada gratuita.
l Museu da Santa Casa
A Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo, até hoje, um dos
principais hospitais do Esta-
do, participou ativamente da
Revolução de 32 e os registros
indicam o atendimento a
1.273 combatentes. A Sala da
Revolução Constitucionalista
de 1932 preserva objetos do
movimento, como binóculos
e capacetes, além de livros e
documentos, como o registro
das doações de alianças e pe-
ças para a campanha do Ouro
para o Bem de São Paulo.
Fica na Rua Dr. Cesário Mota
Júnior, 112, Vila Buarque – São
ta, das 9 às 16 h. Entrada gra-
por fone ou pelo e-mail mu-
seu@santacasasp.org.br.
l Passeio da Revolução
Neste domingo, em Mogi Mi-
rim, interior de São Paulo,
acontece o passeio turístico
da Revolução de 32, com direi-
to a uma visita ao bunker, um
abrigo subterrâneo usado pe-
los constitucionalistas para
guardar munição durante os
combates. O passeio é gratui-
to, mas com número limitado
de ingressos, que precisa ser
reservado com antecedência
no Centro Cultural – Informa-
ções pelo (19) 3804-1078.
l Pedal da Revolução
Quem se dispuser a ir um pou-
co mais longe pode participar
do Pedal da Revolução de 32,
em Jacutinga, na divisa de Mi-
nas Gerais com São Paulo. Os
ciclistas vão percorrer 30 qui-
lômetros por um roteiro que
passa pelo palco das batalhas.
Não há limite de inscritos e o
passeio é gratuito. Concentra-
ção às 7 horas, no Centro de
Eventos do Lago Municipal
de Jacutinga, com saída às 8
horas. Inscrições pelo link
https://forms.gle/j7b9LxsSvm
bf3rCC9.
l Trem da Mantiqueira
Enquanto não fica pronta a
linha do Trem da Revolução,
que vai de Cruzeiro até o Tú-
nel da Mantiqueira, onde fo-
ram travadas cruentas bata-
lhas em 32, a opção é o Trem
da Mantiqueira, do outro lado
da divisa. Funciona todos os
fins de semana. Aos sábados,
com partidas às 10 e às 14h30;
aos domingos, partida às 10
horas. É preciso fazer reserva.
Durante o mês de julho, tarifa
promocional de R$ 85. Local:
Rua Arlindo Luz, 270, Passa
Quatro (MG).
l Trem republicano
O passeio de trem entre as
cidades paulistas de Itu e Sal-
to é uma verdadeira imersão
na história do fim do Império
e início da República, especial-
mente da Convenção Republi-
cana de 1873, mas traz tam-
bém reminiscências da Revo-
lução de 32. O trem realiza
duas viagens de Itu para Salto
(9h e 14 h) e duas de Salto pa-
ra Itu (11h e 16 h). Funciona
também aos sábados, domin-
gos e feriados. São quatro va-
gões turísticos e um vagão
butique. Os trilhos percorri-
dos pelo trem turístico foram
usados para o deslocamento
de tropas. O visitante pode
incluir um tour pelas atrações
locais, dispondo ainda de op-
ções gastronômicas. As tari-
fas para adultos variam de R$
105 a R$ 249, dependendo da
opção e incluindo refeições.
Contato: (11) 4013-1319/ (41)
98433-0546 ou contato@trem-
republicano.com.br.
 DOMINGO, 9 DE JULHO DE 2023
C8 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Leandro
Karnal

As bolsas e o capitalismo
Será que ‘nada mais podemos fazer a não ser aceitar a miséria como um dado pétreo?’

TIM CHONG/REUTERS – 10/11/2005

discussão é verdadei- sa. Um foi para o exterior e

A ra. Altero apenas al-

guns dados para ocul-
tar os participantes
reais. Uma pessoa segura
uma bolsa cara. Melhor seria
dizer: caríssima. A amiga ex-
clama e indaga:
“Nossa, sua bolsa vale uns
120 mil reais! Quanto você pa-
ga à sua faxineira?”.
“Pago o valor de mercado. O
salário não é proporcional à
renda do contratante. Se as-
sim fosse, a funcionária que
limpa a mansão da família Sa-
fra deveria receber 70 mil dóla-
res por mês? O salário é fruto
de um diálogo com o merca-
do, com minhas necessidades,
com a realidade da funcioná-
ria e tem uma certa ‘lógica’.”
“Mas... você não se sente
mal por isso? Há crianças pas-
sando fome...”
“Sim, e essas crianças fica-
riam felizes também com o
seu celular. Você deixaria de
produzir bastante se não ti-
vesse o aparelho. Ele é seu ins-
trumento de trabalho. Graças
a ele, você consegue contra-
tar quatro pessoas, para a sua
casa, e 12 para o escritório. Vo-
cê gera muitos empregos, e as
pessoas recebem pelo seu tra-
balho. Claro: você pode doar
todos os móveis, computado-
res e bolsas. Pode enviá-los
para uma área pobre de Ban-
gladesh. Você condenaria
aqui várias pessoas à fome,
mas salvaria outras na Ásia.”
“Sei lá! Mas você e eu esta-
mos crescendo nos nossos ne-
gócios. Não seria bom ir au-
mentando os salários?”
“Talvez, se todos concor-
dassem em diminuir quando
houvesse queda de receita.
Há dois anos, durante a pan-
demia, perdi 30% da minha
renda. Eu poderia chegar à
empregada e dizer: ‘Vamos
abaixar seu salário?’. Ela acha-
ria ruim. Dividir lucros e assu-
mir crises não seria um cami-
nho irracional? Eu a mantive,
pagando o mesmo valor, ain-
da que ela tenha deixado de
vir por alguns meses. Faz par-
te de uma responsabilidade
recíproca.”
“Você me parece muito ob-
jetiva e capitalista. Acho ape-
nas que poderia existir mais
justiça social.”
“O sistema está dado. Você
deve pagar seus impostos pre-
vistos, honrar com os compro-
missos trabalhistas, respeitar
as pessoas e oferecer o que é
viável. Você é livre para fazer
trabalhos voluntários ou doa-
Bolsa numa exposição em Cingapura: debate sobre ‘vender tudo’ o que se tem e ‘doar aos necessitados’
“A regra de ouro
é nunca abraçar de
tal forma o afogado
que ele lhe arraste
para o fundo”
ções para entidades assisten-
ciais. Mas... a regra de ouro é
nunca abraçar de tal forma o
afogado que ele lhe arraste pa-
ra o fundo. Isso expandiria a
pobreza, não a riqueza.”
“Porém, doar cestas nunca
resolverá a fome.”
“Doar minha bolsa também
não. Se minha bolsa ou o va-
lor a incomodam, por que vo-
cê não faz uma artesanal em
casa? Você é boa em costura.
Isso estimula o criativo e até
a sustentabilidade, mas... po-
de diminuir vagas de empre-
gos. E, sim, pode vender tudo
o que possui e dar aos mais
necessitados. Você é livre!”
“Já refleti. Lá no nosso es-
critório de advocacia, alguns
pareceres custam uma fortu-
na. O trabalho é feito por mui-
ta gente; apenas eu e meu ma-
rido recebemos o grosso dos
pagamentos, porque somos
os proprietários. Sei que essa
é a lógica da sociedade. Por
vezes, parece que a gente está
tirando das pessoas.”
“O cliente procura vocês pe-
la fama, rede de relações, ca-
pacidade gerada pelos conhe-
cimentos, certeza de qualida-
de e o peso do seu sobreno-
me, com notório saber, ou se-
ria por causa do estagiário?”
“Ah, com certeza pela gen-
te!”
“E os advogados que estão
lá, assalariados, podem sair e
abrir seus próprios escritó-
rios, como vocês, não é?”
“Sim, podem. Alguns se tor-
naram sócios minoritários.
Outros fundaram uma empre-
prospera. Alguns que ficaram
são excelentes e causam au-
mento de produtividade. Es-
tes nós fomos promovendo,
aumentando a participação
nos lucros do escritório.”
“E outros foram ficando e
apresentavam pouca iniciati-
va. Você nunca ofereceu so-
ciedade a eles, não é?”
“Verdade! Mas... sua ideia
de meritocracia parece fazer
um jogo de cada um por si e
‘que vença o melhor’. Nada
mais podemos fazer a não ser
aceitar a miséria como um da-
do pétreo?”
“Você pode me acusar de
tudo, menos de idealista.
Meu mundo é o real, e nossa
chance de atingir um paraíso
é limitada. Minha ação tem
poder cerceado, e o custo de
todo ‘admirável mundo no-
vo’ é muito alto. Prefiro refor-
mar e melhorar o que temos,
fazer o certo em vez de, em
uma tacada, imaginar que o
sistema pode ser derrubado
hoje e amanhecer melhor, da-
qui a uma semana. Não acre-
dito nisso. Minha experiên-
cia de vida me indica, até ho-
je, que as rupturas possuem
valor muito alto, quase sem-
pre excessivo.”
“Sim, você já defendeu sua
posição de conservadora
não reacionária. Lembro-me
da festa lá em casa: você não
idealiza o passado, tampou-
co acredita que todos eram
mais felizes. Logo, não é rea-
cionária. Não crê que o paraí-
so esteja logo à frente e que
possa ser atingido rapida-
mente. Logo, tem pouca
identidade com o pensamen-
to tradicional de esquerda.
Você acredita que o presente
seja uma negociação entre o
que recebemos e o que lega-
remos. Apenas acho que tu-
do isso é muito teórico, coisa
de europeu.”
“Sim, a fonte é europeia,
mas a esquerda também nas-
ceu na Europa durante a Re-
volução Francesa. O anar-
quismo é europeu, o marxis-
mo é europeu, o nacionalis-
mo é europeu, etc., etc.”
“Assim como esta sua bol-
sa, né, amiga? Posso pedir em-
prestada?”
E você, querida leitora e es-
timado leitor: qual é a sua es-
perança sobre bolsas e capita-
lismo? l
LEANDRO KARNAL É HISTORIADOR,
ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA
PAULISTA DE LETRAS E AUTOR DE
‘A CORAGEM DA ESPERANÇA’, ENTRE OUTROS