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campos elíseos - 1ª Parte

letícia lovo/especial

Aos 11 anos,
Letícia se
destaca no
violino
PÁGINA 9
fotos letícia lovo/especial

Lojas de
móveis
Suplemento exclusivo do Jornal A cidade de 13 de janeiro de 2009 - distribuição gratuita somente para o bairro campos elíseos.

usados são
na Saudade
PÁGINA 16

Placas de
cidadania
Altino é o
pipoqueiro
da praça há
25 anos
PÁGINA 18
NELSON STEFANELLI, MORADOR DOS
CAMPOS ELÍSEOS, É O RESPONSÁVEL
PELAS PEÇAS BRANCAS QUE SINALIZAM
AS RUAS DE RIBEIRÃO PRETO
2 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 3

sua opinião Raízes


nossa opinião Somos amigas inseparáveis de Campos
Quase uma cidade Mudanças sem
Elíseos, de crochê, de festas. É muito bom.
Bairro de travessas Já saí dos Campos
Elíseos, mas estou sair do bairro
e móveis usados
de volta desde clair aparecida da silva, 62
2002. Gosto muito Moradora dos campos elíseos
daqui e das pessoas Desde que se casou, há 36 anos,
que vivem no bairro. Maria Aparecida de Souza,
Somos uma cidade 54, nunca quis se mudar dos

N
as duas primei- sa e uma boa negocia- clair e darci Campos Elíseos. Por morar

Amigas inseparáveis
dentro de Ribeirão, que mantém o
ras edições de da, podem sair por um jeito tranqüilo de viver. de aluguel, ela já se mudou
2009, o suple- bom preço. Outra mar- algumas vezes, mas sempre
mento A Cidade No ca do bairro, que reme- José Ricardo Lucas, 46, comerciante escolhe uma moradia no
dos Campos Elíseos
Bairro está de volta te à fundação da “vila bairro. A primeira foi na rua
aos Campos Elíseos, do Barracão de Baixo”, Silveira Martins. “Era onde
bairro mais populoso e no final do século 19, é meus sogros moravam”, contou
que parece uma cidade o excesso de travessas, Sempre no bairro Maria Aparecida. Desde então,
dentro de Ribeirão. pelo menos 58, segundo Moro nos Campos passou por vários endereços:
Como foi mostrado a prefeitura. Elíseos desde elas se conheceram na juventude e são viZinhas há mais de 40 anos na Travessa Escatena, na rua
na edição de 29 de ju- Se as pequenas vias pequena. As Miguel Scandar, entre outros,
lho, os moradores dos dificultam o trânsito, meninas que fotos letícia lovo/especial
até chegar ao atual, na Major

T
Campos Elíseos só saem elas preservam o char- fotos letícia lovo/especial brincavam comigo odas as tardes, as vizi- Rubens Vaz, local em que está
do bairro se quiserem. me e o contato próximo na rua agora são nhas Clair Aparecida há 15 anos. “Nem sei procurar
mães e continuam
Afinal, é uma região em
que se tem a opção de
com os moradores. “É
como se fosse uma ir-
Vim de São Paulo e no bairro. Agora são as filhas das
da Silva, 62, e Darci
Gaspar Stefanelli, 66, fazem
casa em outro lugar, já me
acostumei. Tem tudo perto, só
nascer na Santa Casa, mandade, coisa que se- já estou nos Campos minhas amigas que brincam na rua.
crochê juntas, sentadas na saio se eu ganhar uma casa”,
desfrutar do comércio
diversificado, do Bosque
ria impossível se fosse
uma rua convencional”,
Elíseos há 34 anos. Aqui tatiana Barbosa, 25, advogada que
mora na rua Inocêncio de Abreu
porta da casa de uma de-
las na rua Buarque. É um
disse Maria Aparecida, que
nasceu em Chavantes (SP),
Fábio Barreto, da Esco- explica a moradora Cla- eu criei meus três filhos ritual que as amigas, que se mas, segundo ela, criou “raízes”
la Industrial, da Cava do
Bosque e, até na hora da
mir Arrighi de Almeida.
Ficou perdido com o
e não pretendo sair. Apostanocomércio
conheceram na juventude
nos Campos Eliseos, repe-
nos Campos Elíseos. Elisângela
Cristina da Silva Moraes, 30,
morte, é possível encon- tamanho dos Campos João Gabriel Gomes, 63, morador Eu cheguei nos tem há muitos anos. “Das nora de Maria Aparecida,
trar o centenário cemi- Elíseos e com a quanti- Campos Elíseos, em 14 às 17 horas é sagrado, também declara sua paixão
tério da Saudade. dade de pontos interes- 1993, e logo apostei não consigo ficar dentro de pelo bairro: “Nasci e vou morrer
Outra característica
dos Campos Elíse-
santes que existem no
bairro? Não se preocu-
Estou no bairro há 50 no bairro para abrir
meu comércio, na
casa”, afirmou Clair.
Amigas desde a juven-
aqui”. Segundo Elisângela, sua
vida gira em torno da Praça
os, que será mostrada pe, o morador Nelson anos. O último poste de rua Luiz Barreto. tude, quando moravam em Rômulo Morandi. “Conheci meu
Deu certo. Sobrevivo
nessa edição do suple-
mento, é o pólo de lojas
Stefanelli ajuda você a
se localizar. Afinal, ele é
luz ficava na porta da por aqui e nesses 15 anos eu nunca
quarteirões próximos nos
Campos Elíseos, a paixão pe-
marido na pracinha, trabalho
próximo a ela e freqüento os
de móveis usados, on- o responsável pelas pla- minha casa. Para frente pensei em me mudar. lo bairro acabou mantendo barzinhos de lá.”
de é possível encontrar
peças com mais de 60
cas brancas espalhadas
pela cidade com os no-
era puro mato e brejo. lvanir da chagas Martucci, 49,
comerciante na rua Luiz Barreto
as duas ainda mais unidas,
mesmo depois de casadas.
anos que, após pesqui- mes das ruas. Helenice Ponton, 49, moradora “Nos conhecemos nos
passeios pelo bairro na mo-
cidade. É uma amizade de

o bairro longa data”, declarou Clair.


Elas se casaram no mes-
mo ano, em 1967. “Por
• 37.577 moradores raio-X: campos elíseos coincidência, viemos mo-
rar na mesma rua e aqui es- Clair e Darci, moradoras da rua Buarque, se encontram todas as tardes para fazer crochê e conversar
• 11.177 residências • SAÚDE - Praça Santo Antônio s/n. Tel: 3625-0651 - Saída Terminal Bonfim Paulista tamos há mais de 40 anos”,
- UBS Nelson Barrionovo, na avenida - Praça Rômulo Morandi na rua Luiz 00:20G 00:45G 05:30 05:57 06:24 06:52
• 2.793 estabelecimentos acrescentou Clair.

Rua animada
Saudade, 1.452. Tel: 3961-4303 Barreto s/n. Tel: 3961-2379 07:00G 07:10* 07:14G 07:20 07:30G 07:34G
comerciais, indústrias, 07:47 07:54G 08:04G 08:14 08:15G 08:24G Darci lembra de como o
prestadores de serviços
• BASE DA PM • ÔNIBUS 08:34G 08:42 08:44G 09:00G 09:10 09:37
bairro mudou neste perío-
- Campos Elíseos, na avenida Saudade, - Campos Elíseos – Bonfim Paulista 10:04 10:32 11:00 11:27 11:54 12:22 12:50
1.325. Tel: 3961-1024 Saída Campos Elíseos (Rua Antônio 13:17 13:44 14:12 14:38 15:07 15:34 16:02 do. “Naquela época não ti-
• 14.671 ligações de água
• 14.650 ligações de esgoto
• PONTOS DE TÁXI
- Santa Casa, na rua Padre Euclides s/n.
Milena com a Rua João Ramalho)
00:00 06:10 06:37 07:04 07:32 07:50* 08:00
08:27 08:54 09:22 09:50 10:17 10:44 11:12
16:30 16:50G 16:57 17:24 17:25G 17:45G
17:52 18:20 18:21G 18:40G 18:47 19:00G
19:30 19:31G 20:20 21:10 22:00 22:50 23:30
nha luz, nem asfalto na rua,
e passava boiada na [aveni- Dupla participa de‘reunião de vizinhas’
Tel: 3625-0609 11:40 12:07 12:34 13:02 13:30 13:57 14:24 * - Horário Extra | G- Garagem da] Costa e Silva.”
- Paulista, na rua Patrocínio, 775. 14:52 15:20 15:47 16:14 16:42 17:10 17:37 As amigas se recordam A frente da casa das amigas Clair e Darci mocidade e a proximidade mantêm Clair Maria Aparecida não
• 307 telefones públicos Tel: 3625-3329 18:04 18:32 19:00 19:27 20:05 20:55 21:45 Fontes: Secretaria da Fazenda, Secretaria da
- Chacrinha, na rua Antônio Milena, 22:35 23:20 Saúde, Transerp, Daerp, Telefônica e Polícia
com saudade das quermes- também é local de reuniões com as outras e Darci unidas até hoje.“Somos amigas pensa em sair do bairro
1.371. Tel: 3626-0299 * - Horário Extra Militar, IBGE (Censo 2000) ses da Nossa Senhora Apa- vizinhas. Elas garantem que fazem pique- inseparáveis. De bairro, de crochê e de festas.
recida e do Cine Santana, nique, tomam cerveja e comem bolo.“Já é Daqui eu só saio quando morrer”, declarou
 NAS PRÓXIMAS EDIÇÕES: Campos elíseos (dia 20), pq. Ribeirão e Jd. Centenário, Jd. Marchesi (dia 27) e Jd. paulista, paulistano, Jd Mosteiro e Jd. Macedo (dia 3). na avenida Saudade. “Sem- uma tradição, até o moço que vende ovos Clair. Já Darci completa:“Somos amigas na
pre ia ao cinema à noite. pára aqui”, disse Clair. E essa relação com doença e na saúde.Já choramos e sorrimos Família Araújo adora os
• eDiÇÃO Fabrício Freire Gomes • RePORtAGeM e teXtOS Valeska Mateus e Renan Gouvêa (estagiário) • FOtOS Letícia Lovo/Especial e J.F Pimenta • eDiÇÃO De ARte Daniel Torrieri • DiAGRAMAÇÃO Eduardo P. de Carvalho Naquela época não havia as pessoas do bairro, as histórias vividas na juntas nesses anos todos de Campos Elíseos.” Campos Elíseos
• ReViSÃO Denise Cristina Morgado/Especial • eDiÇÃO De FOtOGRAFiA Joyce Cury • tRAtAMeNtO Edson Fabricio Bonora • DePARtAMeNtO cOMeRciAL (16) 3977-2172 comercial@jornalacidade.com.br perigo”, disse Clair. leia na página 4
 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 

1887 1893 1896 1937 1945 1947 1952 1960 2008


Criação do Núcleo Inaugurado no dia 30 de A Sociedade Beneficente Inauguração do Bosque A empresa Matarazzo Depois de 27 anos de Inauguração da Cava Nesta década, a praça O asilo Padre Euclides,
Antonio Prado, expansão setembro, o Cemitério da de Ribeirão Preto, que Fábio Barreto, área de adquiriu um terreno com construção, a igreja Santo do Bosque, principal Santo Antônio era o que é uma referência
urbana que englobou Saudade, o mais antigo deu origem à Santa Casa, 216 mil m² que inclui um 151 mil m² no bairro Antônio foi fundada complexo esportivo de principal ponto de dos Campos Elíseos,
a região dos Campos de Ribeirão Preto, conta foi fundada no bairro no trecho remanescente de para a instalação de um pela comunidade dos Ribeirão Preto, que fica encontro do bairro para o completa 90 anos de
Elíseos e do Ipiranga. com área de 100 mil m². final do século 19. Mata Atlântica. complexo industrial. Beneditinos e Olivetanos. nos Campos Elíseos. ritual do “footing”. funcionamento.

letícia lovo/especial letícia lovo/especial

faMília araújo Meio século

Campos Elíseos Paixão pelo bairro


reúne 4 gerações
aposentado lembra do tempo das ruas sem asfalto

O
aposentado Daniel Após 50 anos na mes- Outra curiosidade do
Egydio, 79, mora ma casa, Egydio não pensa aposentado é que ele é um
nos Campos Elíse- em morar em outro bairro, dos sócios mais antigos do
maria aparecida mudou para o bairro há 40 anos e os desde quando o bairro e lembra do tempo dos fo- Ipanema Clube. “São cin-
não tinha asfalto na rua e a gões a lenha. qüenta anos como sócio e
seus filhos, netos e bisnetos também moram no local água era só na cisterna. Ele “Trabalhava o dia intei- adoro lá. O número da mi-
chegou na rua Arthur Die- ro e depois passava o res- nha carteirinha é o 174.”
derichsen em 1958. Junto to da noite cortando as to-

O
bairro Campos Elí- co quarteirões ao redor da com moradores do bairro. com a mulher, ele criou no ras de madeira. Eu só mudo
seos é a “casa” da rua Mem de Sá. Maria Helena Araújo Gue- bairro quatros filhos, que para 100 metros daqui, que Nelson faz placas para
família Araújo. Há “Eu não conhecia Ri- leri, 42, que se casou com lhe renderam 11 netos e é o cemitério da Saudade”, sinalizar ruas de Ribeirão
quatro décadas, Maria Apa- beirão e adorei o bairro, um vizinho, ainda man- dois bisnetos. brincou Egydio. leia na página 6 Daniel Egydio não quer sair dos Campos Elíseos ‘nem depois de morto’
recida Peron Araújo, 59, a gente se deu bem por tém as amigas da adoles-
mudou-se com o marido, aqui. O povo é dado e en- cência e até o trabalho é
Vicente Antônio Araújo, de contrei bons vizinhos”, dis- nos Campos Elíseos, num
Sales Oliveira para o bairro, se Maria Aparecida. condomínio próximo ao
e hoje, filhos, netos e bisne- Os quatro filhos do ca- Palestra Itália. “Minha vi-
tos vivem num raio de cin- sal acabaram se casando da inteira é aqui.”

Eu não conhecia Ribeirão Preto e adorei o


bairro. A gente se deu bem por aqui.
Maria aparecida peron araújo
Moradora dos campos elíseos há quatro décadas Maria Aparecida com a filha, a neta e a bisneta, que também são do bairro
 A cidAde Janeiro de 2009 fotos letícia lovo/especial Janeiro de 2009 A cidAde 

Tradição
cidadania
Bancanobairro
Na rua Padre Euclides,
Sebastião Mariano de
Almeida, 60, senta-se nas
caixas de papelão que
servem de estoque de
revistas e livros usados.
A banca dele funciona no
local há 32 anos.“Eu fui
trabalhando, fui vendendo.
Antigamente, quando
vendia revistas novas,
parava muita gente”, disse
Sebastião. Agora, a revista
mais procurada é a “Veja”,
que sai por R$ 0,90 cada
edição antiga. “Alguns
dias, eu vendo 20 revistas.
Algumas vezes fico três
dias sem vender nada.”
Mesmo assim, ele gosta do
Nelson Stefanelli coloca as placas de sinalização feitas por ele e, depois, pinta peça em homenagem ao suplemento A Cidade No Bairro bairro e dos amigos que
fez na rua.“Mudei pra cá

Nelson sinaliza Ribeirão


com 13 anos. Praticamente
minha vida inteira foi aqui
nos Campos Elíseos.”

morador dos campos elíseos é responsável pelas placas brancas

A
s placas brancas de cas de identificação e que “Sempre falavam que não passeio pelas ruas de Ri-
tinta preta, que iden- a idéia surgiu de motoris- tinham verbas. Resolvi, en- beirão Preto. Quando ob-
tificam os nomes tas que paravam na casa tão, fazer as placas e faço serva que não há nenhu-
das ruas e estão espalha- dele, na rua Dr. Roberto isso há cinco anos. Quan- ma identificação do nome
das por toda a cidade, são Monge, para perguntar o do eu vou colocar as pla- da rua em uma esquina,
produzidas na garagem do endereço de alguma rua cas, as pessoas me agrade- ele anota o endereço e faz,
morador dos Campos Elí- do bairro por falta de pla- cem pelo serviço.” normalmente no mesmo
seos, Nelson Stefanelli, 67. cas nas esquinas. Todos os dias, Stefanelli, dia, uma placa de inden-
Stefanelli conta que já Stefanelli disse que che- que mora nos Campos Elí- ticação. “Tem dia que eu
pintou mais de 1.500 pla- gou a ligar para a Transerp. seos desde 1968, faz um percorro até 100 km.”
 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 9

Superação centro cultural


letíCiA lovo/espeCiAl

Tem gente que liga em casa para confirmar

Espaço da cultura
se o som do violino vem realmente daqui.
paulo kelson, 36
pai da violinista letícia

unidade nos campos elíseos atende a 1.600 pessoas revelação do bairro

O Talento no violino
Centro Cultural Cam- O centro da prefeitura fun- “Tem criança que sai da
pos Elíseos, na rua ciona como jornada comple- escola e vem direto para o
Capitão Salomão, é mentar de escolas públicas e Centro Cultural. Temos até
uma referência do bairro e particulares para estudantes uma biblioteca com livros di-
oferece gratuitamente aulas de até 14 anos. Atualmente, dáticos para as crianças faze-
de piano, violino, viola, vio- 1.600 crianças e adolescentes rem a lição de casa. Muitos fi-

A
loncelo, cavaquinho, contra- de 151 bairros freqüentam o cam lá antes das aulas ou de responsável pelo som mento pouco conhecido en- lado e me dá dica. Isso é ma-
baixo, flauta doce, teoria mu- Centro Cultural Campos Elí- começar a tocar algum ins- de violino que chama tre as pessoas de sua idade. ravilhoso”, comentou Letí-
sical, musicalização, balé e seos e aprendem mais sobre trumento”, disse a coordena- a atenção dos mora- A paixão pelo violino é cia, com o violino nas mãos.
capoeira. música e cultura. dora Denísia Costa. dores da rua Dom Alberto tanta que Letícia já sonha em Além do talento para to-
Bruno, usuário do Centro Cultural, abraça a mãe Aparecida Gonçalves, nos Campos Elí- ser integrante da Orquestra car violino, a moradora dos
fotos letícia lovo/especial
seos, é a estudante Letícia Sinfônica de Ribeirão Preto. Campos Elíseos divide seu
Kellen Matos, 11. Se depender do pai “coruja”, tempo com aulas de balé,
Bruno adora som da flauta Letícia aprendeu a tocar
violino no Centro Cultural
Paulo Kelson, 36, Letícia vai
alcançar seu objetivo.
dança de rua e do ventre.

Campos Elíseos. Foi durante “Meu pai é professor de


Bruno Buranelli Silva, bem”, explicou Aparecida uma apresentação no Thea- música. A cobrança é um Escola Industrial é uma das
19, adora freqüentar o Auxiliadora Buranelli, 52, tro Pedro II que ela descobriu pouco maior, mas o bom é referências do bairro
Centro Cultural Campos mãe de Bruno. Com 11 anos, Letícia Kelen já se destaca com o violino nas mãos a paixão em tocar um instru- que ele sempre está do meu leia na página 10
Elíseos. Foi na instituição No mês passsado, Bruno
que o adolescente, que foi aplaudido de pé no
teve paralisia cerebral na Theatro Pedro II pelo
infância, descobriu o som público que ouviu ele
da flauta doce, em 2004. cantar, acompanhado de
“Nessa época, o Bruno Luna Bassi, as músicas
estava com uma forte da cantora Ana Carolina.
depressão e perdeu 30 “O Bruno não sabe ler e
quilos. Como eu sabia nem escrever, mas cantou
que ele gostava de a música sozinho com a
música, tentei buscar Luna no violão. Apesar
um lugar para levá-lo, da paralisia cerebral,
mas sempre escutei um ele aprendeu muito no
‘não’. No Centro Cultural Centro Cultural”, comentou
eles me acolheram muito Aparecida.
A coordenadora Denísia Costa mostra a biblioteca do Centro Cultural, que atende a crianças e adolescentes
10 A cidAde Janeiro de 2009 fotos letícia lovo/especial Janeiro de 2009 A cidAde 11

Eu não era professor e nunca tinha dado aula. escola doM alberto

Eu lembro que eram 40 pessoas me olhando.


letícia lovo/especial

ari araújo rodrigues, 54


diretor da escola industrial lembra de quando chegou à instituição, em 1974

na rua taMandaré

Escola Industrial
diretor ari rodrigues chegou à instituição em 1974 e
já deu aula ao atual professor josé osmar baldini

A
ri Araújo Rodrigues, professor de eletricidade de Quem já foi aluno de
atual diretor da Es- uma turma de 40 alunos do Rodrigues e hoje também
cola Técnica Estadu- curso de eletrônica. leciona na escola Industrial
al José Martimiano da Silva, “Eu não era professor e é José Osmar Signorelli Bal-
conhecida como Industrial, nunca tinha dado aula. Na dini, 49.
tem uma relação de 34 anos época, não tinha profissio- “Se eu não aprendi na-
com a instituição. nal e fui convocado. Eram da, a é culpa do Ari”, brin-
Rodrigues lembra de 40 pessoas me olhando e cou Baldini, que está na
quando chegou à escola In- não sabia se estava agra- instituição desde os nove Omir de Araújo já foi estudante da Dom Alberto e, desde 1994, é funcionário da escola
dustrial, em 1974, para ser dando”, disse Rodrigues. anos de idade. Ari Rodrigues é o diretor da escola que oferece cursos técnicos

desde 192
Referência em Ribeirão no ensino técnico
Bairro tem maior
A inauguração da Escola Profissional de Artes e Ofícios, atual Escola Técnica Estadual José Martimiano da Silva,
aconteceu no dia 11 de julho de 1927. Os primeiros cursos foram : mecânica, marcenaria, fundição, eletricidade,
desenho e costura. Desde 1994, a escola Industrial foi integrada ao Centro de Educação Tecnológica Paula Souza
e oferece atualmente os cursos técnicos de administração, automoção industrial, design de interiores, edificações,
colégio eleitoral
eletrônica, eletrotécnica, mecânica, mecatrônica, nutrição e dietética, secretariado e telecomunicações. escola tem 11.171 eleitores cadastrados

E
leição é dia de muito movi- 1973, quando foi “batizada” por
mento na escola Dom Alber- Centro Educacional Campos Elí-
to José Gonçalves, que fica na seos. Araújo lembra com saudades
rua Flávio Uchôa, nos Campos Elí- do período. “Pulávamos o muro do
seos, e é o maior colégio eleitoral asilo para pegar frutas no pomar.”
da cidade. No local votam 11.171 Foi somente em 19 de novem-
eleitores, entre eles, o ex-aluno e bro de 1986 que a escola recebeu
hoje assistente de administração o nome do primeiro bispo de Ri-
escolar Omir de Araújo, 51. beirão Preto. As 52 classes rece-
“Fiz a 8ª série aqui, em 1974. Fi- bem atualmente quase 1.800 alu-
quei muito feliz na época, pois a nos. “Temos bastante procura por
escola era toda nova e ficava per- conta da localização e da confian-
to de minha casa”, afirmou Araú- ça das famílias na escola”, afirmou a
jo, que retornou à “sua escola” em diretora Damiana Nádia Barroso.
1994, quando passou no concurso
estadual e escolheu a unidade pa-
ra trabalhar. Segurança é um dos problemas que
O antigo pátio do Padre Eucli- preocupam os moradores do bairro
des se tornou a escola estadual, em leia na página 12
12 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 13

dez minutos de reclamação


fotos letícia lovo/especial

Problemas de 2008
Sujeira em terrenos incomoda Segurança preocupa Em julho do ano passado, A Cidade No Bairro esteve nos Campos Elíseos mostrando as principais
reivindicações. Nessa seção, vamos ver o que foi resolvido e o que ainda incomoda os moradores.
letícia lovo/especial

Dois terrenos baldios Um dos moradores do bairro, Vieira, que é iluMinação pública poMbas na praça
na rua Fernão Salles, dos Campos Elíseos secretário da Associação FALT Em julho de 2008, moradores Os taxistas e moradores

A
ao lado do Cemitério preocupado com a de Defesa Comunitária e comerciantes do bairro ao redor da praça Santo

RE

DO
ER
da Saudade, viraram segurança do bairro é o da Cidadania de Ribeirão

RE
reclamaram do medo de Antônio, nos Campos Elíseos,
o depósito de lixo dos aposentado José Rubens Preto, também sugere SOLV andar à noite por conta SO I sofriam com a sujeira do
moradores dos Campos Vieira. “Já ouvi muitos a reabertura do prédio da iluminação pública
LV local, provocada por aves e
Elíseos. Quem mora ao moradores do bairro que serviu de sede do 2º insuficiente. “Algumas ruas andarilhos. Segundo o taxista
lado dos terrenos já relatarem casos de roubos Distrito Policial, em frente receberam iluminação, mas aqui na praça Santo Paulo Sérgio Alvarenga, a conservação da praça
relcamou na prefeitura e furtos. Ao meu ver, à praça Santo Antônio. Antônio não. A insegurança ainda ronda o bairro”, melhorou muito “Após a reportagem [do A cidade No
de Ribeirão Preto, mas esses casos poderiam Segundo o comandante disse a comerciante Landa Lei Leonet Pereira. Bairro], a equipe de limpeza da prefeitura começou
o problema continua. ser evitados com um da 1ª Companhia do 3º a limpar com mais freqüência a praça. O único
“Tenho em casa mais policiamento mais eficaz.” Batalhão da Polícia Militar, seMÁforo na rua patrocínio problema são os andarilhos que ainda ficam por
de dez escorpiões Para melhorar a segurança capitão Marcelo Antonio aqui”, disse Alvarenga.
O aposentado Miguel Oséas reclamou da falta de
guardados em um Jeronimo de Melo, não falta
sinalização no cruzamento das ruas Paraíba com a
vidro. Aqui também Já ouvi muitos patrulhamento no bairro. reabertura da entrada do bosQue
Patrocínio, e sugeriu a implantação de um semáforo
aparecem muitas moradores do bairro relatarem no local. “Não fizeram nada e, por isso, os acidentes Depois de nove anos fechada, a entrada do Bosque
baratas e ratos. Já casos de roubos e furtos. Falta um continuam. Em julho, a superintendência da Transerp, Municipal Fábio Barreto pela rua Tamandaré foi
reclamamos do terreno,
policiamento mais eficaz. Temos viaturas e à época, informou que o local não tem demanda reaberta em agosto, logo depois do A cidade No Bairro
mas ninguém faz nada A limpeza da praça Santo Antônio melhorou após as reclamações
motos que rondam o bairro. Elas “técnica” para um semáforo. publicar o pedido dos moradores dos Campos Elíseos.
e a sujeira insiste em dos moradores; acima, detalhe da sujeira, em julho, no banco
continuar”, disse a José Rubens Vieira, chegam o mais rápido quando
aposentada Estela aposentado que mora solicitadas pelo 190.
Maria dos Santos, 52. nos Campos Elíseos
A nova administração
municipal, que tomou Terreno abandonado nos Campos Elíseos virou depósito de lixo
posse no dia 1º de Capitão Marcelo
janeiro, não quis Antonio Jeronimo de
comentar o problema, Melo, comandante da
mas informou que deZ escorpiÕes já 1ª Companhia
vai entrar em contato
com a população do entraraM eM casa.
bairro para tomar estela Maria dos santos, 52, aposentada
providências.
letícia lovo/especial

Árvore com cupins


Uma árvore de quase 15 Alguém tem que fazer algo.
metros, na praça Santo Os cupins já tomaram a
Antônio, nos Campos árvore desde o chão até
Elíseos, está tomada por o último galho. Ela pode
cupins e seus galhos caem cair a qualquer momento”,
em cima de quem passa na afirmou o mototaxista Vicente
praça. Os freqüentadores Januário de Morares. A nova
estão preocupados com a administração municipal,
possibilidade de a árvore cair que tomou posse no dia 1º de
e machucar algum morador. janeiro, não quis comentar o
“Estou aqui desde 2004, e a problema, mas informou que
cada dia vai piorando. Antes os vai entrar em contato com
galhos não caíam tanto, agora a população do bairro para
caem com mais freqüência. tomar providências. Mototaxista mostra rachadura na árvore, que preocupa os moradores que freqüentam a praça do bairro
1 A cidAde Janeiro de 2009 fotos letícia lovo/especial Janeiro de 2009 A cidAde 1

Retaguarda
O Palestra Itália colaborou muito para o O vôlei aqui na rua começou em 1989, com um vizinho.
desenvolvimento dos Campos Elíseos. Desse início, a maioria já se casou e alguns têm filhos.
Márcio antÔnio placiti, 60 Matheus rodrigues netto, 20
Funcionário do clube desde 1976 estudante universitário

fotos letícia lovo/especial

palestra itÁlia sÁbado À tarde

Quase 100 anos Turma do


vôlei de rua
Casa de Silvia é ponto de
apoio para ‘atletas’ da rua

M
árcio Antônio Placi- Segundo ele, o poço ar- co emprego. “Entrei como
ti, 60, tem uma lon- tesiano do clube chegou a guarda mirim, aos 14 anos.”
ga história com o
clube mais antigo dos Cam-
fornecer água para parte do
bairro. “O clube colaborou
Morgon recorda da festa
em homenagem ao ex-joga-
Água gelada
pos Elíseos, o Palestra Itália, para o desenvolvimento dos dor Sócrates, quando ele dei- disputa é tradição no bairro desde 89
fundado em 1917. “Nasci no Campos Elíseos.” xou o Botafogo. “Eu lembro As garrafinhas de água gelada
bairro e freqüento o clube Placiti não se esquece dele subindo a rampa do sa- para os jogadores de vôlei de

A
desde meus 10 anos, quan- dos shows “lotados” no sa- lão. Eu fiquei emocionado.” rua Inocêncio de Abreu ficam rua Inocêncio de Abreu, defenderam Ribeirão Preto em
do meu pai se tornou sócio.” lão social. “As apresenta- O funcionário sente sau- na casa de Sílvia Fortini Netto, próxima ao cruzamen- competições regionais.
De sócio e integrante do ções de Jessé e Alcione che- dade do período de glamour 44 anos, mãe de três jogadores. to com a rua Ametista, Apesar disso, a rede de vô-
grupo de patinação artísti- garam a ter 15 mil pessoas do Palestra, que chegou a “Chegamos aqui no bairro, nos Campos Elíseos, é o pon- lei estendida na rua segue o pa-
ca na adolescência, ele se nos três ambientes.” ter 12 mil associados, e se em 1995, e os jogos de vôlei to de encontro de moradores drão profissional para homens
tornou técnico de som, em Para o auxiliar de secre- orgulha de ser funcionário. já aconteciam na rua. Como do bairro para a realização de (2,42m). Quem cresceu jogan-
1976. “Neste ano completo taria Alberto Morgon, 45, o “É uma relação forte pelos minha casa é uma das mais uma animada disputa de “vô- do vôlei na rua foi o estudante
42 anos de serviço.” clube foi o primeiro e úni- anos que estou aqui”. Márcio Placiti é o responsável pelo som no salão do Palestra Itália próximas, as garrafinhas de lei de rua.” A tradição se repete universitário Matheus Rodrigues
gelo acabam no congelador há 20 anos. Netto, 20, que agora é o responsá-
da minha casa”, explicou a As partidas acontecem to- vel por cuidar da rede e da bola.

O Ipanema é um clube com caráter familiar. moradora. Se depender de


Sílvia, os jogos na rua vão
dos os sábados à tarde. As re-
gras são as mesmas do vôlei
“Quem começou mesmo a
jogar vôlei na rua foi o Fabrício,

É a praia que Ribeirão Preto não tem. continuar por um bom tempo.
“O próximo atleta a jogar na
Matheus
de praia, só que vale um “pin-
go” e a contagem dos pontos
meu vizinho. Desse começo, a
maioria já se casou e alguns
rua é meu neto, de dois meses. ainda preserva o “sistema de têm até filhos”, explicou Rodri-
Rodrigues é o
genivaldo goMes Aqui em casa, a tradição vantagem.” gues Netto.
‘guardião’ da
presidente começou com Júnior, o meu Cerca de 20 pessoas incia-
bola e da rede
filho mais velho, e os meus ram, em 1989, as disputas de
outros dois filhos, Matheus e vôlei na rua Inocêncio. Nenhum Campos Elíseos abriga pólo de
Sara, se juntaram ao time.” desses jogadores se tornou pro- lojas de móveis usados
ipaneMa clube fissional - no máximo, alguns leia na página 16

Gigante do bairro
E
m uma área de 110 Os bailes de Carnaval, É o caso de Ernestina
mil m², o Ipanema mais os tradicionais “Azul e Rosa dos Santos, 64, que
Clube recebeu o ape- Branco” e “Foca Azul” che- anda apenas um quartei-
lido de “Gigante dos Cam- gam a levar 10 mil pessoas rão para chegar ao serviço.
pos Elíseos”. O clube, fun- em uma noite. “Outro forte É das mãos da moradora do
dado por um grupo de 52 são os 12 campeonatos de bairro que saem os pratos e
pessoas, conta hoje com 18 futebol do ano.” lanches servidos no clube.
mil associados. Segundo Gomes, o Ipa- “Em agosto completo 33
“O Ipanema é uma praia nema movimenta a eco- anos de clube. Entrei co-
que Ribeirão não tem. É um nomia dos Campos Elíseos mo faxineira e hoje sou co-
clube com caráter familiar”, com a geração de 200 em- zinheira da lanchonete. Eu
afirmou o presidente, Geni- pregos, a maioria de mora- me aposentei em 2000, mas
Genivaldo Gomes preside o clube Ipanema, que gera 200 empregos valdo Gomes. dores do próprio bairro. decidi continuar.”
1 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 1

Muitas vezes eu chego antes da casa ir ao


letícia lovo/especial

MÓveis usados

Mude a cara da sua casa


chão e pego os pisos. Recupero boa parte.
adeMir toMÉ ivo
comerciante

no pÓlo de lojas dos campos elíseos, é possível encontrar mÓveis com mais de 60 anos na hora da reforMa

Q
uem pensa em mó-
veis usados lembra
logo da avenida Sau-
dade. Só no quarteirão en-
tre as ruas Amazonas e a
lo aparelho mais um DVD,
ele pagou R$ 340, e ainda
ganhou três meses de ga-
rantia. “A minha TV estava
muito velha. Dá para achar
60% são usados semino-
vos. “Tem gente que mon-
ta a casa e desiste de ca-
sar ou se muda de cidade
por motivo de trabalho e aí
Cemitério de pisos
O
Goiás são sete lojas. “Os coisas legais, quase novas, vende tudo.” comerciante Ademir O comerciante compra de Ivo vende as peças por
brechós na Saudade já são com preço interessante.” Segundo os comercian- Tomé Ivo é pioneiro as peças em lojas de mate- unidade para quem quer
uma tradição. Cheguei a Nos estabelecimentos dos tes, os clientes são de todas Compacta em Ribeirão Preto na riais de construção que que- uma substituição específica.
abrir uma loja no Ipiranga, Campos Elíseos é possível as classes, daqueles que e prática, Mesa de telefone antiga venda de azulejos e pisos fo- rem acabar com antigos es- “Muitas casas no bairro têm
mas não deu certo”, disse o “garimpar” peças de dois compram de R$ 50 a R$ 3 a mesinha de madeira com almofada, ra de fabricação. Ao todo são toques ou ele retira de imó- pisos que já não fabricam,
proprietário de duas lojas meses de uso a 60 anos. mil. A lista de compradores de telefone peça de mais de 40 anos 15 mil peças produzidas en- veis que serão demolidos. mas tenho algumas unida-
do ramo, Sidney Borba. Geladeiras, microondas, inclui decoradores, arqui- custa R$ 35.
35. que sai por R$ 200. tre 1958 e 2006. “Muitas vezes eu chego des para a pessoa substituir
Em um passeio na ave- sofás, vitrolas retrô, me- tetos e restauradores. “Eles Os pisos e azulejos são antes da casa ir ao chão e sem precisar trocar tudo.”
nida Saudade, o segurança sinhas, banquetas, cadei- buscam peças diferentes e vendidos há 25 anos no esta- pego os pisos. Consigo re-
Jeverson Galdiano, 31, foi ras e até filmadoras anti- exóticas. Campos Elíseos já belecimento de Ivo na Aveni- cuperar boa parte”, afirmou
“atraído” por uma TV tela gas, que vão de R$ 30 a é sinônimo de móveis usa- A cadeira da Saudade. “Tenho azulejo o comerciante. Morador coleciona notas
plana de 21 polegadas ex- R$ 1.800. Segundo Borba, dos”, afirmou a comerciante de ferro de muitas casas antigas dos Diferente das grandes lo- e moedas antigas
posta em uma das lojas. Pe- 40% são peças antigas e Rose Lima, 50. Na loja do Ademir é possível encontrar pisos fabricados há 50 anos Campos Elíseos.” jas de azulejos, o comércio leia na página 19
preto é
fotos letícia lovo/especial
uma peça
versátil que
cabe em
qualquer
tipo de Cadeira americana, estilo
decoração. country. Seminova, a
Por R$ 70.
70. peça sai por R$ 110 cada.

Radiola da década de
50 com pés palito e ainda Uma antigüidade da
em funcionamento, década de 30, a vitrola sai
por R$ 700. por R$ 1.500.

Criado-
mudo
com pés
palito, que
pode dar
um toque Registradora antiga
retrô ao que pode ser usada para
ambiente, a decoração de um bar,
por R$ 80
80.. por R$ 100.
Comerciante Sidney Borba mostra geladeira antiga, uma das muitas opções encontradas na sua loja
1 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 19

diversão letícia lovo/especial

praça rôMulo Morandi colecionador


Área de lazer

Pipoqueiro do bairro Pelo menos duas vezes


por semana a dona de
casa Elizabete Fávaro, 63,
leva os três netos para
brincar à tarde na Praça
Dinheiro histórico
osvaldo possui 4 mil notas e moedas de vários países
altino, morador dos campos elíseos, comprou o carrinho em 1983 Rômulo Morandi. “Moro
apenas a oito quarteirões

O
fotos letícia lovo/especial
daqui. É fresquinho, as comerciante Osval- apesar do extenso acervo, cado. “O fato de serem an-

A
ltino Strabeli, 68, de- crianças se divertem do Colucci Oliveira, o morador dos Campos Elí- tigas não significa que são
cidiu vender pipo- sem bagunçar a casa e 52, é um dos poucos seos está sempre à procura valiosas. Mesmo que fos-
ca quando ficou de- gastam energia “, disse ribeirão-pretanos que pos- de expandir o material. sem eu não vendo.”
sempregado em 1983. “Só Elizabete. Gabriel, 13, sui uma nota de 500 réis, “Uma coleção nunca es- Para dividir a paixão por
conseguia arrumar empre- e Rafael, 7, têm espaço emitida em 1890, e uma tá completa. Nem o Museu notas e moedas antigas,
go para ganhar salário mí- para jogar bola. Júlia, 5, moeda com mais de três do Banco Central tem uma Oliveira conhece mais qua-
nimo, aí não dava.” também adora o passeio. séculos de existência. acervo completo das moe- tro colecionadores em Ri-
Morador dos Campos A irmã de dona Elizabete A coleção completa de das nacionais. São muitas. beirão Preto, além de tro-
Elíseos, ele decidiu com- se encarrega do lanche Oliveira abriga 4 mil notas e Só de 1942 para frente, o car correspondência com
prar o ponto na praça Rô- das crianças. Moradora moedas de 250 países dife- Brasil já mudou sua moe- mais duas pessoas no Bra-
mulo Morandi de um an- do bairro há 45 anos, rentes. Tudo fica organiza- da pelo menos sete vezes”, sil. “Mantenho contato até
tigo pipoqueiro. Já se pas- Bernadete Oliveira e damente guardado na casa explicou Oliveira, que mo- com pessoas de outros paí-
saram 26 anos e Strabeli se Silva, 66, ainda lembra de dele, na rua 11 de Agosto, ra nos Campos Elíseos há ses”, disse o morador.
tornou “figura” do local. A quando o local era apenas nos Campos Elíseos. 45 anos.
pipoca quentinha começa um campo de areia. As moedas e notas an- Apesar da quantidade
por volta das 16h30, sem- tigas estão divididas em 50 de notas e moedas em casa, Jogo de carta combina com
pre no mesmo local, próxi- pastas. A coleção de Oli- Oliveira disse que elas não pão de queijo quentinho
mo ao ponto de táxi. Morador do Campos Elíseos exibe coleção de notas e moedas antigas veira começou em 1995 e, têm um valor alto no mer- leia na página 20
“Comecei por teimosia.
Na época, o ponto custou
250 cruzeiros, era bastante
dinheiro. Precisei usar a in-
denização da empresa”, dis-
se Strabeli.
Por 15 anos o carrinho
de pipoca foi a única fon- Todo dia, a partir das 16h30, é possível sentir o cheiro de pipoca quentinha na praça Rômulo Morandi
te de renda de Strabeli. “Eu
sustentava a família toda e
ainda sobrava.” do eu não conseguir an- vende pipoca para os ne- eu não venho, todos per-
A venda de pipoca ago- dar mais. Sou feliz sendo tos dos primeiros clien- guntam se fiquei doente
ra virou “bico”, mas Stra- pipoqueiro.” tes e adora conversar. “Te- e alguns que batem papo
beli afirma que não larga Com inúmeros ami- nho carinho pela pracinha até ficam menos tempo na
o carrinho por nada neste gos que fez ao longo dos e pela amizade que pe- praça quando eu não es-
mundo. “Eu só paro quan- 26 anos na praça, Strabeli guei com o povo. Quando tou”, contou o pipoqueiro.
20 A cidAde Janeiro de 2009 Janeiro de 2009 A cidAde 21

Tá na mesa letícia lovo/especial

diversos sabores
Cozinho desde criança e dificilmente erro uma receita. Meu

Bolo de sorvete
AReceitA
defeito é que eu não sei dividir a cozinha com ninguém.
Pão de
Queijo
lindoMar de oliveira

é um sucesso
Moradora dos campos elíseos

Ingredientes
difícil de resistir • ½ copo de leite frio

Pão de queijo noturno


• ½ copo de óleo
• ½ colher de sal
• 1 kg de polvilho doce
• 1 prato fundo de queijo comerciante adaptou a ‘moda’ descoberta em mg
• 3 copos de leite
• 6 ovos

B
olo de trufas, diplo- tatais e até de São Paulo”, nal, produzir algo diferen-
lindomar assa o salgado para comêlo durante jogos de baralho Modo de preparo mata, pavê e briga- afirmou o empresário Val- te que se tornasse um atra-
deiro estão entre os dinei Marcos da Costa, 38. tivo”, explicou Costa.
fotos letícia lovo/especial
Coloque os três copos de leite, sabores do bolo de sorve- A sorveteria na rua Luiz O bolo de sorvete de

P
assar a noite jogan- o óleo e o sal para ferver. te da Ponto Chic, sorve- Barreto existe desde 1977, Costa é vendido em dois
do baralho e de que- Aqueça esses ingredientes até teria dos Campos Elíseos mas o ‘bolo’ só integrou o tamanhos: 2 e 3 kg. A so-
bra ter o acompanha- que eles estejam totalmente que já conquistou o pala- cardápio a partir de 2004. bremesa sai por R$ 38 e
mento de um pão de quei- misturados. Depois de dar de clientes de todos os “Amigos fornecedores R$ 49, respectivamente.
jo feito na hora é na casa da quente, adicione a mistura pontos da cidade e virou comentaram que estavam
“tia Linda”, a Lindomar de sobre o polvilho em uma moda nos bufês de Ribei- vendendo bolo de sorve-
Oliveira, 52 anos, na rua Dr. bacia, mexendo lentamente rão Preto. te em Minas Gerais e que Yasmin é a nova moradora
Roberto Monge, nos Cam- a massa. Nessa hora você “Vendo também para lá fazia o maior sucesso. dos Campos Elíseos
pos Elíseos. acrescenta na receita o Valdinei exibe bolo de sorvete, que atrai moradores de outras cidades pessoas de Jaboticabal, Ba- Queria sair do convencio- leia na página 22
“segredo da Lindomar”, que
Segundo Lindomar, não é o meio copo de leite frio.
há nada mais gostoso do Depois de escaldado, deixe
que comer pão de queijo que a mistura esfrie um
quente durante as parti- pouco e adicione os ovos
das noturnas em sua resi- e, aos poucos, acrescente o
dência. “Outro dia 15 ami- queijo. A massa do pão de
gos do meu filho passaram queijo está pronta. A partir
a noite em casa. Quando daí, é só moldar as bolinhas
eles foram embora, já mar- no tamanho que preferir
caram uma nova visita, e o e levar até o forno pré-
pão de queijo é que é o res- aquecido deixando assar
ponsável.” por 20 minutos.
Para não perder tempo
no preparo do prato, Lindo-
mar deixa estocadas no fre-
ezer 100 unidades de pão
de queijo. “A campainha to-
ca e, antes de atender à visi-
ta, eu coloco o pão de queijo
no forno. Depois é só servir
quentinho e não há quem
resista.”
A moradora dos Campos
Elíseos revelou que o segre-
do do seu pão de queijo es-
tá na hora do preparo. “Na
hora de escaldar, eu costu- Lindomar de Oliveira apresenta os pães de queijo saídos direto do forno
mo colocar meio copo de
leite frio. Sem isso, não fica
tão gostoso.” reclamam são seus dois fi- preparar pratos em ocasiões
A cozinheira ainda co- lhos e o marido. “Eles já es- festivas dos familiares. “Des-
mentou que o pão de quei- tão acostumados.” de criança aprendi a fazer
jo faz parte do cardápio do Mas não é apenas o pão comida. Dificilmente eu er-
café da manhã da família e, de queijo que é a especia- ro alguma receita. Meu úni-
quando o estoque no free- lidade de Lindomar. Ela é a co defeito é não saber dividir Copo de leite frio é o segredo da
zer acaba, os primeiros que cozinheira responsável em a cozinha com ninguém.” receita da moradora do bairro
22 A cidAde Janeiro de 2009 letícia lovo/especial Janeiro de 2009 A cidAde 23

Ela é tudo para mim, minha princesa, minha


fotos letícia lovo/especial

coMércio

Lojinha do
gatinha. Acho que ela vai ser bem extrovertida.
saMantha lara BarBosa, 20
Mãe de Yasmin

ela chegou
Seu Toninho
Princesa Yasmin estabelecimento da família grili
aposta na diversidade de produtos
bebê é a primeira filha do casal samantha e erick

S
andálias, vestidos, pane- Grili, donos do tradicional co-
las e até banheira de be- mércio na rua Silveira Martins.

A
pequena Yasmin Bar- Duarte Jorge, 19, ela nas- para ir ao banheiro, tomei bê penduradas com fio O casal lembra dos tem-
bosa Jorge, de ape- ceu aos sete meses de ges- um susto”, contou a mãe. de náilon no teto do bazar, que pos áureos de vendas, quan-
nas 40 dias, se tornou tação, no dia 25 de novem- Por conta da antecipa- é conhecido nos Campos Elí- do o bairro sediava a Indús-
a alegria da casa da avó Lu- bro, com 2.035 gramas e ção do nascimento, o pai, seos como a “lojinha do Seu tria Cianê. Segundo Antônio,
cinéia Lara Barbosa, 38, na 44 centímetros. Por ter si- jogador de basquete que Toninho.” O estabelecimento a rua era passagem dos fun-
rua Pompeu de Camargo, do prematura, Yasmin ficou estava no Espírito Santo, só existe no bairro há 36 anos. cionários da fábrica.
nos Campos Elíseos. internada na maternidade conheceu a filha três dias “Aqui, vendemos de tudo “Nessa região do bairro
Primeira filha do jovem por 12 dias. depois. “É um paizão. Foi que você pensar. Desde agulha, não tinha comércio, somente
casal Samantha Lara Bar- “A bolsa rompeu de ma- ele quem deu o primeiro linha e roupas até utensílios do- na avenida, e não havia shop-
bosa, 20, e Erik Amadeu nhãzinha. Quando acordei banho em casa.” Yasmin, que nasceu no dia 25 de novembro, dorme no colo da mãe mésticos”, afirmou o casal Ma- pings em Ribeirão Preto”, co-
Tudo o que os clientes pedem, Maria Inês e Antônio Grili passam a oferecer no bazar, nos Campos Elíseos ria Inês e Antônio Germano mentou Maria Inês.
reprodução

ele se foi 3 anos de convívio


Há 20 anos, edvar trocou São Paulo pelos campos elíseos clientes viraram amigos do casal de comerciantes
O mecânico de máquinas industriais de costura Edvar Meton tínhamos dois conhecidos. Aqui ele fez muitas amizades. Até
da Silva morreu, aos 57 anos, no dia 5 de setembro de 2008 . hoje tem gente que pergunta por ele”, comenta a mulher de Foi através da loja que o casal Grili construiu o patrimônio e a gama de amigos. “Hoje são mais
Ele morou os últimos 20 anos da sua vida no Campos Elíseos, Silva, Ana de Fátima Mello da Silva, 53. O morador do bairro amigos do que clientes”, afirmou Antônio. E, por conta dessa relação próxima, uma antiga
numa casa na rua Teresa Cristina. Ele escolheu o bairro para deixou dois filhos e duas netas que, segundo Ana, eram a sua cadeira serve de descanso e até de “confessionário”, segundo o casal. “Todo mundo que chega
morar e montar uma firma quando a família se mudou de grande paixão. “Ele era muito trabalhador e uma pessoa muito senta, conversa e pede até conselho”, sorri Antônio. Depois de 36 anos de funcionamento, os
São Paulo para Ribeirão Preto. “Ele adorava o bairro, gostava boa, que gostava de ajudar os outros, mas tinha pulso firme donos nem conseguem mais precisar o número de itens disponíveis no bazar. “Tudo que o
da facilidade de ter tudo perto. Quando chegamos aqui, só quando precisava falar sério”, declarou Ana. cliente vinha e não achava a gente começava a vender”, explicou Maria Inês.
2 A cidAde Janeiro de 2009

Referência
Quando comecei, eu perdia umas horinhas
perguntando como chegar nas travessas.
alessandro da silva Borges, 26
entregador de farmácia

característica do bairro

Charme das travessas


peQuenas vias dificultam o trÂnsito, mas agradam aos moradores Dicas para não
fotos letícia lovo/especial se perder
S
omente num único
quarteirão dos Cam- Em frente à entrada do
pos Elíseos, há três tra- clube Palestra Itália. É
vessas que se cruzam: San- assim que a moradora da
ta Terezinha, Aracaju e São Travessa Santa Irene, Ana
Camilo. As vias “escondi- Márcia Sampaio, explica
das” dificultam a vida dos o seu endereço a todos.
entregadores e taxistas. “Preciso dar referência e
“Quando comecei, per- explicar detalhes. Caso
dia umas horinhas pergun- contrário, ninguém sabe,
tando. A maior dificulda- ninguém acerta”, disse
de é a falta de placas, já que Ana Márcia. Ela mora há
as travessas são escondidas seis anos na casa que
e estreitas”, disse o entrega- herdou da sogra. “Para
dor de farmácia Alessandro ela, que viveu aqui por
da Silva Borges, 26. 70 anos, a família era a
Apesar dos desafios de travessa, os vizinhos.”
trânsito e de localização, Ana Márcia confessa
os moradores das travessas que o convívio entre os
podem desfrutar de uma moradores é de fato mais
área tranqüila. “É uma ir- próximo. “Gosto muito
mandade. Numa rua con- de morar aqui, conversar
vencional não seria assim”, com os vizinhos”, disse a
disse Clamir Arrighi de Al- moradora da travessa.
meida, 71, que todas as tar- Visão geral da tradicional travessa Aracaju, uma das 58 pequenas vias espalhadas pelos Campos Elíseos
des se reúne com as vizi-
nhas na porta de casa.
Segundo dados da pre-
feitura, o bairro abriga 58
travessas no perímetro de-
limitado pela avenida Fran-
cisco Junqueira, o ribeirão
Preto, o córrego Tanquinho
e a avenida Meira Júnior. “O
Campos Elíseos junto com
o Ipiranga são os bairros
de Ribeirão que mais pos-
suem travessas”, disse José
Luiz de Almeida, arquiteto
da prefeitura.
Uma das explicações
para as travessas dos Cam-
pos Elíseos é a formação do
bairro, que surgiu no final
do século 19 como uma “vi-
la típica” do período. Clamir de Almeida se encontra todas as tardes com as vizinhas para aproveitar a ‘irmandade’ que existe entre os moradores da sossegada travessa

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