Adelino Simioni | Avelino Palma | Quintino Facci 2

PÁGINA 23
Suplemento exclusivo do Jornal A Cidade de 03 de junho 2008 - Distribuição gratuita para os bairros Adelino Simioni, Avelino Palma e Quintino Facci 2

Pro dia nascer feliz

aqui, todos se conhecem pelo nome e já nasceram na mater, referência, 25 mil bebês
2 A CiDADe Junho de 2008
nossa opinião
Podes crer,
é amizade
O
Complexo Norte,
formado pelos
bairros Quinti-
no Facci 2, Avelino Pal-
ma e Adelino Simioni é
a região da amizade de
Ribeirão.
Todos ali se conhe-
cem. É como as peque-
nas cidades do inte-
rior paulista, há 20, 30
anos.
Como todos os bair-
ros da periferia da ci-
dade, enfrenta uma for-
te pressão social, a vio-
lência provocada pela
ausência do Estado e o
abandono do poder pú-
blico, tanto do executivo
quanto do legislativo.
Um morador, por
exemplo, na frente de
um dos repórteres des-
te caderno, telefonou a
um vereador para rei-
vindicar a pavimenta-
ção de um trecho de
40 metros na rua Ma-
ria Luiza da Silva Prado
Ramos no Palma.
sua opinião LETÍCIA LOVO/ESPECIAL
Edição Mário Evangelista • Reportagem e textos Jucimara de Pauda, Angela Pepe (especial) e Renan Gouvêa (estagiário) • Fotos Letícia Lovo/Especial, Weber Sian, J.F.Pimenta e Matheus Urenha • Revisão Gideon Fonseca
Edição de arte Daniel Torrieri • Tratamento Joyce Cury • Departamento Comercial (16) 3977 2172 • comercial@jornalacidade.com.br • Vendas Diego Marcon (16) 9235 5188 • comercialdiego@jornalacidade.com.br
Cartas
Mais polícia
As praças do Quintino 2
se transformaram em
pontos de viciados e de
Promessa feita há três bêbados. Na praça Padre
meses, a resposta, ouvi- Nelson, por exemplo, só
da pelo viva-voz do celu- tem esse tipo de pessoa.
lar, foi a de que “as pro- Não dá para você tomar
vidências já haviam sido um sorvete ali. O jeito se-
tomadas”. ria um policiamento mais
Os mais de 40 mil ha- freqüente. Os bêbados
bitantes da região ain- fazem xixi ali mesmo.
da são tratados com des- LETÍCIA LOVO/ESPECIAL WEBER SIAN
Mais: na rua da escola
caso, mas não perdem a Doutor Domingos Spinelli
garra – emblematicamen- deveria ter lombadas.
te na Mater, que já pôs no Os carros passam em
mundo mais de 25 mil ri- velocidade e as crianças
beirão-pretanos –, o hu- correm perigo.
mor – na mesa de truco
diária de quatro amigos, Roberto Pereira, 68 anos,
que já quebraram uma aposentado
mesa num “seis ladrão”
– e a solidariedade – que Quando eu saio Por que não
está na dona Maria Apa- de casa pela temos agências
recida, que criou 40 fi-
lhos, 37 deles adotivos. manhã, sou bancárias aqui
Diante de exemplos obrigada a ver no Quintino 2?
de um povo que vai
construindo seu futuro homens fazendo Temos sempre
e toma as rédeas de seu xixi dentro de de ir até o Centro
destino, o poder públi-
co acaba se apequenan- uma garrafa pet. para pagar
do. Porque o Quintino 2,
Magali Helena de Souza, 43,
mora no Quintino 2 nossas contas.
Palma e Simioni são só Maria da Penha Silva, 62,
amizade. moradora do Simioni Tenho tudo aqui
Consegui minha casa pró-
pria e me mudei para o
LETÍCIA LOVO/ESPECIAL
Avelino Palma há mais de
20 anos. O bairro cresceu
e ampliou suas ofertas de
Boas amizades Urbanização serviços para os mora-
dores. Gosto muito do
O Quintino 2 é um bairro Ao longo dos 20 anos que bairro. Tenho, aqui, tudo
que tem de tudo.Temos moro aqui, assisti o cresci- o que preciso. Minhas ne-
muitas facilidades, como mento e o desenvolvi- tas nasceram e cresceram
um bom comércio, UBDS mento do bairro e percebi nesse bairro.
e área verde. Isso é muito melhoras significativas.
bom para a população. Acho que principalmente Benedicta Giacomini, 73,
Em tanto tempo, a urbanização melhorou dona-de-casa. Mora no
conseguimos fazer boas muito. Diariamente, Avelino Palma há 21 anos.
amizades, a nos dedicar varrem as ruas do bairro,
ao bairro. esse é um cuidado que
nos faz sentir bem.
Albertina Caravieri de
Paula, 52, que mora no Luiz Carlos Villas Boas, 50,
bairro desde a inaugu- segurança, há 20 anos no
ração, há 27 anos Avelino Palma
 Junho de 2008 A CiDADe 3

Meu nome é
A Mater é um dos maiores investimentos Quintino
sociais de Ribeirão Preto e um sonho de Campeão
dona Sinhá Junqueira. de esgrima e
josé carlos moura tropeiro
Gerente da mantenedora da maternidade, ao lembrar que desejo foi explícito em testamento
O bairro Quintino Facci
é uma homenagem
ao latifundiário que
pro dia nascer feliz
morreu aos 92 anos,

Os 25 mil bebês da Mater

em 2003, e deixou
um patrimônio
avaliado em R$ 200
milhões. Nasceu em
Jardinópolis. Viveu
na Itália dos 9 aos 14
anos. Foi campeão
em dez anos, maternidade já pôs no mundo 5% da população de rp napolitano de
WEBER SIAN
esgrima. No Brasil, ia à

V
Bahia buscar tropas de
inte e cinco mil crian-
burros para abastecer
ças já nasceram na
Mater (Maternida- as fazendas da região.
de do Complexo Aeropor- Distribuía dinheiro
to) em dez anos de funcio- aos pobres e chegou
namento do hospital que a doar 400 cestas
tem capacidade para reali- básicas por semana.
zar 400 partos por mês. Facci vendeu os
O hospital recebe mu- terrenos onde estão os
lheres de todos os bairros bairros por um preço
de Ribeirão Preto e de cida- simbólico. Entregou ao
des da região como Cravi-
poder público terrenos
nhos, Santa Rosa de Viter-
bo, Luiz Antônio e São Si- que hoje contêm 80%
mão. das avenidas Costa
De acordo com José Car- e Silva e Mogiana,
los Moura, gerente admi- cinco rotatórias entre
nistrativo da Fundação Ma- as avenidas Brasil e
ternidade Sinhá Junqueira, Mogiana, Cemitério
mantenedora da Mater, a Bom Pastor e Ceasa.
opção de construir o hos- Facci morreu magoado
pital no Quintino Facci 2 foi pelo assassinato
feita por ser um bairro peri-
do filho caçula
férico, com grande concen-
tração populacional e em Quintino Francisco
crescimento. “Fizemos es- Facci, o Chiquinho,
te grande investimento so- ocorrido em 2002, em
cial por termos a certeza da Jardinópolis. Quatro
carência da população da- Mulheres amamentam seus filhos na Mater: maternidade foi sonho realizado de dona Sinhá Junqueira acusados confessaram
quela região, sem dúvida se o crime. Antônio

não for o maior, é um dos
maiores investimentos so-
ciais realizados na cidade”,
explica Moura.
A maternidade foi cria-
da para atender pacientes
pelo Sistema Único de Saú-
de (SUS). “Este empreen-
dimento era um sonho da
D. Sinhá Junqueira que dei-
xou em testamento o seu de-
sejo de promover a assis-
tência materno-infantil para
mães e crianças carentes.”
A corrente do bem
Hospital será referência no atendimento à mulher
O projeto de atendimento
a mães e crianças carentes
será ampliado para que a
Mater se torne um hospital
regional do SUS de referên-
cia no atendimento da mu-
lher. “Vamos, incrementar
novos serviços”, diz José Car-
los Moura. Nos últimos 10
anos, a Fundação já investiu
mais de R$ 15 milhões na
Mater. O hospital também
oferece enxovais aos bebês
e mães carentes que nascem
no hospital e para isso,
conta com um grupo de
Facci, um dos filhos do
patriarca, foi acusado
de ser o mandante
do crime. As irmãs
voluntariado que ajuda na Wilda, Terezinha,
captação de recursos e na Stella e Regina sempre
confecção dos enxovais. As acreditaram na
gestantes participam de inocência dele.
cursos de orientação sobre
os cuidados com a gestação
e com os bebês depois do Mateus foi o primeiro bebê
nascimento. a nascer na Mater
conheça o menino na PáGina4
 A CiDADe Junho de 2008
O hospital estava à minha disposição,
porque fui a 1ª mulher a ser internada.
márcia torres
mãe de mateus lembra o nascimento do primeiro bebê a nascer na mater
tempo real
Primeiro bebê sonha em
ser jogador do Real Madrid
mãe quis que mateus nascesse na mater, após ouvir fogos da inauguração
M
ateus Torres foi o
primeiro bebê a
nascer na Mater
(Maternidade do Comple-
xo Aeroporto) há dez anos.
A mãe dele, Márcia Tor-
res, saiu do bairro Jardim
Procópio para ter a crian-
ça no hospital do Quintino
Facci 2.
O hospital foi inaugura-
do no Dia Internacional da
Mulher, 8 de março, e o be-
bê nasceu no dia 10.
“Eu tive meus dois pri-
meiros filhos no Hospital
das Clínicas e no último dia
que fui ao médico ainda
comentei que queria que
meu filho nascesse na Ma-
ter porque tinha ouvido os
fogos da inauguração”, diz
Márcia Torres, 34 anos, mãe
do garoto.
Quase
MATHEUS URENHA
cidade
São mais de
10 mil casas
A população nos bair-
ros Quintino 2, Avelino
Palma e Simioni é
de 40 mil pessoas,
conforme estimativa
do IBGE (Instituto Bra-
sileiro de Geografia e
Estatísticas). A região
começou a ser povoa-
da no início da década
de 80, quando as pri-
meiras casas de Cohab
(Companhia Metropo-
litana de Habitação)
foram entregues.
O Adelino Simioni foi
J. F. PIMENTA
inaugurado no dia 7
Uma rainha de janeiro de 1982,
Ela diz que foi bem aten- com 4 mil casas. As 1,5
dida na maternidade e que
mil casas do Avelino
se sentiu uma verdadeira
rainha durante o parto. Alves Palma foram
“O hospital estava a mi- entregues em 19 de
nha disposição porque eu junho de 1982. O
fui a primeira mulher a ser Quintino 2, também
internada. Era tudo exclusi- com 4 mil casas, foi
vo e novinho. Nunca recebi inaugurado no dia 1º
tanta atenção”, diz Márcia. de dezembro de 1982.
Ela diz que foi abençoa-
da com o nascimento do fi- J. F. PIMENTA
lho caçula.
“Ele dança para fazer a
gente rir, pede abraço e não
estou falando isto porque
sou coruja é porque ele é
assim mesmo”, diz.
O sonho de Mateus é jo-
gar no Real Madrid, na Es-
panha. Treinar, ele já trei-
na, pelos campinhos do
Quintino 2. Mateus com a mãe Márcia: ‘era tudo exclusivo e novinho’
 Junho de 2008 A CiDADe 

Não troco minha casa no Quintino 2

LETÍCIA LOVO/ESPECIAL

nem por uma mansão em bairro nobre.

arlete sarmento FiGueira, 55
mora no bairro desde ‘quando ventava e chovia e tudo virava uma lambança só’

nos tempos do terrão

Só Deus para limpar

A
rlete Sarmento Fi-
gueira, 55 anos, e Lú-
cia Gonçalves Lopes,
50 anos, estão no Quinti-
no 2 desde quando o bair-
ro “era um terrão só”, em
1982.
“Quando ventava e cho-
via isso tudo virava uma
lambança que só Deus pa-
ra me ajudar a limpar”, diz
Arlete.
Lúcia conta que, como
Arlete Figueira, há 26 anos no bairro: ‘foi-se o tempo da oca’ o bairro não tinha infra-es-
trutura alguma, nem asfal-
to nas ruas, as casas eram
vendidas a preço de bana-
na. “Dois mil, juro.”
Hoje, as casas custam
entre R$ 30 mil e R$ 35 mil.
“Não troco minha casa no
Quintino nem por uma
mansão em bairro nobre”,
diz Arlete.
Há alguns anos, dizem,
eram vítimas de chacota das
amigas que se referiam o
bairro como “oca dos índios’.
“No ônibus, o povo an-
dava com peixeira e resol-
via tudo na base do grito e
na mão”, conta Arlete.
“Hoje está diferente”,
diz Lúcia. Elas reclamam
da falta de opções de lazer e
praças no bairro. “O bairro
precisa de mais quadras”.
A menina do Bolshoi e
um‘santo’trompetista
a arte no comPlexo está na PáGina6
 A CiDADe Junho de 2008
Na ponta da sapatilha
Aqui em Ribeirão, ela tinha feito três anos de balé clássico
e passou em 21º lugar.
nilson santiaGo, aGente Funerário no quintino 2
ao falar, com orgulho, da filha que está há cinco anos no Bolshoi em joinville (sc)
um convite para a dança
Nilson Santiago com o seu parceiro de música Luiz Carlos dos Santos: para espantar a tristeza do dia-a-dia, muita música sertaneja
Bolshoi e o agente funerário
nilson santiago espanta a tristeza do cotidiano com a música e o
orgulho da filha bailarina, bolsista há cinco anos do bolshoi
O
agente funerário Nil-
son Santiago, que
mora no bairro Ade-
lino Simioni há 30 anos, re-
solveu espantar a tristeza do
dia-a-dia montando uma
dupla sertaneja com o ven-
dedor Luiz Carlos dos San-
tos, 42 anos, há 10 anos. Eles
cantam em festas e fazem
apresentações em toda a re-
gião. Toda a segunda-feira
é destinada aos amigos e as
ARQUIVO DE FAMÍLIA
apresentações são gratuitas.
“No meu serviço a gen-
te vê muita tristeza e com
a dupla eu posso levar ale-
gria para as pessoas”, diz.
Ele garante que a famí-
lia tem sangue de artista e
conta, com orgulho, da fi-
lha Lorena Santiago13 anos,
escolhida como bolsista en-
tre mais de 120 mil crianças
para cursar aulas na Com-
panhia de Ballet do Teatro
Bolshoi de Joinville (SC), a
única escola do Bolshoi fo-
ra da Rússia.
“Aqui em Ribeirão ela ti-
nha feito três anos de ba-
lé clássico e passou em 21º
lugar. Faz dois anos que ela
está lá no Bolshoi”, diz.
Em Joinville, Lorena
também tem aulas de in-
glês, prática e postura cê-
nica e, até, de como de-
WEBER SIAN
vem se portar no relacio-
namento com a mídia.
“Ela aprende de tudo lá. No
começo a adaptação foi di-
fícil, mas agora ela se sen-
te em casa”, afirma Santia-
go. Os novos alunos bolsis-
tas que ingressam a cada
ano no Bolshoi são classifi-
cados entre os milhares de
estudantes da rede pública
de ensino, com idade entre
9 e 11 anos. Os demais alu-
nos vêm de diferentes esta-
dos brasileiros e países vi-
zinhos, selecionados atra-
vés de exames classificató-
rios realizados anualmente
pela escola.
Oarrozefeijãode
donaAldvina
A artrose no fêmur e as oito
cirurgias a que foi subme-
tida não afastaram Aldvina
Lucinda Fernandes, 83, de
cozinhar o arroz e o feijão
– com muito louro – que a
família adora.“Essa com-
binação de todos os dias
é feita com um amor sem
o qual não vivemos”, diz a
filha única Dejanir Fernan-
des Coutinho, 59.
Dona Aldvina mora no
Quintino 2 há 27 anos,
na rua Wilson Roberto de
Jesus, com a filha e o genro
e, apesar das duas muletas,
afirma fazer questão de ser
a responsável pelo serviço
da casa e as refeições.“Só
não limpo o chão, porque
não consigo me abaixar. O
resto, me sinto disposta a
fazer de tudo”, diz.
A força de vontade e deter-
minação dela, afirma, vem
da fé que tem.“Sou devota
de Santa Rita de Cássia.
Antes da minha última ope-
ração, há 30 anos, o médico
disse que eu não andaria
mais. Fiz uma promessa
para a santa, estou aqui sem
dor trabalhando”, conta ao
mostrar o altar dedicado à
Santa Rita em casa.“Rezo o
terço diariamente com a mi-
nha filha e isso me dá muita
paz. A cada dia o milagre
renasce no meu coração”.
A amigas de Aldivina são
todas do bairro e, afirma,
visitar-lhe freqüentemente
para um bolinho de chuva,
café e a boa conversa.“Amo
esse bairro, principalmente
pelos vizinhos que temos.
Há muita gente boa”.
 Junho de 2008 A CiDADe 

clave de sol

Um trompete soa no Simioni

no simioni, carlos coutinho sempre ensaia embaixo da imagem de nossa senhora aparecida
WEBER SIAN

O
trompetista Carlos nhora Aparecida ele
Coutinho, 53 anos, ensaia o repertório
mora no Adelino de MPB, sertane-
Simioni. Já freqüentou as jo e romântico to-
grandes rodas musicais dos os dias debai-
do país e circulou no ei- xo da imagem da
xo Rio-São Paulo nas dé- santa.
cadas de 70 e 80. Traba- “Em todos os
lhou com Ângela Maria, meus momen-
Cauby Peixoto, Agnaldo tos, bons ou
Timóteo, Milionário e Jo- ruins, ela estava
sé Rico e João Paulo e Da- sempre do meu
niel. Gravou discos pe- lado”, diz.
las Continental e Copa- Hoje, o músico
cabana. toca na noite de
“Profissionais de pri- RP, a preço aces-
meira grandeza. Sabem sível. Cuida também
tratar um músico com o da horta no quintal da
respeito que ele merece.” casa. “Planto de tudo.”
Devoto de Nossa Se- É sua segunda paixão.
8 A CiDADe Junho de 2008

Como toda boa cachorrinha que se preze, Gaivota exige pão O Figura
fresquinho com manteiga e leite morno. Fazinhotopa
thais Garcia, 15 anos qualquerparada
Dona da cachorrinha que todo mundo conhece no complexo norte
Josafá Diogo da Silva, 63
anos, o Fazinho, mora no
coleira da fama Adelino Simioni há 32 anos

Orkutbom pra cachorro

e se tornou popular no
bairro por causa do jeito
tímido e pela disposição de
fazer qualquer serviço e em
qualquer horário.
“A gente precisa traba-
lhar, então faço de tudo,
todo mundo no bairro fala ‘oi’ para gaivota, que toma banho todo dia sou pedreiro, cato papel,
limpo terreno, faço carreto”,
WEBER SIAN
afirma.

A
Todos os dias, não importa
cachorrinha mais co-
o dia da semana, Fazinho
nhecida do comple-
acorda cedo e percorre as
xo Norte é a Gaivo-
ruas do bairro para catar
ta, de 5 anos. É chamada de
papel e ao mesmo tempo
Gai pelos amigos.
oferece aos moradores o
Desde quando nasceu
seu trabalho.
vai com a dona, Thais Gar-
“Vou observando e pergun-
cia, 15 anos, fazer compras
tando se as pessoas querem
e é cumprimentada pelos
que limpe o terreno ou quer
moradores do bairro.
jogar algum lixo fora e gra-
“Todo mundo fala ‘oi’
ças a Deus sempre aparece
para ela e pergunta se ela
alguma coisa”, conta.
está bem. Ela é famosa”, diz
O preço varia de acordo
a estudante.
com o trabalho feito e com
Para homenagear a ca-
o“choro”do cliente.“Já teve
chorrinha, a tia de Thais,
dia da pessoa chorar tanto
Denise Garcia, criou uma
que não tinha dinheiro
comunidade no Orkut (site
que até deixei de cobrar”,
de relacionamentos) deno-
afirma.
minada “Eu conheço Gai-
Para a dona-de-casa, Maria
vota, a Gai”, que já tem 14
Aparecida da Silva, Fazinho
membros.
é querido no bairro porque
Banho todo dia
é simples e educado.
A dona fez questão de “Ele não tem boca para
Thais com Gaivota: a cachorrinha é a estrela do bairro, tem os dentes escovados e as unhas sempre cortadas
colocar na página que Gai- nada e tudo o que a gente
vota é limpinha porque to- REPRODUÇÃO
pede ele faz e com capri-
ma banho toda a semana, cho”, afirma.
escova os dentes e corta as
unhas.
Uma das principais qua-
lidades dela é sair para pas-
sear e nunca correr atrás
dos carros e jamais avançar
nas pessoas. Carteiro e lei-
teiro não sofrem com ela. E
os sapatos não são os brin-
quedos preferidos dela.
Mas, como toda cachor-
rinha que se preza ela exige
pão fresquinho com man-
teiga e leite morno.
“Ela é uma gracinha.
Todos na família a amam,
porque ela é uma verdadei-
ra doçura”, diz Thais. Reprodução da comunidade ‘Eu conheço a Gaivota, a Gai’, no Orkut: 14 integrantes que adoram a cachorra
Junho de 2008 A CiDADe 
10 A CiDADe Junho de 2008
para vender mais
Lojas na avenida Magid Simão Trad, no Quintino Facci 2: comerciantes vão ao consumidor
Comerciante conhece
cliente pelo nome
P
et shop, açougue, supermerca-
do, lotérica, locadora, farmá-
cia e pizzaria. Todos estes ser-
viços, e muito mais, estão disponí-
veis no Avelino Alves Palma, Adelino
Simioni e Quintino Facci 2. “Aqui eu
encontro de tudo. Adoro o comércio
do bairro”, diz Sueli Cristina Mateus,
22 anos, professora.
O bairro segue o exemplo de ou-
tros conjuntos habitacionais da ci-
dade que oferece de tudo para o
consumidor não precisar sair de on-
de mora.
“No começo do bairro, há mais
de 30 anos, aqui era apenas terra e
não tínhamos nada”, afirma Elizabe-
te Ferreira, comerciante.
Nunca revele sua senha
Bairro pede agência bancária e caixa eletrônico
O auxiliar de escritório Antônio Cezar
Giacomini, 50, reclama da inexistência
de caixa eletrônico e agências bancá-
rias nos bairros do Complexo Norte
(Quintino 2, Avelino Palma e Simioni).
“Quando preciso sacar dinheiro, tenho
que me deslocar até o aeroporto”, recla-
ma. A reivindicação é geral nos bairros.
WEBER SIAN
Para o economista José Rita Mo-
reira, a personalização do comér-
cio é uma das características do sé-
culo 21. “O empresário sabe que tem
que chegar mais perto do consumi-
dor. Hoje o consumidor não precisa
ir atrás do que ele procura, o produto
vai atrás dele”, diz.
Essa é a fórmula correta para
atingir o cliente. “Aqui conheço to-
do mundo pelo nome”, diz Izilda
Andrade, 40 anos. Ela montou uma
casa de ração animal junto com um
pet shop e diz que o movimento
surpreendeu.
“Eu estava desempregada e resolvi
arriscar. Deu certo”, diz ela que tam-
bém emprega no comércio a mãe.
A assessoria de imprensa da Febra-
ban (Federação Nacional dos Bancos)
informou que a instalação de agências
ou caixas eletrônicos no bairro é uma
decisão exclusiva de cada banco. A es-
colha estaria relacionada à justificativa
econômica e à demanda. A comunida-
de pode reivindicar junto à Febraban.
Junho de 2008 A CiDADe 11
12 A CiDADe Junho de 2008
Dez minutos de reclamação
Buraco na rua José Rodrigues: Daerp promete conserto
Quintino 2 reclama
de buracos do Daerp
A moradora do Quintino 2
Magali Helena Justino, 43,
reclama de buraco na rua
José Rodrigues em frente ao
número 390. Ela informou
que um cano estourou e o
Daerp já o consertou, mas
falta recuperar o local.
“Meu carro quebrou várias
vezes. Quando que eles vão
recapear as ruas do bairro?”,
pergunta Francisco Xavier
Leãozini, 63.
“Meu orçamento não agüen-
Um cano estourou. O
Daerp veio e
consertou. Mas faltou
recuperar o local.
Magali Helena
Justino, 43,
moradora da rua
José Rodrigues
LETÍCIA LOVO/ESPECIAL
ta ficar reformando o carro.
Não dá mais”, conta o eletri-
cista Luciano Vitorino Silva,
28, que teve prejuízo de
R$ 400 em maio para conser-
tar o amortecedor do carro.
O superintendente do Daerp,
Darvin José Alves, informou
que “a reposição asfáltica do
buraco na rua José Rodrigues
vai ser feita”. A Secretaria de
Infra-estrutura vai destacar
técnico para avaliar as condi-
ções da rua do bairro.
A reposição
asfáltica
do buraco na rua
José Rodrigues vai
ser feita.
Darvin
José Alves,
superintendente
do Daerp
Avelino Palma
reivindica
creche Preciso trazer meu filhinho
de 3 anos na creche Opus Dei, no
A operadora de telema- Simioni. Todos os bairros Há um estudo para
rketing Juliana Daiane da
deveriam ter creche, conforme a construção de uma
Silva, 21, reclama da falta de creche no Avelino Palma
creches no Avelino Palma, a necessidade
para o ano que vem
onde mora há 1 ano e meio.
“Preciso trazer meu filhinho
de 3 anos na creche Opus Dei, Juliana Daiane Neuza Belomi,
no Simioni. Todos os bairros da Silva, 21. coordenadora
poderiam ter creche, confor- Mora no Avelino de educação
me a necessidade”. A coorde- Palma infantil de RP
nadoria da educação infantil
da Secretaria da Educação
disse que há um estudo para
a construção de creche no
Avelino Palma para 2009.
“Este ano, vamos entregar
seis creches em áreas onde
ainda não há nenhuma”, diz
Neuza Belomi, coordenadora
da educação infantil.
Falta iluminação na Emílio Princivalli
A funcionária pública Flávia armada e levaram sua bolsa. O secretário de Infra-
Andreia Coutinho, 32, mora “Roubaram a fiação dos estrutura, Nilson Baroni,
na ruaWilson Roberto de postes há quase dez anos informou que vai programar
Jesus, reclama da falta de e, desde então, nunca mais para um funcionário
iluminação na rua Dr. Emílio reinstalaram. vistoriar o local para verificar
Princivalli, onde fica o ponto Os assaltos acontecem mais quais melhorias poderão ser
de ônibus que faz uso. Há freqüentemente no breu, feitas na área.
15 dias foi assaltada à mão por exemplo”, diz.
Roubaram a fiação Vou programar a
dos postes há dez anos e ida de um funcionário da
nunca mais reinstalaram. Há 15 prefeitura para vistoriar o local e
dias, fui assaltada e os verificar que melhorias poderão
ladrões levaram minha bolsa ser feitas
Nilson Baroni,
Flávia Andréia secretário
Coutinho, 32, municipal de
mora na rua Infra-estrutura
Wilson de Jesus

Moradores do
Complexo Norte pedem
mais policiamento
A maioria dos moradores do
Complexo Norte protestam
a contra a falta de segurança
nas ruas do bairro e no fato
de viciados e traficantes
terem ocupado algumas pra-
ças do bairro.“Precisamos de
segurança no Quintino Facci
2. Falta policiamento preven-
tivo”, diz Eurípedes dos Reis,
presidente da associação de
moradores .
A solução , segundo Paulo
Pereira, morador do bairro,
seria que a polícia do bairro
passe com mais freqüência
no local.
Carro da PM faz patrulha pelas ruas do Quintino Facci 2: prevenção
Falta segurança no
Quintino Facci 2.
Falta policiamento
preventivo nas
ruas do bairro.
Eurípedes
dos Reis,
presidente da
Associação dos
Moradores
Capitão PM
Marcelo Antonio
Jerônimo de
Mello
O capitão PM Marcelo
Antônio Jerônimo de Melo,
comandante da 18ª Compa-
nhia, informou que a polícia
não consegue estar em todos
os lugares ao mesmo tempo.
Por isso, diz, conta com a
ajuda da população.
“O morador que ver atos
como estes deve ligar para
o 190. O cidadão é um
posto avançado da PM”, diz.
Sobre mais patrulhamento,
informou que este ano em
relação a 2007 houve uma
queda de 30% nos principais
delitos no bairro.
J. F. PIMENTA
Os moradores devem
ligar para o 190.
O cidadão é um posto
avançado da PM.
Junho de 2008 A CiDADe 13
J. F. PIMENTA
A UBDS do Quintino 2, lotada: atendimento médico é feito nos corredores da unidade
Atendimento e conservação da
UBDS geram insatisfação
Moradores do bairro estas consultas. Ela tem ele diz que a verba que a
estão insatisfeitos com oretorno no gastroentero- secretaria recebe é insufi-
atendimento e a conser- logista para o dia 24 de ciente para atender todas
vação da UBDS Dr. Sérgio junho.“Dois meses à frente as unidades de saúde da
Arouca. Uma das recla- não é acompanhamen- cidade e que problemas de
mações é com relação à to médico, é uma visita lixo podem ser resolvidos
demora das consultas de cordial que fazemos a ele. pelos próprios moradores
retorno. Desse jeito, a gente não ao despejá-los na lixeira.
Iraci Tiago de Freitas melhora nunca”.
mora no Quintino 2 há 27 Outra moradora do Quin-
anos e reivindica menor tino II diz que a UBDS está
intervalo de tempo para mal conservada.“Tem va-
zamento de água e lixo em Tem casos que não
volta da unidade”, reclama precisam de retorno imediato.
Terezinha da Eucaristia Os médicos sabem
Fazer uma consulta de
Alves, 52 anos, moradora o que fazem.
retorno dois meses depois, não é do Quintino Facci 2 há 26
acompanhamento. É uma visita anos.
cordial que fazemos ao médico. A O secretário da Saúde,
gente não melhora nunca Oswaldo Cruz Franco,
diz que o tempo para as
Oswaldo
consultas de retorno é
Cruz Franco,
normal.“Tem casos que
secretário de
Iraci Tiago de não precisam de retorno
Saúde de RP
Freitas, mora no na semana seguinte. Os
Quintino 2 há 27 médicos sabem o que
anos fazem”, afirma.
Sobre a conservação,
1 A CiDADe Junho de 2008

Ela [Maria Martins] é uma mãe que não Um condomínio

suporta ver abandono. fechado LETÍCIA LOVO/ESPECIAL

mathias moreira martins, 15

um dos 37 filhos adotivos de maria e moacir, que diz se esforçar para levar ‘felicidade’ à mãe

manual de solidariedade

Como Maria e Moacir

criaram seus 40 filhos
além dos seus três filhos biológicos, casal adotou
mais 37 crianças; mais novo tem 6 anos

T
rinta e sete filhos é
o número de herdei-
ros que Maria Apare-
cida Calheiro Martins, 61,
e o marido, Moacir Morei-
ra Martins – falecido há um
ano – adotaram no bairro.
O mais novo tem 6, o mais
velho 25 anos. O casal teve
três filhos biológicos com
43, 32 e 30 anos.
As adoções começa-
ram há 20 anos. “Por dois
anos, dei atenção a um me-
nino carente que vinha até
a minha porta. Em um re-
véillon, ele desmaiou, daí
resolvi passar a cuidar de-
le oficialmente. A avó dele
Maria Aparecida com 12 dos 37 filhos adotivos: vida dedicada à felicidade das crianças que ninguém quis
me trouxe mais quatro ne-
tos, primos dele”.
A partir daí, Maria e seu
marido passaram a ser os
pais que adotavam os fi-
lhos que “ninguém queria”,
crianças para adoção que
nunca eram escolhidas.
“O perfil deles é o mes-
mo: resultado de mães com
muitas dificuldades”.
Moram em uma grande
casa na rua Clarinda Bras-
solotto, onde Martins com-
prou o terreno e construiu
uma casa especial para os
40 filhos.
Mathias Moreira Mar-
tins, 15, um dos 37 filhos
adotivos, diz querer ver a
mãe sempre feliz. “Ela é
uma mãe que não suporta
ver abandono e está sempre
nos dando carinho”, diz.
Há 18 anos, Maria conta
com a ajuda de uma ami-
ga, Maria dos Reis Defen-
di dos Anjos, 48. A cabelei-
reira que fechou o salão de
beleza para ajudar a amiga
na criação das crianças. Casas no Parque dos Sabiás: bairro com apenas 232 casas
A família conta ainda
com algumas doações de
alimentos e roupas. “O pa-
gamento de contas de água,
Parque dos Sabiás entrou
luz e telefone é o meu filho
Marco quem dá”. A conta de
no guia de RP há três anos
luz chega a R$ 2 mil.
São apenas 232 casas. recente, diz, o Parque
MATHEUS URENHA
O bairro é desconhecido dos Sabiás já tem praça
pela maioria das pessoas, implantada.
diz o presidente Embora ainda falte um
da Associação dos playground na área
Moradores do Parque dos – uma das reivindicações
Sabiás, José Martins dos dos moradores do
Santos, o Zezinho. local –, o presidente da
O Parque dos Sabiás associação conta que,
fica ao lado do Adelino aos finais de semana, as
Simioni, no extremo da crianças se reúnem na
Zona Norte da cidade. praça para brincar.
Faz limite com a rodovia “O bairro tem apenas
Anhangüera. duas entradas.
Segundo Zezinho, o É praticamente um
bairro só passou a ser condomínio fechado.
reconhecido oficialmente A região é o melhor lugar
no guia de ruas da cidade, da cidade para se morar”,
há três anos e meio. diz o presidente da
Mesmo sendo um bairro associação.
 Junho de 2008 A CiDADe 1

Outro
figura movido a feno

Quemnãoconhece
oXin-gui-lin?
“Graças a Deus que eu moro
Frete da carroça a R$ 10
aqui”, diz Rodrigo Júlio, 30,
morador do Simioni há 26
cinco carroceiros fazem ponto no quintino 2; eles transportam de tudo
anos, quando a reportagem LETÍCIA LOVO/ESPECIAL

N
se aproxima. Júlio é fanhoso
a esquina da rua De- do Gil Júnior, 30. O serviço
e a característica lhe tornou
putado Orlando Jur- mais solicitado é transporte
conhecido no bairro inteiro.
ca com a avenida Ge- de peças de eletrodomés-
Pela dificuldade em falar,
neral Euclydes de Figueire- ticos e de entulho. O pon-
alguns apelidaram-no de
do, está o ponto dos carro- to fica em uma área verde,
“Xin-gui-lin”, outros de
ceiros do bairro. Valter Ro- ao lado da Base da PM. São
“Diguin”, por causa de seu
berto Lopes, 50, o Leitão, foi cinco carroceiros. O local é
nome. Mesmo assim, Júlio
quem organizou o ponto dos ponto de encontro do bair-
é uma figura cativante de
carroceiros, que nasceu jun- ro. Em alguns dias, alguns
quem os moradores afir-
to com o bairro há 27 anos. grupos usam a mesa para
mam gostar.
“Na época, saí do meu em- jogar baralho, embalados
prego como cortador de cana, pelo som do carro de Ar-
daí a minha mãe me deu uma noldo Manoel Domingos,
carroça e um cavalo.” 74. “Coloco moda de viola
O valor do frete no ponto para alegrar o pessoal.”
do Quintino 2 custa R$ 10.
“A gente carrega de tudo.
Já transportei até cachor- Um surpreendente caso
ro morto para ser enterra- policial abalou o Quintino 2
conheça a história na PáGina 17
Valter Roberto Lopes com a carroça e o cavalo dados pela mãe: frete do”, diz o carroceiro Orlan-
1 A CiDADe Junho de 2008

Números do
Rádio é comigo mesma. É companhia o dia todo. Seu Bairro
eDil queiroz De meDeiros, 73 6.333
residências
apaixonada por rádio desde os 12, ‘não se esqueça de mim’ é a música preferida

528
estabelecimentos comerciais, in-
sintonize aí dústrias, prestadores de serviços

Elas surfam todo o

33.370
ligações de água

33.354

dia nas ondas do rádio

ligações de esgoto

2, 8 mil
linhas telefônicas

30
orelhões (telefones públicos)
donasdecasa assumem paixão pelos programas da faixa am
LETÍCIA LOVO/ESPECIAL
1 UBDS
Dr. Sérgio Arouca rua Bruno

P
rogramas de música
da rádio AM são com-
panhias indispensá-
veis para as donas-de-casa
do bairro.
Os estilos musicais pre-
feridos são a jovem guarda
e o sertanejo. Os programas
mais ouvidos são os do Co-
rauci Neto, na CMN, do Eu-
rico Júnior, do Apolinário e
Calixto, na 79, além de pro-
gramas católicos da progra-
mação da rádio Aparecida,
na CMN.
Sueli Borelli Marques
Moreira, 53, no Quintino
2 há 27 anos, se assume
ouvinte assídua do pro-
grama Show do Corauci,
na CMN, de segunda à
sexta-feira.
Bom era
ir aos
programas
de auditório
da antiga
PRA-7
sueli Borelli moreira, 53
ouvinte assumida do show do
corauci
Ela conta que o hábito
de ouvir rádio foi influência
da mãe, desde a infância.
“Algo muito bom era a
oportunidade de ir ao audi-
tório dos programas de rá-
dio na antiga PRA-7, que fi-
cava na avenida Francisco
Junqueira. Não me esque-
cerei dos dias em que assis-
timos ao Wanderley Cardo-
so e, em outra ocasião, ao
Ronnie Von. Atualmente, o
que mais gosto é de ouvir
Chitãozinho e Xororó”, diz.
‘Comigo mesma’
Edil Queiroz de Me-
deiros, 73, moradora do
Quintino 2 há 27 anos,
conta ter tido o primeiro
contato com rádio aos 12
anos, quando se mudou
para Ribeirão.
“Rádio é comigo mes-
mo. É uma companhia du-
rante o dia todo”.
A música “Não se es-
queça de mim”, do Rober-
to Carlos, é a preferida de
Maria Martins Dovigues,
65. Enquanto dá entrevis-
ta, ela chega até a cantaro-
lar a canção.
“Começo a ouvir rádio
às 4h45 da manhã e, con-
forme vou fazendo o ser-
viço de casa, cuidando da
netinha, ouço os progra-
mas do Eurico Júnior, do
Calixto. Até ligo para par-
ticipar, pedir e oferecer
música”, diz.
Pelicani, 70. Tel.3974-8006.
Mototáxi
Econômico avenida Demétrio
Chaguri, 457. Tel. 3638-8590.
Corrida até o Centro R$ 5.
Lino rua Dr. Demétrio Chaguri,
705. Tel. 3638-4012. Corrida varia
de R$ 5 a R$ 6.
Ônibus
- Saída da avenida Jerônimo
Gonçalves
00:05 05:44 06:12 06:36 07:00
07:24 07:48 08:12 08:36 09:00
09:24 09:48 10:12 10:36 11:00
11:24 11:48 12:12 12:36 13:00
13:24 13:48 14:12 14:36 15:00
15:24 15:48 16:12 16:36 17:00
17:24 17:48 18:12 18:36 19:00
19:24 19:58 20:36 21:08 21:38
22:08 22:38 23:08 23:38
- Chegada no Simioni (rua Antô-
nio Taveira de Miranda com rua
Chafica Salomão Assed)
- 00:09-G 00:36-G 05:05 05:36
06:00 06:24 06:48 07:12 07:36
08:00 08:24 08:48 09:12 09:36
10:00 10:24 10:48 11:12 11:36
12:00 12:24 12:48 13:12 13:36
14:00 14:24 14:48 15:12 15:36
16:00 16:24 16:48 17:12 17:36
18:00 18:24 18:48 19:18 19:35-G
20:00 20:36 21:08 21:38 22:08
22:38 23:08 23:37
- *Horário extra
- G Garagem
Fontes: Secretaria da Fazenda,
Secretaria da Assistência
Social, Secretaria da Saúde,
Edil Medeiros diz que começa ouvir rádio a partir das 4h45 Transerp, Daerp e Telefônica
 Junho de 2008 A CiDADe 1

O violeiro O bairrista abalou geral

da Chaguri exigente
O Barão do
Quintino 2
Moisésdáum8
paraobairro
Estupro que não existiu
O aposentado Luiz
Antônio de Paula, 57
Moisés Pereira dos
Santos, 38 anos, se
menina simulou ataque sexual ferindo seus órgãos
anos, está no bairro declarou um bairrista genitais; delegada diz que caso foi incomum
desde quando ele era de primeira. Para
conhecido como“ter- Santos o bairro JOYCE CURY

O
rão”. Sempre que possí- precisa de uma linha suposto estupro de te foi internada no Hospi-
vel o aposentado pega de ônibus que faça uma adolescen- tal das Clínicas para reti-
seu violão e sai fazendo o Quintino 2 até o te de 14 anos aba- rar os objetos dos órgãos
turnê pelos bares da Lagoinha. Por conta lou o Quintino Facci 2 há genitais e denunciou três
dois anos. A garota dis- rapazes, que foram pre-
rua Demétrio Chaguri e desse problema, Santos
se aos pais que iria a um sos. Dias depois, ela con-
se diz apaixonado pelo não dá nota máxima culto religioso, mas saiu fessou que havia mentido
bairro.“Conheço muita para o bairro.“Oito está com amigos e participou e os rapazes foram soltos.
gente. Saio daqui só bom”, diz ele. de uma festa regada a be- “Há quem minta sobre
se for para o cemitério bida e a sexo. Com me- estupro, mas esse caso foi
Bom Pastor”, afirma. do de voltar para casa, ela incomum”, diz a delega-
se jogou na linha do trem da Maria Beatriz Mou-
e enfiou pedras e peda- ra Campos, que acompa-
ços de madeira nos ór- nhou o caso na época.
gãos genitais. A gravidade
dos ferimentos da garo-
ta abalou a cidade e, prin- O torresmo do Menino da
A delegada Maria Beatriz: cipalmente moradores da Tábua é o maior sucesso
saBoreie a Porção na PáGina 19
surpreendida com o episódio zona Norte. A adolescen-
18 A CiDADe Junho de 2008
Fazia tempo que eu não passava noites e
noites acordada.
josiane aPareciDa custóDio, 27
sobre heloá, sua segunda filha, nascida após 7 anos do segundo filho
recém-chegada
Há 20 dias, chegou a
agitadinha Heloá
josiane, a mãe, diz que a irmã stefani, de 10 anos, ajuda com o bebê
H
eloá Vitória Custó-
dio tem 20 dias e
chegou na casa de
Josiane Aparecida Custó-
dio, 27 anos, no Avelino Al-
ves Palma, de surpresa. “Eu
não tomava remédio, mas
evitava há 7 anos. Eu não
esperava engravidar, mas
quando descobri me senti
uma abençoada por Deus”,
diz Josiane, mãe de Stefa-
ni, de 10 anos, e Eduardo,
7 anos.
A gravidez transcorreu
normalmente e a garotinha
mexia bastante e chutava a
barriga da mãe como os ou-
tros dois filhos não chuta-
ram. “Já dava para perceber
que ela seria agitada”, conta.
O difícil, segundo Josiane,
foi depois do nascimento
da bebê, se acostumar com
as noites sem sono. “Fazia
tempo que eu não passa-
va noites e noites acordada.
Ela tem muita cólica e cho-
ra muito”, afirma.
A salvação dela é a fi-
lha mais velha Stefani, de
10 anos, que se tornou a se-
gunda mãe da criança.
“Ela não tem ciúmes e
ajuda cuidar. Pega no colo
quando chora, brinca e dá
até mamadeira”, garante Jo-
siane. O filho Eduardo ain-
da não demonstrou para a
família se vai se ressentir
de perder o lugar de caçula.
“Ele está na casa da avó e só
disse que gostou dela”.
Josiane com Heloá, no Avelino Palma: Stefani, 10 anos, pega no colo quando chora e dá até mamadeira
A ª filha de Alessandra
Bianca, 3 meses, essa é boazinha demais
Bianca Faria dos Santos, 3
meses, é a filha mais nova de
Alessandra Faria dos Santos,
de 29 anos. Ela tem cinco fi-
lhos e diz que um é diferente
do outro.
“Todos eram chorões e bra-
vos. Essa é boazinha demais.
Nem parece que tem nenê
em casa”, afirma.
Segundo ela, Bianca é ama-
mentada no seio e já come-
çou a tomar suco e a comer
alguns alimentos sólidos.
“Eu dou de tudo, mas tomo
cuidado para ela não largar
do peito. Para todos os filhos
eu dei o peito. Eles ficam
mais fortes e não ficam
doentes”, afirma.
REPRODUÇÃO
Sebastiana queria
estar bonita
Ela gostava de fazer as
WEBER SIAN
unhas, arrumar o cabelo
e não saía de casa sem
estar maquiada. Sebastiana
Carvalho, 71 anos, sempre
foi conhecida no Complexo
Norte pela vaidade.
“Minha mãe tinha prazer em
se arrumar e ficar bonita”,
diz Eliana Carvalho, 46
anos, dona-de-casa. Ela
conta que a mãe sempre
trabalhou como faxineira e
nunca descuidou das unhas.
Em algumas casas onde foi
empregada doméstica foi
até confundida com a pa-
troa porque estava sempre
arrumada.
“Ela fazia todo o tipo de
receita caseira para manter
a pele e os cabelos bonitos”,
afirma a filha.
No início da década de 90,
Sebastiana teve um derra-
me cerebral enquanto traba-
lhava no Hospital São Paulo
e desde então ficou na cama
sem poder andar e falava
muito pouco. Nos últimos
anos se tornou evangélica.
“Um pastor vinha conversar
com ela todos os dias e ela
resolveu se batizar na igreja
O primeiro filho de Alessan-
da Fé”, diz Eliana.
dra nasceu quando ela tinha
Sebastiana morreu há um
18 anos e de lá para cá ela
mês. Suas duas filhas e
não parou mais.“Acho que
quatro netos já não poderão
não existe coisa melhor na
mais vê-la bonita, arrumada,
vida. Os filhos melhoram a
maquiada e perfumada.“Ela
vida da gente”, afirma.
foi um exemplo para todos
Para cuidar de todas as crian-
nós. Nunca reclamou da
ças, Alessandra conta com a
doença e sempre teve muita
ajuda dos outros filhos.
fé em Deus”, afirma Eliana.

Uma gelada
Diariamente, após o trabalho, passo aqui
para, pelo menos, tomar uma cervejinha.
eDmilson nascimento silva, 34
Frentista que confessa que o uso do cachimbo fez a boca torta: uma gelada é de lei
quem resiste
Toneladas à pururuca
bar menino da tábua diz vender 1,5 tonelada de torresmo por mês;
porção custa r$ 2,5 e vem com mandioca e limãocravo
O
dono diz vender 1,5
tonelada de torres-
mo por mês.
Seriam pelo menos 50
quilos de torresmo consu-
midos por dia. O Menino
da Tábua é o bar e merce-
aria mais movimentado do
bairro, na avenida Magid
Simão Trad.
O torresmo crocante e
os acompanhamentos da
porção – mandioca cozida
e limão cravo – fizeram a fa-
ma do bar.
A porção de torresmo
sai por R$ 2,5 e dá para pe-
lo menos três pessoas.
“Preciso manter a forma,
mas o torresmo do Menino
é imperdível” diz o admi-
nistrador de empresas Car-
los Reinaldo Ferreira, 37.
“Diariamente, após o tra-
balho, passo aqui para to-
mar, pelo menos, uma cer-
Junho de 2008 A CiDADe 1
Torresmo com
mandioca e
limão- cravo
Ingredientes:
- 250 gramas de panceta
(torresmo) picada em cubos
- 250 gramas de mandioca
amarela
- 50 gramas de cheiro verde
- sal
- óleo
- alho
- pimenta-do-reino
Temperar o torresmo
com sal e fritar em fogo
alto por 20 minutos.
FOTOS J.F.PIMENTA
Quase ao final, jogar
vejinha”, conta o frentista óleo por cima para
Edmílson Nascimento Sil- pururucar o torresmo.
va, 34. Cozinhar a mandioca
O dono do bar, Antô- até ficar macia, deixar
nio Augusto Ferreira, 55, o esfriar, temperar com
Toninho, está no local há molho de salada e cheiro
25 anos. Diz ter oito forne- verde batido. Montar
cedores de torresmo, pa- a porção e servir com
ra não enfrentar problemas limão-cravo. Acompanha
de abastecimento, já que a bem cerveja geladíssima
quantidade é grande. e um bom jogo de truco.
“Pelo movimento inten-
so, além da calçada, pas-
samos a colocar mesas na
varanda de casa, que fica
ao lado do bar. Assim, aco-
modamos melhor os nos-
sos clientes”, diz. Ferreira
tem nove funcionárias que
trabalham no balcão, cozi-
nha e divide a coordenação
do bar com a esposa, Zélia
Batista Ferreira, 48.
A receita do torresmo é
ela quem dá, mas afirma
não haver segredo. O dono do bar, Antônio Augusto Ferreira e a porção de torresmo
20 A CiDADe Junho de 2008

zap!
J. F. PIMENTA

Sassá Mutema, José Carlos Barboza, Antonio Coutinho e Jeová Pereira da Silva (da esq. para dir.): os mesmos sinais há dez anos e a companhia do cachorro Mosquito

Seis, bandido! O truco de quebrar mesa

há 10 anos, quatro amigos fazem as mesmas duplas e estendem o jogo até a hora do jantar

O
truco é sagrado pa-
ra um quarteto de
amigos da rua Wil-
son Roberto de Jesus. Eles
se reúnem na frente da loja
de fotos de José Carlos Bar-
boza, 69, um dos jogado-
res. Há 10 anos, a vizinhan-
ça acompanha a mesma ro-
tina aos sábados, domingos
e feriados, após o almoço.
O jogo dura até a hora do
jantar, perto das 20h.
As duplas são sempre as
mesmas: Barboza e Jeová
Pereira da Silva, 74, con-
tra Antônio Coutinho, 63,
e José Faria Medeiros, 64,
o Sassá Mutema - conheci-
do por causa do chapéu se-
melhante ao que o perso-
nagem de Lima Duarte usa-
WEBER SIAN
va na novela “O Salvador da
Pátria”, exibida pela Globo,
em 1989.
A preparação que ante-
cede o jogo envolve levar
uma mesa de madeira pa-
ra a calçada, cada um o seu
banco, uma toalha branca
quadriculada e olho de ca-
bra para contar os pontos.
A mesa, dizem, é nova, foi
feita recentemente por Me-
deiros. “A que usamos es-
ses anos todos desmontou
após um murro forte que
demos num desafio do tru-
co. O nosso amigo poliva-
lente fez uma reforçada”,
conta Coutinho.
A esposa de Barboza,
Madalena, diz ficar com
dó do quarteto. “Passam o
tempo todo sem comer, daí
levo-lhes um refrigerante,
pão, café”, diz.
Além do grupo, um
mascote fiel, o cão vira-la-
ta Mosquito, acompanha o
truco sagrado de cada se-
mana. “Ele tem 18 anos. É
pai, avô e bisavô de todos
os cães da rua”, brinca Cou-
tinho.

em tempo integral
Da janela da escola, o menino chama a mãe para ir buscá-lo
Rosemeire Paula Lima se queixa do ensino dado pela escola estadual Baldílio Biagi, no Adelino
Simioni. A escola funciona em tempo integral.“Ninguém agüenta estudar o dia inteiro sem outra
atividade. Tem dia que o meu menino me grita para ir buscá-lo porque ele não agüenta mais”, diz.
A escola teve uma das piores notas no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado
de São Paulo), um indicador criado pelo governo estadual para avaliar as condições da qualidade
do ensino na rede. A Secretaria de Estado da Educação não quis comentar o caso.

Matéria-prima
e recicláveis
O grupo também aceita
doação de matéria-prima
para fazer os produtos e de
embalagens recicladas.
“Também precisamos de
retalhos de malhas para fa-
zer as cuecas e as calcinhas”,
completa Elenir.
Para a dona-de-casa Selma
Aparecida Lopes, 36 anos,
aprender a bordar e a fazer
os produtos de limpeza
ajuda as mulheres a ocupar
o tempo e ao mesmo tempo
a ter uma renda financeira.
Quem foi
Laura Vicuña
Nasceu em Santiago, no
Chile, em 1891 e morreu 13
anos depois. A mãe tenta
abusar dela. Não consegue
e a agride. A menina então
resolve oferecer a sua vida a
Deus. Em 1988, o Papa João
Paulo 2º beatificou a menina
que se tornou padroeira das
vítimas de incesto e maus-
tratos. O dia dela é comemo-
rado em 22 de janeiro.
Junho de 2008 A CiDADe 21
Para se dar sempre bem WEBER SIAN
Elas aprendem a fazer desinfetantes,
amaciantes e até sabão em pó.
irmã maria amélia Dos santos
uma das monitoras do curso para as moradores do quintino 2
melhor caminho
Geração de renda
voluntárias e freiras do instituto laura vicuña ensinam moradores a
fazer desinfentantes, calcinhas e cuecas; dinheiro extra para todos
WEBER SIAN
U
m programa de ge-
ração de rendas que
inclui a produção de
materiais de limpeza e a
confecção de calcinhas e
cuecas está nascendo na
favela do Adelino Simioni
com a colaboração de vo-
luntárias e freiras do Insti-
tuto Vida Laura Vicuña, da
rede Salesianas.
Na entidade, que fica
na favela da avenida Magid
Simão Trad, também são
oferecidos à comunidade
aulas de bordado, reforço Voluntárias e freiras ensinam moradoras do Quintino a fazer produtos de limpeza: tem aula de bordado também
escolar, informática. Pelo
menos 300 pessoas rece-
bem diariamente um prato A intenção da entidade “Tudo volta para as rafas pets e de produtos de
de sopa na entidade. é vender os produtos e re- pessoas daqui e para a so- limpeza, tudo reciclado.
“Elas estão aprenden- verter a renda para a sobre- brevivência delas e para “Colocamos a etique-
do a fazer desinfetantes, vivência da comunidade. mantermos a produção ta, a data de fabricação, e
amaciantes, detergentes e funcionando”, diz Elenir nosso produto é original.
sabão em pedra e em pó”, A partir de R$ 5 Fradique da Silva, direto- Temos a receita e funcio-
diz a irmã Maria Amélia Os produtos são vendi- ra da entidade. na muito bem”, diz Rosilete
dos Santos. dos a partir de R$ 5. As embalagens são gar- Tavares da Silva, 51 anos.
22 A CiDADe Junho de 2008
FOTOS LETÍCIA LOVO/ESPECIAL

Todos ficam felizes em participar porque o

jogo, antes de tudo, faz uma higiene mental.
aDelino marin,68
um dos craques da equipe de malha do quintino 2

no gancho

Na cancha do
Quintino 2,
eles dão show
equipe de malha do bairro disputa campeonato
contra times de sertãozinho, batatais e jaboticabal Adelino Marin, na cancha de malha do bairro: treinos e competições

O
s aposentados dos
bairros Quintino
Facci 2, Adelino Si-
mioni e Avelino Palma, se
divertem jogando malha.
Até o final do ano, eles
disputam um campeonato
que reúne cinco equipes de
Ribeirão Preto e de cida-
des como Sertãozinho, Ba-
tatais, Jaboticabal e Morro
Agudo.
Os jogos acontecem to-
dos os domingos a partir
das 8 horas na cancha de
malha que fica na rua Or-
lando Jurca, ao lado do ba-
talhão da Polícia Militar.
“Fazemos um jogo em
Ribeirão e o outro nas cida-
des participantes. No pró-
ximo domingo é aqui no
bairro”, diz Adelmo Marin,
68 anos.
O torneio oferece dois
troféus, um de campeão e
o outro de vice-campeão.
Não existe premiação em
dinheiro.
“Todos ficam felizes em
participar porque o jogo
antes de tudo faz uma hi-
giene mental e é ideal pa-
ra as pessoas da terceira
idade”, diz.
A equipe do Quintino
Facci 2 treina de sexta-feira
e sábado durante a noite e
joga todos os domingos.
O presidente da Associa-
ção de Bairros do Quintino
Facci 2, Eurípedes Ignácio
dos Reis, diz que mantém a
pista reformada porque sa-
be da importância do jogo
para os moradores.
“Para quem está apo-
sentado não tem melhor
diversão e a equipe daqui é
boa e traz troféus”, afirma.
No dia 19 de junho,
aniversário de Ribeirão
Preto, acontece um tor-
neio relâmpago que ofe-
rece também dois troféus
para o vencedor e o se-
gundo lugar.
“Fazemos uma disputa
interna para movimentar o
grupo”, afirma Marin.

eles ainda machucam a bola

O sonho da garotada é jogar futebol
Os corintianos Fabrício
Moraes de Moura, Felipe
Moraes da Silva e Leonado
Ramos Peres, todos com
13 anos, estão na lista dos
garotos que pretendem ser
jogador de futebol.
“O Felipe joga bem”, fala o
goleiro Leonardo revelando
ter tomado vários gols do
então ponta-direita.
Os garotos sonham um dia
em vestir a camiseta do
“Timão”.
Só experiência
Como experiência, eles
jogam no time Vila Elisa que
disputa a Copa Federação
Paulista de Futebol Infantil
do Interior de São Paulo.
“Ganhamos dois jogos”, fala
o atacante Fabrício, sem ao
menos saber a classificação
do time na competição.
“Prefiro mesmo é jogar”.
Como a garotada do
Corinthians que treina no
Terrão do Parque São Jorge,
os meninos do Quintino
Facci 2 jogam no “matão” do
campo do bairro que fica na
rua Orlando Jurca.
“Mesmo com mato alto
a gente joga lá”, comenta
Leonardo. Garotada joga futebol no Quintino 2: o sonho da maioria é jogar no Timão
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2 A CiDADe Junho de 2008