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Abrir portas onde se erguem muros Director: Manuel Carvalho Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • Ano XXXI • n.º 11.263 • Edição Lisboa • Assinaturas 808 200 095 • 1,80€

EUA O Inimigo Público

Ascenso Simões
Biden tenta pediu amizade
nas redes
“reajustar” sociais aos
laços com a talibãs que
destruíram
A rábia SSaudita
Arábia audita os budas
Mundo, 20 de Bamiyan

Apenas 55%
responderam
ao SMS
O presente de para serem
1984
continua
vacinados
contra a covid
a ser agora

2021
Marcelo Rebelo de Sousa pediu
ontem que o con namento seja man-
tido até à Páscoa e avisou que este é
“um tempo arriscado para mensa-
g
gens confusas ou contraditórias”. O
Governo está agora disponível para
mexer na Lei do Ruído, depois de ter
dado “nega” a Marcelo. Já a DGS
reviu os critérios e quer testes maci-
ços também em concelhos com
menos de 480 casos por 100 mil
habitantes Destaque, 2 a 6

O ano
George Orwell Juíza iliba autarcas que
gozaram viagem-prenda
ípsilon

Considerou que são “usos e costumes” Política, 14

Autárquicas
A Apesar do BCE
PSD e CDS Mercados
llançam Carlos apostam
Moedas contra no fim da era
Medina de juros baixos
O ex-comissário europeu é candida- BCE diz que os estímulos não vão
to à Câmara de Lisboa nas próximas desaparecer, mas os mercados
eleições autárquicas. Falta ainda o temem que subida da in ação o faça
anúncio sobre o Porto Política, 12 mudar de ideias Economia, 24

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ISNN-0872-1548
 Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.
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2 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Destaque Covid-19
Apenas 55%
responderam
ao SMS
para serem
vacinados
Já foram enviadas 30.500 mensagens
escritas por telemóvel e obtidas 16.799
respostas. Das pessoas que responderam,
apenas 2,47% recusaram ser imunizadas
Ana Maia
D
esde que se iniciou a vaci-
nação contra a covid-19 das
pessoas com mais de 80
anos e entre os 50 e os 79
com pelo menos uma das
quatro doenças classi ca-
das de risco “foram enviadas
30.500” SMS — mensagens escritas
por telemóvel — de agendamento e
“obtidas 16.799 respostas, ou seja,
55.08%”, revelou ao PÚBLICO a Ser-
viços Partilhados do Ministério da
Saúde (SPMS). Destas, “16.393 pes-
soas responderam sim à vacinação
e 406 disseram não”, o que signi ca
que apenas 2,47% recusaram ser
imunizadas.
Embora o número de agendamen-
tos seja crescente — a 2 de Fevereiro,
véspera do início da vacinação des-
tes dois grupos prioritários, o Minis-
tério da Saúde disse à Lusa terem
sido enviadas cerca de 850 SMS —,
há uma grande percentagem que
ca sem resposta. “Importa reforçar
que todos os utentes serão contac-
tados, sendo a SMS apenas o meio
preferencial, em virtude da sua sim-
plicidade”, diz a SPMS. Que explica
que “nas situações em que se veri
que uma ausência de resposta à
SMS, os centros de saúde podem
sempre convocar os utentes para
vacinação através de chamada tele-
fónica e, em último recurso, enviar
carta”.
A mensagem “é enviada quatro
dias antes para dar tempo a que as
equipas [dos centros de saúde] pos-
sam contactar”, explica o presiden-
te da Associação Nacional de Uni-
dades de Saúde familiar (AN-USF),
referindo que “na faixa etária dos
50-65 anos — os que estão a ser con-
vocados agora para tomar a vacina
da Astrazeneca — a taxa de resposta
estará acima dos 70%”, sendo “mais
baixa nos idosos, devendo estar em
50%”, mas depende dos locais. A
ausência de resposta, explica Diogo
Urjais, não é porque as pessoas não
queiram ser vacinadas — “a maioria
quer” —, mas porque muitos idosos
“não têm telemóvel ou não o sabem
usar”. Há também um trabalho de
colaboração que está a ser feito
pelas autarquias e juntas de fregue-
sia, que criaram call centers ou têm
equipas que vão a casa das pessoas
quando não há outra maneira de as
contactar, “porque não têm lhos
ou um número actualizado”.
Actualizar contactos
“Se a pessoa não responde ao SMS,
por precaução ligamos. Mas por
vezes não conseguimos contactar as
pessoas por falta de um contacto
actualizado. Por isso, faço esse ape-
lo”, diz Mariana Freire, coordena-
dora da USF Alvalade, unidade em
Lisboa que já vacinou 996 pessoas.
Uma das formas de actualizar os
contactos é através do covid-19.min-
saude.pt. Segundo a SPMS, este
mecanismo já “foi usado 65.160
vezes, estando já actualizados os
contactos alterados até ao dia 22 de
Fevereiro”.
Mas o processo nem sempre é
fácil, com alguns utentes a queixa-
rem-se de que os novos dados não
são assumidos. Questionada, a
SPMS explica que, “neste momento,
a actualização de contactos ainda
demora alguns dias”, mas que estão
a “alterar o serviço para que, até ao
nal desta semana, passe a ocorrer,
no máximo, em 24 horas, passando,
nessa mesma altura, o utente a
constatar essa alteração no portal
Há ainda casos de
pessoas que ao
preencherem o
inquérito se percebe
que têm critérios de
exclusão, como já
terem tido covid
Mariana Freire
Coordenadora USF Alvalade
logo que esta se veri que”.
Não são só estas questões que
podem tornar a convocatória dos
idosos “um processo mais moroso”.
“Muitas vezes o contacto que está
associado é o de um lho. Quando
ligamos, tem de falar com o pai ou a
mãe e por vezes é preciso mais de
um contacto para o agendamento. O
sistema informático permite associar
o contacto preferencial, mas não
permite adicionar informação para
saber de quem é o número”, diz Dio-
go Urjais.
Há ainda a forma como se respon-
de ao SMS. A SPMS explica que men-
sagem explica como devem respon-
der. “O SMS é enviado do número de
2424 com o local, a data e a hora.
Este SMS carece de uma resposta
através do formato: SNS.NUMERO
UTENTE.SIM ou NAO. Quando o
utente responde sim ou não, ca
registada essa con rmação.”
Quando a resposta vai com um
formato errado, o utente recebe a
seguinte mensagem: “COVID19: For-
mato da resposta incorrecto. Res-
ponda: SNS.NUMERO UTENTE.SIM
ou NAO.” Se responder com um
número de SNS de um utente que
não é elegível para esta fase “recebe
informação de que o número de
utente da resposta não coincide com
o número de utente da pessoa con-
tactada”, explica a SPMS, acrescen-
tando que no dia anterior à vacina-
ção é enviado um lembrete com a
hora e o local onde a pessoa será
vacinada.
Faltas pontuais à vacinação
Mesmo entre as pessoas que respon-
dem sim, há quem não se apresente
no dia da vacinação, o que leva à con-
vocatória de outros utentes num curto
espaço de tempo por causa da valida-
de das vacinas depois de prontas para
serem administradas. Da experiência
que tem, Mariana Freire fala “em casos
pontuais”. “Tivemos uma senhora já
com muita idade que no dia acabou
por não querer sair de casa e um outro
utente que disse que já não queria por-
que os familiares achavam que podia
ser arriscado. Há ainda casos de pes-
soas que, ao preencherem o inquérito,
se percebe que têm critérios de exclu-
são, como já terem tido covid.”
“Por isso é que é obrigatório que
existam listas de suplentes, que
devem ser contactados previamente
a avisar que poderão vir a ser chama-
dos”, diz Diogo Urjais, que também
fala em casos pontuais e dá outros
exemplos que levam a faltas: “A pes-
soa pode estar doente, perceber-se
que tem uma alergia, ter caído e não
se poder deslocar. ”
À medida que o processo avança,
os centros de saúde vão percebendo
o que é preciso melhorar. “Alguns dos
utentes que chamámos acabaram por
se con nar fora de Lisboa. Alguns
vieram de propósito para fazer a vaci-
na, mas outros dizem que vão tentar
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ANDRÉ KOSTERS/LUSA
fazê-la no centro de saúde na zona
onde estão. Para estes casos não há
uma indicação”, diz Mariana Freire,
que explica que “o utente não sai da
lista, deixamos uma nota para voltar
a contactá-lo para ser vacinado”.
“A lei do registo nacional de uten-
te permite a inscrição temporária até
um ano num outro centro de saúde
— não elimina a inscrição-mãe —, mas
o sistema informático não foi adap-
tado. Alguém terá de dar uma orien-
tação para que sejam inseridos
manualmente na lista desses locais
para serem vacinados”, refere Diogo
Urjais, que chama a atenção para os
utentes que caram inactivos na lista
dos médicos de família por não fre-
quentarem o centro de saúde há mais
de três anos. “Estes utentes não estão
a ser inseridos em nenhuma lista.
Tem de se desbloquear esta inscrição
ou serem colocados na lista de uten-
tes sem médico de família.”
A SPMS diz que “os utentes inacti-
vos constam das listas das unidades
que já estão a agendar para vacina-
ção. No entanto, alguns carecem de
procedimentos adicionais para
entrarem na lista de elegíveis, tais
como, por exemplo, a emissão de
uma declaração pelo seu médico
assistente, atestando que o mesmo
reúne as condições para ser vacina-
do na fase 1”. Já as pessoas que não
têm unidade atribuída “vão integrar
as listas das unidades no início da
próxima semana”.
DGS mexe nos valores de referência
Regras para testagem maciça vão mudar
Rita Ferreira
A
evolução da pandemia em
Portugal, que registou uma
quebra acentuada no núme-
ro de novos casos de infec-
ção nas últimas duas sema-
nas, levou a Direcção-Geral
da Saúde a rever a norma que de nia
os critérios segundo os quais se deve-
riam fazer testes regulares em esco-
las, prisões e empresas. Em resposta
ao PÚBLICO, a DGS a rma que “em
função da evolução da situação epi-
demiológica vão ser consideradas
incidências inferiores às que actual-
mente estão previstas na norma e que
respondem melhor às necessidades
de testagem para a fase actual e pró-
ximas fases da epidemia”.
A DGS não esclarece qual será a
incidência a ter em conta para que os
Farmacêuticas ouvidas sobre vacinas no Parlamento Europeu
Nem a escassez levará a transferência de tecnologia
Clara Barata
A
pergunta foi feita repetidas
vezes pelos eurodeputados
que participaram na audi-
ção às farmacêuticas que
desenvolveram vacinas con-
tra a covid-19: estariam dis-
postas a abdicar, de forma temporá-
ria, do direito de propriedade intelec-
tual, ou a fazer acordos de
transferência de tecnologia para que
as suas vacinas pudessem ser produ-
zidas por mais empresas, até noutros
países? A resposta, ouvida na reunião
conjunta dos Comités de Saúde Públi-
ca e de Indústria, teve vários matizes,
mas rumou sempre ao “não”.
É verdade que algumas grandes
farmacêuticas, como a AstraZeneca e
a Johnson & Johnson, têm um modelo
de produção que assenta no estabele-
cimento de transferência tecnológica.
“Tenho o privilégio de liderar um gru-
po com uma forte liderança europeia,
com 12 centros, e que se comprome-
teu com o acesso justo às vacinas”,
começou por dizer Pascal Soriot, o
administrador do grupo britânico-
sueco que foi alvo de grande parte das
perguntas — por não estar a conseguir
fornecer a quantidade de vacinas à
União Europeia com as quais se com-
prometeu contratualmente.
Mas Soriot frisou que o modelo de
trabalho do seu grupo inclui a trans-
ferência tecnológica para vários par-
ceiros, e não só na Europa — o mais
conhecido é o Serum Institute, na
concelhos quem dentro do universo
de testagem maciça, esse valor só será
conhecido quando a norma for publi-
cada. Actualmente, tal como refere a
norma publicada a 12 de Fevereiro,
entravam nesta categoria todos os
concelhos com uma taxa de incidên-
cia igual ou superior a 480 casos por
100 mil habitantes.
No boletim de segunda-feira, em
que foram revelados os dados de inci-
dência por concelho, estavam nos
dois patamares mais elevados, por-
tanto acima dos 480 casos por 100
mil habitantes, 113 concelhos: 15 em
risco extremo e 98 em risco muito
elevado, número que deve ser já bas-
tante menor, uma vez que tem havido
uma descida de novos casos diários
de infecções pelo novo coronavírus.
O que signi ca que, a manterem-se os
critérios da DGS, a tal testagem maci-
Índia, que abastece os mercados asiá-
ticos com a vacina da AstraZeneca.
Instado pelos eurodeputados, no
entanto, a rmou que nem tudo se
pode reduzir a “partilhar patentes”.
“O problema não está aí, mas em atin-
gir a escala de produção necessária.
Mesmo que haja transferência de tec-
nologia, não é só enviar uma receita,
é preciso ensinar a trabalhar, validar
a produção. Isso leva tempo”, frisou.
“É preciso garantir que a vacina pro-
duzida na América Latina é a mesma
que na Europa”, exempli cou.
Stepháne Bancel, o administrador
da Moderna, quase ecoou o discurso
de Soriot neste aspecto. Ao contrário
da AstraZeneca, a biotecnológica nor-
te-americana não fez qualquer com-
Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca, foi ontem ouvido
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 3
ça iria abranger um número muito
reduzido de concelhos.
Segundo a norma em vigor, “para
o controlo da transmissão comunitá-
ria, estão recomendados rastreios
laboratoriais regulares nos concelhos
com incidência cumulativa a 14 dias
superior a 480/100.000 habitantes
nos estabelecimentos de ensino
secundário aos alunos, pessoal
docente e não-docente; nos estabele-
cimentos prisionais aos reclusos e
pro ssionais; e nos contextos ocupa-
cionais de elevada exposição social
(nomeadamente, fábricas, constru-
ção civil, entre outros) aos respectivos
pro ssionais”. E é nestas situações
que “devem ser utilizados testes rápi-
dos de antigénio com uma periodici-
dade de 14/14 dias”. O que vai mudar
é o número de 480, que pode baixar
um ou mais patamares da escala que
promisso de não lucrar com a pande-
mia, ou de garantir preços baixos das
suas vacinas. E sublinhou as di cul-
dades da transferência de tecnologia.
“Quando começou a pandemia, éra-
mos uma empresa pequena, com 800
pessoas. A produção na Europa seria
feita na Suíça. Mas foi preciso destruir
uma sala e reconstruir, para colocar
o equipamento adequado. Não temos
trabalhadores ou equipamento su
ciente para fazer a transferência de
tecnologia”, a rmou.
Angela Hwang, presidente para o
sector de biofarmacêutica global do
grupo P zer, torna claro que um pro-
cesso de transferência de tecnologia
demora pelo menos dois anos. E qual-
quer coisa que ponha em causa os
BRENDA GOH/REUTERS
é usada nacional e internacionalmen-
te para medir a incidência.
Da nova estratégia de testagem
resulta ainda o alargamento do uni-
verso de pessoas a testar. Até terça-
feira passada só eram testados os
contactos considerados de alto risco,
sendo que agora serão testados “doen-
tes com suspeita de infecção por
SARS-Cov-2” e “contactos de alto e
baixo risco de um caso con rmado”.
Segundo a DGS, “a nova versão, em
preparação, consolidará os eixos
estratégicos, tendo em vista o seu ali-
nhamento com as necessidades a nível
nacional e com as recomendações do
ECDC e OMS, não perdendo de vista
que os testes em larga escala, integra-
dos com as outras medidas de Saúde
Pública, são um dos elementos chave
para limitar a propagação da covid-
19”. com Ana Dias Cordeiro
direitos de propriedade intelectual
são uma grande “bandeira vermelha”
para esta multinacional, porque para
desenvolver a vacina contra a covid-
19 com a alemã BioNtech foi usado
um investimento próprio de dois mil
milhões de dólares, sublinhou.
Hwang não explicou, mas o que
está a dizer é que a P zer não bene
ciou das enormes somas avançadas
pelo Governo dos EUA a várias empre-
sas — como a Moderna — para o de-
senvolvimento, em velocidade-recor-
de, de vacinas contra a covid-19.
Mas, por outro lado, a BioNtech,
que inventou a vacina que explora em
parceria com a P zer, foi nanciada
com dinheiros europeus — e os con-
tratos assinados com a Comissão
Europeia, para a compra das vacinas,
ainda antes de estarem prontas, con-
tam como nanciamento.
Por isso Suerie Moon, co-directora
do Global Health Centre de Genebra,
sublinhou que o sector público aca-
bou por subsidiar o desenvolvimento
das vacinas contra a covid-19, retiran-
do-lhe muito do risco. Pelas suas con-
tas, a União Europeia terá investido
21.700 milhões de euros e o consórcio
P zer-BioNtech, que hoje é aquele ao
qual a UE adquiriu mais vacinas, é o
que mais bene ciou.
“É essencial uma melhor adminis-
tração dos poderes públicos”, por-
que as novas variantes e a necessida-
de de revacinação estão a “criar um
lucrativo mercado”, disse Suerie
Moon.
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4 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Destaque Covid-19
Marcelo afirma-se de pedra
e cal ao lado do Governo
na gestão da pandemia
Desconfinamento
Leonete Botelho e Maria Lopes
O
“É uma questão Presidente da República até
começou a declaração de
ontem ao país, sobre a reno-
de prudência
vação do estado de emer-
gência a repetir o essencial
dos argumentos a favor de
manter a Páscoa um descon namento acelerado, mas
depois olhou para o “outro prato da
balança” — o número de internados
como marco”, por covid-19, os atrasos nas vacinas e
as insu ciências dos rastreios — e dis-
se que tal não é possível.
diz o Presidente Depois de carregar no acelerador,
Marcelo Rebelo de Sousa travou a
fundo e deixou claro que está de
pedra e cal ao lado do Governo na
estratégia de gestão da pandemia. O
con namento é mesmo para manter
até à Páscoa — “um tempo arriscado
para mensagens confusas ou contra-
ditórias”, a rmou. “É uma questão
de prudência e segurança”, acrescen-
tou, depois de considerar que “abrir
sem critério antes da Páscoa, para
nela fechar logo a seguir, e voltar a
abrir depois dela”, seria errado:
Marcelo diz que “descon nar a correr “Quem levaria a sério o rigor pas-
cal?”
por causa dos números [menos “Implica isto mais umas semanas
negativos] destes dias será tão tentador de sacrifícios pesados e, por isso, que
o Estado vá mais longe em medidas
quanto leviano”. “Não vamos cometer de emergência e de futuro arranque?
Implica”, a rmou o Presidente. A
os erros do passado”, garante alternativa, justi cou, poderia ser
Situação em Portugal
Em 25 de Fevereiro de 2021, às 14h30
Internados (total) Em UCI
2613 536
Mortes
16.185
-154 -31 +49
NOVOS CASOS DIÁRIOS
17.000
12.750
8500
4250
0
M A
Fontes: DGS
M J J A
“ter de as tomar mais tarde multipli-
cadas por dois ou três”.
Marcelo Rebelo de Sousa tinha
começado por dizer que descon nar
o mais rápido possível “é mesmo o
mais sedutor, perante o cansaço des-
tas exigentes semanas”, e até concor-
dou que a abertura deve começar
pelas escolas.
Repetiu os argumentos de quem o
defende — a crise económica e social,
a saúde mental, o segundo ano lecti-
vo “atropelado”, a convicção de que
o país já não volta aos números
negros do m de Janeiro. Mas contra-
pôs, mais à frente, que “nunca se
pode dizer que não há recaída ou
recuo” e lembrou que “os números
que nos colocaram no lugar de piores
DANIEL ROCHA
Recuperados
711.713
Activos
73.848
+2659 -1548
Total de casos
801.746 +1160
S O N D J F
PÚBLICO
da Europa e do mundo são de há um
mês, tal como de há menos de um
mês são as las de ambulâncias à por-
ta dos hospitais”.
Marcelo também compreende a
proposta de vacinar mais cedo a
população escolar para acelerar a
abertura, mas lembrou que, “por
atraso nas entregas de vacinas, não
haverá, provavelmente, no próximo
mês, mês e meio, vacinação, para
garantir tudo o que se quer garantir,
desde logo nas escolas”.
Insistiu, como há 15 dias, que é pre-
ciso “testagem e rastreio mais amplos
e virados para o mais urgente”, que
no caso das escolas poderia ser “com
testes simples, rápidos mas áveis”.
Mas compreende que “testar e ras-
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Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 5

Casos de covid-19
À segunda investida de Marcelo, Governo admite alterar a Lei do Ruído
Portugal passa do pior
para 20.º lugar na Europa
O
Governo está analisar o não está excluída.
pedido do Presidente da O actual Regulamento Geral
República feito há 15 dias
no decreto que renovou o
do Ruído define “ruído de
vizinhança” como todo o som
em duas semanas
estado de emergência e associado ao uso habitacional e
repetido agora no novo às actividades que lhe são
decreto. Nos dois últimos inerentes, produzido vermelho e passou ao nível laranja,
Filipa Almeida Mendes

decretos regulamentares do
estado de emergência, o chefe
de Estado propôs que se
limitassem os níveis de ruído
nos prédios durante o estado
de excepção. Com uma fatia da
população em teletrabalho e
com os estudantes em regime
de ensino à distância, Marcelo
Rebelo de Sousa sugeriu a
limitação de “determinados
níveis de ruído mais reduzidos
em decibéis ou em certos
períodos horários, nos edifícios
habitacionais, de modo a não
perturbar os trabalhadores em
teletrabalho”. No anterior
decreto, o Governo ignorou a
proposta do Marcelo Rebelo de
Sousa.
Fonte do Governo, porém,
disse ontem ao PÚBLICO que a
resposta sobre a questão da Lei
do Ruído deverá ser dada após
a reunião que o Conselho de
Ministros dedica hoje à
pandemia, mas acrescenta que
existem diversas dificuldades
em cumprir a vontade do
trear, em escassíssimas semanas, nos
termos que permitam a segurança
necessária, pode ser complicado,
mesmo só para as escolas”. Acresce
que “o número de internados ainda
é quase o dobro do indicado pelos
intensivistas” e que o número de
doentes em cuidados intensivos “é
mais do dobro do aconselhado, para
evitar riscos de novo sufoco”.
Perante todas estas “razões opos-
tas”, como decidir? Simples, disse
Marcelo: “Decidir deve ser basear-se
na consciência de quem decide, e
não na preocupação de seguir a opi-
nião de cada instante. Ora quer
fechar por medo, ora quer abrir por
cansaço.”
E decidir em consciência “é fun-
dar-se em critérios objectivos e cla-
ros, como os dos indicadores da gra-
vidade da pandemia e da pressão nas
estruturas de Saúde, da vacinação,
da testagem e do rastreio” e dar “os
sinais certos” aos portugueses. Mas
sobretudo, disse o Presidente, “deci-
dir supõe, nesta pandemia, a solida-
riedade institucional e estratégica
entre o Presidente da República, a
Assembleia da República e o Gover-
no”. Com um único m, sublinhou:
“Enfrentarem, juntos, a causa
comum. Assim tem sido. Assim con-
tinuará a ser.”
Tal como há 15 dias, Marcelo insis-
tiu na necessidade de um plano de
Presidente da República, de
assegurar “níveis de ruído mais
reduzidos em decibéis ou em
certos períodos horários, nos
edifícios habitacionais, de
modo a não perturbar os
trabalhadores em teletrabalho”.
A mesma fonte
governamental diz “ser difícil
ter um polícia em cada casa a
controlar se as obras ou se o
cão de vizinhos está a fazer
ruído com decibéis acima do
permitido” fora do horário
previsto na lei. Ainda assim a
possibilidade de alterar a lei
reabertura, mas sem pressa: “Planear
o futuro é essencial, mas descon nar
a correr por causa dos números des-
tes dias será tão tentador quanto
leviano.”
O Presidente, que volta a insistir
ser “o principal responsável, pela
natureza das coisas”, pela resposta
do país à pandemia, lembra-se bem
do que aconteceu no Natal e citou um
“quase clássico” para sustentar o pro-
longamento do con namento: “Um
povo que não conhece a sua História,
está condenado a repeti-la. Nós
conhecemos bem a História deste
ano de pandemia. Não cometeremos
os mesmos erros.”
Parlamento pede plano
Horas antes da declaração de Marce-
lo, o Parlamento — mesmo que com
críticas à (falta de) actuação do
Governo no combate à pandemia e
nos apoios a empresas e famílias, e
com pedidos de criação de um plano
de descon namento seguro mas
urgente — renovou a autorização para
a declaração do estado de emergên-
cia. Votaram a favor PS, PSD, CDS,
PAN e da deputada Cristina Rodri-
gues. O BE absteve-se e PCP, PEV,
Chega, IL e Joacine Katar Moreira
votaram contra.
Sem impor prazos, o PSD trouxe
para o plenário a sua proposta para
a criação de um plano de descon na-
directamente por alguém ou
por intermédio de outrem, e
inclui também o barulho de
animais, quando a sua duração,
repetição ou intensidade afecta
a saúde pública ou a
tranquilidade da vizinhança.
A lei estipula ainda que entre
as 23h e as 7h (os vizinhos e) as
autoridades policiais podem
exigir o fim imediato do ruído.
Já em caso de obras, o cenário
é diferente. Apesar de não ser
necessária uma licença
especial de ruído, as obras de
recuperação, remodelação ou
conservação realizadas no
interior de edifícios destinados
a habitação e que sejam uma
fonte de ruído apenas podem
ser realizadas nos dias úteis,
entre as 8h e as 20h. Mas o
aumento do teletrabalho e o
regresso do ensino à distância
têm feito aumentar as queixas,
o que levou o Presidente da
República a sugerir ao Governo
que tomasse alguma medida.
Luciano Alvarez
mento indexado a indicadores como
novas infecções, internamentos em
UCI, Rt, vacinação e testagem, para
ser aplicado por regiões. A ideia é
criar um algoritmo que indexe o des-
con namento a valores que os cien-
tistas considerem seguros e que a
abertura se faça à medida que forem
sendo atingidos. O PAN defendeu que
ainda “não é tempo de baixar restri-
ções; é tempo de salvar vidas”, mas
também apelou ao Governo para
tomar as decisões do descon namen-
to com o Parlamento, e não apenas
na “bolha do Conselho de Minis-
tros”.
Os restantes partidos defenderam
que o descon namento tem de ser
planeado e faseado — alguns insisti-
ram ser “urgente” a abertura para a
economia melhorar —, e que o plano
tem de atender às especi cidades de
sectores como a educação (abertura
faseada, menos alunos por turma,
mais professores, mais auxiliares), os
transportes, o comércio e a restaura-
ção, assim como as actividades des-
portivas e culturais. A par disso, é
preciso continuar e reforçar os apoios
sociais às famílias e empresas que
perderam rendimentos. E continuar
a apostar na saúde: o PCP xou como
grandes prioridades para o reforço
das equipas de saúde pública, o cum-
primento do plano de vacinação e o
reforço dos meios do SNS.
P
ortugal é actualmente o 20.º
país com maior taxa de inci-
dência de covid-19 na Euro-
pa, de acordo com os dados
mais recentes divulgados
ontem pelo Centro Europeu
de Controlo de Doenças (ECDC, na
sigla em inglês). Já entre os 27 países
da União Europeia, Portugal ocupa o
13.º lugar.
Nos últimos 14 dias, Portugal regis-
tou uma incidência de 288 casos de
infecção por 100 mil habitantes —
menos de metade da incidência apre-
sentada há uma semana —, segundo
o relatório do ECDC, cando agora
atrás de países como Itália (com 289
casos por 100 mil habitantes), Espa-
nha (com 348) e França (398 casos
por cem mil habitantes). Na semana
passada, Portugal ocupava o oitavo
lugar na lista de países europeus com
maior taxa de incidência, com 589
casos de covid-19 por 100 mil residen-
tes e, há duas semanas, surgia mesmo
em primeiro lugar na tabela ocupan-
do a pior posição na Europa.
No topo da lista, que inclui 57 paí-
ses europeus, está a República Che-
ca, com 1120 casos por 100 mil habi-
tantes, seguindo-se Montenegro
(1088), São Marino (972), a Estónia
(703) e o Mónaco (650). A média
europeia ronda agora as 226 infec-
ções por 100 mil habitantes.
O mapa a cores divulgado pelo
ECDC sobre a incidência da covid-19
na União Europeia con rma estes
dados. Portugal deixou de estar a
Casos notificados a 14 dias por 100.000 habitantes
Semanas 6 e 7 de 2021
Sem casos reportados
<20
20,0-59,9
60,0-119,9
120,0-239,9
240,0-479,9
480,0-959,9
≥960,0
Sem dados
Regiões e países que não
são visíveis no mapa
Martinica
Reunião
Guadalupe e São Martinho
Açores
Ilhas Canárias
Guiana
Madeira
Maiote
Malta
Liechtenstein
Chipre
Fonte: ECDC
que corresponde a uma taxa de inci-
dência entre os 240 e os 479,9 casos
por 100 mil habitantes. Por sua vez,
a região Norte e do Algarve são repre-
sentadas a laranja claro, o que signi-
ca que se mantêm com uma taxa de
incidência inferior ao resto do país
(entre 120 e 239,9 casos por 100 mil
habitantes).
Os dados do ECDC por regiões
revelam ainda que a Área Metropo-
litana de Lisboa regista agora uma
incidência a 14 dias de 397 casos por
100 mil habitantes, seguindo-se o
Centro (com 282), o Alentejo (245),
o Algarve (236) e o Norte (201). Já a
Região Autónoma da Madeira conta-
biliza actualmente 364 casos por 100
mil residentes e os Açores 39.
Portugal ocupa o sexto lugar na
lista de países e territórios com maior
número de mortes causadas pela
doença por milhão de habitantes,
nos últimos 14 dias, com 156.
O primeiro da lista é o Mónaco,
com 242 mortes por milhão de habi-
tantes, seguindo-se a Eslováquia
(239), Gibraltar (208), República
Checa (187) e Montenegro (180),
todos na Europa. A média europeia
de mortes por milhão de habitantes
xou-se em 64.
Portugal ocupa, ainda, o 18.º lugar
na lista de países da União Europeia
que mais testes realizaram na última
semana. No topo está o Chipre, com
24.195 testes por 100 mil habitantes,
seguindo-se a Áustria (16.862), a
Dinamarca (14.481), o Luxemburgo
(9699) e a Eslovénia (8312).
PÚBLICO
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6 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Destaque Covid-19
Reunião do Conselho Europeu
Líderes “convergiram” para o uso de certificados
de vacinação mas o assunto não ficou resolvido
Rita Siza, Bruxelas
Conselho Europeu definiu
critérios uniformes para os
certificados. Mas acelerar
produção de vacinas
é a “questão do momento”
O
fornecimento de vacinas
contra a covid-19 e a acelera-
ção da campanha de vacina-
ção continua a ser a “questão
do momento” para os 27
chefes de Estado e Governo
da União Europeia, que ontem deba-
teram durante cinco horas a sua estra-
tégia de combate à pandemia em mais
uma reunião por videoconferência do
Conselho Europeu.
A maior parte da sessão foi dedi-
cada à discussão dos problemas que
estão a atrasar a administração da
vacina, e a deixar a União Europeia
atrás de alguns dos seus parceiros
em termos da cobertura da popula-
ção (até ao momento, apenas 8% da
população adulta completou a toma
de duas doses). Do total de 51,5
milhões de doses já distribuídas
entre os 27, só foram ainda adminis-
tradas 29,17 milhões, mas a presiden-
te da Comissão Europeia, Ursula von
der Leyen, insistiu que a meta “ambi-
ciosa” de vacinação de 70% dos adul-
tos até ao m do Verão não está com-
prometida.
Mas os líderes acabaram por gastar
“bastante tempo” a debater o tópico
dos certi cados de vacinação, que foi
inscrito na ordem de trabalhos como
um ponto de consulta e sobre o qual
ainda não foram tomadas quaisquer
decisões — apesar do ruído e confu-
são provocada por alertas enviados
logo após o m da reunião, que cita-
vam a chanceler da Alemanha, Ange-
la Merkel, a dar por garantida a entra-
da em funcionamento desse sistema
no Verão.
“Em relação aos certi cados, foi
reconhecido que será preciso mais
trabalho. Sentimos uma grande con-
vergência de opiniões entre os Esta-
dos-membros, mas o assunto não
cou resolvido”, informou o presi-
dente do Conselho Europeu, Charles
Michel, acrescentando que para já
os líderes deram um mandato ao
Comité de Representantes Perma-
nentes para desenvolver mais traba-
lho técnico, antes do Conselho Euro-
peu retomar a discussão política, no
m de Março.
Segundo explicou a presidente da
Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, o debate não será concluído
enquanto persistirem “questões cien-
tí cas em aberto”, como por exemplo
se os indivíduos já vacinados podem
ou não transmitir o vírus, e não forem
encontradas respostas satisfatórias
para “questões políticas” relaciona-
das com os direitos (ou liberdades
adicionais) concedidos aos portado-
res destes certi cados.
Ainda assim, os 27 já de niram
ontem alguns princípios relativos à
vertente médica destes certi cados,
nomeadamente a uniformização dos
dados que podem ser registados, “de
forma neutra” no documento: se o
seu portador já recebeu as duas doses
Eurodeputados pedem mais apoios ao turismo
Relatório do Parlamento Europeu defende harmonização de protocolos
A
harmonização dos
protocolos de viagem em
todos os meios de
transporte, a criação de um
selo sanitário “clean and safe”
para distinguir os equipamentos
e a emissão de certificados de
vacinação, que assegurem a
liberdade de movimentos aos
seus detentores, são algumas
das medidas reclamadas pelo
Parlamento Europeu para
reavivar a actividade turística e
apoiar a recuperação do sector,
que é dos mais afectados pelas
restrições impostas para o
da vacina, se obteve um resultado
negativo num teste PCR ou se tem
anticorpos por ter estado infectado
com o coronavírus.
De acordo com Von der Leyen, será
preciso montar um sistema de parti-
lha dessa informação, que cada Esta-
do-membro terá de implementar nos
seus serviços de saúde e de fronteiras
para assegurar a validação dos certi-
cados, como acontece com os bole-
tins internacionais das vacinas de
viajantes.
“Só para montar a interoperabili-
dade do sistema serão precisos pelo
combate à pandemia.
Em 2020, o número de turistas
internacionais que visitou a
Europa, que é o principal destino
turístico do mundo, caiu 70%.
Para a eurodeputada do PSD,
Cláudia Monteiro de Aguiar, que
é a presidente da task force
para o turismo do PE e a autora
de um relatório sobre a
estratégia para o turismo
sustentável, aprovado ontem em
comissão, é preciso criar já as
condições para restabelecer a
confiança e garantir que a época
turística do Verão decorre em
REUTERS
A Europa está a debater-se
com atrasos no fornecimento
de vacinas
51,5
milhões de doses de vacinas
anticovid já foram distribuídas
na União Europeia
segurança.
Os eurodeputados apoiam a
ideia da criação de certificados
comuns de vacinação, e o
alargamento do código de
cores, que identifica o risco
epidemiológico, também aos
países terceiros. Além disso,
pedem aos Estados-membros
que equacionem uma redução
temporária da taxa do IVA do
sector, e que acrescentem
acções específicas para
favoreçam as viagens e o
turismo nos planos nacionais de
recuperação e resiliência. R.S.
menos três meses”, estimou a presi-
dente do executivo, ressalvando que
estava a referir-se à componente do
reconhecimento médico do certi ca-
do e não aos direitos atribuídos aos
detentores desse documento, como
por exemplo isenções — que alguns
Estados-membros já estão a negociar
unilateralmente — do cumprimento
das restrições de viagens.
Sobre o tema sempre delicado da
gestão de fronteiras, a presidente do
executivo concedeu que “há um con-
ito entre a saúde e a liberdade de
movimentos que tem de ser resolvi-
do”, e que as medidas aplicadas têm
de ser proporcionais e não-descrimi-
natórias, e “compatíveis com a situa-
ção epidemiológica”. Actualmente,
há 20 Estados-membros onde se
regista uma tendência de diminuição
dos contágios, mas noutros sete o
ritmo das novas infecções ainda está
a crescer.
No nal do encontro, e contra a
corrente da opinião pública de pro-
vavelmente todos os Estados-mem-
bros, Charles Michel, a rmava que
“há razões para a esperança e o opti-
mismo”, apesar dos desa os que as
novas variantes do vírus vieram
colocar ao combate à pandemia.
“Vimos durante o nosso debate que
temos os meios necessários e dispo-
mos de todos os recursos que garan-
tem que podemos ultrapassar a cri-
se”, declarou.
Durante a reunião, os líderes sub-
meteram a presidente da Comissão a
uma espécie de prova oral, bombar-
deando Ursula von der Leyen com
perguntas sobre as di culdades de
fabrico e os atrasos nas entregas de
doses de vacinas reportados pelas
empresas farmacêuticas que estão
neste momento a abastecer os 27, ou
os resultados das averiguações da task
force liderada pelo comissário respon-
sável pela pasta do Mercado Interno,
Thierry Breton, encarregado de cola-
borar com a indústria para encontrar
soluções que permitam aumentar o
volume de produção.
A equipa de Breton identi cou
várias unidades que poderiam ser
escaladas, adaptadas ou reconverti-
das para fortalecer a cadeia de pro-
dução de vacinas e o seu fornecimen-
to. Mas ainda permanecem proble-
mas a resolver, e os líderes
pressionaram para obter informação
mais concreta sobre os bloqueios
que se repercutem na sua capacida-
de de distribuir e administrar as
doses prometidas à população. Há
um problema de regulação, de direi-
tos de propriedade, ou de escassez
de matérias-primas?
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WEBINAR
Doenças raras
em tempo de pandemia:
impacto e desafios na sua gestão

26 Fevereiro - 17:00
TRANSMISSÃO EM DIRECTO NO
SITE, FACEBOOK E YOUTUBE DO PÚBLICO CARLA BENEDITO
Directora-geral da Takeda
Estima-se que existam 300 milhões de pessoas no mundo com doenças raras,
36 milhões na Europa e 800 mil em Portugal. Os números não são consensuais FRANCISCO BATEL MARQUES
no que respeita ao total de doenças raras identificadas, mas serão entre seis e Professor da Faculdade de Farmácia da
oito mil e 80% têm uma causa genética. Universidade de Coimbra e coordenador
da Unidade de Farmacovigilância de
O diagnóstico precoce e correcto é um dos maiores desafios. Mas existem Coimbra
outros, como a inexistência de um registo único dos doentes e das doenças
raras existentes no país, a falta de uniformização de critérios de avaliação, LUÍS BRITO AVÔ
diagnóstico e referenciação de doente ou a ausência de apoios específicos para Coordenador do Núcleo de Estudos de
as pessoas portadoras de doenças raras e dos seus cuidadores. Doenças Raras da Sociedade Portuguesa
da Medicina Interna
Segundo os resultados do estudo ‘Impacto da pandemia COVID-19 na
Actividade Hospitalar do Serviço Nacional de Saúde’, levado a cabo pela APAH, PAULO GONÇALVES
a COVID-19 veio complicar ainda mais a adequada gestão das doenças raras, Vice-presidente da Sociedade
seja por cancelamento de consultas ou pela interrupção de tratamentos Portuguesa de Esclerose Múltipla e
essenciais à vida dos doentes, dos seus cuidadores e familiares. Que alternativas representante da Comissão Instaladora
ao acompanhamento dos portadores de doenças raras estão a ser postas em da União das Doenças Raras
prática? O Centro de Referência de doenças lisossomais de sobrecarga do
Hospital Senhora da Oliveira (Hospital de Guimarães) implementou o 1º projecto VÁLTER FONSECA
nacional de tratamento em casa de doenças lisossomais de sobrecarga, de Director do Departamento de Qualidade
forma a assegurar a continuidade dos tratamentos e evitar a deslocação aos em Saúde da Direcção-Geral da Saúde
hospitais.
OLGA AZEVEDO
E o que prevê o Plano Nacional de Saúde e a Estratégia Integrada para as Médica cardiologista e coordenadora do
Doenças Raras em Portugal para a próxima década? Centro de Referência de Doenças
Estes serão alguns dos tópicos em debate no webinar “Doenças raras em tempo Lisossomais de Sobrecarga do Hospital
de pandemia: impacto e desafios na sua gestão”, organizado pelo Público em Senhora da Oliveira – Guimarães
parceria com a Takeda.
MODERAÇÃO
Marque na agenda: dia 26 de Fevereiro, a partir das 17h00, em directo no site, no CLÁUDIA PINTO
Facebook e no Youtube do Público. Jornalista
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8 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

Espaço público

Aprender em excesso com a história da pandemia

“U
m povo que não
Editorial conhece a sua
história está
condenado a
repeti-la”, disse
algures, no século XVIII, o lósofo
irlandês Edmund Burke. A frase foi
Manuel Carvalho desenterrada pelo Presidente da
República para justi car a blindagem
da sua cooperação estratégica com o
Governo contra qualquer pressão
para se começarem a discutir os
primeiros, ainda que tímidos, passos
em direcção ao descon namento. A
mensagem subliminar que a citação
O exercício de máxima de Burke deixa ao país é que o
prudência na gestão da Governo e o Presidente conhecem a
história que conduziu à tragédia de
pandemia tem o mérito Janeiro e farão tudo ao contrário do
de blindar o Governo ou que foi feito na altura para a não
o Presidente às críticas repetir. Não mudam nada, não
de imprudência. Mas parecem dispostos a fazê-lo na
próxima revisão do estado de
tem também o risco de emergência, em 16 de Março, nem
excesso que o pode sequer no nal do mês. Conhecedores
comprometer de História, Governo e Presidente
receiam que o Natal de 2020 se repita
na Páscoa de 2021 e estão dispostos a
manter o país fechado até essa data
para se ganhar o Verão e o Outono.
O exercício de máxima prudência na
gestão da pandemia tem o mérito de
blindar o Governo ou o Presidente às
críticas de imprudência,
irresponsabilidade ou incompetência
que se repetiram nas últimas semanas.
Mas tem também o risco de excesso
que o pode comprometer. No difícil
equilíbrio entre a saúde e a vida
material, entre a defesa dos hospitais
em detrimento das escolas, entre o
combate às infecções e a travagem do
desemprego, o país hesitou sobre o
que deve ser mais importante. Mas a
escolha teve sempre por base uma
análise do que a cada momento é mais
urgente defender — com as infecções
em alta, a saúde; com a pandemia
controlada, o ensino ou o emprego. O
Presidente e o Governo querem rever
os termos em que esse equilíbrio foi
assumido.
Se daqui a 15 dias o limiar de
infecções, de internamentos ou de
doentes nos cuidados intensivos
estiver no ponto que o próprio
Presidente considerou recomendável,
o país a ito com a economia, saturado
com o isolamento e alarmado com a
factura do fecho das escolas
di cilmente compreenderá o
prolongamento da dureza das actuais
restrições. E essa falta de
compreensão não resulta do
desconhecimento da história: resulta,
sim, de uma leitura inteligente sobre o
que é mais importante a cada
momento: a defesa da vida ou a defesa
dos empregos ou dos jovens.
Se o país não tivesse aprendido com
a história, estaria já a querer
descon nar-se. Como aprendeu, não o
faz. No futuro próximo, porém, agirá,
como sempre fez: de acordo com a
realidade da pandemia. A prudência,
legítima e compreensível, dos palácios
arrisca-se a ser interpretada como
uma inaceitável punição.

CARTAS AO DIRECTOR
Televisão pública
Não me cabe a mim a tarefa de
promover a defesa da “carta
aberta” que alguns intelectuais
divulgaram com um forte reparo a
certa comunicação social, a
convergir na televisão pública. Mas,
estando com eles solidário nas
a rmações produzidas, não posso
deixar de vir lamentar a resposta
que vi a essa carta. Naturalmente
assinada pelos visados — por quem,
aliás, sempre tive um enorme
respeito —, que apareceram “em
defesa da democracia”(?),
chamando a si a virtude de um rol
de “feitos gloriosos” e atirando as
vozes críticas para o fosso dos
detractores de “um património”
inquestionável. Mais: classi cando
críticas abertas e devidamente
identi cadas como “polémicas”
que, ao que parece, têm
inconfessáveis origens e ns (que
eles conhecem, mas não
explicitam). Custa-me concluir que
o texto de alguns dirigentes e do
Conselho de Redacção da RTP se
assemelha demasiado a um
corporativo sacudir de culpas,
armando ao indefeso ofendido, e
levando críticas honestas a
passarem por ataques ignóbeis
com interesses obscuros e
inquali cáveis. O silêncio ter-lhes-ia
cado melhor.
José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia
As escolhas
do jornalismo
Pre ro a palavra “jornalismo” a
“comunicação social”. Porque
centra nos jornalistas, e não nas
empresas para que trabalham, a
nobre e insubstituível ideia da
dualidade jornalismo/democracia.
Um não sobrevive sem o outro. Há
seis meses escrevi uma carta ao
PÚBLICO, que não foi publicada,
na qual a rmava que o “jornalismo
da democracia” (o único digno do
nome) parece deixar-se derrotar
pela força crescente da demagogia
vendável. De facto, quando os
jornalistas seleccionam os temas,
as imagens e as frases a que
decidem dar maior relevo, estão
verdadeiramente a escolher entre
dois rumos distintos: alimentar a
democracia (melhorando-a,
criticando ou elogiando) ou
alimentar as raízes da ditadura.
Dois exemplos: a RTP publicou
ontem o texto “Em defesa da
democracia” no PÚBLICO, no qual
esquece-se que as suas escolhas
informativas oferecem
sistematicamente uma supremacia
quantitativa às “verdades” de uns
(os “bons”) em desfavor das
“verdades” de outros (os “maus”).
Na SIC, por exemplo, o sector da
análise económica está
essencialmente dominado pelos
jornalistas fãs da visão neoliberal
que quase se impôs em Portugal
durante a troika. Que informação
credível trazem estas empresas
para os cidadãos da democracia?
Luis Taylor, Porto
Carta aberta
às televisões
Subscrevo na íntegra a carta aberta
às televisões generalistas publicada
no PÚBLICO de 23 de Fevereiro. A
exploração macabra da dor
humana, o abuso de imagens
sempre iguais de hospital para
hospital, o arrastar repetido das
mesmas notícias, as intervenções
dos “peritos”, o sensacionalismo, a
palavra tronitruante, causam
náuseas. Felizmente, com acesso
pago, dá para mudar de imediato.
Já me desabituei de ver o início dos
noticiários. Passados que sejam 20,
30 minutos lá vou “picando”.
Canais há com noticiários de
1h30m e mais. Acharão os
responsáveis que isto é jornalismo?
Fernando Jorge Sacadura Cardoso,
Algés
Cartas interceptadas
pela PIDE
Em 2013, por curiosidade, fui à
Torre do Tombo (que ca na
Cidade Universitária) para
procurar se havia alguma coisa a
meu respeito no Arquivo da PIDE,
que para lá tinha sido transferido.
Não havia muito. Só que eu tinha
sido sócio do Cineclube
Universitário de Lisboa e que tinha
sido um dos fundadores da SEDES;
uma informação da Comissão de
Recenseamento de São Sebastião
da Pedreira sobre se eu era contra
a independência de Portugal; e
outra sobre o meu pai, com base
nas informações pedidas para
Braga. Mas havia algo que me
surpreendeu, chocou e indignou:
três cartas escritas por mim de
Florença, em cuja universidade
estava com uma bolsa de estudo
depois de ter concluído o curso
complementar de Ciências
Político-Económicas (equivalente
ao actual mestrado) na Faculdade
de Direito de Lisboa. Cartas essas
dirigidas, uma aos meus pais e
duas a um amigo e que nunca
chegaram aos seus destinatários.
Ora, eu não tinha qualquer
actividade política, nem os meus
pais, nem esse meu amigo.
Interroguei-me, pois, por que razão
teriam sido interceptadas as cartas.
E cheguei à conclusão de que a PIDE
interceptava, por amostragem
certamente, as cartas vindas do
estrangeiro para Portugal, para
saber se revelavam alguma
actividade oposicionista ao regime.
Agora que, no PÚBLICO, tenha
visto escritos sobre a PIDE, acho
que esse é um ponto que deveria ser
investigado, se é que ainda não foi.
Jorge Miranda, Lisboa

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt
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BARTOON LUÍS AFONSO
ESCRITO NA PEDRA
“Quando você precisa de tomar uma decisão e
não a toma, está a tomar a decisão de não fazer
nada” William James (1842-1910), filósofo
Nesta situação é muito tentador defender
que há que abrir e desconfinar o mais rápido
possível Marcelo Rebelo de Sousa
(sobre a abordagem ao desconfinamento)
O NÚMERO
12.º
Foi aprovado o 12.º estado de
emergência desde o início da
pandemia, em Março de 2020.
Vigorará de 2 a 16 de Março
NESTE DIA 26 DE FEVEREIRO
1802 Nasce o escritor francês Victor Hugo, autor
de Os Miseráveis 1821 Golpe de Estado no Rio de
Janeiro. Por pressão de D. Pedro, D. João VI é
obrigado a jurar as bases da futura Constitui-
ção, resultante da Revolução Liberal de 1820
1884 Portugal e Reino Unido assinam o Tratado
do Zaire sobre as fronteiras em África 1971 Morre
o actor Fernandel 1994 Lisboa — Capital Europeia
da Cultura 94 é inaugurada 2007 O Tribunal da
ONU iliba a Sérvia de genocídio na Bósnia 2008
Inaugurado o Banco Mundial de Sementes, no
arquipélago norueguês de Svalbard, criado para
proteger milhões de sementes alimentares a fim
de preservar a diversidade vegetal mundial
Até tu, Tiger
Woods
Ainda ontem
tem
Miguel Esteves Cardoso
P
arece que Tiger Woods
capotou por causa da
pressa. Tem graça que
esta causa de tantas
colisões nunca vem nos
relatórios o ciais.
Dizem que foi por excesso de
velocidade. E o que causou o
excesso de velocidade? A pressa. E
a pressa não precisa de excesso de
velocidade para fazer mossa.
Tiger Woods estava com pressa
porque ia para a gravação de uma
entrevista. Se calhar, até estava
atrasado e tudo. A pressa
tem sempre este condão de
transmitir aos apressados a
sensação de estarem atrasados —
ou prestes a estarem. A pressa e a
pressão são palavras próximas.
E, já agora, a opressão.
A pressa manda nas nossas vidas
porque temos a mania de
programá-las em nacos de tempo,
a começar e a acabar a horas
certas, como se as nossas vidas
fossem grelhas de rádio.
O que é que Tiger Woods tem a
ver connosco? É um ser humano.
Pode ser bilionário, pode já ter
feito tudo o que o atleta mais
ambicioso alguma vez sonhou
fazer; pode ter não só os meios
para nunca mais fazer nada na
vida, como o direito de nunca
mais fazê-lo, reconhecido por toda
a gente com dois dedos de cabeça;
pode ter isso tudo — e já há algum
tempo! — mas ainda é susceptível à
pressa.
Ainda se deixa pressionar a
andar mais depressa do que
deveria. E para quê? Para chegar a
horas a uma entrevista?
Os responsáveis pela entrevista
devem ter dito “agradecíamos que
não se atrasasse”. E depois
“explicam” porquê: porque só
temos a esplanada até às 16,
porque um dos nossos operadores
tem de ir buscar o cão ao
veterinário, porque a luz fica feia,
porque alguns de nós moram
longe e, finalmente, porque já
sabemos que se vai atrasar e,
graças a este nosso esforço de
enganá-lo, temos uma esperança
inteiramente estúpida que se
atrase um bocadinho menos.
Pois pois.
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 9
A opinião publicada no jornal respeita
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(áudio); Carolina Pescada, Teresa Abecasis, Teresa Pacheco Miranda, Vera
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(editor de redes sociais), Patrícia Campos, Lucas Freitas; Rui Barros
(jornalista de dados) Política Sónia Sapage, Álvaro Vieira (editores), São
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10 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Espaço público
O relevo criminal de um beijo na boca
Escrever
Direito
Francisco Teixeira da Mota
A
criminalização e a maior ou
menor punição de
comportamentos de carácter
sexual, considerados
desviantes ou censuráveis, tem
evoluído ao longo dos séculos,
tanto com a criação de novos crimes
punindo comportamentos até aí legais,
como com a descriminalização de
comportamentos até aí merecedores de
sanções penais. No nosso país, após o 25 de
Abril de 1974, para além da criação de
numerosos novos crimes neste campo,
importa sobretudo salientar a revisão do
Código Penal de 1985 em que a
criminalização de condutas sexuais deixou
de se fundar na ofensa à moral social sexual
para passar a proteger a liberdade e
autodeterminação sexual das pessoas.
A história: no dia 15 de Junho de 2017,
quando a Teresa, que naquele dia fazia 14
anos de idade, se encontrava a sair da igreja,
foi abordada pelo Bernardo, que lhe
perguntou se lhe podia “dar dois beijinhos”.
O país cumpriu, o Governo está a falhar
Pedro Filipe Soares
O
número de novos casos de
covid-19 diminuiu
drasticamente em Portugal
com o con namento. Foi a
resposta drástica a uma
evolução pandémica que
colocou em causa a resposta do Serviço
Nacional de Saúde. Lembramo-nos das las
de ambulâncias à porta dos hospitais, dos
hospitais de campanha, do desespero dos
pro ssionais e do número brutal de mortes.
Um sinal vermelho que se impôs ao país. As
pessoas perceberam a responsabilidade
que carregavam nos ombros e,
sujeitando-se a imensos sacrifícios,
cumpriram. Nos momentos difíceis é
quando nos tornamos maiores, onde
falhamos repetidamente é quando, em vez
de reagir, temos de preparar, prever ou
planear.
O Presidente da República citou Edmund
Convencida de que o Bernardo pretendia
cumprimentá-la em virtude de ser o seu dia
de anos, a Teresa respondeu
a rmativamente, acenando com a cabeça. O
Bernardo passou, então, à acção: colocou os
seus braços à volta da cintura da Teresa e
com os braços desta por baixo dos seus, e ao
mesmo tempo que a puxava para si, fazendo
uso da sua superior força física,
perguntou-lhe se lhe podia dar um beijo na
boca, ao que a Teresa respondeu não,
tentando libertar-se dos braços do Bernardo.
Mas o Bernardo persistiu, puxando-a para si
e tentando beijá-la na boca, só não o tendo
conseguido fazer por a Teresa ter oferecido
resistência e ter surgido uma terceira pessoa,
o que levou o Bernardo a libertá-la.
O Bernardo foi julgado e condenado
na pena de dois anos de prisão, suspensa na
sua execução por três anos, tendo recorrido
para o Tribunal da Relação do Porto.
Segundo o Bernardo, o seu comportamento
não podia ser enquadrado numa tentativa de
coação sexual, crime porque fora condenado
e que prevê uma pena de prisão até cinco
anos, porque a lei diz que só se veri ca o
crime de coação sexual quando alguém
“constranger outra pessoa a praticar acto
sexual de relevo”. Ora, considerar
um beijo na boca como um acto sexual
de relevo e assim o ter condenado pela sua
tentativa violava não só a lei mas também
o “princípio constitucional do bom senso
e da justa medida”.
Burke na declaração que ontem fez ao país:
“um povo que não conhece a sua história,
está condenado a repeti-la.” Implicitamente
estava a referir-se ao período de Natal,
garantindo que o relaxamento das medidas
desse período não se repetirá na Páscoa — o
fantasma do Natal passado ainda assombra
Belém e S. Bento. Mas, será esse o grande
erro que o Governo corre o risco de
cometer? Não me parece. Onde nós
estamos a repetir os erros é na falta de
preparação para o futuro próximo.
O con namento não é só a resposta ao
caos que se vivia nos hospitais, abre a
possibilidade de recuperarmos o caminho
perdido para o vírus. No entanto, à medida
que se reduzia o número de casos, caía
também o número de testes realizados.
Apesar de várias vezes prometida, a
alteração dos critérios de testagem ainda
tarda a chegar ao terreno e estamos a testar
muito menos do que os especialistas
recomendaram. Em vez de aproveitar o
con namento para massi car os testes, o
Governo perde tempo essencial.
A redução de novos casos permite
recuperar o fôlego na realização dos
rastreios epidemiológicos. No entanto, o
rastreio de contactos ainda demora mais do
que as 24 horas aconselhadas pela DGS e
estamos longe de recuperar o controlo das
Em abono do seu entendimento, o
Bernardo invocou numerosa doutrina,
nomeadamente Maia Gonçalves: “O direito
criminal, como última ratio, implica que só
seja tutelada a liberdade sexual contra acções
que revistam certa gravidade. Em tais termos,
actos como o coito oral e a masturbação
devem aqui ser incluídos; o mesmo não
sucederá, em regra, com os beliscões e os
beijos, que só o deverão ser em casos extremos,
ou seja naqueles em que existem grande
intensidade objectiva e intuitos sexuais
atentatórios da autodeterminação sexual.”
Mas os juízes desembargadores Pedro Vaz
Pato e Eduarda Lobo, no passado dia 13 de
Janeiro, consideraram que, para decidir se o
beijo na boca era ou não um acto sexual de
relevo, havia, sobretudo, que ter em conta a
Coação ou
importunação sexual?
Neste caso, ca-se
com a sensação que
a Relação do Porto
quis escrever direito
por linhas tortas...
cadeias de transmissão. A pandemia
abrandou, mas o vírus ainda anda à solta
sem que o Governo tenha aproveitado o
con namento para recuperar terreno.
Com o número de novos casos a cair,
reduz-se rapidamente a pressão sobre os
hospitais. Dos quase 6000 hospitalizados
em enfermarias no início do mês, hoje estão
ocupadas cerca de 2000 camas. Nas
unidades de cuidados intensivos, depois de
se atingir o número recorde de 904 doentes
internados com covid-19, estamos quase a
descer a barreira das 500 pessoas
internadas. Ainda são números altos, é
certo, mas tudo indica que em meados de
março se esteja perto da meta das 200
pessoas em Unidades de Cuidados
Intensivos. No entanto, com o alívio da
pressão sobre os hospitais, não
conhecemos ainda nenhum plano para
recuperar a atividade programada que foi
adiada. Respeitar o enorme esforço dos
pro ssionais de saúde é preparar e
organizar em vez de correr
permanentemente atrás do prejuízo. Sobre
o futuro próximo, o Governo continua a
navegar à vista.
As escolas foram fechadas e não há plano
para as reabrir, não foi dada prioridade à
vacinação de docentes e não docentes, nem
apresentado o caminho para a testagem em
reacção da Teresa à investida do Bernardo:
apesar de só ter 14 anos, tinha distinguido
claramente a proposta dos beijos na face, um
acto de cortesia e/ou afecto que aceitara, da
proposta de um beijo na boca que
rmemente rejeitara: “Com tal gesto, seria
violada a sua intimidade e ela seria reduzida a
simples objeto de satisfação desse impulso
[sexual]... estaríamos perante aquela
‘coisificação’ da vítima própria dos crimes
contra a liberdade e autodeterminação
sexual.” Para além disso, o próprio Bernardo
sabia que a sua actuação não era “inocente ou
inócua”, tanto que tinha sussurrado “não
contes nada a ninguém”. E con rmaram a
condenação do Bernardo que, de resto, já
tinha sido, anteriormente, condenado numa
pena suspensa pela prática do crime de
coação sexual.
Sinceramente, parece-me que a actuação
do Bernardo se enquadrava melhor num
crime menos grave, o crime de
importunação sexual: “Quem importunar
outra pessoa, (...) formulando propostas de
teor sexual ou constrangendo-a a contacto de
natureza sexual, é punido com uma pena de
prisão até um ano”, mas dado que a lei só
prevê a punição da tentativa em crimes
puníveis com penas superiores a três anos, o
Bernardo teria de ser absolvido. Fica-se com
a sensação que a Relação do Porto quis
escrever direito por linhas tortas...
Advogado. Escreve à sexta-feira
massa das comunidades escolares.
Com inúmeros setores da economia
fechados ou com atividade reduzida,
aumenta o número de pessoas no
desemprego, instalam-se as desigualdades
e a pobreza. O Governo pediu sacrifícios a
milhões, mas está a falhar com os apoios
para proteger as pessoas e a capacidade
económica existente. Os apoios são parcos
e sempre atrasados, deixam de fora pessoas
e empresas que deviam ser protegidas. As
moratórias de crédito, fundamentais neste
período difícil, têm m com data marcada,
mas nenhuma solução que dê saída às
famílias ou empresas. Até quando se
adiarão as soluções?
Na declaração de ontem, Marcelo Rebelo
de Sousa traçou pelo Governo a Páscoa
como a meta para o descon namento.
Como se verá, é critério político, não é
cientí co. Mas, acima de tudo, ca a faltar o
mais importante: o que fazer até lá, como
preparar o descon namento, como garantir
as respostas sociais e económicas
necessárias? Resumindo, falta o
planeamento: repetem-se os erros. O país
está a cumprir com sucesso o con namento
e exige que o Governo cumpra também.
Presidente do Grupo Parlamentar do
Bloco de Esquerda. Escreve à sexta-feira
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Costa, Marcelo e a penitência da Quaresma
Susana Peralta
Pela minha parte, estou
totalmente disponível
para jejuar e não comer
chocolates, se em troca
libertarem as criancinhas
do altar do sacrifício
E
sta semana, em conjunto com
mais de uma centena de pessoas,
subscrevi a carta aberta
Prioridade à Escola!. Apelamos à
abertura progressiva das escolas
até aos 12 anos e do ensino
pré-escolar, começando pelas creches e
jardins de infância já na próxima semana. Foi
assinada por um conjunto alargado de
especialistas e cientistas, que re etem as
várias dimensões que importam para
desenhar políticas neste momento de crise:
médicos, muitos deles pediatras e psiquiatras,
incluindo pedopsiquiatras, epidemiologistas,
virologistas, psicólogos e cientistas sociais de
várias disciplinas, para além de responsáveis
da comunidade educativa. Como não me
tenho cansado de escrever, a crise que
atravessamos exige uma abordagem
multidisciplinar, que a nossa carta re ete.
A carta é extensa e está agora disponível no
site de petições públicas https://
peticaopublica.com para que qualquer
pessoa se possa associar ao apelo. A
prioridade à escola, de que a ministra Mariana
Vieira da Silva se tem feito porta-voz,
constrói-se. Não pode implicar carmos
sentados, de braços cruzados, à espera que
chegue esse momento mágico. A carta elenca
uma série de medidas para permitir conciliar
a abertura das escolas com o controlo da
pandemia, que estão ao alcance do Governo:
incluir professores e restantes trabalhadores
nas prioridades de vacinação, permitir que os
que fazem parte dos grupos de risco possam
dar aulas remotamente ou sejam substituídos,
fazer testes periodicamente em amostras da
população escolar de modo a identi car
infecções assintomáticas ou pré-sintomáticas.
Por coincidência, no mesmo dia em que a
carta aberta foi divulgada, o respeitável British
Medical Journal publicou um artigo com o
título Closing schools is not evidence based and
harms children, no qual quatro autores — dois
epidemiologistas, um especialista em
doenças infecciosas pediátricas e um
especialista de saúde pública — dizem que a
prioridade do Reino Unido deve ser abrir as
escolas. Os autores dizem que as escolas são
fechadas com “prova insu ciente
relativamente ao seu papel no controlo da
pandemia e consideração insu ciente acerca
do mal que está a ser feito às crianças”. E
acrescentam que o princípio de precaução
devia ser manter as escolas abertas para
prevenir as consequências “catastró cas” que
fechá-las tem nas crianças.
Consequências essas que a nossa carta
também sublinha: cada dia que passa com as
escolas fechadas as crianças estão a perder
aprendizagens, há muitas a serem vítimas de
abusos e maltratadas em casa sem a vigilância
da escola, outras ainda a adquirir ou piorar
problemas de saúde mental que se vão re etir
na sua vida pro ssional e pessoal.
Esta semana, os números da pandemia
estão no nível que tinham em outubro ou
início de novembro, consoante o indicador
em causa. Nessa altura, o Governo tornou o
teletrabalho obrigatório, mas o comércio
estava aberto e as escolas também, em todos
os níveis de ensino. Estamos a caminhar a
passos largos para a primavera, o que até
sugeria que podíamos ser mais permissivos
do que éramos em novembro. Mas não é isso
que pedimos. A nossa carta não reclama
nenhum descon namento!
Abrir escolas, começando pelas crianças
mais novas, não é descon nar. Podemos
manter os restaurantes e as lojas fechadas. Em
França e na Bélgica o sector da restauração
está encerrado desde novembro — mas as
escolas não fecharam. Na Bélgica, o ensino
secundário está a funcionar em semanas
alternadas, o que mostra que há formas
equilibradas de abordar a questão, sem abrir
ou fechar tudo de uma vez. Também não
pedimos a abertura das escolas todas. Ir
devagar, começando pelas creches e pelos
jardins de infância, alargando depois aos
alunos mais novos do ensino básico. São estes
que mais perdem com o ensino a distância e
são também aqueles que têm um risco de
contágio menor. No Reino Unido, que foi um
dos países que durante este ano tiveram um
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 11
período mais alargado de encerramento das
escolas, as creches não chegaram a fechar.
Quando, há mais de um mês, António Costa
fechou as escolas para evitar um cenário de
ruptura, falou de duas semanas de
interrupção letiva totalmente compensadas
por ensino presencial. Entretanto, já lá vão
cinco semanas, duas de férias forçadas e três
de ensino a distância. A facilidade com que
nos deu um prazo no início disto contrasta
com a perfeita incapacidade de o fazer agora,
quando temos menos de um décimo dos casos
diários. Ou António Costa nos prometeu duas
semanas sabendo que nos estava a enganar, ou
perdeu o norte entretanto. É que, por muito
que dê voltas à cabeça, não consigo encontrar
coerência nas ações dos responsáveis
políticos. Só vejo três possibilidades, cada uma
mais pavorosa do que a outra.
A primeira é estarem a utilizar as escolas
para atingir objetivos que não conseguem
atingir de outra forma, por pura
incompetência ou preguiça. Marcelo Rebelo
de Sousa disse no nal de janeiro que era
Por muito que dê voltas
à cabeça, não consigo
encontrar coerência nas
ações dos responsáveis
políticos. Só vejo três
possibilidades, cada
uma mais pavorosa do
que a outra
RUI GAUDÊNCIO
preciso fechar as escolas para “manter os pais
em casa”. Agora dizem que temos de manter
as escolas fechadas até à Páscoa para evitar
que as pessoas circulem e organizem
encontros familiares alargados. Em política, a
escola tem de ser um m, não pode ser um
meio. Em vez de estarem a pensar na
implementação de medidas que permitam
abrir as escolas em segurança, os nossos
responsáveis políticos estão a pensar como
podem usar as escolas como meio para fechar
as pessoas em casa.
A segunda é que o Governo, incapaz de
cumprir os mínimos no controlo do
teletrabalho, no rastreamento de contactos
ou na capacidade de testagem, tenha
necessidade de mostrar serviço. Acontece que
já levamos um ano disto, e não somos parvos.
Preferíamos que zessem o essencial e
deixassem de nos atirar areia para os olhos
com medidas só estapafúrdias (como não nos
deixarem passear na praia ou sentar num
banco de jardim) ou muito trágicas (como os
sub-12 continuarem fechados em casa ao m
de cinco semanas).
A terceira é de ordem mística. Depois de
termos passado vários meses à volta de um
conceito de salvação da quadra natalícia,
temos agora o espaço público dominado pela
quadra pascal. Costa e Marcelo querem
fechar-nos em casa até à Páscoa. Uma
travessia do deserto que nos expurgue do
pecado até encontrarmos a liberdade e a
salvação prometidas. Estão preocupados com
a nossa puri cação física e espiritual. Pela
minha parte, estou totalmente disponível
para jejuar e não comer chocolates, se em
troca libertarem as criancinhas do altar do
sacrifício.
Professora de Economia na Nova SBE.
Escreve à sexta-feira
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12 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

Política PSD promete apresentar mais 100 candidatos para a semana

Rui Rio antecipa anúncio e con rma

Carlos Moedas como candidato a Lisboa
Anúncio do líder social-democrata sobre a decisão de colocar o ex-comissário europeu como cabeça de
lista da coligação PSD/CDS-PP foi concertada com o líder dos centristas, Francisco Rodrigues dos Santos
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Sofia Rodrigues
O líder do PSD anunciou ontem que
o ex-comissário europeu Carlos Moe-
das é o candidato do partido à Câma-
ra Municipal de Lisboa. Numa decla-
ração na sede do partido, ao lado do
actual administrador da Fundação
Gulbenkian, Rui Rio disse que Carlos
Moedas “era a melhor solução” desde
o início do processo de escolha. O
anúncio acabou por ser precipitado,
admitiu o próprio líder do PSD, por
causa da “especulação” dos últimos
dias. Por várias vezes, Rui Rio disse
que só seriam revelados nomes a par-
tir de 1 de Março.
“Sempre achei que a melhor solu-
ção, desde o início, era Carlos Moedas,
fui falando com ele e com outras pes-
soas”, a rmou, adiantando que a
revelação acabou por ser feita ontem
por causa da “pressão dos últimos
dias”. “Havendo uma enorme espe-
culação e pressão, o engenheiro Car-
los Moedas entendeu que devíamos
acelerar [o anúncio]”, acrescentou. Já
esta tarde, o jornal Nascer do Sol tinha
avançado com a notícia de que o ex-
comissário teria aceitado liderar a
candidatura para disputar as eleições
com o socialista Fernando Medina.
O próprio candidato não falou na
iniciativa de ontem à tarde, mas Rui
Rio prometeu que este responderá a
perguntas dos jornalistas no início da
próxima semana, quando forem “Sempre achei que a melhor solução, desde o início, era Carlos Moedas”, disse o presidente do PSD
anunciados mais cem candidatos
autárquicos. dimensão do PSD é obrigado a apre-
Rui Rio disse ainda ter informado sentar uma candidatura forte”, a r- Câmara do Porto
o CDS sobre esta decisão. “A vontade mou, justi cando assim o tempo que
é que o candidato seja comum”, dis-
se. Apesar da curta declaração de Rui
levou até encontrar o nome do ex-res-
ponsável pelo programa da troika no
Álvaro Almeida sugere o “ás de trunfo”... Rio
Rio, admitiu-se que o anúncio pudes- Governo de Passos Coelho
se perturbar o CDS, já que os críticos Nascido em 1970, em Beja, Carlos
da direcção consideram que o partido Moedas integrou a equipa da “Não sei se o dr. Rui Rio se vai can- precisam de ser mobilizados”. “Rui
Margarida Gomes
deveria liderar a coligação em Lisboa, Goldman Sachs e foi gestor de projec- didatar ou não, mas, tendo em con- Rio daria o exemplo para que outros
por Assunção Cristas ter cado à fren- tos para o grupo Suez, em França, O deputado social-democrata Álva- ta a importância que dá às eleições dirigentes e guras nacionais do
te do PSD em 2017. entre 1993 e 1998. ro Almeida a rma que o presidente autárquicas, considerando-as PSD se candidatassem a outras
Militante do PSD, apoiou Paulo do PSD, cuja liderança critica, é o ‘vitais’, acho que deveria aproveitar câmaras municipais e, dessa forma,
“Boa notícia”, diz CDS Rangel na corrida interna contra Pas- “melhor trunfo” que o partido tem os trunfos que o PSD tem e candida- reforçar as hipóteses de o partido
Seja como for, à noite, em comuni- sos Coelho em 2010, mas mais tarde para a candidatura à Câmara do tá-los e, no caso do Porto, ele, que ter um bom resultado nas autárqui-
cado, o líder do CDS, francisco Rodri- fez parte (já por indicação de Passos Porto à qual já presidiu durante três é o ‘às de trunfo’ do partido, deveria cas”, defende ainda o social-demo-
gues dos Santos, a rmou que a esco- Coelho) da equipa social-democrata mandatos. avançar para uma candidatura”, crata.
lha de Moedas foi consensualizada de negociações sobre o Orçamento Considerando Rui Rio como o declarou Álvaro Almeida ao PÚBLI- Fazendo um balanço negativo dos
com o PSD e é uma “boa notícia para do Estado de 2011. Integrou o Gover- “melhor presidente da câmara das CO. dois mandatos de Rui Moreira, o
Lisboa”. O PÚBLICO apurou que a no PSD/CDS-PP com a responsabili- últimas décadas”, numa entrevista Para o também vereador do PSD deputado, que há quatro anos pro-
Iniciativa Liberal não foi contactado dade pela coordenação do programa que deu ontem ao Jornal Económico, da Câmara do Porto, o confronto tagonizou uma candidatura à autar-
formalmente para se juntar a esta de ajustamento da troika, entre 2011 Álvaro Almeida a rma que a “única entre Rui Rio e Rui Moreira teria quia portuense pelos sociais-demo-
aliança na capital. e 2014. Nesse ano, tornou-se comis- solução” para o seu partido voltar a uma “carga simbólica”, uma vez que cratas, puxa pela notoriedade do
Na curta declaração (sem respon- sário europeu da Investigação, Ciên- ganhar a Câmara do Porto é candi- o actual presidente da câmara lhe líder partidário para dizer que “é
der às questões dos jornalistas), Rui cia e Inovação. Desde Janeiro de 2019 datar o líder do PSD, porque “tem sucedeu na autarquia, e seria tam- dos poucos dirigentes do PSD capa-
Rio reiterou a importância que atribui que Carlos Moedas é administrador experiência, notoriedade e provas bém “um exemplo que o PSD daria zes de rivalizar” com o seu sucessor
às autárquicas. “Um partido da da Fundação Gulbenkian. dadas”. a todos os quadros do partido, que na Câmara do Porto.
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Como a oposição faz oposição
Hora H
Helena Pereira
Há muita coisa que mudou com a
pandemia. A torrente legislativa
do PSD não foi uma delas.
Manteve-se na mesma: ténue.
Rui Rio, que considera que
apenas abrandou a oposição ao
Governo entre Março e Maio do
ano passado por causa da
pandemia, é líder do PSD e tem
lugar na Assembleia da República
(o que nem sempre aconteceu com
os presidentes daquele partido),
mas a prioridade não tem sido
marcar a agenda da Assembleia da
República. A primeira sessão
legislativa desta legislatura
decorreu entre Outubro de 2019 e
Julho de 2020, tendo sido marcada
pelo início da pandemia de
covid-19 só a partir de Março. Nesse
período, o PSD apresentou 26
projectos de lei (sobre o exercício
do direito de petição, os
suplementos especiais para
grávidas, a alteração à formação
dos magistrados ou o registo
internacional de navios da
Madeira, entre outros). Foi o
partido com menor iniciativa
legislativa, tendo em conta o rácio
por deputado (tem 79). Mas se
olharmos para a última sessão da
anterior legislatura (Setembro de
2018 a Julho de 2019), pouca
diferença se nota: durante esse
período, o PSD apenas apresentou
José Tribolet quer mais “opções de voto”
e defende debate alargado sobre voto electrónico
O investigador emérito do Instituto
de Engenharia de Sistemas e Compu-
tadores (INESC) José Tribolet defen-
deu, em entrevista à Lusa, a existên-
cia de “mais opções de voto” e consi-
dera ser necessário um debate
alargado sobre o voto digital.
“A responsabilidade primordial dos
responsáveis políticos do país é asse-
gurar que cada português tem todas
as condições para exercer o direito de
voto e o que se passa é que esse direi-
to não está a ser assegurado”, a rmou
o antigo presidente do INESC.
A abstenção nas eleições, referiu,
além de residir, “por um lado, no fac-
to de as pessoas estarem um bocado
fartas destas campanhas [eleitorais]
e depois continuar tudo mais ou
28 projectos de lei (entre eles um
sobre o Regime Jurídico da
Avaliação do Ensino Superior,
outro sobre a atribuição de um
subsídio para o arrendamento para
famílias numerosas e
monoparentais ou ainda sobre
regulamentação do lobbying).
É interessante ver, por exemplo,
o comportamento dos parceiros
originais da “geringonça”. O PCP,
por exemplo, triplicou com a
pandemia a sua actividade
(passando de 48 projectos de lei
para 137), e isso explica-se pela
posição sui generis do partido: dá,
por um lado, a mão ao Governo no
Orçamento do Estado, mas isso
não tem toldado a sua capacidade
de apontar críticas e pressionar
António Costa e o partido que
aquele dirige para corrigir algumas
medidas. Isso nota-se também nos
pedidos de apreciação
menos na mesma”, também resulta
de haver “imensas barreiras reais ao
exercício do direito de voto”.
As pessoas “só votam num dia,
naquele sítio, e há muita gente para
quem isso é uma barreira aliada à
pouca vontade que têm de votar”,
prosseguiu, dando o exemplo das
eleições presidenciais recentes.
“O que se passou este ano com pes-
soas con nadas não poderem votar
é uma vergonha” porque já se sabia
“perfeitamente que ia haver pessoas
con nadas”, criticou José Tribolet.
Claro que também existe o voto por
correspondência, que “é uma opção
que tem sido seguida pela emigra-
ção”, mas “não vejo nenhuma razão
para que não se possa aumentar as
NUNO FERREIRA SANTOS
parlamentar em que é campeão: 21
ao todo, durante a legislatura em
curso — sendo que a apreciação
parlamentar é o mecanismo que os
partidos têm de chamar a
discussão e votação no Parlamento
um decreto que o Governo pôde
aprovar em Conselho de Ministros
e que não carecia de passar pelo
crivo do Parlamento. Quando
assim é, quando um partido pede a
apreciação parlamentar, quer dizer
que discorda frontalmente do que
o Governo ali fez e que quer
chumbar esse diploma. Este
mecanismo já levou a que, por
exemplo, a oposição se tenha
unido para devolver aos
professores a contagem integral do
tempo de serviço que estava
suspensa — o que causou muita
polémica, tendo acabado o PSD
por recuar a meio do processo.
Mas normalmente funciona mais
Exemplo de voto electrónico
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 13
como mecanismo de pressão sobre
o Governo, pois são poucas as
vezes em que a oposição se
consegue unir em coligação
negativa.
Já o BE fez um caminho
semelhante ao do PCP, passando
de 59 projectos de lei para 87 na
primeira sessão legislativa. E o
mesmo aconteceu com o PAN:
passou de 34 para 76 projectos de
lei.
Ora, quando o actual líder do
PSD, Rui Rio, fala em ser oposição,
convém ir ver em concreto o que é
que isso signi ca na casa da
democracia. E convém que o PSD
tenha em atenção os acordos que
faz com o PS e o Governo para que
não faça a gura que fez esta
semana, quando quis, no
Parlamento, criticar o Governo
pelo facto de Portugal ter descido
recentemente de categoria no
Índice de Democracia elaborado
anualmente pela revista The
Economist, deixando de ser um
“país totalmente democrático”
para regressar à categoria de
“democracia com falhas”. Na
resposta, o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva,
rapidamente lembrou que um dos
factores que a The Economist teve
em conta foi a diminuição de
debates regulares com o
primeiro-ministro na Assembleia
da República — alteração ao
regimento que curiosamente teve
o acordo do PSD. Estranha forma
de fazer oposição.
Jornalista. Escreve à sexta-feira
opções de voto, conjugando com o
suporte das tecnologias digitais”.
“Não digo impor que o voto seja
feito por meio digital. Isso seria tão
errado como proibir que seja feito por
meio digital”, defendeu.
O investigador questiona também
“porque é que os emigrantes não
podem votar digitalmente”, obrigan-
do-os “a ir a um consulado a ‘cascos
de rolha’”, o que resulta numa vota-
ção baixa neste círculo.
“Claro que a Constituição tem de
ser revista”, disse, defendendo um
debate alargado sobre o tema.
“Vamos discutir isso numa lingua-
gem que o povo entenda”, instou,
salientando que a discussão “tem de
ser aberta”.
Política
PSD propõe
criação de
linha de apoio
à vacinação
Sofia Rodrigues
Projecto de resolução da
bancada social-democrata
permitiria esclarecer
dúvidas dos utentes
a vacinar
A bancada parlamentar do PSD pro-
põe a criação de uma linha telefónica
para dar apoio à vacinação contra a
covid-19. Num projecto de resolução
que deu entrada na Assembleia da
República, os sociais-democratas
recomendam que esse contacto per-
mita prestar esclarecimentos sobre
dúvidas dos utentes e con rmar a
inscrição dos utentes no processo de
vacinação.
O PSD considera que esta linha
telefónica seria um “contributo para
a transparência do processo de vaci-
nação”, o que é considerado deter-
minante para a “construção da con-
ança” necessária para que o “país
atinja as metas globais, especialmen-
te a tão ambicionada imunidade de
grupo”.
Nesse sentido, a bancada parla-
mentar recomenda que o número de
telefone possa também permitir a
actualização de dados de contactos
pessoais dos utentes e ainda con r-
mar se receberam um SMS ou um
email com a noti cação das autori-
dades de saúde sobre a data e local
da sua vacinação.
No projecto de resolução já entre-
gue na mesa da Assembleia da Repú-
blica, o PSD refere que está a decor-
rer a fase da vacinação dos cidadãos
com idade superior a 80 anos, acres-
centando que os idosos se encon-
tram “especialmente sujeitos a deter-
minados factores susceptíveis de
condicionar a sua vacinação, como
sejam a iliteracia e iliteracia digital,
a desactualização de dados pessoais,
a inexistência de formas de contacto
(ex.: telemóvel ou computador/ende-
reço electrónico), a incapacidade ou
di culdade de deslocação ou, ainda,
a ausência ou baixa de autonomia
pessoal”.
Em matéria de vacinação, o PSD já
tinha avançado com outro diploma,
um projecto de lei, que prevê a auto-
nomização do crime de “vacinação
indevida”, consagrando uma moldu-
ra penal que vai de multa até três
anos de prisão. A punição aplica-se
a que der ou aceitar, para si ou para
terceiro, vacinação que desrespeite
os critérios do plano. E é considera-
do um crime público, que não preci-
sa de queixa formal para abertura de
processo.
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14 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

Política

Juíza iliba dois

NELSON GARRIDO

autarcas de
Penamacor no
caso das viagens
José António Cerejo
Magistrada entendeu
que a aceitação de oferta
de viagem se enquadra
nos “usos e costumes”.
MP já recorreu
A juíza de instrução criminal conside-
rou que a aceitação, por parte do
presidente e do vice-presidente da
Câmara de Penamacor, de uma via-
gem a Istambul oferecida por uma
empresa de informática se enquadra
“nos usos e costumes (...), a guran-
do-se como uma conduta socialmen-
te adequada” — razão que a levou a
decidir não levar a julgamento os
arguidos que iam acusados do crime
de “recebimento indevido de vanta-
gem”. Inconformado, o Ministério
Público (MP) recorreu da decisão, em
Dezembro, para o Tribunal da Rela-
ção de Coimbra.
António Beites Soares e Manuel
Robalo zeram parte do grupo de
autarcas e técnicos de 16 câmaras do
PS e do PSD que em 2015 passaram
Cronologia
Abril de 2015
Autarcas de 15 municípios
governados pelo PS e pelo
PSD viajaram para Istambul
a convite da empresa ANO
2018
Caso foi denunciado à Justiça
pelo movimento independente
Penamacor um Concelho
no Coração
Setembro de 2019
Dois autarcas de Penamacor
foram acusados pela prática
do crime de “recebimento
indevido de vantagem”
Dezembro de 2020
um m-de-semana em Istambul com
tudo pago pela empresa ANO, confor-
me o PÚBLICO revelou em 2019. No
termo da investigação do Departa-
mento de Investigação e Acção Penal
de Coimbra, que optou por averiguar
apenas o caso de Penamacor — man-
dando extrair certidões para investi-
gação posterior das situações relativas
a outras regiões —, o MP acusou Antó-
nio Soares e Manuel Robalo por “rece-
bimento indevido de vantagem”,
pedindo a aplicação da pena acessó-
ria de perda do mandato.
Terminada a instrução do proces-
so, a juíza do Tribunal do Fundão
decidiu não pronunciar os dois argui-
dos nem o dono da empresa da infor-
mática que também estava acusado.
De acordo com o despacho do nal
de Novembro, embora pudesse haver
“censura política” aos dois autarcas,
estes não podiam ser responsabiliza-
dos criminalmente, já que a aceitação
da viagem “não extravasa dos limites
aceitáveis e enquadráveis no âmbito
das políticas de marketing das empre-
sas do sector”.
No recurso, datado de 16 de Dezem-
bro, o MP rejeita o entendimento da
juíza que considerou como não-pro-
vados diversos factos julgados su
cientemente indiciados na acusação.
É o caso da alegada resistência que o
software da ANO para as autarquias
estaria a encontrar no mercado, resis-
tência essa que o fornecedor teria
procurado afastar, convidando os
clientes e potenciais clientes a ir à
Turquia. Tal resistência, a rma o MP,
“resulta inequivocamente” de docu-
mentos e testemunhos constantes do
processo, designadamente o de Jorge
Pio, então vereador e actual vice-pre- Câmara de Penamacor foi uma acusação consta que, depois da ida a A decisão de levar, ou não levar, os
sidente da Câmara de Castelo Branco, das 16 autarquias convidadas Istambul, o mesmo município adju- arguidos a julgamento cabe aos juízes
que foi “peremptório ao considerar para a viagem a Istambul dicou contratos à ANO no valor de desembargadores de Coimbra.
a solução da ANO como insu ciente 62.466 euros. Entretanto, em resultado das cer-
e pouco desenvolvida”.
No recurso, o MP Por m, o MP contraria a tese de tidões extraídas do processo de
O recurso rejeita também a justi que a aceitação da viagem se a gura Coimbra, o julgamento do caso em
cação de que a viagem teria servido alega que, para como uma “conduta socialmente que é acusado um técnico da Câma-
para a ANO apresentar as novas ver-
sões dos seus produtos e realizar “ses-
apresentar novas adequada”, salientando que “a cri-
minalidade ligada ao exercício de
ra de Ferreira do Alentejo e o dono
da ANO, por causa da mesma via-
sões formativas”, sustentando que, versões dos poderes públicos (como são os cri- gem, foi adiado há duas semanas —
“se o objectivo [da empresa] não fos-
se outro (clima de simpatia para pos-
produtos e realizar mes de corrupção e a ns) constitui
um dos temas de maior pertinência
segundo o jornal online Lidador Notí-
cias —, devido ao facto de o advogado
teriores diligências) bastariam acções sessões formativas, na vida pública das sociedades do empresário, o ex-deputado do

Ministério Público recorreu

da decisão da juíza
de não levar os autarcas
de Penamacor a julgamento
de formação em território nacional e
ministradas a quem na realidade uti-
liza as ferramentas informáticas que,
no caso concreto do município de
Penamacor, não foi tido nem achado
(o funcionário Jorge Teixeira)”. Na
a empresa não modernas, à medida que surgem evi-
dências da generalização destas prá-
precisava de levar ticas em todos os quadrantes de acti-
os autarcas vidade, deixando de ser tolerada pela
comunidade e, portanto, pelos usos
a Istambul e costumes”.
CDS e vice-presidente do Ben ca
Sílvio Cervan, se encontrar em con-
namento. Neste processo, a juíza de
instrução de Ferreira do Alentejo, ao
contrário da do Fundão, decidiu
levar os arguidos a julgamento.
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DIREITO DE RESPOSTA
“Parceria fez Aguiar da Beira ficar sem termas em que gastou mais de três milhões” e “Os outros casos do empresário
Gumercindo Lourenço”, publicados a 20 de Dezembro de 2020
Relativamente ao
licenciamento do novo Hotel
Na notícia refere-se que o hotel de
quatro estrelas licenciado pelas
Caldas da Cavaca, S.A. na área das
Caldas da Cavaca foi autorizado
“(...) num local onde o plano
diretor municipal (PDM) não o
permitia (...)”.
Acrescenta-se que “(...) construir
um hotel não no local previsto,
mas no pinhal que acabara de
comprar, a um quilómetro das
termas, e no qual o PDM proibia a
construção”; a rma-se ainda que
“Por forma a contornar o PDM (...)
deliberaram (...) mandar elaborar
um programa de ação territorial
(PAT), que supostamente permitia
a alteração das regras de ocupação
do solo em vigor no local, de modo
a que lá fosse autorizado o hotel”.
Conclui-se que “(...) essa
aprovação e posterior
licenciamento da obra são
legalmente inválidos, porque um
PAT não pode alterar um PDM. Isso
mesmo con rmou a Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento
da Região Centro (CCDRC), que,
em resposta ao PÚBLICO,
informou: “Os programas de ação
territorial ( gura eliminada da
legislação em Maio de 2015) não
podiam alterar as regras de
classi cação e quali cação do solo
estabelecidas em plano territorial,
o que só poderia ser feito através
de alteração ao PDM ou de
elaboração de um plano de
urbanização ou de pormenor.”;
acrescentando-se que “A mesma
entidade [CCDRC] frisou que o
PDM de Aguiar da Beira ‘não foi
alterado para a área em causa,
sendo este o instrumento de
gestão territorial em vigor.’”,
concluindo que “Quanto à
legalidade do licenciamento
informou [a CCDRC) que, nos
termos da lei, ‘seria inválido o
licenciamento que não se
conformasse com as regras de uso
e ocupação do solo estabelecidas
no PDM’”.
Esclarecimento e contestação
do enquadramento da atuacão
da DOOTAD no licenciamento
do hotel no contexto do PAT do
Complexo Termal das Caldas
da Cavaca
Sem prejuízo de uma análise mais
alargada do contexto dos PAT, da
legislação do ordenamento do
território e de outras guras de
planeamento cabe, desde já,
esclarecer de forma inequívoca, a
atuação e os enquadramentos
legais e regulamentares que
levaram ao licenciamento do
hotel no âmbito do PAT,
contestando de forma clara o
referido na notícia do PÚBLICO
em análise.
De facto, se no âmbito da
investigação o jornalista autor da
peça tivesse lido o regulamento do
PDM de Aguiar da Beira em vigor
não teria, certamente, efetuado
a rmações perentórias
relativamente à invalidade legal do
licenciamento do hotel:
. O regulamento do PDM, que faz
parte integrante e fundamental do
plano publicado na 2.ª série, n.º
53, do Diário da República através
do aviso n.º 3852/2013, de 15 de
março, de ne no seu anexo I as
Unidades Operativas de
Planeamento e Gestão (UOPG) que
consubstanciam as orientações
para programação de nidas na
secção III do regulamento do
plano (art.ºs 74.º e ss);
. Aquelas UOPG encontram-se
delimitadas nas cartas do plano,
especi camente na sua carta de
ordenamento;
. A UOPG 2, designada
“Complexo Termal das Caldas da
Cavaca”, integra o complexo
termal e uma vasta área
circundante (a área do PAT
referido encontra-se dentro do
limite de nido para a UOPG 2);
. No contexto da UOPG 2
de nem-se no regulamento do
plano: “1 - Objetivos
programáticos”; “2 - Orientações
e parâmetros urbanísticos” e
“3-Orientações para a execução”;
. As “orientações para a
execução” referem na sua alínea
“b) A intervenção global ou parcial
sobre a área integrada na UOPG,
que implique a alteração de
parâmetros urbanísticos ou a
reclassi cação do solo deve ser
enquadrado num dos seguintes
instrumentos: i) Programa de Ação
Territorial (PAT); ii) Plano de
Urbanização (PU) ou Plano de
Intervenção em Espaço Rural
(PIER)” [sublinhados nossos].
Ou seja, nos termos previstos no
PDM de Aguiar da Beira, em área
que integre a UOPG 2 (não se
analisando aqui as restantes
UOPG) a alteração de parâmetros
urbanísticos ou a reclassi cação
do solo pode ser efetuada através
de um PAT.
Conforme exposto, não se trata
de um PAT alterar um PDM, como
refere o jornalista autor da peça;
no caso do PDM de Aguiar da Beira
os PAT fazem parte integrante das
orientações de programação do
plano e, no caso de integrarem a
UOPG 2 - Complexo Termal das
Caldas da Cavaca, como é o caso
em concreto, aqueles programas
enquadram “a alteração de
parâmetros urbanísticos ou a
reclassi cação do solo”.
Não se conhecendo o contexto
ou âmbito em que a CCDRC se
pronunciou conforme citado na
notícia em causa, se,
eventualmente, será verdade que
um PAT não poderia alterar um
PDM e não poderia, em abstrato,
“alterar as regras de classi cação e
quali cação do solo estabelecidas
em plano territorial”, no caso do
PDM de Aguiar da Beira o PAT em
causa não só não alterou o PDM,
como o integra, e a reclassi cação
do solo na UOPG 2 teria que ser
enquadrada em um PAT ou as
outras guras previstas no ponto
ii) da alinea b) das “Orientações
para a execução” daquela unidade
operativa, constando esta norma
expressamente no PDM e dele
fazendo, por isso, parte
integrante.
De referir que a CCDRC, nos
termos da lei, coordenou todo o
processo de revisão do PDM de
Aguiar da Beira em vigor que
decorreu entre 2001 até à sua
entrada em vigor em 2013, tendo
as UOPG e os instrumentos de
ordenamento e planeamento a
adotar para a sua execução sido
profusamente debatidos nas
diversas reuniões plenárias da
comissão técnica de
acompanhamento da revisão do
plano.
Sobre o “1.º Programa de Ação
Territorial do Complexo
Termal das Caldas da Cavaca”
Nos termos do exposto e
conforme expresso logo na
introdução do documento, aquele
“(...) programa de ação territorial
(PAT) dá início à execução da
Unidade Operativa de
Planeamento e Gestão 2 -
Complexo Termal das Caldas da
Cavaca (UOPG2), conforme
previsto no Plano Diretor
Municipal de Aguiar da Beira
(PDM)”.
De forma a prosseguir os
objetivos de nidos naquele PAT
no “Modelo de Ocupação do
Território” concretiza-se que “Nos
termos da subalínea i) da alínea b)
das orientações para a execução,
na área da unidade do presente
PAT o solo será reclassi cado,
passando a Solo Urbano, Solo
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 15
Urbanizável, Espaço Residencial,
alterando-se os parâmetros
urbanísticos, adotando-se o
regime de edi cabilidade de nido
no art.º 61.º do Regulamento do
PDM. Esta reclassi cação
justi ca-se porque a localização do
novo hotel é fronteira ao
complexo Termal das Caldas da
Cavaca, constituindo uma
expansão àquele território; por
outro lado, a renovação das
infraestruturas e a quali cação das
termas permitem aptidões que
perspetivam uma concentração de
construção, funções e utilização,
enquadrando-o na de nição
constante do n.º 1 do art.º 59.º do
mesmo regulamento”.
Foi esta reclassi cação de solo
concretizada nos termos
expressamente previstos no PDM
para a execução da UOPG 2 que foi
enquadrado o licenciamento do
hotel em causa, sendo que todos
os procedimentos foram
enquadrados na lei e regulamentos
em vigor, nomeada e
especi camente no PDM de Aguiar
da Beira.
Sobre a contratualização a
empresas em que o Sr.
Gumersindo Lourenço é sócio
ou gerente
Relativamente às contratações de
empreitadas pelo Município de
Aguiar da Beira, às empresas em
que o Sr. Gumersindo Lourenço é
sócio ou gerente, a saber:
Montalvia Construtora, SA;
Viadaire, SA e Gumervias -
Construção Civil e Obras Públicas
SA, desde 14 de outubro de 2013,
data em que este executivo entrou
em funções, ou seja, durante os
últimos 7 anos, veri ca-se que as
mesmas foram adjudicadas,
sobretudo, por concurso público -
cerca de 2,3 milhões de euros.
Neste período o Município
adjudicou por concurso público
cerca de 6 milhões de euros, ou
seja, o valor adjudicado às
empresas referidas, durante este
período é de cerca de 35,00% do
valor total adjudicado.
Será de salientar que a estes
concursos públicos concorreram
todos os empreiteiros que
reuniram as condições previstas
na lei, nomeadamente aqueles
cujo alvará o permitia, tendo sido
o critério de adjudicação, nestes
casos, exclusivamente o do preço
mais baixo.
Em termos da adoção de
consultas prévias, gura que surge
no Código dos Contratos Públicos
Política
(CCP) só a partir da redação de
2017, o valor total de adjudicação
às empresas em causa, durante
este período, ascendeu a cerca de
72 mil euros, valor que ca muito
aquém do máximo previsto na lei
que se xa, para empreitadas, em
150.000,00 €.
Sobre os ajustes diretos
efetuados durante os 7 anos de
referência já mencionados, o valor
total de adjudicação ascende a um
total de cerca de 700 mil euros,
valor que representa 9,00 % do
valor total adjudicado com a
adoção desta gura procedimental
de contratualização pública no
período em causa — total de cerca
de 7,6 milhões de euros.
Estes ajustes diretos foram
adotados para contratualizar
pequenas empreitadas ou
trabalhos complementares
necessários à conclusão de obras
adjudicadas por concursos
públicos conforme procedimento
previsto na lei.
A adoção do procedimento de
ajuste direto para as empreitadas
em causa cumpriram sempre as
regras previstas no CCP e na
legislação em vigor, tendo em
consideração que estas regras
alteraram de forma signi cativa
após a alteração ao código dos
contratos em 2017 que já foi
referida.
Joaquim António Marques
Bonifácio, presidente da Câmara
Municipal de Aguiar de Beira
Nota da Direcção
A
afirmação de que o hotel
foi autorizado pela
câmara num local vedado
à construção pelo Plano
Director Municipal resulta das
desenvolvidas respostas dadas
por escrito ao PÚBLICO pela
Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento da Região
Centro e sintetizadas no artigo
e cujo entendimento foi
confirmado por uma reputada
professora de Direito do
Urbanismo da Universidade de
Coimbra.
No que concerne aos
números respeitantes às
adjudicações às empresas em
questão, esclarece-se,
quetodos eles têm como fonte
o portal dos contratos
públicos.
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16 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

Sociedade

Quem chega do Brasil por uma rota

alternativa não tem de fazer quarentena
Ao contrário do que vai ser exigido aos passageiros que vão embarcar no “voo humanitário” de dia 27,
quem vem por Paris ou Zurique só tem de apresentar comprovativo de teste negativo à covid-19
RUI GAUDÊNCIO

Ana Dias Cordeiro

Ao contrário do que acontece com os
passageiros que viajam directamente
de São Paulo para Lisboa no voo espe-
cial de amanhã autorizado pelo
Governo português, as pessoas igual-
mente provenientes do Brasil mas
que chegam a Portugal por rotas alter-
nativas, via Paris ou Zurique, como
tem acontecido, não são obrigadas a
cumprir a quarentena.
Os 298 passageiros que vão embar-
car no voo da TAP no dia 27 têm obri-
gatoriamente de cumprir um isola-
mento de 14 dias. E todos têm de
apresentar igualmente o comprova-
tivo do resultado negativo a um teste
laboratorial para rastreio da infecção
por SARS-Cov-2 realizado até 72 horas
antes do embarque.
Além das rotas alternativas, essen-
cialmente a serem realizadas por
Paris ou Zurique, como fez o portu-
guês Bruno Santos e fará a brasileira
Talitha Freitas, há quem do Brasil
escolha viajar via México-Espanha-
Portugal. Neste caso, a entrada por
Espanha também obriga ao cumpri-
mento do isolamento de 14 dias,
como determinado pela informação
para a prevenção de viajantes que
está disponível no site do SNS24. Isto
acontece porque Espanha está
(actualmente) entre os seis países
com ligações aéreas com Portugal
em que a taxa de incidência é igual
ou superior a 500 casos por 100 mil
habitantes nos últimos 14 dias. Estas As regras para quem aterra caram registados os seus contactos aos cidadãos brasileiros ou residentes autoridades de saúde portuguesas.”
listas são actualizadas consoante as em Portugal diferem consoante — para a eventualidade de ter de ser no Brasil, retidos em Portugal ou no “Esta obrigação tem sido expres-
alterações nas taxas de incidência. os países de origem dos voos contactado se algum caso positivo Brasil, para viajarem por rotas alter- samente reiterada pelos postos con-
Nos países da União Europeia e asso- entre os passageiros do mesmo avião nativas por não haver perspectiva de sulares de Portugal no Brasil e pela
ciados ao Espaço Schengen, além de viesse a ser detectado. Mas nenhuma voos humanitários. Mas isso era para companhia aérea [TAP]”, referiu ao
Espanha, estão neste patamar a informação o cial sobre a necessida- quem pudesse comprar uma segunda PÚBLICO o gabinete da secretária de
República Checa, Eslovénia, Estónia de do isolamento pro láctico de duas passagem, como aconteceu também Estados das Comunidades Portugue-
e Letónia. Quem viaja destes países, semanas lhe foi transmitida. com a brasileira Talitha Freitas, casa- sas, Berta Nunes, como de nida (a
cumpre isolamento pro láctico de O português de 29 anos tinha ini- da com um português, e que chegará obrigação) no despacho do Governo
14 dias como quem virá no voo direc- cialmente um voo marcado na com- a Portugal num voo da Air France de 12 de Fevereiro.
to de São Paulo de amanhã. Espanha panhia brasileira Azul, o que não o vindo do Brasil com passagem por Catarina Miranda diz que respei-
pode, contudo, sair brevemente des-
te lote, uma vez que nos dados do
Os 298 tornaria elegível para embarcar no
voo operado pela TAP (para o Brasil
Paris. Os dois bilhetes caram em 690
euros, disse ao PÚBLICO.
taria a quarentena por ter a cons-
ciência de que vem de um país de
Centro Europeu de Controlo de passsageiros no dia 26 e de volta a Portugal no dia risco, mesmo que a tal não fosse
Quarentena de livre vontade
Doenças (ECDC na sigla inglesa)
publicados hoje já se encontra com
que vão embarcar 27) autorizado pelo Governo portu-
guês e acordado entre Portugal e o Já Catarina Miranda, portuguesa que
obrigada. Bruno Santos está a cum-
pri-la. “Fui para o Brasil por motivos
uma taxa de incidência abaixo dos amanhã no voo da Brasil. Para isso teria de comprar um viajará no voo da TAP por ter um familiares, sabendo que ia num
500 (348).
Bruno Santos, que veio de São Pau-
TAP com destino bilhete na TAP. Perante a urgência de
regressar, e ainda sem certezas rela-
bilhete inicial desta companhia e por
ter sido colocada na lista das pessoas
momento em que isto podia aconte-
cer [as ligações carem suspensas].
lo na companhia aérea Swissair com a Lisboa têm tivamente à realização do voo organi- em situação prioritária pelas autori- Não sou obrigado a cumprir a qua-
uma escala em Zurique, teve de apre-
sentar o comprovativo da realização
obrigatoriamente zado pelo Governo português, Bruno
Santos não hesitou: gastou mais 600
dades consulares portuguesas no
Brasil, recebeu um email da TAP lem-
rentena, mas estou a cumpri-la por
livre vontade, porque venho de um
do teste (com resultado negativo) no de cumprir euros e reservou a passagem nessa brando que “por determinação das país de risco.” A essa consciência
momento do embarque em São Paulo
e à chegada a cidade suíça. No avião,
um isolamento rota alternativa.
Na semana passada, o Governo do
autoridades portuguesas” terá de
cumprir o isolamento dos 14 dias “no
acresce a noção de poder represen-
tar um risco maior por ter estado em
preencheu um formulário no qual de 14 dias Brasil começou aliás por recomendar domicílio ou em local indicado pelas dois aeroportos.
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Parvalorem impede compra da
empresa dona de avião com cocaína
Mariana Oliveira
Lobista brasileiro e sócio
foram representados por
João Loureiro no contrato
de promessa de compra
e venda da empresa
A história do jacto português apanha-
do no Brasil com 587 quilos de cocaí-
na a bordo torna-se mais intrincada a
cada dia que passa. A Parvalorem, a
entidade pública criada para gerir os
activos tóxicos do antigo BPN, terá
acabado por impedir, de forma indi-
recta, a venda da Omni – Aviação e
Teconologia, SA, a empresa dona do
Falcon 900B onde a droga foi encon-
trada, a um lobista conhecido no Bra-
sil pelo seu envolvimento num escân-
dalo de corrupção relacionado com
a construção de um metro de super-
fície na capital do estado de Mato
Grosso, apurou o PÚBLICO junto de
duas fontes.
A representá-lo neste negócio esta-
va o ex-presidente do Boavista e advo-
gado João Loureiro, que chegou a
assinar em Agosto passado um con-
trato de promessa de compra e venda
em nome do tal lobista, o advogado
Rowles Magalhães Pereira da Silva
(que possui nacionalidade portugue-
sa e brasileira), e do seu sócio Ricardo
Agostinho. O contrato tinha como
limite de concretização o nal do ano,
mas os compradores tinham esperan-
Tribunal dos Direitos Humanos recusa pedido
de 33 países processados por jovens portugueses
Patrícia Carvalho
Tribunal prolongou o
prazo para que os países
respondam à queixa dos
jovens, mas não aceitou
retirar prioridade ao caso
O Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos (TEDH) recusou um “esfor-
ço coordenado” dos 33 países proces-
sados por seis jovens portugueses por
causa da sua ine cácia no combate às
alterações climáticas, para que rever-
tesse a sua decisão de considerar o
caso prioritário. Segundo a associa-
ção não lucrativa Global Legal Action
Network (GLAN), que está a conduzir
o processo, os visados argumentaram
que “os jovens não enfrentam qual-
ça que, se desbloqueassem o proble-
ma com a Parvalorem, ainda conse-
guissem concretizá-lo.
Terá sido, aliás, este negócio que
justi cou a viagem de João Loureiro
ao Brasil, onde ainda está retido por
não conseguir voo para regressar à
Europa. Fonte próxima de Loureiro
diz que terá sido Rowles Magalhães a
arranjar a “boleia” de jacto privado
para o antigo dirigente desportivo,
que viajou com um cidadão espanhol
que está referenciado na Europa
como tendo ligações ao trá co de
droga. O ex-dirigente desportivo
garante que só conheceu o seu com-
panheiro de viagem na sala de embar-
que de Tires e que não sabe nada da
O avião estava “carregado” com 587 quilos de cocaína
quer perigo iminente”, pelo que não
fazia sentido considerar o caso como
urgente. O tribunal recusou esta posi-
ção, mas alargou o prazo para que os
estados apresentem a sua defesa. Em
vez de Fevereiro, podem fazê-lo ago-
ra até 27 de Março.
A reacção dos 33 países, considera-
dos os principais emissores europeus
de gases com efeito de estufa (GEE),
surgiu depois de terem recebido a
“comunicação” da aceitação do caso
pelo TEDH, em Novembro do ano
passado. Segundo a GLAN, o tribunal
também negou o pedido dos visados
para que adiasse “a análise das suas
políticas climáticas”. “Os governos
tinham pedido permissão para argu-
mentarem que o caso é inadmissível
e, portanto, que o desa o às suas polí-
ticas climáticas não deve ser ouvido”,
empresa que pagou o frete do avião.
Como é habitual neste tipo de ser-
viços, o frete do jacto é pago à cabeça,
ainda antes de o aparelho descolar.
Isso mesmo con rmou ao PÚBLICO
fonte ligada à Omni, que con rmou
que a viagem de ida e volta custou
mais de 100 mil euros à empresa bra-
sileira que a comprou. Esta rma tem
como actividade principal a oferta de
serviços combinados de escritório e
apoio administrativo e encontra-se
sediada numa sala de um edifício
humilde de São Paulo.
Na versão da fonte próxima de João
Loureiro, o ex-dirigente desportivo e
Rowles Magalhães conheceram-se há
uns anos num negócio relacionado
DR
escreve a associação que se dedica a
casos relacionados com direitos
humanos, num comunicado a que o
PÚBLICO teve acesso.
Os países terão agora de “defender
a compatibilidade das suas políticas”
com o objectivo central do Acordo de
Paris, de manter o aumento de tem-
peratura abaixo dos 1,5 graus Celsius,
partindo dos valores pré-industriais.
“É mais um grande passo no sentido
de se obter uma decisão do tribunal
que obrigue os governos europeus a
A acção judicial
foi apresentada
por seis jovens
portugueses
com idades
entre os 8 e
os 21 anos
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 17
com o futebol. E não há dúvida que
trabalham juntos há algum tempo.
João Loureiro e um dos lhos consti-
tuíram em Agosto de 2019 uma
empresa, a Aristopreference, uma
rma de consultoria de negócios, com
um capital social de mil euros, sedia-
da num apartamento do Porto. A r-
ma não aparenta ter tido qualquer
actividade, tendo sido vendida em
Julho do ano passado, como con r-
mam os registos o ciais, a Rowles
Magalhães e Ricardo Agostinho.
Foi a Aristopreference que prome-
teu em Agosto comprar a Omni. O
problema é que a empresa de aviação
ainda está a pagar três empréstimos
relativos a três das cinco aeronaves
que possui, o Falcon, três Learjet e
um King Air. Os créditos foram feitos
pelo antigo Banco Português de Negó-
cios (BPN), que entretanto foi nacio-
nalizado, tendo os empréstimos tran-
sitado para a Parvalorem. Daí que a
venda da Omni e a cedência das dívi-
das que ainda tinha implicassem a
aval de quem emprestou o dinheiro.
É que as garantias associadas a estes
créditos teriam que ser substituídas
e tal implicava o acordo da Parvalo-
rem. Terá havido negociações, mas
as partes não chegaram a acordo.
Ontem, o PÚBLICO tentou obter
esclarecimentos junto da Parvalorem
sobre este caso, mas ainda não obteve
resposta. Contactado pelo PÚBLICO,
João Loureiro não quis prestar decla-
rações. com Sónia Trigueirão
agirem com a urgência necessária
para garantir o futuro dos jovens peti-
cionários e da sua geração. Com o
aquecimento global em curso para lá
dos 1,5 graus Celsius previstos no
Acordo de Paris, não pode haver atra-
so em submeter as políticas dos países
europeus a um escrutínio”, refere
Gerry Liston, da GLAN, citado no
comunicado.
A acção dos seis jovens portugue-
ses com idades entre os 8 e os 21 anos,
foi entregue no TEDH em Setembro.
Além de todos os países da União
Europeia, a queixa visa também o
Reino Unido, a Suíça, a Noruega, a
Rússia, a Turquia e a Ucrânia. O que
os jovens pretendem é que o tribunal
tome uma decisão que obrigue os 33
países a agirem de forma urgente para
travar a crise climática.
Sociedade
Juízes perdem
acção para
comarcas
de Lisboa
Ana Henriques
Os juízes que moveram uma acção
contra o Conselho Superior da Magis-
tratura por terem sido preteridos nas
nomeações para presidentes das
comarcas judiciais de Lisboa e tam-
bém de Bragança perderam o direito
a ocupar aqueles cargos nos próxi-
mos três anos.
Uma decisão proferida pelo Supre-
mo Tribunal de Justiça esta quarta-
feira diz que, ao contrário do que
alegam os juízes Rui Teixeira — que
dirigiu o processo Casa Pia na fase de
instrução — e Marília Gomes, a esco-
lha de outros candidatos para dirigi-
rem as comarcas de Lisboa, Lisboa
Oeste, Lisboa Norte e Bragança não
violou princípios de transparência,
imparcialidade e igualdade, nem tão-
-pouco a lei. O acórdão do Supremo
teve, porém, dois votos de vencido.
Um dos quais, da vice-presidente
deste tribunal, Maria dos Prazeres
Beleza, a alegar que a impugnação
das nomeações movida pelos dois
candidatos derrotados tem razão de
ser no que respeita às comarcas de
Lisboa e de Lisboa Oeste.
Uma das questões no centro da
disputa relaciona-se com o facto de,
no caso da comarca de Lisboa, o
Conselho Superior da Magistratura
ter passado por cima de uma condi-
ção legal para a nomeação: a fre-
quência do curso de juiz-presidente
de comarca ministrado pelo Centro
de Estudos Judiciários. Sucede que
nem Rui Teixeira nem Marília Fontes
conseguiram a aprovação daquele
conselho: do escrutínio por voto
secreto resultaram mais votos em
branco do que favoráveis. Razão pela
qual o vice-presidente deste órgão,
Sousa Lameira, sugeriu um terceiro
juiz, Artur Cordeiro, que manifesta-
ra disponibilidade (e reunira quase
20% dos votos dos colegas) mas não
conseguira vaga para o curso em
causa. Este acabou por ser o escolhi-
do, “a título excepcional e atento o
interesse público”, mas sujeito à con-
dição de obter aprovação no próxi-
mo curso para juízes-presidentes.
“Tenho di culdade em interpretar
as nomeações como estando sujeitas
a uma condição”, observa a vice-pre-
sidente do Supremo na sua declara-
ção de voto, acrescentando que o
conselho não pode descartar requi-
sitos legais como a frequência prévia
daquelas acções de formação. “Jul-
garia assim procedente a acção
[desencadeada pelos candidatos pre-
teridos] no que toca à impugnação
das nomeações nas comarcas de Lis-
boa e de Lisboa Oeste”.
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18 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

Local Estão previstos cinco torres e seis prédios

Câmara de Lisboa planeia

novas torres no Restelo
Empreendimento está em consulta pública e prevê a criação de 629 fogos para o Programa de Renda
Acessível. Edifícios serão bastante mais altos do que o bairro da EPUL, que se situa um pouco mais abaixo
FOTOS: DR

João Pedro Pincha

Cinco torres e seis prédios. Uma
rotunda que passa a cruzamento,
um nó viário que se transforma em
rotunda. Espaços verdes e pedonais
entre os edifícios, um supermerca-
do, creche, centro de convívio e um
equipamento de ensino superior.
Assim se resumem duas opera-
ções de loteamento que a Câmara
de Lisboa está a projectar para o
Alto do Restelo e que estão em con-
sulta pública até à próxima quarta-
feira. O empreendimento faz parte
do Programa de Renda Acessível
(PRA) e tem como objectivo a cria-
ção de 629 fogos com tipologias
entre T0 e T4 para arrendar a custos
controlados.
Numa zona já marcada pelas
conhecidas Torres do Restelo, a
autarquia mantém a aposta na cons-
trução em altura e reserva uma par-
te dos lotes para espaço público
com alamedas verdejantes e até
uma linha de água. Junto à Av. Dr.
Mário Moutinho deverão ser cons-
truídos dois edifícios com 14 pisos à
superfície e quatro em cave,
enquanto para o grande terreno
fronteiro à Igreja de São Francisco
Xavier, no topo da Av. Ilha da Madei-
ra, estão previstos nove prédios,
três dos quais com 12, 13 e 15 pisos.
A con rmarem-se estas volume-
trias, os edifícios propostos terão
menos três a cinco pisos do que as
torres que já ali existem, construídas
entre os anos 1970 e 1990, e serão
bastante mais altos do que o bairro
da EPUL, que se situa um pouco mais
abaixo. Era para um terreno desse
bairro, aliás, que estava inicialmente
prevista a operação do PRA no Res-
telo, mas a câmara optou por cedê-lo
a duas associações que ali vão cons-
truir uma residência para artistas e
publicitários.
De acordo com os documentos
disponíveis no site da câmara, os
loteamentos contemplam habita-
ção, algum comércio nos rés-do-
chão, cerca de 1000 lugares de esta-
cionamento em cave e 200 à super-
fície e alguns equipamentos novos,
como uma creche, um centro de
convívio e um supermercado.
“Pretende-se não apenas densi
car o território, mas torná-lo cidade,
de forma integrada e articulada,
essencialmente recorrendo não
apenas ao edi cado, mas a um espa-
ço público de qualidade, usufruído
Perspectiva de como poderá por todos e a que todos têm direito”,
ser o projecto. A arquitectura diz a memória descritiva. “Total-
ainda não está definida mente pedonal, o espaço público no
interior do loteamento é composto
de áreas de lazer, pequenas praças
e largos interligados. Os pátios pri-
vados, localizados nos pisos baixos
fundem-se com os jardins exteriores
e com o espaço público.”
O estudo aponta Nova rotunda
para um acréscimo À construção de novos prédios
a rondar somam-se modi cações na rede viá-
ria. Na Av. Dr. Mário Moutinho, que
os 500 carros liga a Av. das Descobertas ao Alto da
em cada hora Ajuda, vai ser construída uma nova
rotunda na con uência da Av. dos
de ponta em 2033 Bombeiros e da Rua Carlos Calisto.
Mais abaixo, a Praça de São Francis-
co Xavier deixará de ser uma rotun-
da e passa a cruzamento, prevendo-
se igualmente um novo traçado para
a Rua Antão Gonçalves, que terá
ciclovia e a nova linha de metro
ligeiro.
Um estudo de mobilidade enco-
mendado pela autarquia, que tam-
bém integra a documentação dispo-
nível para consulta, a rma que estas
alterações vão ser bené cas para a
zona, “organizando de forma mais
e ciente os eixos de maior tráfego”.
O mesmo estudo aponta para um
acréscimo a rondar os 500 veículos
automóveis em cada hora de ponta
em 2033, com todos os lotes cons-
truídos, habitados e em pleno fun-
cionamento.
Ainda não há datas para o início
das obras. Depois do período de
consulta pública em curso, a câma-
ra terá de ponderar as participações
e os vereadores serão chamados a
aprovar ou chumbar a operação de
loteamento. Só a seguir é que
podem ser apreciados os projectos
de arquitectura.
Mas, antes disso, o executivo de
Fernando Medina terá de encontrar
um privado disposto a investir. Este é
um projecto que se insere no chama-
do PRA Concessões, em que a câma-
ra busca um parceiro privado para a
edi cação. Até agora, este modelo
estava concebido para que a autar-
quia cedesse os terrenos e os privados
construíssem e gerissem os empreen-
dimentos, podendo arrendar ou ven-
der uma parte das casas aos preços
que entendessem. Recentemente,
depois de o Tribunal de Contas ter
levantado dúvidas sobre esta espécie
de parceria público-privada, Fernan-
do Medina disse que ia avançar com
uma outra forma de envolver os pri-
vados que passa pela constituição de
direitos de superfície.
Neste momento, quase cinco anos
depois de ter sido lançado o PRA,
apenas dois contratos com privados
foram assinados e as obras estão a
começar. A vertente exclusivamen-
te pública do programa, em que a
câmara assume todos os custos, está
a avançar em Entrecampos.
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Vialonga não quer palácio seiscentista
transformado para habitação
Jorge Talixa
Câmara garante que edifício
histórico não será destruído
e que o que está em causa
é a construção de fogos
nos terrenos anexos
A decisão do Governo de integrar o
Palácio da Flamenga na bolsa de
imóveis do Estado que deverão ser
afectos a uso habitacional está a
gerar muita contestação em Vialon-
ga. O edifício com origens no século
XVII funcionou durante décadas
como extensão do Hospital de Vila
Franca de Xira, mas deixou de ter
essa função em 1998 e, desde então,
tem sido alvo de sucessivos roubos e
actos de vandalismo. Mas o antigo
Palácio da Flamenga é visto como
um edifício emblemático de Vialon-
ga e muitos autarcas e habitantes da
vila defendem a sua preservação e
reaproveitamento para ns de uso
colectivo.
A decisão do Ministério das Infra-
Estruturas de, através do Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana
(IHRU), integrar o Palácio da Fla-
menga no conjunto de imóveis do
Estado que podem ser adaptados
para ns habitacionais foi recebida
com surpresa em Vialonga. Os
órgãos autárquicos locais, a comis-
são de utentes de saúde e outras
organizações da freguesia têm defen-
dido a recuperação do imóvel e o seu
aproveitamento para a instalação de
uma unidade de cuidados continua-
dos e de novas instalações para o
centro de saúde. Preconizavam,
também, a transferência do palácio
seiscentista (integrou o património
do Ministério da Saúde e passou,
depois, para a tutela da Direcção-
Geral do Tesouro e Finanças) para a
posse da Câmara de Vila Franca de
Xira, mas esse processo de transfe-
rência nunca se concretizou.
Agora, no âmbito no Plano de Esta-
bilização Económica e Social, foi
conhecida a decisão do Governo de
integrar o Palácio da Flamenga na
bolsa de imóveis a adaptar para ns
habitacionais. De acordo com legisla-
ção publicada no nal de Outubro, o
processo de reconversão ou de cons-
trução destes edifícios para habitação
poderá ser desenvolvido directamen-
te pelo IHRU, pelo município, por
entidades do terceiro sector ou da
concessão a entidades do sector pri-
vado e do sector cooperativo social.
A Junta de Freguesia de Vialonga
reagiu enviando ofícios ao presidente
da câmara, ao ministro das Infra-Es-
truturas e à presidente do IHRU onde
O antigo edifício seiscentista começou a ser alvo de sucessivos roubos e actos de vandalismo
manifesta o seu desagrado por esta
situação e solicita a revisão da medi-
da. A autarquia local apela, também,
à população para que escreva às mes-
mas entidades, reclamando outras
opções para o futuro do Palácio da
Flamenga. Também Nuno Libório,
vereador da CDU na Câmara de Vila
Franca, manifestou a sua preocupa-
ção quanto à eventual demolição de
uma parte daquele imóvel histórico
e defendeu que a câmara deve ter
uma palavra a dizer na salvaguarda
deste património.
Câmara negoceia com IHRU
Já o presidente da Câmara de Vila
Franca de Xira garante que não está
em causa a demolição do edifício his-
tórico. Alberto Mesquita disse que a
autarquia está a negociar com o IHRU
O Palácio
da Flamenga
começou a ser
construído no
século XVII pelos
Duques de Loulé.
Já no século XX
foi para a posse
do Estado
a possibilidade de receber o imóvel a
título gratuito e que o objectivo será
salvaguardar o que ainda for possível
preservar do palácio e construir
“habitação acessível” para famílias
com mais carências económicas nos
cerca de 3,5 hectares de terrenos inte-
grados na propriedade.
Nas cartas que dirigiu aos respon-
sáveis da câmara, do Ministério das
Infra-Estruturas e do IHRU, a Junta de
Vialonga diz interpretar “o espírito e
vontade” dos vialonguenses, que
reclamam a devolução deste patrimó-
nio à população da vila. A autarquia
local apela, por isso, à “exclusão” des-
te edifício da bolsa de imóveis do
Estado para habitação.
“É do conhecimento público o aco-
lhimento e carinho que a população
tem pelo Hospital da Flamenga, edi-
fício seiscentista que ao longo das
décadas acolheu diversos usos, man-
tendo sempre o serviço à população,
razão que o consolida na memória
colectiva não só das gentes de Vialon-
ga, mas também do concelho e do
distrito”, salienta a junta, lembrando
que, desde o encerramento da exten-
são hospitalar que ali funcionou,
foram aprovadas várias posições nos
órgãos autárquicos da freguesia e do
concelho “lamentando o desprezo, a
pilhagem e a destruição de que este
imóvel foi vítima e a rmando a neces-
sidade da sua recuperação”.
“Considerando as características
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 19
DR
do edifício do Hospital da Flamenga,
o terreno disponível que o integra e
o seu enquadramento e integração
no corredor ecológico e de lazer que
é o Jardim do Parque Urbano da Fla-
menga, este imóvel a rma-se como
a possibilidade de criar um, ou
vários, equipamentos colectivos que
dêem resposta a parte da carência
de equipamentos que a freguesia de
Vialonga tem (e de terrenos públicos
para a sua implantação), como
novas instalações para junta de fre-
guesia, núcleo museológico e inter-
pretativo da freguesia, espaço cul-
tural, piscinas, lar de idosos e uni-
dade de cuidados continuados”,
prossegue a junta de freguesia,
reclamando atitudes da Câmara de
Vila Franca de Xira para “travar este
processo e devolver este património
à população de Vialonga, colocan-
do-o ao seu serviço”.
Também a Comissão de Utentes de
Saúde de Vialonga (CUSV) divulgou
uma carta aberta, onde sublinha que
“é preciso salvar o Palácio da Flamen-
ga” e que esta inclusão na bolsa de
imóveis, “na prática, signi ca a sua
destruição e o nascimento em seu
lugar de mais uma urbanização”.
A CUSV a rma que, em Vialonga,
“o crescimento em habitação não
tem sido acompanhado pela cons-
trução de infra-estruturas de apoio
necessárias à população” e defende
que o edifício “tenha como nalida-
Local
de última uma instalação ao serviço
da saúde, em qualquer vertente que
se enquadre na histórica vocação do
imóvel”.
Alberto Mesquita observou, por
seu turno, em resposta a questões da
oposição, que “é possível, através de
acordo com o IHRU, avançar com um
regime também previsto no decreto-
lei de Outubro passado, de transfe-
rência deste património do Estado
central para o município, a título gra-
tuito. E esta possibilidade é, também,
para a promoção de habitação aces-
sível, a custos que as famílias possam
pagar”, acrescentou o edil, referindo
que já teve reuniões nesse sentido
com o vice-presidente do IHRU. “Mas
não é para aproveitar o antigo hospi-
tal (palácio) para fazer habitação. No
contexto daquilo que se pretende
fazer deve ser incluída a preservação
e requali cação do Palácio da Fla-
menga, naquilo que for possível
requali car. O que está em causa é
aproveitar o terreno de 3,5 hectares
para fazer ali alguns fogos de habita-
ção para rendas acessíveis”, concluiu
o presidente da Câmara de Vila Fran-
ca de Xira, considerando que, se não
for aproveitada esta oportunidade de
preservar pelo menos a fachada, a
capela e uma boa parte do antigo
palácio, isso di cilmente acontecerá
no futuro.
Edifício vandalizado
O Palácio da Flamenga e a proprie-
dade envolvente foram utilizados,
durante décadas, como extensão do
Hospital de Vila Franca de Xira. Em
1998, deixou de ter essa função. O
antigo edifício seiscentista começou
a ser alvo de sucessivos roubos e
actos de vandalismo. Em 2011 foi
conhecido o roubo de mais de 2 mil
azulejos seiscentistas que decora-
vam a capela de Santo António. No
interior eram bem visíveis os sinais
de destruição e de roubo de cabos
eléctricos, janelas, loiças sanitárias,
mobiliário e de tudo o mais que lá se
encontrasse. As janelas exteriores
foram vedadas com tijolo, mas os
actos de vandalismo mantiveram-se
durante anos.
O Palácio da Flamenga começou a
ser construído, no século XVII, pelos
Duques de Loulé. Bene ciou de várias
ampliações, mas o edifício principal
manteve a traça original. Já no século
XX foi para a posse do Estado e inte-
grou o património do Ministério da
Saúde. O antigo “Sanatório da Fla-
menga” é agora um dos 152 imóveis e
fracções do Estado central incluídos
na legislação que enquadra a criação
da bolsa de imóveis a reconverter
para ns habitacionais.
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20 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Mundo Líder norte-americano quer falar a sós com o rei Salman
Papel de MBS na morte de Khashoggi vai
levar Biden a “reajustar” laços com Riad
A Casa Branca pondera isolar o príncipe herdeiro saudita, que um aguardado relatório deve responsabilizar
pela morte de dissidente. Mudança integra-se na visão mais geral do novo Presidente para o Médio Oriente
Sofia Lorena
O Presidente norte-americano, Joe
Biden, já leu o relatório dos serviços
secretos sobre o assassínio do jorna-
lista Jamal Khashoggi prestes a ser
desclassi cado e prepara-se para tele-
fonar ao rei da Arábia Saudita para
falar do assunto. Quatro responsáveis
ouvidos pela agência Reuters garan-
tem que o relatório diz que a morte
de Khashoggi foi aprovada pelo prín-
cipe herdeiro saudita, Mohammed
bin Salman. É neste contexto que
Washington pretende “reajustar” a
relação com Riad — considerar o rei
Salman, e não o príncipe, como inter-
locutor, faz parte desse esforço.
“Reajustar” foi a palavra usada pela
porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki,
ao con rmar que Biden vai “falar em
breve” com o rei numa “conversa
directa” e apenas entre os dois.
Não se trata de uma ocasião única.
Independentemente das consequên-
cias da acusação que a investigação
ao assassínio do jornalista a escritor
dissidente poderá trazer a MBS (como
o príncipe saudita gosta de ser trata-
do), a ideia de Biden é alterar de for-
ma signi cativa a relação entre os dois
países. Para o fazer, entende que é
preciso pôr MBS no seu lugar, depois
da relação próxima que teve com
Donald Trump e com o genro e con-
selheiro do ex-Presidente, Jared
Kushner, com quem trocava mensa-
gens por WhatsApp.
“O povo americano espera que a
política americana face à sua parceria
estratégica com a Arábia Saudita prio-
rize o Estado de direito e o respeito
pelos direitos humanos”, a rmou um
porta-voz do Departamento de Esta-
do ao jornal The Guardian, em respos-
ta a uma pergunta sobre se a Admi-
nistração pretende pressionar para
uma mudança na linha de sucessão
que afaste MBS do poder. Algo que
não seria fácil, agora que o príncipe
se tornou o líder de facto da monar-
quia do Golfo, tendo conseguido
silenciar ou até prender potenciais
rivais políticos.
A Arábia Saudita é um parceiro-
chave em muitas áreas, acrescentou
o porta-voz do Departamento de Esta-
do, mas a relação tem de “re ectir e
ser respeitadora dos valores e interes-
ses que os EUA trazem à parceria”.
“O pária que eles são”
Convém recordar as declarações do
próprio Biden em 2019. “Deixarei
muito claro que não lhes vamos ven-
der mais armas. Vamos, na verdade,
fazê-los pagar e torná-los, de facto, no
pária que eles são”, a rmou a propó-
sito da morte de Khashoggi.
O anunciado “reajuste” já provo-
cou muitas expectativas, incluindo a
possibilidade de Washington aprovar
sanções que visem o herdeiro do tro-
no de um país que os EUA têm como
aliado estratégico há 75 anos. Para
Agnès Callamard, prestes a abando-
nar o cargo de relatora especial da
ONU para as mortes extrajudiciais,
sanções contra os bens e as contas de
MBS seriam “o mínimo”, caso as
FAHAD SHADEED/REUTERS
SEDAT SUNA/EPA
informações dos serviços secretos
mostrem que este instigou ou orde-
nou o crime.
Nesse cenário, defende ainda Calla-
mard, a primeira a investigar a morte
de Khashoggi e a a rmar que o jorna-
lista foi vítima de um assassínio brutal
no consulado saudita em Istambul,
os EUA deveriam congelar o envolvi-
mento diplomático de MBS com o
país. “Banir a pessoa responsável pelo
assassínio de Jamal Khashoggi do pal-
co internacional é um passo impor-
tante no caminho para fazer justiça a
Jamal Khashoggi”, disse a responsável
do Conselho de Direitos Humanos da
ONU durante um debate na Universi-
dade de Columbia.
Ninguém cará surpreendido se o
Biden vai falar com o rei, novo relatório, que Trump se recusou
que já não gere os assuntos a divulgar, apontar o dedo a MBS. A
do dia-a-dia, sobre a morte própria CIA, aliás, concluiu logo em
de Khashoggi 2018 que foi o príncipe herdeiro a
ordenar a morte do colunista do diá-
rio The Washington Post.
“O povo americano
espera que a Diplomacia do “silêncio”
Só que sem um novo sucessor será
parceria com Riad quase impossível ignorar MBS. Aos 85
priorize os direitos anos, Salman “está funcional, mas
muito velho”, e age como “um presi-
humanos”, diz dente do conselho, não se envolve
o Departamento nas questões do dia-a-dia”, disse ao
Politico o empresário saudita Ali
de Estado Shihabi, próximo da família real. “Não
é possível conseguir nada se não se
lidar directamente com MBS.”
Até agora, com excepção da sus-
pensão de venda de armas à Arábia
Saudita e aos Emirados Árabes Uni-
dos, a política de Biden para o Médio
Oriente tem-se centrado “no silên-
cio”, uma “ferramenta de diplomacia
pouco ortodoxa” que o jornal Finan-
cial Times defende ter dado frutos.
Com um único telefonema até ago-
ra para o primeiro-ministro israelita,
Benjamin Netanyahu (e só na semana
passada), o diário enumera os pro-
gressos do último mês, do m do blo-
queio de vários países árabes (os
sauditas à cabeça) ao Qatar à liberta-
ção da activista Loujain al-Hathloul.
Na mesma linha, o turco Recep Tayyip
Erdogan também assumiu uma pos-
tura mais pragmática, entrando em
negociações directas com a Grécia na
disputa sobre limites de zonas marí-
timas ricas em gás natural ou dando
um apoio cauteloso a um governo de
unidade na Líbia.
“Cansaço” e o Irão
Segundo vários analistas e conselhei-
ros de Biden ouvidos pelo Politico, o
“tratamento silencioso” é sintomático
do “cansaço” que o novo Presidente
sente em relação ao Médio Oriente,
onde passou anos envolvido no Ira-
que, Afeganistão ou Síria, durante a
presidência de Barack Obama.
“Se zéssemos uma lista das regiões
que Biden vê como prioridade, o
Médio Oriente nem entra nas três pri-
meiras”, diz um ex-responsável na
segurança nacional que é conselheiro
próximo do Presidente, ouvido pelo
jornal americano especializado em
política. Outro conselheiro informal
de Biden escolhe palavras diferentes:
“Eles estão extremamente determi-
nados em não se deixar arrastar para
o Médio Oriente.” Algo que muitos
presidentes norte-americanos não
quiseram ou conseguiram evitar.
O problema é que mesmo que a
região em si não seja prioritária, aca-
ba por se tornar quando se sabe a
importância dada a desfazer algumas
das acções de Trump. O conselheiro
de segurança nacional do Presidente,
Jake Sullivan, já descreveu o regresso
ao acordo internacional sobre o pro-
grama nuclear do Irão como uma
“prioridade inicial decisiva”. E é aí
que se torna obrigatório falar com
Riad. Os próximos dias dirão em que
termos é que Biden vai continuar a
conversa com o velho aliado.
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Biden diz que as restrições “não promovem os interesses” do país
EUA reabrem as portas
a pedidos de residência
permanente
Alexandre Martins
Presidente dos EUA
suspende restrições de
Trump que fecharam as
portas a 300 mil cidadãos
estrangeiros no último ano
O Presidente Joe Biden voltou a abrir
as portas dos EUA a milhares de
estrangeiros que procuram viver e
trabalhar no país de forma legal,
usando mais um decreto presiden-
cial para reverter uma decisão do
seu antecessor, Donald Trump.
A medida permite que centenas de
milhares de pessoas possam voltar a
pedir uma autorização de residência
permanente nos EUA. Quem recebe
essa autorização (conhecida como
green card devido à cor do cartão que
é emitido) pode pedir a cidadania
norte-americana após um período
mínimo de cinco anos.
Segundo uma análise do Migration
Policy Institute — um instituto norte-
americano que defende políticas de
apoio à imigração —, as restrições
impostas pelo ex-Presidente Trump
fecharam as portas a 300 mil cida-
dãos estrangeiros no último ano. Em
Abril de 2020, Trump suspendeu as
autorizações de residência perma-
nente a três grupos de pessoas, invo-
cando uma suposta ameaça ao mer-
cado de trabalho por trabalhadores
estrangeiros.
Na altura, os críticos acusaram a
Administração Trump de se aprovei-
tar do desemprego provocado pela
covid-19 para pôr m à imigração
legal, indo além da política de com-
bate à imigração ilegal que marcou
todo o seu mandato.
Depois de ter sido pressionado a
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 21
ASTRID RIECKEN/EPA
manter o processo em andamento
para alunos estrangeiros e trabalha-
dores com destino às empresas tec-
nológicas e o sector da agricultura,
Trump centrou as restrições em três
grupos: familiares estrangeiros de
residentes permanentes; pais e
irmãos de cidadãos americanos; e 50
mil bene ciários de um sorteio anual
destinado a países com uma baixa
taxa de imigração para os EUA.
Biden disse que as restrições
impostas pelo seu antecessor “não
promovem os interesses” do país.
“Pelo contrário, prejudicam os Esta-
dos Unidos ao impedirem que deter-
minados familiares de cidadãos e de
residentes permanentes se juntem
às suas famílias. E prejudicam as
indústrias que usam talento de todo
o mundo.”
Apesar de a anterior Administra-
ção ter justi cado a sua decisão com
os milhões de postos de trabalho
perdidos pelos americanos no início
da pandemia, os estudos que exis-
tem sobre o impacto da imigração no
mercado de trabalho dos EUA não
aconselham a imposição de políticas
restritivas.
Um estudo da organização sem
ns lucrativos National Foundation
for American Policy, publicado em
Maio de 2018, conclui que “a imigra-
ção não faz aumentar o desemprego
dos cidadãos nascidos nos EUA, nem
reduz a sua participação no mercado
de trabalho”.
“Ninguém está a perder o empre-
go numa competição com imigran-
tes”, disse Doug Rand, um antigo
responsável pelas políticas de imi-
gração na Administração Obama,
citado pelo Washington Post. “As pes-
soas estão a perder o emprego por-
que não podem sair de casa.”
Mundo
Novo recorde
de gastos
militares
em 2020
Gastos chegaram aos
1500 milhões de euros
no ano passado, um
aumento em termos reais
de 3,9% em relação a 2019
Os gastos militares globais, em parte
devido ao investimento na Marinha
chinesa, atingiram um novo recorde
em 2020, concluiu um relatório Ins-
tituto Internacional de Estudos Estra-
tégicos divulgado ontem. Os gastos
em defesa chegaram aos 1500 milhões
de euros, um aumento em termos
reais de 3,9% em relação a 2019, “ape-
sar da pandemia e da consequente
contracção da economia mundial”,
pode ler-se no relatório.
Quase dois terços desse aumento
podem ser atribuídos aos Estados
Unidos, que continuam a levar a par-
te de leão, com 40,3% dos gastos
totais. A China é a segunda, com
10,6%, mas continua a ser o motor do
crescimento dos orçamentos milita-
res na Ásia (25% do total), onde a ten-
dência geral se tem mantido ascen-
dente, embora a um ritmo um pouco
mais lento (mais 4,3% contra mais
4,6% em 2019).
O documento destaca o crescimen-
to das capacidades militares chinesas,
especialmente na Marinha, onde a
China está a aumentar consideravel-
mente a sua frota, fortalecendo as
suas reivindicações territoriais no EM DIRECTO
mar do Sul da China. 26 FEVEREIRO, ÀS 14H45
“Vários países ajustaram os seus
orçamentos militares para redireccio- A direita em mudança
nar fundos para ajuda de crise ou A reorganização da direita vai estar
medidas de apoio à economia. No em discussão com José Silva Peneda,
entanto, vários outros simplesmente
reduziram ou adiaram o aumento nos ex-presidente do Conselho Económico
gastos planeados, em vez de os cor- e Social, Pedro Santana Lopes,
tar”, explica o relatório. ex-primeiro-ministro que saiu do PSD
Na Europa, os gastos com defesa
cresceram 2%, em particular para para fundar um outro partido de direita
fazer face à Rússia, considerada uma de que entretanto se afastou,
ameaça crescente desde a anexação e Jaime Nogueira Pinto,
da Crimeia, em 2014. Contudo, o rela-
tório revela que muitos membros da empresário e analista político.
NATO ainda estão longe do objectivo Está o CDS à beira da extinção?
de dedicar 2% do produto interno Que papel terá Marcelo Rebelo
bruto nacional para este sector, con-
trariando o que está estipulado no de Sousa no futuro da direita?
regulamento da Aliança Atlântica. Serão as autárquicas uma tábua
“O compromisso de actores-chave de salvação de Rui Rio? E qual
(como a França, Reino Unido, Alema-
nha e Itália) em aumentar os seus a importância dos novos partidos
orçamentos de defesa em 2021 e nos de direita na Europa e em Portugal?
anos seguintes assinala a sua intenção Estes são alguns dos temas
de evitar os cortes que se seguiram à
crise nanceira de 2007-2008”, escla- em análise.
rece o relatório.
Em 2019, os gastos militares já
tinham registado o maior aumento publico.pt/aovivo
numa década, crescendo 4%. Lusa
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22 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Mundo
O “Longo
Telegrama”
que inaugurou
a Guerra Fria
Jorge Almeida Fernandes
Foi há 75 anos. O diplomata
americano George Kennan
desfez as ilusões de
Washington sobre a URSS
de Estaline
O ano de 1946 marca um corte na His-
tória do século XX. As relações entre
os Estados Unidos e a União Soviética
mudam de natureza. Passam da coo-
peração à hostilidade, assinalando o
início da Guerra Fria. George F. Ken-
nan (1904-2005) é o protagonista
desse drama. Mudou o curso da His-
tória pela força das suas análises.
Moldou “a doutrina estratégica da sua
época”, escreveu Henry Kissinger. O
“Longo Telegrama”, 5363 palavras,
enviado de Moscovo para Washington
no dia 22 de Fevereiro de 1946, marca
a fronteira entre duas eras.
O Departamento do Tesouro pediu
ao Departamento de Estado uma
explicação para o facto de os soviéti-
cos terem passado a torpedear os
recém-criados Fundo Monetário
Internacional e Banco Mundial. Por
sua vez, o secretário de Estado, James
Byrnes, foi surpreendido por um dis-
curso de Estaline, que descrevia a II
Guerra Mundial como “o inevitável
resultado do moderno capitalismo
monopolista” e sugeria que o mundo
capitalista e o socialista nunca pode-
riam coexistir. Byrnes pediu ao
embaixador em Moscovo, Averell
Harriman, uma orientação estratégi-
ca. Tendo Harriman acabado de sair
de Moscovo, delegou a resposta no
seu “número dois”, George Kennan,
que agarrou a oportunidade com as
duas mãos.
Washington continuava a olhar
Estaline como um aliado. Para Ken-
nan isso era uma ilusão. Escrevera:
“Quem, do confortável ponto de vista
do mundo liberal e burguês, conside-
re Estaline como um líder igual aos
outros, apenas arrastando o seu povo
um pouco brutalmente no caminho
da História, signi ca fechar os olhos
ao horror cataclísmico do totalitaris-
mo moderno.”
O “Longo Telegrama” é a oportu-
nidade de Kennan iluminar a realida-
de. É um texto didáctico que começa
por elucidar as raízes ideológicas da
política soviética e as implicações da
II Guerra Mundial. Esta foi ganha na
DR
Frente Oriental, o que tornou “inevi-
tável” a criação de uma esfera de
in uência soviética na Europa de Les-
te. Disse Estaline em 1945: “Esta guer-
ra não é como as do passado: quem
ocupe um território imporá também
o seu próprio sistema social.”
E porquê a nova hostilidade à Amé-
rica? “Estamos na presença de uma
força política fanaticamente convicta
de que não pode existir nenhum
modus vivendi permanente com os
Estados Unidos e que é desejável e
necessário romper o equilíbrio inter-
no da nossa sociedade sob pena de
ver irremediavelmente comprometi-
da a segurança do poder soviético.”
O sentimento de insegurança é uma
constante da História da URSS mas
também uma necessidade política: o
Estado totalitário precisa da ameaça
externa para se legitimar.
Kennan não teme a agressão sovié-
tica: “Quero rea rmar a minha con-
vicção de que está nas nossas mãos
resolver o problema — e sem recurso
a nenhum con ito militar generaliza-
do. (…) Ao contrário da Alemanha
hitleriana, o poder soviético não é
aventureirista. Não corre riscos des-
necessários. Impenetrável à lógica da
razão é altamente sensível à lógica da
força.” E não exclui que o regime pos-
sa vir a colapsar.
A sua atenção centra-se na Europa
Ocidental, onde Moscovo se apoia
numa rede de partidos comunistas e
procurará “minar o potencial político
e estratégico das grandes potências
ocidentais”. Mas previne: “Se não
formos capazes de abandonar o fata-
lismo e a indiferença sobre as de Kennan ficou conhecido pela ção”. Precisava: “É claro que o prin- ele, o Plano Marshall era a chave da
ciências da nossa própria sociedade, lucidez das suas análises: cipal elemento de qualquer política estratégia americana.
Moscovo aproveitará. (…) Muitos “Pediram para conhecer a dos Estados Unidos perante a União Kennan cou conhecido pela luci-
povos, pelo menos na Europa, estão verdade, agora já a sabem” Soviética deve ser a longo prazo dez das suas análises, que alguns atri-
cansados e assustados com as expe- uma paciente, rme e vigilante con- buíram a “dotes proféticos”. Para
riências do passado, e mais interessa- Marshall, o novo secretário de Esta- tenção das tendências expansionis- Gaddis, um dos grandes historiadores
dos na segurança do que numa liber- do, nomeia-o chefe do staff de pla- tas russas.” da Guerra Fria, ele abriu uma via
dade abstracta.” neamento político e para o Conselho Em 1946, Washington não tinha mediana entre a política de “apazi-
de Segurança Nacional. O seu bió- uma política para os soviéticos. Mas guamento”, que tinha falhado no
O artigo de “X” grafo, John Lewis Gaddis, diz que quando o artigo foi publicado, já Tru- objectivo de prevenir a II Guerra Mun-
O telegrama provocou sensação em Kennan dominava as reuniões do man tinha exposto no Congresso a dial, e a alternativa de uma terceira
Washington. Era um apelo ao realis- staff e foi o principal arquitecto do doutrina que leva o seu nome: “A polí- guerra. Tratava-se combater o totali-
mo: “O nosso primeiro passo deve ser Plano Marshall. “Durante dois anos, tica dos Estados Unidos é apoiar os tarismo e o expansionismo soviéticos
compreender a natureza do movi- formulou o essencial da política povos livres que resistem às tentativas através de uma política de confronta-
mento com que estamos a lidar. Deve- externa americana.” de subjugação por minorias armadas ção selectiva, por meios diplomáticos
mos estudá-lo com a mesma coragem, Em Julho de 1947, aparece na ou pressões estrangeiras.” e económicos, não militares.
distância, objectividade e determina- Foreign Affairs o ensaio que o torna- Kennan recusará a versão militari- Comentará mais tarde o efeito do
ção de um médico.” rá célebre: The Sources of Soviet Con- zada da “contenção” e, em particular, telegrama: “They had asked for it.
Kennan foi imediatamente chama- duct. Era assinado “X”. Nele procu- a corrida aos armamentos. Discordou Now, by God, they would have it.”
do aos Estados Unidos para pregar rava sistematizar o seu pensamento de uma consequência lógica da sua Decifrando: “Pediram para conhecer
a nova doutrina. Em 1947, George e introduziu o conceito de “conten- análise: a fundação da NATO. Para a verdade, agora já a sabem.”
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Por António Rodrigues
Jornalista. Escreve à sexta-feira
O vírus
da eterna
terça-feira
Se Deus está Quem andar à procura
de Deus na lmogra a de
vivo, passa por Arturo Ripstein ver-se-á
numa jornada estéril
muito maus pois se algo parece certo
no cinema do realizador mexicano
momentos. é que não há nele espaço para a
É provável redenção. Está claro que Deus
morreu ou, se não está morto, não
que tenha um está passar lá muito bem. Como o
próprio con rma em entrevista ao
mal assintomático El País a propósito do seu último
que nos transmite, lme, El Diablo entre las Piernas,
sobre um casal idoso, as suas
pois estamos feitos discussões, traições e desejos
sexuais: “Se Deus está vivo, passa
à sua imagem por muito maus momentos”.
Estreado nos últimos meses de
e semelhança 2019, o lme, que acabou por ver
Arturo Ripstein, a sua distribuição internacional
afectada pela pandemia, põe de
realizador lado a ideia delicodoce da velhice
como campo onde os desejos já
mexicano não medram para retratar paixões
intensas, duras, menos
adjectivadas e mais adjectivantes:
que os corpos enrugados são osso
mais frágil e carne mais biliar.
Nesse aspecto, uma obra à
imagem do seu criador,
apaixonado “ranzinza” que ao
longo dos seus 77 anos de vida foi
aperfeiçoando o mau feitio: “Para
falar de mim, o adjectivo irascível
é frequente. E é certo. Sou
passional.” E é com essa paixão
que fala destes tempos de
con namento como piores do que
a prisão, porque pelo menos ali se
sabe quanto tempo dura a pena,
“aqui os dias estacionam-se,
reduzem-se a nada”. Para o
realizador, neste tempo de portas
fechadas “todos os dias são
terça-feira, porque terça-feira é o
dia mais lamentável: não é o
princípio, nem o meio, nem o
m”.
Receita
para aumento
do rebanho
Seis em cada dez
americanos que
crêem em Deus
acreditam piamente
que o SARS-CoV-2,
apesar de o seu nome em siglas
muito cientí cas, não é mais do
que um sinal divino. Os 62% de
inquiridos da sondagem da
Divinity School da Universidade
de Chicago e da Associated Press
que assim respondem, estão
convencidos que este sinal pode
ser interpretado como
necessidade de mudança, de que a
humanidade tem de alterar este
rumo que conduz ao desastre. É
interessante que apesar dos
tempos sombrios e de um
acumular de mortos que já
supera, nos EUA, três guerras
juntas (as duas Guerras Mundiais e
a do Vietname), apenas 1% dos
inquiridos tenha a rmado que a
sua fé e espiritualidade
enfraqueceram com a pandemia.
Ao invés, 26% sentiram a sua fé
fortalecida. Como escreve o
rabino Allen S. Maller, “todos
estamos a ser testados
pessoalmente como indivíduos e
como membros orgânicos de uma
nação, de uma sociedade e mesmo
de toda a humanidade”. Onde a
ciência mostra dúvidas face a uma
doença nova, porque precisa de
dados e tempo para responder, a
religião oferece o conforto dos
dogmas e fornece a fórmula ideal
de séculos para encarar tempos
perturbadores: em caso de
dúvida, crê! A verdade dogmática,
eterna e inquestionável, é a tenda
para o deslocado das incertezas
do mundo — por mais que a
situação seja precária, tudo podia
ser bem pior. Ou, nas palavras do
rabino, “as pessoas religiosas
devem sempre lembrar-se que os
ateus ansiosos e os descrentes
morrem centenas de mortes,
enquanto os crentes cheios de
optimismo só morrem uma vez”.
O que não deixa de ser uma
grande frase de propaganda para
atrair mais ovelhas para o
rebanho: as igrejas
monoteístas têm séculos
de aperfeiçoamento no
domínio do
recrutamento de
voluntários!
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 23
4 esquinas
O mundo que se conta
a partir do que se diz
A religião como “Amor e
propaganda coerência”
política
O Governo de
Narendra Modi na
Índia, como todos os
governos populistas,
nacionalistas com base
religiosa e de discurso xenófobo,
lida mal com as críticas. Para as
internas, normalmente usa o
aparelho securitário do Estado e/
ou a raiva dos militantes de modo
a calá-las ou minimizar o seu
impacto; com as externas, activa a
sua máquina de resposta
internacional, que, além dos
protestos o ciais, inclui ainda um
coro de vozes individuais que dão
a ideia de uma generalizada
indignação do país perante aquilo
que deixa de ser uma crítica — seja
ela válida ou gratuita — e passa a
ser um vil ataque ao país em si,
uma interferência externa sabe-se
lá com que motivações e com o
patrocínio de que interesses.
Rihanna é o último alvo desse
aparelho megafónico de ataque. A
cantora norte-americana cometeu
a imprudência de mostrar nas
redes sociais (onde tem uns 100
milhões de seguidores) o seu
apoio à luta dos agricultores
indianos que contestam a reforma
agrária que o Governo pretende
implementar e que os deixará sem
armas face à iniciativa privada.
Rihanna tem sido alvo apetecível
de críticas nestas últimas semanas
e que chegaram agora à questão
religiosa. Uma fotogra a da
cantora e actriz em topless para
um anúncio de lingerie com um
pendente de Ganesh, o mais
popular dos deuses do hinduísmo,
permitiu ao Partido do Povo
Indiano, de Modi, arrastar a
questão para o domínio religioso,
onde se sente como peixe na água
a acicatar ódios. O deputado Ram
Kadam sublinhou no Twitter o
“indigno” que é ver Rihanna fazer
pouco, “de forma vergonhosa” do
seu “amado Deus
#Ganesh”, o que, no seu
entender, só tem uma
conclusão possível, a de
q
que a artista
norte-americana
“não respeita a
cultura e as
tradições
indianas”.
Mundo
Como missionário,
José Luis Garayoa
passou por situações
complicadas.
Sobreviveu à malária,
à febre tifóide, esteve no meio da
maior epidemia de ébola da
história e ainda saiu vivo de um
sequestro, tudo na Serra Leoa.
Quando lhe perguntaram em
2019, se não tinha medo de
regressar à Serra Leoa depois do
que lhe tinha acontecido, o frade
da Ordem dos Agostinianos
Recoletos respondeu: “Deus
dá-nos uma quota de medo a cada
um”. E que a dele já tinha sido
“toda gasta no sequestro”.
Colocado em El Paso, no Texas,
desde 2016, trabalhava agora,
sobretudo, junto das comunidades
imigrantes na cidade fronteiriça.
Consciente dos perigos do
coronavírus, nunca deixou até ao
m de atender às necessidades de
quem precisava, embora os seus
68 anos lhe recomendassem
algum comedimento. “Não
conseguia ver ninguém sofrer ou
preocupado com um lho ou um
pai e não rezar com ele ou mostrar
compaixão”, explica Maria Luisa
Placencia, cabeleireira reformada
e uma das paroquianas de
Garayoa. “Fartei-me de pregar que
aquele que ama deve fazê-lo no
bom e no mau, na saúde e na
doença. E é precisamente nos
maus momentos que descobrimos
o tamanho do nosso coração”,
garantia. Nestes tempos de
isolamento pro láctico e de
abstinência de contactos, há quem
dê um passo em frente apenas
com o resguardo da fé, o que, não
sendo um equipamento de
protecção individual reconhecido
cienti camente, exige coragem
ou, nos dizeres, do frade
agostiniano: “Amor e coerência”.
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24 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Economia Portugal com diferencial estável face à Alemanha
Apesar das garantias do BCE, mercados
apostam no m da era de juros baixos
Taxas de juro da dívida pública estão a subir na zona euro. BCE diz que os estímulos não vão desaparecer,
mas os mercados temem que uma subida da in ação faça o banco central europeu mudar de ideias
Sérgio Aníbal
Os responsáveis dos bancos centrais
não mudaram de discurso, e conti-
nuam a garantir que ainda falta muito
para desligarem as suas máquinas de
imprimir dinheiro para manterem os
custos de nanciamento baixos na
economia. Mas, nos mercados, os
investidores duvidam.
As repetidas garantias dadas por
Christine Lagarde na zona euro e Jero-
me Powell nos Estados Unidos de que
os bancos centrais não irão, nos tem-
pos mais próximos, colocar um pon-
to nal nos seus programas de com-
pra de dívida pública nem começar a
subir as taxas de juro, não estão, pela
primeira vez em vários anos, a con-
vencer os investidores que estão, dia
após dia, a apostar num cenário dife-
rente nos próximos meses.
Nos mercados obrigacionistas
europeu e norte-americano, as taxas
de juro de longo prazo dos títulos de
dívida pública acentuaram, ontem, a
tendência de subida que se regista já
há várias semanas.
É verdade que, em termos históri-
cos, as taxas de juro da dívida ainda
se encontram em níveis relativamen-
te baixos, mas em todos os países, a
subida tem sido evidente desde o iní-
cio do ano: as taxas de juro da dívida
alemã a dez anos, que estavam em
-0,575%, estão agora em -0,2%; as
taxas de juro de Itália, antes em 0,5%,
agora estão a 0,8%; e, no caso de Por-
tugal, as taxas de juro subiram de
quase zero no início do ano, para
mais de 0,4% agora.
Isto acontece porque instalou-se a
expectativa de que, num cenário em
que a economia começa a recuperar,
os estímulos orçamentais e monetá-
rios lançados durante a crise podem
vir a provocar uma subida da in ação
que obrigue os bancos centrais a reti-
rar a sua política expansionista mais
cedo do que estava previsto. Acresce
a isto uma transferência dos investi-
mentos das obrigações para as acções,
para aproveitar a esperada retoma
económica.
A aposta num aumento da in ação
é mais clara nos EUA, onde a Admi-
nistração Biden se prepara para lan-
çar mais um pacote de apoio orça-
mental de grande dimensão na eco-
nomia. Mas, também na zona euro,
há agora quem acredite que as políti-
cas orçamentais nacionais menos
restritivas em países como a Alema-
nha, o lançamento do fundo de recu-
Christine Lagarde tem vindo,
nos últimos dias, a garantir que
uma taxa de inflação alta ainda
está distante
peração e resiliência e o aumento da
con ança trazido pelo processo de
vacinação se irão combinar com a
política monetária generosa do BCE
e trazer algo que já não se veri ca há
vários anos: uma subida da in ação
para valores acima de 2%.
Christine Lagarde e vários outros
membros do conselho de governado-
res do banco central da zona euro têm
vindo, nos últimos dias, a garantir que
uma taxa de in ação alta ainda está
distante e que os planos do BCE não
mudaram, incluindo a continuação
CARLOS BARRIA/REUTERS
das compras de dívida pública para
lá do nal de 2021, e a manutenção,
ainda durante mais tempo, das taxas
de juro de referência do banco central
no seu nível mínimo histórico.
Estas declarações, destinadas a
acalmar os mercados, no entanto,
mais não têm conseguido do que
garantir interrupções temporárias na
tendência de subida das taxas de juro
da dívida.
Portugal mantém diferencial
Para países como Portugal, com
níveis de dívida pública e privada
muito elevados, esta aposta de que a
in ação está de regresso e que a era
de taxas de juro ultrabaixas pode
estar a chegar ao m não é claramen-
te uma boa notícia. O apoio do BCE
tem sido fundamental para manter
O desempenho de Portugal no mercado da dívida
Taxas de juro portuguesas a subir
Taxa de juro da dívida a 10 anos (em %)
1,5
1,2
0,9
0,6
0,387
0,3
0,0
-0,3
M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F
2019 2020 2021
Mas diferencial face à Alemanha mantém-se
Diferencial da taxa de juro a 10 anos face à alemã
3,0
Itália
2,5
2,0
1,5 Portugal
1,0 1,045
0,723
Espanha
0,5 0,613
França 0,262
0,0
M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F
2019 2020 2021
Fonte: Reuters PÚBLICO
os custos de nanciamento do Esta- melhor desempenho a este nível do
do, dos bancos e das empresas a que a Espanha, sendo apenas ultra-
níveis baixos, sendo importante para passado pela Itália que, com taxas de
o crescimento da economia antes da juro bem mais altas à partida, tem
pandemia e para evitar o seu colapso vindo a bene ciar nas últimas sema-
nos últimos meses. nas do efeito da entrada de Mario
Há, no entanto, um sinal positivo Draghi em cena.
para Portugal na recente evolução Se esta estabilidade dos diferenciais
das taxas de juro da dívida. Embora de taxas se mantiver, Portugal pode
se registe um aumento do custo de esperar continuar assegurar — mes-
nanciamento para o Estado, a subi- mo num cenário em que a in ação
da das taxas portuguesas não foi realmente obrigue o BCE a recuar
maior do que a registada nos outros mais cedo — custos de nanciamento
países da zona euro, incluindo aque- razoáveis. Como factores positivos na
les que normalmente são vistos como avaliação que os mercados fazem
mais credíveis nos mercados. Isso é actualmente de Portugal, destaca-se
evidente na evolução do diferencial a redução do dé ce e da dívida regis-
das taxas de juro portuguesas face à tada antes da pandemia e a almofada
Alemanha, que se tem mantido está- nanceira entretanto acumulada pelo
vel desde o início do ano. Tesouro, através de emissões de dívi-
Portugal até tem registado um da de longo prazo.
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Presidente executivo do BCP revelou que muitos clientes do banco recorreram à moratória de crédito “por prudência e por cautela”
BCP lucra menos e trava dividendos
mas frisa qualidade das moratórias
Rosa Soares
Banco lucra 183 milhões
de euros num exercício
penalizado pelos efeitos
da covid-19 e pelo impacto
negativo da Polónia
A pandemia de covid-19 marcou de
nitivamente os resultados do BCP no
ano passado e irá continuar a domi-
nar as decisões que o banco vai
tomando este ano. Para já, não distri-
bui dividendos, pelo menos “não
antes de Setembro”, admitiu ontem
o presidente executivo do banco,
Miguel Maya.
Num momento marcado por “gran-
de incerteza”, ainda sem se saber a
“abrangência do risco e a profundi-
dade do risco”, o gestor considera
que a melhor opção passa pela “pre-
servação do capital do BCP”. O Banco
Central Europeu (BCE) recomendou
aos bancos que não distribuíssem
lucros ou, fazendo-o, para os limitar
a 15% a partir de Setembro, tecto que
vai ser seguido pela Caixa Geral de
Depósitos (CGD) e pelo BPI.
Sobre o tema do momento na ban-
ca, o presidente do BCP justi ca o
peso das moratórias de crédito con-
cedidas pelos bancos nacionais com
as di culdades do Governo, devido
ao peso da dívida pública, em conce-
der apoios directos às empresas. E dá
o exemplo da vizinha Espanha, onde
os apoios públicos ascenderam a 18%
do PIB e as moratórias representam
apenas 7% da carteira de crédito,
quando em Portugal os apoios esta-
tais representaram 7,2% e as morató-
rias 22%.
O banco prefere destacar a quali-
dade da carteira em moratória (93%
desse montante é crédito perfor-
ming, isto é, sem problemas), expli-
cando que essa qualidade decorre
do facto “de não haver nenhum
sinal de que esse crédito não vai ser
pago” e que muitos clientes que
recorreram à medida o zeram “por
cautela, por prudência”. O gestor
garante que o banco “está a falar
agora com os clientes com morató-
rias, mesmo no caso das que ven-
cem em Setembro”.
Em relação às que vencem já no
nal de Março, que como o PÚBLICO
noticiou na edição de ontem afecta
milhares de famílias, o responsável
não quanti cou o seu número, refe-
rindo apenas que não tem “nenhuma
razão para estar preocupado com as
moratórias que vão expirar agora”.
“Preocupa-me os sectores que não
estão a gerar receitas e os casos dos
trabalhadores nestes sectores. Seria
muito mau do ponto de vista social
tirar estes apoios”, defendeu, acres-
centando que os apoios do Estado
devem ser canalizados para boas
empresas e bons empresários afecta-
dos pela crise pandémica.
O BCP terminou o exercício de
Números
-39,4%
O BCP fechou 2020 com um
lucro de 183 milhões de euros,
um valor que representa uma
quebra de 39,4% face a 2019
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 25
RUI GAUDÊNCIO
2020 com 8583 milhões de euros em
moratórias activas às famílias (perto
de 102 mil contratos) e às empresas
(23.420 contratos). Do “bolo” actual
das moratórias concedidas pela ins-
tituição, 4483 milhões de euros
dizem respeito a crédito de empresas
e 4085 milhões a famílias. No caso
dos particulares, 90% do total cor-
responde a crédito à habitação —
3361 milhões de euros estavam inte-
grados na moratória pública e 725
milhões na privada. Face a Setem-
bro, o montante em moratória redu-
ziu-se em 600 milhões, por cancela-
mentos, liquidações ou moratórias
que expiraram.
O banco fechou 2020 com um
resultado líquido de 183 milhões de
euros, menos 39,4% do que em 2019.
Um desempenho “condicionado
pelos impactos decorrentes da pan-
demia provocada pela covid-19”, que
se traduzem em “imparidades adicio-
nais para risco de crédito”, explicou.
E, também, devido ao “reforço da
provisão constituída pela subsidiária
polaca” para lidar com o risco legal
associado aos créditos hipotecários
naquele mercado.
Economia
Depósitos de
particulares
fixam novo
recorde
Rosa Soares
Crédito das famílias sobe
em Janeiro para valor mais
alto desde Junho de 2015.
Depósitos atingem 162.800
milhões de euros
O total de empréstimos às famílias
voltou a aumentar em Janeiro, situan-
do-se agora nos 120.793 milhões de
euros, o valor mais alto desde Junho
de 2015, segundo dados ontem divul-
gados pelo Banco de Portugal (BdP).
O crédito subiu, mas os depósitos
também, atingindo “o valor mais ele-
vado de sempre”, de 162.800 milhões
de euros no nal de Janeiro.
O crescimento dos depósitos apre-
sentou uma taxa de variação anual de
7,8%, valor 0,3 pontos percentuais
abaixo do registado em Dezembro, a
que não será alheio o peso dos subsí-
dios de Natal.
Os empréstimos concedidos pelos
bancos aos particulares subiram em
Janeiro para 120.793,2 milhões de
euros, acima dos 120.751,9 milhões de
euros do mês anterior e dos 118.865,4
milhões de euros de Janeiro de 2020.
Trata-se do montante mais alto desde
Junho de 2015.
O stock de empréstimos à habitação
continuaram a crescer, somando
95.278,6 milhões de euros em Janeiro,
que compara com os 95.041,5 milhões
de euros do mês anterior e os 92.997,6
milhões de euros homólogos, uma
taxa de variação anual de 2,5%, em
aceleração de 0,2 pontos percentuais
face a Dezembro. O crédito malpara-
do no destino habitação manteve-se
em Janeiro nos 0,6%, uma melhoria
face aos 0,8% do mês homólogo.
Já nos empréstimos para consumo,
a taxa de variação anual desceu um
ponto percentual relativamente ao
mês anterior, para -0,5% com o mon-
tante total de crédito ao consumo a
xar-se em 19.099,1 milhões de euros,
recuando face aos 19.166 milhões de
euros de Dezembro.
Os empréstimos para outros ns
totalizavam 6505,5 milhões de euros
em Janeiro, menos 38,9 milhões de
euros do que em Dezembro e abaixo
dos 6754,7 milhões de euros de Janei-
ro de 2020.
No crédito ao consumo e outros
ns, o malparado representou 6,4%
em Janeiro, abaixo dos 6,6% de Janei-
ro de 2020.
Os empréstimos concedidos pelos
bancos a sociedades não nanceiras
apresentaram uma taxa de variação
anual de 9,9%, mais 0,2 pontos per-
centuais do que no mês anterior.
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26 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Economia
EDP ambiciona lucrar mais 400 milhões em
cinco anos rumo à neutralidade carbónica
Ana Brito
Grupo tem planos para
investir 24 mil milhões de
euros até 2025 e espera que
o resultado líquido suba
para 1,2 mil milhões
Dizer adeus ao carvão e ao gás natu-
ral são prioridades na agenda da EDP
para a próxima década. Há “um
movimento generalizado na socieda-
de para fazer face ao desa o de ter
um mundo mais sustentável” e, na
EDP, há “uma estratégia clara e ambi-
ciosa” totalmente alinhada com essa
realidade, garantiu o presidente exe-
cutivo da empresa, Miguel Stilwell de
Andrade, que ontem apresentou os
principais eixos de actuação do gru-
po para os próximos anos.
Na calha até 2025 estão planos
para investimentos de 24 mil milhões
de euros (80% em renováveis, 15%
em redes energéticas e 5% em solu-
ções para clientes e para gestão de
energia) e uma meta para atingir
lucros de 1,2 mil milhões de euros
por essa data (em comparação com
os 801 milhões em 2020).
Como nos últimos anos, as reno-
váveis continuam a ser a aposta (pri-
vilegiando-se a venda de energia
através de contratos de longo prazo,
com receitas seguras), mas o ritmo
de crescimento é para acelerar: a
empresa quer passar de uma produ-
ção renovável actual de 74% para
100% em 2030, atingindo a meta de
neutralidade carbónica 20 anos
antes do previsto. Para isso, até 2025,
a promessa é a de instalar em média
4 gigawatts (GW) de potência por ano
(mais 20 GW desenvolvidos até
2025), o que inclui duplicar a capa-
cidade de produção solar e eólica.
Até essa data, serão encerradas
todas as centrais a carvão e, mais
tarde, para cumprir os objectivos de
neutralidade carbónica até ao nal
da década, a EDP irá deixar de con-
solidar as centrais de ciclo combina-
do a gás natural.
Os detalhes ainda estão em aberto.
Podem ser vendas, podem ser parce-
rias, mas o gás natural deixará de
entrar para as contas e para o mix de
tecnologias da EDP, “de uma forma
ou de outra”, assegurou o presiden-
te da empresa, acompanhado na
apresentação pelo administrador
nanceiro, Rui Teixeira.
“Somos e queremos continuar a
ser líderes na transição energética”,
a rmou Stilwell, adiantando que o
reforço nas renováveis implicará um
investimento de mais de 19 mil
milhões de euros que continuará a
ser nanciado por estratégias que
não são novidade para o grupo.
“O crescimento e a rotação de
activos andam de mãos dadas”, assi-
nalou Rui Teixeira, explicando que
o plano passa por fazer oito mil
milhões de euros com a venda de
participações maioritárias em par-
ques eólicos para ajudar a nanciar
novos investimentos.
No Brasil, há a expectativa de con-
seguir cerca de mil milhões de euros
com a venda de barragens, algumas
detidas em parceria com o accionis-
ta chinês China Three Gorges, com o
qual “as conversas já começaram”
para concretizar essa meta.
Segundo Miguel Stilwell, o objec-
tivo é manter o peso do Brasil no
resultado operacional abaixo dos
20%. Já a Europa e a América do
Norte (e em particular os Estados
“Queremos continuar a ser líderes na transição energética”, afirmou Stilwell
Impostos
Negócio da venda das barragens foi “operação standard”
Miguel Stilwell de Andrade garante
que a estrutura do negócio de venda
das barragens do Douro, sobre a
qual foram levantadas suspeitas de
planeamento scal agressivo e abu-
sivo, é uma “operação standard, que
se faz em múltiplas geogra as” e
que era a única possibilidade para
esta transacção.
“Não há outra forma de fazer isto”,
disse o presidente executivo da EDP,
Os números da estratégia
24
mil milhões de euros é o
investimento previsto até 2025
(dos quais 80% em renováveis
e 15% em redes energéticas)
100%
de produção renovável é a
meta do grupo de energia para
o ano de 2030, contra os
actuais 74%
na conferência de imprensa ontem
realizada, referindo-se à transferên-
cia para o consórcio francês liderado
pela Engie das concessões das seis
barragens e dos “mais de mil contra-
tos” que lhes estão associados.
A operação realizada através de
uma cisão, seguida de fusão, permi-
te assegurar “a continuidade das
operações” sem haver interrupções
e é por isso que é o modelo seguido
1,2
mil milhões de euros de lucros
é a ambição da EDP para 2025
(em comparação com os 801
milhões de euros de 2020)
4,7
mil milhões de euros é o
EBITDA que a empresa espera
registar em 2025, acima dos
3,6 mil milhões de 2020
SARA JESUS PALMA
neste tipo de transacções, acrescen-
tou o gestor.
Trata-se de uma operação prevista
na lei, que a empresa já fez em situa-
ções anteriores, assegurou o presi-
dente executivo da EDP. “Nós cum-
primos as leis e pagamos todos os
impostos, que são muitos. Não con-
tornamos a lei”, a rmou Stilwell de
Andrade, sem responder directa-
mente à questão sobre se a EDP
Unidos, onde a estratégia pró-reno-
váveis da nova Administração Biden
casa com as ambições da EDP e
onde a empresa também quer des-
envolver soluções de armazena-
mento energético) deverão pesar
80% no EBITDA.
Em 2025, a empresa espera que o
EBITDA seja de 4,7 mil milhões de
euros, acima dos 3,6 mil milhões de
2020, ajudado por uma redução de
custos operacionais em torno de 100
milhões de euros.
E se em 2017 a EDP avançou com
uma oferta pública de aquisição
(OPA) sobre a EDP Renováveis para
tirá-la de bolsa, neste momento a
gestão da eléctrica até entende que
“é positivo ter a Renováveis cotada,
dado todo o investimento previsto”
e a promessa de “manter os rácios de
endividamento em níveis perfeita-
mente controlados”.
Para conseguir “dinheiro fresco”
para o plano de investimento em
tecnologias limpas, a EDP também
está a ponderar um aumento de
capital da EDP Renováveis, de cerca
de 1,5 mil milhões de euros, destina-
do exclusivamente a investidores
institucionais. Com mais liquidez em
bolsa, a EDP Renováveis (que em
2020 registou um aumento de lucros
de 17%, para 556 milhões de euros)
tornar-se-ia um instrumento de
nanciamento. A EDP manteria total
controlo, com Stilwell a admitir que,
se a operação for em frente, a empre-
sa se mantenha “acima dos 70%” no
capital (actualmente tem 83%).
Para os dividendos, a EDP man-
tém, por agora, “o chão” dos 19 cên-
timos por acção, mas não descarta
rever em alta a política de remune-
ração em função do que vierem a ser
os resultados.
Tal como a casa-mãe, a Renováveis
também tem Stilwell na liderança e
Rui Teixeira no pelouro nanceiro.
pagou os 110 milhões de euros de
imposto do selo sobre esta operação
em concreto. “Cumprimos com a lei
e pagámos os impostos que tínhamos
de pagar”, a rmou. “Esta é a forma
correcta tecnicamente de fazer esta
transacção, é assim em todo o mun-
do”, sustentou ainda, assegurando
que a empresa responderá a quais-
quer questões da Autoridade Tribu-
tária e Aduaneira (AT). A.B.
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Lisboa vê “apoio político
forte” e avança com
a directiva das multinacionais
Pedro Crisóstomo
Proposta prevê publicação
de dados sobre IRC. Há
Governos que avisam que
está em causa uma medida
que exige unanimidade
Não há unanimidade entre os 27
Estados-membros, mas, perante um
“apoio político forte” e “vivo”, a pre-
sidência portuguesa do Conselho da
União Europeia (UE) vai seguir em
frente com a negociação da directiva
scal que obrigará as multinacionais
que operam na UE a publicar infor-
mações sobre os lucros obtidos e os
impostos pagos em cada jurisdição
onde estejam presentes. A decisão
foi anunciada ontem pelo ministro
Pedro Siza Vieira, durante uma reu-
nião informal dos ministros do Mer-
cado Interno, Indústria, Comércio e
Economia, realizada por videocon-
ferência.
Lisboa decidiu que é tempo de
levar o dossier ao Comité de Repre-
sentantes Permanentes dos Gover-
nos dos Estados-membros (Coreper)
para formalizar as “posições” assu-
midas na reunião de ontem e “iniciar
as negociações com o Parlamento
Europeu”. Mas se agora existe uma
“larga maioria” de parceiros favorá-
veis à directiva, como Siza Vieira
salientou no nal da reunião, uma
boa parte do debate centrou-se num
ponto prévio: discutir a base legal da
iniciativa, uma questão determinan-
te para saber se ela deve ser votada
por unanimidade ou por maioria
quali cada.
Tanto a Comissão Europeia como
a presidência portuguesa e outros
Estados-membros entendem que a
directiva não é do domínio da scali-
dade e que, por isso, pode ser votada
por maioria quali cada, daí que tenha
vindo a ser discutida no Conselho de
Competitividade, onde se reúnem os
ministros do Mercado Interno. No
entanto, há outros Estados-membros
que consideram que a base jurídica é
de natureza scal, isto é, que o Con-
selho, para aprovar uma decisão,
deve deliberar por unanimidade.
Apesar da “larga maioria” anuncia-
da por Siza Vieira, a falta de consenso
ca espelhada no facto de alguns
Governos terem decidido juntar uma
declaração escrita sobre esta questão
de fundo, documento que o ministro
português disse que será dado a
conhecer ao Coreper.
A directiva prevê que as empresas
com um volume de negócios igual ou
superior a 750 milhões de euros tor-
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 27
Siza defende que a directiva trata “matéria societária”, e não fiscal
nem públicas algumas informações
scais que hoje já têm de comunicar
às autoridades tributárias — tais como,
por exemplo, uma breve descrição da
natureza das actividades exercidas, o
número de trabalhadores, o montan-
te do volume de negócios líquido, o
montante dos lucros ou prejuízos
antes de imposto ou o montante do
IRC pago.
Um dos países que ajudaram a for-
mar a maioria foi a Áustria. A Alema-
nha, pelo contrário, manteve-se “a
meio da ponte”, dando um sinal de
abstenção em relação à directiva, que
poderá vir a expor formas de planea-
mento scal agressivo de algumas
empresas. Christian Kastrop, ministro
da Justiça e da Protecção dos Consu-
midores, disse que a avaliação interna
em Berlim continua — e, por isso, o
Governo alemão ainda não irá levan-
tar as suas “reservas” em relação ao
texto apresentado.
A Suécia e a Irlanda são dois dos
países que consideram que se trata
de uma matéria scal e que a base
legal deve estar em conformidade
com esse conteúdo.
A Comissão Europeia, representa-
da na reunião pela comissária dos
Serviços Financeiros, Mairead
McGuinness, tem o entendimento
Proposta europeia
750 milhões
Se a directiva for aprovada,
vai aplicar-se às empresas
com um volume de negócios a
partir de 750 milhões de euros
Economia
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
contrário. Como a iniciativa “não
mudará as regras scais aplicáveis às
empresas” nem alterará as competên-
cias a nível nacional e a nível europeu,
Bruxelas considera que a base jurídi-
ca [do domínio da competitividade]
é a correcta”, disse McGuinness.
Portugal fundamentou que a direc-
tiva “é uma matéria societária que
tem a ver com a transparência e o
funcionamento do mercado interno”,
que permitirá “eliminar obstáculos à
transparência” e promoverá “a liber-
dade de estabelecimento” no merca-
do europeu.
Siza afasta “precedente”
O ministro disse que a presidência
portuguesa está empenhada em
“encontrar a melhor forma de permi-
tir o progresso” numa negociação que
se arrasta há vários anos e que esteve
parada até a presidência nlandesa,
há pouco mais de um ano, ter tentado
dar um primeiro passo em frente.
Siza reconheceu que alguns Esta-
dos-membros “juntaram uma decla-
ração escrita” por causa da questão
da unanimidade e notou que “muitos
Estados colocaram [uma questão]
relativamente à base legal e [manifes-
taram] a vontade de que este impulso
político não possa ser visto como um
precedente relativamente à possibili-
dade de haver discussões sobre maté-
ria que não seja por unanimidade”.
No entanto, entende ser a hora de dar
seguimento à iniciativa no Coreper,
uma instância preparatória do Con-
selho. Como “uma grande maioria de
Estados-membros apoia e até mesmo
solicita a realização de progressos
neste dossier” e há um “apoio político
forte”, Lisboa irá comunicar “ao
Coreper no sentido de formalizar as
decisões que se mostram necessárias
neste processo”, disse.
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28 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

CLASSIFICADOS Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H

Ambiente e Ação Climática

Direção-Geral de Energia e Geologia
Aviso MUNICÍPIO DE ESTARREJA
Faz-se público, nos termos e para efeitos da alínea d) do n.º 1 do art.º 13.º
da Lei n.º 54/2015 de 22 de junho, conjugada com art.º 17.º do Decreto-Lei AVISO
n.º 88/90, de 16 de março, que Sabril – Sociedade de Areias e Britas, Lda., 2.ª Alteração ao Plano de Urbanização da Cidade de Estarreja (PUCE) AVISO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO
requereu a celebração de contrato administrativo para atribuição direta de
concessão de exploração de depósitos minerais de caulino, denominado
DIAMANTINO MANUEL SABINA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ESTARREJA.
Torna público, nos termos e para efeitos do disposto no n.º 1 e n.º 2 do artigo 89.º do Regime
CONCURSAL DE SELEÇÃO INTERNACIONAL
“LOUSÃ-MIRANDA 1”, localizado nos concelhos de Lousã e Miranda do Corvo,
para uma área de 129.22 hectares, delimitada pela poligonal cujos vértices, se
Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial – RJIGT (aprovado pelo Decreto-Lei n.º 80/2015
de 14 de maio), conjugado com o previsto na alínea a) do n.º 4 do artigo 191.º do mesmo PARA A CONTRATAÇÃO DE DOUTORADO(A) NO
indicam seguidamente, em coordenadas no sistema PT-TM06/ETRS89. diploma legal, que a Câmara Municipal de Estarreja, na sua reunião ordinária, de 11 de fevereiro
Vértice X (m) Y (m) de 2021, deliberou, por unanimidade, proceder à abertura do período de discussão pública da
2.ª Alteração do Plano de Urbanização da Cidade de Estarreja (PUCE).
ÂMBITO DO PROJETO “SPACE SURVEILLANCE
1 -14292 48336
2 -14006 48191
Mais se informa que o período de discussão pública é de 20 dias úteis, com início 5 dias após
a publicação do presente aviso no Diário da República.
& TRACKING” (SST) REF. 2-3SST2018-20,
3 -13958 48303 Durante este período, todos os cidadãos interessados, poderão consultar, no edifício da
4 -13343 47385 Divisão de Gestão Urbanística e Territorial sito na Rua das Comunidades Portuguesas, no FINANCIADO PELO PROGRAMA HORIZONTE
5 -14010 46684 horário normal de funcionamento ou na área de atividade de “Planeamento e Ordenamento
6 -14470 46999 do Território” da página da Internet da Câmara Municipal de Estarreja (http://www.cm-estarreja.
pt), a proposta de 2.ª Alteração ao PUCE, a deliberação municipal n.º 83/2019 de 14 de
2020 DA COMISSÃO EUROPEIA.
7 -14606 46881
março, que determinou a dispensa de Avaliação Ambiental Estratégica, a Ata da Conferência
8 -14567 46512 Procedimental (que inclui o parecer final da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
9 -14755 46409 Regional do Centro) e o Relatório de Ponderação dos pareceres (concertação) obtidos em Mais informações deverão ser consultadas em:
10 -14754 46355 sede de Conferência Procedimental, bem como, apresentar as suas reclamações, observações,
11 -14894 46317 sugestões e pedidos de esclarecimento, por escrito, em documento devidamente identificado, http://www.eracareers.pt ou em https://www.it.pt/positions
12 -15289 47014 dirigido ao Presidente da Câmara Municipal para a morada postal: Praça Francisco Barbosa,
13 -14503 47139 Apartado 132, 3864-909 ESTARREJA, por correio eletrónico: geral@cm-estarreja.pt, ou ainda,
14 -14001 47165 entregar na Subunidade de Atendimento ao Munícipe.
15 -13883 47632 Para constar se lavrou o presente Aviso e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares
16 -14678 48034 públicos de estilo e publicado na 2.ª Série do Diário da República e respetivamente divulgado
através da Plataforma Colaborativa de Gestão Territorial (PCGT), na comunicação social e no
Ao abrigo do artigo 18.º conjugado com o n.º 3 do artigo 16.º Decreto-Lei sítio da Internet do Município de Estarreja, nos termos do artigo 89. ° conjugado com a alínea a)
n.º 88/90, de 16 de março, convidam-se todos os interessados, no prazo de do n.º 4 do artigo 191.º do RJIGT.
30 dias a contar da data da publicação do presente Aviso, a apresentar por Paços do Concelho de Estarreja, aos 12 dias do mês de fevereiro de dois mil e vinte e um.
escrito, reclamações devidamente fundamentadas, bem como a apresentar
propostas contratuais.
O PRESIDENTE DA CÂMARA,
(Diamantino Manuel Sabina, Dr.
AVISO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO
O presente Aviso, planta de localização e cópia do requerimento encontram- CONCURSAL DE SELEÇÃO INTERNACIONAL
-se disponíveis em https://www.dgeg.gov.pt/. Caso se pretenda a consulta
presencial destes documentos, nas instalações da Direção-Geral de Energia PARA A CONTRATAÇÃO DE DOUTORADO(A) NO
e Geologia, sitas na Av. 5 de Outubro, n.º 208 – 7.º piso, 1069-203 Lisboa,
deverá ser efetuada marcação prévia para recursos.geologicos@dgeg.
ÂMBITO DO PROJETO AQUATICsens, COM A REF.ª
gov.pt, endereço para onde poderão igualmente ser enviadas as referidas EUROCEREAL – COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS POCI-01-0145-FEDER-032057, FINANCIADO PELO
reclamações fundamentadas. AGRO-PECUÁRIOS, S.A. PROGRAMA OPERACIONAL COMPETITIVIDADE
19 de fevereiro de 2021. Sede Social: Estrada da Avessada, nº 24, 2665-290 Malveira

A Subdiretora-Geral, Cristina Lourenço.

MUNICÍPIO DO FUNCHAL
DIVISÃO DE RECURSOS HUMANOS
AVISO N.º 64/2021
Em cumprimento do disposto no n.º 1 do artigo 28.º do Decreto-
Lei n.º 204/98, de 11 de julho, faz-se público que foi publicado no
Diário da República, 2.ª Série, n.º 37, de 23 de fevereiro de 2021,
o aviso com o n.º 3299/2021, referente à abertura de concursos
internos de acesso mistos para provimento de postos de trabalho
do Mapa de Pessoal do Município do Funchal, na modalidade de
contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado,
nas carreiras, não revistas, de especialista de informática e de técnico
de informática, nas categorias a seguir referidas:
a) Quatro postos de trabalho de Especialista de Informática do Grau
3, destinando-se um a trabalhadores que não pertençam ao Mapa
de Pessoal do Município do Funchal;
b) Três postos de trabalho de Especialista de Informática do Grau 2,
destinando-se um a trabalhadores que não pertençam ao Mapa de
Pessoal do Município do Funchal;
c) Onze postos de trabalho de Técnico de Informática do Grau 3,
destinando-se um a trabalhadores que não pertençam ao Mapa de
Pessoal do Município do Funchal;
d) Cinco postos de trabalho de Técnico de Informática do Grau 2,
destinando-se um a trabalhadores que não pertençam ao Mapa de
Pessoal do Município do Funchal.
A formalização das candidaturas deverá ser feita entre o dia 24-02-
2021 e o dia 09-03-2021 (inclusive), nos termos previstos no aviso de
abertura, em suporte papel, através do preenchimento de formulário
tipo, de utilização obrigatória, sob pena de exclusão, disponível na
página eletrónica do Município do Funchal (www.cm-funchal.pt),
entregue na Divisão de Recursos Humanos, Largo do Município,
9004-512 FUNCHAL, pessoalmente, ou através de carta registada
com aviso de receção.
Câmara Municipal do Funchal, 23 de fevereiro de 2021
O Vereador, por delegação do Presidente da Câmara
Rúben Dinarte Silva Abreu
Matrícula na Conservatória do Registo Comercial e Pessoa Coletiva nº 502 228 016
Capital Social: 900.000,00 €
ASSEMBLEIA GERAL ANUAL
CONVOCATÓRIA
Nos termos da lei e do Contrato de Sociedade,
convoco os Senhores Acionistas para se reu-
nirem em Assembleia Geral Anual no próximo
dia 30 de Março de 2021 às 18:00 horas, na
sede social sita na Estrada da Avessada, nº 24,
2665-290 Malveira (Zona de Armazém), sendo
que serão aplicadas as normas legais resultantes
da situação que o País atravessa, assim como
as regras de distanciamento impostas pela DGS,
devido ao vírus COVID-19, com a seguinte Ordem
de Trabalhos:
1. Deliberar sobre o Relatório de Gestão e as
Contas do Exercício findo em 31 de Dezembro
de 2020;
2. Deliberar sobre a proposta de aplicação de
resultados;
3. Proceder à apreciação geral da Administração
e Fiscalização da Sociedade;
4. Deliberar sobre a aquisição e venda de Ações
Próprias;
5. Deliberar sobre a entrada da Eurocereal, S.A.
na Associação para a Investigação e Inovação
em Nutrição e Alimentação Animal – FeedInov,
abreviadamente designada por FeedInov;
6. Deliberar sobre as matérias que digam respeito
à execução do que foi decidido no âmbito dos vá-
rios pontos da ordem de trabalhos, delegando-se
no Conselho de Administração os necessários
poderes para o efeito.
Os documentos de prestação de contas exigidos
por lei, bem como as propostas que servem de
base à ordem de trabalhos, encontram-se à dis-
posição dos Senhores Acionistas na sede social
durante as horas de expediente, a partir da data de
publicação desta Convocatória.
Para efeitos de participação na Assembleia de-
verão ser respeitadas as condições exigidas pelo
OFEREÇA
FILMES & SÉRIES
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
artigo 12º do Contrato de Sociedade, pelo qual
tem direito de voto o acionista que reunir cumula-
tivamente os seguintes requisitos:
a) Possuir um número de ações não inferior a dez.
b) Ter desde o oitavo dia anterior ao da reunião
da Assembleia Geral, as ações depositadas numa
instituição de crédito ou nos cofres da sociedade
ou averbadas em seu nome no livro de registo de
ações da sociedade.
Para poder exercer o direito de voto, os acionistas
titulares de menos de 10 ações deverão agrupar-
-se de forma a completarem o mínimo exigido e
far-se-ão representar por um só deles.
Os demais requisitos a que estão subordinados
a participação e o exercício do direito de voto
constam dos artigos 11º e 12º do Contrato de
Sociedade.
Nos termos do artigo 16º do Contrato de So-
ciedade, a Assembleia-Geral poderá deliberar
validamente em 1ª convocação desde que se
encontrem presentes ou representados Acionis-
tas detentores de mais de 50% do capital social;
em segunda convocação a Assembleia poderá
funcionar e deliberar validamente qualquer que
seja o número dos Acionistas presentes ou re-
presentados.
No âmbito da atual pandemia Covid-19, e de
acordo com as últimas instruções da Organização
Mundial de Saúde e da Direção Geral de Saúde,
solicitamos que, dentro do possível, todos os
intervenientes cumpram as regras de distancia-
mento e de etiqueta respiratória e ainda que se
apresentem na Assembleia com a sua própria
caneta de cor preta e munidos de máscara.
Malveira, 26 de fevereiro de 2021
O Presidente da Mesa da Assembleia
Pedro Manuel Marques Pinto Alves
E INTERNACIONALIZAÇÃO (COMPETE 2020),
NA COMPONENTE FEDER, E PELA FUNDAÇÃO
PARA A CIÊNCIA E TECNOLOGIA, I.P., NA
COMPONENTE NACIONAL.
Mais informações deverão ser consultadas em:
http://www.eracareers.pt ou em https://www.it.pt/positions
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação
Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer -
Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade
Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional,
especificamente constituída para promover a qualidade de vida das
pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca
de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores
formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico
e Consultas Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa
ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências,
procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a
Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das
suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2
Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura,
n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril
Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C,
4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal
Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave
do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim
Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita
- Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
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Público Classi cados • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 29

Assembleia de Empresa Assembleia de Empresa Assembleia Eleitoral de Empresa

SATA Internacional
De acordo com o Art.º 43.º, n.º 2 a) e 44.º n.º 1, dos Estatutos, tomando a iniciativa,
o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, vem convocar a Assembleia de Empresa
dos Pilotos da SATA Internacional do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), a
reunir-se em Sessão Extraordinária no próximo dia 03 de Março de 2021, pelas
16H00 horas (15H00 nos Açores), exclusivamente através de meios telemáticos,
tendo a seguinte Ordem de Trabalhos:
PONTO ÚNICO
Apreciação, discussão e votação do Acordo de Empresa entre a SATA
Internacional – Azores Airlines S.A. e o SPAC – Sindicato dos Pilotos da
Aviação Civil – Suspensão Parcial
A Assembleia terá início à hora marcada, desde que se encontrem presentes, mais
do que um quarto do número de Associados, ou meia hora depois, com qualquer
número de Associados. Dado o carácter dos meios utilizados que permite o instantâneo
registo de cada participante na Assembleia, exorta-se os(as) Srs.(as) Associados(as)
a comparecerem rigorosamente à hora marcada, de modo a garantir desde logo, o
necessário quórum, e assim evitar uma eventual protelação de meia hora.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
SATA Air Açores
De acordo com o Art.º 43.º, n.º 2 a) e 44.º n.º 1, dos Estatutos, tomando a iniciativa, o
Presidente da Mesa da Assembleia Geral, vem convocar a Assembleia de Empresa dos
Pilotos da SATA Air Açores do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), a reunir-se
em Sessão Extraordinária no próximo dia 03 de Março de 2021, pelas 10H30
horas (09H30 nos Açores), exclusivamente através de meios telemáticos, tendo a
seguinte Ordem de Trabalhos:
PONTO ÚNICO
Apreciação, discussão e votação do Acordo de Empresa entre a SATA
Air Açores e o SPAC – Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil – Suspensão
Parcial
A Assembleia terá início à hora marcada, desde que se encontrem presentes, mais
do que um quarto do número de Associados, ou meia hora depois, com qualquer
número de Associados. Dado o carácter dos meios utilizados que permite o instantâneo
registo de cada participante na Assembleia, exorta-se os(as) Srs.(as) Associados(as)
a comparecerem rigorosamente à hora marcada, de modo a garantir desde logo, o
necessário quórum, e assim evitar uma eventual protelação de meia hora.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
SATA Internacional
De acordo com o Art.º 43.º, n.º 2 a) e 44.º n.º 1, dos Estatutos, tomando a iniciativa,
o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, vem convocar a Assembleia Eleitoral de
Empresa dos Pilotos da SATA Internacional do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil
(SPAC), a reunir-se em Sessão Extraordinária no próximo dia 03 de Março de 2021,
pelas 15H00 horas (14H00 nos Açores), exclusivamente através de meios
telemáticos, tendo a seguinte Ordem de Trabalhos:
PONTO UM
Eleição de Delegado Sindical
PONTO DOIS
Eleição de Comissão de Empresa
A Assembleia terá início à hora marcada, desde que se encontrem presentes, mais
do que um quarto do número de Associados, ou meia hora depois, com qualquer
número de Associados. Dado o carácter dos meios utilizados que permite o instantâneo
registo de cada participante na Assembleia, exorta-se os(as) Srs.(as) Associados(as)
a comparecerem rigorosamente à hora marcada, de modo a garantir desde logo, o
necessário quórum, e assim evitar uma eventual protelação de meia hora.
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

António Manuel da Costa Ramalho António Manuel da Costa Ramalho António Manuel da Costa Ramalho

Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil
Rua Frei Tomé de Jesus, 8 Rua Frei Tomé de Jesus, 8 Rua Frei Tomé de Jesus, 8
1749-057 Lisboa PORTUGAL 1749-057 Lisboa PORTUGAL 1749-057 Lisboa PORTUGAL
Telf: +351 217 926 800 Telf: +351 217 926 800 Telf: +351 217 926 800
Email: geral@spac.pt Email: geral@spac.pt Email: geral@spac.pt

Clinic Anne Therapy ANÚNCIO DE PROCEDIMENTO PRÉ-CONTRATUAL

Biodynamic Psychotherapy. Biodynamic Massage.
The envolving connection of mind and physical. ASCENDI NORTE, AUTO ESTRADAS DO NORTE, S.A.
“Time to recovery”. DGS rules. AVISO
Lx - Parque das Nações. RECRUTAMENTO DE TITULAR DE CARGO AVISO
918047446
DE DIREÇÃO INTERMÉDIA DE 2.º GRAU
1 – Nos termos do n.º 2 do art.º 21.º da Lei n.º 2/2004, de 15 de janeiro, com as alterações I. IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DO III. APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
introduzidas pelas Leis n.ºs 51/2005, de 30 de agosto, 64-A/2008, de 31 de dezembro,
OFEREÇA
OFEREÇA 3-B/2010, de 28 de abril, 64/2011, de 22 de dezembro e 128/2015 de 03 de setembro, faz-se DONO DA OBRA
Designação: ASCENDI NORTE, AUTO
Admissibilidade da apresentação de
propostas variantes: Não
BANDA DESENHADA
BANDA DESENHADA publico que se encontra aberto procedimento concursal para recrutamento do titular do cargo
de Direção Intermédia de 2.º Grau, da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, sita
ESTRADAS DO NORTE, S.A. Critério de adjudicação: Proposta
na Rua da República, n.º 133, 5370 - 347 Mirandela, a seguir indicado, com as atribuições e
competências constantes do Despacho n.º 11685/2020, publicado no D.R. n.º 230, de 25 de NIPC: 504488643 economicamente mais vantajosa e Fatores
novembro e alínea a) do art.º 10.º da Portaria n.º 305/2012, de 4 de outubro, respetivamente: Sede: Edifício Ariane, Rua Antero de
Direção Intermédia de 2.º Grau:
e eventuais subfatores acompanhados dos
Procedimento Concursal – Delegado do Alto Minho Quental, nº 381, 3º respetivos coeficientes de ponderação:
2 – A indicação dos requisitos formais de provimento, do perfil exigido, da composição do Código postal: 4455 586 Ver Programa de Procedimento.
Júri e dos métodos de seleção, será publicitada durante 10 dias úteis na Bolsa de Emprego
Público (BEP), até ao 2.º dia útil após a data da publicação na II Série do Diário da República, Localidade: Matosinhos – Perafita Prazo para a apresentação das propostas:
do referido procedimento concursal, nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 21.º da Lei n.º Telefone: 229 994 833 Até às 18 horas do 25.º dia a contar da
2/2004, de 15 de janeiro, na redação atual.
Endereço Eletrónico: data de publicação do presente anúncio.
Mirandela, 27 de janeiro de 2021
concursos.cn@ascendi.pt
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010 A DIRETORA REGIONAL, Carla Alves IV. ACESSO ÀS PEÇAS DO
II. CONTRATO PROCEDIMENTO, PEDIDOS DE
Designação do contrato: Empreitada para ESCLARECIMENTOS E MODO DE
as obras de Beneficiação do Pavimento do APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
Grupo I de sublanços da Concessão Norte 1. Consulta das peças do procedimento
- A7 - Ligação do Nó de Seide à EN206 Ascendi – Direção da Gestão da
EDITAL PARA CONTRATAÇÃO DE INVESTIGADOR DOUTORADO - Referência: FOXES_CTTI_1@UNINOVA e à EM573 (Lotes 1 e 2) - Intervenção Conservação das 09h às 18h horas
Intercalar. dos dias úteis
Nos termos legais, torna-se público que o UNINOVA –
rto
Valor máximo do procedimento: Rua Antero de Quental, n. º 381, 3.º
869.865,00 EUR (oitocentos e sessenta e 00351 229 994 833
nove mil, oitocentos e sessenta e cinco concursos.cn@ascendi.pt
- euros) (Lote 1: 504.848,00 EUR + Lote 2: https://www.saphetygov.pt/ (SaphetyGov)
365.017,00 EUR), a que acresce o valor
2. Apresentação de pedidos de
do IVA à taxa legal em vigor
esclarecimentos e apresentação
Prazo de execução do contrato: 90 dias
de propostas: Saphetygov
Local de execução do contrato:
Distrito: Braga V. INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Concelho: Vila Nova de Famalicão Prestação de caução: sim, (10%)
Freguesia: Landim, Requião, Vermoim
e União das freguesias de Seide O Administrador Executivo,
Contratação por lotes: Sim José Henrique Revés

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30 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Ciência Política cientí ca
Mais de 77 milhões de euros irão para
40 laboratórios associados no país
Além do dinheiro que já teriam para as suas actividades de investigação, os laboratórios associados vão
receber uma parcela devido ao novo estatuto em que apoiam políticas públicas de ciência e tecnologia
Teresa Firmino
A Fundação para a Ciência e a Tec-
nologia (FCT) acaba de revelar quais
são as instituições e os consórcios
que receberam o estatuto de labo-
ratório associado (LA): passaram de
26 para 40. O nanciamento global
destes 40 laboratórios irá agora
representar um total de um pouco
mais de 77 milhões euros por ano,
enquanto os 26 existentes até agora
concentravam 59 milhões de euros
anuais, segundo o ministro da Ciên-
cia, Tecnologia e Ensino Superior,
Manuel Heitor.
O estatuto de LA é atribuído a ins-
tituições ou consórcios de institui-
ções cientí cas que assumem com-
promissos institucionais para levar
a cabo objectivos de política cientí-
ca e tecnológica do país, explica a
FCT no comunicado em que anun-
cia os resultados (ainda provisórios)
deste concurso. Os primeiros LA
foram criados em 2000 por José
Mariano Gago, então ministro da
Ciência.
Para a atribuição do estatuto de LA
podiam apresentar-se a este concur-
so, individualmente ou em consór-
cio, as unidades de investigação e
desenvolvimento (I&D) nanciadas
pela FCT que já tinham recebido,
num processo de avaliação diferente,
a classi cação de Excelente ou Muito
Bom. Além disso, tinham de ter um
mínimo de 80 investigadores douto-
rados integrados. Foram apresenta-
das 45 candidaturas, que puderam
ser submetidas durante um mês (de
28 de Setembro a 29 de Outubro de
2020), englobando um total de 118
unidades de investigação e 10.088
investigadores integrados.
Os resultados agora divulgados
permitirão a 40 dessas candidaturas
receber um nanciamento comple-
mentar por ano para actividades
especí cas relacionadas com o esta-
tuto de LA, além do dinheiro que já
recebem para as suas actividades de
investigação. “Esta rede está dispo-
nível para apoiar as políticas públi-
cas dos mais variados géneros.
Assim como os laboratórios do Esta-
do têm a missão de apoiar as políti-
cas públicas, os LA são laboratórios
de investigação e, adicionalmente a
essa função, mobilizam-se para
poder apoiar políticas públicas, por
exemplo, políticas de saúde, como
agora na covid-19”, explica Manuel
Nunes da Ponte, professor jubilado
Para onde vai o dinheiro?
H
avendo laboratórios
associados (LA) com nota
máxima – 100 valores e
sendo financiados só acima
de 75 –, por que razão alguns
com pior classificação recebem
mais dinheiro do que outros com
melhores resultados? “O
financiamento é adicional para
os LA e é sobretudo para
desenvolvimento de carreiras,
em complemento do
financiamento já dado na
avaliação [anterior aos próprios
centros de investigação]”,
responde o ministro da Ciência.
“Agora os avaliadores, com base
no financiamento que já tinha
sido atribuído, identificaram as
necessidades de um novo
financiamento, sobretudo
orientado para contratos de
investigadores”, acrescenta
Manuel Heitor. “O que fiz foi
definir o volume global do
dinheiro: aumentou. Na
distribuição, foram os avaliadores
que fizeram uma proposta”, diz.
Se olharmos para o LA que
recebe no total mais dinheiro,
vemos que é o Instituto de
Investigação e Inovação em
Saúde (nota 100), no Porto: 6,1
milhões de euros anuais,
incluindo o complemento anual
de 3,9 milhões devido ao
estatuto de LA. Vemos ainda o
laboratório Ciências da Vida para
um Futuro Saudável e
Sustentável (nota 100), onde se
incluem o Instituto Gulbenkian
de Ciência ou o Instituto de
Tecnologia Química e Biológica:
dos 4,7 milhões de euros, 1,7
milhões é por ser um LA. Ou que
no Instituto de Medicina
Molecular (100) de Lisboa, de um
total de 2,9 milhões de euros, 1,8
milhões advém desse estatuto de
LA. Ou no Inesc Tec (nota 90),
dos 2,6 milhões de euros, 1,3
milhões chegam por essa via.
Mas se virmos um LA com nota
máxima e financiamento
modesto, encontramos, por
exemplo, a Rede de Investigação
em Biodiversidade e Biologia
Evolutiva (InBio): só 174 mil euros
agora atribuídos contam para os
1,4 milhões que receberá. T.F.
GONÇALO DIAS
O Instituto de Investigação
e Inovação em Saúde (i3S),
no Porto, receberá um total
de 6,1 milhões de euros por ano
da Faculdade de Ciências e Tecno-
logia da Universidade Nova de Lis-
boa, que coordenou o painel de
avaliação dos laboratórios. “Têm
um nanciamento especial para
quando as políticas públicas tiverem
necessidade de uma contribuição
especial da sua área cientí ca.”
Interior do país incluído
Assim, os 40 LA concentrarão por
ano um total de 77 milhões de euros.
Grande parte deste montante (mais
de 53 milhões de euros) já fazia parte
do nanciamento das unidades de
investigação que compõem os LA. A
restante parte (quase 24 milhões de
euros) é o complemento anual pre-
cisamente pela atribuição do estatu-
to de LA. Este nanciamento com-
plementar tem início este ano, por
um período de cinco anos.
Já o título de LA é atribuído por
dez anos a 32 LA, enquanto para os
restantes oito esse estatuto vigora
por cinco anos com uma reavaliação
nessa altura, explica Nunes da Pon-
te. A última avaliação dos LA, acres-
centa, tinha sido há cerca de uma
década.
Segundo o comunicado da FCT,
os LA aprovados neste concurso
estão distribuídos por todo o terri-
tório português. No caso dos con-
sórcios, eles podem mesmo abran-
ger mais do que uma região. Indo
por regiões, no Norte do país estão
localizados 15 LA, no Centro sete,
em Lisboa 16, no Alentejo um e
Algarve um. Por grandes áreas cien-
tí cas, nas ciências da vida e da saú-
de há seis LA, nas ciências exactas
e da engenharia são 18, nas ciências
naturais e do ambiente são 12, e qua-
tro nas ciências sociais e humanida-
des. “Dos 40 coordenadores dos LA,
13 são mulheres (33%)”, nota ainda
o comunicado da FCT.
Manuel Heitor considera que este
aumento de 26 para 40 LA vem
reforçar esta rede de laboratórios,
“que são os nossos principais cen-
tros de ciência”, dizendo que o seu
“ nanciamento global anual cresce
30%, de 59 milhões euros até 2019
para 77 milhões euros”.
Haverá ainda “novas centralida-
des, com novos laboratórios em
Évora, Vila Real, Bragança, Braga,
para além do reforço em Lisboa,
Porto, Coimbra e Aveiro”, acrescen-
ta o ministro da Ciência, que é
secundado nesta ideia por Manuel
Nunes da Ponte: “É uma novidade:
passou a haver LA com sede no inte-
rior, em Évora, em Vila Real e Bra-
gança. Passámos a preencher
melhor o território. Até agora, havia
no eixo litoral: Minho, Porto, Aveiro,
Coimbra, Lisboa e Algarve.” E os
Açores e a Madeira? “Há LA que
incluem centros de investigação nos
Açores e na Madeira, mas nenhum
deles está aí sediado”, responde
Nunes da Ponte.
O ministro da Ciência destaca ain-
da os LA trarão “novas áreas de
apoio às políticas públicas”, por
exemplo na “transição digital e eco-
lógica, com novos laboratórios em
ciências agrárias e alimentares,
assim como em sistemas digitais” e
no “reforço das ciências da vida na
área da translação e investigação
clínica e no reforço das ciências
sociais e a criação de novos labora-
tórios em artes e humanidades”.
Para Manuel Heitor, esta rede de LA
“representa um reforço do apoio
público para estimular a nossa par-
ticipação em programas europeus,
como o horizonte Europa”.
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Mensagem a uma jovem investigadora
recém-doutorada
Opinião
João Ramalho-Santos
Sabes, ia escrever “carta aberta”,
mas não me lembro da última vez
que escrevi uma carta e, mal ou
bem, tudo é “aberto” hoje em dia...
Desde já, muitos parabéns pelo teu
doutoramento! Correu mesmo
bem, publicaste em boas revistas, e
agora começas a tua carreira
cientí ca independente. Para isso
convém concorrer aos concursos
da Fundação para a Ciência e a
Tecnologia (FCT), tutelada pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior (MCTES), desde
logo o de Emprego Cientí co
Individual, e o dos Projetos de
Investigação, o prazo é no m do
mês. É a agência que temos em
Portugal, e é sempre um bom
treino. Só te queria deixar uns
avisos.
Haverá alturas em que te vais
chatear, talvez mesmo te revoltes.
Faz parte, e só prova que és
humana. Não sei porque será
exatamente (sou cientista, não
oráculo), mas poderá ter a ver com
prazos não cumpridos, respostas
demoradas (ou inúteis, ou
inexistentes), um orçamento
insu ciente para a ciência em
qualquer país que se queira
civilizado, concursos erráticos ou
com taxas de aprovação ridículas
(ou manipuladas, ou ambas),
instruções que mudam, e que
parecem ter o único to de
prejudicar quem se devia estar a
apoiar, até mesmo ilegalidades
(não acredites em mim; és
investigadora, con rma tu
mesma). A questão é que nunca te
irão dizer a verdade, que, no
entanto, é simples: não podem,
com o orçamento e prioridades
que têm, apoiar toda a gente cuja
formação promoveram, do modo
que a promoveram. Se calhar era
importante pensar nisso. Demais a
mais, se parte desse orçamento for
para parcerias especí cas e
“agendas conjuntas” mal
explicadas nalgumas áreas, em
ligação a consórcios
internacionais, ou a empresas, ou
outras coisas. É a velha questão da
manta que não estica em todas as
direções.
O que é que eu acho das nossas
lideranças em ciência?
Sinceramente, para ti (e para elas)
a minha opinião é irrelevante.
Acho que são, no geral, bem
intencionadas. E convictas,
embora de convicções por vezes
duvidosas. Acho sobretudo que
prometem mais do que podem, e
que distorcem a realidade de forma
até hábil (para quem não conheça a
dita realidade), para parecer que
deram muito mais do que, na
verdade, deram.
Podiam explicar melhor?
Podiam, mas assim é mais fácil, até
porque as explicações que dão
raramente são dirigidas a nós. No
lugar deles faria o mesmo? Não
faço ideia, espero que não, mas
reconheço as di culdades. Quando
mal saía do laboratório também
achava as lideranças limitadas.
Agora desculpo (muito) mais,
porque sei com o que têm de lidar.
E reconheço que nós, enquanto
investigadores, também por vezes
não somos razoáveis. Não que ache
que tenhamos sempre de ser! As
lideranças poderiam era trazer
algumas pessoas novas, aparecem
sempre os mesmos nomes, seja
qual for a situação política. Ficar
muito tempo onde quer que seja
leva a que nos confundamos com
as estruturas e, pior ainda, nos
consideremos imprescindíveis.
Não somos; e, se fôssemos, seria
muito mau.
Mas não aconselho que te ques
muito pela indignação, apesar de
ela ter um papel importante.
Porque, na verdade, poucos
reclamam. Reclamar a sério, quero
dizer, sustentadamente, ao mais
alto nível, e em tribunal. Não
organizar protestos nas redes
sociais ou escrever textos como
este, que são tão cíclicos quanto
previsíveis. São úteis enquanto
catarse, pouco mais. Claro que é
compreensível que se reclame
pouco, considerando, não só o
tempo e o custo, mas o facto de ser
difícil desa ar as instituições de
quem dependemos, por motivos
óbvios.
Já agora, convém perceberes que
em Portugal a ética e a integridade
cientí cas têm sido promovidas o
mínimo possível pela tutela, até
agora apenas formalmente, para
podermos ter projetos com verbas
internacionais. Por isso, assinam-se
acordos e fazem-se regulamentos.
Só que depois ninguém cumpre,
porque a falta de integridade
nunca teve (que eu saiba)
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 31
Ciência
MARIA JOÃO GALA
consequências por cá. Se o
exemplo que vem de cima é este...
Quanto aos investigadores
enquanto coletivo não leves a mal
se, por muitas ações de
solidariedade que façam,
mostrarem pouca capacidade de
auto-organização. Conseguem
algumas coisas, como a
recuperação do IVA, que não é
coisa pouca, mas signi ca mais
para quem lidera instituições
cientí cas, e que também devia
estar do teu lado. Mas, lá está, nem
sempre pode. Porque não és só tu,
sois muitos, e bons. O vosso
sucesso até agora é, num certo
sentido (e infelizmente), um
problema.
Vou-te dizer duas coisas que
nunca resolveram nada: uma é
para teres calma (o pior conselho
de sempre!), a outra é para te
garantir que podia ser pior (outra
inutilidade). Se tivesses atividade
organizativa fora do laboratório (e
devias ter!), por exemplo, em
autarquias, organizações,
movimentos, partidos ou
empresas, saberias que a academia
e a ciência são uns meninos e
meninas do coro. Ao menos ainda
vamos tendo provas e evidências,
que não podemos ignorar sem
parecermos tontos. Isso não tem
nada a ver contigo? Aí é que te
enganas, tem sim. Não estamos
isolados.
Por último, não te esqueças que
foste treinada não numa torre de
mar m (só há disso na cabeça de
articulistas preguiçosos), mas
Nunca te irão dizer numa caixa disciplinar, por mais
aberta que fosse. Por isso, não
a verdade: não esqueças o teu foco, mas considera
podem, com o espreitar outras coisas, outras
caixas, incluindo as que a tutela
orçamento e quer fazer avançar (alguém tem de
prioridades que aproveitar, porque não tu?).
Mantém portas abertas, tenta
têm. Demais a depender da FCT e do MCTES o
mais, se parte menos possível, vê outras
oportunidades, onde for. Sei que
desse orçamento podes não o querer ouvir, mas
for para parcerias estás preparada para o mundo.
Eu estarei aqui, para o que
especí cas e precisares, e eu puder. E acho que,
‘agendas apesar do que acabei de dizer, e no
meio da incerteza que também tem
conjuntas’ mal de fazer parte da ciência, tens tudo
explicadas, para que corra bem. Eu acredito
em ti, e em todos nós. Até (sem
em ligação a ironia, nem sebastianismo) nas
consórcios lideranças que temos, e teremos.
Vai dando notícias.
internacionais,
ou a empresas, Biólogo; Departamento de
Ciências da Vida da
ou outras coisas Universidade de Coimbra
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32 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Cultura A polémica em torno dos Globos de Ouro: in uência, viagens e elitismo
O brilho dos
Globos de Ouro
está mais
ofuscado
Investigação do Los Angeles Times levanta
questões éticas a três dias da 78.ª edição
dos prémios norte-americanos
Rodrigo Nogueira
No domingo decorrerá nos Estados
Unidos, desta feita em duas costas
diferentes ao mesmo tempo por cau-
sa da pandemia, a 78.ª edição dos
Globos de Ouro. Uma semana antes,
o Los Angeles Times publicou uma
investigação sobre polémicas associa-
das a estes prémios de cinema e tele-
visão atribuídos pela Hollywood
Foreign Press Association (HFPA),
que representa parte da imprensa
estrangeira que vive e trabalha na
zona de Hollywood. Entre outras
queixas feitas por membros sob ano-
nimato, fala-se do quão fechado é este
órgão — que tem à volta de 90 asso-
ciados e di culta a entrada e novas
vozes e não tem entre eles nenhum
membro negro —, além de acusações
da in uência excessiva dos estúdios
nas votações.
Em Agosto do ano passado, uma
acção judicial foi interposta à associa-
ção por parte da jornalista noruegue-
sa Kjersti Flaa, que tentou entrar e foi
recusada, apesar de cumprir os requi-
sitos: trabalhava para a imprensa
estrangeira; tinha dois membros den-
tro da HFPA a “apadrinhar” a sua
entrada; e morava no sul da Califór-
nia. A acção acusava a associação de
propagar “uma cultura de corrup-
ção” e ser uma espécie de “cartel”
que monopoliza o acesso a fontes da
indústria e dá subsídios aos seus
membros, que recebem prémios dos
estúdios para votarem nos seus lmes
e séries. A acção foi rejeitada, dizen-
do-se que Flaa não foi prejudicada em
termos monetários ou laborais por
causa da recusa da associação, mas
entretanto foi apresentada uma nova
moção e o caso está pendente.
Um dos casos discutidos pelo jornal
foi o de Emily in Paris, uma série
Net ix criada por Darren Star que
está nomeada este ano para Melhor
Actriz numa Comédia ou Musical, na
pele da protagonista Lily Collins, e
para Melhor Série de Televisão na
mesma categoria. Pouco depois do
anúncio das nomeações, no início
deste mês, uma das argumentistas da
série, Deborah Copaken, escreveu no
jornal The Guardian que a nomeação
não tinha mérito, e que I May Destroy
You, de e com Michaela Coel, deveria
ter sido reconhecida em vez dela.
Na investigação publicada no últi-
mo m-de-semana, foi revelado que
a Paramount, o estúdio de Emily in
Paris, pagou duas noites num hotel
de cinco estrelas em Paris a mais de
30 membros da associação, e uma
entrada num museu privado, para
visitarem a rodagem da série — as via-
gens são pagas pela própria associa-
ção. Isto poderá explicar porque foi
nomeada uma série que, apesar de
ser um sucesso, não colhe tanto a
benção da crítica como outras.
FRAZER HARRISON/GETTY IMAGES
O lado de dentro Cartazes anunciam a
Rui Henriques Coimbra é um jornalis- apresentação da 78.ªedição dos
ta português que vive na Califórnia. É Globos de Ouro na madrugada
membro da associação há mais de 25 de segunda-feira (hora de
anos e é um dos dois portugueses que Portugal) por Tina Fey e Amy
fazem parte dela — a outra é Bárbara Poehler
de Oliveira Pinto, que fez o magazine
da RTP Hollywood.pt. Rui escreveu
para o Expresso e o Diário de Notícias,
escrevendo agora para o jornal Des-
tak. Ao PÚBLICO, via Zoom, comenta
o artigo do Los Angeles Times: “Está
óptimo, mas deveria talvez ir mais a
fundo, que há mais coisas”. Na sua
experiência, viu a associação mudar
ao longo dos anos. “Talvez desde A associação tem
2012, quando a NBC começou a pagar
mais dinheiro pelos direitos de trans- pos de pandemia, pelos membros. ta também que o facto de serem pou- tentado criar novos
missão. Tem havido mais dinheiro em “Funciona muito mal, porque é uma cos membros os torna um pouco mais trâmites de
caixa, e portanto há um certo grupo grande desigualdade. Há um peque- maleáveis. Em comparação, os Ósca-
de membros que se tem apoderado no grupo de jornalistas, eu diria uns res são votados por cerca de 10 mil funcionamento e
dos meios e criado uma certa desi- 15, que recebem muito mais do que pessoas. de obediência face
gualdade”, continua. “Outro ponto, os outros. É uma questão de bullying O artigo do Los Angeles Times dá a
de que há uma relação demasiado e injustiça e os que têm os empregos ideia que a associação está desligada ao código
próxima entre os estúdios e a associa- mais bem remunerados nem sempre da actualidade. “E depois há também deontológico
ção, também é verdade. Somos con- são os mais capazes, são apenas aque- o problema racial. Não temos mem-
vidados constantemente para visiona- les que vociferaram mais alto.” bros negros, e portanto se calhar não dos jornalistas,
mentos e visitas a lmes que estão a “São histórias que já vêm de há estamos tão atentos a certas histórias. mas há sempre
ser feitos”, a rma. Antes, menciona, muito tempo. A associação tem ten- É realmente um grande problema e
“havia um problema de legitimidade: tado limpar a imagem e criar novos já devia ter sido corrigido”, diz. Ainda escândalos e
para os pro ssionais de Hollywood, trâmites de funcionamento e de obe- assim, explica que o grupo não está favores a serem
éramos mais ou menos intrusos”. diência face ao código deontológico activamente a recusar a entrada a
Mais dinheiro traz mais lantropia, dos jornalistas, mas há sempre coisas membros negros, só que não há mui- feitos
mais viagens, e até planos para uma que acontecem, escândalos e favores tos a tentarem fazer parte da HFPA.
nova sede. Há também dinheiro a ser a serem feitos”, menciona, adicionan- “Tínhamos um jornalista que escrevia Rui Henriques Coimbra
distribuído, especialmente em tem- do o caso de Emily in Paris. Acrescen- para o Belize, mas mesmo os dois Jornalista e membro da HFPA
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Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 33

Cultura

Saudades de Luis Sepúlveda

ALBERTO E. RODRIGUEZ/WIREIMAGE

num Correntes d’Escritas online

Sérgio C. Andrade
Festival literário da Póvoa
de Varzim começa hoje
em modo exclusivamente
digital, e num formato
compactado
Estará ainda bem presente na memó-
ria a sucessão de notícias sobre a evo-
lução do estado de saúde do escritor
chileno Luis Sepúlveda, que, cerca de
dois meses após ter participado, em
Fevereiro do ano passado, no festival
na Póvoa de Varzim, se tornaria numa
das primeiras vítimas da covid-19.
O festejado autor de O Velho Que Lia
Romances de Amor, novelista e con-
tista, mas também argumentista,
cineasta, jornalista e activista político
e ambiental, vai ser homenageado na
edição deste ano do Correntes
d’Escritas, que decorre hoje e ama-
nhã, online, a partir daquela cidade.
A organização ainda ponderou o
cancelamento desta 22.ª edição, mas
optou por mantê-lo na agenda, ainda
que em formato reduzido a dois dias
e com a maioria das actividades a cor-
rer pela Internet. “Será um Correntes
d’Escritas diferente, com uma adap-
tação aos tempos que vivemos, mas
isso será também um desa o, talvez
dos maiores que tivemos até hoje, o
que nos motiva”, disse à agência Lusa
Luís Diamantino, o vereador da Cul-
tura da edilidade da Póvoa de Varzim,
entidade que promove o festival.
Principal mote na sucessão de
mesas de conversas que serão difun-
didas ao longo destes dois dias, o uni-
verso literário de Luis Sepúlveda
(1949-2020) vai estar particularmente
em cena no n.º 20 da revista Corren-
tes d’Escritas, que lhe é inteiramente
dedicada. E depois na exposição de
fotogra a de Daniel Mordzinski, O
Mundo Sepúlveda; e a nalizar o pro-
grama do Correntes, na leitura colec-
tiva que a equipa do festival fará do
seu livro História da gaivota e do gato
que a ensinou a voar.
A abertura o cial do festival vai
fazer-se com o anúncio dos vencedo-
res dos prémios literários Casino da
Póvoa e Fundação Dr. Luís Rainha,
numa sessão que contará com uma
intervenção da ministra da Cultura,
Graça Fonseca.
Este ano, o prémio principal do
evento é dedicado à poesia e conta
com 11 nalistas escolhidos a partir de
70 obras enviadas ao concurso (na
edição de 2020, dedicada ao roman-
ce, o vencedor foi o angolano Pepete-
la, com Sua Excelência de Corpo Pre-
sente). O Prémio Fundação Dr. Luís
Rainha é destinado a uma obra literá-
ria inédita sobre a Póvoa de Varzim.
A antecipar a sucessão das mesas
temáticas, caberá ao escritor nascido
na Argentina Alberto Manguel, tam-
bém tradutor, editor e ex-director da
Biblioteca Nacional desse país sul-
americano, que actualmente reside
em Portugal, fazer a intervenção inau-
gural do festival. O acesso às sessões
poderá ser feito através do site da
Câmara Municipal da Póvoa de Var-
zim, ou no Facebook do festival.

membros sul-africanos são brancos”, prémios e olham de cima para baixo

remata.
Quanto à forma como muitos jor-
nalistas são deixados de fora, Rui
Henriques Coimbra explica que essa
é uma questão importante. “As pes-
soas são muito territoriais, protegem
muito os seus territórios e portanto
não gostam quando outros jornalis-
tas, que escrevem para o mesmo país
que eles, entrem.” Mesmo no seu
caso, no primeiro ano em que tentou,
ainda na década de 1990, foi rejeita-
do. “Era o único português, achava
que ia ser automático, não represen-
tava um perigo para ninguém.”
O lado de fora
Rosa Gamazo, uma jornalista espa-
nhola citada pelo Los Angeles Times
que se juntou à acção judicial contra
a HFPA, nunca chegou a ser realmen-
te rejeitada pela associação. Como
explicou ao Los Angeles Times, estava
em contacto com uma pessoa dentro
da organização que a estaria a ajudar
a encontrar quem apadrinhasse a sua
entrada, pessoa essa que, diz Rosa
Gamazo, foi avisada por outros mem-
bros para não falar com “jornalistas
normais”.
Ao PÚBLICO, a jornalista explica
que os membros da associação se
consideram “um grupo de elite”.
“Eles dão os Globos de Ouro, são apa-
paricados pelos estúdios para darem
para todos nós. A maioria dos melho-
res jornalistas não pertence à associa-
ção”, continua. “Se escreveres para
um bom sítio, és uma ameaça para
eles”, diz. “Se têm de aceitar alguém,
que seja para um órgão de comunica-
ção pseudo-conhecido ou desconhe-
cido, para não seres uma ameaça. A
maioria dos membros nem escreve
para lado nenhum. É uma organiza-
ção que devia, agora, mudar para
recuperar a sua credibilidade.”
É algo que causa danos pro ssio-
nais a Rosa. “Eu faço entrevistas há
anos, mas preciso de mais trabalho.
Estou limitada porque eles têm o
acesso todo, aqueles que não perten-
cem à associação não podem exercer.
Mesmo que eles não publiquem
reportagens, têm acesso o ano todo.
Afecta muitos de nós.” Quer que a
associação se abra mais a jornalistas
credenciados e que escrevam bem.
“Deviam ser um bom exemplo para
o entretenimento e serem levados a
sério. Agora não o são. Até os apresen-
tadores, como o Ricky Gervais, gozam
com isso. Acho que é triste, não sei se
eles se sentem orgulhosos. Eu não me
sentiria”, conclui. Este ano, a cerimó-
nia será apresentada mais uma vez
por Tina Fey e Amy Poehler, cada
uma em zonas diferentes dos Estados
Unidos. Vamos ver que piadas fazem
sobre estas situações.
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34 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Cultura
Museus, monumentos e palácios nacionais
começam a conhecer os novos directores
Lucinda Canelas
Primeira leva de dirigentes
de equipamentos da DGPC
foi ontem anunciada, após
vários atrasos. Até ao final
de Maio haverá mais
A ministra da Cultura já o garantira
em entrevista ao PÚBLICO há uma
semana e ontem con rmou-se:
vários museus, palácios e monumen-
tos do universo da Direcção-Geral do
Património Cultural (DGPC) passa-
rão a contar com novos directores
em Abril. Noutros casos, continua-
rão em funções os actuais titulares
dos cargos: assim será com Dalila
Rodrigues no Mosteiro dos Jeróni-
mos/Torre de Belém, António Car-
valho no Museu Nacional de Arqueo-
logia, José Alberto Ribeiro no Palácio
Nacional da Ajuda/Museu do Tesou-
ro Real e Odete Paiva no Museu
Nacional Grão Vasco.
Entre os novos directores estão
Lurdes Craveiro, que assumirá a
direcção do Museu Nacional Macha-
do de Castro (Coimbra), e António
Ponte, actual director regional de
Cultura do Norte, que cará com a do
Museu Nacional Soares dos Reis (Por-
to). Da leva ontem anunciada pela
DGPC constam ainda Santiago
Macias, que passará a dirigir o Pan-
teão Nacional (Lisboa), Sandra Lean-
dro, que chegará ao Museu Nacional
Frei Manuel do Cenáculo (Évora), e
Vítor Dias, que se encarregará do
Museu Monográ co de Conímbriga
(Condeixa-a-Velha).
Os concursos internacionais para
as direcções destes serviços, entre os
quais se contam muitos dos mais
importantes museus e monumentos
do país, foram sendo sucessivamen-
te adiados. A primeira fase dos con-
cursos, abrangendo os nove equipa-
mentos cujos directores ontem ca-
ram a conhecer-se, foi lançada a 29
de Maio. Na segunda leva de concur-
sos, lançada a 19 de Junho, foram
abrangidos o Mosteiro de Alcobaça,
o Palácio Nacional de Mafra, os
museus nacionais do Teatro e da
Dança, do Traje, da Música, do Azu-
lejo e dos Coches (com o seu anexo
em Vila Viçosa), e ainda os binómios
compostos por Museu do Chiado/
Museu Nacional de Arte Contempo-
rânea e Casa-Museu Dr. Anastácio
Gonçalves, e Museu Nacional de
Etnologia e Museu de Arte Popular.
A terceira e última fase visou apenas
o Museu Nacional da Resistência e da
Liberdade (Peniche) e abriu a 16 de
Novembro. De fora caram o Mostei-
ro da Batalha, o Museu Nacional de
O Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, é um dos que mudarão de mãos
As novas caras do Panteão e de quatro museus nacionais
Santiago Macias
Formado em História de Arte,
professor na Universidade Nova
de Lisboa e investigador do
Campo Arqueológico de
Mértola, o novo director do
Panteão Nacional é talvez uma
das maiores surpresas entre
estas nomeações, já que a sua
área de trabalho privilegiada
tem sido a presença islâmica em
Portugal. Com 57 anos, há mais
de duas décadas que conduz as
escavações no Castelo de
Moura, tendo comissariado
também exposições como a
recente Guerreiros e Mártires, no
Museu Nacional de Arte Antiga.
Sandra Leandro
A nova directora do Museu
Nacional Frei Manuel do
Cenáculo tem 50 anos, é
investigadora do Instituto de
História da Arte da Universidade
Nova de Lisboa e lecciona na
Universidade de Évora desde
2001. Tem-se dedicado sobretudo
ao estudo da pintura e do
desenho humorístico, da
museologia e do trabalho das
mulheres artistas em Portugal.
António da Ponte
Ao fim de oito anos, António da
Ponte, 50 anos, troca agora a
chefia da Direcção Regional de
Cultura do Norte pelo Museu
Nacional Soares dos Reis, que
Ana Mântua dirigia desde Junho
em regime de substituição, após a
aposentação de Maria João
Vasconcelos. Doutorado em
Museologia pela Faculdade de
Letras do Porto, foi ainda director
do Paço dos Duques de
Guimarães durante três anos
(2009-2012).
ADRIANO MIRANDA
Lurdes Craveiro
A professora da Faculdade de
Letras da Universidade de
Coimbra e investigadora
principal do Grupo de Estudos
Multidisciplinares em Arte está
de regresso a um museu onde já
trabalhou entre 1985 e 1988, o
Machado de Castro. Com 63
anos, tem um percurso
reconhecido na cidade também
fora dos muros da universidade:
ligada ao património
arquitectónico, ajudou a
promover a defesa da
reabilitação do Colégio da
Trindade, do Mosteiro de Santa
Clara-a-Velha e da Sé Velha.
Vítor Dias
No Museu Monográfico de
Conímbriga, o arqueólogo de 48
anos estará no seu habitat.
Doutorado em Arqueologia e
estudioso da presença romana
na Península Ibérica e
colaborador do Centro
Interdisciplinar de História,
Culturas e Sociedades da
Universidade de Évora, escavou,
por exemplo, na cidade de Balsa,
em Tavira. L.C.
Arte Antiga e o Convento de Cristo.
Ao todo, os três concursos abran-
geram 18 equipamentos e tiveram 146
candidaturas.
Peniche a seguir?
Para os museus, palácios e monu-
mentos abrangidos pela segunda e
terceira fases dos concursos interna-
cionais, o tempo continua a ser de
espera. Ainda não foram sequer
divulgadas as listas provisórias com
os candidatos admitidos e excluídos
neste processo lançado a 19 de Junho
e prorrogado em Agosto.
Na entrevista ao PÚBLICO já cita-
da, a ministra Graça Fonseca disse
ainda que em Maio haveria mais
novidades. Isto não signi ca, no
entanto, que o próximo nome conhe-
cido diga respeito a um museu ou
monumento da segunda fase dos
concursos, explicou agora fonte da
assessoria de imprensa da DGPC:
“Deu-se o caso de a leva agora anun-
ciada coincidir com as direcções dos
equipamentos do primeiro anúncio
de abertura de concurso, mas podia
não ter sido assim. O objectivo é ir
divulgando à medida que os concur-
sos estiverem concluídos. Se for por
atacado, divulga-se por atacado. É o
primeiro concurso internacional da
DGPC, é um processo demorado,
complexo, ainda mais quando a pan-
demia impede os júris de se reuni-
rem presencialmente e os procedi-
mentos legais exigem actas assinadas
por todos os membros.”
Todos os directores destes servi-
ços, cujos nomes estavam já escolhi-
dos há várias semanas, serão chama-
dos a lidar com os desa os impostos
pela pandemia de covid-19. À quebra
de receita directamente ligada à des-
cida abrupta do número de visitantes
ditada pelos períodos de con na-
mento e de limitações ao número de
visitantes e aos uxos turísticos, jun-
tam-se os habituais problemas de
infra-estruturas e de equipamentos
(os sistemas de ar condicionado cro-
nicamente avariados, por exemplo),
assim como as falhas nos quadros de
pessoal, que nos últimos anos têm
vindo a perder muitos técnicos sem
que a tutela tenha tido autorização
para os substituir.
Os primeiros concursos para direc-
tores dos equipamentos da DGPC
foram lançados em Maio, pratica-
mente um ano depois da entrada em
vigor do novo regime de autonomia
de gestão dos museus, palácios e
monumentos que levou à sua criação.
E quando já em Outubro de 2019
metade dos directores destes servi-
ços estava em regime de substituição,
alguns deles há anos.
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Conselho Nacional de Cultura:
para que serve?
Opinião
Paulo Castro Seixas
e Alexandre Belo Morais
A passagem de um paradigma de
Governo a um de governança e de
governação integrada possibilita
a criação de valor público por
compromissos atingidos por uma
pluralidade de actores. É esse
caminho de uma maior
democratização da democracia,
passando-se da mera
representação a uma efectiva
participação, que torna possíveis
melhores políticas públicas. A
cultura, devido à sua pluralidade,
é talvez o setor em que tal
caminho é mais necessário.
A incrementação das parcerias
e dos processos colaborativos
para a realização da transição que
acima se refere implica a criação
de órgãos colegiais de interface
entre os vários setores da
sociedade civil e o Governo
especi camente. Os vários
conselhos nacionais são disso
exemplo. Entre os diferentes
conselhos nacionais que temos,
contam-se o Conselho Nacional
de Educação (CNE), o Conselho
Nacional de Saúde (CNS), o
Conselho Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação (CNCTI) e
o Conselho Nacional de Cultura
(CNC). Eles não demonstram, no
entanto, o mesmo nível de
desenvolvimento em face da
transição para um paradigma de
governança e tal deve ser objeto
de re exão.
A cultura tem passado um
momento de profunda crise,
função da presente pandemia que
agravou e evidenciou fragilidades
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 35
anteriores. Tal situação apela a
um conhecimento amplo, plural e
exaustivo do setor que permita
uma re exão com base na
evidência capaz de sustentar
eventuais estruturações internas,
assim como novos
enquadramentos pro ssionais e
scais e novas respostas em
termos de apoio e proteção social
do Estado. Seria de esperar que o
CNC se tivesse reunido em
plenário perante tal situação, mas
isso não aconteceu. Aliás, parece
que o CNC não se reúne em
plenário há anos! Tem sentido,
então, a pergunta: para que serve
o CNC?
Ora, se o CNC não se reuniu
perante a maior crise que o setor
alguma vez atravessou, uma das
razões óbvias está na sua
con guração jurídica. Vale a
pena, por conseguinte, uma
comparação com os demais
conselhos nacionais. Tal
comparação evidencia a
necessidade urgente de uma
mudança legislativa e uma
atualização do CNC para que
possa cumprir o papel social e
político que lhe incumbe.
Vejamos o que acontece com os
demais conselhos nacionais.
Enquanto o CNC é um órgão
consultivo do Governo, tal como
Só um CNC
independente e
autónomo pode
promover efectiva
re exão e debate
sobre o setor
FILIPA FERNANDEZ
Cultura
o CNCTI, os demais conselhos são
órgãos referidos como
independentes e o CNE tem
mesmo autonomia
administrativa. O CNC só se reúne
em função da tutela, enquanto o
CNS se reúne ordinariamente,
pelo menos duas vezes por ano, e
o CNE tem um(a) presidente
eleito(a) pela Assembleia da
República e reúne-se em plenário
trimestralmente.
Enquanto órgão independente
com autonomia para se reunir
sem ser a pedido da tutela, é
possível promover a re exão e o
debate com vista à formulação de
propostas e fazer
acompanhamento da política,
apreciando e emitindo pareceres
e recomendações sobre questões
relativas à concretização das
políticas nacionais na área (como
se refere para o CNE). Sem tal
possibilidade, o CNC é uma
instituição vazia, refém da tutela,
que sentirá porventura relutância
em solicitar a sua reunião pelas
diversas ilações que daí poderão
ser retiradas.
Assim, parece-nos necessária
uma mudança urgente do
estatuto do CNC para que
o setor tenha um espaço
agregador de efetiva re exão e
Um ano
debate que ultrapasse eventuais
desejos de protagonismo
fraturantes, sempre
compreensíveis, mas inibidores
de pandemia
de uma política para o setor
ativa, e comprometida com o
consenso alargado possível. Só
um CNC independente e
autónomo, com a obrigação de
A 2 de Março de 2020 são notificados
reuniões periódicas, alargado à
participação efetiva da em Portugal os dois primeiros casos
pluralidade dos setores da cultura de covid-19. E a nossa vida mudou.
e de agentes ativos da sociedade
pode contribuir para melhores Nos próximos dias contamos histórias
políticas da cultura. Só um CNC de quem viveu um ano confinado.
independente e autónomo pode Olhamos para a resposta do Serviço
promover efetiva re exão e Nacional de Saúde. E fazemos uma
debate sobre o setor, assegurar o homenagem especial aos que partiram,
aconselhamento da tutela, apoiar com uma peça para contrabaixo e voz
a formulação e acompanhamento composta por João Gil e interpretada
da política, apreciar e emitir por Ana Mesquita e Mário Franco
pareceres e recomendações sem publico.pt/coronavirus
ser a pedido, de forma a fomentar
a articulação transversal e
interministerial das políticas da
área. Estamos, assim, a solicitar a
mudança legislativa necessária
para que o setor da cultura tenha,
de facto, um Conselho Nacional
de Cultura!
Paulo Castro Seixas pela Equipa
Mapeamento da Cultura;
Alexandre Belo Morais pela
Convergência pela Cultura
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36 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Guia
tecnologia
publico.pt/tecnologia
A fama da Clubhouse vai durar?
A popularidade da Clubhouse subiu a pique este ano, mas será que a aplicação
reúne os ingredientes necessários para aguentar a fama?
Karla Pequenino
A Clubhouse é a mais recente aplica-
ção móvel a alcançar a notoriedade
em plena pandemia, com Oprah Win-
frey e Elon Musk entre os fãs. Apesar
de ter menos de um ano, a app já está
avaliada em mil milhões de dólares.
A missão é oferecer um espaço
para as pessoas se reunirem em
“salas” para discutir seja o que for.
Mas contrariamente a outras aplica-
ções sociais, a Clubhouse não depen-
de de imagens, vídeos ou mensagens
escritas — as partilhas são feitas ape-
nas com a voz. E, por enquanto, só se
entra com convite.
“O crescimento da popularidade
deriva em parte da utilização da app
por alguns nomes conhecidos como
Kevin Hart, Elon Musk e Mark Zucker-
berg”, explica ao PÚBLICO Craig
Chapple, analista do portal Sensor
Tower que presta serviços de consul-
toria na área das apps. A simplicidade
e exclusividade da aplicação também
contribuem para o sucesso. Por ora,
só os utilizadores de iPhone é que
podem instalar a Clubhouse e só
quem foi convidado por um utiliza-
dor é que pode entrar. Depois de se
“entrar”, porém, a Clubhouse é fácil
de utilizar: escolhe-se uma sala,
ouvem-se as conversas, levanta-se a
mão para fazer perguntas.
Segundo dados da Sensor Tower,
em Fevereiro mais de 12,5 milhões de
pessoas já tinham descarregado a
app para a tentar experimentar. A
maior parte do interesse vem dos
Estados Unidos, seguido do Japão e
da Rússia.
Ainda é cedo para perceber se o
interesse será duradouro. “A popula-
ridade está certamente a crescer e
parece que vai ser a próxima grande
Covid-19 empurra gastos com apps
Em 2020, as pessoas gastaram 111 mil milhões de
dólares em apps e conteúdo premium (uma subida
de 30% face a 2019), segundo dados da Sensor
Tower. As apps de jogos são as mais lucrativas, mas
isto deve mudar até 2025, com a popularidade de
apps de lifestyle, finanças e compras a crescer.
app social de 2021, mas o mercado
das redes sociais é altamente compe-
titivo”, alerta Craig Chapple.
Em Março de 2020, o foco era a
HouseParty, uma app de videocon-
ferências para juntar grupos de ami-
gos a responder a perguntas de cul-
tura geral ou imitar pessoas
as famosas.
Depois de rumores sobre problemas
de cibersegurança (que e a app
nega), a popularidade tem m vindo
a esmorecer. “A equipa da Club-
house terá de garantir queue o
burburinho em torno da
aplicação se mantém m ção, no e entanto, cresce o
enquanto novos competi--
dores aparecem”, nota
Chapple.
A exclusividade
da app contribui para
o seu interesse
FLORENCE LO/REUTERS
Algumas aplicações menos conhe-
cidas têm aproveitado a fama da
Clubhouse. É o caso da app de gestão
de projectos com o mesmo nome que
foi criada em 2018 e foi descarregada
3,4 milhões de vezes em Fevereiro. O
valor representa 80% do total de
downloadss da aplicação. Chapple
diz que a ascensão advém de
um caso de “erro de identi-
dade” O objectivo seria
dade”.
insta
instalar a nova app
social
social.
Com o aumento da aten-
es
escrutínio. Nas últi-
m
mas semanas, a
Clubhouse começou
C será lançada no final deste ano
a ser
se criticada por polí-
ticas de moderação pouco
claras e falta de atenção a
questões como o assédio
quest
eod discurso de ódio.
Jovens
YouTube cria “contas
supervisionadas”
para crianças
O YouTube anunciou três novos
níveis de acesso para menores de
18 anos. O objectivo é dar uma
opção aos jovens que já não se
identificam com a versão do
YouTube para crianças (uma app
sem comentários, focada em
desenhos animados e conteúdo
educativo). O nível “explorar”
inclui conteúdo do site normal
para menores de 13 anos, o nível
“explorar mais” inclui vídeos em
directo, o nível “maior parte do
YouTube” só não tem conteúdo
para maiores de 18 (por exemplo,
conteúdo muito violento).
Mais apps centradas na voz
Uma app de namoro
antitexto e café
matinal com amigos
Em tempo de pandemia, a voz
humana torna-se mais atraente
do que mensagens num chat. A
Checkmate é uma app de namoro
“sem texto” que interliga os
utilizadores através de chamadas
de áudio ou vídeo. Já a Cappucino
recria a pausa do café (pré-
-pandemia) com os amigos. O
utilizador grava micromensagens
durante o dia e, todas as manhãs,
recebe um ficheiro de áudio com
as mensagens deixadas pelos
amigos no dia anterior.
O objectivo é manter ligações
sociais quando o Zoom e outras
redes começam a cansar.
Som
Spotify anuncia
melhor som e nova
versão em português
O Spotify anunciou esta semana
que vai ter uma opção para
utilizadores que procuram
música com melhor qualidade.
O Spotify HiFi (alta fidelidade)
promete “áudio com qualidade
de CD” e vai estar disponível
como um extra para clientes que
subscrevem a actual versão
paga (premium). A nova opção
em apenas alguns países e por
um preço também ainda por
revelar. A plataforma também
passa a estar disponível em
português de Portugal.
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CINEMA
O Espaço Entre Nós
TVCine Top, 21h30
A astronauta Sarah Loreau está a
um passo de concretizar o sonho
da sua vida: embarcar numa
missão espacial a um planeta
distante. Quando é nalmente
escolhida para fazer parte da
tripulação, esbarra com um
angustiante sentimento de culpa
por ter de deixar a lha. Realizado
pela francesa Alice Winocour
(Augustine), que co-escreve o
argumento com Jean-Stéphane
Bron, o lme conta com
interpretações de Eva Green, Zélie
Boulant, Matt Dillon Aleksey
Fateev, Sandra Hüller e Lars
Eidinger.
A Abóbada
RTP1, 22h44
João Catarré, Maya Booth, Filipe
Vargas, João Didelet, José Martins,
Figueira Cid e Tobias Monteiro
dão vida a este drama histórico
assente no texto de Alexandre
Herculano, com realização de
Cláudia Clemente e argumento de
Pedro Marta Santos. É mais uma
obra saída de Trezes, a colecção de
tele lmes da RTP que adapta
contos de autores portugueses.
Diamante de Sangue
AXN, 23h55
Serra Leoa, anos 90. Um
diamante raro pode mudar ou
destruir a vida de dois africanos:
Danny Archer, um ex-mercenário
que troca diamantes por armas e
quer livrar-se do círculo de
violência e corrupção que o
engoliu, e Solomon Vandy, um
pescador que quer salvar a
mulher e as lhas dos campos de
refugiados e libertar o lho do
destino de criança-soldado.
Protagonizado por Leonardo
DiCaprio e Djimon Hounsou,
ambos nomeados para os
Óscares, o lme é dirigido por
Edward Zwick e tem fotogra a do
português Eduardo Serra.
Pasolini
RTP2, 00h33
Roma, Novembro de 1975. Pier
Paolo Pasolini, cineasta, poeta e
escritor, é simultaneamente
objecto de admiração, estranheza e
repúdio. No último dia da sua vida,
encontra a mãe e os amigos mais
próximos. À noite, decide sair. Na
madrugada seguinte, é encontrado
brutalmente assassinado numa
praia em Ostia, nos arredores da
cidade, alegadamente por
Giuseppe Pelosi, um jovem
prostituto de 17 anos. Abel Ferrara
realizou este lme que, nas
palavras do actor Willem Dafoe
(que o protagoniza), pretende
“estar dentro da cabeça de
Pasolini”.
Televisão
RTP1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.22 Os
Nossos Dias 15.52 A Nossa Tarde 17.30
Portugal em Directo 19.08 O Preço
Certo
19.54 Direito de Antena
19.59 Telejornal
21.01 Sexta às 9
21.43 Joker
22.44 A Abóbada
bada
23.45 Trovas Antigas, Saudade Louca
0.38 Eléctrico 1.38 Conan Osíris ao
Vivo no Coliseu dos Recreios 3.11 O
Sábio
SIC
6.00 Edição da Manhã 8.30 Alô
Portugal 10.10 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.50 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho 16.10 Júlia
18.05 Viver a Vida 19.30 Êta Mundo
Bom
19.57 Jornal da Noite
21.40 Amorr Amor
22.05 A Serra
23.15 Terra Brava
23.35 Tempo de Amar 0.25
Totalmente Demais 1.00 Investigação
Criminal: Los Angeles 1.50 A Casa da
Senhora Peregrine para Crianças
Peculiares 3.50 Carro do Ano
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 37
Guia
Os mais vistos da TV
Quarta-feira, 24
RTP1 10,7% DOCUMENTÁRIO
% Aud. Share RTP2 0,9 É Rocha e Rio, Negro Leo
A Serra SIC 13,8 26,0
19,7 TVCine Edition, 22h
Amor, Amor SIC 13,7 24,1 SIC A brasileira Paula Gaitán (Exilados
Jornal Da Noite SIC 13,4 23,5
Bem Me Quer TVI 12,3 22,2 TVI 17,7 do Vulcão, Agreste, Sutis
Terra Brava SIC 11,6 27,5 Interferências) lma uma conversa
Cabo 35,2
FONTE: CAEM informal com o músico
compositor, poeta, sociólogo e
pensador Negro Léo — que é
TVCINE TOP
RTP2 também marido de Ava Rocha, a
18.20 Momentos Que se Perdem 20.00 lha da realizadora. Durante
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.00 Tudo Bons Meninos 21.30 O Espaço algumas horas, no apartamento
Espaço Zig Zag 12.14 Escola Nocturna Entre Nós 23.15 Doutor Sono 1.45 O do artista em São Paulo, discute-se
- Os Sonhos Nunca Dormem 12.58 Caso Collini cultura, política, música, religião,
Esec-Tv 13.25 Design PT 13.53 Folha drogas, redes sociais e racismo.
de Sala 14.00 Sociedade Civil 15.02 A
Fé dos Homens 15.36 Maravilhas da FOX MOVIES
China 16.08 Nascer na Natureza 16.57
Espaço Zig Zag 20.37 Maravilhas da
17.39 Blade Runner: Perigo Iminente
19.31 Perseguido 21.15 Cop Land — Zona
SÉRIE
UNESCO Exclusiva 23.00 Perseguição sem O Clube
Tréguas 0.32 Constantine 2.29 Mandy Opto, streaming
Estreia da segunda temporada da
21.30 Jornal 2 série portuguesa passada num
HOLLYWOOD luxuoso clube nocturno de lisboa.
18.00 Vestido a Rigor 19.40 Como Ser Ali, além do “melhor bife do
22.01 Folha de Sala Solteira 21.30 Uma Família Ideal 23.00 lombo”, há sexo (caro) à mistura
Sibéria 0.45 Pronto a Matar 2.25 Um com intrigas, jogos de poder e
Vizinho Insuspeito negócios obscuros a envolver
22.05 Uma Grande Despedida personalidades de elite. Da autoria
de João Lacerda Matos, conta com
AXN actores como José Raposo, Luana
17.04 Comando 18.40 Mentes Piovani, Vera Kolodzig, Carolina
Criminosas 21.10 The Rookie 22.00 Torres, Sara Matos ou Margarida
Matem o Mensageiro 23.55 Diamante Vila-Nova. Nos novos episódios,
23.40 O Buraco Negro de Tóquio - Ano de Sangue 2.21 Mãos de Pedra também Matilde Reymão se junta
Zero no Japão Pós-Guerra ao elenco.
FOX
0.33 Pasolini 1.56 Ultra Sessions 2.24
Sociedade Civil 3.25 Margens do
17.23 C.S.I. Miami 18.57 Chicago P.D.
20.27 Hawai Força Especial 22.15 Die
MÚSICA
Paraíso 5.15 Euronews Hard 4.0 - Viver ou Morrer 0.39 A Ilha Conan Osiris ao Vivo no Coliseu
dos Recreios
RTP1, 1h38
DISNEY
TVI A 12 de Dezembro de 2019, subia
17.19 Lab Rats 18.05 Anfibilândia 18.30 ao palco da sala lisboeta a
6.05 Curious George 6.30 Diário da Gravity Falls 19.16 Casa da Coruja 19.40 sonoridade incatalogável e a lírica
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.12 Dois às Os Green na Cidade Grande 20.30 desbragada de Conan Osiris (Tiago
10 13.00 Jornal da Uma Anfibilândia 20.54 Phineas e Ferb Miranda), o corpo musical mais
estranho e impactante a entrar na
cena portuguesa nos últimos
14.50 A Única Mulher DISCOVERY anos. Rodeado de bailarinos,
17.25 Os Últimos Habitantes do Alasca Pauliteiros de Miranda e
19.10 Expedição ao Passado 21.00 Os convidados como Ana Moura e
16.12 Goucha Quartéis de Hitler 22.55 Curiosidades Branko, o autor do álbum Adoro
da Terra 0.40 Os Quartéis de Hitler Bolos e da canção Telemóveis,
vencedora do Festival da Canção,
18.05 Big Brother - Duplo Impacto: deu o seu concerto mais
Última hora 19.10 Big Brother - Duplo HISTÓRIA ambicioso, em jeito de
Impacto: Diário 17.10 Não Identificados 17.53 A Maldição consagração e fecho de um ciclo.
de Skinwalker 19.18 Os Maiores Este é o registo desse momento.
Mistérios da História 20.43 Grandes
19.57 Jornal das 8 Descobertas 22.15 Titanic, Mistério
Resolvido 23.40 Grandes Descobertas
1.16 Forjado no Fogo
INFANTIL
21.45 Bem Me Quer Ernest e Célestine (V. Port.)
Nos Studios, 9h20
ODISSEIA Nomeado para o Óscar de Melhor
22.40 Amar Demais 17.21 O Veterinário de Yorkshire 18.07 Filme de Animação, inspira-se nas
África Desde o Ar 18.58 Engenharia delicadas personagens da
Letal 19.46 Grandes Mentiras 20.40 ilustradora Gabrielle Vincent e é
23.45 Big Brother - Duplo Impacto: Fora de Controlo 21.35 Gutenberg, a realizado por Benjamin Renner,
Extra 1.55 Jane Eyre 3.48 Doce Aventura da Imprensa 22.30 Grandes Stéphane Aubier e Vincent Patar.
Tentação Mentiras 23.24 Fora de Controlo 0.16 É a história de uma ratinha órfã
Gutenberg, a Aventura da Imprensa 1.10 que se aventura no mundo e
Grandes Mentiras 2.04 Fora de Controlo ganha num urso uma amizade tão
improvável quanto verdadeira.
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38 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Guia
Em casa
LITERATURA
Correntes d’Escritas
ONLINE Redes sociais da
Câmara Municipal da Póvoa de
Varzim. Dias 26/2 e 27/2. Grátis
Com um formato reduzido e
residência marcada no online, a
22.ª edição do Encontro de
Escritores de Expressão Ibérica
acolhe autores como Afonso Cruz,
Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia,
Lídia Jorge, Ondjaki, Pepetela, Rui
Zink ou Valter Hugo Mãe. Entre
mesas e conversas, todo o
programa é atravessado pela
homenagem ao escritor chileno
Luís Sepúlveda (1949-2020).
TEATRO
Sopro
ONLINE Sala Online do Teatro
D. Maria II. De 26/2 a 12/3.
M/12. 3€
Tiago Rodrigues põe no centro da
acção o ponto, esse elemento
teatral que, por norma, ca
invisível. A peça, considerada pelo
Ípsilon como uma das melhores
de 2017, foi escrita para Cristina
Vidal, que durante décadas
ocupou no D. Maria II esse posto
de “soprar” o texto aos actores.
Discreta e de texto na mão, ela
surge assim em palco, ao lado de
Beatriz Maia, Cristina Vidal, Isabel
Abreu, João Pedro Vaz, So a Dias
e Vítor Roriz.
MÚSICA
João Bento
ONLINE Streaming no YouTube,
Facebook e Instagram da
Culturgest. Dia 26/2 às 21h.
Grátis
Tendo como ponto de partida a
banda sonora que compôs para a
peça coreográ ca O Limpo e o
Sujo, de Vera Mantero, João Bento
mostra Matéria Inédita, uma
composição electroacústica
apresentada como “uma espécie
de reciclagem sonora” que faz
“uma ponte possível com o
conceito de sustentabilidade, tão
importante para a génese do
trabalho de Mantero”.
Coro do TNSC e Orquestra
Sinfónica Portuguesa
ONLINE YouTube do Teatro
Nacional de São Carlos.
Dia 26/2 às 21h. Grátis
A Child of Our Time, oratória
escrita por Michael Tippett, dá o
mote ao concerto dirigido por
Joana Carneiro.
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas, Lotaria Popular 0 5 8 9 6
bridge e sudoku em
1.º Prémio 50.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios
Cruzadas 11.263
HORIZONTAIS: 1. Um grupo de médicos, cientistas, académicos e outros profissionais apela ao
Governo que as reabra. Procede. 2. Hora canónica corresponde às 15 horas. Acesso súbito de mau
humor ou irritabilidade. 3. Associação de Estudantes. Suspirar. Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
4. Memória de computador (de acesso aleatório). Na parte exterior. 5. Antiga moeda de dez réis
(gíria). Norma de transmissão em vídeo com cores, tendo como base as cores primárias vermelha,
verde e azul. 6. Ajuda. Sufixo (agente). Interjeição utilizada para chamar a atenção ou para
cumprimentar. 7. Conteúdo, em BD, criado pelo departamento de comunicação da Assembleia da
República para as redes sociais (três palavras juntas). 8. Avenida (abrev.). Grande porção (popular).
Alvorada. 9. Atormento (fig.). Baraço. 10. Sereia dos rios e dos lagos (Brasil). Érbio (s. q.). Naquele
lugar. 11. Armadilha (regional). Tratamento dado às freiras.
VERTICAIS: 1. Eia! (interj.). Diz-se de uma variedade de romã de bagos grandes. 2. Ter por
costume (ant.). Encher de habitantes. 3. Cálcio (s. q.). Impulso. Prefixo (montanha). 4. Guarnecer
de ameias. Alojamento Local. 5. Pequeno poema da Idade Média. Foice ou tesoura de podar. 6.
Diz-se do cavalo malhado de preto e branco. «Aprende por (...) e irás por diante». 7. Redução de
senhor (popular). Grande talento (fig.). Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares. 8.
Autêntico. 9. Criador. Tornar incomunicável. 10. (...) Silver, alter-ego de André Neves (ouve-se
Agostinho da Silva na sua música). Quantia formada pelas entradas, apostas e multas dos
parceiros ao jogo. 11. Pequeno compartimento. Andar.
Solução do problema anterior
HORIZONTAIS: 1. Bazuca. Tubo. 2. Ararat. Inox. 3. Irrita. Giga. 4. Termo. Cerol. 5. Apo. Raer. Tá. 6. Azul.
Vá. 7. Congelada. 8. Ei. Arse. 9. Instar. Doer. 10. Negar. Coaxo. 11. Atarefar. Ou.
VERTICAIS: 1. Baita. China. 2. Arrepio. Net. 3. Zarro. Nesga. 4. Urim. Agitar. 5. Catorze. Are. 6. Ata. Aulir.
7. Cela. Ca. 8. Tiger. Dador. 9. Unir. Varoa. 10. Bogotá. Sexo. 11. Oxalá. Gerou.
João Fanha/Luís A.Teixeira © Alastair Chisholm 2008
Bridge bridgepublico@gmail.com Sudoku www.indigopuzzles.com
Dador: Sul de poder operar o squeeze. Mas, esta não Problema 10.300 (Fácil)
é uma regra absoluta. Por vezes é
Vul: NS
inconveniente ceder uma vaza, no início
do jogo.
NORTE Como é o caso de hoje, se recuarmos a
A5 primeira vaza a defesa simplesmente
KQJ7532 encaixa o Ás que tem para colocar de
2 imediato o cheleme no cabide! Apesar de
932 todos estes obstáculos, ainda é possível
OESTE ESTE executar um squeeze neste jogo. Para tal,
é necessário que Este tenha o Ás de ouros
J63 10972
64 9 e pelo menos quatro cartas de espadas. Solução 10.298
Q865 A10743 Tomamos a primeira vaza com o Ás de
KJ74 Q85 paus e desfilamos o naipe de copas até à
SUL
KQ84
última carta de copas, deixando A5 de
espadas, 2 de copas, 2 de ouros e 32 de
A108 paus no morto, e na mão KQ84 de espadas
KJ9 e KJ9 de ouros, Este terá quatro cartas de
A106 espadas, o Ás de ouros e um pau.
Aquando da última copa do morto, Este
ver-se-á forçado a abandonar a sua carta
de paus, para não entregar de bandeja o
Oeste Norte Este Sul cheleme (se baldar uma espada ou Ás de
1ST ouros ficamos automaticamente com 12
passo 2 1 passo 2 vazas). Agora, e só agora, podemos baldar
passo 4 2 passo 4ST o 4 de espadas da nossa mão e jogar o 2
passo 5 3 passo 6ST de ouros do morto em direcção a KJ da Problema 10.301 (Difícil)
Todos passam nossa mão, Este faz o Ás de ouros, mas por
estar desprovido de paus terá de jogar
Leilão: Qualquer forma de Bridge. 1 - espadas, encaixamos as quatro vazas
Transfer (ou Texas) para copas; 2 - Splinter finais: AKQ de espadas e o Rei de ouros.
– singleton a ouros e convite a cheleme Um “strip-squeeze” em que obrigamos
com pelo menos seis cartas de copas; 3 - Este a largar a carta de comunicação, para
Duas chaves: um Ás e o Rei de trunfo, e a podermos por fim jogar o naipe em que
Dama de trunfo nos interessa apurar uma vaza.
Carteio: Saída: 4 . Qual a melhor forma Considere o seguinte leilão: Solução 10.299
de jogar este jogo? Oeste Norte Este Sul
Solução: Oeste encontrou a excelente 1 X 1ST ?
saída a pequeno pau e, à primeira vista
assim parece, deixou-nos em maus lençóis O que marcaria, com a mão seguinte?
para cumprir este cheleme. Com apenas 11 2 AQ82 Q1064 Q942
vazas à cabeça e nenhuma vaza que se
possa apurar de modo directo, resta-nos Resposta: Dobre. Dobrar uma voz de sem
recorrer a uma técnica, apropriada para trunfo por parte do adversário é de
estes momentos de aflição, o squeeze. castigo! Não se precipite em marcar um
Na maioria dos squeezes, o declarante naipe, pois estaria a mostrar uma mão
tem de perder uma vaza, um ajuste, antes menos defensiva do que esta.
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Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 39

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Madrid 6 18 Nova Iorque 2 7
08h28 0,6 08h03 0,8 07h57 0,6 Milão 2 16 Pequim -3 11 O PÚBLICO e a SCML levam a informação a quem perdeu a sua situação
14h36 3,3 14h11 3,3 14h14 3,2 Moscovo 1 5 Praia 20 28 profissional nos últimos meses. Num momento de instabilidade global,
Oslo -3 7 Rio de Janeiro 23 27 é, mais do que nunca, uma necessidade que os desempregados
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02h50 3,6 02h26 3,6 02h34 3,5 Praga 3 11 Singapura 24 32 que os irá ajudar a encontrar um novo rumo
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL
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40 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

Desporto Jogos da segunda mão dos 16 avos-de- nal da Liga Europa

Aubameyang
ALKIS KONSTANTINIDIS/REUTERS

não foi
carinhoso
com o Benfica
Os “encarnados” cam de fora da Liga
Europa após um desaire em Atenas por
3-2. Golos de Diogo Gonçalves e Rafa
ainda deram esperança à equipa de Jesus

Arsenal
Aubameyang 21’ e 87’, Tierney
67’
Benfica
Diogo Gonçalves 43’, Rafa 61’
Jogo no Estádio Georgios Karaiskakis,
em Atenas.
Arsenal Leno, Bellerin (Lacazette, 78’),
Luiz, Gabriel, Tierney, Ceballos (Willian,
64’), Xhaka, Saka (Chambers, 90’),
Odeggard (Mohamed Elneny, 90’),
Smith Rowe (T. Partey, 64’),
Aubameyang. Treinador Mikel Arteta.
Benfica Helton Leite, Lucas Veríssimo,
Otamendi, Vertonghen, Diogo
Gonçalves, Pizzi (Éverton, 58’), Weigl
(Waldschmidt , 90’), Taarabt a5
(Gabriel, 58’)’, Grimaldo (Nuno
Tavares, 87’), Rafa e Seferovic (D.
Núñez, 57’). Treinador Jorge Jesus.
Árbitro Bjorn Kuipers (Países Baixos)
VAR Pol van Boekel (Países Baixos)
3 Positivo/Negativo
Aubameyang
O gabonês é um dos
2 melhores avançados do
mundo e voltou a
mostrá-lo, alimentando a
qualificação do Arsenal
com dois golos. Também
Saka esteve bem, com duas
assistências.
Diogo Gonçalves
Um destaque pelo grande
golo que marcou, um livre
de execução perfeita e
indefensável.
Lucas Veríssimo
O central brasileiro acabou
de chegar e é natural que
não esteja bem alinhado
com os colegas da defesa.
Foi batido por Aubameyang
nos dois golos do gabonês.
David Luiz consola Darwin Nuñez após a derrota e eliminação do Benfica às mãos do Arsenal

temporada, a juntar às outras em que meiros 20 minutos, com o Ben ca

Crónica de jogo
Marco Vaza
Podia ter sido um ponto de partida,
uma rampa de lançamento, um tram-
polim, um “reset” emocional, uma
mudança de narrativa para a época.
Mas não foi e a narrativa vai conti-
nuar a ser a mesma, a de uma época
que vai de desastre em desastre. O
Ben ca teve essa oportunidade na
mão e deixou-a fugir, eliminado pelo
Arsenal na Liga Europa após uma
derrota por 3-2 em Atenas no jogo da
segunda mão dos 16 avos-de- nal.
Menos uma prova por que lutar na
os “encarnados” também falharam.
Mais um fracasso a juntar a outros
nesta temporada de grande investi-
mento e grandes expectativas.
Foi um jogo em que o Ben ca
esperou pela sorte e quase foi feliz.
Com o regresso a uma defesa a cinco
e um meio-campo reforçado, Jorge
Jesus queria garantir solidez perante
um Arsenal que até estava em vanta-
gem na eliminatória, depois do
empate (1-1) na primeira mão em
“casa” (Olímpico de Roma a servir
de Luz) dos “encarnados”.
Era um esquema tirado a papel
químico desse primeiro confronto
com os londrinos. E durante os pri-
Reacção
“O que nos faltou? Nos
últimos minutos, ter a
capacidade para impedir o
empate e o 2-3 e sermos
melhores no um-contra-um
nesses lances. A equipa
estava bem posicionada,
mas o Everton e o Nuno
Tavares foram batidos
facilmente (...) Saímos daqui
entrincheirado no seu meio-campo
e o Arsenal a circular à espera de
uma brecha, tal como havia aconte-
frustrados porque isto cido no jogo da primeira mão.
Depois, aos 21’, os gunners conse-
é pancada atrás de pancada guiram um momento de desequilí-
(...) Era uma eliminatória brio e chegaram ao golo. O jovem
sima
importantíssima Bukayo Saka viu a desmarcação
de Aubameyang e o gabonês mos-
para a nossaa trou toda a sua classe na concretiza-
confiança, ção perante Hélton Leite. Primei-
ro remate à baliza do jogo,
mas assim primeiro golo. E cácia total dos
ainda ficámos os pior...” londrinos.
Pouco depois, veio o grande
Jorge Jesus momento do jogo que permitiu
Benfica aos “encarnados” reentrar na
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Liga Europa
16 avos-de-final (segunda mão)
Tottenham-Wolfsberger 4-0
Ajax-Lille
Arsenal-Benfica
Hoffenheim-Molde
Rangers-Antuérpia
2-1
3-2
0-2
5-2
Nápoles-Granada 2-1
Shakhtar Donetsk-Maccabi 1-0
Villarreal-Salzburgo 2-1
AC Milan-Estrela Vermelha 1-1
Bayer Leverkusen-Young Boys 0-2
Club Brugge-Dínamo Kiev 0-1
Dínamo Zagreb-Krasnodar 1-0
Leicester City-Slavia Praga 0-2
Man. United-Real Sociedad 0-0
PSV Eindhoven-Olympiacos 2-1
Roma-Sp. Braga 3-1
luta pela eliminatória. Aos 41’, num
livre directo frontal, em vez do habi-
tual Grimaldo, avançou Diogo Gon-
çalves e o jovem lateral-direito foi
perfeito na execução. Também o
Ben ca era de uma e cácia total.
Primeiro remate à baliza, primeiro
golo e primeiro objectivo cumprido,
o de nivelar a eliminatória.
Na segunda parte, continuou tudo
na mesma. O Arsenal a circular, o
Ben ca a controlar e tudo encaixado.
A estratégia de Jesus estava a resultar
e, aos 61’, teve uma dose extra de
validação: uma bola longa de Hélton
Leite foi mal interceptada por Cebal-
los e Rafa cou entre o espanhol e o
guarda-redes e teve o sangue-frio
para fazer o 1-2.
Após o golo, as imagens televisivas
focaram Jesus e Rui Costa em abraço
de celebração. Podia estar a aconte-
cer mais uma noite europeia épica
para o Ben ca frente ao Arsenal, tal
como acontecera 20 anos antes,
naquela noite em Highbury.
Na frente da eliminatória, o Ben-
ca voltou a remeter-se ao seu meio-
campo e foi suportando como podia
a investida dos homens de Mikel
Arteta, que agora precisavam de
marcar dois para seguir em frente.
Os gunners conseguiram o empate
quase a seguir ao golo de Rafa, com
um bom remate de Tierney aos 67’,
depois de tirar Cebolinha do cami-
nho.
A vantagem ainda foi do Ben ca
durante mais 20 minutos, mas os
“encarnados”, durante este perío-
do, continuaram a car à espera da
sorte do jogo e o que tiveram foi o
azar. Aos 87’, os gunners marcaram
com os mesmos protagonistas do
seu primeiro golo no jogo. Saka fez
o cruzamento e Aubameyang, nas
costas de Veríssimo, cabeceou para
o 3-2, para o seu segundo golo do
jogo. Estava feita a história de uma
eliminatória em que cou a sensa-
ção de que este Arsenal está longe
de ser uma equipa de topo em Ingla-
terra, mas que foi salvo por dois
jogadores de classe mundial (Saka
e Aubameyang). E de um Ben ca
que, seja por que razão for ( Jesus
terá uma opinião, os adeptos terão
outra), não consegue ser competen-
te e merecedor de carinho.
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 41
Portugal já sem representantes na Liga Europa
Sp. Braga fica pelo caminho
em jogo realista e possível
compêndio das tácticas para marcar remate aos ferros, desta feita a devol-
Roma 3 Crónica de jogo três golos, sem se esquecer de fechar ver remate de Pedro Rodríguez.
Dzeko 23’, Carles Pérez 75’,
a baliza que Carvalhal con ou a Tiago O Sp. Braga não conseguia marcar
Borja Mayoral 90+1’
Sá. Com uma viagem à Madeira antes antes do intervalo, o que obrigava a
Augusto Bernardino
do jogo decisivo com o FC Porto, para uma segunda vaga no recomeço, mas
Sp. Braga 1 Roma confirma “oitavos” a Taça de Portugal, tudo numa janela sem a amplitude nem o alcance dese-
Cristante 88’ (p.b.) de seis dias, Carlos Carvalhal assumiu jado, para além de uma queda de
com nova e inquestionável antes de entrar em campo que as pro- Sporar na área da Roma, desta vez
vitória, sem precisar de se babilidades de êxito eram reduzidas, sem pecado da arbitragem, que viu
Estádio Olímpico de Roma
“exibir” perante um optando por reservar alguns jogado- bem a simulação do esloveno.
Roma Pau López, Karsdorp, Mancini, adversário sóbrio e digno res in uentes para o que o espera nas Paulo Fonseca tinha o jogo e a eli-
Cristante, Veretout a56’ (Spinazzola, provas domésticas. minatória controlados e começava a
59’), Diawara, Villar (Pellegrini, 46’), Dzeko a abrir e dois golos de Pérez e Igualmente convencido de que os gerir o duelo com o AC Milan. Já Car-
Bruno Peres, El Shaarawy (Carles
Pérez, 59’), Pedro Rodríguez
Mayoral no último quarto de hora deuses não trairiam a Roma, Paulo valhal, sem dúvidas relativamente à
(Mkhitaryan, 77’), Dzeko (Borja Mayoral, (sem contar com o desvio de Cristan- Fonseca olhou para este jogo de uma matemática da Europa, aproveitou o
67’). Treinador Paulo Fonseca te, para a própria baliza) ditaram a perspectiva diferente, aproveitando clima para tentar evitar nova derrota
sorte do Sp. Braga na Europa, de que para salvaguardar Mkhitaryan e Spi- e assim moralizar as “legiões” para o
Sp. Braga Tiago Sá, Zé Carlos,
se despede mais uma vez às portas nazzola (dois dos melhores da primei- que se segue. Com Ricardo Horta,
Tormena, Rolando, Sequeira
(Borja, 70’), André Horta, João dos oitavos-de- nal. Uma fase que ra mão), ao mesmo tempo que dava Fransérgio e Abel Ruiz em campo, os
Novais, Lucas Piazón (Fransérgio, 60’), não disputa desde 2015- 16, no consu- minutos a El Shaarawy. E o interna- minhotos ganharam metros e amea-
Gaitán (Ricardo Horta, 60’), lado de Paulo Fonseca, agora “carras- cional italiano de origem egípcia cor- çaram empatar, mas tiveram ainda a
Galeno (Hernâni Infande, 77’), co” dos minhotos, em Roma (3-1). respondeu em pleno, atirando à bar- prova da dimensão da Roma num
Sporar (Abel Ruiz, 60’).
Treinador Carlos Carvalhal Com a eliminatória altamente com- ra da baliza minhota no lance que penálti prontamente assinalado numa
prometida face à vitória inequívoca Dzeko transformou em vantagem penetração de Carles Pérez, a forçar
Árbitro Andreas Ekberg (Suécia) da Roma no encontro da primeira para os an triões (23’). a passagem sem falta de João Novais.
VAR Stuart Attwell (Inglaterra) mão, a narrativa do Sp. Braga, apoia- Curiosamente, o Sp. Braga desper- Pellegrini falhou, mas a Roma não se
da num discurso de antes quebrar do tou com o golo e, em apenas cinco atrapalhou, elevando mesmo a van-
que torcer, a prometer luta até ao últi- minutos, surgiu quatro vezes com tagem instantes depois, com um bom
Positivo/Negativo mo segundo, chocou de forma brutal perigo na área da Roma, com Lucas golo de Pérez, a passe de Pellegrini. A
com a desumanidade do bósnio Edin Piazón em destaque e Sporar a testar noite estava de nitivamente fechada,
El Shaarawy Dzeko, que a meio da primeira parte a atenção de Pau López. com Carlos Carvalhal a dar uma opor-
Surgiu no lugar de colocou a fasquia num plano estratos- Mas a ansiedade e alguma precipi- tunidade ao estreante Hernâni Infan-
Mkhitaryan e, mesmo sem férico para a equipa portuguesa. tação na de nição dos lances que de, avançado da equipa B chamado a
o ritmo ideal, mostrou a Subitamente, o Sp. Braga precisava lembraram aos italianos que ainda um palco internacional. Faltava ape-
qualidade que Paulo de anular três golos em pouco mais faltava muito para o apito nal acaba- nas o golo de honra do Sp. Braga, uma
Fonseca espera poder de uma hora, o que obrigava uma ram por trair as intenções dos braca- gentileza de Cristante, e o da ordem
extrair do italo-egípcio para equipa com inúmeras limitações e renses, sujeitos a nova investida de El de Mayoral, no adeus europeu dos
a fase decisiva do alterações no “onze” inicial a abrir o Shaarawy... que acabou com mais um minhotos.
campeonato. ALBERTO LINGRIA/REUTERS
Dzeko
Letal, o bósnio voltou a
fazer o que melhor sabe e a
reduzir a pó as esperanças
bracarenses.
Carles Pérez
Surgiu em campo para
despertar a equipa e dar
outra dimensão à vitória da
Roma.
Lucas Piazón
Esteve perto de ser feliz,
mas faltou-lhe alguma
serenidade na hora da
verdade.
Pellegrini
Displicente na marcação da
grande penalidade que
daria o segundo golo à
Roma, sinal de algum
relaxamento que
compensou parcialmente
com a assistência para
Pérez no 2-0.
Zé Carlos tenta roubar a bola a El Shaarawy, um dos melhores da Roma no jogo de ontem
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42 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021
Desporto
Pepa e a história de como extrair
um treinador de futebol de um drama
Diogo Cardoso Oliveira
Promessa emergente
no futebol português,
não singrou como jogador.
Hoje, é o treinador da moda
no futebol nacional
Pedro Filipe — Pepa, no futebol — é
um dos treinadores da moda. Colo-
cando o Paços de Ferreira na luta
pelos lugares europeus, está a levar
um “Fiat Punto” a correr com os
“Ferraris” — como o próprio já che-
gou a metaforizar. E isto, per se, já é
uma história.
Mas há mais à volta de Pepa.
Outrora um talento emergente no
futebol português, teve uma carreira
modesta. As lesões não ajudaram —
“destruiu” os joelhos e teve mesmo
um tumor no pé —, mas a quota de
culpa própria também é elevada.
Terminou o percurso de futebolista
com a conta bancária a zeros e crê
que essa é uma história útil para con-
tar aos mais jovens.
A viagem do PÚBLICO pelo mundo
de Pepa permite dizer que este trei-
nador é lutador e emocional. Como
jogador, teve dois grandes dias na
carreira. Como treinador, já teve
mais do que isso.
É um contador de anedotas pro-
fissional, não consegue dormir
depois dos jogos e tem pouca paciên-
cia para imponderáveis. Aos 40
anos, já é avô.
Os amigos dizem que é malandro
e, em bom português, um autêntico
“maluco” — no sentido festivo do
termo. “Onde havia palhaçada, ele
estava sempre presente”, contam,
sobre um homem que, em miúdo,
tinha toda a lata necessária para se
meter com as raparigas.
Hoje, nos “duelos” com a impren-
sa, Pepa não se escuda em subterfú-
gios comunicacionais nem lugares
comuns para se proteger a si e ao
clube, com tudo o que isso traz de
bom e de mau. Detalha tácticas,
explica opções e assume erros, mas
também se excede quando se deixa
levar pela indignação.
Mostra humildade, mas não tem
medo das palavras: respeitando o
“Fiat Punto” que conduz em Paços
de Ferreira, já disse publicamente
que saberá bem o que fazer quando
lhe derem um dos tais “Ferraris”
para treinar.
Este é Pedro Filipe, o homem, e
Pepa, o treinador, uma personagem
a ganhar status no futebol portu-
guês.
Pepa começou a sua carreira de
técnico na I Liga no Moreirense,
passando depois pelo Tondela
até chegar ao Paços de Ferreira
Esse foi o grande dia
de Pepa. Esse e o dia
da final do Euro sub-18,
em Julho do mesmo ano.
Dois grandes dias.
Os outros foram
apenas dias
MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA
Como jogador, Pepa teve uma car-
reira fugaz. Apareceu aos 18 anos e
foi embora aos 25. Foram sete anos
de lesões e, a espaços, falta de pro-
fissionalismo a cuidar do corpo e da
mente. Mas nem sempre foi assim.
Em 1999, com 18 anos, foi chama-
do por Graeme Souness num jogo
frente ao Rio Ave, no Estádio da Luz.
O então menino da formação entrou
aos 90’, para o lugar de Nuno Gomes
e foi também aos 90’ que marcou
um golo. O 3-1, na altura.
Esse foi o grande dia de Pepa. Esse
e o dia da final do Euro sub-18, em
Julho do mesmo ano. Dois grandes
dias. Os outros foram apenas dias.
Nessa fase, Pepa trocava as aulas
MÁRIO CRUZ/LUSA
por passeios de metro por Lisboa e
gastava tudo dos mil contos que já
ganhava nos juniores. E foi entre
desvarios na escola, várias lesões e
apostas falhadas, já sénior, que o
craque emergente passou a eterna
promessa. A dada altura, já nem
isso.
Benfica, Lièrse, Varzim, Paços de
Ferreira e Olhanense viram pouco
do que poderia ter sido Pepa, que
terminou a carreira, aos 25 anos,
sem dinheiro no banco.
Chegou a terminar o 12.º ano e a
entrar na faculdade, mas não conse-
guia pagar o valor das propinas. Com
filhas para sustentar, a prioridade foi
óbvia.
Mas a penúria financeira, proble-
mática no momento, ajudou-o no
futuro. Moldou-lhe parte da perso-
nalidade e deu-lhe uma lição. Escal-
dado pelos “amigos” que em tempos
o ajudaram a sugar todo o dinheiro,
Pepa diz-se, hoje, um homem res-
ponsável, defensivo e desconfiado
nas relações pessoais.
Irritado com falta de luz
Se a carreira de Pepa como futebo-
lista foi rápida — quer na subida
meteórica, quer na duração —, a de
treinador foi passo a passo. Deram-
lhe uma equipa de futebol de 7, pri-
meiro, antes de passar para os juve-
nis do Sacavenense e de mudar para
os iniciados do Odivelas. Aí voltou a
subir — na categoria e na geogra a.
Foi para Aveiro, para os juniores do
Taboeira, onde foi vice-campeão da
2.ª distrital.
Depois de uma aventura como
adjunto no Tondela e na formação
do Benfica, Pepa teve nas mãos a
primeira equipa sénior, em 2013.
De volta ao Norte do país, subiu a
Sanjoanense ao Campeonato de Por-
tugal. Aí, conta quem lá esteve, esse
Pepa já era um pouco do Pepa que o
país conheceria anos mais tarde.
Ricardo Catarino e Alexandre Par-
dal, jogadores dessa Sanjoanense,
afiançam ao PÚBLICO que, nessa
altura, no distrital e no Campeonato
de Portugal, Pepa “já tinha planea-
mentos de treino muito à frente” e
“uma metodologia inovadora”.
Mas Pepa sabia onde estava e
adaptava-se a isso. Quase sempre…
“O grande defeito dele era a falta de
paciência para pequenas coisas que
aconteciam e acontecem nestes clu-
bes, como a luz ir abaixo duas ou três
vezes num treino”, contam, sobre
um contador de anedotas que já nes-
sa altura não conseguia dormir
depois dos jogos — característica que
mantém ainda hoje.
Ajudou a subir o Feirense
Depois da Sanjoanense, Pepa rece-
beu o Feirense, da II Liga. Aí, tudo
mudou. O Pepa futebolista, algo des-
viante e desfocado, era, por essa
altura, um Pepa a treinar nos cam-
peonatos pro ssionais e encaminhou
o clube à subida de divisão.
Entrou, depois, no Moreirense e
já ninguém o tirou da I Liga. Morei-
rense, Tondela e Paços de Ferreira
foram encabeçados por um treina-
dor que tem sido uma lufada de ar
fresco na comunicação.
Pepa já foi “apanhado” pelos
microfones a detalhar sistemas tác-
ticos e a analisá-los publicamente de
fio a pavio. Já criticou elites e elogiou
jogadores alheios. Já “cascou” nos
árbitros sem pudor, exagerando
quando se deixa levar pela indigna-
ção. Mas também já assumiu erros
— seus e dos seus.
Pepa foi, ainda jovem, um bom
malandro — com lata e coragem para
tudo, mas sem maldade. Falhou
como jogador e é, agora como trei-
nador, um técnico que não abdica de
jogar olhos nos olhos com os “Ferra-
ris”, mesmo tendo um “Fiat Punto”.
Mas não leva essa ideia até à morte.
Se tiver de improvisar e defender-se,
fá-lo. Como fez no dia em que, depois
de “encher o peito” na escola, para
defender um amigo, acabou a fugir
de 30 inimigos do bairro vizinho.
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Portugal com segunda maior
delegação de sempre nos Europeus
Dois dos atletas
portugueses são,
actualmente, os melhores
europeus nas respectivas
especialidades
Portugal vai competir nos próximos
Campeonatos Europeus de atletis-
mo em pista coberta com a segunda
maior delegação de sempre, com 16
atletas, de acordo com a convocató-
ria divulgada ontem.
A delegação para Torun, Polónia,
palco destes Europeus, marcados
para o período entre 5 e 7 de Março,
fechou com a con rmação de míni-
mos por parte da triplista Patrícia
Mamona, segunda no meeting de
Madrid, na quarta-feira.
A maior participação de atletas
portugueses aconteceu em 2002,
em Viena, com 18 atletas, seguida
por quatro edições com 13 atletas.
Em relação aos 16 nomes agora
con rmados, o destaque vai para
Auriol Dongmo, no lançamento do
peso, e Pedro Pichardo, no triplo
salto, que são líderes europeus das
suas especialidades.
Desporto, um sobrevivente num infeliz país
Opinião
José Manuel Meirim
1. Termina na segunda-feira o
processo de discussão e
auscultação pública do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR).
Como detesto esta última palavra,
que, pelos vistos, na sua
explicação de dicionário signi ca
“saltar para trás”, mas no gurado
vem dar naquilo que todos gostam
de usar, por estar na moda:
capacidade de superar, de
recuperar de adversidades. Não
há nenhum texto erudito,
cientí co ou político que não
tenha pozinhos de resiliência.
Caso contrário, não serve.
2. Sumariamente, o que se
encontra em causa, nas palavras da
auscultação: o PRR é de aplicação
nacional, com um período de
execução até 2026, com recursos
Pichardo é uma das
principais esperanças de
medalhas para Portugal
Lista dos 16 atletas seleccionados
Masculinos
Carlos Nascimento (Sporting) 60 metros
Mauro Pereira (Sobral de Ceira) 400 metros
Ricardo dos Santos (Benfica) 400 metros
Isaac Nader (Benfica) 1500 metros
José Carlos Pinto (Benfica) 1500 metros
Nuno Pereira (Sporting) 1500 metros
Samuel Barata (Benfica) 3000 metros
Francisco Belo (Benfica) lançamento do peso
que ascendem a cerca de 14 mil
milhões de euros de subvenções,
um conjunto de reformas e de
investimentos que permitirá ao
país retomar o crescimento
económico sustentado,
reforçando assim o objectivo de
convergência com a Europa ao
longo da próxima década.
3. Fiz o que todos actualmente
fazem quando procuram: abre-se o
documento, coloca-se na pesquisa
o termo ou termos que nos
interessam e ele responde.
A nal, o PRR não se esqueceu do
desporto, como muitos apregoam.
Com efeito, a busca ofereceu um
resultado: “dinamizar a inclusão
através do desporto, cultura e
lazer”, no âmbito da Estratégia
Nacional para a Inclusão das
Pessoas com De ciência 2021-2025.
Muito bem, mas mesmo aqui com
um senão, ou seja, a presença da
visão política de sempre quanto à
prática desportiva de alto
rendimento levada a cabo por
esses cidadãos. O desporto é acima
HANNAH MCKAY/REUTERS
Pedro Pichardo (Benfica) triplo salto
Femininos
Lorene Bazolo (Sporting) 60 metros
Rosalina Santos (Sporting) 60 metros
Cátia Azevedo (Sporting) 400 metros
Marta Pen Freitas (Benfica) 1500 metros
Mariana Machado (Sp. Braga) 3000 metros
Auriol Dongmo (Sporting) lançamento do peso
Patrícia Mamona (Sporting) triplo salto
de tudo, neste sector desportivo,
para a visão política portuguesa de
décadas, apenas um factor de
reabilitação e inclusão e nunca,
frontalmente, também de alto
rendimento.
4. Que injustos foram, pois,
todos aqueles — muitos — que
criticaram a ausência de qualquer
apoio especí co para o desporto
neste PRR, como se o Governo não
tivesse lido e relido, tantas e tantas
recomendações, declarações e
estudos, bem recentes, provindos
da ONU, UNESCO, Conselho da
Europa, OMS e União Europeia (de
onde, aliás vêm os fundos), tudo
organizações internacionais de
que Portugal não é parte integrante
e, portanto, nada assina e a nada
está vinculado. Foi de um
altruísmo gigantesco esta procura
de saber do Governo.
5. Por outro lado, num dos
sentidos — hoje deu-me para aqui —
auscultação é também a acção
médica que consiste em aplicar o
ouvido ou o estetoscópio para
Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021 • 43
Patrícia Mamona é a terceira
melhor no triplo feminino e Fran-
cisco Belo é o 10.º do ano no lança-
mento do peso.
Duas das três grandes apostas
lusas para medalhas estreiam-se em
Europeus indoor, após se terem
naturalizado: Pedro Pichardo nas-
ceu em Cuba e Auriol Dongmo nos
Camarões. De resto, a grande maio-
ria são estreantes (11 em 16 atletas).
Com experiência em Europeus
anteriores estão Patrícia Mamona
(triplo), Francisco Belo (peso), Car-
los Nascimento e Lorene Bazolo
(60m) e Cátia Azevedo (400m)
De fora da lista de nomes que vai
estar em Torun caram Evelise Vei-
ga, que não conseguiu con rmar
mínimos no meeting de Belgrado,
na quarta-feira, e os velocistas
Ancuiam Lopes e Delvis Santos.
Dos 16 atletas da selecção que vão
ao Europeu de pista coberta, sete
são do sector feminino e nove do
masculino. Sporting e Ben ca cam
com a maior “fatia” dos selecciona-
dos, só escapando à “onda” dos dois
clubes lisboetas Mariana Machado,
do Sporting de Braga, e Mauro Perei-
ra, do Sobral de Ceira. Lusa
inspeccionar o funcionamento dos
órgãos pelos ruídos que
produzem.
E foi precisamente isso que o
Governo fez: auscultou e chegou
facilmente à conclusão de que o
desporto português transpira
saúde por todos os poros.
É a formação a funcionar em
pleno, as competições a
realizarem-se na totalidade, os
(pequenos) clubes a esbanjar
dinheiro, milhares de crianças e
jovens a praticar desporto. Para
quê, então, medidas de apoio
especí cas para o desporto?
Injustiça, vontade absurda de
criticar, só isso justi ca o que
muitos andam para aí a a rmar.
6. O lema da operação PRR é
Recuperar Portugal, Construindo o
Futuro.
Como se constrói o futuro de
uma sociedade sem o desporto?
O texto não oferece resposta a
esta questão.
Professor de Direito do Desporto
Desporto
Breves
Ciclismo
João Almeida termina
em quinto etapa
da Volta aos Emirados
João Almeida
(Deceuninck-QuickStep) foi
ontem quinto classificado na
quinta etapa da Volta aos
Emirados Árabes Unidos,
ganha pelo dinamarquês
Jonas Vingegaard
(Jumbo-Visma), com o
esloveno Tadej Pogacar (UAE
Emirates) a conservar a
liderança. Vingegaard
completou os 170km entre
Fujairah e Jebel Jais em
4h19m08s, três segundos a
menos na chegada em alto do
que Pogacar, segundo
classificado, e o britânico
Adam Yates (INEOS), terceiro.
O esloveno praticamente
garantiu a vitória na prova,
tendo apenas de se preservar
nas últimas duas etapas
planas. O português Ruben
Guerreiro (Education
First-Nippo) foi 34.º, a 1m22s
do vencedor.
Andebol
FC Porto não jogará
fase de grupos da
Liga dos Campeões
O FC Porto ainda não o
confirmou oficialmente mas o
Meshkov Brest, um dos clubes
que os “dragões” iriam
defrontar na fase de grupos da
Liga dos Campeões, revelou
ontem que o FC Porto não vai
disputar mais nenhum jogo
dessa fase. Uma decisão
justificada pela paragem
cardiorrespiratória sofrida
pelo guarda-redes Quintana,
na segunda-feira. Os portistas
já têm a passagem à próxima
fase assegurada porque,
devido à pandemia, a
Federação Europeia de
Andebol decidiu que as 16
equipas em competição na
fase de grupos avançam para
os “oitavos”.
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44 • Público • Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 2021

O seu jornal
não acaba aqui. QUANTA VERDADE HÁ
Continue para
publico.pt POR TRÁS DA SUA OPINIÃO?

O paradoxo do Observador
verdade é que muitos deles
Consoante escolheram que documentos deixar
muda porque tinham noção de estar a ser
observados… pela história. Outro
exemplo: as pessoas que têm
opiniões nos inquéritos de opinião e
que não teriam opinião se não lhes
tivessem perguntado pelas suas
opiniões para o inquérito. E por aí
Rui Tavares
mesmo para con rmar o facto
observado, o que era suposto. Ver
para crer, como S. Tomé. Só que —
novo nível do paradoxo — no caso
em concreto a gente vê e não
acredita.
A história conta-se assim. Ontem
começou a circular um plano de
descon namento já para março,
declarando que estávamos perante
uma falsi cação, e prometendo
enviar o caso para o Ministério
Público. Em simultâneo, gente nas
redes descobre com facilidade
quem é o autor do documento e
identi ca que ele é um cronista
irregular do Observador. Passado
pouco tempo, o Observador traz um
Num dia em que não haja nada a
acontecer, sei lá, inventar uma
notícia e depois fazer uma notícia a
dizer que ela é falsa. Um pouco
como o jornalista brasileiro Wallace
Souza, que cometia crimes para
noticiar no seu programa sobre
crimes, só que sem morrer
ninguém. Mas antes que a crónica

E
m física, mas também
nas ciências sociais, é
bem conhecido o efeito
que a observação produz
sobre a coisa observada.
Se, por exemplo, for
preciso inserir uma sonda para
observar um fenómeno atómico, a
própria sonda provoca alterações
naquilo que se quer observar.
Ficamos assim com uma medição do
objeto que é necessariamente
diferente daquela que nós teríamos
se não o tivéssemos tentado medir —
paradoxo que o físico alemão
Werner Heisenberg tomou como
inspiração para o seu célebre
“princípio da incerteza”. Na
sociologia e na antropologia também
há fenómenos semelhantes, uma vez
que um sujeito comporta-se
tipicamente de maneira diferente
quando sabe que está a ser
observado. Mesmo na história, em
que em princípio este princípio não
se aplicaria porque os nossos
adiante. As variantes são inúmeras.
Mas estamos em 2021, em
Portugal, e não poderíamos passar
sem um paradoxo mais paradoxal.
Por exemplo: se ler em voz alta o
título desta crónica, a pessoa que o
estiver a ouvir não vai perceber a
diferença entre o clássico paradoxo
do observador e o nosso novíssimo
— nasceu ontem mesmo! —
paradoxo do Observador. A
maiúscula do O e o itálico a indicar
que se trata de um título de uma
publicação não se leem, de forma
que este é um paradoxo do
observador ao contrário, que só se
consegue distinguir do paradoxo do
observador original observando-o.
Poderia então o leitor retorquir
que, nesse caso, não se trata de
paradoxo nenhum. Uma vez que o
paradoxo do observador original é
que observar altera a coisa
observada e nos impede de saber
como seria a coisa observada se não
estivesse a ser observada, ao passo
que no nosso paradoxo do
num documento em tudo idêntico
aos do Governo, com gra smo e
tabelas indistinguíveis das que usa o
Governo, ou seja, num documento
que só poderia ser ou o cial ou a
imitar um documento o cial.
Durante o dia, o Governo desmentiu
o documento em termos fortes,
São novas as
fronteiras que se
abrem ao jornalis-
mo. Num dia em
que não haja nada
a acontecer, sei lá,
inventar uma
notícia e depois
fazer uma notícia a
título a toda a página: “Fact check.
PDF que circula com
descon namento a partir de março
é verdadeiro?” A análise minuciosa
permite, de caminho, con rmar
mais outra lei, desta feita a Lei de
Betteridge dos Títulos de Jornais,
que diz sucintamente: “A resposta a
qualquer título de jornal enunciado
por uma pergunta é ‘não’.” Vejam
só como funciona: “PDF que circula
com descon namento a partir de
março é verdadeiro?” — Não. Não é
verdadeiro. Só que a explicação
para a Lei de Betteridge costuma ser
que se o jornalista pudesse escrever
o título na a rmativa o faria
certamente. No caso, o jornalista do
Observador poderia certamente ter
escrito uma notícia com o título
“PDF que circula com
descon namento a partir de março
é falso” — e ponto nal. Saber se
pode mas não quer, ou quer mas
não pode, é talvez matéria para um
novo paradoxo.
São, porém, novas as fronteiras
feche, novo paradoxo! O autor do
documento falsi cado faz
declarações à imprensa nas quais
diz: “A minha atividade pro ssional
não me permite ter muito tempo
para contribuir para a cidadania
mas, quando posso, faço isto como
bom cidadão e vontade de ajudar.”
E termina apelando: “Vamos lá
levar o país para a frente e colocar a
economia a crescer. Não percamos
mais tempo com ‘fake news’.”
Baralhado? Confesso que eu
também. Se não estivéssemos em
2021 no Portugal paradoxal, eu diria
que a melhor maneira de não
perdermos tempo com fake news
seria que as pessoas com pouco
tempo a perder, devido à sua
atividade pro ssional, não
perdessem tempo a fazer fake news
que depois nos farão perder tempo
com elas. Mas agora já não sei se
nada sei. A não ser isto: tantos
paradoxos para compreender e um
m de semana tão curtinho.

sujeitos tendem a já estar mortos, a Observador a observação serve dizer que ela é falsa que assim se abrem ao jornalismo. Historiador

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