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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.

” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

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“O CAPITALISMO AMEAÇA A NOSSA


REPRODUÇÃO, ENVENENANDO O SOLO, AS
ÁGUAS.” ENTREVISTA COM SILVIA FEDERICI
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SSB
26/08/2022
POPULARES

Existiria um renascimento da 'caça às bruxas'? A ideologia


do ‘feminismo natural’ sedimenta a exploração do O profeta Amós
e a justiça social,
por…
trabalho feminino? Há vias de transformações possíveis 29/09/2020

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

Bispos
em meio às formas capitalistas de produção e brasileiros
convocam a
reprodução? votar "não há
neutralidade"…
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desafio
econômico e
social que o…
11/07/2020

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24/10/2022

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Silvia Federici | Foto: Bob Sousa/ Revista CULT

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Alicerçada nestes questionamentos, esta entrevista com a

intelectual feminista Silvia Federici, autora de Calibã e a


bruxa: mulheres, corpo e acumulação Ao Vivo
primitiva (Editora Elefante, 2019), aborda os limites do
Colunista
capitalismo e o resultante esgotamento dos seres humanos,
mas também aponta para o que acredita serem formas de Defesa de Direitos
“reprodução em comum”, caminhos mais cooperativos
Democracia
experimentados por mulheres na organização das

atividades reprodutivas.
Dívidas Sociais

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

Federici estará no Brasil para participar do XIX Encontro Economia

da Associação Nacional de Pós-graduação em


Entrevista
Filosofia (Anpof), que acontece entre os dias 10 e 14 de
outubro, na cidade de Goiânia. Fome

A entrevista é de Susana de Castro, publicada por Le Geral

Monde Diplomatique Brasil, 24-08-2022 e republicada no


Igreja
IHU

Moradia

Mulheres
Eis a entrevista.
Mutirão SSB
Em "Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação
Primitiva", você correlaciona o processo de Noticia
confinamento da terra com a caça às bruxas na Europa.
Rerritório
Você acredita que a prática do assassinato sistemático
de mulheres, como ocorre atualmente em Ciudad
Soberania
Juarez, no México, ou o aumento dos feminicídios no
Brasil, seria um renascimento da ‘caça às bruxas’, uma Terra

forma de intimidação, para que as mulheres não


Território
ameacem os lucros das empresas capitalistas,
exploradores de mão-de-obra feminina mal Teto

remunerada?

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

Sim e não. Sim, no sentido de que ambas são campanhas Trabalho

de terror contra as mulheres, com inevitáveis

consequências disciplinares. Mas a caça às bruxas foi o


resultado de decisões institucionais, organizadas desde
cima, pelo Estado e pela Igreja, e encorajaram a população
a denunciar mulheres suspeitas de serem bruxas, e foram
promovidas com base numa ideologia que desvalorizava

abertamente as mulheres. Assim, as suas consequências


foram mais destrutivas.

Em "O Patriarcado do salário: notas sobre Marx, gênero,


e feminismo" você mostra que Marx não percebia o
trabalho reprodutivo como trabalho; o capitalista lucra

tanto com a exploração do trabalho assalariado quanto


com a exploração indireta do trabalho não assalariado
da esposa que cuida do lar. Você concorda que uma das
bases da naturalização da exploração do trabalho
feminino no ambiente doméstico é a ideologia do
‘feminino natural’?

Sim, é um mito que as mulheres são essencialmente

cuidadoras. No entanto, o fato de que durante gerações as

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

mulheres fizeram este trabalho – educaram crianças,


cuidaram dos idosos etc. – nos dá uma compreensão mais
profunda das necessidades das pessoas, e o que é

necessário para a reprodução diária da vida quotidiana.

No "O Patriarcado do salário: notas sobre Marx, gênero,


e feminismo" você também fala da relação entre
ecologia e capitalismo e como as formas capitalistas de
produção representam uma ameaça à sobrevivência do

planeta. Seria correto dizer que só o fim da acumulação


de capital e das guerras pelos recursos naturais
poderiam trazer alguma esperança de sobrevivência
para o planeta?

Sim, o capitalismo (como Marx assinalou) esgota a terra à


medida em que esgota os seres humanos.
O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o
solo, as águas e o ar que respiramos. A destruição do
ambiente é também a destruição das nossas vidas.

Soube recentemente que as abelhas que estão em vias de


extinção são as que estão sendo empregadas pelos

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

produtores industriais de mel que as estão

“sobrecarregando”, enviando-as para todo o país (nos EUA),


onde quer que surjam novas colheitas de flores.

No mesmo sentido, o capitalismo explora os seres


humanos sem se preocupar com a sua reprodução (foi
necessária uma luta pesada para estabelecer a ideia de que
que os trabalhadores têm direitos), o capitalismo, portanto,
explora o ambiente natural e os seres humanos que dele
dependem.

As feministas decoloniais indígenas da América Latina


defendem os valores comunitários como caminho para
uma boa vida e como caminho para uma relação de
igualdade entre os gêneros. Em seu último livro
"Reencantando o Mundo, feminismo e a política dos

comuns" você fala de experiências comunitárias em


todo o mundo. Você acha que essas experiências
comunitárias são capazes de parar a aliança neoliberal
entre o Capital e a extrema-direita em todo o mundo?

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

Em meu trabalho, não falo genericamente de ‘experiências


comunitárias’. Falo de ‘reprodução em comum’. Falo das
muitas formas pelas quais as mulheres já organizam as
atividades que reproduzem as nossas vidas de uma forma
mais cooperativa e comunitária.

Vejo este tipo de luta como essencial tanto para criar novas
relações sociais, produzindo, já no presente, o mundo pelo
qual lutamos, quanto para superar a forma como temos

estado isoladas umas das outras nas nossas atividades


reprodutivas – com a família nuclear, com o mito da
privacidade – enfraquece a nossa capacidade de resistência.

Nunca sugeri que a mudança social/política que deve


ocorrer para criar uma sociedade não exploradora pudesse
ser obtida apenas por um tipo de luta. Precisamos de
diferentes movimentos e diferentes tipos de luta. Mas
a construção de novos comuns (reprodutivos) continua a
ser um elemento indispensável na criação de um mundo

justo/igualitário.

Entrevista

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16/05/2023 “O capitalismo ameaça a nossa reprodução, envenenando o solo, as águas.” Entrevista com Silvia Federici – Semana Social Brasileira

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