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PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA

ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DA BAHIA

ANO VI FEVEREIRO 2021 NÚMERO 49

Editorial — Palavra do Presidente


Fui tomado por um senti- to do Universo.
mento de tristeza, talvez
È com imenso pesar que
pela demora da vacina
rogo pelo consolo dos fa-
salvadora, contra o pan-
miliares e amigos dos Ir-
dêmico Corona Vírus
mãos falecidos. Esten-
MEDITAÇÃO NA (COVID-19), ou, certa-
dam-se condolências ao
MADRUGADA mente, pelo impacto das
nosso Irmão e Confrade
perdas mais recentes,
José Expedito Costa Per-
Quase amanhecia, do dia que causou a passagem
rone, viúvo, filhos e netos
30.01.2021 e contemplan- de Nilton José de Souza
da estimadíssima cunha-
do, da varanda, a majes- Ferreira, em 10.01.2021,
da Clarice, que, sem
tosa lua cheia, que des- estimadíssimo Confrade e
sombra de dúvida, cum-
cia, languidamente, a ca- fundador da Academia
prindo desígnio divino,
minho do horizonte oci- Maçônica de Letras da
prematuramente nos dei-
dental, refletindo ainda Bahia – AMALBA, da cu-
xou.
sua luz prateada sobre a nhada Clarice de Lourdes
Cidade do Salvador, ouvi, Pontes Perrone, em Cândido A. Vaccarezza
Cadeira nº 26
ao longe, tímida orques- 25.01.2021 e do valoroso
tração dos pássaros, no Irmão René Barbosa PAG NESTA
seu canto pré-matinal, Conceição, da Augusta e EDIÇÃO
acompanhado por árias Respeitável Loja Maçôni-
intermitentes de um galo ca Marquês de Abrantes, 2 Palavra do Editor
distante, e, vinda de um nº 143, do Oriente de 3 Curiosidades...
apartamento vizinho, qua- Lauro de Freitas, da
4 Criança com vida
se em surdina, a vibrante Grande Loja Maçônica do
voz de Maria Betânia, Estado da Bahia – GLEB, 5 Poesias
cantando, de modo quase em 29.01.2021, todos Caymmi da Bahia
6
declamado, o poema de transferidos para a Man-
Gonzaguinha, Explode são Celestial, os quais 7 Espiritualidade

Coração passaram a conviver na 8 Um maçom no


Glória do Grande Arquite- inferno
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Se a mudança, por sua vez, trouxer uma nova


compreensão sobre os problemas sociais, mos-
trando a fragilidade dos sistemas humanos de
defesa civil contra calamidades e a falta de pre-
paro dos governos para combatê-las, caso isso
aconteça, o saldo, apesar da morbidade dessa
calamitosa doença que já ceifou uma enorme
quantidade de vidas mundo afora, poderá trazer
uma nova ótica para tentar se reconstruir um
mundo melhor.
A maçonaria também se ressente desse qua-
dro cruel! Afastados do convívio pessoal, mesmo
com as potências promovendo reuniões virtuais,
elas não atendem completamente o anseio dos
irmãos que, devido à di culdade de acesso pre-
Com certeza o mundo jamais será o mesmo! A judicam a frequência desses eventos. O que
pandemia do corona vírus mudou de nitivamente preocupa é que com o afastamento por um tem-
a maneira das pessoas interagirem e o convívio po bastante longo, a motivação esfrie podendo
não mais será como antes. comprometer o retorno às atividades.
*** *** ***
Nesse mês de fevereiro a revista ACADEMUS
sofreu um atraso na sua edição de número 49
por motivo de problemas particulares do editor.
Durante 49 meses (mais de 4 anos) a revista
vem sendo editada num grande esforço dos ir-
mãos que se dedicam, mesmo sob condições
PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA adversas, a dar continuidade a essa publicação
diretoria que objetiva divulgar as letras e a cultura, bem
Cândido Augusto Vaccarezza como levar o nome da AMALBA aos rincões
Presidente mais distantes desse nosso imenso país.
Antônio Tadeu Bahia Menezes *** *** ***
Secretário Geral
Apesar de todas as precauções, o COVID tem
José Alconso da Silva Filho promovido estragos na vida de todos nós. A
Diretor de Relações Públicas
AMALBA também foi atingida: nosso fundador
Fernando Gimeno Nilton José, nossa cunhada Clarisse, esposa do
Diretor de Imprensa e Comunicação confrade Perrone, Rene Barbosa da Loja Mar-
Israel Medrado quês de Abrantes, e outros pertencentes à famí-
Diretor de Finanças lia glebiana, como nossa cunhada Beatriz, espo-
sa do irmão José Nunes, o irmão Alemarques
ACADEMUS é uma publicação mensal da Jânio, da Loja Acácia do Recôncavo e tantos ir-
AMALBA mãos e amigos, cujo registro do óbito recebo
Academia Maçônica de Letras da Bahia diariamente através dos meios de comunicação.
Telefones Às famílias enlutadas o nosso preito de solidarie-
(71)99118-3133 dade nesse momento doloroso de suas vidas.
GOEB (71)3243-9162 *** *** ***
(71)99168-2485 Nosso confrade Domingos Barreto de Araujo
E-mail esta lançando um livro sobre os Beatles que
traz, inclusive, ilustrações de seus netos e netas
gimeno1947@gmail.com e com inserções no YouTube de músicas da
fergicavalca@hotmail.com maior banda de rock de todos os tempos. Se-
gundo Domingos é importante “mergulhar nesse
Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores. mundo mágico através do submarino amarelo e
descobrir a musicalidade beatlemaníaca”.
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Curiosidades Maçônicas... negócio era mais sério. O rei era muito afeiçoado a este
conde, que foi no Rio de Janeiro o seu primeiro valido e
A questão Religiosa morava no paço. Nem os protestos de arrependimento,
Por Machado de Assis nem a oferta de sua prata, que a não tinha, porque se
servia da que era da casa real, podiam inspirar inteira
10 janeiro de 1884 confiança a respeito de quem, em razão do seu ofício e
Hão de ter paciência; mas, se cuidam que a bala hoje é das relações de amizade, devia continuar no serviço e
de quem a assina, enganam-se. A bala é de um finado, e no valimento de Sua Majestade. Em tão apuradas cir-
um velho finado, que é pior; é de Drummond, o diplo- cunstâncias, o rei saiu pela tangente de um expediente
mata. Se o leitor pode desviar os olhos das graves preo- assaz curioso. Disse ao conde, que, para lhe não ficar
cupações de momento para algumas coisas do passado, nada do passado, de que se arrependia, era necessário
venha ler dois ou três pedaços da memória inédita que a que tomasse o hábito de irmão da Ordem Terceira de S.
Gazeta Literária está publicando. A memória, realmen- Francisco da Penitência. Foi um dia de festa no paço
te, trata de coisas antediluvianas, coisas de 1822, mas, aquele em que o conde prestou juramento e foi recebido
em suma, 1822 existiu como este ano de 1884 há de um irmão da Ordem Terceira. O contentamento do rei não
dia ter existido; e se qualquer de nós fala de sua avó, podia ser maior. O Conde de Parati, para fazer a vonta-
que os outros não conheceram, falemos um pouco de de à Sua Majestade, andou no paço todo aquele dia com
Drummond, José Bonifácio, D. João VI e D. Pedro. o hábito da Ordem; destinado a lavá-lo dos seus erros.
Diabo! Mas, pelos modos, não é uma bala de estalo, é Na verdade, a cena é engraçada, e força é dizer que o
uma bala de artilharia! Não, não; tudo o que há mais absolutismo tinha coisas boas. O marquês, dando a prata
bala de estalo. Eu só extraio de Memória aquilo que o para salvar a pele, está indicando ao nosso governo
velho Drummond escreveu prevendo a Gazeta de Notí- constitucional um recurso útil nas urgências do Estado.
cias e os autores desta nossa confeitaria diária. Não é Mas o caso do conde é melhor. Esse maçom, obrigado a
que a Memória não seja toda curtíssima passear vestido de hábito de São Fran-
de anedotas do tempo; mas os que se cisco, foi um belo achado do rei. De
interessam por essas coisas, são natu- certo modo, foi uma antecipação do
ralmente em pequeno número, e eu só conflito que mais tarde levou dois bis-
amolarei a maioria dos meus semelhan- pos aos tribunais, com a diferença que
tes, quando não der por isso; de propó- aquilo que o Conde de Parati só pôde
sito, nunca. fazer obrigado, foi justamente o que a
Assim, por exemplo, credo que ao lei- maçonaria queria fazer por vontade
tor de hoje importa pouco saber, se em própria: — andar de hábito. Não penso
1817, dadas as denúncias contra os ma- nisto que me não lembre do nome que
çons, houve grandes patrulhas e tropas em geral teve esse famoso conflito, um
nos quartéis, só para prender o maçom nome inventado para castigo dos meus
Luís Prates, que morava na Rua da Alfândega. Creio pecados. Lembra-se o leitor? Questão epíscopo-
mesmo que não lhe interessa este juízo de Drummond maçônica. Recite isto com certa ênfase: — questão epís-
acerca do oficial encarregado de prender aquele indiví- copo-maçônica. Não lhe parece que vai andando aos
duo: “era o Coronel Gordilho (diz o velho diplomata) solavancos numa caleça de molas velhas? Epíscopo-
que depois foi pelo merecimento da sua ignorância maçônica.
Marquês de Jacarepaguá e senador pelo império”. En- Já transcrevi outros trechos, mas recuei. São interessan-
tretanto, esta expressão — merecimento da sua ignorân- tes, muito interessantes, mas não são alegres. São ane-
cia — é de bala de estalo. Vamos, porém, a uma anedo- dotas relativas todas à independência, e nelas é que en-
ta desse mesmo ano de 1817, galantíssima, uma verda- tram D. Pedro e José Bonifácio. Por consequência; o
deira bala de estalo, feita pelo rei D. João VI, que tam- dito por não-dito; não dou mais nada.
bém tinha momentos de bom humor: Contudo, sempre lhes direi, aqui, que ninguém nos ou-
Entre os maçons que se denunciaram a si mesmos, refi- ve: o conselho de ministros no paço, as palavras de José
ro os nomes de dois pelas cenas bufas que essas denún- Bonifácio ao Bregaro; a volta de D. Pedro depois de
cias causaram. Foram o Marquês de Angeja e o Conde declarar a independência; a gente que correu a São Cris-
de Parati. O rei caiu estupefato das nuvens, e ainda lhe tóvão; a imperatriz, que, não tendo mais fitas verdes
parecia impossível que dois camaristas seus, ambos esti- para fazer laços, fê-los com as do próprio travesseiro; D.
mados e um valido, fossem maçons! O Marquês de An- Pedro, um rapaz de 24 anos, impetuoso e ardente; José
geja ajuntou aos protestos do seu arrependimento a ofer- Bonifácio grave e forte, e, quando preciso, alegre; a
ta, que foi aceita, de toda a sua prata para as urgências gente que encheu à noite o teatro; as senhoras de laço
do Estado. Foi logo expedido em comissão para Portu- verde ao peito; toda essa nossa aurora dá-me uma certa
gal, a fim de tomar o comando e conduzir ao Rio de Ja- sensação profunda e saudosa, que não encontro… On-
neiro a divisão auxiliadora, que se mandava vir extraída de? No nariz do leitor, por exemplo.
do exército de Portugal. Quanto ao Conde de Parati, o Retirado do site https://bibliot3ca.com/maconaria-uma-cronica/
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alterações que ocorrem no corpo, como queda de
cabelo e inchaço, por exemplo.
CRÕNICAS DE O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima
MARAGOGIPE que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam
diagnosticados no Brasil 8.460 novos casos de
câncer infanto-juvenis (4.310 em homens e 4.150
Paulo Vicente em mulheres). Esses valores correspondem a um
risco estimado de 137,87 casos novos por milhão
Guerreiro Peixoto .'.
no sexo masculino e de 139,04 por milhão para o
sexo feminino.
"CRIANÇA COM VIDA". Graças aos avanços no tratamento do câncer in-
fantil nas últimas décadas, atualmente mais de
Meus queridos AMIGOS e IRMÃOS, hoje venho 84% das crianças com câncer sobrevivem 5 ou
falar sobre algo muito importante, que quando mais anos e várias conseguem a cura total. Glo-
diagnosticado afeta a vida dos membros de uma balmente, esse é um aumento considerável desde
família e dos que convivem com a pessoa enfer- meados da década de 1970, quando a taxa de so-
ma, sendo, ainda, mais sofrido quando se trata de brevida em 5 anos era de apenas 58%. Ainda as-
uma criança: o CÂNCER sim, as taxas de sobrevida variam com o tipo de
Sei que não é um assunto para muitos agradável câncer e outros fatores.
de falar, mas, o CÂNCER INFANTIL é uma rea- Na Bahia existe o NACCI - Núcleo de Apoio
lidade cruel que atinge muitas crianças ao redor ao Combate do Câncer Infantil, também conheci-
do mundo e no Brasil é preocupante. do como “CASINHA DA CRIANÇA – Almerin-
Os cânceres infantis são muitas vezes o resulta- da Argouelo Rivarola”, com endereço na Rua do
do de alterações no DNA das células que ocorrem Alvo n. 45 no bairro da Saúde, Salvador-Ba., com
muito cedo na vida, às vezes até antes do nasci- telefone 071-33224198, que é uma entidade bene-
mento. Ao contrário de muitos cânceres em adul- ficente fundada em 27 de outubro de 1994, com o
tos, o câncer infantil não está relacionado ao esti- intuito de prestar serviços de apoio ao tratamento
lo de vida e a fatores de risco ambientais. do câncer em crianças, e, até mesmo adolescen-
tes, carentes de todo Estado, principalmente do
Esta comprovado, que o organismo de uma cri- interior.
ança tende a lidar melhor com o tratamento do
que o organismo de um adulto. Entretanto, estes, Assim meus AMIGOS e IRMÃOS, o que pese
como quimioterapia e radioterapia, podem provo- no Brasil, o mês dedicado ao combate ao câncer
car efeitos colaterais a longo prazo, de modo que infantil ser setembro, este meu texto, para o qual,
as crianças podem precisar de uma atenção espe- infelizmente, muitos fecham seus olhos, só os
cial para o resto da vida. abrindo quando atinge a um ente querido, é para
que possamos ajudar de alguma forma as institui-
É MUITO IMPORTANTE TERMOS CONSCI- ções, como a NACCI, no projeto "CRIANÇA
ÊNCIA QUE O CÂNCER NA CRIANÇA E NO COM VIDA".
ADOLESCENTE TEM CURA NA MAIORIA
DOS CASOS, especialmente quando é possível Desejo a todos as BÊNÇÃOS do Grande Arqui-
identificar rapidamente os sintomas e leva-los pa- teto Do Universo - DEUS, ILUMINADO por JE-
ra uma avaliação. SUS CRISTO e NOSSA SENHORA, com a IN-
TERCESSÃO de todos os Santos, Espíritos de
Hoje no DIA INTERNACIONAL DE COM- Luz e Orixás, para que possamos nos irmanar
BATE AO CÂNCER INFANTIL, todos nós de- nesta causa tão nobre de ajudar e amparar as cri-
vemos, assim, quando ocorre com os adultos, dar anças vítimas do famigerado câncer infantil.
apoio a estas criança e a seus familiares, princi-
palmente AMOR e ATENÇÃO, pois estes viven- MUITA LUZ, FÉ, SAÚDE, AMOR, PAZ, ES-
ciam constantemente sentimentos de tristeza, re- PERANÇA E SOLIDARIEDADE.
volta e medo da morte, além de ter de enfrentar as Paulo Vicente Guerreiro Peixoto.'.
15/02/2021
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Um de outro se há-de lembrar.


Pode ser que um dia nos afastemos…
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade reaproximar-nos-á.
Pode ser que um dia não mais existamos…
Mas, se ainda existir amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
Pode ser que um dia tudo acabe…
Mas, com a amizade construiremos tudo no-
vamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Poema à amizade Que juntos viveremos e lembraremos para
sempre.
Pode ser que um dia deixemos de nos falar… Há duas formas para viver a vida:
Mas, enquanto houver amizade, Uma é acreditar que não existe milagre.
Faremos as pazes de novo. A outra é acreditar que todas as coisas são
Pode ser que um dia o tempo passe… um milagre.
Mas, se a amizade permanecer, Albert Einstein

POESIAS MAÇÔNICAS
Escritas por não maçons
E do que se lhe relaciona.
Os Graus Maçónicos comunicam àqueles
que os recebem,
Sabendo como recebê-los,
Um certo espírito,
Uma certa aceleração da vida
Do entendimento
E da intuição,
Que atua como uma espécie
De chave mágica dos próprios símbolos,
E dos símbolos
E rituais não maçónicos,
E da própria vida.
É um espírito,
Um sopro posto na Alma,
E, por conseguinte,
Pela sua natureza,
Incomunicável
O verdadeiro Segredo Maçónico…
É um segredo de vida Fernando Pessoa
E não de ritual
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tantas, anunciei-me à ”morena do mar”, em resposta a um
Caymmi, desafio de um dia, voltar. Fiz milhares de pessoas, em ora-
ção, conclamar, que “a oxum* mais bonita, está no Gantois”
- lá na colina! Onde o sol é mais brilhante, e os “filhos da
ialorixá Mãe Menininha, a reverenciam.
Bahia, minha querida Bahia... ainda que artista não fosse,
da Bahia duvido, certamente mascate das suas riquezas seria, a vender
para o mundo inteiro, que sou originário de terra de pardos,
branco mulato, e negro doutor. Terras de Senhor do Bomfim,
de Doralice - a quem um dia eu disse, que amar é tolice. E
depois, de amor embrenhados, não sabíamos o que fazer.
de São Salvador Ô, Bahia, ia, ia.
Bahia, minha querida Bahia... de ontem, de outrora e de ago-
ra, a quem, no bairro da Fazenda Garcia, nas noites de sextas
e sábados, vizinhos davam o sono, ao som cativante dos tam-
Ô, saudade lascada, da minha Bahia amada! bores do Terreiro de Mãe Clarice de Obaluaê, e do Jeje ogã
Carlinhos Bernabé, ilustres sacerdotes, do Candomblé.
Dorival Caymmi +, na reflexão deste autor, exaltava...
*Sarava! Sarava! Atotô, Obaluaiê.
Bahia, minha querida Bahia... meus atos de todo sintoniza-
dos e influenciados, pelas terras que os meus pés beijavam eBahia, minha querida Bahia... distante do teu solo, na labuta
o meu corpo repousava e se inspira, a fazer nascer "No Ser- para vencer, me fiz. Daí a saudade, vezes amarga, em mim,
tão"* – minha primeira criação, que, como semente, pelo uma ferida, que, há todo tempo, com canções, tem que ser
amor adubada, iniciou a construção desta minha longa estra- tratada. E em tal peleja, de afeto tomado, me arrumei em
da, onde, na saudade que me repleta, origino o meu cantar, casório com Stella Maris* - uma mineira formosa, que “Tem
que vem da Baia, ia, ia. um requebrado para o lado, Minha Nossa Senhora, Meu Se-
nhor São José”, “mas acontece que eu sou baiano e ela não
Bahia, minha querida Bahia... com o violão na coxa, descan- é”. E, em tal enrosco gostoso, o certo, é que eu vim de longe,
sado, fiz-me lembrar em versos e canções, da minha convi- para gostar, dessa mulher.
vência com os teus costumes; e o espiar da labuta de pesca-
dores jangadeiros, que na aurora orvalhada, cirandavam no Bahia, minha querida Bahia... a sua culinária, os costumes,
vai e vem das ondas do mar de Itaporã, na labuta do pescado os hábitos, as paragens, as religiões, os lugares, seres e afa-
que, ainda que vezes custoso, não faltava. zeres, sobre tudo de ti, cantei, falei, exaltei! Falei “do teu
samba, que deixa a gente mole – que, quando se canta, todo
Bahia, minha querida Bahia... ao mundo fiz-me canto, sobre mundo bole”; da “morena Marina a quem proibir de pintar o
o Abaeté e sua lagoa escura - arrodeada de areia branca. Lo-rosto, que imaginava, ser, só meu”.
cal onde lavadeiras “bate barrela*” e Oxum* encanta e ofe-
rendas recebe, de Alabas* aos benfazejos de divindades e Bahia, minha querida Bahia... com “balangandãs”. Carmem
ancestrais, que “filhos e pais de santo”, ali, evocam. Miranda adornei, e para os americanos e europeus, sobre
tudo “O Que é Que a Baiana Tem ”, dúvidas, tirei. Até que,
Bahia, minha querida Bahia... e para outros tantos, que sobre
redundante fora, não me furtei em sutil pedido de reparação,
o teu interior quisesse um pouco saber, exaltei Maracangalhalembrar que “vida de negros, que é difícil, é difícil como
como destino. Onde, acompanhado ou sem Anália, vestido quê”. Ontem, assim hoje. Viva a África!
de branco ou de chapéu de palha, não me imponho agora a
lembrar, o que cabia a tal motivo alargado. Mas, me custa Bahia, minha querida Bahia... não repare, mas ampare, o
negar, que o povoado anunciado, além da gostosa e conheci- entendimento que, no deleite da saudade gostosa, do teu rit-
da cachacinha, e do engenho de cana-de-açúcar, têm, no ci- mo e das prozas que teu povo e tua história, podem motivar,
nema, na igreja matriz e na boa proza dos maracangalhenses, fiz-me cancioneiro e, tomado de saudade, muito concebi.
Quiçá, de talento merecido - não posso negar, fiz ciente o
aconchego verdadeiro, a justificar, para muitos, ser, ali, um
ótimo paradeiro. mundo inteiro, que, dentre tudo que há de bom, a mim, o
prazer, de a minha Bahia, puder cantar. Ô Bahia, ia, ia.
Bahia, minha querida Bahia... de donzela célebre, jamais
esquecida, diva morena, enredo de novela, que o “Amado E você, amigo leitor, que este texto, a um grande baiano,
Jorge” fizera nascer Gabriela. Então, de amor tomado pela conseguir correlacionar, veja feita a minha homenagem que,
dita formosura, romanceei canção, na “donzela cravo e cane- em versos simples conforme a marca do poeta anunciado e
la”, que, em telhado trepava, e pipa, empinava. Gabriela, ouquerido, têm as suas canções, pelo mundo, em estribilho.
Gabriela! “Esta crônica, do autor em homenagem ao saudoso Dorival
Bahia, minha querida Bahia... sobre o teu mar, muito de mim Caymmi - Cantor, compositor, instrumentista, poeta, pintor
e ator brasileiro.
expressei; até às areias alvas de Itapuã exaltei e, abraçado a
Olokun*, visitei Oyá*. E no Dia dois de fevereiro, em corte-
jo, rosas, espelhinho e alfazema, nas águas do mar no Rio (Salvador, 30 de abril de 1914 – Rio de Janeiro, 16 de agos-
Vermelho, coloquei em oferenda, para a “rainha do mar”. to de 2008)
Autor: José Alconso da Silva Filho
Viva, viva Iemanjá. Odoiá! Odoiá!
Cad. 24 da AMALBA
Bahia, minha querida Bahia... que, de “saudade lascada”,
embriagou-me de amor, fazendo do meu violão de notas e Ilustração: Extraída do Google.
tom particular, inesquecíveis sonetos e modinhas, tirar. Entre
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mer, cheirar ou ouvir, serão sempre “histórias da
carochinha” as quais somente os crédulos igno-
rantes e néscios creem como verdade. Todavia
percebe-se que todas as formas da natureza, mine-
rais, vegetais, animais ou humana são compostas
de elementos químicos, matéria morta, sem vi-
da!... A vida é um fenômeno que nem a ciência
mais renomada conseguiu explicar. No exato ins-
tante em que ela cessa, o corpo ― que é compos-
to de átomos e moléculas começa a entrar em de-
composição indo agregar-se a outros organismos
até que só reste os componentes minerais elemen-
tares.
Espiritualidade em gotas O que determina, então, a conformação dessa
O homem é um produto de seu próprio pensa- substância básica nas múltiplas variedades de for-
mento... mas que observamos ao nosso redor? É o espírito
Tal fato, entretanto, é sobejamente contestado universal, expressando-se no mundo visível sob a
pela “ciência” materialista que, como sempre se forma de vida em variados graus de desenvolvi-
arvora de um “douto” saber sem, entretanto, en- mento. Este impulso espiritual modela a matéria
tender outra coisa além do que seus olhos possam química da Terra nas inúmeras formas dos quatro
ver, seu nariz cheirar, seus ouvidos ouvir, seu pa- reinos citados: mineral, vegetal, animal e humano.
ladar sentir ou suas mãos tocar. Quando uma forma serviu ao seu propósito como
Por certo as conquistas científicas modernas são veículo de expressão para as correntes superiores,
maravilhosas!... Contudo, a melhor forma de co- essas forças desintegram-na, e a matéria pode,
nhecer os segredos da natureza não é inventar ins- então, voltar ao estado primordial, ficando assim
trumentos, mas sim, investigar e aperfeiçoar-se... em disponibilidade para a constituição de novas
melhorar sempre a si mesmo! O ser humano pos- formas, visto que na natureza “nada se cria, tudo
sui faculdades psíquicas que eliminam a distância, se transforma”. Consequentemente, o espírito ou
mostram certezas e ampliam horizontes em grau a vida que modela a forma numa expressão de si
muito superior aos mais potentes telescópios ou mesmo, é tão estranho ao material que usa, como
microscópios! Esses sentidos ou faculdades são o carpinteiro ou o pedreiro é estranho e pessoal-
os meios de investigação usados pela ciência mente independente da casa que constrói para sua
oculta milenar, sendo também por assim dizer, o habitação. Explicando melhor, o corpo é análogo
“abre-te Sésamo” na investigação da verdade. Pa- à casa e o espírito ao morador. Quando o espírito
ra o clarividente exercitado, o akasha (que é o lo- abandona o corpo ele simplesmente apodrece,
cal místico onde o pensamento do Todo se mate- quando o homem abandona a casa ela se transfor-
rializa) é tão tangível quanto os estados naturais ma em uma ruína!... Analogia pura, porém, ilus-
da matéria, tanto os sólidos, quanto os líquidos ou tra.
gasosos o são para o homem comum. O verdadei- Espiritualidade em gotas são artigos com ideias
ro sensitivo vê as forças vitais ― que dão vida às despretensiosas, porém, próprias, de viver, enca-
formas minerais, vegetais, animais e humanas ― rar o mundo... opiniões que não pretendem con-
fluindo nos estados do próprio akasha. verter ou convencer ninguém, apenas colaborar e
Isso quer dizer que para conhecer um bocadinho contribuir para quem deseje começar por si pró-
que seja dos fenômenos que escapam a nossos prio um estudo filosófico mais aprofundado. To-
sentidos materiais é vital despir-se de preconcei- das as religiões pregam a paz e a concórdia e têm
tos enraizados, às vezes durante existências a fio, como objetivo aprimorar o caráter do homem; os
e desenvolver algum dom espiritual que ultrapas- religiosos, entretanto, as deturpam e, muitas vezes
se as barreiras da carne... Hoje, cientistas, estudi- transformam o amor em guerra. Por isso posso
osos e certos indivíduos de mente aberta, trans- afirmar: religião é importante, fanatismo, não!
põem tais barreiras e adentram a conhecimentos Sejamos universalistas!
além daqueles limitados pelos sentidos materiais.
Entretanto a ciência oficial lhes nega crédito! Fernando Gimeno — cadeira 06
Alegam que tudo que não se pode ver, tocar, co-
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Isto não é Justo nem Perfeito! “Nunca imagi-


nei que fossem capazes de uma coisa como
essa.”
Lúcifer, transtornado, desabafou:
“Vocês mandaram aquele Maçom para o in-
ferno, ele está fazendo a maior bagunça lá.
Ele chegou escutando as pessoas, meditando
e refletindo numa tal pedra bruta, olha nos
olhos delas, fala sobre vigilância e perseve-
UM MAÇOM NO INFERNO rança, cavar masmorras aos vícios, agora es-
UMA FÁBULA tão todos dialogando, se abraçando, dizendo
Certa vez, perguntaram para um sábio Mes- coisas horríveis como fraternidade, igualda-
tre Maçom: de, liberdade, o Inferno está parecendo o pa-
Por que existem Irmãos que saem facilmente raíso”.
dos problemas mais Então fez um apelo:
complicados, enquanto
outros sofrem por pro- “Por favor, pegue aque-
blemas muito peque- le Maçom e traga-o pa-
nos, morrem afogados ra cá!”
num copo de água? Quando o Sábio Mestre
O sábio Mestre Maçom Maçom terminou de
sorriu e contou esta es- contar esta história
tória…. olhou carinhosamente e
Era um Irmão que vi- disse:
veu toda sua vida fiel Viva sempre com tanto
às palavras do GADU, amor no coração que se, por engano, você
quando passou para o Oriente Eterno, todos for parar no inferno, o próprio demônio lhe
os Irmãos disseram que ele iria para o céu. trará de volta ao Paraíso.
Um Irmão tão bondoso, caridoso, estudioso, Problemas fazem parte da nossa vida, porém
cumpridor dos seus deveres só poderia ir pa- não deixe que eles o transformem em uma
ra o céu e ficar ao lado do GADU. pessoa amargurada. As crises vão estar sem-
Mas houve um erro em sua chegada ao céu. pre se sucedendo, testando nossa natureza e
às vezes você não terá escolha.
O Anjo Irmão da secretaria que o recebeu,
deu uma olhada rápida em suas pranchas, e Enfrentar de coração aberto, com amor e do-
como não viu o nome do Irmão na lista de çura, empregar seu conhecimento, seu estu-
Obreiros, lhe orientou para ir ao Inferno. do... e se você não tiver estudo nem conheci-
mento, reveja seus conceitos e se for neces-
Disse-lhe: “No inferno, você sabe como é, sário retorne ao processo em que você teve
ninguém exige carteirinha com CIM, qual- que morrer para renascer e comece a cons-
quer um é convidado a entrar”. truir o seu templo interior novamente, nunca
Assim o Irmão foi resignado, entrou e ficou é tarde demais para recomeçar.
lá. Fonte: Obreiros de Irajá.
Alguns dias depois Lúcifer chegou furioso às S.'.F.'.U.'.
portas do Paraíso, para tomar satisfações.

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