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AY KAKYRI TAMA
(EU MORO NA CIDADE)
Poemas
Márcia Wayna Kambeba
AY KAKYRI TAMA
(EU MORO NA CIDADE)
Poemas
Manaus - 2013
Copyright © 2013 Márcia Wayna Kambeba
Essa obra foi editada conforme o acordo ortográfico de 2009.
Permitida a reprodução parcial desde que citada a fonte.
x,76 p. il.
ISBN
Contatos
Fone: (92) 9220-9007
E-mails: marciacambeba@gmail.com
mvs.omagua@hotmail.com
Agradecimentos
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Aos parentes indígenas da Aldeia Tururucari -
Uka por abrirem o baú de suas memórias e me per-
mitirem participar. Agradeço a confiança, o carinho
e a amizade. Aos parentes Omágua/Kambeba que
vivem na cidade pelo seu assumir e pelo compro-
metimento com nossa luta, e a todos os povos indí-
genas dessa Amazônia.
A todos os meus amigos que, de uma forma dire-
ta ou indireta me ajudaram a escrever esse livro de
poemas manifestado no incentivo, encorajamento
e na amizade. De modo particular, aos amigos: Cel-
do Braga (poeta e compositor), Eylan Lins (poeta e
historiador) Miguel de Souza (poeta), Adejana Mei-
reles (cantora e compositora) e ao poeta Leon Levi
pela participação nesse livro com poemas.
A autora
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Dedicatória
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Sumário
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Apresentação
A
presença dos Cambeba na Amazônia é re- forma particular de ver o mundo e aos interesses
sultado da grande migração Tupi rumo a de quem fez os relatos, mas também às diferentes
terra sem males, dois ou três séculos an- respostas que esses índios darem ao mundo colo-
tes da colonização europeia. Os primei- nial. Para Alexandre Rodrigues Ferreira, meado do
ros registros escritos sobre esses índios feitos entre século XVIII, eles teriam respondido que achatavam
séculos XVI e XVII são contraditórios, mas a maioria o crânio das crianças, hábito que lhes rendeu a de-
fala de grandes povoados Omága ou Cambeba, com nominação “cambeba” (cabeça chata) para se dife-
poder político centralizado em torno de um princi- renciarem dos índios antropófagos e se safarem da
pal cuja influência atingia áreas geográficas de até escravidão.
700 km. Enquanto para uns os Cambeba eram lide-
Reduzidos a pequenos grupos esses índios atra-
rados por grandes senhores, confeccionavam suas
vessaram o século XIX buscando diferentes formas
próprias roupas, tinham o corpo elegante e a pele
de responder aos novos desafios. Em muitos casos
clara sendo, por isso, vistos como “mais civilizados”
tiveram até que se aliar a seus antigos inimigos
que outros povos para outros, eles eram violentos,
como os Tikuna, por exemplo, e aos brancos. Em
sanguinários e antropófagos.
depoimento para a autora deste livro em 2012,
Controversas à parte, é importante destacar Valdomiro Cruz, o patriarca dos Cambeba no Brasil
que as diferentes imagens dos Cambeba na docu- relatou que por ocasião da Guerra do Paraguai, os
mentação colonial estão associadas não apenas à Cambeba foram “adotados” por um patrão branco
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recebendo dele o sobrenome Cruz, provavelmente, uma outra área do saber. Entre a diversidade dos
para não irem à guerra, como índios errantes ou va- temas abordados, o livro tem uma linha mestra,
dios. Curiosamente, Cruz, também era o sobreno- uma identidade clara: é, antes de tudo, um teste-
me de Dionísio, o último Cambeba de cabeça acha- munho vivo e vivido, uma resposta serena e firme
tada encontrado por Alexandre Rodrigues Ferreira. de um espírito inquieto e livre a problemas e ques-
tões dos índios, dada por uma mulher que pesqui-
Deste modo, a palavra “cruz” para os Cambeba
sando e trabalhando com os Cambeba, identifi-
significa não apenas a imposição do cristianismo
cou-se neles e com eles, tronando-se uma de suas
católico e da política indigenista colonial, mas retra-
legítimas representantes.
ta também parte de sua história de contato com o
mundo ocidental, simbolizando também suas alian- Por isso, é também um livro documento. Docu-
ças e suas diversas estratégias de relações com o mento de vida, que reuni coragem denúncia e es-
mundo ocidental. perança. Coragem, porque traz à tona problemas
de identidade étnica do passado e do presente dos
Em sua memória coletiva os Cambeba guardam
índios que desafiam permanentemente as relações
ainda outras respostas dadas aos brancos. Relatam
interétnicas na Amazônia; denúncia, porque escan-
que durante parte do século XX se alguém parasse
cara o cinismo e o preconceito da sociedade bra-
no porto de suas aldeias e perguntasse se ali tinha
sileira contra os índios, especialmente, contra os
índios, a ordem era dizer que não. Somente na dé-
“índios citadinos”; esperança porque não se perde
cada de 1980, liderados pela família de Valdomiro
na lamentação das perdas e nem se contenta com
Cruz, os Cambeba reassumiram sua identidade ét-
a aclamação de um “passado heroico”, mas rima
nica no médio Solimões. De lá para cá, fizeram no-
agradável e sutilmente a dinâmica da vida indígena
vas alianças políticas, demarcaram parte de seus
e a realidade social na Amazônia. É numa lição de
territórios e reinventaram vários aspectos de sua
vida e de cidadania. Mais uma resposta inteligen-
cultura ancestral. Reaprenderam parte de sua lín-
te dos Cambeba ao mundo dos brancos. Enfim, é
gua tradicional, de suas danças e cantos e mantive-
uma flecha que rasga o tempo da história e quebra
ram viva a luta por seus direitos, reelaborando no-
o silêncio monstruoso que protege aqueles que se
vas respostas e novos instrumentos de resistência.
sentem vencedores.
Neste contexto, o livro “Ay Kakyri Tama” de
Márcia Wayna Kambeba não é apenas a reunião de
alguns poemas e crônicas sobre um grupo indígena Benedito Maciel1
da Amazônia. Nem é, tão pouco, uma simples Msc. e Doutorando em Sociedade e Cultura na Amazônia
aventura de uma “indígena da cidade” pelos difíceis Lago do Uarini, AM, 02 de junho de 2013.
labirintos da poesia e da literatura. Menos ainda 1
Graduado em História e Mestre em Sociedade e Cultura na Amazô-
uma mera “pulada de muro” de uma geógrafa para nia pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM.
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Introdução
S
ou indígena Omágua/Kambeba, e para mim, sentir, pensar, agir e de seguirem construindo sua
hoje, falar dos povos indígenas, é falar de história, lutando por seus direitos, tendo como um
minha própria história. Mas, para conhecer dos objetivos o ensino da língua materna. A língua
melhor sobre os povos indígenas, de modo Omágua/Kambeba durante anos, vem apresentando
particular o povo Omágua/Kambeba e manter uma sinais de declínio, mas se mantêm viva, através dos
aproximação, é preciso primeiro, começar tratan- ensinamentos às crianças e aos adultos.
do-os como de fato são: diferentes étnico, cultural
Mas, quem são os Omágua/Kambeba? Abro
e socialmente, respeitando a diversidade cultural.
aqui um parêntese para explicar que, Omágua
Chamando-os como se autodenominam, Omágua/
(nome original da etnia) significa pelo que se pôde
Kambeba, Guarani, Tembé, Tikuna, etc. Assim, a
colher nas pesquisas “cabeça de homem”, e Kam-
identidade de cada pessoa, estará vinculada a etnia
beba (apelido dado ao povo devido a prática da
a qual pertence, levando em conta suas peculiarida-
remodelação do crânio) significa “cabeça-chata”.
des manifestadas no modo de vida, na sua territo-
No entanto, fazemos uso dos dois termos para nos
rialidade que os torna diferentes dos não-indígenas.
referirmos a etnia. Ressalto ainda, que esse povo,
A luta do povo Omágua/Kambeba, e dos demais
sempre usou roupas, confeccionavam suas próprias
povos, não se resume apenas em defender seus li-
vestimentas desde o século XVIII, por este e outros
mites territoriais, lutam também por uma forma de
motivos foram tidos pelos viajantes da época, como
existência, presente no modo diferente de viver, ver,
povo de mais razão.
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Ao contrário das teses que apontam um cami- bos, na busca de sabres na escola do “branco”, não
nho inexorável de perda cultural do povo Omágua/ com a intenção de apagar a nossa língua materna,
Kambeba, tem-se vários fatores para comprovar mas, de modo a contribuir com nossa luta em prol
que esse povo continua resistindo e mantendo sua da manutenção do nosso tesouro ancestral, uma
cultura, mesmo enfrentando dificuldades por par- vez que a flecha deu lugar a uma luta política, com
te de agentes não - indígenas. Para isso, usam de argumentos bem consistentes por nosos direitos a
estratégias, táticas e astúcias, que se manifestam conservação do nosso patrimônio material e imate-
em pequenos focos de resistências, bem como, no rial e a inteculturalidade respeitando nossa forma
modo de vida e na língua como elemento de trans- de ser. O mesmo se dá com a cidade, é comum en-
missão de saberes. Segundo Vilas Bôas (2000), “ain- contrar na casa do amazonense uma rede feita de
da há quem pense que os indígenas são criaturas tucum, um fogão a lenha, unido a culinária, maca-
destituídas de cultura. Aqueles que não os conhece xeira, banana, peixe assado, além de nomes de pes-
bem e que com eles não convivem tendem a ima- soas e cidades que representam a cultura e a língua
giná-los como seres que vivem na natureza isola- dos povos indígenas como Iracy (nome de pessoa)
dos, sem quaisquer perspectiva de vida e preceito Icoaracy (nome de cidade).
humanístico. Como ninguém, eles se consideram
Portanto, os povos indígenas, mesmo que de
parte da natureza, e tem por ela um respeito que a
formas diferentes, mantêm o mesmo ideal de con-
nossa sociedade perdeu há muito tempo”.
servar sua cultura como herença ancestral. Esse li-
É importante dizer, que os povos indígenas hoje, vro é um convite a um engajamento nessa luta pela
de modo particular o povo Omágua/Kambeba, manutenção da cultura dos que contribuiram para
mesmo aldeados, não deixam de ter uma relação a formação do estado brasileiro e hoje buscam seu
com a cidade, manifestada nas relações que são reconhecimento, seu respeito.
mantidas no cotidiano, na utilização de aparelhos
eletrônicos que facilitam a comunicação entre am- A Autora
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AY KAKYRI TAMA
(EU MORO NA CIDADE)
Poemas
AY KAKUYRI TAMA
(Eu Moro na Cidade)
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SER INDÍGENA – SER OMÁGUA
Sou filha da selva, minha fala é Tupi. mas não tem fim!
Trago em meu peito, Foi a partir de uma gota d’água
as dores e as alegrias do povo Kambeba que o sopro da vida
e na alma, a força de reafirmar a gerou o povo Omágua.
nossa identidade, E na dança dos tempos
que há tempo fico esquecida, pajés e curacas
diluída na história. mantêm a palavra
Mas hoje, revivo e resgato a chama dos espíritos da mata,
ancestral de nossa memória. refúgio e morada
do povo cabeça-chata.
Sou Kambeba e existo sim:
No toque de todos tambores, Que o nosso canto ecoe pelos ares
na força de todos os arcos, como um grito de clamor a Tupã,
no sangue derramado que ainda colore em ritos sagrados,
essa terra que é nossa. em templos erguidos,
Nossa dança guerreira tem começo, em todas as manhãs!
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SILÊNCIO GUERREIRO
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ÁRVORE DA VIDA
Sany uny yuçuca tana may-sangara Kambeba! Assim para o povo Omágua
A samaumeira tem a função,
Tradução: De mãe das grandes árvores,
Vem água, banha nossa alma Kambeba! De cura e proteção,
E pelo indígena é cultuada,
No despertar da aurora, Essa gigante, mãe amada,
No mito de criação, Na dança nativa, dos povos irmãos.
Na gota que traz a vida,
De um povo, de uma nação.
Batendo na samaumeira
Caindo feito algodão,
Pro colo do grande rio
Que num sopro de criação,
Dá vida ao “índio” guerreiro,
E a mulher, sua paixão.
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Omágua cabeça – chata
Fonte: FERREIRA, Alexandre
(Iconografia V. I - 1971).
RITUAL INDÍGENA
A metamofose anuncia,
A presença do sobrenatural,
Na sua forma se vê a magia,
Hora awa, hora animal.
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Desenho: Uruma
ALDEIA TURURUCARI-UKA
(A Casa de Tururucari)
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UNIÃO DOS POVOS
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TANA KUMUERA YMIMIUA
(Nossa Língua Ancestral)
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TERRITÓRIO ANCESTRAL
Maá munhã ira apigá upé rikué Antes a terra era nossa casa,
Waá perewa, waá yuká Hoje, se vive oprimido.
Waá munhã maá putari. Antes era só chegar e morar,
Hoje, nosso território está dividido.
Tradução:
O que fazer com o homem na vida, Antes para celebrar uma graça,
Que fere, que mata, Fazia um grande ritual.
Que faz o que quer. Hoje, expulso da minha aldeia,
Não consigo entender tanto mal.
Do encontro entre o “índio” e o “branco”,
Uma coisa não se pode esquecer, Como estratégia de sobrevivência,
Das lutas e grandes batalhas, Em silêncio decidimos ficar.
Para terra o direito defender. Hoje nos vem a força,
De nosso direito reclamar.
A arma de fogo superou minha flecha, Assegurando aos tanu tyura,
Minha nudez se tornou escandalização, A herança do conhecimento milenar.
Minha língua foi mantida no anonimato,
Mudaram minha vida, destruiram o meu chão. Mesmo vivendo na cidade,
Nos unimos por um único ideal,
Antes todos viviam unidos, Na busca pelo direito,
Hoje, se vive separado. De ter o nosso território ancestral.
Antes se fazia o Ajuri,
Hoje, é cada um para o seu lado. O que fazer com homem na vida
Que fere, que mata,
Que faz o que quer.
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MINHA MEMÓRIA – MEU LEGADO
(Homenagem ao Tuxaua Valdomiro Cruz)
As terras que foram de meus ancestrais, Hoje, para nova geração, deixo uma mensagem,
Hoje, não as tenho mais Que mantenham essa cultura com fé e a coragem,
Na luta para recuperá-las, De serem bravos guerreiros,
Esperamos dos governantes divulgando a memória,
A iniciativa para demarcá-las, Do povo cabeça-chata que fez parte da história,
E continuarmos a vida, Desse Brasil miscigenado, povo de fé,
Em convívio com a natureza e os animais. de muitas vitórias.
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TUXAUA KAMBEBA
(Homenagem ao Tuxaua Valdomiro Cruz)
Na minha caminhada, muitas coisas eu vi. Antes de chegar a velhice, muitas coisas ensinei
O choro triste e o lamento de dor, Cantos, danças, lendas, tudo isso repassei,
Ainda permanecem em minha memória, Para que quando já cansado e
De um povo com o qual fiz a minha história, não poder mais andar,
Para que hoje possam escutar seu grito, Possam contar minha história, o meu legado,
seu clamor. o que deixei,
Lembrando-se de que TUXAUA KAMBEBA,
Quando jovem, muitas lutas travei, para sempre serei.
Valente guerreiro me tornei,
Na defesa do meu povo, me dediquei,
Para alcançar grandes conquistas,
o título de TUXAUA conquistei.
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MINHA PENA VERMELHA
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OS FILHOS DAS ÁGUAS DO SOLIMÕES
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TANA KANATA AYETU
(Nossa Luz Radiante)
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SÃO PAULO DE OLIVENÇA – PRESENÇA KAMBEBA
(Homenagem ao povo de São Paulo de Olivença e a todos os indígenas Omágua/Kambeba)
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BELÉM INDÍGENA – BELÉM CABOCLA
(Homenagem aos povos indígenas de Belém do Pará)
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O MAR DE AJURUTEUA
(Homenagem a beleza do mar)
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NATUREZA EM CHAMA
No solo desnudo,
Os restos mortais,
Do verde da vida
E dos animais,
Queimados, sofridos
Em cinzas reais.
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A SINA DO PESCADOR
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CABOCLO RIBEIRINHO
É o caboclo ribeirinho,
Que vive a vida com emoção,
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PARTICIPAÇÕES
ESPECIAIS
ROSA PETANY
(Rosa Vermelha)
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KAMBEBA
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NOBREZA
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VITÓRIA TÃO RÉGIA
Vitória tão régia no verde da folha Que funde peças tão raras
Em berço tão pleno no leito das águas Mosaico de folhas
Do igarapé, floresta de pé Moldando, tecendo, criando um ecossistema
Corrente leva a semente Que sofre e é devastado por ações humanas,
E o destino da gente Mas luta, resiste, ressurge e, as duras penas, vai.
Espera brotar.
Aonde ninguém duvida que possa chegar
Meu rosto está nessas águas O homem em sua corrida se presta a matar
Meu corpo na mata Não olha pro futuro, não quer nem saber
Eu canto, Se há lugar seguro pra onde correr.
Eu chamo essa chuva que molha o meu chão
Rega as flores do norte, Vitória que mergulhou nos encantos da lua
O meu violão... Não deixe que negociem a terra que é sua
Vem pulsando bem forte Emerge e traz em suas mãos um alento pra nós
A vida no chão... Protege das vendas e trocas a floresta!
Adejana Meireles
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MÁRCIA KAMBEBA
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GLOSSÁRIO DE PALAVRAS OMÁGUA/KAMBEBA USADAS NO LIVRO
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