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Conceição Evaristo
2003
A AUTORA
MARIA DA CONCEIÇÃO
EVARISTO DE BRITO
• Cronológico X Psicológico
• Contínuo flashback
PONCIÁ VICÊNCIO
Enredo
• Migração campo – cidade;
• Resgate, pela memória, da história de uma
parcela da população brasileira (relato individual X
coletivo)
• Herança do avô: “Ponciá gastava a vida em
recordar a vida. Era também uma forma de viver.
Às vezes, era um recordar feito de tão dolorosas,
de tão amargas lembranças que lágrimas corriam
sobre o seu rosto; outras vezes eram tão doces,
tão amenas as recordações que, de seus lábios
surgiam sorrisos e riso. (...) Só era possível
esperar.” (p. 93, 94)
PONCIÁ VICÊNCIO
Enredo
Luandi:
• trabalho com o pai;
• ida à cidade: trabalho na delegacia;
• Sonho de ser soldado;
• encontro com Bilisa;
• sonho de constituir família desfeito;
• profissionalização e reencontro com a mãe;
• conscientização e reencontro com a irmã.
PONCIÁ VICÊNCIO
Linguagem
• Simples;
• Períodos curtos;
• Diálogos em discurso indireto:
“Soldado Nestor não gostou da escolha de Luandi.
Disse que o moço haveria de dar com os burros n
´água. Para Soldado Nestor, mulher-dama não
prestava. Não conseguia gostar de um só homem.
Aliás, pensando bem, mulher-dama não gostava de
homem algum. Só gostava daquilo que o homem
tem entre as pernas e, mesmo assim, só se
acompanhado de dinheiro. E como ele tinha não
dinheiro, logo, logo, ela iria enjoar-se dele.” (p. 103)
PONCIÁ VICÊNCIO
Linguagem
• Poética:
“Um dia ele teve uma crise de choro e riso tão
profunda, tão feliz, tão amarga e desse jeito se
adentrou pelo outro mundo.” (p. 12)
“E, então, se tivesse de padecer, que
experimentasse as dores. Se tivesse de ser só, que
sozinha fosse. Se tivesse de se abraçar com os
seus próprios braços, ela mesma criaria o seu
próprio anelo, e se auto-abraçaria, até que
reencontrasse os filhos e os abraços deles
abraçassem os abraços dela.” (p. 76)
PONCIÁ VICÊNCIO
Intertextualidade
• Memória Póstumas de Brás Cubas, Machado de
Assis (cap. XI, p.32)
• “Filho de escravos, crescera na fazenda levando a
mesma vida dos pais. Era pajem do sinhô-moço.
Tinha a obrigação de brincar com ele. Era o cavalo
onde o mocinho galopava sonhando conhecer todas
as terras do pai. Tinham a mesma idade. Um dia o
coronelzinho exigiu que ele abrisse a boca, pois
queria mijar dentro. O pajem abriu. A urina do outro
caía escorrendo quente por sua goela e pelo canto
de sua boca. Sinhô-moço ria, ria. Ele chorava e não
sabia o que mais lhe salgava a boca, se o gosto da
urina ou se o sabor de suas lágrimas.” (p. 14)
PONCIÁ VICÊNCIO
Intertextualidade
• Cultura Popular
“Diziam que a menina que passasse por debaixo do
arco-íris virava menino. Ela ia buscar o barro na
beira do rio e lá estava a cobra celeste bebendo
água. (...) Juntava, então, as saias entre as pernas
tampando o sexo e, num pulo, com o coração aos
saltos, passava por debaixo do angorô. Depois se
apalpava toda. Lá estavam os seinhos, que
começavam a crescer. Lá estava o púbis bem plano,
sem nenhuma saliência a não ser os pêlos. Ponciá
sentia um alívio imenso. Continuava menina.
Passara rápido, de um só pulo. Conseguira enganar
o arco e não virara menino.” (p. 9)
PONCIÁ VICÊNCIO
Intertextualidade
“Ela nunca tivera nada de pele. Ao nascer, o primeiro
banho tinha sido em sange de tatu, o que deixou Ponciá
imunizada para qualquer mau nesse sentido.” (p. 74)