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CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Literatura e outras Linguagens


nos anos iniciais do ensino
fundamental
Coordenador:
Copyright 2014 © Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Clecio dos Santos Bunzen Júnior
Reservados todos os direitos desta edição. É proibida a reprodução total ou parcial desta
obra sem autorização expressa dos autores e organizadores.

CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA série CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA


Literatura e outras linguagens no ensino fundamental

Ficha TÉCNICA DO VOLUME

Literatura e outras Linguagens Foto, CRIAÇÃO e PROJETO DA CAPA


Karla Vidal (Pipa Comunicação - www.pipacomunica.com.br/)

nos anos iniciais do ensino Projeto Gráfico e DIAGRAMAçÃO

fundamental Karla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação - www.pipacomunica.com.br)

Coordenação do volume
Clecio dos Santos Bunzen Júnior

Textos
Alunos dos Cursos de Pedagogia e Letras (Vespertino e Noturno), da Universidade
Federal de São Paulo, campus Guarulhos. Professores da Secretaria de Educação de
Guarulhos.

Revisão
Clecio dos Santos Bunzen Júnior

Catalogação na publicação (CIP)


Ficha catalográfica produzida pelo editor executivo

B9429

Bunzen, Clecio dos Santos.


Literatura e outras linguagens nos anos iniciais do ensino fundamental / Clecio dos
Santos Bunzen Júnior [org.]. - Recife: Pipa Comunicação, 2014.
208p. : Il.. (Série Cadernos de Residência Pedagógica). Vol. 08.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-66530-32-2

1. Educação. 2. Ensino Fundamental. 3. Pedagogia. 4. Residência Pedagógica. 5.


Literatura. I. Título. II. Série.

370 CDD
37 CDU
Pipa Comunicação c.pc:06/14ajns
Recife - 2014
CRÉDITOS DA SÉRIE

Prefixo Editorial: 66530

Universidade Federal de São Paulo

Chefe de Departamento de Educação


Claudia Panizzolo
Marieta Gouvêa de Oliveira Penna

Coordenação do Curso de Pedagogia


Regina Cândida Ellero Gualtieri
Rosario Genta Lugli

Coordenação da Residência Pedagógica


Claudia Lemos Vovio

Equipe de Residência Pedagógica


Adalberto Dos Santos Souza Jorge Luiz Barcellos da Silva
Adriana Regina Braga Lucila Pesce
Betania Libanio Dantas De Araujo Magali Aparecida Silvestre
Comissão Editorial
Celia Maria Benedicto Giglio Marcia Cristina Romero Lopes
Claudia Barcelos de Moura Abreu Marcia Jacomini
Claudia Lemos Vovio Maria Angélica Pedra Minhoto Editores Executivos
Claudia Panizzolo Maria Cecilia Sanches Augusto Noronha e Karla Vidal
Cleber Santos Vieira Maria de Fátima Carvalho
Clecio dos Santos Bunzen Júnior Marian Avila De Lima e Dias Conselho Editorial
Daniela Finco Marieta Gouvêa de Oliveira Penna Angela Paiva Dionisio
Edna Martins Marineide de Oliveira Gomes Antonio Carlos Xavier
Érica Aparecida Garrutti De Lourenço Umberto de Andrade Pinto Carmi Ferraz Santos
Emerson Isidoro Santos Vanessa Dias Moretti Cláudio Clécio Vidal Eufrausino
Isabel Melero Bello Vera Lucia Gomes Jardim Clecio dos Santos Bunzen Júnior
João do Prado Ferraz de Carvalho Wagner Rodrigues Valente Leonardo Pinheiro Mozdzenski
Pedro Francisco Guedes do Nascimento
Regina Lúcia Péret Dell’Isola
Ubirajara de Lucena Pereira
Wagner Rodrigues Silva
APRESENTAÇÃO
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Apresentação um lado, pela inserção dos alunos de Pedagogia


como residentes nas escolas, e de outro, por meio de
ações de extensão que atendam às demandas de for-
mação de professores e gestores das redes públicas
de ensino ou prestadores de serviços conveniados
ao município de Guarulhos.
A Série Cadernos de Residência Pedagógica é
composta de materiais destinados aos residentes
do curso de Pedagogia da UNIFESP e aos profes-
sores e gestores das escolas públicas de Guarulhos.
O curso de Pedagogia da UNIFESP, inicia-
O objetivo é discutir algumas das questões que ca-
do em 2007, definiu um modelo de formação
racterizam as diferentes etapas da educação básica,
inovador, centrado na busca por uma aproxi-
os modos de organização e gestão, os currículos,
mação entre a Universidade e a Escola Pública.
o processo de ensino e aprendizagem e os sujeitos
Busca-se, assim, a construção de espaços de
envolvidos nesses processos. Além disso, espera-se
estudo e pesquisa que articulem teoria e práti-
que colabore para a compreensão das dinâmicas re-
ca, integrando a formação inicial e o exercício
alizadas pelos residentes no ambiente escolar.
profissional da docência. Dois pilares centrais
Essa publicação conta com o apoio do Programa
alicerçam esta proposta: a Unidade Curricular
de Consolidação das Ações de Licenciatura – PRO-
Práticas Pedagógicas Programadas (PPP) e o
DOCÊNCIA – CAPES – DEB. Fazem parte da Série
Programa de Residência Pedagógica (PRP).
os seguintes volumes: Educação Infantil (volume 1),
A Residência Pedagógica acrescenta ao mo-
Primeiro segmento do Ensino Fundamental (volu-
delo de “estágio curricular” o preceito do traba-
me 2) e Educação de Jovens e Adultos (volume 3),
lho recíproco entre a Universidade e a Escola
Gestão Educacional (volume 4), Educação Infantil
Pública. Essa reciprocidade se concretiza, de
e Direitos da Infância (volume 5), O Direito à Infân-

11 12
Apresentação

cia e ao Brincar (volume 06), História e Geografia


nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (volume
07), Literatura e outras Linguagens nos Anos Ini-
ciais do Ensino Fundamental (volume 08).

Literatura e outras Linguagens


nos anos iniciais do ensino
fundamental

13
SUMÁRIO 83

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá de
Jorge Amado

95 As aventuras de Pinóquio: as diversas


versões para a mesma história

105 Experimentando poemas: uma saborosa e


divertida aventura
15 Literatura e outras linguagens: construindo
sugestões didáticas 113 Narrativas Míticas dos índios brasileiros

23 Chapeuzinho Vermelho: diferentes autores e 127 Rotas Fantásticas: histórias que o povo conta
gêneros
139 Contos de Mistério: desvelando a sua escrita
31 Os Três Porquinhos: os diferentes usos e
recursos 147 Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras
batalhas
41 Coraline no País das Maravilhas
161 Entre contos e poesias: versando memória e
49 Muitas Alices, muitas Histórias diversidade no mundo das palavras

55 A reinterpretação de Romeu e Julieta para a 171 Descobrindo os contos populares


Literatura Infantil
185 Trabalhando com contos populares
69 “Os Miseráveis” em um contexto
sociocultural atual – além de Victor Hugo 195 A poesia disseminando o direito
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Literatura e outras As Sugestões Didáticas (SDs) não foram es-


linguagens: construindo critas para anos específicos, pois acreditamos que
sugestões didáticas1 os professores do 1º ao 5º ano podem usá-las em
diferentes anos e com várias adaptações e comple-
mentos. De maneira pontual e direta, as SDs foram
construídas para discussões específicas da Unida-
de Curricular, especialmente para a iniciação à
docência em relação à construção de um projeto
O e-book “Literatura e outras Linguagens didático autoral.
nos anos iniciais do Ensino Fundamental” é re- A construção de tal projeto didático autoral en-
sultado de uma experiência didática com alu- volve muitos desafios, especialmente pelo pouco
nos de Pedagogia e Letras, além de professores tempo/espaço para reflexão sobre língua, lingua-
da rede pública de Guarulhos, matriculados gem, textos e gêneros do discurso nos cursos de
na Unidade Curricular “Fundamentos teórico- Pedagogia. Os futuros professores e os que já atu-
práticos do Ensino da Língua Portuguesa”. Os am apresentam muitas dúvidas, questionamentos
professores em formação inicial e continuada e desejos sobre o que podem fazer com as crianças
foram convidados a produzirem “Sugestões na escola pública, levando em consideração diver-
Didáticas” para professores que atuam nos sos fatores externos e internos ao processo de es-
anos iniciais do Ensino Fundamental, com ên- colarização e consolidação da alfabetização. Neste
fase no trabalho com a leitura e nos modos sentido, foram eleitos três objetivos gerais que
de ler na sala de aula. impulsionaram a construção de várias SDs para
professores da rede pública brasileira:
1. Clecio dos Santos Bunzen Júnior, professor do Departamento de Educação
da Universidade Federal de São Paulo e docente responsável pela Unidade
Curricular Fundamentos Teórico-práticos do Ensino da Língua Portuguesa (5º
Termo) no primeiro semestre de 2012. E-mail: clecio.bunzen@gmail.com

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Literatura e outras linguagens: construindo sugestões didáticas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

1. Escolher gêneros do discurso da esfera literária e apresentava as principais seções e seus objetivos.
da esfera da divulgação científica2 para um trabalho Neste sentido, é importante frisar que não estáva-
na escola que leve em consideração os letramentos
mos construindo “sequências didáticas” ou “pro-
múltiplos (Rojo, 2009) e os multiletramentos (Rojo,
jetos de ensino” que apresentam características de
2012).
uma ação didática mais sistematizada e uma maior
2. Desenvolver uma percepção inicial para a escolha discussão sobre o tempo pedagógico. As SDs cons-
de textos singulares adequados para o trabalho pe- truídas objetivaram mais instigar, propor alguns
dagógico na escola, apostando no trabalho de media- caminhos, insinuar gestos didáticos, fornecer pro-
ção do professor na análise verbo-visual dos textos. postas e aventar práticas em que o ensino da lei-
tura de textos verbo-visuais possa ser central nas
3. Construir uma rede intertextual que apóie o traba-
diferentes disciplinas escolares ou áreas do conhe-
lho de leitura e produção de textos na escola, levando
cimento.
em consideração o “local” e o “global”; as diferenças
sociais e culturais, além da diversidade de mídias
As SDs encontram-se organizadas por títulos
(Rojo, 2012) que remetem a elementos importantes do proje-
to didático autoral, citações que retomam textos
Com base na Bibliografia Básica da Unidade lidos pelos autores e seções. Cada seção procura
Curricular (com destaque para Rojo, 2009 e 2012, responder a determinados objetivos da Unidade
Antunes, 2009, Fontana, 2009; Lerner, 2002), os Curricular e ao mesmo tempo dialogar com os fu-
grupos iniciaram a elaboração das sugestões di- turos leitores:
dáticas após a apresentação de um modelo que

2. A escolha de duas esferas deve-se ao fato de possibilitar aos alunos compara-


ções em termos de escolhas de gêneros, textos, aspectos lingüísticos e visuais. O
tratamento da imagem ou do léxico de um poema não pode ser o mesmo dado a
um verbete de divulgação científica para crianças. As SDs com o trabalho da esfera
de Divulgação Científica pode ser visto no Volume 9.

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Literatura e outras linguagens: construindo sugestões didáticas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Objetivo das sugestões didáticas: explicitar de forma bre- Fazendo relações com outros textos verbais e/ou visuais:
ve aos leitores quais são os principais objetivos da sugestão sugere a ampliação da análise linguística e visual por meio
didática, levando em consideração à esfera em jogo (literária da relação intertextual do texto principal com outros textos,
ou divulgação científica), os textos singulares escolhidos, a levando consideração a diversidade de mídias e produções
rede intertextual construída e os elementos verbais e visuais verbo-visuais (filmes, pinturas, jogos eletrônicos, literatura
que poderão ser analisados. infantil, quadrinhos, vídeos, canções etc.). O objetivo tam-
bém não é sistematizar quais caminhos o professor deve
seguir, mas apenas mostrar possíveis trilhas e possíveis pro-
Iniciando a proposta com as crianças: apresenta para os
postas.
leitores qual é a obra ou texto que será principal para a cons-
trução das aulas e das propostas sugeridas.
Produzindo textos com as crianças: apresenta algumas
propostas de produções textuais orais, escritas ou verbo-
Sugestões para começar o encontro com o texto: sugere
visuais com as crianças, como uma forma de sistematizar ou
ao professor gestos didáticos que apontam para a importân-
ampliar as possibilidades de trabalho com a língua(gem) na
cia do planejamento de ações pedagógicas que introduzam
escola.
as crianças na experiência inicial com o texto.

Para saber mais/Para ler mais: sugere bibliografia de apoio,


De olho no texto verbo-visual: apresenta propostas de aná-
vídeos, programas televisivos, sites, blogs ou outros recursos
lise linguística e visual de trechos do texto singular escolhido
que podem enriquecer o trabalho sugerido nas seções an-
como principal. Desta forma, vale salientar que são apenas al-
teriores.
guns aspectos que foram ressaltados, sem uma discussão so-
bre como sistematizá-los. Cabe ao professor dialogar com as
propostas e organizá-las, sistematizá-las e ampliá-las, uma vez
que acreditamos na importância do trabalho de análise com A produção das sugestões didáticas pelos gru-
as crianças na escola, com a mediação do professor. As suges- pos teve como finalidade também uma ação re-
tões apenas apontam para alguns elementos de análise3. flexiva sobre o processo de produção textual, uma
vez que os alunos se envolveram em um processo
3. Salientamos também que por uma questão relacionada aos direitos autorais dos de reescrita e de reflexão sobre a interlocução de
textos, reproduzimos apenas pequenos trechos e nunca os textos completos. Desta
forma, o professor precisará ter acesso às obras para uma visão geral do texto e do seus textos. Esperamos que a leitura das suges-
trabalho pedagógico.

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Literatura e outras linguagens: construindo sugestões didáticas

tões possa provocar nos leitores reflexões positivas


sobre a ação pedagógica. No âmbito da proposta
pedagógica do curso de Pedagogia da Unifesp e le-
vando em consideração a Residência Pedagógica,
acreditamos que as sugestões didáticas indiciam
as aprendizagens dos futuros professores (e dos
atuais docentes) sobre o agir pedagógico, especial-
mente sobre a complexa tarefa de planejar ações
didáticas intencionais para construir com autono-
mia seus projetos didáticos autorais.

Referências Bibliográficas

ANTUNES, Irandé. Aula de Português. São Paulo Parábola,


2003.
FONTANA, Roseli. Escrevendo e lendo na escola: a mediação
como princípio da organização do trabalho pedagógico. In:
Ensaios: perspectivas e pressupostos para uma discussão curri-
cular na Rede Municipal de Campinas. Campinas, 2009.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o
necessário. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002, pp. 17-26.
ROJO, Roxane. Letramentos(s) – práticas de letramento em
diferentes contextos. In: Letramentos múltiplos, escola e inclu-
são social. São Paulo: Parábola, 2009.
ROJO, Roxane. Pedagogia dos multiletramentos - Diversi-
dade cultural e de linguagem na escola. In: ROJO, Roxane;
MOURA, Eduardo (Orgs.) Multiletramentos na escola. São Pau-
lo: Parábola, 2012.

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CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Chapeuzinho Vermelho:
diferentes autores • Contribuir para que as crianças compreendam que
e gêneros1 os textos possuem autores que fazem escolhas, têm
intenções e propósitos, se alinham e se relacionam
com outros autores por intermédio de suas obras;
bem como divergem de outros, o que, também,
“No entanto, sabemos que, em nosso país, nem pode ser feito por meio de suas produções.
todas as crianças e adolescentes têm a opor-
tunidade de conviver com livros de literatura
infantil e juvenil antes e fora da escola e, com
Iniciando a proposta com as crianças...
isso, destacamos a importância de o professor
garantir em sua rotina pedagógica prática de
livros de literatura.”

(Leal, Albuquerque e Morais, 2007,p.71).

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar a literatura infantil com crianças, relacio-


nando a história Chapeuzinho Amarelo, de Chico
Buarque de Holanda, com o conto maravilhoso
Chapeuzinho Vermelho.
Ler em sala de aula a obra Chapeuzinho Amare-
• Fazer relações intertextuais entre as obras, enfati-
zando a importância de compreender as entreli- lo, escrita por Chico Buarque de Holanda em 1979
nhas. e ilustrada por Ziraldo em 1997. A criança-leitora
terá contato com um livro-poema no qual Chico
Buarque faz uma releitura do conto maravilhoso
1. Laís Pezzuto Porto, Mayara Fervorini Silva, Rafaela França e Rosely da Silva Chapeuzinho Vermelho.
Sousa, alunas do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de São Paulo.

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Chapeuzinho Vermelho: diferentes autores e gêneros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Sugestões para começar o encontro De olho no texto verbo-visual


com o texto

Sugerimos começar o trabalho pedagógico in- Chapeuzinho Amarelo


vestigando os conhecimentos prévios das crianças
“Era a Chapeuzinho Amarelo.
sobre o conto Chapeuzinho Vermelho, sem o auxílio Amarelada de medo.
do livro, para que elas tenham possibilidade de se Tinha medo de tudo,[...]
expressarem oralmente; dando oportunidade para Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
que contem o que sabem. Outra opção é fazer uma do outro lado da montanha,
discussão oral sobre possíveis diferenças nas versões num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
que já conhecem, explorando os conhecimentos so-
numa terra tão estranha [...]”
bre outras obras inspiradas no clássico infantil.
Em seguida, pode-se conversar sobre o trabalho
de compilação das histórias realizado pelos Irmãos 1. É possível abordar a importância das ilustrações,
Grimm, bem como sobre a autoria de Chico Buar- e pensar com as crianças de que forma elas auxiliam
na compreensão do conto e quais as relações que se
que de Holanda e suas composições musicais. Daí,
estabelecem entre cores, formas e a temática principal
então, pode-se ler a história Chapeuzinho Amarelo, do texto.
com auxílio do livro, para que as crianças tenham a
2. As rimas presentes na obra, e exemplificadas no
oportunidade de terem contato com o suporte, de trecho escolhido, podem ser trabalhadas em uma
folheá-lo; apreciarem as ilustrações e interagirem discussão sobre os efeitos que produzem, tal como o
umas com as outras acerca de suas percepções e das efeito de eco que a repetição da sílaba “nha” na sequên-
cia de palavras montanha, alemanha, aranha e estranha
lembranças evocadas de seus repertórios individu- produzem, reforçando a ideia de lá pra longe.
ais, para que assim, experimentem a prática de re-
3. Pode-se trabalhar com os vários sentidos das pala-
lacionar os textos com seus conhecimentos prévios.
vras, tal como na parte em que Chapeuzinho Amarelo
é adjetivada de “amarelada de medo”.

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Chapeuzinho Vermelho: diferentes autores e gêneros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Fazendo relações com outros textos 3. Para apresentar às crianças ou-


verbais e/ou visuais tros gêneros e explorar a intertex-
tualidade, sugerimos assistir ao
filme Deu a Louca na Chapeuzinho
(Hoodwinked), lançado no Brasil em
“Não podemos interpretar um texto em um gênero sem
2005, no qual o roteirista e diretor
relacioná-lo a seu contexto de origem, sinalizado pelas Cory Edwards opta por recontar
pistas textuais, aí incluídos autor, forma de produção, Chapeuzinho Vermelho em forma de
público a que se destina. Do contrário nossa compreen- uma cômica trama policial.
são de um texto seria incompleta”.

(Rojo e Brait, 2001, p.12). 4. É possível, ainda, ler a história


dos Três Porquinhos (Ana Maria
Machado, FTD Editora, 1996) que
1. Comparar as histórias Cha- é citada no filme Deu a Louca na
peuzinho Vermelho, traduzida Chapeuzinho pela fala do Lobo-
por Ana Maria Machado (Editora Repórter e fazer a inter-relação en-
Nova Fronteira, 1986), e Chapeu- tre os elementos comuns tais como
zinho Amarelo de Chico Buarque medo, lobo como vilão, etc.; além
de Holanda. de discutir sobre a intencionalidade
desses autores, expressa, dentre ou-
tros fatores, pela moral da história.

Produzindo textos com as crianças


2. Comparar o livro de Chico Bu-
arque com o livro Chapeuzinho
Redondo, escrito por Geoffroy
Sugestão A: conversar com a turma e propor
de Pennart, (Editora Brinque- uma atividade de produção de textos que terá por
Book, 2012), que apresenta ver- fim publicá-los em um blog que será criado para
são bem humorada da história
Chapeuzinho Vermelho, na qual a socializar as produções entre eles, possibilitando
menina não é vítima e o lobo não que revisitem seus textos, comentem os trabalhos
é mau.
dos amigos.

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Chapeuzinho Vermelho: diferentes autores e gêneros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Sugestão B: propor que a turma se separe em


grupos e cada um dos grupos, de acordo com suas Para saber mais

habilidades e preferências, trabalhe com um gê-


nero para recontarem um conto maravilhoso, po- • ANTUNES, Irandé. Refletindo sobre a prática da
aula de português. In: Aula de Português. São Pau-
dendo ser filmagem realizada com celular ou câ- lo Parábola, 2003.
mera convencional, fotografia, desenho, ou ainda,
alguns podem gravar a narração de sua versão. As • DIONÍSIO, Angela Paiva. Conversa entre textos. In:
Diversidade Textual: Os gêneros na sala de aula.
crianças podem também produzir outras versões CEEL, Editora Autêntica. 2006. Disponível em:
para a história Chapeuzinho Vermelho. http://www.ufpe.br/ceel/e-books/Diversida-
de_Livro.pdf - Acesso 17/12/2012.

• LEAL, T.F; ALBUQUERQUE, E.B.C; MORAIS, A.G.


Letramento e alfabetização: pensando a práti-
Para ler mais ca pedagógica. In: BEAUCHAMP, Jeanete et alli.
(Orgs).  Ensino fundamental de nove anos: orien-
tações para a inclusão da criança de seis anos de
idade. Brasilia: MEC, 2007, p.69-84.
• MACHADO, Angelo. Chapeuzinho Vermelho e o Lobo-
Guará. Editora Melhoramentos. 2006. • MARCUSCHI, Beth. Escrevendo na escola para a
vida. In: Egon Rangel e Roxane Rojo (Orgs.). Língua
• ROSA, João Guimarães. Fita Verde no Cabelo: nova velha Portuguesa: Ensino Fundamental. Brasília, MEC,
estória. 13.ª impressão. Ilustrações de Roger Mello. Rio 2010.
de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
• MENESES, Adélia Bezerra de. Vermelho, verde e
amarelo: tudo era uma vez.  In: Estud. av.[online].
2010, vol.24, n.69, pp. 265-283.

• ROJO, Roxane; BRAIT, Beth. Gêneros: Artimanhas


do texto e do discurso. Coleção Linguagens e
Códigos. São Paulo: Escolas Associadas.2001.

31 32
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Os três porquinhos:
os diferentes usos Objetivos das sugestões didáticas

e recursos1
• Trabalhar a literatura oral com crianças, enfatizando as
diversas formas de narrar uma mesma história, além
de promover as práticas de letramento ao oferecer di-
ferentes gêneros: contos de fada, canção, filme, entre
outros.

“A relevância e a produtividade pragmática da


• Abordar diferentes versões da história “Os três Porqui-
língua oral no mundo contemporâneo pode ser nhos”.
facilmente percebida nas mídias, nas deman-
das postas por uma vasta gama de profissões, • Proporcionar o desenvolvimento das capacidades lin-
no uso político da fala e até mesmo nos jogos, guísticas de ler, ouvir e falar com compreensão, atra-
brincadeiras e interações cotidianas (piadas, vés do ensino sistemático das práticas de leitura.
jogos de palavras, chistes), nas quais os desejos
de jovens e de adultos tecem e entretecem suas
subjetividades e, por meio delas, fortalecem ou Iniciando a proposta com as crianças...
enfraquecem suas possibilidades de participa-
ção social. Sua importância é tão evidente que
constitui um desafio enumerar ou mesmo clas-
sificar a infinidade de gêneros dos quais o tra-
balho, as diversões e as artes contemporâneas
lançam mão”.

(BELINTANE, 2000, p. 55).

1. Andressa Baldini da Silva, Beatriz Loge Hashimoto, Debora Regina Marques Sugerimos a leitura da história “Os três porquinhos
de Barros e Thabita Aline Biazon Lopes, alunas do 5º Termo do curso de Peda-
gogia (Vespertino) da Universidade Federal de São Paulo. em cordel”, de Marco Haurélio. A narrativa retoma

33 34
Os Três Porquinhos: os diferentes usos e recursos CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

a história do folclorista australiano Joseph Jacobs, De olho no texto verbo-visual


que a publicou com o titulo original “The story of
the three little pigs”, na Inglaterra em 1890. His-
“CONTA A DONA CAROCHINHA
tória presente no livro Contos de Fada, da editora QUE NUMA TERRA DISTANTE
Zahar, que traz uma coletânea de diversos contos. VIVIA UM LOBO CRUEL,
UM ANIMAL ARROGANTE,
PERSEGUINDO OS OUTROS BICHOS,
Sugestões para começar o encontro COM UMA FOME INCESSANTE.
com o texto
NÃO MUITO LONGE DE ONDE AQUELE LOBO VIVIA,
NUMA BONITA CABANA
Pode-se primeiramente reler trechos da his- DONA PORCA RESIDIA
COM TRÊS FILHINHOS MIMADOS,
tória clássica e perguntar às crianças se elas sa-
AOS QUAIS MUITO BEM QUERIA”.2
bem qual é a obra, e quais são os conhecimentos
prévios delas a cerca dessa história. Em seguida,
pode-se fazer a leitura oral da versão em cordel.
1. Explorar a construção do cordel, permitindo que as
crianças conheçam as sextilhas (seis versos) e possam
comparar com as quadrinhas (quatro versos) mais co-
nhecidas por elas.

2. Abordar as rimas e o ritmo do cordel, sobretudo as


rimas externas3 (distante/arrogante/incessante e vivia/
residia/queria), sempre presentes nos versos pares (2º,
4º e 6º).

2. Trecho de HAURELIO, M. Três Porquinhos: em cordel. São Paulo: Nova Alexandria,


2011.

3. A rima é externa, quando ocorre no final dos versos.

35 36
Os Três Porquinhos: os diferentes usos e recursos CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Compreender os possíveis sentidos e expressões 2. Explorar os diferentes


(Carochinha/ arrogante/ incessante),conversando so- filmes e curtas-metragens
bre o léxico usado. sobre a história. A versão
da Disney,6 1933, pode ser
uma possibilidade, pois
permeia o imaginário de
Fazendo relações com outros textos
diversas gerações. O clássico
verbais e/ou visuais permite pensar nas relações
com as imagens e com a
1. Ler as histórias: Os três Porqui- trilha sonora:
nhos Pobres4 e Outra Vez os Três
Porquinhos5 do autor Erico Verís-
“Quem tem medo do Lobo mau,
simo. Através da narração, explorar
Lobo mau, Lobo mau (Bis)
as adaptações do clássico e iniciar Dou um soco no nariz
uma reflexão acerca da intertextua- Eu dou-lhe um bofetão
lidade com outras obras e gêneros. Eu dou-lhe um pontapé
Derrubo ele no chão
“Vocês viram a fita dos três porqui- Quem tem medo do Lobo mau,
nhos? Pois, bem, vocês são três porqui- Lobo mau, Lobo mau (Bis)”
nhos?
— Semos — disse Linguichinha
Sabugo corrigiu o irmão.
Outra possibilidade seria
— Somos.” (2008, p. 24)
ouvir o conto, as cantigas
“Os três irmãos davam-se as mãos, for-
e trabalhar com o videokê
mavam uma roda e botavam a menina do CD7, para abordar a
no meio [...] (2003, p. 4)”. compreensão do texto oral
e também dos recursos so-
noros.

4. VERISSIMO, Erico. Os três porquinhos pobres. São Paulo: Companhia das Letrinhas,
2008.
6. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=kL5EjA2xu3k>
5. VERISSIMO, Erico. Outra vez os três porquinhos. São Paulo: Companhia das Letrinhas,
2003. 7. Versão da Ciranda Cultural – Sacolinha da Alegria.

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Os Três Porquinhos: os diferentes usos e recursos CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Explorar pin- • Essa história poderá ser reescrita com


turas, na quais as
crianças possam
outra perspectiva, utilizando o livro
visualizar as dife- de dobraduras, “Os três porquinhos”
rentes leituras que (HAHN, 2009)9, e partindo de ques-
podem ser criadas
a partir de uma tões introdutórias como: “ E se os he-
história. Indicação: róis não fossem tão bonzinhos assim?
Os Três Porquinhos
E se o conto fosse contado do ponto de
(2007), de Lourdes
Leite8 vista do vilão?”10 E realizar produções
que caminhem para este sentido.

Produzindo textos com as crianças • Recontar as histórias trabalhadas, in-


dividualmente ou coletivamente. Al-
• Comparar diversas versões do conto gumas perguntas podem nortear essa
em diferentes mídias, atentando para produção, como por exemplo:
as ilustrações, termos, épocas da edi-
ção e ideologias, de maneira que as 1. Quem são os principais personagens?
crianças possam se apropriar das his-
tórias e reescrevê-las, utilizando-se de 2. Conte, em poucas palavras, os princi-
diferentes gêneros: história em quadri- pais eventos do conto.
nhos, peça de teatro, curta-metragem,
paródia, teatro de fantoches, música,
poema, entre outros.
9. HAHN, C. Os três porquinhos. Um livro de dobraduras. Companhia das Letri-
nhas, 2006.

10. MOURA, E. & TEIXEIRA D. O. Chapeuzinho vermelho na cibercultura: por uma


8. Disponível em:<http://www.movimentoartecontemporanea.com/mac/acer- educação lingüística com multiletramentos.In: ROJO, R. H. MOURA, E.(org.) Multile-
vo/46/1132/> tramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

39 40
Os Três Porquinhos: os diferentes usos e recursos

• Expandir a forma de elaboração das


produções das crianças com o auxilio
das chamadas Novas Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs):
curta-metragem, fotolog, stop motion,
entre outros.

Para saber mais

• BELINTANE, C. Linguagem oral na escola em tempos de


redes. In: Educação e Pesquisa. São Paulo, v.26, n.1, p.53-
65, jan./jun. 2000.

• CASCUDO, L. C. Literatura oral no Brasil. São Paulo: Ed.


Da Universidade de São Paulo, 1984.

• GOLDSTEIN, N. Versos, Sons, Ritmos. São Paulo: Ed. Ática,


12º ed. 2000.

• MORAES, F. O. A subalternização em Os três


porquinhos. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, v.26, n.1,
p.53-65, jan./jun. 2000.

• ROJO, R. H. MOURA, E (Orgs.). Multiletramentos na escola.


São Paulo: Parábola Editorial, 2012. 

41
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Coraline no País das


Maravilhas1 • Avaliar a história da personagem, relacionando-a
com protagonistas de outras obras e estimulando a
riqueza da imaginação das crianças;

• Reconhecer o quadrinho como gênero discursivo


“O uso de quadrinhos tem o objetivo de ajudar,
secundário2 que aparece em circunstâncias de co-
motivar e estimular o aluno a desenvolver ha-
municação cultural na forma escrita e que muitas
bilidades, além de ensinar de forma lúdica. Os vezes, em função do enredo desenvolvido, engloba
benefícios serão muitos. As Histórias em Qua- os gêneros discursivos primários correspondentes à
drinhos dão uma extraordinária representação comunicação verbal espontânea.
visual do conhecimento, mostram o que é es-
sencial, ajudam na organização narrativa da
história, são de fácil memorização, enriquecem
a leitura, a escrita e o pensamento e desenvol-
vem conexões entre o visual e o verbal” Iniciando a proposta com as crianças...

(Luyten, 2011, p.25)


Conhecido principalmente por Sandman, Neil
Gaiman é um renomado autor britânico de graphic
Objetivos das sugestões didáticas
novel3, e suas histórias fantasiosas são capazes de
levar ao mundo dos sonhos até o mais pragmático
• Trabalhar textos em quadrinhos com crianças,
dos seres humanos, pois deixam o fantástico pai-
explorando “a linguagem a partir da diversidade
de textos que circulam socialmente” (PCNs, 1997, rando levemente sobre a realidade; não afastando,
p.30); mas também não permitindo que se toquem.
• Relacionar os quadrinhos com outros elementos
da cultura popular, como cinema, desenhos ani-
2. Para mais informações, consultar BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética
mados e jogos eletrônicos; da Criação Verbal. Martins Fontes: 2003

3. Termo cunhado por Will Eisner em 1978, que poderia ser traduzido para o portu-
guês como Novela Gráfica, remete a histórias em quadrinho publicadas em formato
de livro, e que tratam de assuntos mais maduros e complexos, mostrando um coti-
1. Tamires Narumi e Valesca Brites, alunas do curso de Pedagogia da Universi- diano mais próximo à realidade.
dade Federal de São Paulo.

43 44
Coraline no País das Maravilhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Coraline, escrito para sua filha e publicado em imagem e palavra, símbolos e signos. Sua lin-
2002, conta a história de uma garota que gosta de guagem se insere nos campos da cultura e da arte”
explorar o lugar para o qual acabou de se mudar (LUYTEN, 2011, p. 22). Por conter todas essas ca-
com os pais. Em uma de suas explorações, desco- racterísticas, seu emprego na educação escolar é
bre uma porta secreta, que na verdade era um por- de suma importância para a consolidação do pro-
tal para outro mundo, reflexo do mundo no qual cesso de alfabetização.
ela vive, onde coisas perturbadoras acontecem. A
personagem passa por situações assustadoras e Sugestões para começar o encontro
precisa enfrentar seus maiores pesadelos para con- com o texto
seguir se salvar e voltar ao seu mundo verdadeiro.

É possível iniciar as atividades debatendo sobre


o imaginário e/ou as relações familiares e inter-
Há duas versões publicadas da história: narrati- pessoais, relacionando a história de Coraline com
va e quadrinhos. “Hoje as histórias em quadrinhos o clássico Alice no País das Maravilhas, de Lewis
são valorizadas como gênero literário que conjuga Carroll, através de elementos que se assemelham
nas obras.

45 46
Coraline no País das Maravilhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

De olho no texto verbo-visual Fazendo relações com outros textos verbais


e/ou visuais
“Qual é o seu nome?”
“Olhe, eu sou Coraline. Ok?” 1. Analisar as falas de Coraline,
“Quanto mais rápido de Neil Gaiman e Alice, de Lewis
“Gatos não têm nomes” for, mais atrasado
“Não?” chegarei.” Carroll, sob o contexto no qual as
“Não.” - Alice (Alice no país personagens se encontram.
das maravilhas)
“Agora, pessoas têm nomes. Isso acontece porque
vocês não sabem quem vocês são. Nós, os gatos, “Mas como pode você
fugir de alguma coisa
sabemos quem somos, por isso não precisamos de e então voltar até
ela?”
nomes.” 4
- Coraline (Coraline)

1. O trecho selecionado permite que as crianças ana- 2. Comparar a história de Cora-


lisem como se desenvolvem os diálogos na história line com o jogo Epic Mickey, de-
em quadrinhos e discutam como seria esta mesma senvolvido pelo estúdio Junction
conversa em uma narrativa que não se organizasse em Point e publicado pela Disney para
quadrinhos; Nintendo Wii, em que a persona-
gem atravessa um espelho e vai
2. Podemos propor às crianças que reconstruam este parar em um universo paralelo,
mesmo diálogo em um texto dramático ou em um apresentando o trailer do jogo5.
roteiro de filme, destacando as diferenças e fazendo Outro jogo que cuja temática se as-
comparação entre os gêneros; semelha a de Coraline é Kingdom
Hearts, desenvolvido pela Square
3. É possível tratar da questão da identidade e for- Enix e publicado em parceria pela
mação da personalidade, analisando a fala do gato, e Square e a Disney para PlayStation
questionar a compreensão do ponto de vista que sua 2. É possível também explorar o
fala carrega. jogo do próprio livro Caroline, cha-
mado de “Coraline: The Game”.

4. Transcrição do texto verbal de GAIMAN, Neil, RUSSELL, P. C. (ilustrações) Coraline


Graphic Novel Editora ROCCO, 2010. 5. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=4-MnhFSHTxU

47 48
Coraline no País das Maravilhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Explorar as possíveis relações


entre a história de Coraline com o Para saber mais
primeiro livro da série As Crônicas
de Nárnia, O leão, a feiticeira e o
guarda-roupa, de C. S. Lewis, no
qual quatro crianças vão parar num • LUYTEN, Sonia M. B. Quadrinhos na sala de aula. In:
outro mundo através de um portal Revista Salto para o Futuro, Ano XXI Boletim 01, Abril,
dentro de um guarda-roupa. 2011. p. 25.

• OLIVEIRA, Bruno S. Histórias em quadrinhos como recurso


4. Comparar as versões de Corali- metodológico para o ensino de Língua Portuguesa. Iporá:
ne em graphic novels com a adap- UEG, 2010.
tação da narrativa para o filme em
stop-motion: Coraline e o mundo • RAMOS, Paulo. Histórias em Quadrinhos: Gênero ou
secreto (2009). Hipergênero. In: Estudos Linguísticos. v. 38, pp. 1-14,
2009.

• RAMOS, Paulo. Os quadrinhos em aulas de língua


portuguesa. In: RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro.
(Org.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de
aula. São Paulo: Contexto, 2006, pp. 65-85.

• VERGUEIRO, W. C. S; RAMOS, Paulo Eduardo (Orgs.).


Quadrinhos na educação: da rejeição à prática. São Paulo:
Editora Contexto, 2009.

49 50
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Muitas Alices, Iniciando a proposta com as crianças...


Muitas Histórias1

“Alice sofre os percalços do crescimento no so-


nho, mas sai de sua viagem exatamente como
entrou. Era um sonho, acabou, as pálpebras se
abrem, a vida é retomada no mesmo ponto em
que se fecharam.”

(Colasanti, 2003, p.07).

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar as narrativas clássicas infantis com


crianças, relacionando versões da mesma história.

• Explorar a linguagem oral e escrita.


Sugerimos começar chamando a atenção das
• Trabalhar a relação das narrativas clássicas com crianças para que percebam: o formato do livro, o
filmes e pinturas que retratam a mesma história.
título, a capa, a folha de rosto e as orelhas do livro.
Alice no País das Maravilhas foi escrito por Lewis
Carroll e há várias traduções e adaptações para a
língua portuguesa.

1. Gisele Cristina Salazar, Jaqueline Alves Magalhães Venancio, Maria das Do-
res, Marlene Alves dos Santos, Thaisa Tamie N. de Oliveira, alunas do curso de
Pedagogia da Universidade Federal de São Paulo.

51 52
Muitas Alices, muitas Histórias CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

De olho no texto verbo-visual Fazendo relações com outros textos


verbais e/ou visuais

“Uma leitura não existe isolada, mas viaja em nós


Conselhos de uma Lagarta num grande concerto de ecos em que as vozes de
tantos autores e tantos livros se entrelaçam e se
“A Lagarta e Alice olharam-se algum tempo (...) A
Lagarta perguntou: refletem”.
- Quem é você? (COLASANTI, 2003, p.04).
Alice ficou atrapalhada (...) Respondeu afinal com
muito cuidado:
- Eu... bem, eu não sei direito, minha senhora.” 1. Explorar a comparação das
duas narrativas, Alice no metrô e
Alice no País das Maravilhas.

[...] A Alice deste livro é brasileira e encontra


1. No livro, aparece o narrador. Podemos solicitar que no metrô da cidade de São Paulo o seu país
subterrâneo. Penetrando nos mistérios da
as crianças explanem sobre a visão do narrador para
adolescência, cresce com seu corpo, mas
os fatos.
“encolhe” com suas dúvidas e receios. [...]

2. Explorar as falas dos personagens dentro da nar-


rativa e os sinais de pontuações que são usados para 2. Explorar a comparação da
representar um diálogo na forma escrita. Como por narrativa escrita do livro com a
exemplo, o travessão, reticências, sinais de exclamação produção cinematográfica mais
e interrogação. recente da Disney.

3. As crianças podem conversar sobre o léxico em Aos 19 anos, Alice volta ao País das
grupos para que possam compreender os possíveis Maravilhas, fugindo de um casamento
sentidos e metáforas das palavras e expressões: “Esbu- arranjado. No mundo mágico, ela
galhados” “Lacaio” etc. reencontra os personagens estranhos,
como o Chapeleiro Maluco a Rainha Branca
4. Comparar as ilustrações do livro, para que as crian- e a Rainha, inspirados na obra de Lewis
ças percebam a relação da imagem com cada parte Carroll. É nessa jornada fantástica que a
jovem tentará encontrar seu verdadeiro
narrativa.
destino e acabar com o reino de terror da
Rainha Vermelha.

53 54
Muitas Alices, muitas Histórias CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Apresentar e relacionar com


as crianças as características da Para saber mais
narrativa original com os jogos
eletrônicos que têm o mesmo
tema.
• CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. São Paulo:
Alice do País das Maravilhas - Wii Companhia das letras, 1993.

Jogo que permite que você guie, • COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. São Paulo:
proteja e ajude Alice em sua jornada
Ática, 1991.
pelo País das Maravilhas, onde vários
mistérios serão revelados. Ao longo
• COLASANTI, Marina. A leitura sempre renovada – Alice,
do caminho, os jogadores visitam
personagens como o Chapeleiro Louco Pinóquio, Peter Pan. In: Leitura: Teoria e Prática. Ano 21,
e o Gato Risonho, com habilidades Março de 2003, Número 40.
especiais para ajudar a escapar de
armadilhas e solucionar os enigmas. • MARTINS, Aracy; MACHADO, Maria Zélia Versiani. A
Literatura e a versatilidade dos leitores. In: Aracy Alves
Martins (Orgs.). Livros & Telas. Belo Horizonte: UFMG,
4. Apreciar as pinturas dos 2011.
quadros de Salvador Dali que
representam o conto Alice no • ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão
Pais das Maravilhas, fazendo social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
relações entre o conto e as
pinturas.

Para baixo na toca do coelho de


Salvador Dali

55 56
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

A reinterpretação de
Romeu e Julieta para a Objetivos das sugestões didáticas

Literatura Infantil1
• Trabalhar com as crianças a habilidade da recriação
narrativa através da literatura infanto-juvenil.

• Explorar os diferentes estilos literários na reinvenção


de uma mesma história: paródia cantada e poética,
narrativa musical, rimas, associações textual, poesias,
“A literatura infantil tem, assim, potencialmen- etc.
te duas credenciais básicas para ser o caminho
• Incentivar os processos cognitivos de significação das
que poderá conduzir a criança, de forma muito
crianças, estimulando a socialização das diferentes
eficaz, ao mundo da escrita. Em primeiro lu-
reinterpretações que caracterizam a cultura infantil.
gar, porque se prende geralmente a conteúdos
que são do interesse das crianças. Em segun- • Explorar a temática da diversidade e suas contribuições
do, porque através desses conteúdos ela poderá a partir de obras que, baseadas no clássico Romeu e
despertar a atenção da criança para as caracte- Julieta, buscam semear a paz e a reconciliação entre
rísticas sintático-semânticas da língua escrita pares.
e para as relações existentes entre a forma lin-
guística e a representação gráfica.”

(Rego, 1995, p.52). Iniciando a proposta com as crianças...

A leitura da obra Romeu e Julieta, de Ruth Ro-


cha (Editora Salamandra, 2009), apresenta uma
recriação da peça teatral de William Shakespeare
que retrata a história do amor proibido mais co-
nhecido na literatura universal.
1. Carolina Pereira dos Santos, Cláudia Lopes de Souza, Sabrina Vieira Ferreira,
Tatiana Barbosa Rodrigues e Victor dos Santos Moraes, alunos do 5º termo do
curso de Pedagogia (vespertino) da Universidade Federal de São Paulo.

57 58
A reinterpretação de Romeu e Julieta para a Literatura Infantil CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Sugestões para começar o encontro


com o texto

• Iniciar a aula ouvindo a história do li-


vro no áudio gravado pelo grupo Pala-
vra Cantada, CD Mil Pássaros Sete
Histórias de Ruth Rocha (MCD,
1999) que acompanha o livro, disponí-
vel também na internet2. Permitir que
as crianças “saboreiem” a história e a
acompanhem com a imaginação. Des-
O clássico universal “Romeu e Julieta” é, ta maneira, exemplifica-se para crian-
originalmente, um texto teatral. É um gênero ça a importância da oralidade na inter-
híbrido, pois contempla o oral e o escrito. pretação de um texto.
Recriar esta obra e adaptá-la a um conto infantil
(narrativo) implica, pois, num enorme desafio ao • Abrir uma roda de conversa para per-
autor e, consequentemente, ao professor em sala guntar sobre como visualizaram os
de aula ao possibilitarem uma prática de leitura personagens e o cenário, e só depois
dinâmica e interativa com os alunos, capaz de apresentar o livro, ouvindo outra vez a
traduzir a dramatização característica do teatro. história. Isso contribuirá para a inter-
Este elemento é essencial na aplicação desta pretação do texto e desenvolvimento
proposta pedagógica, pois é ele que dará vida ao da criatividade.
texto e permitirá às crianças atribuírem sentido à
atividade de leitura em termos da construção de
conhecimento. 2. Acesse: http://www.radio.uol.com.br/#/album/ruth-rocha/mil-passaros-sete-
historias-de-ruth-rocha/3926

59 60
A reinterpretação de Romeu e Julieta para a Literatura Infantil CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

• Podemos ainda, contextualizar o uso De olho no texto verbo-visual


do livro a partir de uma socialização
da turma entre as histórias de roman-
- Ah, papai,
ce conhecidas pelas crianças para que as rosas são tão cheirosas...
assim possam estabelecer relações in- - Cheiro não é tudo na vida,
meu filho.
terpretativas ao se depararem com o
Lugar de borboleta azul
texto. Pode-se dizer, segundo Vygotsky é no canteiro azul.
(2002), que assim estaremos agindo na Sempre foi assim... (p.10)3

zona do desenvolvimento proximal das


crianças, pois a temática trabalhada é
bem conhecida socialmente (o amor
1. O trecho selecionado ilustra muito bem um posicio-
proibido). namento de resistência muito típico de uma criança
que tem curiosidade sobre o mundo que a rodeia e
com o qual os alunos poderão se identificar durante a
leitura, envolvendo-se com a história.

2. Explorando a capacidade de reprodução inter-


pretativa das crianças descrita por Corsaro (2001),
podemos debater com as crianças sobre o efeito que
depreendem do uso das reticências no texto escrito,
como imaginam que está ocorrendo o diálogo (sentido
de interrupção de um pensamento de forma que o
leitor subentenda o que seria enunciado, transmissão
de emoção para quem lê, entre outros casos) e como
reproduziriam oralmente a conversa a partir do que
imaginam, que entonação dariam a essa fala.

3. ROCHA, Ruth. Romeu e Julieta. Ilustrações de Mariana Massarani. São Paulo: Sala-
mandra, 2009.

61 62
A reinterpretação de Romeu e Julieta para a Literatura Infantil CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. A análise das ilustrações de Mariana Massarani po- 2. Ler e comparar os


tencializa uma prática de leitura que é muito própria Por volta do ano de 1600, trechos de adaptações
das crianças (a qual envolve textos curtos e muitas havia na cidade de Verona, da obra literária. Ajudar
figuras ou desenhos a cada página), ativando o seu na Itália, duas famílias a criança a perceber
inimigas: os Capuletos e os
mundo imaginário sincrético quando entram em con- as diferenças entre um
Montecchio. As razões da
tato com a história. inimizade eram de pouca texto em prosa e outro
importância, mas tinha em verso - o cordel, a
crescido tanto que, naquela partir do mesmo clássico,
altura, bastava que um Romeu e Julieta.
Fazendo relações com outros textos capuleto e um Montecchio
verbais e/ou visuais se encontrassem na rua para
que algo terrível pudesse
acontecer. [...]

1. Explorar a - SHAKESPEARE, William


Há muito tempo, não muito interpretação da – adaptação de Renata
longe daqui. situação exposta Pallottini – Série Reencontro
Havia um reino muito nos livros abaixo, em Infantil – São Paulo: Scipione,
engraçado. 2000
especial nestes trechos.
Todas as coisas eram
separadas pela cor. [...] Discutir com as crianças
as semelhanças dos Aconteceu na Itália,
- ROCHA, Ruth. Romeu textos narrativos, os Na cidade de Verona, esse
e Julieta. Ilustrações de tempos dos verbos, a sinistro episódio
Mariana Massarani. São Onde a Obra menciona
criação e descrição de
Paulo: Salamandra, 2009 Que sendo contra o amor
cenários e personagens.
O ódio não funciona.
Havia uma cidade de Cá e Além disso, pode-se
a cidade de Lá. Entre elas também, discutir o Enfoca duas famílias
passava um rio enorme. valor da diversidade e o Ricas da sociedade:
Como não existia ponte, era perigo da segregação. Montéquios e Capuletos,
impossível atravessá-lo. [...] Que agitavam a cidade
Com uma velha pendenga
- SAUERESSIG, Simone. Um De mortal inimizade. [...]
rio pelo meio. São Leopoldo,
RS: Sinodal, 1996 - MARINHO, Sebastião.
Romeu e Julieta em cordel
– Clássicos em cordel. São
Paulo: Nova Alexandria, 2011.

63 64
A reinterpretação de Romeu e Julieta para a Literatura Infantil CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Trabalhar com as 4. Apreciar diferentes


crianças a significação ilustrações de Romeu e
das histórias, Julieta, percebendo a
utilizando-se dos três riqueza da recriação do
livros: Romeu e Julieta conto e da arte. Ajudar as
(Ruth Rocha), Romeu crianças a perceberem a
e Julieta em cordel diferença entre ilustrações
(Sebastião Marinho) e “comuns” nos livros
Romeu e Julieta (Willian infantis e ilustrações
Shakespeare adaptado comuns às narrativas de
por Renata Pallottini). cordel. Selecionar outras
Apresentar também o ilustrações de livros infantis
filme Gnomeu e Julieta4 e livretos de cordel para
e o vídeo Mônica e exemplificar a diversidade
Cebolinha no Mundo das ilustrações, bem como
de Romeu e Julieta. a liberdade dos artistas na
Perceber as semelhanças criação de personagens e
e diferenças entre as traços artísticos. Incentivar
recriações. Questionar a liberdade de expressão
sobre a versão que mais artística. Além disso, o
agradou as crianças professor pode pesquisar
e sobre que relações com as crianças como são
podemos estabelecer feitas essas ilustrações,
entre o livro trabalhado tanto no trabalho em
de Ruth Rocha e os série (desenho gráfico e
vídeos em termos de impressões de livros), como
língua(gem). no trabalho individual
(desenhistas manuais e
artistas de xilogravura).
É possível visitar com a
turma o site da ilustradora
Mariana Massarani (http://
marianamassarani.
blogspot.com.br).
4. Gnomeu e Julieta Kelly Asbury. EUA, Reino Unido, 2011

65 66
A reinterpretação de Romeu e Julieta para a Literatura Infantil CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Produzindo textos com as crianças


Para saber mais

• Contar às crianças o mito grego, Píra-


mo e Tisbe, que inspirou o romance • CORSARO, W. Cultura de pares e reprodução
trágico de William Shakespare e outros interpretativa. In: Sociologia da Infância. Porto Alegre:
Artmed, 2001, pp. 126-152.
escritores, até nos nossos dias, como
é o livro de Ruth Rocha. Desafiar as • LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo.
crianças a desenvolverem versões cria- Lisboa, Livros Horizonte, 1978.

tivas desse clássico, em conto, poesia • REGO, L. L. B. Literatura infantil: Uma nova perspectiva
e/ou cordel – apresentações em livros da alfabetização na pré-escola. São Paulo: FTD, 1995.
e áudios.
• VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o
desenvolvimento dos processos psicológicos
• Uma opção é propor uma dramatiza- superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

ção teatral da história, propiciando


relações intertextuais com outras pro-
duções aqui apresentadas, incentivan- Programa televisivo
do a capacidade inventiva e criativa
das crianças através do jogo simbólico.
Busca-se, aqui, propiciar uma situação
que coloquem as crianças em ativida-
de do ponto de vista psíquico, como
aponta Leontiev (1978), motivadas
pelo interesse na ludicidade, elemento
de uma de suas necessidades básicas: • Programa Jogo de Idéias com Ruth Rocha
(http://www.youtube.com/watch?v=RLE43ngoRq8)
o brincar.

67 68
A reinterpretação de Romeu e Julieta para a Literatura Infantil

Sites para navegar com as crianças...

• Site Oficial da Ruth Rocha


(http://www2.uol.com.br/ruthrocha/home.htm)

• Biblioteca Ruth Rocha


(http://www.bibliotecaruthrocha.com.br/)

69
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

“Os Miseráveis” em um
contexto sociocultural A proposta pedagógica é:

atual – além de
Victor Hugo1 • Utilizar com as crianças do Ensino Fundamental I um
dos livros indicados pelo Ministério da Cultura para o
PROLER (Programa Nacional de Incentivo a Leitura),
da Fundação Biblioteca Nacional – FBN.

• Explorar as diferentes realidades sociais por meio


“Ensinar literatura não é apenas elencar uma de diversas linguagens e gêneros como o cordel e
série de textos ou autores e classificá-los num poemas.
determinado período literário, mas sim revelar
ao aluno o caráter atemporal, bem como a fun- • Explorar os diferentes estilos de linguagens em
ção simbólica e social da obra literária. A lite- ilustrações em aquarelas e em xilogravuras, atentando
para a diferença entre os estilos e linguagens, e seus
ratura deve desempenhar, assim, a sua função
objetivos ao serem usadas em uma obra.
social, ou seja, o estudo de literatura deve aju-
dar os alunos a compreender a si próprios, sua
• Imbricar e interligar a literatura clássica erudita com a
comunidade e seu mundo mais profundamente,
realidade atual através de reflexões por meio de rodas
percebendo com isso as possibilidades de signi-
de conversa sobre as vivências cotidianas, e sobre os
ficação que o texto literário permite.”
outros materiais diversos apresentados.
(Martins, 2006 p. 91)
• Trabalhar os conceitos de obra original e uma obra
adaptada, e as diferenças e semelhanças entre uma
obra original e uma adaptação.

1. Angélica Rafaela de Lima Freitas, Bruna C. Mirahy de Lima, Jessica Blasques


da Silva e Tayná Mota Santos Figueiredo, alunas do 5º Termo do curso de Pe-
dagogia da UNIFESP.

71 72
“Os Miseráveis” em um contexto sociocultural atual – além de Victor Hugo CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Iniciando a proposta com as crianças... ca, 2007) da obra clássica erudita de Victor Hugo,
apresenta ilustrações de Gérard Dubois5 diversifi-
A sugestão didática, que visa alcançar os objeti- cadas e expressivas que possibilitam a recriação do
vos observados acima, pode ser realizada de forma universo e do ambiente vivido na época retratada.
interativa, contanto que promovamos a participa- Com muitas cores em sua maioria escuras, realça
ção ativa dos educandos. Pode ser iniciada com a decadência moral e social que o texto denuncia.
a leitura do livro feita pelo(a) professor(a) para a
classe de forma gradual, sendo um capítulo por dia
(tendo por base que o livro contém nove capítu-
los), de forma a mostrar as ilustrações e perguntar,
questionar sobre o que está sendo lido, apontan-
do as críticas sociais, e questionando como Victor
Hugo2 mostra isso em sua obra, ou também como
ele retrataria nossa sociedade atual.
O livro “Os Miseráveis”, adaptação por Luc Le-
fort3 e tradução de Luciano Vieira Machado4 (Áti-

2. Foi um escritor francês, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista, exercen-


do um importante papel na luta pelos direitos humanos francês nas causas repu-
blicanas, com grande atuação política em seu país. Deu força ao Romantismo e sua
eloquência e paixão que redigia em suas obras o trouxe o reconhecimento ainda
jovem. Temos como obras de destaque “O Corcunda de Notre-Dame” (1831), “Odes”
(1822), “Os Miseráveis”, dentre outras. Fonte: HUGO, Victor. Os Miseráveis. Adaptação
Luc Lefort. http://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Hugo.

3. Escritor e adaptador de outros clássicos como Ali Babá e os quarenta ladrões; O


médico e o monstro; Drácula entre outros.

4. Licenciado em letras pela Universidade de Brasília. Retentor de onze prêmios na-


cionais por traduções de obras do inglês, alemão, francês e espanhol. Fonte: http://
www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00618 5. Pintor nascido em Paris em 1968.

73 74
“Os Miseráveis” em um contexto sociocultural atual – além de Victor Hugo CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Sugestões para começar o encontro De olho no texto verbo-visual


com o texto

Certa noite uma mendiga, sem nenhum agasalho, ia


• Antes de começarmos a leitura e con- passando a porta do estabelecimento no instante em
textualização da obra, podemos ler a que dois jovens burgueses saíam de lá. Bem protegidos
por seus casacos e chapéus de abas largas chamados
biografia do autor, que está disponível
boíveres, em moda na época, os dois jonotas estavam
na própria obra sugerida, na página 58. Bêbados e zombavam de tudo. Um deles, que
Esta parte do livro traz outras referên- acabara de jogar um punhado de neve no pára-lama
de carruagem, achou divertido ir seguindo a pobre
cias, sendo intitulada como: “Por trás miserável, sem fazer o menor ruído; morrendo de rir,
da história”, onde encontramos deta- ele enfiou uma bola de neve no alto de suas costas.
Sufocada a princípio, a mulher gritou um “não”
lhes sobre a cidade e a época vivida por
assustador. Depois ela se voltou e partiu pra cima
Victor Hugo. dele, gritando e dando socos no ar. (...) Um policial
que estava na esquina aproximou-se e agarrou-a
brutalmente pelo braço. (p.25)
• Após o trabalho com a biografia do au- (...)
tor, podemos questionar em uma roda – Ir para a prisão, senhor? – gemeu ela, desvairada.
de conversa sobre o que as crianças – Não! Quem vai pagar, enquanto isso, a pensão da
minha filha?Minha Cossette, que está tão longe e
acham que será a história, observando acaba de completar oito anos. Eles aumentaram ainda
o título e a imagem da capa; indagan- mais o preço! Está sendo tão difícil pagar. (P.26)
do-as sobre a posição da menina que
está debaixo da mesa, sobre o que tem
para comer e sobre onde acham que a
1. Este trecho do livro permite que as crianças com-
menina está. parem a narração com as ilustrações presentes nas
páginas 25 e 26, onde aparecem Fantine em estado
decadente com um dos jovens a observando, e a figura
do oficial que a prende.

75 76
“Os Miseráveis” em um contexto sociocultural atual – além de Victor Hugo CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

2. As sequências narrativas permite-nos trabalhar o Fazendo relações com outros textos


uso temporal dos verbos, dando destaque aos verbos verbais e/ou visuais
no passado no tempo pretérito que também são poucos
usados no cotidiano das crianças e podem ser objetos
de conhecimento na escola, como: “passara”, “acabara”, 1. Possibilitar aos estu-
e “agarrou-a”. Os Miseráveis em cordel
dantes a percepção da
diferença entre as duas
3. As crianças podem procurar a definição da palavra Sem querer ir adiante produções textuais,
“miserável” em seus dicionários e, logo após, podem Falou em tom de lamento: identificando a estrutura
- Eu estou preste a dormir do cordel em sextilhas
conversar sobre o possível sentido da expressão: “pobre Na rua mesmo, ao relento!
miserável” no texto em análise. (seis versos)
Ninguém quer me dar
pousada
4. A oralidade pode ser trabalhada por instigarmos Pois eu sou um ex-detento.
uma discussão, perguntando qual seria um possível
Há poucos dias saí
desfecho para esta parte da história, quem elas acham
Da mais horrenda prisão,
que está com a razão e se era necessário de fato que Fui condenado porque
Fantine fosse presa. Roubei um naco de pão
Para dar aos meus sobrinhos
5. As palavras “boíveres” e “janotas” presentes no trecho Que estavam com precisão
podem ser trabalhadas de modo a ser apresentado
Há cinco anos recluso,
o significado destas, tentando antes ouvir hipóteses Depois que fui condenado,
formuladas pelas crianças, para que possam, além de Fui intentar de fugir
compreender e enriquecer seus vocabulários, construir Tive um pior resultado;
seus próprios sentidos e significados. Quatorze anos a mais
Lá me deixaram largado. [...]

- Viana, Klevisson. O
miseráveis em cordel. São
Paulo: Nova Alexandria, 2008,
p. 19

77 78
“Os Miseráveis” em um contexto sociocultural atual – além de Victor Hugo CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

2. Relacionar a contex- 3. Comparar a obra clás-


Vitor nasceu no jardim das tualização de “Os Mi- sica original com a adap-
margaridas seráveis” (adaptação) tação. Por tratarmos de
Erva-daninha nunca teve com o contexto atual uma apresentação de uma
primavera
expresso por meio do obra clássica, faz-se neces-
Cresceu sem pai sem mãe
sem norte sem seta poema lido ou decla- sário este processo para a
Pés no chão, nunca teve mado por Sergio Vaz6 compreensão dos alunos
bicicleta em vídeo7. Após a leitu- para o que está sendo
ra e relação entre as duas trabalhado. Para iniciar, ler
Já Hugo não nasceu, estreou produções, questionar na adaptação de Luc Le-
Pele branquinha, nunca teve
e discutir em uma roda fort, na pág 58, o trecho
inverno
tinha pai, mãe, caderno e de conversa as relações destacado bo box ao lado.
fada-madrinha estabelecidas entre a “Você conheceu uma Após a leitura deste tre-
obra clássica erudita e a parte desse romance. cho, mostrar aos alunos os
Vitor virou ladrão vivência cotidiana. As mais de mil páginas dois volumes da obra “Os
Hugo salafrário de Os miseráveis trazem Miseráveis”, Hugo, Victor/
Um roubava por pão muitas aventuras e
O outro para reforçar o COSAC NAIFY. De forma
suspense: o inspetor Javert,
salário visual, deve-se perguntar
implacável, persegue Jean
Um usava capuz Valjean aonde quer que
qual a primeira diferença
O outro gravata... que notam, esperando
ele vá; Cosette cresce e se
apaixona; os Thénardier que esta seja o volume e
- Vaz, Sergio. O colecionador
perdem a hospedaria e a quantidade de páginas.
de pedras. São Paulo: Global,
2007 . caem na marginalidade. Circular o livro para que
Existem personagem todos na classe folheiam-
apaixonantes como o no e reparem que há
comovente Gavroche menos ilustrações, e que
- simbolo dos meninos trata-se de uma obra mais
de rua de Paris- que densa. Comparar um dos
foge de casa pra não se
6. Autor dos livros “Subindo a ladeira mora a noite”, “A margem do vento”, “Pensa- capítulos da obra original,
transformar num bandido.
mentos vadios”, “A poesia dos deuses inferiores”, “Literatura, pão e poesia” entre com a adaptação de Luc
Vale a pena conhecer a
outros; publicados independentemente, com o apoio da Cooperifa e da Faculdade Lefort. Discutir com os
Taboão da Serra. Fonte:http://musicapoesiabrasileira.blogspot.com.br/2008/04/ história inteira!”
srgio-vaz-o-poeta-da-periferia.html
alunos as diferenças e se-
melhanças apresentadas,
7. Vídeo: Sergio Vaz declama “Os Miseráveis”:
para a construção de seu
http://www.youtube.com/watch?v=LKwwwok2clw
próprio conhecimento.

79 80
“Os Miseráveis” em um contexto sociocultural atual – além de Victor Hugo CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

4. Apreciar as diferentes Produzindo com as crianças


ilustrações das duas
obras apresentadas, a
pintura em aquarela de • As crianças poderão produzir, com base
“Os miseráveis” de Gérard nos conhecimentos adquiridos no de-
Dubois, 2007 e as figuras
que imitam xilogravuras correr das aulas, cordéis em sextilhas,
de Murilo e Cintia, 2008 pequenas canções ou poesias referen-
de “Os miseráveis em cor-
tes às problemáticas sociais percebidas
del”, de forma a atentar a
diferenças de estilos e lin- a partir da leitura da obra “Os Miserá-
guagens, como também veis”. De forma a visarem adequação de
semelhanças na intencio-
nalidade da história. suas produções e intencionalidades,
tanto na linguagem escrita como na
oral, a quem serão dirigidas, que nesse
caso serão colegas da escola, com o in-
tuito de que esses aprendam um pouco
sobre o assunto.

• Com a intenção de inserir diversas for-


mas de linguagem e frisar as suas dife-
renças, bem como semelhanças comu-
nicativas, as produções das crianças
para que sejam apresentadas a outras,
poderão ser gravadas em vídeos, em
áudio, em pinturas e cartazes.

81 82
“Os Miseráveis” em um contexto sociocultural atual – além de Victor Hugo

Para saber mais

• FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala


de aula. Contexto.

• MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais


desafios do professor? In: BUNZEN, C. ; MENDONÇA,
M. (Orgs.) . Português no ensino médio e formação do
professor. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2006.

• VIEIRA, Alice. Formação de leitores de literatura na


escola brasileira: caminhadas e labirintos. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/
a0938134.pdf. Acesso em: 18/12/2012.

Documentário

• O documentário produzido pela Discovery traz o


contexto da época da obra e a vida Victor Hugo. http://
www.youtube.com/watch?v=kJmIe8KvCLQ

83
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

O Gato Malhado
e a Andorinha Sinhá • Sensibilizar os alunos para a intertextualidade
presente em uma mesma narrativa (utilização
de Jorge Amado1 de poemas no decorrer da narração);

• Perceber que o texto traz em sua tessitura


marcas da vida e escolhas do autor,
“A narração se caracteriza por relatar situações, pesquisando um pouco mais sobre vida e
fatos e acontecimentos, reais ou imaginários. obra do autor em análise.
Toda história mobiliza personagens, situados
em um determinado tempo e lugar. Segundo
Bronckart, a sequência narrativa é sustentada
por um processo de intriga que consiste em Iniciando a proposta com as crianças...
selecionar e organizar os acontecimentos de
modo a formar um todo, uma história ou ação
completa, com início meio e fim”.

(KÖCHE; BOFF e MARINELLO, 2010, p.12)

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar os principais elementos da narrativa


(foco narrativo, personagens, narrador, tempo
e espaço) presentes no livro O Gato Malhado
e a Andorinha Sinhá, bem como relacioná-los
com outra obra de Jorge Amado, como A bola O primeiro contato das crianças com a obra se-
e o goleiro; ria através da leitura do livro O Gato Malhado e
a Andorinha Sinhá, de Jorge Amado. Indicamos a
versão da Editora Companhia das Letras, para que
1. Ava Andrade, Caroline Esteves, Hugo Barreto e Karen Jacomino, alunos do 5º
Termo do curso de Pedagogia (Noturno) da Universidade Federal de São Paulo.
se possa trabalhar a narrativa com as crianças.

85 86
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá de Jorge Amado CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Sugestões para começar o encontro são da história a partir do que foi visto,
com o texto quem são os personagens que apare-
cem, e se é perceptível a presença da
• Podemos iniciar a exploração da obra participação do narrador no trecho em
com a sala, através da leitura em voz análise.
alta do poema sobre o amor do Gato
Malhado e da Andorinha Sinhá, pro-
posta pelo próprio autor, Jorge Amado,
no começo do livro:

“O mundo só vai prestar


Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha” Teaser da peça O gato Malhado e a
andorinha Sinhá

• Outra alternativa para iniciar um diá-


logo entre o texto e as crianças é atra-
vés da apresentação do vídeo “Teaser
O gato Malhado e a andorinha Sinhá”.
Neste momento, podemos questionar
as crianças se é possível a compreen-

87 88
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá de Jorge Amado CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

De olho no texto verbo-visual 2. O trecho escolhido permite que os alunos iniciem


uma reflexão sobre o papel do narrador, no decorrer
da história (se ele é participativo ou não, se ele é inte-
grante da história ou não);
Parêntesis
3. Pode-se trabalhar com a questão dos personagens
(A história que a Manhã contou ao Tempo para destacando quais são eles (Manhã, Tempo, Sapo Curu-
ganhar a rosa azul foi a do Gato Malhado e da An- ru, Vento etc.) e o porquê de estarem com letras maiús-
dorinha Sinhá; ela a escutara do Vento, sussurrada culas no texto;
com enigmática expressão e alguns suspiros— a
voz plangente. Eu a transcrevo aqui por tê-la ou- 4. Promover a expansão do vocabulário, mediante o
vido do ilustre Sapo Cururu que vive em cima de uso de palavras de significado desconhecido às crian-
uma pedra, em meio ao musgo, na margem de um ças ou dúvidas de quando usá-las, partindo da análise
lago de águas podres, em paisagem inóspita e de- do trecho; em palavras como: inóspita, sapiente, dou-
solada. Velho companheiro do Vento, o eminente tor honoris causa, cultor, acupuntura, línguas mortas,
Sapo Cururu contou-me O caso para provar a ir- sânscrito e benemérito.
responsabilidade do amigo: desperdiça-se o Vento
em fantasias em vez de utilizar as longas viagens
pelo estrangeiro para estudar comunicação, sâns-
crito ou acupuntura, assuntos de nobre proveito.
O Sapo Cururu é Doutor em Filosofia, Catedrático
de Lingüística e Expressão Corporal, cultor de
“rock”, membro de direito, correspondente e be-
nemérito de Academias nacionais e estrangeiras,
famoso em várias línguas mortas.) [...]Pág. 20

1. Primeiramente, o trecho representado permite que


se discuta a importância do parêntesis na língua portu-
guesa, destacando, quando o utilizamos, de que forma
e para quê; identificando ainda a construção que o
autor faz no decorrer da obra (como exemplo as inter-
venções do narrador, que ele as chama de “Parêntesis”
e a importância deste recurso na narrativa;

89 90
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá de Jorge Amado CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Fazendo relações com outros textos verbais 2. A partir das ilustrações


de Carybé, pode-se
e/ou visuais trabalhar a aparição dos
personagens na obra, bem
como a intencionalidade
SONETO DO AMOR AMOR É UM FOGO da história. Por exemplo,
IMPOSSÍVEL QUE ARDE SEM SE VER na ilustração que mostra
a Andorinha Sinhá e um
A Andorinha Sinhá Amor é um fogo que arde sem se ver;  coração, demonstra o amor
A Andorinha Sinhô  É ferida que dói, e não se sente;  que ela sente pelo gato ou
Andorinha bateu asas É um contentamento descontente;  pode se ter alguma outra
e voou. É dor que desatina sem doer. 
leitura. E assim pode-se
 
pensar em todas as imagens
Vida triste minha vida. É um não querer mais que bem querer; 
Não sei cantar nem voar. É um andar solitário entre a gente;  e quais personagens são
Não tenho asas nem É nunca contentar-se e contente;  retratados. Além disso, os
penas. É um cuidar que ganha em se perder;  alunos podem pesquisar
Não sei soneto escrever. sobre a relação de amizade
É querer estar preso por vontade;  que existia entre o ilustrador
Muito amo a Andorinha. É servir a quem vence, o vencedor;  Carybé e Jorge Amado2
Com ela quero casar. É ter com quem nos mata, lealdade. 
Mas a andorinha não quer.
Mas como causar pode seu favor  3. Entender a passagem
Comigo casar não pode Nos corações humanos amizade,  temporal do livro, através
Porque sou gato malhado. Se tão contrário a si é o mesmo Amor?  do texto “Por que existem
Ai! as estações do ano?” da
  — Luís Vaz de Camões, in “Sonetos” Revista Mundo Estranho,
— Gato Malhado possibilitando a todos
uma compreensão dos
padrões climáticos das
estações do ano como
1. Pode se trabalhar com o Soneto, um recurso utilizado fenômenos da natureza
pelo autor no decorrer da narração. Possibilitando às crianças e como se relacionam
a percepção da semelhança entre as duas produções com os sentimentos dos
textuais (Soneto do Amor Impossível e Soneto de Camões), personagens. É possível
identificando primeiramente a estrutura do soneto, numa
formação fixa de 14 versos dispostos em 04 estrofes, sendo
dois quartetos e dois tercetos; bem como, a temática de 2. http://oglobo.globo.com/cultura/entre-amigos-orixas-amado-caymmi-
carybe-5618208
ambos - o amor.

91 92
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá de Jorge Amado CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

relacionar as estações do 5. Explorar duas ou mais


ano com os principais obras de Jorge amado,
acontecimentos da história. uma vez que o documen-
Deste modo, primeiro vem tário descreve onde ele vi-
à primavera e o início da veu e escreveu suas obras.
paixão; depois, com o verão Propomos a comparação e
quente o desabrochar dos identificação de elementos
sentimentos e o conflito da narrativa, a partir, dos
(quando surge o rouxinol livros: “O Gato Malhado e a
e se disputa o amor da Andorinha Sinhá” e “A bola
andorinha); no outono há o e o goleiro”, da Editora Com-
clímax por conta dos outros panhia das Letras. Pode-se
animais e suas oposições considerar os conhecimen-
ao romance; traz consigo tos das crianças sobre os
a melancolia, o medo da elementos da narrativa.
solidão e a dor. Por fim, o Uma sugestão é apresentar
desfecho se dá no inverno, para a criança uma possibi-
frio e triste como o coração lidade de reconhecer estes
dos amantes. elementos a partir de uma
tabela em que se caracterize
a estruturas de uma narra-
4. Possibilitar o contato tiva (foco narrativo, perso-
da criança com a vida e nagens, narrador, tempo e
obra do autor. Deste modo, espaço).
pode-se apresentar um
documentário e discutir as
principais informações.
Produzindo textos com as crianças

A partir do que foi apreendido sobre a biografia


do autor, será proposto que a criança compare com
a plataforma na internet Wikepedia, de modo a
perceber eventuais erros, semelhanças ou omis-
sões de parte da história do autor em tal platafor-
ma que é pública.

93 94
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá de Jorge Amado

Para saber mais

• FAGUNDES, Alexandra Angela; CINTRA, Jardel Francisco;


CINTRA, Thaíla de Sousa; FALEIROS, Monica de Oliveira.
A narrativa de o Gato malhado e a Andorinha Sinhá: uma
história de amor de Jorge Amado: fiando e desfiando a
literatura infantil. In: Revista Eletrônica de Letras, v. 3,
n.1, 2010. Disponível em http://periodicos.unifacef.
com.br/index.php/rel/article/view/393

• KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura


e produção textual: gêneros textuais do argumentar e
expor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 11-20.

• ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11.ed.


São Paulo: Global, 2003.

• Website: www.jorgeamado.com.br

95
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

As Aventuras de Pinóquio:
as diversas versões para Objetivos das sugestões didáticas

a mesma história1
• Trabalhar a versão original da obra As aventuras de
Pinóquio, de Carlo Collodi2, com as crianças para pos-
sibilitar aprendizagens sobre o gênero conto mara-
vilhoso;

• Incorporar o texto literário às práticas cotidianas em


sala de aula; valorizando a leitura literária como fon-
“Daí a importância da Literatura Infantil, nes- te de prazer e de informação;
tes tempos de crise cultural: cumprindo sua
tarefa de alegrar, divertir ou emocionar o es- • Mostrar as possibilidades de adaptações desta his-
pírito de seus pequenos leitores ou ouvintes, tória em diversas mídias e versões que se distanciam
leva-os, de maneira lúdica, fácil, a perceberem dos enfoques escolares tradicionais;
e a interrogarem a si mesmos e ao mundo que
os rodeia, orientando seus interesses, suas as- • Propor a recontação da história pelos alunos em ou-
pirações, sua necessidade de autoafirmação ou tros formatos, como, por exemplo, o uso de tecnolo-
de segurança, ao lhe propor objetivos, ideais ou gia Stop Motion3 e maquetes.
formas possíveis (ou desejáveis) de participa-
ção social”.
(COELHO, 1981, p.3).

2. Carlo Collodi é o pseudônimo de Carlo Lorenzini ( 1826-1890), nasceu em Florença,a


Itália. Foi jornalista, crítico musical e dramaturgo. Começou a escrever literatura in-
fantil em 1875. Em 1881, publicou um folhetim chamado Storia di um burattino (A
Estória de um Boneco), no jornal Gionale dei Bambini de Roma. A continuidade das
aventuras do Boneco em novos folhetins, o levou ao sucesso e a publicação do livro
As Aventuras de Pinóquio, em 1883.

1. Amanda Magnani, Carl Pissato, Jessica Sacuman e Sidney Paulo Alves Jú- 3. O Stop Motion é uma técnica cinematográfica que usa a repetição de fotos de bo-
nior, alunos do 5º Termo do curso de Pedagogia (Vespertino) da Universidade necos de massinha realizando alguma ação para montar uma sequência de imagens
Federal de São Paulo. que dê a impressão de movimento.

97 98
As Aventuras de Pinóquio: as diversas versões para a mesma história CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Iniciando a proposta com as crianças... Sugerimos o trabalho com as diversas possibili-


dades de recontar um conto maravilhoso através de
O livro de Carlo Collodi, As aventuras de Pinó- mídias pouco exploradas no âmbito escolar; além
quio, traduzido por Marina Colasanti, com ilus- de estudar este gênero no âmbito da formação do
trações de Odilson Moraes, é a primeira e original leitor literário.
versão deste conto maravilhoso. Porém, não é a
única, pois existem muitas versões em variados Sugestões para começar o encontro
gêneros. As Aventuras de Pinóquio foram lançadas com o texto
em 1881, em um jornal italiano dirigido a crianças,
com o nome de Storia di um burattino. A primei- • Propor uma roda de leitura para explo-
ra edição em livro apareceu em 1883. Desde então, rar com as crianças o título, a capa, al-
tornou uma referência para gerações de crianças gumas ilustrações, subtítulos e outras
no mundo inteiro. informações a respeito do autor e da pu-
blicação desta obra. Nesta roda de lei-
tura, sugerimos a leitura em grupos do
primeiro capítulo do livro Como foi que
mestre Cereja, marceneiro, encontrou
um pedaço de madeira que chorava e ria
como uma criança, e a contextualização
do enredo.

• Após esse primeiro momento de co-


nhecimento e familiarização com a
obra literária, sugerimos uma roda de
conversa para discutir a respeito da

99 100
As Aventuras de Pinóquio: as diversas versões para a mesma história CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

história e das experiências das crianças 2. Com a leitura e o estudo desta obra é possível traba-
lhar com a pontuação e seus usos. Ao longo de toda a
em relação ao seu contato com o gêne- obra, podemos observar pontos finais, de exclamação,
ro conto maravilhoso. de interrogação e reticências.

3. Há também a possibilidade de trabalhar os aspectos


do gênero conto maravilhoso, como por exemplo, a
De olho no texto verbo-visual
narrativa que ocorre em um espaço fora da realidade;
os fenômenos que não obedecem às leis naturais que
nos regem; os personagens que possuem poderes
sobrenaturais e que sofrem metamorfoses ao longo da
“Era uma vez... história; a personificação do bem e do mal etc.
— Um rei! — dirão logo os meus pequenos leitores.
— Não crianças, erraram. Era uma vez um pedaço de 4. A leitura também dá a chance de explorar o voca-
madeira. bulário e ensinar novos significados de palavras que
Não era uma madeira de luxo, mas uma simples acha, as crianças ainda não conheçam e contextualizá-los,
daquelas que no inverno se põem nas estufas ou nas como por exemplo, a palavra “estufa”.
lareiras para acender o fogo e aquecer a casa.”

(COLLODI,2002, p.7)
Fazendo relações com outros textos
verbais e/ou visuais

“Formar um leitor competente supõe formar alguém


que compreenda o que lê; que possa aprender a ler
1. O livro de Collodi permite que as crianças reflitam também o que não está escrito, identificando ele-
e discutam sobre aspectos da literatura infantil, como mentos implícitos; que estabeleça relações entre o
por exemplo, a atitude narrativa. Neste caso em espe- texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que
cífico, a atitude do narrador é tradicional onde o nar- vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que
rador coloca-se no mesmo plano de visão que o leitor, consiga justificar e validar a sua leitura a partir da
em relação a fatos do passado. É uma voz familiar que localização de elementos discursivos.”
tende a anular as distâncias entre a obra e o leitor;
(PCNs,1997, p.41)

101 102
As Aventuras de Pinóquio: as diversas versões para a mesma história CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

1. Através do livro Que história é 3. Com a releitura do conto


essa, conhecer a significação do maravilhoso para o cinema, há
autor Flávio de Souza para o final a possibilidade de trabalhar as
da história do Pinóquio. Além disso, diferentes versões para o conto
é possível trabalhar com os aspectos de Collodi. A versão do Walt
históricos do conto maravilhoso Disney, que é tão famosa quanto
escrito por Collodi. o conto original, se distancia
muito deste último, dando-nos
Livro Que história é essa? – Flávio a possibilidade de compará-los,
de Souza – livro que reconta os analisá-los e contextualizá-los. Já o
finais das histórias de acordo com a filme Pinóquio 3000 retrata como
significação do autor. Um desses finais seria a história da Marionete no
é o do Pinóquio, além disso, apresenta futuro, onde há oportunidades para
um pouco da história deste conto explorar o tempo e o contexto em
maravilhoso e compara a versão de que as versões de passam.
Collodi e de Walt Disney.

2. O livro As Novas Aventuras do


Pinóquio - Tudo quanto se pode fazer
com um nariz comprido além de
dizer mentiras traz a possibilidade
de trabalhar com textos não verbais Produzindo textos com as crianças
que representam atitudes que o
personagem Pinóquio poderia
fazer com seu nariz comprido. Stop Motion
O próprio livro traz uma sugestão
de atividade, onde propõe que as
crianças desenhem o que fariam As crianças podem produzir, em grupos, vídeos
com um nariz comprido. É composto utilizando a técnica Stop Motion, onde seria retra-
basicamente por ilustrações e é muito
divertido, estimula a criatividade
tado algum acontecimento ou passagem do livro As
e propõe que as crianças também Aventuras de Pinóquio, que mais chamou a atenção
desenhem o que elas podem fazer para os determinados grupos.
com um nariz comprido.

103 104
As Aventuras de Pinóquio: as diversas versões para a mesma história

Maquete

Reprodução, em grupos, de uma cena da história


que se destacou para eles através da montagem de
uma maquete. Quando os produtos estiverem fina-
lizados, sugerimos que se faça uma exposição para
toda a escola, para os pais e responsáveis e também
para a comunidade, onde as crianças, além de mos-
trar o resultado do trabalho, poderão explicar todo
o processo de criação.

Para saber mais

• COELHO, Nelly Novaes. A Literatura Infantil. São Paulo:


Quíron, 1981.

• COLASANTI, Marina. A leitura sempre renovada – Alice,


Pinóquio, Peter Pan. In: Leitura: Teoria e Prática. Ano 21,
Março de 2003, Número 40.

• RODARI, Gianni. Gramática da Fantasia. São Paulo:


Summus, 1982.

105
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Experimentando poemas:
uma saborosa e divertida • Apresentar de diversas modalidades de se produzir
poemas: oral, escrita e visual.
aventura1
• Colocar a criança em contato com o poema,
destacando a sonoridade, a rima, as cores, as
imagense os movimentos.
“A literatura infantil é, antes de tudo, literatura;
ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que
representa o mundo, o homem, a vida, através
Iniciando a proposta com as crianças...
da palavra. Funde os sonhos e a vida prática,
o imaginário e o real, os ideais e sua possível/
impossível realização”.
(COELHO, 2000, p. 9).

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar os poemas, aproximando o


imaginário da criança e os mais variados
elementos poéticos;

• Trabalhar gêneros textuais do discurso, que


se relacionam com os poemas, tais como:
trava-línguas, cantigas de roda, poemas
líricos, trocadilhos, poemas-piada, desafios.

A leitura de um poema pode revelar um mundo


novo. Em Um caldeirão de poemas, Tatiana Belinky
1. Adriana Aparecida da Rocha Pereira, Elizete Cardoso da Conceição, Maria (Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2003) apre-
Aparecida Mata Costa e Simara Paula de Paula, alunas do 5º Termo do curso de
Pedagogia (Vespertino) da Universidade Federal de São Paulo.
senta textos alegres ou tristes, divertidos ou sérios;

107 108
Experimentando poemas: uma saborosa e divertida aventura CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

poemas que falam de aventuras, de amor, de sauda- De olho no texto verbo-visual


de e de trabalho; composições feitas para serem li-
das em voz alta ou em silêncio. Entre os poemas que
podem ser declamados estão quadrinhas populares, Maluca é a rua!
traduzidas pela autora do russo, do inglês e do ale-
A rua passava
mão e textos de sua própria autoria. Correndo na mão
Por trás do cachorro
Latiu o portão.
Sugestões para começar o encontro A rua assustada
com o texto Correu contramão.

Então o porteiro
• O professor pode começar o trabalho Mordeu o portão
com a obra, recitando para as crianças – Porteiro maluco! –
Gritou o portão.
um dos poemas do livro “Que Delícia” – Maluca é a rua! –
(páginas 34 a 37). Após a leitura, deixar Relincha o cão. 2
que elas observem as ilustrações do li-
vro.
1. Os poemas escolhidos permitem que as crianças
• Outra opção é explorar a capa do livro comparem quadrinhas (quatro versos) conhecidas por
com as crianças, para que elas façam eles com as sextilhas (seis versos).

uma relação entre a imagem (de dife- 2. As rimas e o ritmo da poesia podem ser explorados,
rentes ilustradores e estilos) e o quê jogar e brincar com essas percepções.
será que irão ler nas próximas páginas.

2. BELINKY, Tatiana. Um caldeirão de poemas. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006.

109 110
Experimentando poemas: uma saborosa e divertida aventura CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. As crianças podem conversar sobre o léxico dos poe- 3. Jogar e brincar com as percep-
mas em grupos para que possam compreender os pos- ções: destacar as cores da capa, o
síveis sentidos e metáforas das palavras e expressões: desenho com a ideia de movimen-
“latiu o portão”, “gritou o portão”. to, as letras que a bicicleta vai sol-
tando ao passar, ou outra percep-
4. O poema pode ser comparado com as ilustrações ção que as crianças possam ter.
que compõem as páginas, deixando que as crianças
apreciem e discutam a questão estética. O Limão

Agora preste atenção se atenção:


Fazendo relações com outros textos Se a vida for um limão
Em um copo de água
verbais e/ou visuais Natural, fria ou gelada,[...]4

1. Comparar as estrutura do
Produzindo textos com as crianças
poema de Arnaldo Antunes,
como: as sextilhas, rimas,
metáforas. • As crianças podem produzir poemas,
explorando seu imaginário. Depois de
“O girino é o peixinho do sapo.
O silêncio é o começo do papo.
realizadas as produções, fazer um blog
O bigode é a antena do gato. para divulgá-las. No blog da sala, postar
O cavalo é o pasto do carrapato. sempre indicações de outros poemas.
O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra[...]3
• Filmar as crianças recitando poemas
2. Mostrar as possibilidades de se
(sejam produções delas mesmas, ou
fazer um poema verbo- visual. não). Os vídeos também podem ser di-
vulgados no blog.

3. ANTUNES, Arnaldo. Cultura. São Paulo: Iluminuras, 2012. 4. CAPPARELLI, Sergio. Poesia de Bicicleta. São Paulo: L&PM, 2009.

111 112
Experimentando poemas: uma saborosa e divertida aventura

Para saber mais

• FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala


de aula. São Paulo: Contexto, 2004.

• VILLARDI, R. Ensinando a gostar de ler e formando


leitores Para a vida inteira. Rio de Janeiro: Dunya, 1999.

• Salto para o Futuro. Poesia e escola. Boletim 20, 2007.


Disponível em: http://www.tvbrasil.org.br/fotos/
salto/series/170116Poesiaescola.pdf

Sites para navegar com as crianças...

O Pequeno Leitor Site do poeta Sérgio


http://www. Caparelli
opequenoleitor.com.br/ http://www.capparelli.
historias/poemes com.br/

113
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

NARRATIVAS MÍTICAS
DOS ÍNDIOS BRASILEIROS1 • Promover a imersão na cultura indígena e
seus saberes na esfera escolar;

• Refletir sobre a herança cultural proveniente


dos povos indígenas presente em seus
mitos, usos e costumes arraigados em nosso
“A percepção das relações intertextuais, das cotidiano.
referências de um texto a outro, depende do
repertório do leitor, do seu acervo de conhe-
cimentos literários e de outras manifestações
culturais. (...) Quanto mais se lê, mais se am- Iniciando a proposta com as crianças...
plia a competência para aprender o diálogo que
os textos travam entre si por meio de referên-
cia, citações e alusões. Por isso cada livro que
se lê torna maior a capacidade de aprender, de
maneira mais completa, os sentidos dos textos
(Jesus, 2003, p.48).

Objetivos das sugestões didáticas

• Apresentar a linguagem oral como forma


de registro ancestral das narrativas míticas
pertencentes a um povo; A leitura da Obra O Primeiro Homem e Outros
Mitos dos Índios Brasileiros, escrito por Betty Min-
dlin (Editora Cosac Naif, 2001), apresenta às crian-
ças, a importância da cultura indígena impregna-
1. Kerylen C. S. Barbosa, Mariana Gonzaga Moreira, Renata Rosie Massei Da- da em nosso cotidiano. Perguntas como quem foi o
masceno Sonia Regina Peres da Conceição, alunas de Pedagogia da Universi-
dade Federal de São Paulo, campus Guarulhos. primeiro homem, a primeira mulher e como sugi-

115 116
Narrativas míticas dos índios brasileiros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

ram os animais podem ser respondidas através dos • Debater com as crianças a importância
mitos2 indígenas brasileiros, sem, contudo, fazer dos mitos indígenas, tanto quanto aque-
afirmações definitivas, ou seja, o objetivo é apre- les provenientes de textos bíblicos ou da
sentá-los como explicações legítimas para as crian- Grécia Antiga;
ças sobre o mundo, o surgimento da vida. Afinal,
cada povo possui a sua maneira própria de contar a • Promover a imersão cultural indígena,
história da humanidade, não podendo prevalecer através de suas tradições e costumes.
uma visão única sobre a origem do mundo.
Apresentar esses mitos às crianças é uma ótima De olho no texto verbo-visual
oportunidade para enfatizar a importância da cul-
tura oral de nosso povo.
O começo da humanidade3

Sugestões para começar o encontro Não existia gente no mundo, apenas um homem chamado
Toba com sua mulher. Plantavam macaxeira, milho, batatas,
com o texto banana e mamão. Fora a roça deles, tudo era natureza, sem
plantação alguma. Eram só os dois sozinhos. Nem sequer
• Apresentar o livro O Primeiro Homem bichos havia; só a cutia e o nambu-relógio. Um dia, viu que
a colheita estava desaparecendo. Imaginando que o ladrão
e Outros Mitos dos Índios Brasileiros, podia ser a cutia, se não fosse a tanajura ou a saúva, fez uma
explorando o texto introdutório que nos tocaia para espreitá-la, bem de madrugada. Em vez de cutia,
viu que era gente, debaixo da terra, que esticava a mão por
conta, inicialmente, sobre os mitos in-
um buraco para roubar seu milho. Toba conseguia ouvir
dígenas que procuram explicar a criação conversas no subterrâneo, pessoas brigando para quem
dos homens, plantas e animais; poria a mão para surrupiar o milho. [...]

2. Patrimônio cultural de um povo. É uma narrativa que revela num determinado


momento histórico, a necessidade que os seres humanos têm de compreender o 3. Betty Mindlin. O primeiro homem e outros mitos dos índios brasileiros, São Paulo:
universo e de entendê-lo como um todo. (Jesus. 2003, pp 48 e 49). Cosac Naif, 2001. p. 13.

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Narrativas míticas dos índios brasileiros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

1. Explorar com as crianças as palavras de origem Fazendo relações com outros textos
indígena utilizadas em nosso cotidiano relacionadas à verbais e/ou visuais
linguagem e à culinária;

2. Trabalhar a oralidade, proporcionando em rodas de


conversa um debate sobre a relação do homem com a A humanidade desce à Terra
natureza, explorando as características das narrativas
míticas; Antigamente, todos os homens viviam no céu. Alguns estão lá,
são as estrelas.
3. Elaborar um glossário com palavras de origem indí- No tempo da vida celeste, um velho, numa caçada, viu um tatu
gena. e o perseguiu. O tatu enfiou-se terra adentro e o homem cavava
cada vez mais fundo para apanhá-lo.
Cavou o dia todo sem conseguir pegar o tatu.
4. Explorar expressões temporais que marcam a sequ-
Voltou para casa, mas no dia seguinte recomeçou a cavar.
ência narrativa (Um dia...), assim como o tempo verbal
Dizia à mulher:
no passado. _Quero pegar o tatu!
Cavou durante oito dias e estava quase apanhando o tatu
quando o animal caiu num buraco.
O velho o viu descer com um avião, cair num campo e correr em
direção à floresta. Ele alargou o buraco para poder olhar para
baixo, mas o vento estava tão violento que o levou de volta à
superfície. [...]

— Betty Mindlin. O primeiro homem e outros mitos dos índios


brasileiros, São Paulo: Cosac Naif, 2001. p. 25.

1. Com esta narrativa, podemos enfatizar a


necessidade dos povos antigos, em dar um sentido
para as coisas e fenômenos naturais; podemos envolver
as crianças na participação do mito, valorizando os
conhecimentos prévios que eles detêm sobre o assunto;
ainda podemos refletir sobre outras questões presentes
no texto como a coesão textual.

119 120
Narrativas míticas dos índios brasileiros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

O menino que fazia coco de amendoim

Nomombzia é o herói mágico que, nenezinho ainda, já virou


homem. Foi ele quem deu ao seu povo Jabuti o milho, o feijão e
as plantas. Também foi ele quem deu a anta e outros animais de
caça que existem.
Nomombzia casou com a irmã de Karupshi e Kawewé, que são
companheiros criadores que tiraram a humanidade de debaixo
que povoassem o mundo.
Nomombzia teve um filho que só fazia coco de amendoim [...]
[...] Veja só o que estamos comendo todo dia! Pensando que é
planta e é essa sujeira!
Apertaram a barriga do menino, saiu mais amendoim. Os tios o
transformaram num pássaro chamado Japó.
2. Olhando o Céu noturno... Trabalhar com as crianças
os fenômenos astronômicos mais comuns perguntando Começou a chover.
e debatendo se sabem o que provoca a sucessão do dia
e noite, pelo movimento de rotação (um giro em torno Lá de longe, Nomombzia já percebeu que tinha acontecido
de seu próprio eixo que dura 24 horas); debater o que alguma coisa com o filho, por causa da chuva. Era Pajé, de longe
são estrelas e por que podemos ser considerados “poeira sabia. Voltou correndo para a mulher e logo perguntou para os
de estrelas”; se já observaram a Lua, qual o formato que cunhados onde estava o menino [...]
ela apresenta, a que horas está visível, a que horas nasce
— Betty Mindlin. O primeiro homem e outros mitos dos índios
e se põe? O que acontece com as estrelas e a Lua ao
brasileiros, São Paulo: Cosac Naif, 2001. p. 47.
amanhecer do dia?

Trazer a explicação científica com o cuidado em não


estereotipar, desvalorizar ou perder a riqueza da narrativa.
3. Explorar a narrativa, trabalhando os conhecimentos
prévios que as crianças detêm sobre o amendoim e
relacionar às preparações que utilizam amendoim em
suas receitas.

121 122
Narrativas míticas dos índios brasileiros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Produzindo textos com as crianças


Um pé de Quê?

Fazer um programa de TV sobre as árvores brasileiras. Esse


• Dramatizações baseadas nas narrativas
era o nosso desafio. Não só pela dificuldade de convencer míticas (sugerimos elegê-la por vota-
os parceiros e patrocinadores a transformar esse sonho em
realidade mas também pela complexidade de trabalhar o
ção), podendo ser abordada em teatro
conteúdo botânico como entretenimento de massa. Acho que de sombras, dedoches ou fantoches;
conseguimos. Já são dez anos de programas no ar, com mais de
100 árvores retratadas, espécies de todos os biomas brasileiros.
Além de apresentar aspectos morfológicos das plantas (pois • Filmar a dramatização em parceria com
um dos objetivos do programa é facilitar a identificação das
espécies) o “Um Pé de Quê?” quer aproximar as árvores dos
as crianças para compartilhar com a co-
espectadores através da música, da culinária, da história, da munidade escolar;
tecnologia, da antropologia... Trazer as árvores para o dia-a-dia
das pessoas, revelar, por exemplo, o que a Carnaúba tem a ver
com a maneira que nossos avós ouviam música, ou entender • Reescrita de alguma narrativa mítica em
por que o pigmento vermelho do Pau-Brasil foi tão importante
para a Europa do século XVI. Com as viagens que fizemos por
forma de quadrinhos, por exemplo, e
todo o Brasil nos primeiros anos, fomos entrando em contato socialização sob a forma de um livrinho
a devastação da fauna e flora brasileira, a deterioração das
paisagens naturais dos biomas brasileiros....
doado à escola, em um espaço onde to-
dos possam ter acesso as leituras;
— Um pé de quê? Programa exibido no Canal Futura.

• A partir dos mitos contados e das pes-


quisas no site do programa “Um pé de
4. Pesquisar no site do “Um pé de quê?, se entre as quê” solicitar que as crianças elaborem
árvores da Mata Atlântica já catalogadas têm ou não um livro com imagens e pequenas legen-
as árvores escritas da lenda (o pé de amendoim, de
feijão, do milho); comparar o tempo verbal do mito com das explicativas sobre as frutas e plantas
o utilizado nos textos das árvores escolhidas no site do da Mata Atlântica.
programa.

123 124
Narrativas míticas dos índios brasileiros CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Para ler mais • Volume 14: Série Vias dos Saberes n. 3: Povos Indígenas
a Lei dos “Brancos”: o direito à diferença.

Disponíveis em: http://portal.mec.gov.br/index.


• O casamento entre o Céu e a Terra, de Leonardo Boff -
php?option=com_content&view=article&id=12814&It
São Paulo: Salamandra, 2001. 160 p.
emid=872
• Contos indígenas brasileiros, de Daniel Munduruku –
São Paulo: Global, 2004. 63 p.

Blogs para navegar com as crianças...

Para saber mais


Os Blogs dos escritores indígenas Daniel Mundukuru
e Eliane Potiguara trazem sugestões e materiais para
trabalharmos a cultura indígena na escola, principalmente,
• JESUS, Luciana Maria de. Mito e tradição indígena. In: através da literatura infanto-juvenil.
Gêneros do Discurso na Escola. São Paulo-SP: Cortez,
2003.

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e


Diversidade:

• Volume 12: Série Vias dos Saberes n.1: O índio


Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos
indígenas no Brasil de hoje.

• Volume 13: Série Vias dos Saberes n. 2: A Presenção


Indígena na Formação do Brasil.
• http://elianepotiguara.blogspot.com.br/

125 126
Narrativas míticas dos índios brasileiros

• http://danielmunduruku.blogspot.com.br/p/
daniel-munduruku.html

127
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Rotas Fantásticas: histórias


que o povo conta...1 • Relacionar os relatos com outros gêneros
como: lendas folclóricas e contos, mostrando
suas semelhanças e diferenças;

• Explorar a temática do terror presente nas


lendas urbanas brasileiras;
“Algumas lendas urbanas se tornam clássicos
do gênero pelo modo como ressurgem em ci-
• Compreender a importância desses relatos e
clos, mantendo um motivo comum, mais ou
suas origens.
menos invariável, e adaptando-se aos temas
locais e ao momento sócio-histórico em que
circulam. É o caso, por exemplo, de uma série
de histórias cujo motivo narrativo poderia ser
assim definido: ‘jovem loira aparentemente an- Iniciando a proposta com as crianças...
gelical ou sedutora revela-se de fato uma figura
ameaçadora ou diabólica’”.

(Lopes, 2010, p. 11).

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar lendas urbanas com as crianças,


enfatizando em que contexto ocorrem e suas
principais características;

A leitura da obra Rotas fantásticas, organiza-


da por Heloisa Pietro e com ilustrações de Daniel
1. Aline Catarina Cabral, Lincoln Luis Carneiro, Nathalia Lima da Silva e Ste-
phanie Ap. Spósito, alunos de Letras da Universidade Federal de São Paulo. Kondo (Editora FTD, 2003), apresenta uma série

129 130
Rotas Fantásticas: histórias que o povo conta... CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

de dez relatos sobre lendas urbanas, sendo uma De olho no texto verbo-visual
das mais famosas a lenda da Loira do banheiro. As
páginas são ilustradas para dar mais vivacidade aos
relatos apresentados. Os relatos são contados por
pessoas comuns que ouviram tais estórias de ami-
gos, avós, pais, etc.

Sugestões para começar o encontro


com o texto

• Seria interessante iniciar o encontro


questionando sobre quais lendas urba-
nas os alunos conhecem.

• Ler em voz alta com as crianças algu-


ma das lendas apresentadas no livro,
observando as reações provocadas em
quem as ouve.

• Para dar mais vivacidade à realidade do


relato, apresentar aos alunos algumas 1. As lendas escolhidas apresentam um texto em que
imagens que caracterizam a lenda ur- a leitura ocorre de maneira fluida e com características
comumente usadas na fala cotidiana. O narrador fala
bana que está sendo contada.
diretamente com o leitor de modo a persuadi-lo atra-
vés dos detalhes no relato. Destaque com a ajuda das

131 132
Rotas Fantásticas: histórias que o povo conta... CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

crianças quais palavras ou expressões da nossa realida- Fazendo relações com outros textos
de cotidiana são utilizadas na grande parte das lendas verbais e/ou visuais
urbanas, como por exemplo, espelho, vaso sanitário, fria
pra danar, entre outras.
“Chegamos assim ao coração do fantástico. Em um
mundo que é o nosso, que conhecemos, sem diabos,
2. As lendas urbanas em oposição aos contos são
sílfides, nem vampiros se produz um acontecimento
geralmente mais breves, seu enredo é mais simples,
impossível de explicar pelas leis desse mesmo mundo
apresentam os relatos de forma dialogada para gerar
familiar. Que percebe o acontecimento deve optar por
mais suspense e possuem poucos personagens. Para
uma das duas soluções possíveis: ou se trata de uma
demonstrar isso às crianças, fazer uma breve compa-
ilusão dos sentidos, de um produto de imaginação,
ração na lousa entre uma lenda urbana e um conto de
e as leis do mundo seguem sendo o que são, ou
fadas seria interessante. Podemos utilizar, por exemplo,
o acontecimento se produziu realmente, é parte
a lenda urbana loira do banheiro e o conto de fadas
integrante da realidade, e então esta realidade está
Cinderela, diferenciando os enredos através de peque-
regida por leis que desconhecemos. Ou o diabo é
no resumo, destacando inclusive quantos personagens
uma ilusão, um ser imaginário, ou existe realmente,
aparecem em ambos os casos.
como outros seres, com a diferença de que rara vez o
encontra.”
3. É possível explorar os aspectos cotidianos presen-
tes nas lendas urbanas e a contemporaneidade que
elas trazem consigo - todas as histórias supostamente (TODOROV, 1981, P.15)
aconteceram recentemente. Nesse ponto, seria rele-
vante perguntar às crianças sobre o tempo em que
elas acham que se passam as lendas urbanas.

4. As ilustrações ajudam a compor a lenda urbana [...] De repente vi um sujeito pedindo carona.
Gente na estrada, assim à noite, é perigo na certa. Mas quando bati
causando veracidade à lenda e fazendo com que ima-
o farol na cara dele, vi que era só um estudante. Um garotão. Parei e
ginemos a história realmente acontecendo, diante de
abri a porta. É bom ter com quem conversar.
nossos olhos. Dessa forma, além de explorar as ilus- -Pra onde você vai? – perguntei.
trações do livro, seria atraente utilizar também outras - Estou indo pra Sorocaba; minha família é de lá.
imagens sobre a lenda. - E por que está pedindo carona?[...]
 
— PIETRO, Heloisa; ilustrado por Daniel Kondo.
Rotas fantásticas. São Paulo: FTD, 2003, p. 15.

133 134
Rotas Fantásticas: histórias que o povo conta... CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

[...] Aconteceu que um dia ele ficou doente.


Teve que se aposentar.
E daí?
Como é que o cara ia viver em casa?
Na toca do dragão, como ele dizia.
No primeiro mês até que ele aguentou.
No segundo, o negócio piorou.
No terceiro mês, o caldo entornou.
De verdade. [...]
Separar da mulher, ele não queria.
Separar da sogra, ele não conseguia. [...]
 
— PIETRO, Heloisa; ilustrado por Daniel Kondo.
Rotas fantásticas. São Paulo: FTD, 2003, p. 51.

1. Explorar as diferenças de composição do relato 1 3. Histórias de arrepiar com Ângela Lago. Trabalhar com
“Vovó Maria” com o relato 4 “Feliz foi Adão” este livro que também trata de temas de mistério e terror
instigaria ainda mais as crianças a conhecerem sobre o
tema. Esta imagem2 ilustra uma das páginas do livro 7
histórias para sacudir o esqueleto de Ângela Lago editado
pela Companhia das Letras. Este capítulo narra a história
“Encurtando o caminho” em que Tia Maria conta que ao
sair do colégio já estava escurecendo, então para chegar
em casa mais rápido resolveu ir pelo cemitério. Nisto ela
avistou uma menina que andava por lá e então perguntou
a ela se podia acompanhá-la. A menina disse que tudo
bem, pois quando era viva, também tinha medo de andar
no cemitério.
2. Lendas urbanas dos anos 80. Seria interessante
mostrar às crianças algumas lendas urbanas que
provavelmente os seus pais conheceram em sua infância
Pergunte a elas se já ouviram falar em tais lendas,
instigando-as para que falem sobre as lendas que
conhecem. Alguns tuiteiros enviaram para o blog da 2. Disponível em http://www.angela-lago.net.br/livro.html.
Vejinha (Veja SP) 10 lendas urbanas dos anos 80.

135 136
Rotas Fantásticas: histórias que o povo conta... CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

compor a sua própria lenda urbana, baseada nos


relatos dos familiares e no que foi estudado em
sala de aula.
Quando os relatos das crianças estiverem pron-
tos, podemos pedir que elas os apresentem oral-
mente para os outros alunos. Ao orientar a expo-
sição, procuramos saber não apenas quem narrou
a lenda para o aluno, mas também quem a contou
ao seu familiar ou conhecido, destacando que
Neste vídeo3 as crianças da Escola Municipal Friedenreich essas histórias geralmente não são retiradas de
indicam o livro de Ângela Lago. Esta aluna começa livros, mas fazem parte de um repertório da cul-
contando um pouco uma das histórias do livro, mas diz
tura oral. Se duas ou mais crianças trouxerem re-
que para saber o final dessa história, só lendo o livro
mesmo. Vale a pena conferir! latos diferentes sobre uma mesma lenda urbana,
aproveitamos a oportunidade para enfatizar que
Produzindo textos com as crianças possuir diferentes versões para a mesma lenda é
uma das características que compõem o gênero,
Após o trabalho de apresentação às principais enfatizando que pequenas alterações são próprias
características do gênero, é hora de pedir às crian- das histórias transmitidas oralmente (“quem con-
ças que pesquisem mais sobre o tema. Nesse pon- ta um conto aumenta um ponto”).
to, podemos orientá-las para que elas conversem
com seus pais, avós, tios e familiares, perguntando
a eles sobre quais lendas mais os assustavam quan-
do crianças. As crianças devem ouvir as lendas e

3. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=LDz8nz7uHXA.

137 138
Rotas Fantásticas: histórias que o povo conta...

Para ler mais

• A Loira do Banheiro - http://revistaescola.abril.com.


br/pdf/A_Loira_do_Banheiro.pdf

• O homem do saco - http://revistaescola.abril.com.


br/pdf/homem_do_Saco.pdf

• Vovó Maria - http://revistaescola.abril.com.br/pdf/


VovoMaria.pdf

Acesso em 15/10/2012.

Para saber mais

• LOPES, Carlos Renato. Lendas urbanas em arquivo: uma


relação de suplementaridade. Campinas, 49(1): 11-20, Jan./
Jun. 2010.

• TADEU, Jorge. Lendas urbanas. São Paulo: Editora


Planeta do Brasil, 2010.

• TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica.


Editora Perspectiva. São Paulo, 1981.

139
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

CONTOS DE MISTÉRIO:
DESVELANDO A SUA ESCRITA1 • Reconhecer os recursos linguísticos que
permeiam tais narrativas e a caracterizam.
(Como por exemplo, o uso do “Certa noite”, em
substituição ao “Era uma vez”).

“É a literatura, como linguagem e como ins-


tituição, que se confiam os diferentes imagi-
Iniciando a proposta com as crianças...
nários, as diferentes sensibilidades,valores e
comportamentos através dos quais uma socie-
dade expressa e discute, simbolicamente, seus
impasses,seus desejos, suas utopias.[...]”

LAJOLO,1999, p.105.

Objetivos das sugestões didáticas

• Propiciar momentos de escuta e reconto


de histórias, especificamente, do gênero
narrativo de assombração. A obra “Sete Histórias para sacudir o esqueleto”,
• Compreender as características peculiares
da Ângela Lago, traz em suas páginas dois impor-
das narrativas de assombração (Como por tantes elementos das histórias infantis: o suspense
exemplo, a importância do susto nessas e o humor, responsáveis por encantar e envolver os
narrativas, qual o elemento desencadeador do
medo, a frequente presença do sobrenatural, seus ouvintes. Assim, se de imediato os pequenos
a relação entre o real e o imaginário, etc.). se hipnotizam e amedrontam com alguns seres/
objetos de caráter sobrenatural, no decorrer da
narrativa ocorre um abrandamento do medo pelo
1. Vilma Ricardo Dias, aluna do curso de Pedagogia da Universidade Federal humor que perpassa as linhas da obra.
de São Paulo.

141 142
Contos de mistério: desvelando a sua escrita CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

De olho no texto verbo-visual Fazendo relações com outros textos


verbais e/ou visuais

Caio

Em Bom Despacho tinha uma fazenda à venda, mas


ninguém queria comprar: era mal assombrada. [...]
De madrugada acordou com uma voz cavernosa [...]

1. As crianças podem conversar e refletir sobre o signi- 1. Explorar outros livros de histórias de mistérios,
ficado de algumas expressões, tais como: matutava, comparando as narrativas entre si, tanto no aspecto
voz cavernosa, murmurar, vadiar, dentre outras. textual, como no que tange a diagramação dos
mesmos, com as ilustrações e uso de cores.
2. É possível ainda, realizar um trabalho de exploração
textual acerca das diversas “vozes” presente da narrati-
va, ao discutir e analisar com a turma os momentos de
falas do narrador e personagens, atentando para a
intencionalidade presente nesta alteração de discursos.

3. É possível também analisar o clímax como parte do


enredo, bem como o uso de expressões que provo-
quem medo, o tempo e espaço assustadores.

2. A exploração do filme
A casa monstro possibilita
tecer um diálogo sobre
espanto, medo etc.

143 144
Contos de mistério: desvelando a sua escrita CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

posto, o número reduzido de perso-


nagens, diálogos a permear a narrati-
va, elemento misterioso/ assustador e
complicações/ conflitos.

• É possível ainda a realização de uma


3. O grupo Palavra Cantada oferece uma opção de
leitura dramatizada, atentando a tur-
trabalho com a linguagem musical, por meio da
canção Taquaras. Sendo possível explorar com a turma os ma para as características desta ativi-
sentimentos, sensações e comportamentos ocasionados dade. Assim, se faz necessário um tra-
por uma situação de assombramento.
balho envolto a entonação nas vozes,
“Cada vez que eu lembro chego a estremecer confecção/ escolha de figurinos, ma-
Todo aquele esforço para adormecer
quiagens, som, luz e cenário.
Quando a minha porta começou a ranger
Tinham me avisado o que ia acontecer
Pus os cobertores para me esconder
E eu nem respirava para não me mexer (...)”.
Para ler mais

Produzindo textos com as crianças


• BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O menino que não teve
medo do medo. São Paulo: Editora Global.
• As crianças podem produzir um con-
to de mistério a partir da sequência de • MUNARI, Bruno. Na noite escura. São Paulo: Editora
Cosac Naify.
quadrinhos. Para tanto, se faz neces-
sário explorar, antecipadamente, com • SAGE, Angie. Minha casa mal-assombrada. Ed. Rocco
a turma as características desta narra-
tiva, tais como; a brevidade do enredo

145 146
Contos de mistério: desvelando a sua escrita

Para saber mais

• FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre:


Artmed, 1994.

• JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1994.

• KAUFMAN, Ana Maria e Maria Helena Rodríguez. Escola,


leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artmed,
1995.

• LERNER, Délia. Ler e escrever na escola – o real, o


possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Site para navegar com as crianças...

• http://www.angela-lago.net.br/livro.html

147
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Pra rimar e cantar: poesia de


cordel e outras batalhas1 Objetivos das sugestões didáticas

• Apresentar a literatura de cordel, sob uma


perspectiva que dialogue com outras
linguagens contemporâneas de expressão
A ligação da literatura de cordel com a poesia popular (notadamente periféricas à arte
oral e improvisada – o duelo-performance po- canônica e que se utilizam do improviso e da
ético e folclórico de dois cantadores, com sua poesia).
estrutura básica de desafio-resposta – e com
temas tradicionais folclóricos é só uma faceta • Explorar a relação do cordel com vertentes
de seu papel de meio impresso popular muito musicais com propósito “similar” como o rap,
difundido no cenário urbano, mas de grande o repente, as emboladas, modas de viola etc.
relevância no cenário rural. Nos poemas que
tratam de acontecidos do dia, cumpre também • Estimular a curiosidade a respeito de
uma função de comunicação folclórico popu- diferentes suportes textuais e/ou estéticos,
lar: reporta eventos de sua própria comunidade para um modo de fazer poesia que, apesar
e região, opina sobre eles e leva para o consu- de diferente na forma ou no espaço, guarda
midor local, recodificadas, as mensagens de diversas similaridades.
uma cultura nacional de massas. Ainda assim,
a cosmovisão essencial do cordel mostra quase
total identificação com as crenças e os valores Iniciando a proposta com as crianças...
do nordestino pobre e humilde, mesmo que ra-
dicado numa cidade costeira da região, no Cen-
tro-Sul do país (Rio de Janeiro e São Paulo, por O trabalho com literatura de cordel implica em
exemplo), ou em Brasília. resgatar a tradição oral e popular de cantadores
e poetas populares. O cordel enquanto produção
(Curran, 2003, p.25).
cultural possibilita uma gama enorme de possibi-
lidades para o trabalho com crianças dos primei-
1. Bruno Torquato de Araújo, Bia Alves Pinheiro, Cristiane Aparecida Domin-
gos de Oliveira, Débora Barbosa dos Santos Camargo e Rildo Nedson Mota
ros ciclos do ensino fundamental. Desde o traba-
de Sousa, alunos do curso de Pedagogia (5º Termo, Noturno) da Universidade lho com a oralidade até o uso de música, passando
Federal de São Paulo.

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Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras batalhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

pelas artes dramáticas, tradição popular etc. Soma Abreu (Salamandra, 2005). O volume apresenta
se a isso as diversas possibilidades de letramentos folhetos representativos da cultura de cordel (al-
que o cordel (assim como outros gêneros da tradi- guns do final do século XIX), além da contextuali-
ção oral ou mesmo literária) estimula discursiva- zação, apresentação a cada cordel reproduzido etc.
mente nas práticas sociais e que a escola por muito
tempo ignorou por não pertencer a uma tradição
associada ao rigor acadêmico da escolarização. O
trabalho pedagógico com o cordel é um caso clás-
sico de possibilidades de estímulo de letramentos
não dominantes, os chamados “letramentos ver-
naculares”, justamente pelas suas características
de ligação ao cotidiano, à localidade e ao que não
é valorizado socialmente pelo cânone cultural vi-
gente (Rojo, 2009 e 2012).
Indicamos a utilização de diferentes suportes
textuais: da menção ao cordel como instrumento
que registra os acontecimentos prosaicos sob uma
ótica lírica, passando pela xilogravura, música etc. Sugestões para começar o encontro
Além da utilização das formas informatizadas de com o texto
comunicação, como blogs e outras plataformas di-
gitais, para “fazer cordel” (o mesmo gênero em um • Podemos discutir com o grupo de crian-
novo suporte). ças o que cada um sabe sobre cordel ou
Sugerimos o início do trabalho com literatura poesia popular improvisada;
de cordel a partir da antologia de cordel chama-
da “Amor, História e Luta”, organizada por Márcia

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Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras batalhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

• Outra possibilidade consiste em apre- De olho no texto verbo-visual


sentar apenas um folheto da antologia,
tendo em vista o volume da obra em si. A Viagem a São Saruê
A sugestão fica por conta do poema “A
[...] “Lá quando nasce um menino
viagem a São Saruê”, de Manuel Camilo
não dá trabalho a criar
dos Santos. já é falando e já sabe
ler, escrever e contar,
canta, corre, salta e faz
tudo quanto se mandar.

La tem um rio chamado:


o banho da mocidade,
onde um velho de cem anos
tomando banho à vontade
quando sai fora parece
ter vinte anos de idade.

Lá não se vê mulher feia


e toda moça é formosa
alva, rica e bem decente
fantasiada e cheirosa,
igual a um lindo jardim
repleto de cravo e rosa.

É um lugar magnífico
onde eu passei muitos dias
passando bem e gozando
prazer, amor, simpatias,
todo esse tempo ocupei-me
em recitar poesias.” [...] 2

2. ABREU, Marcia (org.) Amor, História e Luta – Antologia de folhetos de cordel. São
Paulo: Salamandra, 2005.

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Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras batalhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

1. As crianças podem explorar o ritmo do cordel, Fazendo relações com outros textos
destacando as métricas mais utilizadas (por exemplo: verbais e/ou visuais
“batatinha quando nasce/se esparrama pelo chão”);

2. Explorar e comparar as diferentes formas de


manifestações e de expressão popular, com
similaridades ao cordel em relação à forma, conteúdo
e/ou expressão;

3. Em outros trechos do referido poema, o autor


explora a narração em forma de poesia, o que pode
se tornar um mote quanto à importância do ato de
narrar uma história fantástica, onde personagens
adquirem características heroicas e até sobrenaturais,
lugares em que o ambiente é onírico e exuberante. 1. Comparar a lírica de “A Poesia” (Poetas do Repente
Sem contar como as narrativas subvertem a lógica do João Paraibano e Sebastião Dias) a uma faceta pouco
tempo e espaço; explorada do cordel (presente em certa medida no
folheto apresentado): a da sensibilidade aos fatos
4. Exploração do ideal de cidade, homem e mulher cotidianos e a utopia em uma força redentora da poesia
(incluindo a questão de gênero) no referido folheto a frente ao mundo.
partir do discurso popular;

5. Notação de palavras (“regionalismos”) não


conhecidas pelas crianças. É possível o uso de
dicionários ou almanaques que discorram a respeito
da etimologia das palavras, ressaltando sempre a
importância da atenção ao contexto de palavras e
expressões populares e as tidas como “eruditas”.

Valdir Teles e Geraldo Amâncio em Brasília

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Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras batalhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

A peleja de cego Aderaldo O Forró da Bicharada


com Zé Pretinho.
[...] [...]
Em casa do tal Pretinho Afinal chegou o dia
Da grande reunião
Foi chegando o portador
Começou chegar os bichos
Foi dizendo: Lá em casa De mais alta posição
Tem um cego cantador Num salão todo enfeitado
E meu pai manda dizer Era a recepção
Que vá tirar-lhe o calor
Zé Pretinho respondeu: Chegou logo o elefante
- Bom amigo é quem avisa A girafa e o camelo
E a onça suçuarana
Menino, dizei ao cego
Trajando fino modelo
Que vá tirando a camisa E o bode todo cheiroso
Mande benzer logo o lombo Endireitando o cabelo
Que eu vou dar-lhe uma pisa.”3
[...] Depois chegou o veado
O urso e a capivara
O avestruz e a águia
O papagaio e a arara
E o mestre tamanduá
2. Explorar os chamados desafios, ideia que consiste em, Passando a língua na cara
basicamente, uma dupla disputar uma peleja musical
A garça toda vaidosa
e poética com intuito de “vencer” o oponente através Chegou metida a grã-fina
do humor e do sarcasmo. Um exemplo formidável de Toda vestida de branco
tal possibilidade, lemos em “Peleja do Cego Aderaldo Por ser rica bailarina
com Zé Pretinho”, de Firmino Teixeira do Amaral, que faz Fazendo inveja ao Pavão
No traje de seda fina
parte da antologia aqui apresentada. Para arrematar, uma
xilogravura de “Peleja de Joaquim Jaqueira com Joao Afinal chegaram todos
Melquíades” - de autoria não citada. Os bichos que existia
No reino da bicharada
Reinava grande alegria
E rei recebeu a todos
Com a maior cortesia.

3. ABREU, Marcia (org.) Amor, História e Luta – Antologia de folhetos de cordel. São
Paulo: Salamandra, 2005.

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Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras batalhas CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Demonstrar às crianças como o cordel (neste


exemplo, “O forró da bicharada”4, de Apolônio Alves dos
Santos) pode ser uma ótima maneira de compreender
a função do verbo (destacando especialmente os que
marcam o passado em uma narrativa e como o verbo pode
auxiliar na descrição de uma cena).

Para ler mais

• Endereço eletrônico: http://www.jangadabrasil.com.


br/revista/agosto93/index.asp. Acesso em 12/12/12.

Para saber mais

• Endereço eletrônico: http://digitalizacao.fundaj. • CURRAN, Mark. História do Brasil em Cordel. São Paulo:
gov.br/fundaj2/modules/busca/listar_projeto. Edusp, 2003.
php?cod=12&from=0. Acesso em 12/12/12.
• ROJO, Roxane. Letramentos(s) – práticas de
letramento em diferentes contextos. In: Letramentos
múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola,
2011.

4. SANTOS, Apolonio Alves dos. O Forró da Bicharada. IN. Jangada Brasil – Edição Espe-
cial: Literatura de Cordel. Disponível em http://www.jangadabrasil.com.br/revista/
agosto93/es930818.asp. Acesso em 22/11/2012.

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Pra rimar e cantar: poesia de cordel e outras batalhas

• ROJO, Roxane. Pedagogia dos multiletramentos -


Diversidade cultural e de linguagem na escola. In: ROJO,
Roxane; MOURA, Eduardo (orgs.) Multiletramentos na
escola. São Paulo: Parábola, 2012.

161
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Entre Contos e Poesias:


Objetivos das sugestões didáticas
versando Memória e
Diversidade no Mundo
• Analisar o gênero conto e fazer uma leitura
das Palavras1 critica sobre suas particularidades e sua
subjetividade implícita.

• Comparar os gêneros conto, provérbio e


canção, explorando a construção poética do
texto (semântica) diferenciada de casa um;

• Explorar o léxico do texto, inserido na


“Crianças e jovens querem saber sobre o mundo representação de memória e diversidade
e seus significados, construindo o conceito das cultural como elementos essenciais para a
coisas que os rodeiam e de si mesmos e podem construção da identidade humana.
experimentar esses saberes através da leitura
literária. Encontramos, nas narrativas anali- • Desenvolver a percepção e interpretação das
sadas, ludicidade e fantasia, elementos impor- metáforas, comparações e metonímias.
tantes para a formação do leitor; bem como a
construção de um repertório em que as diferen-
ças culturais estão presentes”.

(Debus e Vasques, 2010, p.143). Iniciando a proposta com as crianças...

Com essa sugestão didática, é possível proble-


matizar a produção da Literatura Afro-brasileira
e o pouco espaço dedicado a ela dentro e fora da
escola. Perguntar as crianças quais as historias co-
1. Felipe Valentim Bonifacio, Fernando Ribeiro, Luiz Paulo Ferreira Santiago
nhecem que vem daquele continente? Quantos sa-
Pamella Freire, Samanta Biotti, estudantes do 5º termo do curso de Pedagogia beriam contar ou já ouviram falar sobre os tuare-
(Noturno) da Universidade Federal de São Paulo.

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Entre Contos e Poesias: versando Memória e Diversidade no Mundo das Palavras CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

gues2? Ou historias dos poderosos reinos africanos Cidinha da Silva5 e ilustração de Mbiya Kabengele6,
de Ghana3 e Achanti4? é um conto que permite nos aproximar das cultu-
ras do continente africano; inspirado na região de
fronteira dos países entre o Mali, Níger e Burkina
Faso. Além disso, a obra nos oferece ricas ilustra-
ções e o conto revela os costumes, lendas e os ricos
provérbios próprios das culturas africanas.

Sugestões para começar o encontro


com o texto

• Começar a atividade convidando todos


O Mar de Manu (Editora Kuanza Produções – a sentarem no chão em roda; falar sobre
São Paulo, 2011, 1ª ed.), obra criada pela escritora a autora e o ilustrador, contar um pouco
de suas historias pessoais, presente na
contra-capa junto de suas fotografias.
2. Tuaregues são povos constituídos por pastores semi-nomâdes, agricultores e co-
merciantes em grande parte muçulmanos situados principalmente na região saha-
riana do norte do continente africano.
• Aproveitar o momento e trazer um mapa
3. Gana foi um dos maiores impérios formados no continente africano que se desen- mundi e demonstrar a origem de ambos.
volveu para fora das regiões litorâneas ou da África muçulmana. Sua área correspon-
dia às atuais  regiões de Mali e da Mauritânia, fazendo divisa com o imenso deserto
do Saara. Disponível em http://www.historiadomundo.com.br/idade-media/
reino-de-gana.htm - acessado em 19/12/2012.

4. Os  ashantis  ou axântis são um importante  grupo étnico  de Gana. Eles foram um
povo poderoso, militarista e altamente disciplinado da  África Ocidental. Disponí- 5. Mineira de Belo Horizonte, formada em Historia na UFMG.
vel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Ashanti. Acessado em
19/12/2012 6. Radicado no Brasil, é natural da Republica Democrática do Congo ex Zaire.

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Entre Contos e Poesias: versando Memória e Diversidade no Mundo das Palavras CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

• Contar a história para as crianças, 1. Os trechos da obra podem ser trabalhados de ma-
neiras diferentes, orientando para as características do
explorando as ilustrações, permitindo gênero conto.
suas intervenções, problematizando
suas hipóteses; explorando os sentidos 2. Podemos reler o texto e perceber como a autora
utiliza metáfora, comparação e metonímias no texto
do texto e das palavras. para conseguir um determinado efeito de sentido na
interpretação do leitor.

3. Estudando a construção narrativa do texto pode-


De olho no texto verbo-visual mos apontar para o acervo de palavras empregado na
obra, estudando o léxico, relacionando o texto com
memória e construção de identidade.

O Mar de Manu 4. Conversar com as crianças sobre a relação do ho-


mem com a natureza que o conto propõe. A relação
Antes de as cigarras cantarem, chamando a noite, Manu dos mais novos com os mais velhos, questionando os
saíra sozinho da vila, contrariando as recomendações de tipos de valores construídos e valorizados pela família.
sua mãe. O menino contou a Kadija, a mãe, o sonho de
pescar estrelas. Ao ouvir o desejo de Manu, lembrou-se
que os homens azuis do deserto espetam estrelas com a
ponta da lança.
Sentiu cheiro de perigo e subiu na primeira árvore à
sua frente. O cobertor de medo que tomara conta dele
aumenta o frio na barriga. Em eras priscas7, quando os
bichos falavam e confiavam nos seres humanos, (…).
Os bichos só entendem o mundo pelo olhar da família.

7. Tempos muito remotos, que ninguém consegue precisar exatamente. Disponível


em http://www.achando.info/Priscas - acessado em 27/11/2012

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Entre Contos e Poesias: versando Memória e Diversidade no Mundo das Palavras CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

7. Pode-se propor que as crianças formem grupos pe-


quenos e que grupos pares discutam sobre a mesma
ilustração, depois os grupos apresentam a página que
escolheram comparando as analises do que cada um
observou.

Fazendo relações com outros textos


verbais e/ou visuais

1. Explicar sobre a
PROVÉRBIOS AFRICANOS importância dos pro-
– A borboleta que esbarra vérbios para algumas
em espinhos rasga as culturas do continente
próprias asas. africano e qual o seu
– O hoje é o irmão mais
papel social. Podemos
velho do Amanhã, e a relacionar os gêneros e
garoa é a irmã mais velha conversar sobre as carac-
da chuva. terísticas dos provérbios
5. Explorar como as ilustrações colaboram para a in-
terpretação do texto a partir das interpretações feitas – Quando não souberes demonstrando as seme-
pelas crianças. para onde ir, olha para trás lhanças com os outros
e saiba pelo menos de onde textos trabalhados e ana-
vens.
6. Demonstrar as características dos personagens e lisados.
cenários e comparar com outras obras literárias infan- - Aquele que tenta sacudir
tis chamando atenção para os traços do ilustrador. Tal o tronco de uma árvore
atividade ajuda as crianças a compreender que as ilus- sacode somente a si
trações também estão carregadas de sentido. mesmo.

– Domínio Público

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Entre Contos e Poesias: versando Memória e Diversidade no Mundo das Palavras

2. Retomar os primeiros
Estrela conceitos trabalhados
Há de surgir em O Mar de Manu, ex-
Uma estrela no céu plorando a percepção
Cada vez que você sorrir do gênero canção e suas
Há de apagar
Uma estrela no céu características poética
Cada vez que você chorar e sonora. Exploramos o
O contrário também sentido dos versos na can-
Bem que pode acontecer
ção relacionado à música,
De uma estrela brilhar
Quando a lágrima cair ao som dos instrumentos.
Ou então Procuramos identificar a
De uma estrela cadente metáfora, comparação e
se jogar
Só pra ver personificação nos versos
A flor do seu sorriso se da canção.
abrir
(...)

– Gilberto Gil

Para saber mais

• Brandão, Ana Paula. Kit “A Cor da Cultura” Saberes e


Fazeres v.2 : Modos de sentir. MEC/SEPPIR - Rio de
Janeiro, 2006.

• Debus, Eliane e Vasques Margarida. A linguagem


literária e a pluralidade cultural: contribuições para
uma reflexão étnico-racial na escola. Artigo disponível
em http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/
conjectura/article/viewArticle/19

171
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Descobrindo os Iniciando a proposta com as crianças...


Contos Populares1

“O conto popular revela informação históri-


ca, etnográfica, sociológica, jurídica, social. É
um documento vivo, denunciando costumes,
idéias, mentalidades, decisões e julgamentos.”

(CASCUDO, 1946, p.26)

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar o gênero conto popular, enfatizando O livro Contos africanos para crianças brasilei-
suas características. ras, do autor Rogério Andrade Barbosa e ilustra-
ções de Mauricio Veneza (editora Paulinas, 2004),
• Utilizar diferentes contos para as crianças
saberem distinguir e compreender o que diz o traz dois contos que despertam o interesse das
gênero conto popular; crianças, além de ilustrações coloridas que ajudam
• Propiciar às crianças o entendimento de que a
a contar essas duas histórias. Em um dos contos
leitura do conto popular pode ser uma fonte de intitulado “Amigos, mas não para sempre”, somos
informação, prazer e conhecimento. apresentados à eterna luta entre gato e rato de for-
ma concisa e divertida. Já o segundo conto escla-
rece o porquê dos jabutis terem o casco rachado.
1. César Marinho, Fernando Guimarães, Lion Santiago e Mauricéia da Concei- Ambos os contos são temas universais e tradicio-
ção (alunos de Pedagogia, 5º termo- vespertino) e Silvana Ferreira Dias – Pro-
fessora da rede Municipal de Guarulhos.
nais, que pertencem à literatura oral de Uganda.

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Descobrindo os Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Sugestões para começar o encontro De olho no texto verbal


com o texto

Amigos, mas não para sempre


• Podemos iniciar a proposta lendo sobre
o autor e o ilustrador, suas origens e his- Um dia, o rato resolveu que deviam guardar o leite
tórias (essas informações constam no também, da mesma forma como os homens faziam
para não passar fome durante a estação da seca:
livro). Sobre o autor podemos dizer ain- – De que jeito? – questionou o gato.
da que quando a sua obra se trata de um – Em poucos dias, o leite ficará azedo.
conto, algumas vezes, ele é responsável – Deixe comigo – respondeu o rato.
– Eu aprendi como as mulheres preparam um tipo
por recontar uma história já conhecida de manteiga que eu adoro, a qual elas chamam de
por algumas pessoas, pois o conto po- ghee. 2 [...]
pular, muitas vezes, já foi contado, mas
tem autoria desconhecida.

• Outra opção seria em uma roda de con- 1. As crianças podem grifar os verbos do conto e dizer
se o verbo está em primeira ou terceira pessoa e, a
versa levantar, de forma introdutória e partir dessa reflexão, identificar a voz do narrador
espontânea, os elementos que compõe e dos personagens. É importante destacar que
em outros contos, o narrador pode ser também o
o conto popular como: personagens,
protagonista e assim sua voz aparece em 1ª pessoa.
tempo, espaço, narrador e clímax. Esse
levantamento também ajudará na com- 2. Pedir aos alunos que falem cenas aleatórias do conto.
O professor (a) vai fazendo as anotações em cartazes.
preensão do conto. Além disso, nessa
Depois de prontos, os alunos devem organizar as cenas
roda, é possível apresentar aos alunos a na ordem original do conto, percebendo a sequência
fábula O leão e o ratinho e, a partir dessa temporal narrativa do conto.
leitura, levantar as impressões dos alu-
nos sobre as relações culturais existen- 2. BARBOSA, Rogério Andrade. Amigos, mas não para sempre. Contos africanos para
tes, ou não entre os dois gêneros. crianças brasileiras. São Paulo. Paulinas, 2004. p.1.

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Descobrindo os Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. A forma como se lê o conto é muito importante, por Fazendo relações com outros textos
isso seria interessante propor que as crianças lessem verbais e/ou visuais
o conto em voz alta, atentando-se, com auxilio do
professor (a), às intenções dadas pelo autor em cada
parte do texto. Para a leitura as crianças podem se
dividir em narrador e personagens. “Os textos curtos, como os contos, possibilitam uma
melhor adequação ao fôlego do leitor em formação.
4. As crianças podem observar a movimentação do E a relação com o momento contemporâneo pode ser
narrador no texto, identificando em que momentos um instigante meio de “mergulhar” no clima da obra.
aparece e quais os recursos gráficos são utilizados Daí para a leitura de romances... E o professor, como
para que se note a sua presença no trecho transcrito, um mediador dessas leituras, assume papel funda-
por exemplo. mental.”

(Cabral e Mendonça, 2010, p. 03)

Amigos, mas não para sempre

Quando a estação da seca chegou, o gato e rato se alimentaram


com os produtos que haviam armazenado nos celeiros. Havia
bastante comida para os dois. Mas o rato não parava de pensar no
ghee que ele ocultara na igreja.
– Será que não estragou? Como é que deve estar o gosto agora? –
pensava o pequeno roedor.
Morrendo de vontade de provar um pouquinho do ghee, ele
planejou uma boa desculpa:
– Tenho de ir à igreja. A filha de minha irmã vai ser batizada e ela
pediu que eu fosse o padrinho.

— BARBOSA, Rogério Andrade. Amigos, mas não para sempre.


Contos africanos para crianças brasileiras.
São Paulo. Paulinas, 2004.p. 10.

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Descobrindo os Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

2. Apresentar para as crianças diferentes contos que


O Jabuti de asas contem histórias sobre animais. Essa atividade pode aju-
dar as crianças a perceberem como um mesmo tema pode
Há muito tempo, um jabuti soube que uma grande festa ser abordado de diferentes maneiras, dependendo do autor
estava sendo organizada pelas aves que viviam voando entre e da cultura de que se origina além de notarem uma coe-
os galhos das florestas.
rência quanto às características do gênero como a presença
– Eu também quero ir – disse ele, pondo a cabecinha para
fora do casco. de narrador e personagens, a forma curta do texto, a pre-
– Mas a festa vai ser no céu- explicou um papagaio – Como é sença de apenas uma história a ser contada, além de nota-
que você vai voar até lá? rem que em alguns contos o desfecho pode ser enigmático.

— BARBOSA, Rogério Andrade. O Jabuti de asas.


Contos africanos para crianças brasileiras.
São Paulo. Paulinas, 2004.p. 17.

1. Utilizar dois contos para que as crianças notem as fa-


las dos personagens com o uso de travessão e a fala do
narrador “observador” sem o travessão, o que evidencia
uma característica do gênero. Além disso, deve-se atentar
ao fato de que o narrador também apresenta a fala dos per-
sonagens e para isso ocorre uma mudança no verbo, como
destacado no trecho a seguir. Esta obra traz cinco contos O livro Contos Tradicionais do
dos Irmãos Grimm, onde Brasil para crianças reúne al-
animais encantados e outros guns contos recolhidos pelo
seres tratam de diversos autor Luís Câmara Cascudo
temas. Destaque para “A (Ilustrações Cesar Landucci)
RAPOSA E O GATO”. dentre os quais existe uma
seleção de contos que tra-
tam dos animais. Um exem-
plo interessante é POR QUE
O CACHORRO É INIMIGO DE
GATO... E GATO DE RATO.

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Descobrindo os Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

3. Pode-se apresentar para as crianças a história “A


festa no Céu” em diferentes versões como em vídeo e
livro, possibilitando que notem em diferentes versões
características do gênero tanto na oralidade quanto na
escrita.

Versão de “Festa no Céu”


da autora e ilustradora
Lúcia Hiratsuka.

No livro Conto de animais


do mundo todo estão reu- Em Contos de animais
nidos contos tradicionais de como contaram aos pais de
diversas culturas do mundo, nossos pais, os autores Ale-
recolhidos por Naomi Adler. xandre Parafita e Rui Pedro
Ao todo são nove contos Lourenço recontam contos
sobre animais. antigos sobre animais.

3. Conversar com as crianças sobre a importância das


ilustrações no conto. Será que as ilustrações são primor-
diais? As ilustrações sozinhas podem contar uma história? Versão de “Festa no
Céu” da autora Ana
(Ilustrações de Maurício Veneza)3
Maria Machado.

3. BARBOSA, Rogério Andrade. Amigos, mas não para sempre. Contos africanos para
crianças brasileiras. São Paulo. Paulinas, 2004.p. 6 e 16.

181 182
Descobrindo os Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Para saber mais

• GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto. Editora


Ática, 10ª ed.; São Paulo: 2003.

• LEITE, Ligia Chiappini Moraes. O Foco Narrativo.


Editora Ática, 10ª ed.; São Paulo: 2002.

• MESQUITA, Samira de. O Enredo. Editora Ática, 3ª


Neste Vídeo, disponibilizado no Youtube e no blog do
artista, Augusto Pessôa narra o famoso conto “A Festa no ed.; São Paulo: 2002
Céu”.
• Salto para o Futuro “Conto e Reconto: Literatura e
(re) criação”, Ano XX, Boletim 16, 2010.

Disponível em: http://www.tvbrasil.org.br/fotos/


Produzindo textos com as crianças salto/series/151433Contoreconto.pdf

O professor (a) pode propor que as crianças


se dividam em duplas, sendo que uma ficará res-
ponsável por reescrever o conto, enquanto a outra
fica responsável pelas ilustrações. As produções
das crianças devem ser expostas em um blog, for-
mando uma espécie de livro virtual. Para utilizar
no blog, se as crianças preferirem, o professor (a)
pode propor também que as crianças montem ví-
deos narrando a história, ilustrados com as ima-
gens produzidas.

183 184
Descobrindo os Contos Populares

Site para navegar com as crianças...

O Blog do artista Augusto Pessôa reúne vários contos


populares, seja em vídeos ou escritos.

• http://augustopessoacontadordehistorias.
blogspot.com.br/2009/02/noticias.html

185
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Trabalhando com
Contos Populares1 Objetivos das sugestões didáticas

• Inserir pequenas leituras diárias no cotidiano


escolar dos alunos, como forma de desenvol-
ver o gosto pela leitura e sua produção.
• Trabalhar a interpretação dessas histórias,
levando os conteúdos apresentados ao coti-
diano das crianças.
“Por meio da literatura, seja ela oral ou escri-
ta, podemos penetrar diversos mundos, época e • Discutir as diferenças e semelhanças presen-
sentimentos. Os contos populares, ainda hoje, tes na cultura de outros povos, por meio da
capturam os mais diferentes leitores, indepen- inserção de contos de outros países.
dentemente da época ou objetivos pelos quais
foram produzidos. Eles nos mostram mais que • Levar a criança a compreender o que é cul-
um universo de princesas, dragões e bruxas. Às tura e como a língua e a escrita expressam a
vezes ocultadas pelas brumas da fantasia, po- formação de um povo.
demos encontrar reflexos de um mundo muito
real: um mundo de costumes e valores, de desi-
gualdades sociais, enfim, todo um cotidiano de
diferentes povos e tempos”. Iniciando a proposta com as crianças...
(Pinheiro, 2012, p. 13).
Os dois livros de Heloisa Pietro - Lá Vem Histó-
ria e Lá Vem História Outra Vez (Editora Compa-
nhia das Letrinhas, 2002 e 2003) apresentam his-
tórias para conhecer o mundo: valentes samurais
no Japão; diabos espertíssimos na Europa Central;
no Pólo Norte, ursos que viram estrela, na Austrá-
lia, os imensos homens gatos, monstros muito es-
1. Adalberto Adão Dire e Denise Helena de S. Camilloto, alunos do curso de
Pedagogia da Universidade Federal de São Paulo.

187 188
Trabalhando com Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

tranhos. E mais: Macunaíma, Scherazade, O Ne- e no dia a dia em relação a esses dois
grinho do Pastoreiro, entre outras, permitem uma povos e consequentemente desenvol-
viagem através da imaginação de outros povos e de ver a curiosidade e o gosto pela leitura.
crianças que viveram em outras épocas.
• Outra forma de se trabalhar os contos
populares é exatamente levantando
com as crianças as histórias contadas
no nosso cotidiano, questionando
como elas acham que essas surgiram,
já que são obras de autoria popular.
Deixando claro para as crianças a im-
portância dessas narrativas para a
compreensão da realidade.

Sugestões para começar o encontro


com o texto

• É possível trabalhar com a leitura e in-


terpretação através de uma compara-
ção entre contos populares de lugares
diferentes. Uma brasileira e outra japo-
nesa, por exemplo. De maneira que as
crianças tragam informações sobre as
diferenças que percebem nas histórias

189 190
Trabalhando com Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

De olho no texto verbo-visual pelha sobre a realidade vivida pelo povo apresentado.
Essa discussão deverá ser oral, onde a criança irá mani-
festar livremente as ideias formuladas mediante a inter-
pretação dada por cada ao conto.
O Pintor do Céu
(História do Folclore Tibetano)
2. Explorar o emprego de letras maiúsculas e minús-
cula, bem como os de nome próprio, uma vez que há
Há muito tempo, vivia no sul da China um velho pintor
diferenças entre “Morte” e “morte”, “Senhor” e “senhor”.
de muito talento. O que ele mais gostava de retratar eram
rostos de crianças.
3. Analisar parágrafo, travessão, interrogação, exclama-
Certa noite [...] Ele estava tão entretido em fazer o retrato
ção e reticências, como essas pontuações são utilizadas
de uma linda menina que nem percebeu que à sua porta
para representar emoções e falas, dando vida ao conto.
surgira uma misteriosa figura. Ela atravessou o cômodo e,
quando chegou ao seu lado, disse:
4. Levantar entre os alunos o porquê de o pintor gostar
- Eu sou a Morte e preciso levá-lo comigo hoje.
de pintar rostos de crianças e, porque achavam que a
- Morte, por favor, diga ao Senhor do céu que estou muito
morte tinha vindo visitá-lo. Existe algum conto brasilei-
ocupado e não posso partir sem terminar meu retrato...
ro semelhante? Todos os rostos então de criança inclusi-
O rosto que ele pintava era tão lindo e vivo que parecia lhe
ve os nossos seriam desenhados por um pintor chinês?
sorrir. Emocionada, a Morte foi-se embora. Quando chegou
ao céu, o Senhor do céu lhe perguntou:
- Morte, o que aconteceu? Você voltou sozinha? Fazendo relações com outros textos verbais
- Senhor, me perdoe, mas não consegui interromper o
velho mestre.
e/ou visuais
O Senhor do céu ficou furioso com a Morte.
- O que é isso? Você nunca me desobedeceu! Volte já para 1. Apresentar outras versões dos
a Terra e traga-me o pintor! contos recontados nas duas obras,
(...) ampliando o repertório de leitura
das crianças. A comparação pode
ser uma boa estratégia para que as
crianças observem semelhanças e
diferenças entre os textos. Como
1. Todo conto popular traz consigo aspectos do coti- sugestão, podemos indicar o livro
diano e das vivências de determinado povo. Diante Como nasceram as estrelas, de Cla-
desse aspecto, realizar uma atividade direcionada para rice Lispector (Editora Rocco), em que
o questionamento sobre o que o conto em questão es- a história do Negrinho do Pastoreio é
retomada, além de outras lendas.

191 192
Trabalhando com Contos Populares CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

2. Ler trechos do livro His- Produzindo textos com as crianças


tórias de Tia Nastácia, de
Monteiro Lobato. Nessa obra,
há várias referências ao folclore • Organizar uma exposição de desenhos
brasileiro. O livro explora de for- elaborados pelas crianças que recontem
ma muito interessante a cultura
popular brasileira. os contos trabalhados em sala de aula.
De maneira que a criança apresente sua
interpretação e representação visual so-
bre os mesmos. O que se deseja é pro-
mover além do gosto pela leitura e sua
interpretação, levar a criança a percep-
ção de que as imagens acabam nos ofe-
recendo uma interpretação sobre deter-
minada realidade, colaborando na nossa
formulação de idéias sobre um objeto.

• Promover um dia de contação de his-


tórias, em que as crianças deverão nar-
rar seus contos para os demais, desen-
volvendo assim a oralidade, leitura e
3. Assistir aos vídeos do programa Lá vem História da
TV Cultura. É possível encontrar vários vídeos na internet
escrita, além de motivar os alunos na
ou no site da TV Rá-Tim-Bum (http://tvratimbum.cmais. produção própria. Quando se permite
com.br/) que a criança fale sobre a sua vivência,
sua realidade, essa acaba questionando
sobre os acontecimentos ao seu redor,

193 194
Trabalhando com Contos Populares

dando interpretação e buscando respos-


tas e soluções para os problemas com os
quais se defronta, refletindo, pensando
e analisando o seu entorno.

Para saber mais

• CASCUDO, Luis da Câmara. Literatura oral no Brasil. 2ª


Ed. São Paulo: Global, 2009.

• FERREIRA NETO, Waldemar. Tradição oral e produção de


narrativas. São Paulo: Paulistana, 2011.

• GOMES, Lenice. MORAES, Fabiano. Alfabetizar letrando


com a tradição oral. São Paulo, Cortez, 2013.

• PINHEIRO, Nárgyla Maria L. Pimenta. Como você está


diferente vovó! : aspectos sócio-históricos dos contos
populares. Dissertação de Mestrado apresentada a
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de
São Paulo. São Paulo: USP, 2012.

• ROMERO, Silvio. Contos populares no Brasil. São Paulo:


Martins Fontes, 2007.

195
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

A poesia disseminando Iniciando a proposta com as crianças...


o direito1
A leitura da obra “Os direitos das crianças se-
gundo Ruth Rocha”, escrito por Ruth Rocha (Ed.
Os enunciados – sejam eles orais, escritos ou Companhia das Letrinhas, 2002) apresenta versos
multimodais – exprimem, em certa medida, a compostos por quadrinhas. As páginas são ilustra-
individualidade dos sujeitos e suas idiossincra- das com desenhos feitos pelo ilustrador Eduardo
sias, mas na dependência de situações sociais
concretas de enunciação, segundo Bakhtin. Rocha, que dialogam com os versos, apresentando
cenas descritas no poema.
(DIAS et alli, 2012)

Objetivos das sugestões didáticas

• Trabalhar o gênero literário poema

• Relacionar o texto com outros gêneros


literários verbais e não verbais: canção,
história em quadrinhos, literatura de cordel e
obras das artes visuais.

• Compreender e reconhecer a importância da Nossa proposta tem por objetivo principal traba-
antologia para a produção literária.
lhar o gênero literário da poesia, que é pouco traba-
lho na escola, com seus elementos característicos.
Para iniciar esse trabalho, podemos sugerir uma
1. Carolina Zambotti Simões , Ezequiel Santos, José da Silva, Karen Regina roda de leitura, onde cada criança pode ler um tre-
Amorin - Alunos do curso de Pedagogia (Noturno) da Universidade Federal
de São Paulo. cho do livro. Podemos questionar os alunos sobre a

197 198
A poesia disseminando o direito CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

forma desse texto, o que ele apresenta de diferente, Fazendo relações com outros textos
se eles percebem o ritmo, a rima, a forma etc. verbais e/ou visuais

De olho no texto verbo-visual Deveres e Direitos

Crianças: iguais são seus deveres e direitos.


[...] Crianças: viver sem preconceito é bem melhor. 
Criança tem que ter nome Crianças: a infância não demora, logo, logo vai passar, 
Vamos todos juntos brincar.
Criança tem que ter lar Meninos e meninas, 
Ter saúde e não ter fome Não olhem religião nem raça. 
Ter segurança e estudar Chamem quem não tem mamãe, 
Que o papai tá lá no céu,
Não é questão de querer E os que dormem lá na praça.
Meninos e meninas, 
Nem questão de concordar
Não olhem religião nem cor. 
Os direitos das crianças Chamem os filhos do bombeiro, 
Todos têm que respeitar Os dois gêmeos do padeiro 
[...] E a filhinha do doutor.
(...)

- Toquinho (1987)

1. As crianças podem conversar sobre o léxico dos


poemas e canções em grupos para que possam com-
preender os possíveis sentidos das palavras e expres-
sões, como: “decreto”, “casa de joão-de-barro”, “pomar”, 1. As crianças podem conversar sobre o léxico dos po-
“carreiro de saúva”, etc.; emas e canções em grupos para que possam compre-
ender os possíveis sentidos das palavras e expressões,
2. Podem ser explorados as rimas e ritmos da poesia como: brincar, raça, trombadinha etc. Podem ser explo-
e das canções, trabalhando a repetição e o paralelismo rados as rimas e ritmos da poesia e das canções, traba-
presente de algumas palavras, como: “tem”, “criança”, lhando a repetição e o paralelismo presente de algumas
“questão” e expressões “criança tem que ter”; “não é palavras, como: raça e praça.
questão de querer”;

199 200
A poesia disseminando o direito CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Produzindo textos com as crianças

Produzir fotografias que busquem captar alguns


dos direitos das crianças que estão, ou não, sendo
garantidos e, posteriormente, apresentar para a
escola em murais ou em uma galeria improvisada,
explorando a arte visual.

Para ler mais

• Muscat, Bruno. Coleção Sim X Não – Direitos das


Crianças, SIM!. Editora Escala Educacional

• Kawahara, Hiro. O Livro dos grandes direitos das


crianças. Editora Panda Books, 2011

• Lísias, Ricardo. Coleção Turma dos Direitos Humanos.


Vol. 1 e 2. Editora Hedra, 2005

2. Explorar a forma como o texto é apresentado relacio-


nando a História em Quadrinhos da Turma da Mônica em
O Estatuto da Criança e do Adolescente. O acesso pode
ser pelo link: http://www.fundacaofia.com.br/c-eats/
eca_gibi/capa.htm. Ou pelo link http://www.unicef.
org/brazil/pt/monica_estatuto.pdf

201 202
A poesia disseminando o direito

Para saber mais

• DIAS, Anair; MORAIS, Cláudia G.; PIMENTAS, Viviane


R. e SILVA, Walleska B. Minicontos multimodais:
reescrevendo imagens cotidianas. In: Roxane Rojo
e Eduardo Moura (Orgs.) Multiletramentos na Escola.
Parábola Editorial, 2012.

• FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na


sala de aula. Contexto.

• MACHADO, Zélia et al. Literatura no ensino


fundamental: uma formação para o estético.
In: Egon Rangel e Roxane Rojo (Orgs.). Língua
Portuguesa: Ensino Fundamental. Brasília, MEC,
2010.

• RAMOS, Graça. A imagem nos livros infantis:


caminhos para ler o visual. Autêntica.

203
CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

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Janeiro: José Olympio, 1997. http://www.ziraldo.com/livros/chapeu_a. ne/images/5/56/Coraline_game2.gif
htm
Página 47
Página 27 • Lucy enters the Wardrobe. http://narnia.wikia.com/wiki/Wardrobe
• Chapeuzinho Vermelho e Outros Contos de Grimm. http://www.livrus. • Coraline e o mundo secreto (2009). http://www.youtube.com/
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• The Project Gutenberg eBook, The Story of the Three Little Pigs, by br/galeria/Alice-por-Salvador-Dali/Para-baixo-na-toca-do-coelho/?slug_
Unknown, Illustrated by L. Leslie Brooke. http://www.gutenberg.org/ conteudo=veja-pinturas-de-salvador-dali-para-alice-no-pais-das-maravilhas
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detalhe.php?codigo=40283 D0136EE70938D0006#
• Outra Vez os Três Porquinhos. http://www.companhiadasletras.com.br/
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• Mil Pássaros: Sete Histórias de Ruth Rocha. http://www.radio.uol.com.br/#/
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Créditos das Imagens CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

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• Desenho: Gnomeu e Julieta. http://www.youtube.com/ • As Novas Aventuras do Pinóquio - Tudo quanto se pode fazer com um nariz
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• Romeu e Julieta em cordel. http://lojanovaalexandria.com.br/nova-alexandria/ Página 102
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File:Ebcosette.jpg
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• Les misérables, Gérard Dubois, Nathan. http://www.ricochet-jeunes.org/ma- livros/layout_produto.asp&CategoriaID=626470&ID=940028
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• Indio bororo. http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Indio_bororo.
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• Rotas fantásticas. http://www.ftd.com.br/detalhes/?id=3159
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• As aventuras de Pinóquio. http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe. • Os tenebrosos quadros de crianças chorando. http://vejasp.abril.com.br/blo-
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207 208
Créditos das Imagens CADERNOS DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Página 134 Página 179


• Histórias de arrepiar com Ângela Lago. http://www.angela-lago.net.br/livro. • Conto de animais do mundo. http://www.martinsfontespaulista.com.br/ch/
html prod/407169/CONTOS-DE-ANIMAIS-DO-MUNDO-TODO.aspx
• Contos de animais como contaram aos pais de nossos pais. http://www.tram-
Página 140 polimedicoes.pt/crbst_42.html
• Histórias de arrepiar com Ângela Lago. http://www.companhiadasletras.com. • Ilustrações de Maurício Veneza. Digitalizações do autor.
br/detalhe.php?codigo=40223
Página 180
Página 142 • Versão de “Festa no Céu” da autora e ilustradora Lúcia Hiratsuka. http://www.
• Contos de enganar a morte. http://www.ricardoazevedo.com.br/livro/contos- editoradcl.com.br/Produto/92/festa-ceu-conto-popular-brasil-festa-mar-
de-enganar-a-morte/ conto-popular-japao
• Na noite escura. https://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/11121/Na- • Versão de “Festa no Céu” da autora Ana Maria Machado. http://www.ftd.com.
noite-escura.aspx br/detalhes/?id=2467
• My Haunted House. http://www.harpercollins.com/browseinside/index.
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• A hora do cachorro louco. http://www.ricardoazevedo.com.br/livro/trecho-de- • La vem história. http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.
a-hora-do-cachorro-louco/ php?codigo=40055

Página 150 Página 190


• Amor, História e Luta. http://eileiaolivro.blogspot.com.br/2012/02/antologia- • Como nasceram as estrelas. http://portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/
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Página 151 Página 191


• Viagem a São Saruê. http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNor- • Histórias de Tia Nastácia. http://teopoetica.sites.ufsc.br/arquivos/lucifer/
deste/index.php?titulo=Manoel+Camilo+dos+Santos&ltr=m&id_perso=460 Artigos/Hist%C3%B3ria%20de%20Tia%20N%C3%A1stacia%20-%20O%20
Bom%20Diabo%20-%20Monteiro%20Lobato.pdf
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• Peleja de Joaquim Jaqueira com Joao Melquíades. http://digitalizacao.fundaj. Página 196
gov.br/fundaj2/files/i/56/00.jpg • Os direitos das crianças segundo Ruth Rocha. http://encantamentosdaliteratu-
ra.blogspot.com.br/2011/04/os-direitos-das-criancas-segundo-ruth.html
Página 163
• O mar de Manu. http://cidinhadasilva.blogspot.com.br/ Página 199
• Turma da Mônica em O Estatuto da Criança e do Adolescente. http://www.
Página 166, 167 e 168 unicef.org/brazil/pt/monica_estatuto.pdf
• O mar de Manu. Digitalização do autor.

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• Contos africanos para crianças brasileiras. http://www.paulinas.org.br/loja/?sy
stem=produtos&action=detalhes&produto=504580

Página 178
• Contos de Grimm: Animais encantados. http://ensfundamental1.files.word-
press.com/2012/03/contos-de-grimm.pdf
• Contos Tradicionais do Brasil para crianças. http://www.skoob.com.br/
livro/52577-contos_tradicionais_do_brasil

209 210
Créditos das Imagens

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

FORMATO: 14 x 21 cm
TIPOLOGIA: Constantia / Myriad Pro
PAPEL MIOLO: Off-set - 90g/m2
CAPA: Triplex 270 - g/m2

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