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PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA

ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DA BAHIA

ANO VI MARÇO 2022 NÚMERO 62

PALAVRA DO PRESIDENTE
onais, integrados por re- naria tem grande respon-
presentantes de ampla sabilidade para promover,
maioria de países movidos em todo encontro que seja
por intenções pacíficas, realizado e em todas as
com vistas a impedir um sessões litúrgicas, em ca-
conflito de proporções in- da uma das suas unidades,
PAX VOBISCUM calculáveis, que resultaria
em danos irreparáveis para
a necessária exortação à
paz mundial, dirigida, es-
O título, em epígrafe, é ex- toda forma de vida existen- pecificamente, aos locais
pressão latina que se tra- te no planeta, é indispen- onde estejam ocorrendo
duz, em nosso idioma, por: sável que as instituições conflitos, a fim de que pre-
a paz esteja convosco. religiosas de todas as cren- valeça a ordem justa e per-
Na liturgia católica, tal ex- ças, bem como aquelas de feita estabelecida pelo
pressão é proferida pelos caráter esotérico, dirijam Grande Arquiteto do Uni-
bispos, no início e no final suas preces, quando reuni- verso.
das missas, abençoando dos em contritas assem- Cândido A. Vaccarezza
os fiéis. A lembrança dessa bleias, realizando verdadei- Cadeira nº 26
ra egrégora, produzindo, Presidente
expressão, no momento
que estamos vivendo, re- assim, a força espiritual
pAG ASSUNTO
flete o desejo de grande destinada a concretizar a
parte da humanidade, após desejada paz.
2 Mulher...
o fatídico ataque de tropas Em sua múltipla nuance,
russas contra a Ucrânia, no 3 Leituras
embora distinta em Potên-
conturbado leste europeu, cias, Ritos, Graus Capitula-
4 Crônicas
na manhã de quinta-feira, res, inclusive por meio das
24 de fevereiro, próximo suas entidades paramaçô- 5 Filosofia
passado. nicas, sem perda, entretan-
6 Corpo e mente
Para efetivar tão sagrado to, da universalidade que
anseio, além das ações di- une seus iniciados como 7 Para onde vamos?
plomáticas preconizadas verdadeiros irmãos, sobri-
nhos e sobrinhas, a Maço- 8 Irmãos de leite
pelos organismos internaci-
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Com a palavra, o editor plo debate a favor das lutas por igualdades de
direitos que ocorreram desde o final do século
19, tanto nos Estados Unidos e Rússia, como em
diversos países da Europa.
A revolução industrial, com o desenvolvi-
mento das máquinas e das linhas de produção,
trouxe um resultado que acarretou para o mun-
do, na época, condições insuportáveis de traba-
lho em que, principalmente as mulheres, amar-
gavam uma jornada de 15 h diárias ou mais por
um salário medíocre e insuficiente para o sus-
tento de uma família; isso agravou o estado cala-
mitoso, insustentável que se formava, gerando
uma série de greves e paralisações que descam-
No dia 8 de março próximo passado come- baram em contendas e lutas, muitas delas culmi-
moramos o Dia Internacional da Mulher. Esta nando com a morte de várias manifestantes.
data foi instituída pela ONU em 1975, após am- Entretanto, foi graças a essas lutas que,
mais de um século depois, o mundo pode come-
morar o Dia Internacional da Mulher celebrando
as conquistas delas por espaços cada vez maio-
res dentro da sociedade que, até há pouco tem-
po, primava por preconceitos e desigualdades
PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA com relação a cargos e salários, quando em con-
diretoria
fronto com aqueles ocupados por homens.
Cândido Augusto Vaccarezza
Presidente Nesta edição saudamos a mulher! Mulher
Péricles Queiroz do Lago
esposa, mãe, educadora dos filhos, guerreira,
Secretário Geral trabalhadora, empresária, lutadora e poderosa
José Alconso da Silva Filho que se impõe na sociedade para caminhar lado a
Diretor de Relações Públicas lado com o homem, em igualdade de condições,
Fernando Gimeno ocupando seus próprios espaços com competên-
Diretor de Imprensa e Comunicação
cia e equilíbrio. Mulher que participa da vida
Israel Medrado política, gestora, executiva, que cumpre com
Diretor de Finanças
competência suas tarefas em todos os segmentos
ACADEMUS é uma publicação mensal da sociais abrilhantando-nos e completando-nos
AMALBA com a sua capacidade, habilidade e suficiência,
Academia Maçônica de Letras da Bahia mas, sobretudo enfeitando-nos com a beleza que
Telefones
GOEB (71)3243-9162
emana da sua figura feminina e gentil.
(71)99168-2485—ZAP A AMALBA e a revista ACADEMUS dei-
E-mail xam aqui registrada a sua gratidão a essa figura
tão importante em nossas vidas e que tem ocu-
gimeno1947@gmail.com pado espaços cada vez maiores, com habilidade
fergicavalca@hotmail.com
e sabedoria e, hoje, torna-se indispensável ao
Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores. progresso e bem-estar da humanidade.
O Editor
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FUTURAS LEITURAS Além de poesia, Drummond produzia excelente


prosa, das quais indico outros títulos para nossa fruição
DE VOLTA AO PASSADO estética: “Confissões de Minas”, “Caminhos de João
J0SE MAURICI0 GUIMARAES Brandão”, “Cadeira de Balanço”, “A Minha Vida”, “A
Entende-se por “aprendiz”, a pessoa que apenas Bolsa & a Vida”, “70 Historinhas”, “As Histórias das
se iniciou em algum treinamento ou profissão − aquele Muralhas”, “Auto-retrato e Outras Crônicas”, “Boca de
que aprende uma arte ou atividade específica. Por exten- Luar”, “Contos Plausíveis”, “De Notícias & Não-
são, chamamos “Aprendiz” o primeiro grau da maçona- notícias Faz-se a Crônica”, etc.
ria, assim como o de outras Ordens. Outro grande mestre foi José Jacinto Veiga,
Os “Contos de Aprendiz” de Carlos Drummond mais conhecido como José J. Veiga, nascido em Goiás
de Andrade, entretanto, não têm nada a ver com o 1° no ano de 1915. Apesar de ter suas obras também edita-
grau de quaisquer ordens existentes nesta ou em outra das em Portugal, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra,
galáxia “deste que é o melhor dos universos possíveis”, o excelente Veiga anda injustamente esquecido...
segundo o otimismo de Gottfried Wilhelm Leibniz. Seu estilo é o “realismo fantástico”, com quase
Tampouco referem-se esses contos aos poucos conheci- vinte obras-primas nesse filão da literatura mágica que
mentos, habilidade ou experiência de quem escreve... ou floresceu nas décadas de 1960 e 1970, fruto dos emba-
tenta escrever. Aprendíamos no passado – quando tes entre a tecnologia e as superstições – temas psicoló-
as escolas prestavam-se a alfabetizar – que os me- gicos preferenciais das letras latino-americanas onde se
lhores escritores são os que mais leram destacam Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez,
e melhor leram: “mais” indicando quantidade; e Murilo Rubião, Alejo Carpentier, Isabel Allende, Julio
“melhor”, a qualidade da leitura. Cortázar, Manuel Scorza e outros.
Não adianta ler muito se a natureza da leitura é A coletânea “Os Cavalinhos de Platiplanto” não
superficial e despojada de senso tem nada de infantil. Apesar do títu-
crítico e cultura, cabedais linguísti- lo, são contundentes reminiscências
cos e históricos. Alguém pode ter de um tempo envolto no embate en-
aprendido ler e escrever e permane- tre a consciência madura e os deva-
cer analfabeto funcional – junta as neios do desenvolvimento juvenil.
letras, mas é incapaz de compreen- Além desses cavalinhos, é preciso
der e utilizar as informações escri- citar outros livros de José J. Veiga:
tas, apenas reflete, e minimamente, “Sombras de Reis Barbudos”, “Os
sobre o que está no preto-no-branco Pecados da Tribo”, “De Jogos e Fes-
do imaculado papel. tas”, “A Hora dos Ruminantes”, “A
A “arte de ler” começa na Casca da Serpente”, “O Relógio Be-
infância e prossegue na adolescên- lizário”, “O Trono no Morro”, “Tajá
cia. Depois dessa época, exigem-se maiores esforços e e Sua Gente”, etc.
sacrifícios na formação do hábito e capacidade de ler. Quando cursávamos o antigo ginásio, o profes-
Noutras palavras: quem (ainda) não “aprendeu ler” de sor de literatura nos encarregava da reprodução ou rees-
forma proveitosa, só entenderá os garranchos crita de alguns desses contos, usando nossas próprias
do WhatsApp, um pouco palavras. Depois, no dia seguinte e em sala de aula, tro-
de Facebook, Instagram ou Twitter. cávamos nossos cadernos. Cada colega fazia a revisão e
A escolha dos melhores autores é o primeiro crítica do trabalho de outro. Essa prática desenvolvia a
passo para a formação de bons leitores – e apenas bons paciência com que recebíamos críticas, às vezes muito
leitores podem se tornar escritores. Essa incômoda reali- duras, e nos fazia refletir sobre gentileza e respeito, qua-
dade explica a enxurrada de textos que jorra com lidades que entre nós – os antigos – eram conhecidas
as águas sujas da internet, mescladas e entremeadas como “cavalheirismo”.
com imundícies gramaticais. Aqueles foram outros tempos; dias, meses e
Esses “Contos de Aprendiz”, que trago de volta anos que evoluíram na semelhança do que disse Manuel
à memória e compartilho, equivalem a instruções na Bandeira: “Os cavalinhos correndo, e nós, cavalões,
“arte de ler” e, por conseguinte, na “arte de escrever”. comendo…”
Nosso ilustre conterrâneo Drummond – nascido em O rigor iniciático recomenda: livros e textos de
1902, na cidade mineira de Itabira − publicou esse volu- grandes autores devem permanecer na cabeceira da nos-
me de contos (quinze ao todo) por volta de 1952. Ele já sa cama para serem lidos e apreendidos, pela manhã; e,
não era nenhum aprendiz na arte de escrever ou se possível, “do meio dia à meia-noite”. Assim, seremos
no “ofício de poetar”, mas deixou transparecer a simpli- elevados à modesta condição de “companheiros da es-
cidade do gênio no aconchego das narrativas e na bran- crita” e talvez, um dia – quem sabe? – “exaltados” a
dura de quem sabe ensinar as conjugações corretas e as mestres do texto.
rigorosas crases.
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"NOSSAS ATITUDES ESCREVEM
CRÕNICAS DE NOSSO DESTINO.
NÓS SOMOS RESPONSÁVEIS PELA
MARAGOJIPE VIDA QUE TEMOS.
CULPAR OS OUTROS PELO QUE NOS
Paulo Vicente
ACONTECE É CULTIVAR A ILUSÃO.
Guerreiro Peixoto .'. A APRENDIZAGEM É NOSSA E NIN-
GUÉM PODERÁ FAZÊ-LA POR NÓS, AS-
A VIDA NOS ENSINA....PERDOAR SIM COMO NÓS NÃO PODEREMOS FA-
ZER PELOS OUTROS.
A vida nos ensina, que não podemos nun-
ca retribuir o mal que muitas vezes sofre- QUANTO MAIS DEPRESSA APREN-
mos, com atitudes que ferem os ensinamen- DERMOS ISSO, MENOS SOFREREMOS."
tos de DEUS, o Grande Arquiteto Do Uni- Assim, ROGUEMOS, como JESUS
verso. CRISTO o fez na Cruz, o PERDÃO do
Sei o quanto é difícil perdoar um mal que Grande Arquiteto Do Universo - DEUS, para
nos é cometido, uma calúnia ou uma menti- que com a INTERCESSÃO do próprio JE-
ra. SUS CRISTO, de NOSSA SENHORA, de
todos os Santos, Espíritos de Luz e Orixás,
Uma mágoa nos faz chorar, um gesto de possamos, mudando nossas atitudes e senti-
violência nos deixa marcas não só no corpo mentos, receber as Graças vindas do Alto.
como na alma, a ingratidão ou a traição que
muitas vezes nos abate de forma significan- MUITA LUZ, FÉ, SAÚDE, ESPERAN-
te, principalmente quando é de um amigo ou ÇA, LIBERDADE, IGUALDADE E FRA-
de um ente querido. TERNIDADE, UNIÃO, RESPEITO, HU-
MILDADE, SABEDORIA, IRMANDADE,
Mas, por maior que seja a dor, por maior PAZ ESPIRITUAL, AMOR AO PRÓXIMO
que seja a decepção, mesmo nos afastando E PERDÃO.
da pessoa ou pessoas que cometeram qual-
quer desses desatinos, podemos e devemos CUIDEM-SE....
perdoa-las, lembrando-nos que JESUS na
cruz, em último ato, pediu ao Grande Arqui-
teto Do Universo - DEUS , NOSSO PAI,
que nos perdoasse.
DEUS nos ensina a todo momento que o
PERDÃO AINDA É O CAMINHO QUE
NOS LEVA ATÉ ELE, que NOS PERMITE
SERMOS MAIS FELIZES E VIVERMOS
EM PAZ.
Meus AMIGOS e IRMÃOS.'., que possa-
mos, ainda, neste dia refletir mais...e
mais...antes de tomarmos qualquer atitude
em nossas vidas e que possamos agir como
nos ensina Zíbia Gasparetto, uma escritora
espiritualista brasileira, que se notabilizou
como médium:
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Entre a dúvida e a incerteza - O recomeço ela pode se tornar desacreditada.
de uma nova vida “É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos ve-
mos se não saímos de nós”, já dizia o escritor portu-
guês José Saramago.
Trocar o certo pelo duvidoso nunca é muito sensato,
mas querer continuar fazendo sempre a mesma coisa
é ter a certeza de que sempre terá os mesmos resulta-
dos, e chega um momento em nossa existência que
tais resultados obtidos não mais nos satisfaz. E então
é preciso recomeçar para obter outros resultados que
nos motiva a viver. Eis então, que a dúvida e a incer-
*Jocélio Hércules Corneau teza nos impede de tal recomeço, e isto proporciona
um ostracismo de nós mesmos. Pois deixamos de ser
“Começaria tudo outra vez se preciso fosse, meu o que de fato queremos ser, e com o passar do tempo
amor, a chama em meu peito ainda queima, saiba, não mais reconhecemos a nossa imagem em nosso
nada foi em vão”. (Gonzaguinha) próprio espelho.
Desde os tempos mais remotos de nossa existência, Entre os séculos XVIII e XIX, desembarcaram em
quando nossos antepassados ainda viviam nas caver- nosso país milhões de imigrantes, que deixaram suas
nas, mesmo sendo a caverna mais “luxuosa” e segura famílias em seus respectivos países e aqui tiveram
existente, por questão de sobrevivência em busca de seus descendentes e constituíram novas famílias. In-
alimentos, havia sempre a necessidade de recomeçar troduziram suas culturas e também se adaptaram à
uma nova vida em outro lugar. Onde as dúvidas e as nossa. A motivação de um novo recomeço de vida,
incertezas eram superadas para continuar a viver. E para muitos, foi por suas próprias decisões.
mesmo depois de alguns milênios de nossa existên- Mas hoje em pelo século XXI, assistir um êxodo de
cia, a humanidade ainda continua neste dilema. milhões de pessoas tendo que abandonar suas casas e
Porém, em sua maioria com um grande diferencial, suas vidas e seus pertences para ir para um outro pa-
devido ao avanço da tecnologia e domínio de técni- ís e recomeçar tudo de novo, por questões políticas e
cas antes não existentes, os riscos podem ser mitiga- de poder de outras pessoas, nos remete aos tempos
dos e com isso aumenta as chances de êxito. Mas a do império Romano de 2.000 anos atrás. E bem antes
apreensão e sentimentos de um novo começo ainda desse período já afirmava o filósofo grego Heráclito:
são os mesmos. “Nada é permanente, exceto a mudança”.
É muito comum em cidades do interior os filhos saí- A questão não é simplesmente a mudança ou o reco-
rem de casa para dar continuidade aos seus estudos, meço de uma nova vida, mas sim as causas que torna
ou sair para tentar a sorte com outro trabalho na ci- isso necessário. E quando isso ocorre, quais serão as
dade grande. Ou mesmo se mudar para um outro pa- suas consequências. E porque não temos o direito de
ís. No entanto, desde que essas decisões sejam de fazer aquilo no qual nos é permitido? Uma vez que
livre arbítrio, o resultado é inerente a tal decisão. “a essência dos Direitos Humanos é o direito a ter
Mas, se somos obrigados a tomar uma decisão de um direitos”, conforme já afirmava Hannah Arendt, filó-
recomeço em função de algo além de nossas inten- sofa judia que foi perseguida em seu próprio país e
ções, e nas quais não são por questões de causas na- teve que recomeçar sua vida em outro lugar.
turais, mas sim causadas por imposição de outras Acreditar e querer um mundo mais justo e fraterno
pessoas, temos a convicção de que nossas vidas não não é uma utopia, mas achar que todos tem esse
pertencem somente a nós mesmos, mas sim aos de- mesmo tipo de pensamento é uma ilusão. O impor-
sejos e as vontades de outros. Em se tratando de uma tante é não deixar que as dúvidas e as incertezas nos
guerra entre nações, por exemplo, isto é inconcebível impeçam de recomeçar a viver com dignidade e res-
Enquanto muitas pessoas tem o hábito da mudança peito por todos, e com isso acreditar que nada seja
de cultura, muitas outras tem a cultura de permane- em vão.
cer com os seus próprios hábitos e em seu próprio Que assim seja.
lugar.
O mito da Caverna de Platão nos faz refletir que
aquele que não acredita em tudo que vê, deve sair de *Ex- Venerável Mestre - Loja Maçônica
seu interior para buscar a verdade. Mas quando essa Amor, Pátria e Família - Ibotirama/BA
verdade é descoberta e compartilhada com os outros
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No universo ― isto em qualquer esfera, da mais de-
Corpo e Mente senvolvida à menos desenvolvida ― existe uma certeza
Estudos recentes realizados por médicos e especia- latente de que há uma mente muito superior a qualquer
listas que procuram entender a linguagem dos processos outra conhecida que controla, cria, sustenta ou destrói
mentais próprios ao homem, processos nos quais a natu- toda a imensidão infinita de mundos que circulam har-
reza humana em seus aspectos mais íntimos é o tema monicamente numa órbita universal! Uma mente tão
principal, estão sendo efetuados nesse alvorecer tecno- poderosa que ninguém é capaz, sequer, de concebê-la,
lógico do planeta Terra característico do século XXI! não há ideia de sua grandeza sem fim ou de sua nature-
Cientistas e médicos utilizam-se de ferramentas das di- za inefável! Tal mente é designada como O Todo! Ou-
versas áreas do conhecimento, como a neurologia, a tros a chamam Deus!... Entretanto o nome místico desse
psicologia, a física e até mesmo a filosofia para tentar imensurável construtor de mundos, desse Criador inex-
decifrar os meandros insondáveis da mente, mas ainda primível, é impronunciável!... E o som das sílabas em
não conseguiram entender essa intrincada teia que regu- sequência, só conhecido dos grandes hierofantes univer-
la a consciência humana e seus desdobramentos. sais, cria, aperfeiçoa ou destrói universos!
Novas descobertas mostram o cérebro tal e qual um O corpo é a parte material. Depende das Leis Uni-
computador extremamente complexo, onde bilhões de versais fixadas e estabelecidas para sobrevivência e sa-
neurônios distribuídos em pouco tisfação das necessidades fisiológicas
mais de um quilo e meio de massa essenciais. Ele possui desejos e vonta-
orgânica molenga e de cor acinzen- des que são ditados pelo instinto e
tada, trabalham incessantemente pelas paixões. Estes são alguns dos
durante o período de nossas vidas impulsos inerentes à vontade humana,
para suprir o corpo com movimen- ligados à matéria e estão, diuturna-
tos voluntários e involuntários e, o mente, sendo estudados pelos fisiolo-
que é melhor, com a autonomia que gistas e cientistas que salvo a comple-
cria o livre-arbítrio, isto é, o poder xidade de alguns órgãos, vai sendo
de escolha que se desenvolve no decifrado e catalogado, através de pro-
âmago e acompanha o ser durante a gramas de entendimento extremamen-
sua trajetória terrestre. Dá a impres- te difíceis, como o genoma, ou ainda
são de que este fabuloso órgão pre- outras descobertas importantes para a
enche, aparentemente, a realidade perfeita abrangência do intrincado
diária da vida humana, mas não processo científico que se dispensa a
consegue, ainda, dar respostas concisas para questões esse estágio. Através da psicanálise, da psicologia ou da
mais filosóficas que afligem a humanidade há séculos. psiquiatria, tenta-se, embalde, entender a consciência,
É difícil entender a diferença entre um Beethoven, um procurando transferir para o cérebro qualquer atividade
Shakespeare, um Michelangelo, um Newton ou um mental do indivíduo... realmente o cérebro, como sede
Einstein, sem mencionar um Jesus, um Buda, um Sócra- do pensamento, está fisicamente ligado a um equilíbrio
tes ou um Confúcio, e um homem comum do vosso co- aparente do ser humano, mas o espírito está longe de
tidiano! Evidente que parece imensa, mas na verdade é reagir tão somente aos processos estequiométricos atri-
mínima, pois todos estão no mesmo átimo evolutivo do buídos à química do corpo. A consciência transcende o
planeta Terra ― o homem comum entrando e os outros cérebro e situa-se num aspecto cósmico que extrapola
saindo ou em estágio intermediário, tal como alunos de todo limite físico.
diferentes classes ― mas mesmo tal diversidade peque- O homem, desenvolve, paralelamente às suas ativi-
nina não pode até hoje ser explicada pela ciência, pela dades físicas, sentimentos que brotam, inexplicavel-
hereditariedade ou pela educação e muito menos por mente, de escaninhos muito mais profundos e que obe-
variantes raciais. A única coisa capaz de explicá-las é a decem a outras leis diferentes das que definem o univer-
idade espiritual, ou seja, espíritos mais jovens e espíri- so material. Estas Leis estão ligadas à parte imaterial,
tos mais antigos!... Por outro lado, existem gênios que ao espírito, ao livre arbítrio, à capacidade de escolha
criam do nada... e plasmam seu pensamento dentro da que cada um possui, mais do que, simplesmente, àque-
“Consciência Universal”!... E isso é exato, visto que o las reações já mencionadas e provenientes do órgão cé-
pensamento... a mente... é a única realidade capaz de rebro. A consciência, nesse planeta, é prerrogativa do
criar do nada! A maioria, porém, não raciocina assim e, homem. Ele é o único ser que evolui, não só assimilan-
como uma manada, segue um líder!... Se este for para o do de fora para dentro e, desta forma adquirindo o co-
bem a evolução da massa será satisfatória, mas se as nhecimento e a cultura, mas, também, de dentro para
pregações do líder forem danosas, a tendência é o fora, desenvolvendo a sabedoria, o mais importante atri-
acompanhamento para situações completamente fora do buto para o desdobramento da segunda e principal ca-
alvo referencial. Grandes exemplos de extremos na nos- racterística: a Alma e, por extensão, o Espírito.
sa história, foram Jesus e Hitler. Fergi Cavalca
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tas de todos os tipos abarrotam o caráter adoles-
cente e infantil de brutalidade, transformando
esses meninos e meninas em homens ou mulhe-
res cheios de complexos, preconceitos e outras
deformidades de temperamento ou caráter.
As redes sociais... o celular... a internet...
dispositivos elaborados para trazer conforto e
comodidade ao homem, também são motivos da
alienação do indivíduo, seja ele jovem ou não.
Atualmente todos olham mais para o celular do
que para as pessoas com quem convivem, sejam
pais, cônjuges, filhos, patrões ou empregados.
Distrações ao celular no trânsito, no atravessar
ruas e outras do mesmo gênero, são causas de
acidentes, muitas vezes com consequências fu-
nestas. Isso cria um grande afastamento, cava um
Para onde vamos? fosso intransponível entre as pessoas, negando a
benéfica oportunidade do diálogo saudável e sa-
Foram diversas as causas que conduziram
lutar. Ouvi certa vez a prece de um garotinho pe-
a humanidade até o grave impasse em que se en-
dindo a Deus que o transformasse em um telefo-
contra agora. Vamos analisar algumas: O estímu-
ne celular, para que a mãe pudesse enxergá-lo!
lo da diferença social entre os sexos trouxe sérias
Tudo isso é muito triste e atesta uma caminhada
consequências. Homens e mulheres deixaram de
da humanidade para um estado letárgico como
ser companheiros, de andar lado a lado para um
verdadeiros autômatos, fantoches de uma socie-
desenvolvimento coletivo... também no âmbito
dade cada vez menos comprometida com o pró-
familiar passaram a disputar espaços em termos ximo e com seu próprio futuro.
competitivos estabelecendo uma barreira de de-
sarmonia no âmago do casal e, consequentemen- Lembre-se que estou dizendo tudo isso
te, desequilíbrio doméstico. Ninguém é contrário em sentido genérico! É logico que existem mui-
a que homens e mulheres formem parcerias e lu- tas pessoas que ainda cultivam o tradicional mo-
tem por espaços profissionais! Só que a competi- delo educativo familiar, com valores morais tais
ção se alastrou para todos os setores criando ani- como honestidade, honradez, brio, escrúpulos,
mosidades, ciúmes e outras desigualdades que ética!... Mas tais valores se desmancham na soci-
inúmeras vezes descambam para a violência den- edade quando diluídos no comportamento geral!
tro da própria casa com flagrante prejuízo da par- Infelizmente a maioria atua conforme o padrão
te mais fraca. Com isso a educação dos filhos, estereotipado. Há muito tempo não nos depara-
tão importante para assegurar um futuro esperan- mos com um comportamento tão frívolo e tão
çoso para o organismo social, foi relegada a se- descompromissado e carente dos nobres princí-
gundo, terceiro ou quarto planos, sendo entregue pios do caráter humano, como nesse trágico mo-
à responsabilidade de babás, muitas vezes sem mento que estamos atravessando. Podemos dizer
qualquer preparo emocional, cultural ou afetivo que o mundo está de “pernas para o ar”! Não
com a criança. Essa é a primeira causa para pro- queremos absolutamente condenar qualquer indi-
duzir adolescentes malformados, sem aptidão ou vidualidade. O erro é coletivo e já vem de longe,
competência para enfrentar a vida e desembocam acumulando-se durante décadas, séculos e talvez
nela como adultos precoces e despreparados!... milênios... só que atualmente atingiu o auge!...
Outro motivo de desagregação familiar foram os Tenta-se achar uma saída para que o planeta, tão
meios de comunicação, vídeos e filmes. Para belo e com tão majestosa imponência, não pereça
obrigar a criança a ficar “comportada” ela é ex- vítima do desinteresse e desleixo com que a hu-
posta, excessivamente, aos programas ditos manidade o vem tratando.
“infantis” que, geralmente, migram para a vio- Fernando Gimeno
lência; os videogames repletos de agressividade, Cadeira nº 6
verdadeiras carnificinas entre tiros, facadas e lu-
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nha mão massageando à sua face, semelhan-


“IRMÃOS DE LEITE” te resposta. Assim, o tempo passa, e três ve-
zes ao dia, vivo a alegria, de dividir com o
“cabrinha” amigo, o divino, nutritivo e lacto
líquido – o leite materno que, quente, sabo-
roso e alimento completo, nos faz bem de-
senvolvidos e, cada vez, mais espertos.
No conforto gostoso da mãozinha dele futu-
cando a minha; no acalento dos braços e do
colo macio que nos envolve, contemplamos
o rosto da bela mama madona que, para o
nosso deleite, ali nos transformou com amor,
em *”irmãos, e mãe de leite”.
O tempo passa, passa! E dá origem do ocor-
rido entrelace posso dizer, o que depois de
Uma história que na Cidade de Vitória da Conquista, adolescente vim a saber, é que, o meu
um dia aconteceu.
*“irmão de leite” que desde muito de mim
Lá por volta do Ano de 1958, num sobrado apartado fizeram, um dia, a vida, do seu cor-
localizado na Praça Joaquim Correia, nº 55 – po escapando, por rejeitar alimentos todos,
Município de Vitória da Conquista – Bahia, teve nos peitos de Dona Dirinha - a minha
viveu a Senhora Ângela Maria, distinta inte- mãezinha, a salvação. Que atendendo a su-
grante da conquistense fidalguia, que certa plícios pedidos da fidalga Ângela Maria
feita, se viu em grande suplício, pra vivo ofertou-lhe o lácteo nutritivo, que o salvou e,
manter, o seu único filho. Ocorrido, envolto em “mãe de leite”, a transformou. O seu no-
em laços de afeto, que o poeta Arlindo Neto me, não sabendo, de Toinho o batizei, em
bem narrou, e que aqui segue contado, não elevada expressão de carinho, à daquele
impondo ao entendimento, de ser ficção, ou ”cabrinha” - “irmão de leite”, que bem onde
fato, apenas relato bem-apanhado, do poeta anda, não sei! E sim, que sua vida, salva, se
acima mencionado... fez, graças aos peitos que mamei, e que, para
Nas pairagens onde ando, vez por outra sou a felicidade e deleite... vir a se transformar,
tomado, pela lembrança de uma partilha, que em meu *colaço – “irmão de leite”. Toinho.
me coloca cara a cara, com um “cabrinha”
que sem a minha permissão, no “prato do Fim.
meu almoço”, coloca as suas pequeninas Autor: José Alconso da Silva Filho
Cadeira 24 da AMALBA
mãos e faz sucção. Ainda que não aprovan-
do, sem bem eu poder dizer não, diariamente
*”Irmãos de Leite” - Irmãos de leite': duas pessoas
passo a presenciar, o filhotinho que nem eu, amamentadas pela mesma mulher.
a consumir o colostro, que a princípio, é só *Colaço - Que ou quem, em relação a outra pessoa, foi
meu. Dele, da cabecinha carequinha com pe- amamentado ao mesmo peito, sem, porém, se-
nugem ao vento, e no rostinho vendo sorriso rem irmãos.
de satisfação, passo a aceitar a divisão, no *”Mãe de Leite” – Daquela que deu de mamar para
reconhecimento, a gora entendo, de ser o ne- uma criança a qual não pariu.
ném, um bem-vindo e ofertado irmão. *Madona (do italiano Madonna, em português "Nossa
Senhora" ou "Virgem com o Menino")
Daí a sua mãozinha que vez por outra, solitá- *“cabrinha” – diminuitivo de “cabra bom” – Do dicio-
ria, o meu rosto levemente toca, tem da mi- nário informal, pessoa do sexo masculino.

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