PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA
ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DA BAHIA
ANO VI
HONRA AO MÉRITO
Louvável, sob todos os aspectos,
o Ato nº 0078/2018-2021, de
21/08/2018, do Sereníssimo Grão-
Mestre da Grande Loja Maçônica
do Estado da Bahia - GLEB, Po-
deroso Irmão Arlindo Alves Pe-
reira Neto, assegurando legitimi-
dade ao Ato nº 0330/2012-2015,
de 25/05/2014, do seu antecessor,
sob a virtuosa justificativa de que
“enaltece toda a ação de gestões
anteriores que contribuíram para
o aprimoramento dos irmãos e
engrandecimento da Ordem.”
Os referidos Atos asseguram à
Loja Maçônica, jurisdicionada à
GLEB, “o continuado direito de
solicitar ao Grão-Mestrado, pelos Por essa razão, saudamos o novo
meios oficiais, a Instalação na Mestre Instalado, Respeitável Ir-
Cadeira do Rei Salomão da mes- mão Jurandyr, augurando-lhe
ma, de qualquer membro regular
ABRIL 2022
PALAVRA DO PRESIDENTE
e ativo, com idade igual ou acima
de 70 anos de vida e 25 anos inin-
terruptos de Maçonaria, ou, ain-
da, com idade igual ou acima de
75 anos e 20 anos de trajetória
maçônica com méritos, por ela
decididos, quais nestes observa-
se, significativamente, o que ex-
pressa o nosso Código Maçônico,
no que respeita o art. 142.”
O motivo do registro aqui efetiva-
do, da garantia de tão feliz prerro-
gativa, contida nos referidos Atos,
é que, com base nas suas disposi-
ções, no dia 13 de abril de 2022, o
Irmão JURANDYR MAIA DA
CRUZ BARROS, com 80 anos
de idade e 27 anos de Iniciado,
Mestre Maçom da Augusta e Res-
peitável Loja Simbólica 3 de Ou-
tubro, nª 66, foi Instalado na Ca-
deira do Rei Salomão, no Templo
da Luz, situado no 7º andar do
Edifício Maçônico, em memorá-
vel Sessão Magna, que contou
com expressiva participação de
Obreiros não só da sua Oficina
como das Augustas e Respeitáveis
Lojas Maçônicas União Caridade
e Abrigo, Princesa Isabel e Cava-
leiros de Aço, nº 265.
NÚMERO 63
muita saúde e longa vida, para
continuar figurando como verda-
deiro e encarnado exemplo de de-
dicação à Ordem Maçônica, feli-
citando toda sua família, de modo
especial, a pessoa da sua esposa e
nossa estimada cunhada Lúcia,
que lhe tem apoiado integralmen-
te, bem como os integrantes da
Loja Maçônica 3 de Outubro, que
expressaram grande sensibilidade,
reconhecendo, meritoriamente, as
virtudes pessoais e maçônicas do
valoroso Irmão, rogando, enfim,
ao Grande Arquiteto do Universo
que a todos ilumine e guarde.
Cândido A. Vaccarezza
Cadeira nº 26
Presidente
pAG ASSUNTO
2 Semana Santa
Verdugo
3
4 Crônicas...
5 Variedades...
6 O lugar da mulher
7 Iniciação diária
8 Diversidade de
ritos
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Com a palavra, o editor: uma tradição o costume de celebrar a semana que

antecede a festa da Páscoa. Esse era para muitos
(e ainda é) um momento sagrado dos cristãos on-
de se comemoram os mistérios da salvação recor-
dando-se a última semana da vida de Jesus.
Inicialmente as solenidades eram apenas na sex-
ta-feira e no sábado; no domingo celebrava-se a
Páscoa.
Atualmente a Semana Santa começa no Domin-
go de Ramos, passa pela Sexta-Feira Santa (dia da
crucificação e morte de Jesus) e termina no Do-
mingo de Páscoa, quando se consuma a ressurrei-
ção de Cristo.
No século V tal evento chamava-se Hebdômada
Paschalis (semana Pascal) e no século seguinte
A Semana Santa passou a chamar-se, em Roma, Semana Autêntica
Desde os primeiros tempos da cristandade, mais e no oriente Semana Maior.
precisamente no século IV da nossa era, tornou-se Por esse mesmo tempo surgiu o nome Semana
Santa e já se comemorava os sete dias que a com-
punham.
Era um período no qual os fiéis se recolhiam em
oração praticando o jejum e não cometendo ne-
nhum ato que fosse considerado ilícito pela cúria.
Em algumas versões religiosas, principalmente
PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA na Idade Média, os devotos praticavam sacrifícios
diretoria
impingindo um castigo ao corpo, se autoflagelan-
Cândido Augusto Vaccarezza do com açoites de ponta ferrada.
Presidente
Certas Igrejas celebravam em todas as noites
Péricles Queiroz do Lago vigílias solenes de orações e leituras, com a cele-
Secretário Geral
bração da eucaristia da mesma forma que era exe-
José Alconso da Silva Filho cutada no tempo dos apóstolos.
Diretor de Relações Públicas
Houve épocas, como já foi dito, em que a Sema-
Fernando Gimeno
Diretor de Imprensa e Comunicação na Santa se resumia apenas à sexta e ao sábado...
Nesses dois dias os devotos permaneciam em pre-
Israel Medrado paração para o domingo, dia que se celebrava a
Diretor de Finanças
Páscoa. O jejum então redobrava... Mais tarde, foi
ACADEMUS é uma publicação mensal da
incluída também a quarta-feira, para lembrar o dia
AMALBA em que os chefes judeus decidiram prender o Sal-
Academia Maçônica de Letras da Bahia
vador.
Telefones Atualmente a Semana Santa representa um feria-
GOEB (71)3243-9162 do prolongado, com mesa farta e muita bebida,
(71)99168-2485—ZAP festa e diversão, diferente de, não há muito tem-
E-mail po, quando as rádios tocavam apenas música sa-
cras e ninguém saia às ruas para brincar, trabalhar
gimeno1947@gmail.com praticar esportes ou outras atividades. Falava-se o
fergicavalca@hotmail.com mínimo possível e era absolutamente proibido co-
mer carne.
Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores.
É... os tempos mudam!
O Editor
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Verdugo...
(Este poema tem fundamento verdadeiro. É uma
reflexão reprovativa quanto às ações bélicas dos
países que se dizem “potência”. A presente refle-
xão poética convida a atenção do leitor para o real fato
de que o verdadeiro poder não está na força de destrui-
ção desse ou daquele país, e sim, ao contrário. Tudo
que é destrutivo é naturalmente repugnado. Vejamos o
exemplo de DEUS, é Deus, exatamente pelo fato de ser
o criador; de proporcionar a vida, a felicidade. Analo-
gamente, é muito fácil e até covardia, alguém com um
canhão, demonstrar força bélica à frente de alguém
com pedras na mão e com fome. A humanidade precisa
rechaçar tal equivocado padrão de valor. Na visão deste
escritor, a nação mais evoluída (“poderosa”) é aquela
onde o maior número de pessoas vive e se alimentam,
de forma harmoniosa). Em relação ao cidadão comum,
que não integra forças policiais e/ ou de segurança, no
exercício de suas funções, o uso da arma deve ser admi-
tido como uma prática equivocada. Não recomendado.
Propensa a atrair pessoas de práticas iguais (“lei da
afinidade”), cujo resultado é amplamente danoso.
Constata-se!
Verdugo...
Diz o olhar dos que aos outros se faz
achar capitão do mundo, verdugo.
Que se roga impor clemência aos povos que,
lisos como muçuns, auto esmolam-se em su-
as pobrezas, mas não cedes às tuas avarezas,
verdugo.
Ataca e inseguro se firma, lastimo fazendo
feridas, sinistro expõe a tua própria pátria
querida que, embora erguida, se fará, para
todo sempre, vencida, pelas inúmeras dores
empreendidas, verdugo.
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Vê-se filho do eu, berrar até por vidas que
se impôs a perder, se convidando para o ato
do tudo-isso-é-meu, contrariando o princípio
da balança, baixando mulheres e crianças,
homens de estilingue e até quem já morreu,
verdugo.
Lôbrego bélico que fura a terra, do meio do
céu convida, sem mãos, pra jogar petecas,
que acurralados como tatus, entram em co-
munhão, a esperar nos seus desérticos vesti-
dos, a lucidez dos jogadores de petecas que
se estabelecem não solitários, sádicos, ver-
dugo.
Verdugo:
Insensível, marreta e fragmenta passarelas,
de terras de Sacis infestadas, por besouros
aflorados no chão, apostados para proteger-
se de tanques e caminhões, e que, revoltados
e ócios, vê fragmentados de ossos dos nati-
vos que há lá.
Minerva* convida à revolta do poeta que,
pertinaz, não vê a razão e o porquê, nem
mesmo precisa entender de política, de histó-
ria ou seja lá o que, pra concluir que infeliz,
pra todo sempre, será aquele que auto poten-
te se insistir, pela perícia do destruir.
Verdugo,
Dou-lhe exemplo de amor, a mostrar-lhe o
Refugiado, que morteiros da sua pátria que-
rida o expurgou e, de fuga embarcado,
cruéis, ao mar, o seu corpo espargiu e, aí,
afogado que quase, por sorte veio a esbarrar
nessas praias de solo Brasil e, bem tratado,
às vias de ser deportado, em prantos, gritou
desesperado: “acabo de nascer; o Brasil, pa-
cífico ser, deixem-me a essa pátria pertencer!
Autor: José Alconso da Silva Filho
Da obra: Luzdibolso, do mesmo autor
Ilustração: Tiago Nunes
*Minerva: “Deusa grega da sabedoria”.:
*Verdugo: Algoz, carrasco.
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CRÕNICAS DE
MARAGOJIPE
Paulo Vicente
Guerreiro Peixoto .'.
PELA PAZ NA UCRÂNIA E NO
MUNDO
A Guerra na Ucrânia completou um
mês e a invasão russa só nos causa dor e
tristeza, enquanto o cenário de destruição
e perdas de vidas em ambos os lados, di-
agnóstica um futuro de PAZ ainda distan-
te.
Após um mês de ataques, os confrontos
estão concentrados em três frentes: Kiev,
Kharkiv e a costa do Mar Negro. Especia-
lista aponta que desfecho provável é que
Rússia atinja objetivos militares com mai-
or ou menor resistência ucraniana, e então
negocie um fim para o confronto.
QUANTO TEMPO TEREMOS DE
ESPERAR?
Neste DOMINGO compartilho minha
poesia a seguir com o desejo de PAZ na
UCRÂNIA e no mundo.
POESIA PELA PAZ NA UCRÂNIA
Me pego na contra mão,
navegando em mar aberto
"sem lenço nem documento"
e tudo gira, o mundo gira
ao redor das dores e das desilusões,
na trilha sonora das balas achadas e
per- didas,
das lágrimas derramadas em nome da
paz.
Me vejo perdido no tempo,
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na velocidade de um Formula 1,
" no dois pra lá dois pra cá"
e "tudo passa, tudo passará"
ao lado da fome
e do desejo de liberdade,
na poesia das mãos estendidas
e nas crianças feridas,
que morrem sem saberem da vida.
Não posso fechar os olhos....
não posso calar minha voz....
Não posso assistir insensível....
não posso aceitar....
não devo acatar...
esta realidade mesquinha....
esse desejo de poder ....
esta violência voraz....
ESTA FALTA DE PAZ.
Paulo Vicente Guerreiro Peixoto.'.
UM DIA ABENÇOADO PELO
GRANDE ARQUITETO DO UNI- VER-
SO - DEUS e JESUS CRISTO, com a IN-
TERCESSÃO de NOSSA SENHORA, de
todos os Santos, Espíritos de Luz e Ori-
xás, repleto de MUITA LUZ, FÉ, SAÚ-
DE, ESPERANÇA, LIBERDADE,
IGUALDADE E FRATERNIDADE,
UNIÃO, RESPEITO, HUMILDADE,
SABEDORIA, PAZ ESPIRITUAL e
AMOR AO PRÓXIMO.
FAÇAMOS UMA PRECE PELA PAZ
NA UCRÂNIA E NO MUNDO
CUIDEM-SE...
NÚMERO 63
Os Viajantes e o Tesouro
Os verdadeiros amigos compartilham suas alegrias...
Dois homens viajavam juntos ao longo
de uma estrada, quando um deles encontrou
uma bolsa cheia. Imediatamente exclamou:
― Veja que sorte a minha, encontrei
uma bolsa, e a julgar pelo peso e tilintar, deve
estar repleta de moedas de ouro...
O companheiro olhou para a bolsa e co-
mentou:
― Não diga encontrei uma bolsa; diga
nós encontramos uma bolsa, e complete di-
zendo quanta
sorte temos.
Afinal de con-
tas, amigos de
viagem devem
compartilhar as
tristezas e ale-
grias da estra-
da..."
O sortudo to-
mado pela ga-
nância, não pensa duas vezes e nega-se a divi-
dir o achado.
― A bolsa é minha... afinal fui eu quem
a achou...
De repente, escutam gritos e firmando a
vista lobrigam uma turba armada com porre-
tes, vindo estrada abaixo. Corriam na direção
deles, enquanto gritavam enfurecidos:
― Pega ladrão, pega ladrão!
O viajante sortudo então, tomado pelo
pânico, volta-se para o companheiro tremendo
de medo e diz:
― Estamos perdidos se encontrarem a
bolsa de moedas conosco...
O outro replica com um sorriso:
― Você não disse que a bolsa é sua?
Agora assuma a responsabilidade e diga “eu
estou perdido”.
Moral da História
Não devemos exigir que alguém seja so-
lidário em nossas desventuras, quando não
compartilhamos também as nossas alegrias...
Autor desconhecido
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Poema do “Telhamento”
― Sois membro de uma Irmandade?
―Como tal, eu tenho sido. Com toda
sinceridade, amado e reconhecido.
―Dondes vindes afinal?
―Meu lar tem nome de um santo, do
justo é casa ideal... é perfeito o meu re-
canto.
― Que trazeis meu caro amigo?
― A mais perfeita amizade, aos que se
encontram comigo, trago paz, prosperi-
dade...
― Trazeis, também, algo mais?
― Do dono da minha casa, três abraços
fraternais calorosos como brasa.
― Que se faz em vossa terra?
― Para o bem, templo colosso; para o
mal, nós temos guerra; para o vício, cala-
bouço.
― Que vindes então fazer?
―Sendo pedra embrutecida, venho estu-
dar, aprender, progredir, mudar de vida!
― Que quereis de nós, varão?
― Um lugar neste recinto, pois trago no
coração o amor que por vós sinto.
― Sentai-vos querido Irmão,
nesta augusta casa nossa... e
sabeis que esta mansão tam-
bém é morada vossa
Autoria desconhecida
NÚMERO 63 ABRIL 2022
O correto, sem precisar ser
politicamente.
O lugar da mulher é onde ela quiser
Não há dúvidas que as mulheres, ape-
sar de todo avanço obtido nos últimos anos,
principalmente no campo profissional, ain-
da sofrem com preconceitos e uma má von-
tade latente por parte de um grupo masculi-
no da sociedade que, embora não seja tão
numeroso, é suficiente para atravancar a es-
calada feminina rumo ao seu
“empoderamento” ― para usar a expressão
da moda; o direito à igualdade de gênero ―
outra expressão atualmente bastante utiliza-
da ― é uma marcha da mulher rumo a uma
identidade própria e uma paridade total com
o homem, o pretenso macho ancestral.
Entretanto enquanto não atingimos tal
conformidade, vamos anotando que ainda
existe um enorme fosso, obstáculos às vezes
intransponíveis que diferenciam os dois se-
xos no cotidiano da vida. Citemos alguns
exemplos a título de esclarecimento:
No mercado de trabalho o nível de
ocupação da mulher em relação ao homem
mantém-se numa proporção aproximada de
40% para as mulheres e 60% para os ho-
mens, mas o pior é que os cargos com me-
lhores salários geralmente pertencem aos
homens e quando há isonomia de funções,
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isto é, quando praticam o mesmo tipo de
atividade, as mulheres recebem 25%, em
média, menos do que os homens.
Mulheres formadas, com cursos uni-
versitários ou técnicos atingem apenas 60%
do salário masculino na mesma função e
menos de 10% atingem cargos executivos
ou de alta gestão em grandes empresas.
Outro dado que constrange a mulher é
a participação política! No Congresso Naci-
onal, as mulheres ocupam apenas 10%
das 513 cadeiras da Câmara dos Deputa-
dos e 15% das 81 vagas do Senado. Com a
falta de representação feminina no legislati-
vo, projetos e temas fundamentais para ga-
rantir os direitos das mulheres e a igualdade
de gênero acabam prejudicados.
Uma terrível excrescência é o que ob-
servamos quando o assunto em debate é a
violência contra a mulher... o feminicídio,
outro termo que entrou em moda e que ex-
prime o assassinato cometido quando a víti-
ma é mulher, atinge números alarmantes,
além, claro, da violência doméstica e dos
estupros cometidos, que além de causar da-
nos físicos às vezes irreparáveis, acarretam
danos psíquicos e morais profundos. O Mi-
nistério da Saúde indica números assustado-
res para tais modalidades de violência.
O preconceito é ruim em todas as su-
as modalidades, principalmente quando res-
tringe a liberdade individual dentro da soci-
edade. É importante que se amplie a luta pe-
la igualdade de direitos entre sexos que,
apesar de existir na constituição, na prática
é motivo de exclusão. É duro, mas ainda ou-
vimos comentários pejorativos contra mu-
lheres, principalmente aquelas menos favo-
recidas. Todo processo discriminatório pode
estar sujeito às sanções da Lei e subordina-
do a punições prescritas no código penal.
Vamos agir corretamente?
Fergi Cavalca
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não precisam ocorrer em algum dia especial, com
Iniciação diária hora e data marcadas com antecedência para
acontecer. Na verdade, o nosso caráter é a soma
Iniciação é um procedimento ritualístico
total da experiência e do aprendizado de todos os
que as Ordens Místicas iniciáticas têm, por nor-
dias de nossas vidas e continuará a marcar nossa
ma, submeter o postulante no momento de sua
existência até quando fizermos a transição, ou se-
filiação no templo.
ja, o dia em que morreremos...
Alguns supõem que a iniciação é, em to-
E a partir daí estará além das nossas possi-
dos os casos, um acontecimento estabelecido por
bilidades interferir na escolha final, pois neste ca-
normas, uma ocasião solene, para a qual o candi-
so o que contará serão todos os nossos atos e pen-
dato é previamente preparado e da qual é avisado
samentos da vida inteira. Mesmo assim ainda é
com antecedência.
escolha nossa naquele momento, o tipo de vida
Embora muitas iniciações sejam rodeadas exato, o corpo, o ambiente e às tendências que
destes aspectos, o que não lhes tira em absoluto irão compor nosso carma em nossa próxima exis-
os méritos e a gravidade do tência. Isso é algo bastante
evento, a iniciação diária ― solene que empresta à
onde todo aspirante deve ter “iniciação diária” uma impor-
sucesso se quiser ter a chance tância cada vez maior para o
de galgar patamares mais ele- estudante que permanece aten-
vados ― oferece-se ao estu- to na Senda.
dante quase que a todo mo-
Entretanto a maioria dos que
mento de sua existência ter-
tentam enveredar pelos cami-
restre
nhos do Misticismo, teimam
Ela se baseia em nos- em ignorar e a não reconhecer
sas relações pessoais, princi- os apelos do Cósmico: os ca-
palmente no trato cotidiano minhos abrem-se à frente, mas
com nossos semelhantes e nos é preciso escolher aqueles que
efeitos que as circunstâncias levam a bom termo e abando-
da vida têm sobre nós, seja nar os que conduzem a abis-
nos momentos mais íntimos, mos sem fim.
nos mais tristes ou nos mais
Os Mestres, quando se aproxi-
grandiosos.
mam dos discípulos, julgam que eles estão razoa-
E se fracassamos nestas interações, sejam velmente preparados para receber as instruções
elas de cunho psíquico ou material, jamais chega- que os levará a horizontes mais amplos e, por is-
remos ao ponto que nossa evolução exige que é so, apresentam provas das quais tenham amplas
um alento espiritual onde se refletem as grandes possibilidades de ultrapassar. “O Pai jamais da-
lições que nos sãos oferecidas durante nosso trân- ria uma serpente ao filho que pede um peixe”.
sito pelo planeta, para complementar nossa cami- Mas é importante que estas provas que são mos-
nhada rumo à Luz Maior. tradas no dia a dia do estudante sejam objeto de
Se não podemos suportar a derrota mo- aprendizado.
mentânea, ou se somos pegos desprevenidos por A iniciação diária que leva à transmutação
uma palavra casual que desafie o nosso amor- do íntimo do indivíduo, à alquimia mental, ao
próprio, ou se somos levados pelo desejo de jul- desbaste da Pedra Bruta, é uma situação que deve
gar os outros, ou se permanecemos na ignorância perdurar por toda a existência e, se por um lado a
dos nossos erros mais evidentes, não reunimos iniciação ritualística nos fortalece o espírito para a
aquele conhecimento e aquela força que são ine- jornada da vida, a iniciação diária nos burila para
vitavelmente exigidos de quem quer que seja que a entrada na Vida Eterna.
pretenda atingir a maturidade espiritual.
“Para os adultos carne e para as crianças
O livre-arbítrio, ou seja, o poder de esco- leite”.
lha pessoal, faz parte do nosso dia a dia, porém a Fernando Gimeno — cadeira 06
reformulação de nossos conceitos morais e sociais
NÚMERO 63 ABRIL 2022 PÁGINA 8

portante para ajudar no discernimento de

cada prática Ritualística distinta. O re-
sultado desta viagem em busca de co-
nhecimento de um Rito a outro, amplia,
em muito, o desejo de se estudar cada
vez mais, no sentido de trazer para den-
tro de si conhecimento adquirido e o
partilhar com os demais aquilo que se
aprendeu.

Os Ritos mais conhecidos e atualmente

praticados são: Francês ou Moderno,
Adonhiramita, Escocês Antigo e Aceito,
York (Ritual de Emulação), York
Cleber Tomás Vianna
(Americano), Schröder, Brasileiro e Es-
Diversidade de Ritos cocês Retificado -. Cada um tem a sua
coerência Ritualística e Litúrgica e todos
A Maçonaria, com os seus usos e costu- levam à mesma finalidade.
mes, propícios a quem busca desvelar os
seus mistérios, dá subsídios importantes Mas, tanta diversidade é salutar? Sim...
para que os seus membros adquiram lu- Na premissa de que o homem tem liber-
zes de conhecimento através de estudos. dade absoluta de Pensar, deve ter tam-
bém capacidade de escolha. Dessa for-
Ao longo do tempo, inteligentemente, ma, ao se estudar os Ritos mais pratica-
irmãos trouxeram à tona, através da in- dos se pode optar por aquele que melhor
cessante busca da Verdade, Ritos Maçô- se adequar ao seu perfil.
nicos distintos. A prática de cada um de-
les reúne irmãos que coadunam com a Mas, posso praticar todos os Ritos sem
mesma linha de raciocínio. É certo que o que haja conflito de interpretação?
não maçom, ao ser indicado à Ordem, Sim... Para isso é que vale o estudo. Ele
não tem gerência sobre a escolha de qual nos capacita e nos dá o devido discerni-
Rito deva ser iniciado, restando-lhe se- mento para aplicar o conhecimento na
guir aquele que o seu Padrinho pratique. medida exata onde o caiba.

No entanto, após receber a luz, já se tem ...”Respeitar a fé do outro e o direito à

a possibilidade de visitar outras Lojas celebração de seus ritos é a base de
que pratiquem Ritos que não o seu. O uma convivência humana harmoniosa
acompanhamento do Padrinho se faz im- (Grazy Rocha)”... .