PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA
ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DA BAHIA
ANO VI
SOLSTÍCIO
DE VERÃO
Está próximo o encerramento
do equinócio da primavera, se-
quenciado pelo advento do solstí-
cio de verão, que, no Hemisfério
Sul, neste ano de 2021, ocorre às
12:59 h, do dia 21 de dezembro,
mês no qual, na Cidade do Salva-
dor, da Bahia, e em todo o seu
Recôncavo, ocorrem celebrações
religiosas, consagradas, por
exemplo, no dia 4, a Santa Bárba-
ra, no dia 8, a Nossa Senhora da
Conceição, no dia 13, a Santa Lu-
zia, até chegar ao dia 24, véspera
do Natal, quando é celebrado o
nascimento de Jesus Cristo, o Fi-
lho de Deus e uma das pessoas da
Santíssima Trindade, adorada pe-
la religião cristã. É quando o sol
brilha mais intensamente, ocor-
rendo chuvas abundantes, acom-
panhadas de tempestades e trovo-
adas, ao mesmo tempo assustado-
ras e benfazejas.
O solstício de verão, como os
cientistas ensinam, é o fenômeno
da astronomia que dá início ao
verão; é o instante em que deter-
minado hemisfério da Terra está
inclinado cerca de 23,5º na dire-
DEZEMBRO 2021
EDITORIAL — PALAVRA DO PRESIDENTE
ção do Sol, fazendo com que essa
parte do planeta receba mais raios
solares. Sabe-se que os hemisfé-
rios são as duas metades do globo
terrestre, que é separado pela li-
nha imaginária do Equador, es-
tando o Brasil, na sua maior par-
te, no Hemisfério Sul, e, nessa
fase, recebendo os radiosos efei-
tos do solstício de verão ao passo
que os Estados Unidos da Améri-
ca estão no Hemisfério Norte,
prestes a entrar sob o sombrio
efeito do solstício de inverno.
Fervorosas orações, com base
nas mais variadas crenças religio-
sas, ora são dirigidas às respecti-
vas divindades, assim como he-
róicos esforços científicos são
despendidos, todos visando obje-
tivo comum, que é o fim da pan-
demia causada pelas variadas mo-
dalidades do vírus denominado
COVID-19. Enquanto a humani-
dade se debate, sofrendo essa cri-
se de proporções gigantescas, que
tem ceifado milhares de vidas, os
fenômenos naturais astronômicos
seguem seu curso, inexoravel-
mente regulares e sucessivos,
solstícios de verão, equinócios de
outono, solstícios de inverno e
equinócios de primavera, decor-
rentes dos movimentos do planeta
Terra, em torno do Sol que a con-
templa e aquece, em um eterno
bailado, acompanhada por tantos
outros astros, cuja música subli-
me só os iniciados são capazes de
ouvir.
NÚMERO 59
Apesar de todo conhecimento
acumulado ao longo do tempo,
observando atentamente a nature-
za, tentando modificá-la em seu
proveito, só resta à humanidade
rogar, contritamente, que o Gran-
de Maestro desse grandioso espe-
táculo, por Sua vez, digne-se a
ouvir as súplicas religiosas a Ele
dirigidas e ilumine a mente dos
estudiosos, devotados à verdadei-
ra Ciência, no sentido encontrar
os meios eficazes para finalizar
essa penosa penitência, a fim de
que todos possam voltar a fruir a
sagrada benção de viver, em toda
sua plenitude, para a excelsa gló-
ria do Criador.
Cândido A. Vaccarezza
Cadeira nº 26
Presidente
pAG ASSUNTO
2 O Natal está no...
3 Fundamentos do
silogismo
4 Crônicas...
5 A Lida da
Açougueira ...
6 O sonho de Jacó
7 A festa da
Cristandade
8 Politicamente
correto?
NÚMERO 59 DEZEMBRO 2021 PÁGINA 2

Epa, gente, rapidinho chegou o Natal! O ano

Com a palavra, o editor passou tão depressa que nem deu tempo de fazer
o que planejamos no ano passado. Também pu-
dera, o tal Covid nos prendeu de forma cruel
cerceando nossos anseios e podando nossos mo-
vimentos.
Certa vez alguém me disse que o Natal é falso,
comercial, fingido... Eu discordo. Num mundo
cheio de violência, guerras, desigualdades, mi-
séria e outros tantos infortúnios, um período em
que se pense, pelo menos um pouquinho em fra-
ternidade, já ajuda! Com certeza, a agressivida-
de, a dureza e a impetuosidade do ser humano,
pelo menos um pouco, moldará a egrégora do
O Natal está no ar amor e da paz fortalecendo-se nos lares onde se
cantam louvores ao Senhor Menino... Ali
abrandam-se, por consequência, os sofrimentos,
as desigualdades e a violência do cotidiano, fa-
tor positivo que ansiamos para a humanidade
através do espírito natalino.
E a AMALBA, respaldada nesse espírito convo-
PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA
diretoria cou seu confrades para um almoço de confrater-
Cândido Augusto Vaccarezza
nização onde as almas se aproximaram e a paz,
Presidente o amos e a concórdia foram o combustível espi-
Péricles Queiroz do Lago ritual que recarregou-nos para mais um ano de
Secretário Geral trabalhos acadêmicos.
José Alconso da Silva Filho
Diretor de Relações Públicas Durante o Almoço os confrades José Alconso,
Fernando Gimeno Domingos e Eliezer fizeram lançamentos de sua
Diretor de Imprensa e Comunicação obras (o irmão Eliezer representando o acadê-
Israel Medrado mico da AMCLA—Academia Cachoeirana de
Diretor de Finanças
Letras, Florisvaldo Sampaio). Esse convívio sa-
ACADEMUS é uma publicação mensal da lutar fortalece os la-
AMALBA ços de amizade e nos
Academia Maçônica de Letras da Bahia dá alento para que
Telefones recobremos a espe-
GOEB (71)3243-9162 rança em um mundo
(71)99168-2485
melhor, onde o amor
E-mail
prevaleça e as guer-
gimeno1947@gmail.com ras fratricidas sejam,
fergicavalca@hotmail.com finalmente, banidas de
Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores.
nosso planeta.
O editor
NÚMERO 59 DEZEMBRO 2021 PÁGINA 3

O fundamento do Silogismo como base na sam divergir de nossa forma de pensar, mas sim, ao
construção da Dialética mesmo tempo que podemos respeitar a sua forma de
pensar, também podemos manter o nosso juízo de
valor de nossos pensamentos.
“Para encontrar si mesmo, pense por si mesmo”, já
diria Sócrates. E os denominados “Filtros de Sócra-
tes” contribui para evitar que fundamentos de silo-
gismos sem fundamentos, sejam aplicados em nós
para a base da construção de uma dialética sem fun-
damento para nós.
Os três filtros de Sócrates consistem em filtrar as
informações que iremos receber. Através de sua Ve-
racidade, de sua Bondade e de sua Utilidade. Foi o
*Jocélio Hércules Corneau que Sócrates fez ao seu discípulo quando de forma
muito entusiasmado queria lhe dizer algo.
Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Portanto, E assim Sócrates lhe perguntou: --_ Você tem certe-
Sócrates é mortal. za absoluta de que o que vai me dizer é verdade? -_
Para o filósofo grego Aristóteles, o silogismo é um O que você vai me dizer é bom para mim? -_ O que
argumento dedutivo que através de duas premissas você tem a me dizer será útil para mim? Se em qual-
básicas é possível ter uma conclusão. E pode ser do quer uma dessas perguntas for negativa, não precisa
tipo Dialético, quando se baseia em juízos incertos me dizer. E assim o seu discípulo nada mais lhe dis-
ou sob hipóteses, ou do tipo Científico, quando se se. E assim Sócrates evitou perder seu tempo com
baseia em argumentos científicos e valores verda- coisas sem fundamento.
deiros. Com a modernidade em sua tecnologia avançada da
Portanto, as premissas básicas de um silogismo, informação, não temos mais o controle daquilo que
quando aplicado como sendo um argumento deduti- é transmitido. Mas podemos ter o nosso próprio con-
vo, parte de um juízo previamente estabelecido, no trole daquilo em que queremos receber. Então ao
qual segundo Kant, o silogismo é todo juízo que se mesmo tempo em que podemos aplicar os filtros de
estabelece por meio de uma característica básica. Sócrates para a retransmissão de suas informações,
Às vezes ouvimos dizer: Todo político é ladrão. podemos também adotar o nosso juízo de valor para
estabelecer o parâmetro do fundamento do silogis-
Caso tenho um parente ou um amigo, que é político,
mo no qual nos é imposto.
será que ele também é ladrão?
Para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “não há
Se eu pensar diferente da premissa básica, de que
fatos eternos como não há verdades absolutas”. Pois
todo político é ladrão, jamais irei ter esta mesma
em se tratando de um silogismo do tipo dialético, a
conclusão. Pois isso difere de meu juízo de valor de
verdade pode estar associada ao seu contexto cultu-
um político sendo abordado com esta premissa bási-
ral e histórico, ou de sua crença na qual foi aplicada
ca. Dessa forma, se tal diálogo teve início com este
no decorrer dos fatos que lhe deram causalidades.
tipo de silogismo dialético no qual discordo, não
tenho mais motivos para prosseguir com essa dialé- O que nos move não são as nossas respostas que te-
tica. mos para tudo aquilo que nos interessa, mas sim as
perguntas que fazemos sobre tudo aquilo que ainda
Por definição a dialética é uma construção de ideias,
permanecemos a fazer, tanto daquilo que continua a
entre duas ou mais pessoas, sobre um determinado
nos interessar, quanto também daquilo em que nada
assunto nos quais pensam de modos diferentes.
sabemos. Portanto, por lógica, não nos interessa.
Para Platão, ela se distingue em três etapas: A Tese, Saber estabelecer os parâmetros da lógica de um
que é o lançamento da ideia ou do argumento. A pensamento contribui para uma dialética em sintonia
Antítese, que é o debate sobre a mesma. E a Síntese, com a verdade, com a bondade e com utilidade de
que é a conclusão dos fatos. Ou uma nova forma de todos.
pensar sobre o mesmo tema. E então retorna à uma
Que assim seja.
nova tese.
Evitar entrar em conflitos de ideias com as pessoas Ex- Venerável Mestre -
que estão ao nosso redor, não é simplesmente igno- Loja Maçônica Amor, Pátria e Família -
Ibotirama/BA
rar o fato da forma que os pensamentos delas pos-
NÚMERO 59 DEZEMBRO 2021
CRÕNICAS DE
MARAGOJIPE
Paulo Vicente
Guerreiro Peixoto .'.
VIVA O SAMBA!!!!
Hoje eu não poderia deixar de saudar
TODOS OS SAMBISTAS DE MARAGOJI-
PE, e, o faço, através dos nossos composito-
res EDIL PACHECO e OSWALDO SOU-
ZA, homenageando-os e a TODOS OS DE-
MAIS SAMBISTAS da nossa BAHIA, Ber-
ço do Samba, do RIO DE JANEIRO, de
SÃO PAULO e de todo o BRASIL
Nascido entre meados do século 19 e iní-
cio do século 20, o SAMBA consolidou-se
como um dos mais importantes gêneros mu-
sicais genuinamente brasileiros e não pode-
mos deixar de exaltar a saudosa TIA CIATA,
reconhecida como "A MÃE NEGRA DO
SAMBA", que cedeu sua casa e sua vida pa-
ra o estilo nascer no Brasil
Nascida Hilária Batista de Almeida em
1854 na cidade de Santo Amaro, Bahia veio
a falecer no ano de 1924, aos 70 anos, na ci-
dade do Rio de Janeiro, CIATA saiu da Ba-
hia durante a diáspora para se tornar a DA-
MA DO SAMBA e do CANDOMBLÉ do
Rio de Janeiro.
Não existe melhor frase e sentimento pa-
ra definir o SAMBA que:
"QUEM NÃO GOSTA DO SAMBA,
BOM SUJEITO NÃO É...
É RUIM DA CABEÇA OU DOENTE
DO PÉ…"
E, a verdade é uma só, e vale para todos
nós brasileiros:
PÁGINA 4
"EU NASCI COM O SAMBA, NO
SAMBA ME CRIEI DO DANADO DO
SAMBA NUNCA ME SEPAREI"
Sendo um pouco mais extensivo nesse
meu texto em homenagem ao DIA NACIO-
NAL DO SAMBA, gostaria de compartilhar
o que escreveu Tony Saad:
"Quase tudo que é nosso já nos decepcio-
nou: políticos bons de discurso, jogadores
bons de contrato, atores bons de manchete,
artistas bons de sorriso.
O SAMBA, NÃO. O SAMBA sempre
cumpriu o que nunca precisou prometer: nos
dá alegria, nos mostra a capacidade criativa
de que somos capazes, nos faz pertencer um
pouco mais a este lugar. Aliás, ele faz parte
da identidade do Brasil; e isto, meus amigos,
não é pouco.
O SAMBA nos apresenta, enfim, a nós
mesmos.
É por isso que meus heróis não têm olhos
azuis nem músculos fabricados; não são
campeões de votos nem praticam sorrisos
colgate nas capas das fanzines.
Meus heróis fazem SAMBA. Meus he-
róis comem feijão com arroz, cometem erros
de concordância, têm as golas puídas e ainda
varrem seus quintais antes de receber ami-
gos.
Mesmo assim, nos dão pérolas de presen-
te.
NÚMERO 59 DEZEMBRO 2021 PÁGINA 5

A Lida da Açougueira Sinhá Dirinha tão, o açougueiro feirante ambulante, sai para as compras, e
passa a ser freguês da freguesia, assim, a fazer, parte do di-
Uma história que no Distrito Monte Gordo – Camaçari/Ba nheiro que ganhou, ter retorno, para as mãos, que o pagou.
um dia aconteceu.
Sinhá Dirinha matriarca que aos oitenta e quatro anos, pleno
Anos 1980, o Distrito Monte Gordo – Camaçari/Ba. marca entusiasmo na lida conserva e do terreiro o pé não arreda, talha
visitas constantes, de açougueiros e comerciantes, que ali se o gordo toucinho de pelo rapado, pra saturar de sal fino, a ficar
fazem pra comprar, um danado de um bicho, que de coré lhe o lipídio, um tanto quanto não perecível. Ainda, na mesma
cabe o apelido. leva de trabalhos, calçada com luvas amarelas e envolta num
jaleco de plástico, branco, meio surrado, de cipó em mão e
IL. extraida do Google. água corrente, faz limpa, tripas que, em seguida, enchidas,
viram chouriça. Embutido que, no preparo especial, com carne
Noticiado e comprovado, em Monte Gordo inúmeros criado- fresca, pontas de toucinho, pimenta do reino e cominho, ale-
res domésticos, e grandes fazendeiros, esbanjam capricho, na crim, alho e sal, é produto de encomenda de grande freguesia,
criação e venda, do sagrado*, nutritivo* e medicinal*, animal, do abate da Sinhá Dirinha. Após tanto, quase a concluir o total
de várias raças, e tamanhos que variam, dos 200g até mais de aproveitamento do Porco cevado, a açougueira, dá cabo de, no
1.000 kg. Ali, em meio à efervescente suinocultura, encontra- derradeiro benefício daquele suíno, guardar a valiosa banha
mos a açougueira Sinhá Dirinha que, aqui faço contado, um que, além de empregada no preparo de comidas, tem venda
pouco da sua lida no dia a dia. garantida, e muito soma, para a renda da família.
Meia noite de uma sexta-feira, o Daí, no final da lida do dia, o jantar em família, por costume
sábado beirando, como de costu- se faz, e no tratado dos acontecidos, Zé Caboré questiona: -
me, na casa do Zé Caboré, um Mainha será que é pecado abater e vender carne? Sinhá Diri-
fogão da marca Jacaré, de qua- nha, “pede ouvidos”. – “Vosmicês” sabem que o leão não co-
renta pavios “chupando querose- me vegetais... Deus o criou! Vocês abem que o cavalo não
ne”, tem as chamas, a esquentar come carne... Deus o criou. E daí? Questionam o Zé Caboré e
a água, na cozinha da Sinhá Diri- o açougueiro Messias. – Pois saibam, ainda que uma pessoa se
nha, que amola a peixeira na torne vegetariana, estará a ingerir algo que um dia fora vivo,
“pedra de fogo”, pra tratar o porco, falecido há pouco. ou provém. Tudo que tem vida... é ser vivo. Todos os vegetais
são seres vivos! É vida. Assim é o nosso planeta. Vivos, que se
Andanças no terreiro, murmúrios soam, nas divisões de tare- mantém vivos a partir de “ingestão” de vidas. Mais a saber...
fas, pra bem preparar, a “ex-suína-fera”, que na Feira do Cur- têm plantas que se nutrem da ingestão de animais... é a vida.
tume – em Salvador – a capital, ao pé da “balança de peso com Não se pode fugir a tal ciclo. Plenamente... não. E quanto a
ponteiro”, fregueses pra comprar, a partir das 6h da manhã, fazer mal ou bem à saúde... isso está muito correlacionado à
vão estar. quantidade, preparo e, principalmente, à condição metabólica
de cada pessoa. Além de outros fatores! Inclusive opção. Que
IL. extraida do Google. - Foto antiga da Feira do Curtume. sejamos cuidadosos para o não desperdício, a consumir os ali-
mentos na exata medida da nossa necessidade. Conclui a açou-
Carne fresca e bem lavada, com colchão não adiposo que, da
gueira Sinhá Dirinha.
dobra do pernil, é separado. Esse, sendo a parte mais cobiçada,
exige do açougueiro Messias, pai do Zé Caboré e marido da Fim!
Sinhá Dirinha, cobrar maior paga. Ainda assim, no mear das
dez da manhã, pra quem da carne quiser comprar, não mais Autor: José Alconso da Silva Filho
que costela e pé, pode encontrar.
Cad. 24 da AMALBA
Aos sábados a vida na tradi-
cional Feira do Curtume - uma Este conto tem como objetivo enaltecer um pouco da história local do
das mais antigas de Salvador, Distrito Monte Gordo/Camaçari/BA., que reservou num passado não muito
distante, concentração de criadores e comerciantes de porcos. Ainda que,
vibra, com congestionamento sem a mesma referência da suinocultura do passado, constata-se, ainda,
de veículos de carga nos seus uma forte tendência local para tal cultura. Quiçá esta nossa peça literária,
acessos, muitos advindos da possa vir a estimular o implemento de tal pecuária. A final... trata-se de um
bom negócio. Que diga a China... o maior importador desse nosso produtor.
rampa do Mercado Modelo, - Boca pio* - Tipo de sacola muito comum no Nordeste. Trabalho artesa-
com os produtos das ilhas do nal feito de palha.
Recôncavo; muita gente com Boca pio* cheio, a deixar o local, - O porco como animal sagrado* - No Hinduísmo, o porco e a vaca não
e gente com Boca pio* pra encher, a chegar. Ali na feira, se- podem servir de alimento. Conceito do Islamismo e Judaísmo Evitam se
alimentar de carne de alguns animais por serem considerados impuros.
manalmente, a família da Sinhá Dirnha monta a barraca de - O porco como animal nutritivo* - A carne de porco contém 18-20% de
lona verde, que de longe se anuncia aos fregueses. Não demo- proteínas de alto valor biológico. Praticamente não tem hidratos de carbono.
ra, os ganchos vazios no travessão pouco a pouco, são junta- É rica em vitaminas do grupo B e em minerais como ferro, zinco, fósforo e
dos, indicando que a proteína do coré, que desde a madrugada potássio.
- O porco como animal “medicinal” (importante para a ciência médica) *
teve início a preparação, antes do meio, deve acabar. Daí o - Válvulas cardíacas dos animais, que contêm apenas cartilagem, já são
comércio adiante se faz, no arremate de venda de tripa, a poder amplamente usadas em pessoas. Vários estudos científicos em andamentos
atender uma parte da freguesia, que do sarapatel faz gosto de atestam que os leitões são considerados uma boa fonte potencial para trans-
plantes.
comprar e preparar, inclusive, miúdos de vísceras, sangue coa- Atualmente, o Brasil possui o terceiro maior rebanho do mundo, com
lhado e órgãos pré-cozidos, encomendar. cerca de 33.000.000 de cabeças, o que representa 3,4% da população mundi-
al,
Após às 13h. nem um tira gosto da carne de porco resta, en-
NÚMERO 59 DEZEMBRO 2021
A escada: o sonho de Jacó
Saudações fraternais, prezado irmão! Nesta edição de número 59
da ACADEMUS – Dez/2021, nós iremos refletir sobre um tema
bastante comentado entre os maçons, mas raramente estudado e,
por essa razão, pouco compreendido: a escada de Jacó.
Nas passagens bíblicas é muito comum encontrarmos persona-
gens que receberam de divindades e de seres angelicais, através
de sonhos e visões, mensagens diversas como avisos, advertên-
cias, premonições, presságios e confirmações de promessas divi-
nas. A título de exemplo, podemos citar Abraão, Abimeleque,
José (filho de Jacó), Nabucodonosor, Daniel, José (esposo de
Maria), Maria (mãe de Jesus), Zacarias (pai de João Batista),
Paulo (o apóstolo) e tantos outros. Entretanto, o objeto deste
nosso breve trabalho é o sonho de Jacó, que pode ser consultado
em Gênesis 28, sem entrarmos na discussão da história bíblica
ser uma mitologia ou não, pois o fundamental é o simbolismo
que podemos extrair dos detalhes dessa narrativa.
Para uma melhor compreensão do texto, torna-se necessário
contextualizar alguns fatos que antecederam o momento em que
Jacó teve o sonho. Para início de conversa, Jacó era neto de
Abraão e filho de Isaque, os dois grandes patriarcas do povo
escolhido por YHWH. Jacó também era irmão gêmeo de Esaú,
sendo este o primogênito por ter saído primeiro do ventre de
Rebeca. Certa feita, após uma caçada, Esaú chegou cansado,
com muita fome, e pediu a seu irmão um pouco do prato de co-
mida que este preparava. Jacó enxergou nessa situação uma
oportunidade e condicionou entregar o guisado que fazia como
moeda para comprar a primogenitura de seu irmão. E assim Esaú
a vendeu para Jacó. A primogenitura era um direito que garantia
a herança e a liderança da família para o filho homem mais ve-
lho. Em outra ocasião, Jacó se fez passar por Esaú e, com a aju-
da de sua mãe, Rebeca, enganou a Isaque, seu pai, que já estava
idoso e não enxergava bem, o qual deu-lhe a sua bênção patriar-
cal por acreditar que era Esaú, o seu filho primogênito. Além de
ter tirado a primogenitura de Esaú, Jacó também usurpou a sua
bênção, o que provocou a ira de seu irmão, o qual intencionava
matá-lo após o falecimento de Isaque. Contudo, com a ajuda de
Rebeca, que sabia do desejo de Esaú, Jacó partiu para Padã-Arã
para morar com a família de sua mãe até cessar a ira de seu ir-
mão.
Ao sair de Berseba e a caminho de Harã, o sol se pôs e Jacó re-
solveu passar a noite no lugar que estava. Ele pegou uma das
pedras do local, colocou-a debaixo de sua cabeça e dormiu. En-
tão, enquanto dormia, Jacó sonhou com uma imensa escada que
ligava o céu à terra, na qual os anjos subiam e desciam através
dela. Em algumas traduções, encontramos que o SENHOR esta-
va no topo dessa escada; em outras, que Ele estava ao lado de
Jacó. Todavia, independente da posição que YHWH encontrava-
se, a narrativa demonstra que Ele falou para Jacó, ratificando as
promessas que foram feitas para Abraão, Isaque e que, agora,
também alcançava Jacó, o terceiro patriarca na linha de suces-
são. Ao despertar do sono, Jacó teve a consciência de que Deus
estava naquele lugar e ele não sabia. Com muito temor, Jacó
PÁGINA 6
disse: “Como este lugar é terrível! Este lugar não é outro senão a
casa de Deus, a porta do céu”. Ao levantar-se naquela manhã,
Jacó pegou a pedra que fez de travesseiro para dormir e a ungiu,
colocando-a como coluna daquele local que o batizou como Be-
tel, que significa “casa de Deus”.
Podemos observar que a situação de Jacó, nesse episódio, era de
fugitivo de seu irmão, já que temia que Esaú o matasse. Nesse
momento que acredito ter sido de aflição e cansaço, ele dormiu
no chão e pôs a sua cabeça numa pedra e teve um sonho, no qual
Deus falou para ele através dessa escada. Jacó teve uma experi-
ência sobrenatural através desse sonho, onde visualizou, naquela
escada colocada sobre a terra e com seu topo no céu, a circula-
ção de figuras angelicais que subiam e desciam, na qual YHWH
falou com ele e o encorajou, confirmando suas promessas e
apresentado o seu propósito. Naquele instante Jacó compreendeu
a sua razão de existir.
Na Ordem, escutamos muitos maçons mencionarem que estão
subindo a Escada de Jacó em referência a cada grau filosófico
que alcançam. Data vênia ao entendimento dos irmãos que pen-
sam dessa forma, não acredito que o simbolismo extraído da
escada sonhada por Jacó seja reduzido a um título ou a um grau
conquistado em um Corpo Filosófico. Há um sentido muito mais
profundo nessa simbologia que cada irmão deve buscar de forma
íntima, subjetiva e pessoal.
Acredito, dentre as inúmeras interpretações possíveis, que a es-
cada simboliza a comunicação, a interlocução, o acesso entre o
(s) ente(s) divino(s) e o homem. Além disso, ela retrata a ideia
de ponte, de porta, de portal entre os mundos, os multiversos
existentes que desconhecemos e só temos ciência a partir do
momento que o Universo, a Inteligência Divina, O Grande Cria-
dor, queira e nos permita perceber. A escada significa, ainda, a
evolução moral, intelectual e espiritual, não apenas para o obrei-
ro da Arte Real, mas para todo iniciado, o verdadeiro buscador
que, durante a sua caminhada, seja nas ordens iniciáticas ou nas
religiões, ou mesmo fora delas, deseja e trabalha para melhorar a
si mesmo e labora para o bem estar da humanidade ao espalhar
luz, vida e amor. É o aperfeiçoamento moral e espiritual do ser
humano que visa conectar-se com a divindade através da prática
das virtudes, comparadas aos degraus da escada, que, ao chegar
ao seu topo, atinge a perfeição. A escada, também, representa a
expansão da consciência humana que, ao receber os influxos da
Consciência Cósmica, do Grande Arquiteto do Universo, passa a
compreender o seu propósito, o motivo de sua existência, a sua
missão enquanto ser humano ou, melhor, o seu objetivo enquan-
to um ser espiritual que vivencia uma experiência humana.
Bem, caro irmão, cabe a você, em particular e durante as suas
meditações, retirar da escada sonhada por Jacó o significado que
ela representa para a tua vida. Que o Supremo Arquiteto do Uni-
verso nos inspire, encoraje, guie e ilumine para que possamos
subir e descer, com beleza, força e sabedoria, os degraus da es-
cada que nos forem postos a fim de cumprirmos com êxito o
propósito que foi confiado a cada um de nós! Boas festas e que,
no ano de 2022, você tenha muita paz e seja plenamente feliz em
suas realizações! Um tríplice e fraternal abraço!
NÚMERO 59
NaTaL
A festa da Cristandade
Segundo estudiosos e exegetas, a
data de 25 de dezembro não é a
data real do nascimento de Jesus.
A Igreja preferiu cristianizar as
festividades pagãs que os vários
povos celebravam por altura do
solstício de Inverno no hemisfé-
rio norte! Inúmeros pesquisado-
res chegaram à conclusão de que
o dia vinte e cinco de dezembro
foi adotado para que a data coin-
cidisse com a festividade romana
dedicada ao retorno do “sol in-
vencível”! Durante esses festejos
comemorava-se a volta do sol,
em seu caminho aparente, ao he-
misfério norte: o solstício de in-
verno. No Império Romano, esta
festa chamava-se a Saturnália,
em honra ao deus Saturno; du-
rante as comemorações pratica-
vam-se vários folguedos e brin-
cadeiras alegres. O deus Mitra,
divindade persa que protegia a
agricultura era também homena-
geado nessa ocasião! As evidên-
cias confirmam que, os líderes
religiosos da Igreja adotaram es-
sas festas celebradas pelos roma-
DEZEMBRO 2021
nos, adaptando-as e dando-lhe
novas roupagens cristãs.
Algumas correntes místicas, co-
mo por exemplo, as oriundas dos
gnósticos de Alexandria, que
cultivavam os primitivos rituais
iniciáticos cristãos, acham que a
data é perfeitamente adequada
para simbolizar o Natal! Eles
consideravam que o sol é a es-
sência do Cristo Cósmico, ou
melhor, do Logos, o Verbo que
cria o mundo.
Baseando-se nessa premissa
existem correntes que lutam para
que no hemisfério sul, principal-
mente no Brasil, o Natal seja co-
memorado no mês de junho, o
mais próximo possível do solstí-
cio de inverno. Aliás, o mês de
junho estaria mais em acordo
com as interpretações bíblicas!
As escrituras relatam que, na
noite do nascimento de Jesus, os
pastores estavam nos campos
cuidando das ovelhas! Ora, o
mês judaico de Kislev, corres-
pondente à segunda metade de
novembro e primeira metade de
dezembro, no calendário gregori-
ano; é um mês frio e chuvoso! O
mês seguinte é Tevet, no qual
ocorrem as temperaturas mais
baixas do ano, com nevadas oca-
sionais! Esses são dados confir-
mados pelos profetas Esdras e
Jeremias, que afirmavam não ser
possível, nesses meses, ficar de
pé do lado de fora da habitação,
devido ao intenso frio! Entretan-
to, no Evangelho de Lucas, fica
claro e evidente que havia pasto-
res ao ar livre e mantendo vigias
sobre os rebanhos à noite perto
do local onde Jesus nasceu! Ora,
estes fatos tornam- se impossí-
veis para um período que se
mostra totalmente inviável ficar
do lado de fora, em função do
frio! Jesus não poderia ter nasci-
do no dia em que o Natal é cele-
brado atualmente, e sim na pri-
mavera ou no verão!
PÁGINA 7
Sabe-se, entretanto, que o nasci-
mento de Jesus se deu por volta
de dois anos antes da morte do
Rei Herodes, "o Grande"! Consi-
derando- se que este morreu em
4 a.C, então Jesus só pode ter
nascido em 6 a.C! O respaldo
para isso está no fato de que He-
rodes ― segundo Mateus, 2:1;
16 – 19 ― ter ordenado a matan-
ça das criancinhas entre zero e
dois anos de idade! Isto foi antes
da morte de Herodes e, segundo
ele, a estrela apareceu aos magos
anunciando o nascimento de um
rei, fato que deveria ter ocorrido
nos últimos dois anos. Ainda,
segundo a Bíblia, antes do nasci-
mento de Jesus, Octávio César
Augusto, o imperador romano,
decretou que todos os habitantes
do Império deveriam se recense-
ar, cada um em sua cidade natal!
Isso obrigou José a viajar de Na-
zaré (na Galileia) até Belém (na
Judeia), a fim de registrar-se
com Maria, sua esposa!!
Obviamente, este recenseamento
não era o "primeiro recensea-
mento" decretado por Otavio
Augusto, o Cesar! Portanto fica,
mais ou menos, explicado que o
nascimento de Jesus se deu em
data diferente de vinte e cinco de
dezembro e em ano diferente
àquele em que hoje aceitamos o
seu nascimento. Mas o Natal é
no dia 25 de dezembro e, nesse
dia toda a cristandade se reúne
em torno da mesa, confraterni-
zando-se e refazendo votos de
bons augúrios e de felicidade! O
Natal já criou a sua egrégora,
que possui a força regeneradora
do Cristo Cósmico, o Logos ma-
nifestado, no horizonte espiritual
da Terra. Então devemos nos
unir em torno da Paz, elevando
uma prece ao Senhor dos Mun-
dos e rogando para a humanida-
de, um Feliz Natal!
Pesquisa realizada por
Fergi Cavalca
NÚMERO 59 DEZEMBRO 2021 PÁGINA 8

extremas nas quais não seja possível

identificar com precisão os fatos, então que
cada um fique com sua opinião. A ideologia
que envolve o
vel com os
ensinos maçônicos, onde é comum se ver a
inércia e o comodismo e a hesitação em
assumir posições, mascaradas pelo princípio
da tolerância.
A letalidade, embora enorme, não
Cleber Tomás Vianna, MI Cadeira 15 – AMALBA ocorre no corpo físico, mas sim no ético/
A Ideologia do espírito/intelectual. A primeira vítima é o
bom senso, acompanhada de perto pelos
“Politicamente Correto” e a valores humanos, que o iluminismo chamava
Maçonaria. de "dotes do Espirito". Em seguida, mesmo o
intelecto comum é atingido, pois chega-se a
Com muita propriedade retrata o irmão
negar verdades cientificas e evidências
Eleutério Nicolau da Conceição, quando diz
gritantes. Tudo mascarado, envelopado por
que os maçons não são imunes ao imperativo
uma pseudomodernidade e pensamento
da ideologia do "Politicamente Correto" que
tolerante "evoluído" que está conduzindo a
se instalou em nossa sociedade, imposto pela
sociedade humana para um estágio
mídia. Em geral não se percebe que,
intolerável, onde homens másculos e
entendido em toda a sua possível extensão,
mulheres verdadeiramente femininas serão
alguns aspectos dessa ideologia chocam-se
cada vez mais raros de se encontrar, até se
frontalmente com proposições e ideais
tornarem anomalias.
maçônicos.
E então, quando encontrados, sofrerão
Decorre dessa linha de pensamento
conversão compulsória ao comportamento
uma série de ideias que acabam propondo
considerado normal pela então maioria?
um relativismo absoluto. Se “cada um tem
Deus nos livre! Mas parece que estamos
sua verdade”, então não existe "Bem" e
caminhando a passos largos e velozes nessa
"Mal", "Certo" e "Errado". Não é de bom
direção. Tudo em nome da modernidade, do
tom confrontar a ideia de alguém, discordar,
pensamento “bondosamente" tolerante das
pois estaremos tentando interferir em “sua
"mentes abertas e receptivas", que não
verdade”.
aceitam mais os "antiquados" valores
É óbvio que opiniões podem estar judaicos/cristãos.
corretas ou erradas. As corretas são aquelas
QUE ASSIM NÃO SEJA!
que corresponderem aos fatos. Nas situações