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EDITORIAL

Como em um casulo estamos todos "Renova-te


nos preparando para o momento de Renasce em ti mesmo.
sair em um novo e fresco ar. Multiplica os teus olhos,
Nesse casulo nos recolhemos e para verem mais.
oferecemos a nós e às crianças Multiplica-se os teus braços
alimentos anímicos como esses aqui para semeares tudo.
presentes no Nosso Ritmo. Destrói os olhos que tiverem visto.
Contar histórias, cantar, compartilhar
Cria outros, para as visões novas.
momentos juntos na preparação de
Destrói os braços que
receitas é proporcionar calor e espe-
rança, é fortalecer-se diante das tiverem semeado,
mudanças que a Época da Páscoa Para se esquecerem de colher.
nos convida. Sê sempre o mesmo.
Manter vivas as imagens simbólicas Sempre outro. Mas sempre alto.
da Páscoa vai nos aquecer e Sempre longe.
também nos transformar, no tempo E dentro de tudo."
que é de preparação e, nos acompa-
nhar no tempo de ressurgir, de retor- Cecília Meireles
nar, outros, assim como lagartas em
borboletas.
Convidamos vocês, leitores, a deixa-
rem-se permear pelo o que aqui
reunimos, e, especialmente a viven-
ciar tudo o que aqui propomos, com
a consciência de que a Páscoa é o
momento de olhar pra dentro, de
observar o que de novo quer se
formar, e então deixar o envoltório e
voar.

Andréa, Brena, Lígia e Natalia

01
SOBRE A
PÁSCOA
Luciana Castro - Professora do Jardim de Infância

As Festas Cristãs são o cerne da Pedagogia Waldorf, formou….”.


são pilares do Mundo Espiritual aqui na Terra. A cada Fazemos lagartas de lã, feltro, papel crepom e as
ano vivenciamos estas festas de forma espiral. A colocamos nos móbiles e cantinhos de época.
cada ano podemos nos aprofundar e entender Depois de um tempo( um pouco antes do Domingo
ainda mais cada época. de Páscoa) as enrolamos em casulos (que também
As festas sempre se alternam, ora vivenciamos um podem ser feitos com lã, feltro, lã cardada) e após o
momento de expansão ora um de recolhimento. Domingo de Páscoa trazemos as borboletas (que
Assim, o Carnaval, por exemplo é marcado pela também podem ser de lã, feltro, papel…). As salas e
expansão e a Páscoa, pela contração. a nossa Escola ficam enfeitadas de lindas borbole-
Viver as Festas Cristãs para o adulto significa trilhar tas!
um caminho de desenvolvimento para as crianças, Lá fora, nosso Jardim também fica cheio de lagarti-
significa permear a infância de verdadeiro significa- nhas e de borboletas! As crianças que são tão unas
do, são “ marcos” que as preencherão na vida adulta. com a Natureza logo percebem este presente!
O que cuidamos hoje mais tarde será transformado A lagarta como nós e nossos pequenos, precisou “se
em resiliência, religiosidade, gratidão… “As mãos que alimentar muito” (alimento anímico), para depois
na infância se juntaram para agradecer na vida serenar, acalmar suas angústias e “aceitar” ser enro-
adulta se abrirão para abençoar” -Provérbio chinês. lada num casulo, aceitar a Morte do que precisa
Olhar para as épocas significa também nos reco- morrer… E então nos transformamos em lindas
nectarmos com a natureza, percebermos a beleza borboletas e festejamos a Páscoa, a época do ama-
de cada dia, a diferença do céu quando estamos nhecer!
vivendo a Páscoa para o Céu da época do Natal , As rodas, histórias e cantinhos de época no Jardim
olharmos para as árvores que florem em cada de Infância são formas de trazermos um pouquinho
época. A Humanidade se afastou tanto da natureza de cada época para as crianças. Trazemos o que
que conseguimos passar pelos dias como se estamos vivendo no macrocosmo para o microcos-
fossem todos iguais. A agricultura biodinâmica já mo da sala. O que vivenciamos lá fora trazemos
fala hoje de espécies vegetais que estão deixando de para cá.
existir porque estão, simplesmente, deixando de ser Viver, de verdade, cada uma dessas épocas com
“olhadas” pelo Homem. nossos filhos nos reconecta com o mais divino em
As festas cristãs nos trazem a oportunidade de mais nós. Quando nos “movemos” no sentido de preparar
uma vez olharmos o caminho de Cristo. Cada época algo para eles, estamos imbuídos de um ideal e isto
nos traz diferentes Forças. A Páscoa nos remete ao reverbera hoje e sempre nas crianças.
recolhimento, ao momento de serenar, de acalmar Não precisamos fazer muitas coisas, cada um pode
nossos medos… escolher algo para viver a época junto com os
Nesta época, vivemos a morte e a escuridão mas pequenos, pode ser fazer borboletas de papel,
também vivemos a Vida e a Luz da Ressureição. É coelhinhos de pompom, orelhinhas de coelho, rosca
um período de grande transformação espiritual. De da Páscoa… Enfim, cada um sabe a sua dinâmica
olharmos para o que precisamos deixar ir, como as mas o que for feito é um presente para nós e para
folhas de outono que se vão…E o que eu precisamos eles!
iluminar novamente. Quando estamos fazendo algo com sentido nosso
No Jardim, não trazemos esta época para as crian- tempo se torna, como o tempo das crianças, um
ças de forma consciente mas por imagens. Neste tempo de Deus e não um tempo cronológico e
sentido, “a lagarta que come, come, come e num assim conseguimos viver, realmente, a Páscoa em
lindo casulo se enrola… Passa o tempo, vem a chuva, plenitude!
o Sol e num belo dia numa linda borboleta se trans- Que nossa Páscoa seja cheia de Vida!
02
A PÁSCOA:
UMA FESTA DO OUTONO
Andréa R. Maiolino Costa - Professora do 3º ano

O final de março inaugura a estação do outono. muito prazeroso e surpreendente. Nessa época
Com o equinócio, dias e noites têm a mesma do ano, elas podem observar as lagartas raste-
duração. Conforme o tempo caminha em jando pelas folhagens; as folhas que secam no
direção ao inverno, percebemos lentamente os alto das árvores e, ganham uma tonalidade
dias ficarem cada vez mais curtos, o entardecer amarelada e marrom, logo caem; as árvores
mais cedo e as noites mais longas. Um período mais frondosas perdem suas folhas e ganham
importante de recolhimento para a natureza. uma aparência mais ressequida, retorcida e
Esse é o cenário no qual a Páscoa está inserida frágil. Dos casulos nascem as borboletas. As
no hemisfério Sul, onde vivemos. As águas de flores geram seus frutos. O sacrifício, a perda e
março vão fechando o verão. O clima fica cada a dor da transformação se tornam visíveis nos
vez mais seco, o crescimento das plantas se eventos da natureza. Na observação, sem ter
retrai. As folhas caem. Muitas plantas ficam tão que explicar nada, as crianças se vinculam a
secas e sem folhas que parece que estão esses sentimentos e vivenciam a Páscoa de
mortas. maneira mais genuína. Através de seus olhares
Tudo lá fora parece estar morto, a natureza atentos e curiosos, todos os segredos se reve-
antes viva e verdejante parece agora perecer e lam no silêncio.
se recolher. É nesse momento, de introspecção, Para nós adultos, o convite é: aprender com as
que a natureza reúne forças que são capazes crianças a observar a natureza. Não nos limitar
de gerar novos impulsos para a vida. A Páscoa, ao que as tradições nos trazem, mas buscar
festa que comemoramos todos os anos, carre- uma nova forma de nos relacionar com as
ga esse mistério: o mistério da transformação, festas cristãs. A natureza, como revelação de
da ressureição, daquilo que depois de morto todas as leis cósmicas, nos fornece as imagens
gerou uma nova vida. que nos ajudam a encontrar e nos conectar
Para as crianças, olhar a natureza é sempre com uma realidade mais sensível.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA PARA LEITURA:

• O caminho de Cristo – Evelyn Scheven


• O ser humano como sinfonia das forças universais – Rudolf Steiner
03
• Site Festas Cristãs: www.festascristas.com.br
DEPOIMENTO DA COMUNIDADE

A LAGARTA AMARELA
Lisandra Barrales - Professora do Jardim de Infância

Todos os anos, ao preparar o cantinho de época com algo incrível: ela fez um casulo ali mesmo no
de Páscoa eu desejava ter uma lagarta de verda- galho do cantinho de época. “Uau!” Diziam as
de para as crianças acompanharem bem de crianças encantadas e eu por dentro dizia “Uau”
perto o processo de transformação. Um ano mil vezes.
resolvi pegar uma lagarta que as crianças acha- O recesso da Páscoa chegou, me despedi do
ram no parque e sugeri que a colocássemos nas casulo e fui para casa. Por um momento até
plantas do cantinho de época. No primeiro dia, ela pensei em deixar o galho lá fora, pois se a borbo-
lá ficou e as crianças muito felizes ficaram. No dia leta resolvesse sair estaria no parque. Mas
seguinte, ela sumiu e nunca mais ninguém a viu. lembrei que a lagarta havia escolhido fazer seu
As crianças nem perceberam e muito menos casulo aí e eu não deveria interferir.
foram procurar a lagarta no cantinho de época. Na terça-feira após a Páscoa, cheguei na sala e a
Como as crianças nos ensinam sempre, aprendi janela já estava aberta. Fui até o cantinho de
que não deveria ter feito aquilo, tirar uma lagarta época e vi que o casulo estava aberto. Que felici-
da sua casa “sem perguntar” se ela desejava se dade! “E o grande milagre aconteceu: da lagarta
mudar. uma linda borboleta nasceu”. Agradeci mais uma
No ano seguinte, ao montar o cantinho de Páscoa vez, mas pensando que a borboleta já tivesse
mais uma vez desejei ter uma lagarta. O tempo saído pela janela. Fizemos a roda do bom dia no
passou, passou, até que um dia uma lagarta de parque e quando voltamos para a sala, adivinhem
verdade apareceu no galho do cantinho de época. só que estava nos esperando? Ela mesmo! A
Que emoção! Uma lagarta amarela com pinti- borboleta amarela! Parecia que estava esperando
nhas escuras. Ela foi nossa convidada de honra e as crianças entrarem. As crianças ficaram admi-
as crianças ficaram maravilhadas com a visitante radas como era pequena e tinha as manchinhas
tão especial. pretas de antes como lagarta. Depois que todos a
Fui para casa me sentindo realizada e agradecen- admiraram ela ficou mais um pouquinho e voou
do os anjos pelo presente, pensando que no dia para longe. Foi um lindo milagre de Páscoa e um
seguinte ela não estaria mais em nossa sala. Para presente inesquecível!
minha surpresa, no dia seguinte ela continuou em
nosso cantinho de época. As crianças fizeram Hoje a roda rítmica ganhou uma parte
festa de novo ao ver a nova amiga. Mais uma vez especial em homenagem à nossa visitan-
fui para casa feliz e grata, pensando que nossa te. As crianças já são outras, mas todas
aventura tivesse terminado. adoram a parte que falamos “É ela! É ela!
E no outro dia a lagarta amarela nos presenteou A lagarta amarela!”

04
SOBRE A PASCOELA
Fonte: Colibri - Páscoa 2006

Na Espanha, Itália, Portugal e muitos países da


Europa comemora-se até hoje a Pascoela, na
segunda-feira após a Páscoa. Seu significado é
“Páscoa Pequena” e essa tradução deriva da Itália. O
motivo desse feriado, historicamente falando, é que
os comerciantes, por não poderem festejar a
Ressurreição de Cristo no domingo, visto trabalha-
rem nessa data, aguardam e a comemoram na
segunda-feira.
Além disso, a Pascoela simboliza o prolongamento
do próprio domingo de Páscoa que ocorria em
muitas religiões 7 dias após a Páscoa.

PASCOELA NA ESCOLA WALDORF


Nos dias de hoje precisamos fazer um grande esfor-
ço para estarmos presentes no verdadeiro sentido
da época. Hoje a Páscoa pode ser só uma data para
o consumo de chocolate, encontrar ovinhos, brincar
e aproveitar o feriado prolongado.
Por isso, em várias escolas Waldorf, reservamos a 2ª
feira após o domingo de Páscoa como um momen-
to de PAUSA e RESPIRAÇÃO para, assim, de fato,
vivenciarmos o sentido da Páscoa. Além disso,
contruímos um intervalo de 5 dias que atua como
uma pausa de outono, visando manter um ritmo
saudável e oferecendo às crianças um pequeno
recolhimento, assim como nas outras estações que
seguem o ritmo de trabalho e pausa (férias de verão,
férias de inverno e recesso de primavera).
Como sugestão, as famílias podem aproveitar a
Pascoela para fazer refeições mais leves, após
possíveis excessos de chocolates ou do almoço de
domingo. É um dia de recolhimento, ficar em casa,
aproveitando para fazer uma boa limpeza na casa
com ajuda das crianças. É também uma ótima
oportunidade de arrumar o armário e separar
roupas que já não servem mais e podem ser
doadas. É um ótimo símbolo de como podemos
“abandonar as roupas usadas” no verso do poeta
Fernando Pessoa, tão adequado para a época da
Páscoa e para a transformação de cada um.

05
SÍMBOLOS
DA PÁSCOA
A Borboleta e a a Páscoa
Fonte: Cantinho de Época, Colégio Waldorf Micael.

Uma imagem que claramente mostra a vida,


morte e ressurreição é a metamorfose da lagar-
ta em borboleta, representando a morte do
corpo, a transformação e o renascer.
A imagem arquetípica da borboleta que, quando
lagarta, fecha-se num escuro casulo deixando a
luz e o calor transformarem sua existência em
cor e leveza.
A lagarta fica dentro do seu casulo que mais
parece uma folha seca e morta, pendurada,
pronta pra cair. Durante este período, ela vai se
transformando, até que, após duas ou três
semanas, o casulo vai sendo rompido, e dali sai
uma linda borboleta, movendo todas as partes
do seu corpo, para conseguir se libertar.
A lagarta, enquanto estava encolhida no seu
casulo, deixou-se transformar numa borboleta
para continuar a vida.

A Caça aos Ovos


Texto extraído da revista NÓS – Época da Páscoa 2006/ Do
livro de Freya Jaffke, “Festejar as festas no Jardim de Infância
em casa” tradução de Rosemarie Schalldach.

Ainda há um outro aspecto no ovo de Páscoa. O


ovo, como dissemos, é um germe a partir do
qual algo novo quer se formar. Como o desen-
volvimento cotidiano, no entanto, ainda está em
aberto. Não estamos nós, como seres humanos,
sempre à procura do correto caminho interior,
do sentido da vida, perscrutando os aconteci-
mentos do destino na própria vida e na dos
outros?
É disso que o ovo de Páscoa nos quer lembrar,
que não está em qualquer lugar, porém está
escondido, ativando a vontade de procurá-lo.
Para as crianças o procurar os ovos de Páscoa
está ligado a um enorme prazer. Este procurar e
encontrar alegre no âmbito externo é expressão
para o esforço interno, que o adulto pode realizar
no plano dos pensamentos.

06
CONTOS PARA A ÉPOCA

CRIANÇAS MENORES DE 3 ANOS

VERSINHO HISTÓRIA DE MÃO


"As folhinhas estão caindo, é o outono que chega de "Era uma vez uma lagartinha peluda e gordinha que
mansinho…folhas secas e amarelas, quando sopra o subia na plantinha, para comer as folhinhas.
vento forte caem todas elas! " A primeira ela comeu, a segunda ela mastigou, a terceira
ela engoliu, e a quarta ela devorou.
Veio um raio de sol e a enrolou, veio a chuva , o vento e
outro raio de sol e a despertou.
Upa, duas anteninhas!
Upa,duas perninhas!
E uma linda borboleta se transformou! "

CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS

O Coelho de Páscoa
conto russo recontado por Chista Glass

Era uma vez um pai coelho de Páscoa e uma mãe coelha ninho. Vem buscá-lo se quiseres”. Esse também não era o
de Páscoa que tinham sete filhos. Ao aproximar-se a época verdadeiro coelho de Páscoa.
da Páscoa, eles resolveram testar os coelhinhos para ver O próximo escolheu o ovo cinzento. Quando ia andando
qual deles era o verdadeiro “coelho de Páscoa”. pelo caminho chegou a um riacho. Ao passar pela ponte
A mãe pegou uma cesta com sete ovos e pediu para que viu-se espelhado nas águas. Ficou tão encantado com sua
cada filho escolhesse um para esconder. própria imagem que se descuidou do ovo indo este se
O mais velho pegou o ovo dourado e saiu correndo por espatifar numa pedra. Esse também não era o coelho de
campos e montes até chegar ao portão da escola, mas deu Páscoa.
então um salto tão grande e tão apressado que caiu de O outro coelhinho escolheu o ovo de chocolate e pôs-se a
mau jeito quebrando o ovo. Esse não era o verdadeiro caminho. Encontrou-se com o esquilo que lhe pediu para
coelho de Páscoa. dar uma lambida no ovo. - “Mas este ovo é para as
O segundo escolheu o ovo prateado e pôs-se a caminho. crianças”, disse o coelho.
Ao passar pelos campos encontrou a raposa. Esta queria O esquilo insistiu tanto que o coelho deixou que ele desse
comer o ovo e pediu-o ao Coelho. Ele não lhe quis dar. A uma lambida no ovo. O esquilo achou-o tão gostoso que o
raposa prometeu-lhe então uma moeda de ouro, conse- coelhinho resolveu dar também uma lambidinha. Lambida
guindo assim que o coelho a seguisse até sua toca. vai, lambida vem, os dois acabaram comendo o ovo. Esse
Chegando lá, a raposa escondeu o ovo e, com cara feia, também não era o coelho de Páscoa.
mostrou os dentes como se quisesse comer o assustado Chegou então a vez do mais jovem. Ele escolheu o ovo
coelhinho que saiu correndo o mais que pôde. Esse azul. Quando passou pelo campo, veio-lhe ao encontro a
também não era o coelho de Páscoa. raposa, mas o coelho não entrou na conversa dela e
O terceiro escolheu o ovo vermelho e pôs-se a caminho. continuou o seu caminho. Mais adiante encontrou o outro
Ao atravessar o campo encontrou-se com outro coelho e coelhinho que queria lutar com ele, mas ele não parou.
pensou: “Ainda tenho muito tempo. Vou lutar um pouco Continuou caminhando até chegar à floresta. Ouviu os
com ele”. Os dois coelhos lutaram e rolaram tanto pelo gritos da pega - “Cuidado! A raposa vem vindo!”. O coelho
chão que amassaram o ovo. Também esse não era o não se deixou enganar e continuou seu caminho. Chegou
verdadeiro coelho de Páscoa. então ao riacho e cuidadosamente atravessou a ponte sem
O quarto pegou o ovo verde e pôs-se a caminho. Quando olhar para sua imagem refletida na água. Encontrou-se
passava pela floresta ouviu o chamado da Pega (1) que, mais adiante com o esquilo mas não lhe permitiu lamber o
pousada no galho de uma árvore, gritava: “Cuidado! A ovo, pois este era para as crianças.
raposa vem vindo!”. O coelho assustado olhou à sua volta Chegou assim até o portão da escola. Deu um salto nem
procurando um lugar para esconder o ovo. curto nem longo demais, chegando ao outro lado sem
- “Dá-me o ovo que eu o esconderei em meu ninho”, disse danificar o ovo. Procurou um esconderijo adequado no
a Pega. O coelho deu-lhe o ovo mas, percebendo que não jardim da escola onde guardou cuidadosamente o ovo.
havia raposa alguma quis o ovo de volta. A Pega respondeu Esse era o verdadeiro “Coelho de Páscoa”!
maldosamente: ”O ovo está muito bem guardado no meu
(1) Ave que vive na Europa e que leva objetos cintilantes para seu ninho
07
CONTOS PARA A ÉPOCA

CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS

Jonjoca
Era uma vez um coelhinho muito desajeitado Jonjoca contou-lhe seus problemas, era muito desa-
chamado Jonjoca. jeitado, não conseguia fazer nada
Vivia derrubando e quebrando tudo que estava ao certo.
seu redor. A borboleta resolveu ajudá-lo.
A mamãe coelha já não agüentava mais. - Jonjoca, disse ela, veja como eu mexo as asas
Por que Jonjoca era tão estourado? quando vôo.
Quando corria passava pelas flores do jardim e E a borboleta abriu suas belas asas coloridas e voou
amassava todas. Se queria dar um pulo, caia sempre de uma flor para outra com muita graça. Era tão leve,
no lugar errado. que quando pousava numa flor ela nem mexia.
Certa vez foi colher cenouras e quando voltava para Jonjoca estava maravilhado, nunca tinha visto tanta
casa, ao passar pela ponte, escorregou e a cesta beleza.
com cenouras foi parar dentro do rio. Apareceram mais duas borboletas, uma de asas
A Páscoa se aproximava. Papai coelho e mamãe amarelas e outra de asas azuis. E as três voaram ao
coelha tinham muitas encomendas. Seus filhos já redor das flores como se estivessem dançando.
estavam crescidos e podiam ajudá-los. Mas mamãe Jonjoca acompanhou cada movimento com a maior
lembrou da falta de cuidado de Jonjoca e proibiu o atenção. De repente, sentiu como se também
coelhinho de ajudar. Perto da casa havia um galpão estivesse voando.
onde costumavam trabalhar; enquanto uns pinta- Começou a pisar com muito cuidado.
vam os ovos, outros os embrulhavam com papéis Subiu na pedra e bem devagar pulou sobre a relva.
coloridos. Tornou a subir e a pular. Não havia amassado
Jonjoca olhou pela janela e viu seus irmãos, alegres nenhuma flor.
trabalhando. Agora ele já sabia como devia fazer.
Ficou muito triste, foi andando, entrou na floresta e Agradeceu às borboletas e voltou para casa.
chegou na beira do lago onde os peixinhos nada- Lá chegando, abriu a porta do galpão, sentou ao lado
vam. Havia muitas flores por ali. Jonjoca sentou de seus irmãos, pegou o pincel e começou a pintar.
numa pedra. De repente, uma borboleta pousou Papai coelho nem percebeu que Jonjoca havia
numa flor vermelha que havia ali vendo a tristeza do entrado.
coelhinho e perguntou: Mas, mamãe coelha tudo observava e sorriu feliz
- O que aconteceu? Por que você está tão jururu? para Jonjoca.

08
CONTOS PARA A ÉPOCA

Tendo já passado algum tempo na corte daquele rei, o burrinho


CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS pensou:
- De que me adianta tudo isso? Tenho de voltar para casa. E,
triste e cabisbaixo, foi ao soberano para despedir-se. Mas o rei,
que já havia criado por ele um grande afeto, disse-lhe:
O Burrinho - Que há meu burrinho? Pareces azedo como vinagre. Fica
comigo e te darei o que pedires. Queres ouro?
- Não - respondeu o burrinho, sacudindo a cabeça.
Era uma vez, onde foi, onde não foi, um rei e uma rainha muito - Queres riquezas, jóias?
ricos. Tinham tudo o que podiam desejar. Só não tinham filhos. - Não.
A rainha queixava-se noite e dia: - Queres a metade do meu reino?
- Sou como um campo onde nada cresce. - Oh, não!
Finalmente, Deus satisfez seus desejos. Mas, quando a criança veio - Ah, se eu pudesse imaginar o que te faria feliz! - exclamou o rei
ao mundo, não tinha aspecto de um ser humano, mas o de um - Quem sabe queres casar com minha filha?
burrinho. - Oh, sim! - respondeu o burrinho - Isto sim, bem que quero. Em
Desesperada, a mãe rompeu em lágrimas e queixas, exclamando seguida ficou alegre e disposto, pois era aquele seu maior desejo.
que preferia ter ficado sem filhos a ter ganho um burro. Mandou Celebrou-se, então, uma esplêndida festa de casamento. À noite,
atirá-lo ao rio para que os peixes o devorassem. O rei, porém, quando os noivos foram conduzidos aos seus aposentos, o rei,
interveio: querendo saber se o burrinho se comportava com gentileza e
- Não! Já que Deus o enviou, ele será meu filho e herdeiro. Após correção, ordenou a um criado que se escondesse no quarto.
minha morte, subirá ao trono e usará a coroa real! Quando os recém-casados estavam no dormitório, o noivo
Criaram, pois, o burrinho. Ele foi crescendo e assim também iam correu o ferrolho da porta, olhou ao redor e, supondo que
crescendo as orelhas: altas e retinhas que eram uma beleza. Além estavam a sós, tirou, de repente, a pele de burro, transformando-
disso, tinha gênio alegre, saltava e brincava por toda parte. Logo -se num belo jovem de porte real.
demonstrou um especial gosto pela música, a tal ponto que - Agora estás vendo quem sou - disse o jovem à princesa - e vês,
procurou um mestre famoso, a quem foi logo dizendo: também, que não sou indigno de ti.
- Ensina-me a tua arte, pois quero tocar alaúde tão bem como tu. A noiva ficou muito alegre, beijou-o e gostou dele com todo o
- Ah, meu pequeno senhor! - suspirou o músico - vai ser difícil. coração. Mas, ao chegar à manhã, ele se levantou e pôs
Vossos dedos são impróprios e, além disso, muito grandes. Temo novamente a pele de burro, de modo que ninguém pôde suspei-
que as cordas não agüentem. tar quem se ocultava embaixo dela. Não tardou em aparecer o
Mas de nada serviram suas evasivas. O burrinho manteve-se velho rei, exclamando:
firme no que decidira. Estudou com vontade e aplicação. Até que - Vejam só, o burrinho já se levantou! Mas tu - prosseguiu, dirigin-
por fim tocava o alaúde tão bem quanto o mestre. do-se à sua filha - deves estar bem triste por não teres um
Um dia, o jovem senhor saiu a passeio, pensativo, até que chegou marido igual aos outros.
junto a um poço. E, ao olhar-se nas águas claras, viu refletida a sua - Oh, não meu pai! - respondeu ela - gosto muito dele. Quero
figura de burrinho. Em vista disso, ficou tão triste que resolveu ficar com ele para o resto da minha vida.
correr o mundo, levando consigo apenas um companheiro fiel. O rei ficou surpreso, mas o criado que se havia escondido,
Andaram de um lado para outro e, por fim, chegaram a um reino chegou a ele e lhe revelou tudo.
governado por um velho rei que tinha uma filha única, belíssima. O - Não pode ser verdade! - exclamou o rei.
burrinho disse: - Pois espia na próxima noite e vê com seus próprios olhos -
- Ficaremos aqui. disse-lhe o criado - e dou-lhe um bom conselho, Senhor Rei:
E, batendo no portão, gritou: tira-lhe a pele e joga-a no fogo. Assim ele será obrigado a
- Há um hóspede aqui fora. Abram e deixem-no entrar. apresentar-se na sua forma verdadeira.
Como ninguém o atendeu, sentou-se e pôs-se a tocar o alaúde - É um bom conselho - concordou o rei.
docemente com as patas dianteiras. Vendo aquilo, o porteiro À noite, enquanto dormiam, o rei entrou de mansinho no quarto
arregalou os olhos, correu ao rei e lhe disse: e, ao aproximar-se da cama, pôde ver, à luz do luar, um belo
- Do lado de fora do portão há um burrinho tocando alaúde tão jovem adormecido. A pele de burro estava estendida no chão.
bem como um grande mestre. Apanhou-a e saiu. Em seguida, mandou acender uma fogueira
- Deixa entrar o músico! - respondeu o rei. bem grande e nela jogou a pele. E não se afastou do fogo até
Mas, ao verem entrar um burrinho, todos começaram a rir. Decidi- que a pele de burro estivesse completamente queimada e
ram que o burrinho deveria sentar-se no porão com os criados reduzida a cinzas. Querendo ver o que faria o príncipe ao desper-
para comer. Mas ele protestou: tar, passou toda a noite de vigia, com o ouvido atento. Ao clarear
- Não sou um burrinho comum de estrebaria, sou um nobre. do dia, o jovem saltou da cama para meter-se na pele do burro,
- Neste caso, senta-te com os soldados - disseram-lhe. mas não a encontrando em parte alguma, assustou-se e
- Não - replicou ele - quero sentar-me junto ao rei. O rei começou exclamou tristemente:
a rir e disse, bem humorado: - Agora só me resta fugir!
- Pois faça-se como pedes, burrinho. Fica a meu lado. Mas quando ia saindo, encontrou o rei e este lhe disse:
Em seguida, perguntou: - Meu filho, aonde vais com tanta pressa? Fica aqui. És um
- Burrinho, que tal achas a minha filha? homem tão belo que não desejo perder-te. Te darei a metade do
O burrinho voltou à cabeça para olhá-la e, fazendo um gesto de meu reino e, quando eu morrer, ficarás com o resto.
aprovação, respondeu: - Pois que o que teve um bom princípio tenha, também, um bom
- É tão linda como jamais vi outra. fim - respondeu o rapaz e disse ao rei: - Ficarei convosco.
- Então, podes sentar-te ao lado dela - disse o rei. E o velho rei deu-lhe a metade do reino. Quando, depois de um
- Com muito gosto! - exclamou o burrinho - e sentou-se ao lado ano, morreu, o velho e bondoso rei deixou- lhe o restante. Além
da princesa. Comeu e bebeu, comportando-se com finura e disso, com a morte de seu pai, ganhou mais um reino. E, assim,
correção. viveram muito felizes.
09
CONTOS PARA A ÉPOCA

ressequida, com os grandes olhos vermelhos e o nariz


CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS adunco, cujo ponta lhe tocava o queixo. Resmungou alguma
coisa, agarrou o pássaro e levou-o consigo. Jorindo não
podia pronunciar uma palavra sequer, nem fazer um gesto
Jorinda e Jorindo qualquer; o rouxinol desapareceu. Por fim a mulher voltou e
disse com sua voz cavernosa:
- Eu te saúdo, Zaquiel; quando a lua redondinha, pratear do
Houve, uma vez, no coração de uma floresta virgem, um cerefólio as folhinhas, solta-o, Zaquiel, naquela horinha.
enorme e antigo castelo, no qual morava, completamente E Jorindo, depois dessas palavras, ficou libertado. Caiu aos
só, uma velha bruxa muito poderosa. Durante o dia, ela pés da velha, suplicando-lhe que lhe restituísse a querida
transformava-se em gata ou em coruja, mas à noite Jorinda; mas ela, implacável, respondeu-lhe que nunca
retomava a forma humana. mais a teria e com isso deu-lhe as costas e foi- se embora.
A velha tinha o poder de atrair os animais silvestres e os Ele chorou, gritou, implorou, mas em vão.
pássaros, depois matava-os e os fazia refogados ou - Ah! Que será de mim!
assados. Se alguém, porventura, se aproximasse do castelo, Jorindo pôs-se a perambular até que chegou a uma aldeia
a cem passos de distância ficava retido sem poder mover- desconhecida e lá passou a pastorear um rebanho de
-se enquanto ela não o fosse libertar. E, se por acaso, ovelhas.
entrasse naquele círculo uma jovem donzela, a bruxa logo a Dirigia-se, frequentemente, para os arredores do castelo,
transformava em pássaro, que prendia numa gaiola e sem contudo aproximar-se muito. Finalmente, certa noite
carregava para determinada sala do castelo. La dentro do sonhou que achara uma flor vermelha como o sangue, a
castelo já havia sete mil dessas gaiolas contendo pássaros qual tinha no meio dos pistilos uma belíssima pérola muito
raros. grande. Colheu a flor e dirigiu-se ao castelo; tudo o que ele
Havia nas proximidades uma donzela chamada Jorinda, tocava com a flor logo se libertava do encanto e, no sonho,
que era mais linda que todas as outras. Ela e um belíssimo pareceu-lhe recuperar por esse meio também a querida
jovem chamado Jorindo estavam noivos. O dia do Jorinda.
casamento fora marcado para muito breve e os dois viviam Pela manhã, quando despertou, decidiu encontrar essa flor
radiantes, a felicidade deles só era completa quando e pôs-se a procurá-la por entre vales e montanhas. Procu-
podiam estar um ao lado do outro. rou durante nove dias e ao nono dia, de manha bem cedo,
Querendo conversar e trocar confidências mais à vontade, encontrou a flor vermelha como sangue. No meio dela
foram certo dia dar um passeio na floresta. estava uma gota de orvalho, grande e linda como a mais
- Toma cuidado, Jorinda, - disse o noivo, - não te aproximes esplêndida pérola.
demasiado do castelo. Dia e noite foi levando a flor, até chegar ao castelo. Lá
Era uma tarde esplêndida; o sol brilhava por entre a galha- chegando, não se deteve a cem passos de distancia, mas
ria das árvores, pondo claras luminosidades entre o verde prosseguiu até à porta de entrada.
escuro da floresta; sobre a velha faia a meiga rolinha Radiante de alegria, Jorindo tocou a porta com a flor e ela
arrulhava melancolicamente. abriu-se automaticamente. Então foi entrando, atravessou o
De quando em quando, Jorinda se detinha, sentava-se onde pátio de ouvidos alertas, a fim de descobrir de onde provi-
batia o sol e se punha a chorar e a lastimar-se; Jorindo nha aquele imenso trinar de pássaros. Por fim descobriu.
também fazia o mesmo. Sentiam-se ambos tão angustia- Encaminhou-se para aquela direção e encontrou a sala
dos como se tivessem de morrer nessa hora. Tendo-se onde se encontrava a velha bruxa alimentando os pássaros
extraviado do caminho de casa, olhavam atemorizados presos nas sete mil gaiolas.
para todos os lados sem conseguir encontrá-lo. O sol já se Quando a velha avistou Jorindo, ficou louca de ódio e
ia escondendo por trás da montanha e o jovem continuava pôs-se a insultá-lo, cuspindo-lhe na cara fel e veneno, mas,
a procurar uma saída; nisso avistou, por entre grandes a dois passos de distância dele, ficou paralisada.
moitas, os muros do antigo castelo; extremeceu, tomado de Mas ele não se perturbou, continuou a procurar entre as
angústia mortal. Jorinda, por seu lado, cantava tristemente: gaiolas; entre tantas centenas de gaiolas, porém, como
poderia descobrir a sua Jorinda?
Meu pássaro de colerinha vermelha, Enquanto estava assim procurando, percebeu que a velha
canta triste, sua triste sina. se apoderara de uma gaiola com um pássaro dentro e ia
Canta a morte da sua pombinha; tratando de escapulir-se. Imediatamente ele pulou junto
Ai que triste canto, tris… piu, piu, piu. dela e com a flor tocou a gaiola e também a velha que, a
esse toque, perdeu todo o poder de encantamento.
Jorindo olhou para ela e viu que se havia transformado num E Jorinda estava lá na sua frente, bela viçosa como sempre
rouxinol e cantava piu, piu, piu. Uma coruja de olhos brilhan- fora; tomou-a nos braços, estreitando-a com imensa
tes como brasas voou três vezes em torno dela e três vezes alegria.
gritou: Chu, u, u. Também os outros pássaros, todos, graças ao toque da
Jorindo não podia mover-se, estava como que petrificado, maravilhosa flor, recuperaram a forma humana de lindas
sem poder chorar, nem falar, nem mexer as mãos ou os jovens. Depois disso, ele regressou para casa com a querida
pés. Agora o sol já se havia posto; a coruja voou para um Jorinda e viveram longos, longos anos, muito alegres e
arbusto e logo depois apareceu uma velha curva, amarela e felizes.
10
CONTOS PARA A ÉPOCA

PARA NÓS, OS ADULTOS

O Pintarroxo
Lenda

Jesus agonizava…
E um pequeno pássaro, sentado numa moita perto um espinho da cabeça do Divino Mestre.
dali, viu os espinhos que lhe perfuravam a testa, e Mas uma gota do sangue de Jesus lhe manchara as
cheio de tristeza pensou: penas do peito, que se tornaram roxas.
- Ninguém se acerca para amenizar-lhe o sofrimen- E como lembrança eterna do seu feito, o pintarroxo,
to, ninguém! ave de canto tão agradável, se destaca pela cor roxa
Voou para a cruz e com o bico conseguiu arrancar no peito.

A Vela
Leon N. Tolstoi (tradução livre de Monica Von Beckendorff)

Era uma época em que ainda existiam escravos e pelas maldades e crueldades.
senhores. A estória se passou na Rússia. Os senho- Começou então um sentimento de desassossega-
res eram de diferentes tipos: uns tratavam bem do, uma insatisfação crescente, uma revolta contra o
seus escravos, porém outros eram desumanos e administrador cruel, que não respeitava os seres
cruéis, mandando açoitá-los por qualquer motivo, humanos e seus direitos.
além de mantê-los prisioneiros. Alguns chegaram a pensar em matá-lo, “Será que
Havia um certo senhor que possuía uma grande seria pecado tirar a vida de um homem tão cruel?!
fazenda com gado, lagos, florestas, plantações Seria um crime contra Deus?! Até parecia que seria
imensas etc., etc. um favor para todos os escravos…, seria até possí-
Certa vez, ele foi até uma fazenda vizinha e trouxe vel que Deus os perdoasse… “assim pensavam
um escravo para ser seu administrador. Os escra- muitos escravos.
vos pensaram…” queira Deus que nossas vidas Estavam na Quaresma e a Páscoa já se aproxima-
melhorem, pois sendo ele um escravo terá conside- va.
ração por nós e nos compreenderá…” Certa noite surgiu o administrador na colônia,
Porém, isto não aconteceu, ao contrário. Como ele gritando e gesticulando furioso…
nunca havia tipo o poder, não soube exercer esta -“Quem abateu aquele carvalho acolá? Quem foi?!
autoridade e com excessiva maldade e ganância Se não acusarem eu mandarei açoitar todos…
começou a executar sua função de administrador. respondam?! Já. Quem é o responsável por
Ele instituiu trabalho também aos domingos, pois aquilo?”
tendo construído uma olaria, desejava que esta lhe -“Sidor” sussurram alguns homens apavorados…
desse bons lucros a qualquer custo. De repente o administrador desceu do cavalo,
Algumas pessoas foram se queixar ao patrão, mas esbofeteou um homem, deu-lhe um tremendo
este preferiu deixar as coisas como soco quebrando-lhe o maxilar e chicoteou-o.
estavam. Não queria se aborrecer. Por quê? Todos estavam assustados…
Quando o administrador soube do acontecido ficou Simplesmente porque o monte de gravetos para o
furioso e iniciou uma verdadeira perseguição aos fogo era muito pequeno.
subordinados. Tornou-se o “Temido” por todos, Diante dos olhares indignos de tantos escravos.

11
A CRIANÇA DE 12 ANOS
E A PREPARAÇÃO PARA O NASCIMENTO DO CORPO ASTRAL
Ana Paula Galdino - Professora do 6º ano

O segundo setênio é um período de grandes e importantes prazer em questionar motivos e por em dúvida as opiniões.
transformações no desenvolvimento da alma humana e Assim, o princípio da autoridade amada, revelado no início do
culmina com o desabrochar da individualidade por volta dos segundo setênio, deixa de ter tanto valor. Porém, quando
12 anos, período de preparo para o nascimento do corpo sentem nossa força atenciosa, objetiva e firme, respondem
astral, que acontece por volta dos 14 anos. com interesse e carinho. É importante ter o adulto como
Na troca dos dentes, em torno dos 7 anos quando a criança referência de valores éticos e morais para se sentirem
ainda vive entregue ao mundo paraíso em toda sua ingenui- seguros. A personalidade adolescente é provisória e se
dade e fantasia, sua relação com os adultos é de plena alterna. Busca a solidão, pelo isolamento em seus sonhos e
confiança e veneração pela autoridade amada (querer). Por imagens, ao mesmo tempo que possui a necessidade de
volta dos 9 anos, a criança vivencia o “Rubicão” uma fase de estar com amigos e companheiros. É áspero e grosseiro por
distanciamento entre ela e os adultos, entre ela e o mundo, fora por não suportar a presença interior. Nesse momento
causa-lhe grande insegurança. Inconscientemente, sua devemos julgar e criticar o ato errado, o comportamento e
recém-chegada individualidade, começa a questionar a não o sujeito desses julgamentos. Apenas o ato é ruim, não o
autoridade e busca justificar sua admiração e veneração para jovem. Ele precisa de alguém presente, que o escute, o
reencontrar a segurança (sentir). Entre os 10 anos, a criança compreenda e oriente.
já está mais adaptada à sua própria individualidade e entra O corpo e a alma recém-chegados, estão curiosos e insegu-
em uma fase mais harmoniosa, de beleza, atividade e ros diante de um mundo maravilhoso a ser dominado. Para
entrega interessada. Até então, o que ensinamos para a enfrentar com liberdade os desafios e perigos, precisam
criança deve ser isento de conceito e casualidade. estar impregnadas por julgamento moral e sentimento
Chegado os 12 anos, o corpo vive o início da puberdade e a religioso. O adulto deve orientar esse ser humano no mundo
alma humana, o despertar da individualidade. Agora ela ensinando através de vivencias e exemplos que despertem o
acorda para a auto-confiança na sua própria capacidade de sentimento e o julgamento. É preciso educar o jovem para
julgamento e a compreensão de conceitos e das relações de que considerem moral e religião tão integrantes de sua
causa e efeito. Nessa época estão na sua maior capacidade condição humana que não se sentirão como pessoas
de raciocínio e sua intelectualidade precisa ser orientada e completas se não estiverem permeados pela moral e
estimulada (pensar). Os adultos devem harmonizar o pensar, aquecidos pela religião. Assim, ao despertar a capacidade de
o sentir e o querer dos jovens. Com estímulo conscientes, juízo o jovem possa confiar na força de seu julgamento.
que desperte sentimento ético pela existência, desenvolva Como exemplo, vejamos o outono, a Época de Páscoa. O
capacidades amplas, mentais, emocionais e volitivas com as jovem não aceita mais apenas as imagens trazidas no início
vivencias de fenômenos nesse mundo belo. do segundo setênio, precisam exercitar a compreensão de
No final desse setênio, entre 12 e 15 anos, quando acontece a conceitos e das relações causa e efeito. O adulto deve fazer
puberdade, são complexos os processos de transformação o exercício interior de vivenciar o significado espiritual da
dentro do corpo. Termina a infância e inicia a adolescência. O Páscoa como uma festa repleta de arquétipo. Assim, será
corpo da criança perde as características da infância, com o capaz de proporcionar sensações que estimulem a capaci-
crescimento dos membros, tronco e pescoço, no fim desse dade de raciocínio e a intelectualidade do jovem quanto ao
período estarão prontos os órgãos reprodutivos, a maturida- conteúdo anímico dessa época do ano.
de sexual. Há, portanto, o predomínio do desenvolvimento do Uma oportunidade de despertar a capacidade de juízo é o
sistema ósseo ao sistema muscular, causando uma sensa- jovem ser orientado a buscar consciência nas imagens que a
ção de peso no corpo. Esse desenvolvimento corpóreo exige Páscoa representa. Temos a Tradição cristã, onde a Páscoa
muita atividade física interior, o que por outro lado, causa tem grande importância. Após os quarenta dias da quares-
grande inatividade no mundo (“preguiça”). Nesta fase o ma e a consciência dos acontecimentos vivenciados por
jovem impressiona pela quantidade de alimento que conso- Jesus Cristo durante a Semana Santa, os cristãos comemo-
mem, assim também é com a alma, sente fome de todo tipo ram, no domingo de Páscoa, a glória da ressurreição de
de estímulo e experiência. Surge o desequilíbrio na alma e a Cristo. A paixão, morte e ressurreição nos deixou o legado de
antipatia aos valores tradicionais até então aceitos. Na uma nova vida após a morte, e a partir de quando Seu corpo
infância, se aprendeu algum trabalho manual ou instrumento e sangue penetraram nas profundezas da terra ela se torna
musical, usam como ferramenta para aprimorar suas experi- um centro de luz, vivificada pelo Eu do Cristo.
ências, pois exercita habilidades e dedica sua força de vonta- Diante disso, o adulto deve conduzir o despertar do jovem
de por um hábito e não por uma imposição. através de atividades artísticas, essenciais, nessa fase.
Os adultos são constantemente testados, alvos do poder da Através do encontro consigo cria-se as bases do comporta-
palavra e de atitude inconsequente, onde o jovem exercita a mento ético, o sentimento de fraternidade e de reverência
satisfação de sentir a própria personalidade. O jovem agora aos mistérios da vida e da natureza. Nessa fase, a virtude que
quer saber tanto o que o adulto conhece de cada assunto, a criança precisa ver manifestada no mundo, é a beleza. O
quanto a sua opinião. Torna-se cruelmente crítico e tem mundo é belo!

12
RITUAIS EM FAMÍLIA:

PÁSCOA
EM CASA
MÓB I L E DE BORBOLETAS

MATERIAL

• Lã feltrada
• Moldes de borboleta em
3 tamanhos
• Linha
• Agulha
• Tesoura
• Caneta ou canetinha

MODO DE FAZER

1. Feltrar lã colorida, com muita água


morna e sabão

2. Fazer moldes de borboleta em um


papel e usar como molde para traçar no
tecido

3. Comece passando uma linha dupla na


parte de cima da borboleta maior, depois
faça um alinhavo no corpo da borboleta
média e termine alinhavando a borboleta
menor. Na ponta faça um nó deixando um
buraco para pendurar o móbile

4. Para aproveitar, os moldes de borboleta


podem ser pintados pelas criança com
giz ou aquarela e, seguindo o mesmo
processo acima, podem virar mais um
lindo móbile

13
RITUAIS EM FAMÍLIA:

PÁSCOA
EM CASA
PINTAR OVOS COM PAPEL CREPOM

MATERIAL

• cascas de ovo de galinha branco vazios


(veja vídeo enviado pela representante)
• papel crepom diversas cores
• água morna

MODO DE FAZER

• Adulto recorta o papel crepom com


tesoura em tiras grossas - Crianças podem
ajudar a picar o papel com as mãos
• Colocar o papel picado em potes com
água morna (cada cor em pote separado)
• Tirar excesso de água do papel e colocar
na casca do ovo, cobrindo toda a casca,
podendo ser com cores diferentes para
ficar bem colorido
• Deixar secando em uma bandeja de ovos
ou local adequado para deixar os ovos
!
protegidos
• No dia seguinte, ou após secar bem,
retirar o papel crepom

Para fazer um enfeite com os ovos pode-se


passar uma linha pelos furos do ovo, sendo
o ideal colocar um pedacinho de feltro ou
tecido no furo de baixo. Que tal pendurá-
-los em um galho seco ou planta da casa?

14
RITUAIS EM FAMÍLIA:

PÁSCOA
EM CASA
OVOS COLORIDOS COM GIZ DE CERA E VELA

MATERIAL
• cascas de ovo de galinha branco vazios
• giz de cera (diversas cores) - preferencialmente giz bastão
• vela e fósforo

MODO DE FAZER
• Com auxilio de um adulto que acenderá a vela e dependen-
do da idade da criança o adulto coloca o giz no fogo e entrega
para a criança colocar o giz derretido na casca do ovo. As
crianças podem pintar bolinhas só encostando o giz na casca
ou tentar fazer outros enfeites.

OVOS DE BARBANTE OU LÃ

MATERIAL
• cascas de ovo de galinha branco vazios
• barbante ou lã
• cola líquida

MODO DE FAZER
• Passar cola líquida na ponta do dedo da criança e espalhar
pela casca do ovo
• Colocar barbante ou lã em volta do ovo

OVOS COZIDOS PINTADOS COM GIZ

MATERIAL
• ovo de galinha branco cozido
• giz de cera de diversas cores

MODO DE FAZER
• Após cozinhar os ovos e esperar esfriar, as crianças podem
pintar com giz de cera
• O ideal é fazer no dia que serão consumidos ou guardar na
geladeira. A sugestão é que a família troque entre si os ovos
pintados, resgatando um costume europeu que surgiu antes
da troca de ovos de chocolate.
15
RITUAIS EM FAMÍLIA:

PÁSCOA
EM CASA
CA F É DA MAN HÃ ESPECIAL

No Domingo de Páscoa é comum reunirmos a


família para um alegre almoço. Neste cenário de PA R A AG R A D E C E R
recolhimento que vivemos, podemos pensar em
criar algo mais íntimo para as crianças pequenas.
“Cinco estrelinhas brilhavam lá no céu
Que tal preparar um café da manhã especial?
Assim, depois que as crianças acordarem para Cinco estrelinhas brilhavam lá na terra
caçarem os ovos pelo quintal ou dentro de casa,
todos aproveitam um delicioso momento em fami- As estrelinhas uniram-se em uma
lia. Para ele ser mais especial, pense em incluir
alguns itens que não compoem o cardapio do café Terra que seus frutos deu
da manhã do dia-a-dia: rosca de páscoa, ovo
mexido, pão de cenoura ou algo que foi preparado Sol que os amadureceu
no dia anterior com ajuda das crianças.
Nobre Terra, nobre Sol
Para preparar a mesa, uma toalha de mesa bem
linda, uma vela nova e uma plantinha. Enfeite com Jamais os esqueceremos
coelhinhos de feltro, lagartas e borboletas.E, o mais
importante, antes de comer lembrem-se de agra- Bom apetite para todos nós”
decer.

SUGESTÕES DE BRINCADEIRAS

O R E I DA PÁ S C OA TROCA DE OVOS
Todos em pé em volta da mesa com um ovo Ao confeccionar os ovos, já podem ir pensando nos
cozido na mão direita. O primeiro bate o seu ovo mais especiais, para serem presenteados entre a
contra o ovo do que está à sua direita. Quem familia, como uma “troca de ovos”, vivenciando a
teve seu ovo quebrado deve sentar-se e o jogo valorização do simples, belo e único dos trabalhos
prossegue até que apenas permanece um ovo feitos a mão.
inteiro. Este será o Rei da Páscoa. Ele poderá
escolher algo especial: uma brincadeira, o
almoço, um passeio, etc.

A Páscoa é um dia de estar junto em casa, trocar, cantar, dar e receber. Certamente
esses momentos ficarão guardados na memória e no coração das crianças.
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RECEITAS
PÃO DE CENOURA PASKHA
prato russo típico da Páscoa
INGREDIENTES Livro Novos Caminhos da Alimentação
Dra. Gudrun
MASSA
• 1 xicara de leite de chá de leite / água INGREDIENTES
• 30 g de fermento biológico
• 3 colheres sopa de açúcar • 2 kg de ricota fresca
• 1 colher chá de sal • 120 g de manteiga
• 200 g de cenoura cozida amassada • 2 gemas
• 2 ovos • 1 xícara de chá de creme de leite
• 4 colheres sopa de manteiga • Açúcar-baunilha a gosto
• 1 xícara de chá de farinha de aveia • 1 colher de chá de sal
• 700 g de farinha de trigo (aproximadamente) • Uvas passas, amêndoas ou outras nozes a
gosto
RECHEIO
• 3 colheres sopa de chocolate em pó ou cacau MODO DE FAZER
• 1 xicara de uvas passas Passar primeiro a ricota na peneira, depois a
manteiga. Acrescentar as gemas e o creme de
MODO DE FAZER leite, depois o sal, o açúcar, as uvas-passas
Junte os quatro primeiro ingredientes e 3 colheres de lavadas e enxutas e as amêndoas ou nozes
sopa de farinha de trigo, misture bem e deixe levedar raladas, mexendo bem. Pegar um guardanapo
por 30 minutos. Adicione os demais ingredientes e o grande, molhá-lo, torcê-lo e forrar com ele um
restante da farinha de trigo aos poucos, até obter a escorredor de macarrão. Despejar a massa no
consistência de massa macia. Divida a massa em escorredor, amarrar as pontas do guardanapo e
duas partes, deixe crescer por 30 minutos, abra a
colocar um prato com um peso em cima, deixan-
massa deixando um dos lados maior, para que possa
do escoar o soro. Depois de 24 horas na geladeira,
dar o formato da cenoura, distribua o recheio e enrole
abrir o guardanapo e virar a Paskha sobre um
como rocambole. Pincele com gema e óleo, faça
pequenos cortes, coloque em forma untada e asse em prato raso. Cortar fatias e servir como sobremesa
forno médio por 30 minutos. Após assado, decore ou como panetone pascal.
com galhos verdes. Bom apetite!

17
MÚSICAS PARA A ÉPOCA que alegram e dão ritmo

COELHINHO FOI PASSEAR COELHINHO DA PÁSCOA


PASSEAR SOZINHO É UM BOM ANIMAL
NARIZ PARA O ALTO, ELE ESCONDE OS OVINHOS
NÃO VIU O RIO. NO JARDIM E NO QUINTAL
PLUFT ELE CAIU, CHUÁ!!! AS CRIANÇAS CONTENTES
LOGO IRÃO PARA VER
OS OVINHOS QUE O COELHINHO
ACABOU DE ESCONDER
COELHINHO ESTÁ PASSEANDO
NA FLORESTA ESTÁ PULANDO,
UMA CASA FOI ACHANDO,
ELE QUER ENTRAR, EU SOU UM COELHINHO
ABRE A PORTA RAPIDINHO ORELHUDO E PELUDINHO,
PARA O LOBO NÃO ME ACHAR, EU SOU UM COELHINHO
ENTRE LINDO COELHINHO, MINHA VIDA É SÓ PULAR,
VOU LHE ABRAÇAR MINHA SOMBRA É ENGRAÇADA,
ORA CURTA, ORA ALONGADA,
SE EU PULO ELA TAMBÉM PULA,
FICA QUIETA SE EU PARAR,
BORBOLETA AZUL,
PRA LÁ, PRA CÁ,
VOA PELOS CAMPOS,
RABINHOS PARA O AR
CAMPOS MULTICORES
CHEIOS DE FLORES .
VOA PELOS ARES,
NO AZUL DO CÉU, QUANDO A LAGARTA SE RECO-
BRINCA COM O VENTO, LHE, ELA DORME SE ENVOLVE,
COMO UM VÉU NUM CASULO DELICADO,
E DA ESCURIDÃO NASCE A LUZ,
QUE DÁ VIDA A BORBOLETA,
LAGARTA ARRASTA SE NO CHÃO, VOA COR DE FLOR EM FLOR
COMENDO FOLHINHAS
DE MONTÃO…
COME, COME E NÃO PARA NÃO! QUANDO A LAGARTA SE RECOLHE,
ELA DORME SE ENVOLVE,
NUM CASULO DELICADO,
O OUTONO ENTROU FOLHAS VÃO CAIR, E DA ESCURIDÃO NASCE A LUZ,
VOU ME AGASALHAR, QUE DÁ VIDA A BORBOLETA,
FRIO NÃO VOU SENTIR VOA COR DE FLOR EM FLOR
O INVERNO ENTÃO,
VAI SE APROXIMAR E
EM MEU CORAÇÃO,
O SOL VAI BRILHAR
18
JUNTOS
SOMOS MAIS
FORTES
#angelimemcasa
JUNTOS
SOMOS MAIS
FORTES
#angelimemcasa
JUNTOS
SOMOS MAIS
FORTES
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EXPEDIENTE
Curadoria de textos: Profª Andrea Maiolino e Profª Lígia
Diagramação: Natalia Viarengo
Redação final: Brena Zanon
Apoio: Comissão de Divulgação

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