Você está na página 1de 28

Caderno da

Horta Orgânica Familiar


com Homeopatia

Instruções práticas sobre organização e condução


da horta utilizando recursos naturais associados a
Leis da Natureza.

Distribuição Gratuita
2009

1
Caderno da Horta Orgânica Familiar com Homeopatia

1º Edição

2009

Revisão: Vicente Wagner Dias Casali


Fernanda Maria Coutinho
Elen Sonia Maria Duarte
Anísio Gonçalves dos Santos

Assessoria Pedagógica: Juliana Vieira Afonso


Marinei de F. B. de Lana
Lilian Aparecida Santana

Distribuição (pedidos):
Departamento de Fitotecnia / Vicente W. D. Casali
Campus da Universidade Federal de Viçosa
Viçosa – MG
CEP: 36570-000
Tel.: (31) 3899-2613 – Fax: (31) 3899-2614
e-mail: vwcasali@ufv.br

Ao solicitar exemplares, favor mencionar: nome;


endereço completo; cidade; CEP; perfil (agricultor, em-
presário, administrador municipal, técnico, estudante, ou
outra atividade).

2
CADERNO DA HORTA ORGÂNICA FAMILIAR
COM HOMEOPATIA

• Texto informativo distribuído entre participantes dos


eventos sobre: Plantas Medicinais, Homeopatia, Agricul-
tura Orgânica, Agroecologia, Trabalhos Comunitários,
Família Agrícola, Educação Rural, Terapêuticas Tradicio-
nais e Terapias Naturais, promovidos pela Universidade
Federal de Viçosa – UFV.

• Texto distribuído a Escolas Rurais, Escolas Família Agrí-


cola e a Voluntárias das Pastorais que acessam pessoas
de baixa renda.

• Programa de Extensão da Universidade Federal de Viço-


sa – “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia
e da Produção de Alimentos Orgânicos”.

APOIO:
• Projeto CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico) nº 551372/2007-9

• Projeto FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de Minas Gerais) nº 6640-3.08/07

• UNESCO/Fundação Banco do Brasil. Certificado de Tec-


nologia Social

PATROCÍNIO:
• Fundação Arthur Bernardes/FUNARBE – Convênio 1713.
3
Apresentação

Esse texto explicativo contém a dose certa de ânimo que


a família necessita visando organizar e conduzir a horta fami-
liar orgânica utilizando recursos naturais (inclusive a Homeo-
patia) orientada segundo as Leis da Natureza.
Leia, releia, pense, olhe o futuro, do passado use apenas
lições, vá em frente, considere sua família e a qualidade de
vida.
Horta familiar é melhor que novela de TV, tão boa quan-
to terapias ocupacionais e é lição de convivência com a natu-
reza. A horta é feminina, é mulher. Homens com pensamentos
na solidariedade e no futuro, com racionalidade, fazem tam-
bém hortas muito naturais. Adolescentes são bem vindos(as).
Quando instalar a horta familiar presenteie seus vizi-
nhos, é costume do bom e do tradicional. Pode ser apenas uma
beterraba, um chuchu ou aquelas folhas de couve. Horta une:
planta amizade e harmonia na comunidade. Após essa diplo-
macia promova hortas comunitárias.

4
Caderno da Horta Orgânica Familiar com homeopatia

Estou pensando na minha horta!

Planejar e fazer a horta orgânica significa atitude de me-


lhora na qualidade alimentar. Significa maior qualidade de
vida. No local que você vai fazer sua horta orgânica a vida vai
ficar mais rica: no solo, nas plantas que vão crescer e em você
com sua família. Aumente a vida, faça a horta orgânica da sua
família.
Na sua horta orgânica a natureza será a lei mais impor-
tante. A lei do dinheiro é morta, pois moeda é coisa sem vida.
Na horta orgânica você deve produzir hortaliças, mas
também algumas plantas medicinais ou aromáticas. Sua horta
ficará mais equilibrada.
Horta orgânica significa alimentos saudáveis, de maior
qualidade nutricional e confiáveis.
Se você contabilizar o tempo que vai dedicar às ativida-
des da horta, concluirá que é também ótima terapia ocupacio-
nal e maravilhosos momentos de partilhar crescimento (fo-
lhas), florescimento (couve flor e brócolis), formação de re-
servas energéticas (cenoura, inhame, batata doce), além do
aprendizado de “temperar a vida” (pimenta, cebolinha, salsa)
e da convivência (ver alguns insetos consumindo pedacinhos
das plantas e com isso viverem a vida deles que a mãe Terra
lhes concedeu).

5
Começar sua horta orgânica
No pedaço de terra que vão crescer suas plantinhas é
preciso haver muita disponibilidade de: água, sol, proteção
contra ventos fortes e contra animais de estimação indiscipli-
nados (galinhas, cães, gatos e outros). Cercar a horta é bom
porque lhe dá segurança e maior higiene.
Você deve separar uma décima parte onde serão feitos
canteiros exclusivos de semeio visando as mudinhas ou de en-
raizamento de estacas ou de galhos. Este é o berçário da horta.
Na sementeira ou viveiro de mudinhas você deve prevenir al-
gum sombreamento pois plantinhas jovens não podem tomar
muito sol.
Percorrer sua área de horta retirando pedras, tocos gran-
des e objetos descartados (latas, garrafas, embalagens). De-
pendendo da pedra pode usar ao redor dos canteiros assim
como tijolo, garrafa (fincar bico abaixo).
Os arbustos, galhos e plantas retirados dando lugar aos
canteiros, podem ser aproveitados na compostagem ou como
tutores das plantas de ervilha, tomate e outras hortaliças.
Na parte plana de sua área faça seus canteiros seguindo a
direção norte-sul no comprimento maior.
Na parte inclinada faça os canteiros contornando a linha
de mesmo nível e assim você vai controlar a descida da água
que arrasta terra, lava o solo por causa da velocidade. Onde é
mais inclinado reserve ao plantio de hortaliças que ficam mais
tempo na terra. Assim você vai evitar revolver muito o solo.
Pode até aproveitar no plantio de suas plantas medicinais ar-
bustivas. Que tal o capim cidreira?

6
Canteiro
Fazer canteiro é amontoar e nivelar a terra de modo a ter
esse lugar mais alto de plantar. Com canteiros o local de plan-
tio fica mais arejado, e, não junta água. Faça canteiros de
acordo com seu modo de trabalhar. Braço curto, canteiro es-
treito. Se é corpulento(a) o espaço entre canteiros deve ser
maior (caminhos mais largos). Se vai movimentar muito na
hora de irrigar então faça canteiro menos comprido. Se o ter-
reno é úmido faça canteiro mais alto e mais estreito. O cantei-
ro é feito com a terra que você tira ao fazer os caminhos ou
abrir os espaços entre canteiros. Vá jogando a terra e depois
faça o nível aumentando o nivelamento. Se o solo estiver mui-
to endurecido corte a terra com enxada ou com pazinha de
mão. Se preciso, irrigue na véspera de cortar e a terra fica
mais macia. Não crie calos nas mãos, crie horta com cuidado e
com inteligência.

As mudinhas: cuidar e levar aos canteiros

Você obtém plantinhas (mudinhas) com sementes boas.


Em alguns tipos de hortaliças, dos galhos, dos bulbos (alho) e
dos rizomas (inhame), você também obtém novas plantinhas
(mudinhas).
Cuide das mudinhas desde pequeninas pois mudas fra-
cas, quando levadas aos canteiros, demoram a adaptar, cres-
cem lentamente e afinal dão pouca produção.
As hortaliças tipo cenoura, beterraba, abóboras, quiabo,
feijão de vagem são semeadas diretamente nos canteiros ou
7
covas (berços). Alface, repolho, brócolis, tomate, pimentão
são semeadas em canteiros especiais, as sementeiras, com solo
mais peneirado, mais poroso e até mais rico (fértil).
O canteiro da sementeira deve receber bastante luz do
sol mas também não pode haver excesso. O que se faz é evitar
muita insolação cobrindo o canteiro com palha, capim seco
(sem sementes). A terra da sementeira deve estar arejada (en-
trar ar e água), com poros e bem solta. A sementeira fica boa
mesmo é com húmus de minhoca, ou esterco bovino (curtido)
ou composto orgânico, pois garantem arejamento e umidade
ao mesmo tempo e também são ricos em nutrientes que as
plantinhas vão necessitar após nascerem das sementes.
A prática de peneirar a terra da sementeira dá bom resul-
tado, pois sem torrões, haverá melhor contato da sementes
com o solo da sementeira.
Lembrete: “A planta come bebendo e bebe comendo”

A mudança da planta: da sementeira até


o canteiro
Várias hortaliças podem ser semeadas em copos (descar-
táveis ou feitos de jornal), ou saquinhos de plástico. Em cada
copinho vamos produzir 1 plantinha. Nesse método há menos
danos às raízes e na época da mudança mais terra vai aderida
às raízes. No momento de mudança o copinho é rasgado (plás-
tico ou jornal) ou retirado com jeitinho (copinhos descartáveis
de poliestireno).
A mudança das plantas, da sementeira ou do copinho,
até o canteiro, é feita quando as plantas tiverem 4 a 6 folhas
8
ou 10 a 13 cm de altura. Faça a seleção das melhores mudi-
nhas. Pegue primeiro aquelas plantinhas de maior vigor. Não
deixe as mudinhas crescerem muito pois na mudança terão
traumas de transplante que provoca menor crescimento.
Durante esse trabalho de mudar a plantinha, sementeira
ao canteiro, copinho ao canteiro, fique atento(a) à quantidade
de terra que vai agarrada nas raízes das mudinhas. Quanto
mais, melhor. Outro cuidado: molhar o canteiro logo após o
plantio. Nos primeiros dias molhar algumas vezes mais. É a
fase de adaptação! A planta precisa ficar com as raízes bem
juntinhas ao solo e precisa ter água pois vai absorver, nutrir
com ela, e também vai perder água por evaporação (transpira-
ção) nas folhas.

Plantando direto. Semeando no canteiro!


Observe bem esse detalhe das hortaliças que você vai
plantar:
Quando as plantas têm semente graúda elas podem ser
semeadas no canteiro sem passar pela sementeira ou até mes-
mo o copinho. Há hortaliças que a mudança da sementeira ao
canteiro, perturba o crescimento.
As cenouras, por exemplo, ficam bastante prejudicadas
enquanto o feijão vagem não sobrevive e o quiabo vai ficar
muito tempo recuperando desse trauma e dos danos feitos às
raízes. Faça berços (covas) ou sulcos no canteiro. Em seguida
faça o semeio diretamente espaçando de acordo com a altura
da planta ou de acordo com o quanto vai crescer pelos lados.

9
Semear um pouco a mais assim você poderá selecionar as
plantas melhores e mais vigorosas.
Os sulcos no solo são feitos apenas com o objetivo de
semear as sementes. Após o semeio os sulcos devem ser co-
bertos com um pouco de terra do próprio local.
Os sulcos são feitos com ripa, por pressão suave sobre o
canteiro bem nivelado. A profundidade do sulco depende de
cada tipo de semente. A profundidade deve ser duas vezes o
volume ou a largura ou o diâmetro da semente.

Hortaliças: semear direto ou em sementeira?

Aqui estão orientações básicas sobre o que fazer:


1) Semear diretamente em canteiros:
Beterraba, cenoura, espinafre, nabo, rabanete.
2) Semear diretamente nos berços ou covas grandes:
Abóbora, moranga, melancia, melão.
Covas pequenas:
Quiabo, pepino, ervilha, fava, milho verde, feijão de corda.
3) Sementeira:
Alface, cebola, couve-flor, brócolis, repolho, pimentão, toma-
te.
4) Copinhos:
São mais práticos na obtenção de plantas que depois são plan-
tadas em covas grandes ou pequenas

10
Hortaliças: a planta dá a muda!

Alho (bulbinho/dente é tirado do bulbo quando brotar), batata


doce (pedaço de rama das raízes), batata (plantar a batatinha
brotada), couve (no caule nasce o broto que plantado dá raiz),
inhame (plantar o inhame pequeno quando der raízes), mandi-
oquinha-salsa (cortar diretamente da planta a mudinha), taioba
(plantar o rizoma que é parecido com inhame), chuchu (o chu-
chu grande solta o broto e enraíza).

Atenção
1 – Na horta familiar o plantio ou semeio é feito aos poucos
ou salteado. A pessoa vai calculando o gasto e vai refazendo
na horta o que tira. A hortaliça que você gastar mais é a que
você vai plantar com mais frequência. O intervalo de 12-14
dias é bom de modo geral (mas depende da hortaliça, por
exemplo em chuchu não vai dar certo), inhame e taioba tam-
bém não (pois têm época certa).
2 – Qual a área que você tem na horta? Se for limitada, não
plante melancia nem abóbora pois ocupa muito terreno.
3 – Lugar de fava e chuchu é na cerca. Lá não vão tomar lugar
das outras hortaliças.
4 – Desbaste – É quando nasce muita cenourinha, beterraba ou
rabanete no canteiro. Ou, quiabo, milho verde, pepino etc na
cova. Você faz o desbaste tirando (arrancando com cuidado)
as plantas menores ou fracas.

11
5 – Cobertura do solo – É feita e dá bom resultado sempre que
o local é quente ou tem pouca água ou nasce muita planta in-
vasora. Cobrir o solo com palhas diversas ou capim seco é
bom. É só rodear a cova ou alinhar nos canteiros, a cobertura
(capim, palhas, folhas secas) que você tiver disponível.
6 – Amarrio – Ervilha tem gavinha que faz a planta prender
no bambu ou no galho seco, mas, tomate não tem. Amarrar o
caule do tomate (por exemplo) tira a planta do contato com a
terra. Você ganha espaço, facilita sua colheita e aumenta a
produção. Chuchu e fava também dispensam amarrio enquan-
to o pimentão e o pepino gostam.
7 – “Chegar terra” ou “amontoa” – Esse trato quem gosta é a
batata. Milho também agrada tal como ervilha e tomate.
8 – Capina – Capinar é habito, é costume, é feito sem pensar.
Na sua horta você vai pensar. A horta não quer ficar bonitinha
sem matos. A horta quer ser espaço da natureza. Os matos têm
razão de estarem por lá. Pense qual tirar, qual só quebrar,
como arrancar sem prejudicar a hortaliça que fica. Pense: se
você capinar tudo os insetos não terão o que comer e vão dire-
to nas suas hortaliças. As plantas tipo matos são chamadas in-
vasoras mas invadem ajudando cobrir o solo, como compa-
nheiras. Não faça capinas na plantação de inhame com nenhu-
ma ferramenta e não deixe os matos crescerem muito. Não ca-
pine a plantação de inhame a partir de 8 a 10 semanas antes da
colheita (o inhame fica mais aguado). O inhame deve ser co-
lhido cercado de matos!
9 – Se você notar que sua água boa não é suficiente ao irrigar
suas plantas, não desista. Faça cobertura morta em toda área.
Não use água duvidosa.
12
10 – Se perceber diferenças no crescimento das hortaliças
mude os locais. Veja quais plantas exigem mais sol e quais to-
leram mais sombra. Nos novos plantios faça outra distribuição
do plantio no terreno.
11 – Use como referência na adubação: o esterco bovino curti-
do é na proporção 4 kg/m2 e o húmus é de 2 litros/m2 de can-
teiro.
12 – Referência geral – O espaçamento entre plantas mais bai-
xas é 20 cm (dentro do sulco ou no sulco). O espaçamento en-
tre sulcos é 30 cm. Cenourinha e rabanete é 10 cm entre plan-
tas.
13 – As covas (berços) de melancia e abóbora devem ter 30
cm de largura, 30 cm de comprimento e 30-35 cm de profun-
didade.
14 – Colher bulbo, raízes e tubérculos demanda olhar o que
você não vê. Veja se a planta está madura pelo secamento na-
tural das folhas, pelo tombamento do caule, ou, parada total
do crescimento. Nessa fase não irrigue.
15 – Algumas plantinhas (invasoras ou cultivadas) que au-
mentam o nitrogênio no solo são ótimas ao fazer rotação nos
canteiros.

13
Adubação orgânica

As plantas retiram do solo os nutrientes que necessitam.


Estes são os nutrientes minerais que estão no solo, mas vieram
das rochas! Quando colhemos as hortaliças os nutrientes mi-
nerais passam ao nosso corpo e o nutrem. O solo é inesgotável
de nutrientes, a maioria dos nutrientes. Mas nem sempre estão
disponíveis. A adubação química é muito praticada na agricul-
tura convencional e empresarial. É muito forte, é agressiva e
provoca resultados inconvenientes no solo, por exemplo, o en-
durecimento. Nas plantas provocam excesso de aminoácidos
que atraem insetos além do normal. Você não vai gostar
disso!!
Adubação química significa entrar no ciclo da natureza,
invadindo, intoxicando, desequilibrando. Se você gosta da sua
terra não use na sua horta. Prefira adubação orgânica. Fique
com a natureza, pense na qualidade da sua hortaliça, na quali-
dade de vida da sua horta.
A adubação orgânica foi inventada pela natureza. É o
modo mais prático e ecológico de voltar ao solo o que as plan-
tas tiraram e de dar às plantas os alimentos que necessitam na
terra. A adubação orgânica é tão antiga quanto as plantas do
planeta. A adubação orgânica faz parte do ciclo da vida que
envolve: sol, chuva, microrganismos, ar, plantas, animais (in-
setos) e os seres humanos.
Os adubos orgânicos (húmus, composto orgânico, ou, es-
terco curtido) aumentam a porosidade da terra. Assim a terra
fica arejada, solta, fofa e as raízes terão maior facilidade de

14
crescer. O adubo orgânico ajuda a terra ficar mais úmida e
isso é bom no crescimento das plantas.
O adubo orgânico pode ser feito na sua horta. Os micror-
ganismos fazem todo o trabalho de decomposição das partes
vegetais (folhas caídas, galhos, cascas, frutos passados) de
modo natural. Se você triturar os restos vegetais (galhos, cas-
cas) vai ajudar muito o trabalho dos microrganismos.
Os microrganismos necessitam de água e arejamento no
trabalho. Então se você molhar e mexer vai ajudar muito, as-
sim, o adubo orgânico vai ficar pronto mais rápido.
Faça uma camada de restos vegetais, coloque em cima
uma camada de terra e molhe. Repetir enquanto tiver restos
vegetais e a altura da pilha for conveniente (isso é “fazer com-
postagem”).
Durante o trabalho dos microrganismos o interior da pi-
lha vai esquentar. Se a temperatura não aumentar é porque não
está havendo trabalho dos microrganismos. Ou não está are-
jando (faltando ar) ou não está úmido o suficiente (faltando
água).

Adubos orgânicos

Os restos vegetais da sua cozinha podem ser trabalhados


pelos microrganismos. Por exemplo: resto de frutas, pedaços
de folhas, folhas descartadas, talos, cascas. Cuidado: não utili-
ze casca de limão nem de laranja.
Triturar tudo e misturar com água (você até pode bater
no liquidificador). Atenção: esse tipo de resíduo somente deve

15
ser jogado sobre canteiros que estão sem plantas e sem semen-
tes, portanto canteiros que não estão sendo usados. E você
deve esperar a decomposição acabar. Pelo cheiro você saberá
que já pode semear novamente no canteiro.

Cuidar da horta

Plantas de horta crescem rápido. Produziu, sai do cantei-


ro, foi consumido na mesa. Vem outra hortaliça e tudo aconte-
ce em pouco tempo. A planta de horta geralmente é herbácea,
tenra e chega no “ponto de colheita” mais depressa que as
plantas de campo ou de grãos. A terra da horta dá muito ali-
mento e os alimentos da horta são ricos em vitaminas (veja no
fim desse caderno).
A horta portanto deve ser cuidada porque senão esgota,
fica cansada. Húmus, composto orgânico e esterco curtido são
básicos no cuidar da terra da horta. Sempre que possível você
não deve repetir a mesma hortaliça no mesmo canteiro. Essa
troca de hortaliças faz bem à terra. Vai facilitar as mudanças e
vai enriquecer seu prato se você tiver na horta vários tipos de
hortaliças as mesmo tempo.
Quando os insetos chegarem fique observando. Você
deve aprender com os insetos o que a planta tem “de mais” ou
“de menos”: luz do sol, água, arejamento entre plantas, ali-
mento no solo, diversidade de espécies de hortaliças.
Pode acontecer dos insetos chegarem em maior quanti-
dade pois foram espantados de outro lugar ou onde estavam as
plantas preferidas acabaram. Inseto também tem fome! Se
aparecem muitos de repente faça catação. Às vezes não é a
16
planta desequilibrada que atrai insetos, é a horta toda mesmo.
Deixe alguma área da horta com ervas invasoras. Os insetos
serão atraídos pois as ervas têm cheiro mais forte. Deixe tam-
bém os bichinhos que comem insetos andarem por lá livre-
mente. Nunca use agrotóxico. Aprenda com sua horta e com
suas plantas como lidar com a natureza e com as leis da agri-
cultura natural. Agrotóxico não é remédio é veneno!
Espantar inseto é fácil! Mas você vai precisar do pulveri-
zador (quanto maior a horta, maior o pulverizador). Se você
tem paciência use aquelas bombinhas pequenas. Picar 100
gramas de fumo de rolo (forte) deixar 3 dias no escuro, em 1
litro de água. Coar, colocar em 10 litros de água, pulverizar as
plantas que atraíram insetos. Repetir a pulverização após 3
dias.
Outra solução: bater no liquidificador 10 pimentinhas
bravas (malagueta ou cumari) em 1 litro de água e com peda-
cinhos de sabão. Coar, colocar em 10 litros de água e pulveri-
zar. Essa pulverização de pimenta atinge mais lagartas de fo-
lha e as lagartas que comem o caule por baixo (lagarta rosca).

Insetos: deixem minhas hortaliças

• Sr. Inseto: Vá lamber purungo ou tajujá!


Algumas plantas de purungo são suficientes até como cerca
viva. Os frutos cortados também são atrativos.
• Sr. Inseto: Tome refresco de samambaia, é bom, não é
amargo!

17
Ferver 400 gramas de folha em 1 litro de água por 20 minutos.
Diluir esse litro em 10 litros de água. Pulverizar. Afasta ácaro,
pulgão, besourinhos, cochonilhas. Eles vão aprender que a
vida não é doce na sua horta!
• Sr. Inseto: Suco de urtiga abre o apetite!
Em 1 litro de água deixar 400 gramas de folha de urtiga por
48 horas. Diluir esse 1 litro em 10 litros de água e aplicar so-
bre o solo ou sobre as plantas onde estão as lagartas, pulgões,
besourinhos perturbando. Eles vão perder o apetite!
• Sr. Inseto: Losna é fortificante!
Deixar em infusão 200 gramas de losna em 1 litro de água.
Logo depois de fervida. Esperar 10 minutos. Diluir esse litro
em 10 litros de água. Lagartas, lesmas, caramujos e grilos vão
ficar fraquinhos.
• Sr. Inseto: Você gosta de leite ou de cerveja?
O soro do leite nas folhas, ao secar gruda os ácaros. A cerveja
é atrativa de lesmas ou de caramujos. O soro é aplicado direto.
Mas a cerveja é usada em latinhas que são enterradas ate nive-
larem com o solo. Colocar sal na cerveja. A lesma gosta da
cerveja mas estarão no sal e serão desidratadas.
• Tempere seus ataques bicharada!
Socar pimenta forte e misturar em água o suficiente que atinja
os insetos. Regue ou pulverize. A bicharada vai atacar outra
área menos ardida.
• Fumo de rolo neles!
Veja em “Cuidar da horta” (nesse caderno).

18
• A Homeopatia ensina a bicharada o que é harmonia,
equilíbrio, todos convivendo. Os insetos vão deixar a
horta com quem teve trabalho de plantar (veja a parte
de homeopatia nesse caderno). Alguns insetos vão ficar
por lá, deixe, eles fazem parte. Homeopatia não extin-
gue espécies!

Afastar a doença da horta

Nunca use produtos sintéticos. A natureza cuida de am-


bos: doença e planta. Os fungos devem procurar comida em
outro lugar. Com suco (macerado) de camomila (use só as flo-
res) pulverizado várias doenças são afastadas.
Use o preparado homeopático feito com a própria doen-
ça (vírus, bactéria, fungo) e com um pouco de resistência da
folha (veja Homeopatia nesse caderno). A Homeopatia é o
melhor modo de ajudar suas plantas a se defenderem. A Ho-
meopatia ensina, as plantas aprendem.

19
Associação de plantas na horta

A associação de hortaliças com plantas aromáticas ou


medicinais ajuda bastante no equilíbrio dos insetos da horta, e
na horta toda. Hortaliça, inseto, plantas medicinais, plantas in-
vasoras e outras partes vivas fazem o conjunto vivo da sua
horta.
Losna – Não é boa vizinha de nenhuma hortaliça e de
nenhuma planta. Portanto deixe ela crescer onde tem muitas
invasoras.
Alfavaca – É boa repelente de moscas.
Alecrim – Mantém longe algumas borboletas: que vão
botar ovos, que dão nascimento a lagartas vorazes nas hortas.
Hortelã – O aroma vai longe e vai espantando vários in-
setos. Mas cuidado: a planta de hortelã toma posse do terreno.
São espaçosas!
Cravo – Deve ser plantado antes da cenourinha pois con-
trola os nematóides (vermes da terra) que causam carocinho
nas raízes de cenouras.
Couve com alface – Em regiões de muita insolação a al-
face pode ser plantada entre as couves.
Tomate e inhame – Antes de terminar a colheita do to-
mate, a partir das últimas pencas, você pode plantar o inhame.
Arnica de flor amarela – É bom plantar nas beiradas de
cerca ou quando vai deixar algum canteiro descansar.

20
Homeopatia na horta

A homeopatia foi descoberta. Não é invenção. É da natu-


reza por isso é de todos. É natural portanto não agride. Fazer
homeopatia na sua horta é fazer o preparado homeopático. Fa-
zer homeopatia é fácil. É diluir e agitar fortemente (sucussio-
nar). Por isso não deixa resíduo de nada. Primeiro é feita a tin-
tura. Depois é feito o preparado homeopático. Na ciência da
homeopatia “semelhante cura semelhante”, “o que causa é o
que cura”. Lembre-se disso ao cuidar da horta. Pense antes de
fazer a tintura. Tintura-mãe é mensageira!
Na sua horta você pode agir como homeopata, tratando:
solo, água, plantas, insetos e você. Mas você pode começar
também apenas como aplicador(a) de homeopatia. É o primei-
ro passo. O(A) homeopata vai equilibrar a horta e manter a
horta em harmonia. O(A) aplicador(a) de homeopatia vai pres-
tar socorro, vai cuidar da emergência. Em pouco tempo o(a)
aplicador(a) de homeopatia vai se tornar homeopata pleno, es-
tudioso(a) e defensor(a) da homeopatia.

Como é feito o preparado homeopático? (Fazer o pre-


parado homeopático significa fazer a dinamização da sua tin-
tura)

Vamos explicar como exemplo o preparado da homeo-


patia da lagarta que vai ser usada quando a horta estiver preju-
dicada por lagartas. Colocar as lagartas vivas, lagartas ativas,
aquelas devoradoras, em vidro escuro limpo, na proporção: 4
partes de lagartas por 6 partes de álcool 70% (com 3 partes de

21
água por 7 partes de álcool de farmácia). Agitar diariamente.
Após 10 a 14 dias coar, o líquido coado é a tintura. No vidri-
nho (volume 30 mL) colocar 20 mL de álcool 70% e 5 gotas
da tintura. Sucussionar (agitar fortemente o vidrinho, bater o
vidrinho sobre livro/toalha) no mesmo ritmo 100 vezes (são
100 batidas). Colar a etiqueta identificando, “Lagarta CH1”.
Pegar novo vidro (volume 30 mL) colocar 20 mL do álcool
70% e 5 gotas do “Lagarta CH1”. Bater 100 vezes, etiquetar
“Lagarta CH2”. Do CH2 fazer o CH3, assim por diante. Você
deve ser prudente e ter a matriz de homeopatia da lagarta,
pronta, e usar na época das lagartas atacarem. Mas se não tem
nem a tintura nem a matriz, então como emergência não espe-
re 10-14 dias, faça logo seu preparado-socorro. Pode não dar o
melhor resultado mas vai ajudar.
Quando preparar a tintura de algum inseto desequilibra-
do pegue o inseto que ataca, por exemplo: a lagarta que devo-
ra; o pulgão que suga; o besourinho que mastiga; o ácaro de
raspa.
A tintura de plantas com fungo ou com bactéria deve ter
as partes da folha atacada e as partes da folha que envolve a
lesão (ficam ao redor da lesão). Ao redor da lesão é onde a
planta está fazendo resistência contra a invasão. Você também
pode fazer tintura das substâncias que intoxicam (adubo, agro-
tóxico). Ao aplicar o preparado homeopático use o pulveriza-
dor novo que você comprou (só de homeopatia, e deve ser
marcado). Em 1 litro de álcool (de farmácia) colocar 6 mL da
homeopatia, agitar, retirar 100 mL, colocar no pulverizador de
20 litros, completar com água, pulverizar. Se vai usar pulveri-
zador (bombinha) pequeno respeitar a mesma proporção.

22
A horta orgânica e os nosódios
(preparados homeopáticos)
Os nosódios são preparados homeopáticos (homeopati-
as) feitas a partir do agente causador da doença ou do desequi-
líbrio. Exemplo: insetos, fungos, bactérias e vírus.
O nosódio vivo é preparado com agentes ou organismos
vivos, podendo ser aplicado somente nas potências (dinamiza-
ções) acima de 5CH. Se envolver organismos que contaminam
agressivamente adotar dinamizações acima de 12CH.
Os nosódios têm grande potencial de aplicação no meio
rural, em razão de serem preparados na própria propriedade.
São importantes pois propiciam autonomia e independência ao
produtor orgânico e horta orgânica.
O nosódio faz bom trabalho na planta, no animal e no
sistema vivo que esteja fraco quanto ao crescimento ou desen-
volvimento.

Preparado homeopático feito com a terra da


sua horta

A horta orgânica familiar geralmente é feita em local


perto da casa de moradia. Nem sempre a terra está apropriada,
pois talvez foi usada com muitos outros fins antes.
É preciso limpar a terra, desintoxicar o solo. A limpeza
bruta é feita logo no início (retirada de pedras, vidros, sacos
plásticos, embalagens diversas). Depois vem a limpeza mais
profunda.

23
Como desintoxicar a terra da sua horta dos resíduos de
animais de criação/domésticos? Como fazer sair os resíduos
de agrotóxicos e de adubos químicos? Como eliminar outras
coisas que estão lá perturbando ou que poderão perturbar sua
horta? Como fazer isso naturalmente usando as Leis da Natu-
reza, as Leis do Planeta Terra?
Siga essas instruções e tenha de volta a terra limpa, sem
males, sem pecados cometidos anteriormente. Faça sua terra
limpa gerar frutos/alimentos também limpos e sempre seguin-
do as Leis da Natureza. Homeopatia é da natureza, faz parte
da Obra Divina. Homeopatia é dos Humildes de Coração!
• No mínimo em 6 lugares da sua horta coletar uma co-
lher de solo na superfície (não precisa cavar).
• Das 6 colheres coletadas fazer a mistura homogênea.
Retirar uma parte de terra e colocar 5 partes de álcool
70% (usar vidro escuro de 100 mL ou menor).
• Deixar de molho 15 dias e assim você terá a tintura-
mãe (da terra de sua horta).
• É usado na correção do solo como se fosse calcário.
• Fazer a pulverização ou rega no terreno molhado (após
ter chovido) ou nas primeiras horas do dia.

Observação: veja em “Homeopatia na Horta”, nesse ca-


derno como fazer a dinamização.

24
Cuidados ao fazer e ao guardar os preparados
homeopáticos
1 – Guardar as tinturas e preparados homeopáticos em vi-
dros cor âmbar (marrom) bem tampados, de preferência de tam-
pa rosqueada. Se usar vidro comum envolver com papel alumí-
nio ou papel bem escuro, após etiquetagem.
2 – Todos os vidros (frascos de vidro) devem ser fervidos
em água limpa.
3 – Guardar os vidros com a tintura ou com as demais ho-
meopatias em local fresco, sempre escuro, longe de odores e de
radiação (televisão, geladeira, celular, computador).
4 – Usar água limpa e álcool de farmácia (álcool doméstico
não é recomendado). Água limpa significa água fervida por 30
minutos.
7 – Não usar vasilhas de metal ou de alumínio.
8 – Não reutilizar frascos plásticos. É tolerável com a mes-
ma homeopatia e mesma potência.

Hortaliças: vitaminas, minerais e saúde


As plantas de horta serão muito úteis nas suas refeições. As
hortaliças da horta orgânica, cuidada com homeopatia e cultiva-
da pela família, são alimentos naturais e com muita vitalidade.
Quem faz horta caseira com capricho mas aplica agrotóxi-
co é horticultor(a) tipo caranguejo, horticultor(a) que anda de
marcha-ré, devia ir direto ao sacolão e comprar mercadoria de
Ceasa que você desconhece a procedência.

25
Todo alimento colhido na horta orgânica familiar deve ser
livre de resíduos de venenos e de outros agroquímicos. Sua obri-
gação é fazer sua horta natural pelo bem dos seus filhos, netos e
bisnetos.
O que suas hortaliças têm?
As proteínas vão conservar de modo saudável todos os te-
cidos. Os aminoácidos das proteínas da sua horta natural vão re-
novar suas células. Os açúcares e amidos vão lhe dar energia e
vão fazer funcionar tudo no seu corpo. O fósforo vai viabilizar
transformações, vai acionar a energia e distribuir força a todos os
órgãos. O cálcio vai com endereço certo aos ossos e dentes das
crianças, e nos ossos dos adultos vai fortalecer. O ferro será ab-
sorvido e encaminhado direto ao sangue. Vitamina A significa
vitalidade dos olhos, da pele e dos dentes, significa resistência
do sistema respiratório. As vitaminas tipo B vão exercer muitas
funções como as outras, no sistema digestório, nos tecidos ner-
vosos. A vitamina C está pronta e disposta a lhe ajudar na resis-
tência geral. As fibras, principalmente a celulose, das suas horta-
liças são fatores de funcionamento do intestino. Fibra é alimento
funcional, fibra de alimento orgânico é melhor ainda.
Várias hortaliças têm efeitos terapêuticos por isso muitas
são classificadas como alimentos nutracêuticos.
Algumas são mais ricas que as outras em alguma substân-
cia nutritiva. Não há hortaliça pobre. Quando você tem na horta
várias hortaliças sua salada e seus cozidos serão também ricos
em diversidade. Uma compensa a outra e a saúde da sua família
está garantida. Valeu seu trabalho, valeu sua dedicação, valeu
seguir as leis da natureza. Valeu sua horta orgânica com homeo-
patia.
Na tabela desse caderno as hortaliças mais ricas estão es-
critas em primeiro lugar.
26
Tabela das hortaliças mais ricas

PROTEÍNA CARBOÍDRATOS CÁLCIO


Ervilha Inhame Brócolis
Vagem Batata doce Couve
Brócolis Batatinha Mostarda
Beterraba Melancia Couve flor
Couve-flor Melão Espinafre
Espinafre Nabo Ervilha

FÓSFORO FIBRA FERRO


Ervilha Quiabo Mostarda
Brócolis Ervilha Inhame
Mostarda Vagem Espinafre
Chuchu Couve Beterraba
Nabo Melancia Couve
Cenoura Repolho Cenoura

VITAMINA A VITAMINA C COMPLEXO B


Cenoura Pimentão Nabo
Nabo Brócolis Couve
Batata doce Nabo Espinafre
(amarela) Repolho Mostarda
Couve Couve Quiabo
Mostarda Tomate Ervilha
Tomate

27
Peça a “Cartilha de Homeopatia Aplicada à Agricultura”

Departamento de Fitotecnia/Campus da UFV/Viçosa – MG


36570-000. Fone: (31) 3899 1131 vwcasali@ufv.br.

Também podemos enviar a “Cartilha dos EM (micror-


ganismos eficientes)” que contém a tecnologia natural de
uso de microrganismos visando qualidade da família e do
ambiente, higiene da sua horta, higiene da sua moradia.
Tudo isso sem poluição.

Distribuição gratuita

28

Você também pode gostar