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Revista de

Estudos
HOMEOPÁTICOS
Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de


Terapeutas Homeopatas do Centro -Oeste

Ano 1
N° 2
Novembro/2017
Editorial
Nossa Revista chega a seu segundo número! Há menos de um ano, parecia impossível ter um gru-
po livre e autogestionado, dedicado ao estudo da Ciência da Homeopatia e comprometido com
os projetos sociais para difusão e democratização do acesso a essa modalidade de atendimento.

Parecia também improvável que esse mesmo grupo, por meio de cotização mantenedora, se tor-
nasse responsável por uma publicação colaborativa e qualificada, totalmente digital, capaz de
funcionar como veículo de divulgação da ideia da Homeopatia em linguagem clara e acessível.

Iniciado com 22 pessoas e ligado a todo o passado vivido pela Homeopatia em terras brasileiras, o Grupo
Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, sem registro formal e sem sede fixa, completa um ano em
novembro de 2017, após uma trajetória de esforços e realizações. Nesse mesmo mês, no dia 21, se comemora
no Brasil o Dia Nacional da Homeopatia, data na qual se presta homenagem à instauração da homeopatia
em nosso país, e se busca informar ao máximo as pessoas sobre os benefícios do tratamento homeopático.

Cabe ressaltar que esta data foi escolhida por ser aquela em que a medicina homeopática começou a ser
praticada no Brasil, com a chegada ao nosso país, em 21 de novembro de 1840, do homeopata francês Dr.
Benoît Jules Mure, responsável pela criação do Instituto Homeopático do Saí - o primeiro a tratar, em solo
brasileiro, pacientes com técnicas homeopáticas. Mais detalhes a respeito desse grande vulto de nossa história
podem ser vistos neste número, na seção Biografias, na qual lhe rendemos também nosso preito de gratidão.
Hoje, temos 72 participantes inscritos, embora, como em todo grupo, não contemos ain-
da com a contribuição efetiva de todos. Mas, como a tônica do Grupo busca ser o acolhimen-
to, aguarda-se que, com o amadurecimento e o alinhamento conceitual da equipe, todos ve-
nham efetivamente a participar das ações promovidas e sustentadas em prol do bem comum.

Entrelaçado a esse passado de busca do bem-estar social, e inspirado pelos missionários de diversas partes do
Brasil e do mundo que trabalharam e trabalham com e pela Homeopatia, o Grupo se reúne uma vez por mês
para estudo colaborativo de temas pertinentes e, nos demais dias, desenvolve, por meio de vários de seus inte-
grantes, projetos de atendimento comunitário em diferentes pontos do estado de Goiás e do Distrito Federal, seja
somente com a modalidade homeopática ou em conjunto com outras terapias complementares e integrativas.

A todos os seus integrantes, nossa gratidão pela força, pela perseverança, pela fidelidade que essa prática de au-
togestão significa – foco, desafio aos modelos ortodoxos de funcionamento de uma organização, idealismo, doa-
ção, entre tantos outros elementos fundamentais -, e o desejo sincero de que sigamos juntos, agindo como instru-
mentos de difusão de algo maior que nós, e que, com certeza, pode ser um dos marcos da eugenia neste século XXI.

Boa leitura a todos!


Para comentários e sugestões, envie mensagem para homeopatascentrooeste@gmail.com
EXPEDIENTE
Jornalista Responsável
Angélica Calheiros

Editora-Executiva
Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial
Ramon Lobo
Sheila da Costa Oliveira
Angélica Calheiros

Projeto Gráfico e Diagramação


Karine Santos

Redatores
Angélica Calheiros
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão
Sheila da Costa Oliveira

Contato
Email: homeopatascentrooeste@gmail.com

Blog
https://revistaestudoshomeopaticos.com/
ÍNDICE
EDITORIAL 1
EXPEDIENTE 3
SÚMARIO 4
PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 5
BIOGRAFIA 7
HOMEOPATIA E CULTURA: VALE A PENA LER 9
NOTÍCIAS HOMEOPÁTICAS 11
COM A FALA, OS ATENDIDOS 15
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 17
ENTREVISTA 19
SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 21
CURANDO COM... 23
BELADONNA 23
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS 24
DE OLHO NA PESQUISA 24
1. Artigo 24
2. Monografia 41
HOMEOPATIA EM REDE 58
Primeira Parte
HOMEOPATIA E NÓS
6
BENOIT JULES MURE

Passando por períodos de ascensão e impopulari- cina na Faculdade de Medicina de Montpellier –


dade, a história da Homeopatia no Brasil é longa e instituição que tinha a tradição peculiar de abordar
começou com a chegada de um discípulo direto de a “medicina vitalista”, que via o organismo como
Samuel Hahnemann, o francês Benoît Jules Mure, dependente de um princípio vital que, quando aba-
ou Bento Mure, como ficou conhecido no país. lado, possibilitava o surgimento de enfermidades
Considerado um dos profissionais mais importan- (uma linha de pensamento bem parecida com a da
tes da medicina brasileira, ele desembarcou no Rio Homeopatia) – e, ainda jovem, passou boa parte de
de Janeiro no dia 21 de novembro de 1840, aos 31 seu tempo visitando inúmeras clínicas e médicos
anos, cheio de projetos visionários para difundir a parisienses para tentar se recuperar de uma tuber-
Homeopatia como um tratamento médico huma- culose pulmonar. Para sua surpresa, alcançou a cura
nizado. quando se submeteu a um tratamento homeopático
ministrado por Sebastião Des Guidi, introdutor da
Enquanto ainda morava na França, Mure, que era Homeopatia na França e discípulo de Samuel Hah-
parte da burguesia de Lyon, formou-se em medi- nemann, o pai da Homeopatia.

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Já como novo discípulo de Hahnemann, e sim, apresentando uma listagem dos sin-
Mure dedicou-se a divulgar a Homeopatia tomas que cada uma das substâncias encon-
na Europa, principalmente, na França e na tradas causava no corpo humano a partir de
Itália. Mais tarde, sua vontade de cruzar fron- recomendações hahnemanianas. Esse traba-
teiras fez com que ele negociasse sua vinda lho experimental ainda serve como pesquisa
ao Brasil, onde passou a clinicar e difundir a histórica, terapêutica e de biodiversidade, or-
Homeopatia no bairro da Lapa (RJ), tratan- ganizando a matéria médica brasileira com
do escravos e outras minorias socialmente elementos de todos os reinos da natureza em
excluídas do Brasil imperial. Durante todo uma época onde muitos deles eram ignora-
o período de escravidão, a Homeopatia foi a dos por outros estudiosos.
única medicina usada pelos escravos por ser
efetiva e de baixo custo. Em 1843, Mure voltou para a Europa e, mais
tarde, se casou com Sophie Lemaire, que
Em 1843, em parceria com o médico por- também era uma homeopata experiente.
tuguês e discípulo Vicente José Lisboa, fun- Juntos, eles viveram no Cairo, no Sudão e en-
dou o Instituto Homeopático do Brasil. No tão em Gênova, onde se dedicaram a ensinar
mesmo endereço, a Escola Homeopática do a prática da Homeopatia para leigos e tam-
Brasil, que formava homeopatas dentro dos bém abriram um consultório homeopático.
princípios hahnemannianos puros, mais tar- Em 1854, durante uma epidemia de cólera
de abriu suas portas. na região, Sophie e Benoît usaram a Home-
opatia, com sucesso, para tratar os doentes.
O trabalho de Bento Mure causou grandes Contudo, o governo não reconheceu seus es-
impactos no Império por representar uma forços e também processou seus alunos por
medicina social ativa e que acolhia classes exercício ilegal de medicina. Assim, o casal
sociais que não tinham acesso aos tratamen- decidiu retornar ao Egito, onde Mure passou
tos médicos da Corte. Consultórios popu- seus últimos dois anos de vida. Ele faleceu
lares foram abertos no Rio de Janeiro e em em 4 de março de 1858, quando se preparava
Salvador, os primeiros ambulatórios gratui- para voltar ao Brasil.
tos do Brasil. O Instituto Homeopático do
Saí e uma Escola Suplementar de Medicina Como legado, Bento Mure deixou as obras
também foram criadas, assim como novos “Patogenesia Brasileira e Doutrina da Escola
consultórios na cidade e no interior de São Médica do Rio de Janeiro”, que ficou conhe-
Paulo, ampliando o alcançce da atividade cida mundialmente, e “Prática Elementar da
homeopática. Também foi inaugurada a pri- Homeopatia”, com uma tiragem de mais de
meira farmácia homeopática do país, a Boti- 10.000 exemplares e que ajudou a reduzir a
ca Homeopática Central, assim como a Casa taxa de mortalidade de 10% para 2-3% en-
de Saúde Homeopática na Chácara do Ma- tre os escravos brasileiros das plantações de
rechal Sampaio, em 1846. Já em 1847, Mure cana de açúcar, o surgimento de novas orga-
e seus companheiros lançaram a revista “A nizações homeopáticas em território nacio-
Sciência” para difundir os progressos da ho- nal, como a Sociedade Hahnemanniana e a
meopatia no Brasil. Academia Médico-Homeopática, o cresci-
mento no número de publicações clássicas
O homeopata francês também se dedicou ao e originais a respeito da Homeopatia, subsi-
estudo da fauna e da flora do país, indo bem diadas pelo Instituto Homeopático do Brasil,
além de uma catalogação farmacodinâmica, e os 500 homeopatas que ele ajudou a formar
no país.

8
Vale a pena ler...
... A árvore filosofal: Afinal, onde está a medicina do sujeito?,
de L. R. Bulos Solon

9
Com linguagem objetiva e ilustrações claras, a creções, resfriados, lentidão dos órgãos (...).” – p.
obra “A árvore filosofal: Afinal, onde está a medi- 68
cina do sujeito?”, de Luís Ricardo Bulos Solon, é
um ensaio teórico sobre o tratamento de doenças * “Sujeito doente: é o sujeito previsível, engessa-
crônicas na Homeopatia e sua interdisciplinari- do, que estabelece relações de co-dependência,
dade com as ciências humanas e biológicas, além consigo mesmo (compulsões), com os demais
de levar o leitor à reflexão acerca dos desequilí- (jogo da culpa) e com a natureza (eco-dependên-
brios emocionais e psicológicos, entre outros, cia).” – p. 82
que estão por trás de muitas enfermidades. A 2ª
edição do livro foi publicada pela Editora Hipo- * “A indecisão é existencial, mas o medo é vital, o
crática, em 2010. mundo torna-se ameaçador. O eterno postergar
de compromissos provoca falta de aprendizado
Trechos da obra que merecem destaque: perante a vida que, por sua vez, gera medo do
fracasso. O medo e a indecisão juntam-se no psó-
* “(...) se o mundo é um mundo de conflitos, o rico produzindo o transtorno fóbico-ansioso, ou
sujeito é o sujeito do conflito, dos paradoxos vivi- transtorno de ansiedade generalizada.” – p. 83
dos. O mundo é o terreno onde germina a árvore.
O terreno nutre, forma e deforma o ser humano.” * “Ao correr atrás de tratamentos supressivos rá-
– p. 54 pidos e imediatistas, negligenciamos consequên-
cias futuras desse comodismo.” – p. 99
* “Essas polarizações emocionais, repletas de sen-
tidos e significados, convergem para zonas com- L. R. Solon é graduado em medicina pela Univer-
plexas da subjetividade individual e eco coletiva. sidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 
Ao mesmo tempo, elas movimentam o estresse especialista em Saúde Pública pela Universida-
e o distresse do sujeito, produzindo no corpo de de São Paulo, mestre em Saúde Coletiva pela
marcas que representam esses padrões subjetivos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul  e
constatados na observação homeopática, como, doutor em História da Ciência pela Pontifícia
por exemplo: o medo gera prurido, alergias, se- Universidade Católica de São Paulo.

Onde encontrar a obra?


- Livraria Cultura
- Livraria Saraiva
- Estante Virtual
- Mercado Livre

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NOTÍCIAS

Brasil

Embrapa (SP) trata bezerros com Homeopatia


Pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Paulo (SP), usaram a
Homeopatia para tentarem diminuir casos de diarreia entre os bezerros da região, uma
das principais causas de morte dos animais.

Os testes duraram seis meses e, ao todo, 37 bezerros, divididos em três grupos, partici-
param. O primeiro grupo foi alimentado apenas com leite de vaca. Já o segundo, com
a fórmula homeopática em pó misturada ao leite. O terceiro, por sua vez, recebeu leite
com um tipo de minério. O resultado final mostrou que a Homeopatia ajudou, dei-
xando 25% dos animais sem qualquer episódio de diarreia, enquanto, nos outros dois
grupos, todos eles tiveram diarreia pelo menos uma vez durante o período de testes.

De acordo com os pesquisadores, a principal vantagem de investir no tratamento ho-


meopático é a diminuição do uso de antibióticos, uma vez que eles podem causar danos
tanto para os animais quanto para o alimento consumido pelos seres humanos, sem
mencionar a economia, uma vez que os medicamentos homeopáticos são mais baratos.

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Grupo de Homeopatas do Centro-Oeste realiza atendimentos gra-
tuitos em Teresópolis-GO
Uma senhora de 62 anos chega carregada ao Centro de Especialidades Médicas, com dores fortíssi-
mas em todo o corpo e sem condições de ficar sozinha em casa. Ela não acreditava que remédios tão
baratos como os da Homeopatia, e em quantidade tão pequena, poderiam melhorar seu estado de
saúde. Mas, escolheu arriscar, sobretudo, para diminuir os grandes gastos que já tinha com medica-
ção alopática. Após um mês de tratamento, a mesma senhora chega andando, sozinha, sorridente,
capaz de cuidar de si mesma e de sua cadelinha, que tinha tido muitos filhotes e precisava de ajuda
para alimentá-los.

Essa é apenas uma das muitas vidas que o Grupo de Homeopatas do Centro-Oeste - GHCO tem aju-
dado a mudar em Teresópolis-GO, região que conta com uma comunidade muito pobre e adoecida.
Em 2015, os mesmos terapeutas do GHCO estavam no 2º ano do curso de Homeopatia para não mé-
dicos, oferecido pela Universidade Federal de Viçosa. Para que eles pudessem praticar a teoria apren-
dida em sala de aula, Sheila da Costa Oliveira, idealizadora da Revista de Estudos Homeopáticos,
buscou o governo local para tentar formar uma parceria de atendimento voluntário para a população.

“Fomos muito bem recebidos e iniciamos, Suécia e eu (outro membro do grupo), um atendimento
quinzenal voluntário, com consultas agendadas no Centro de Especialidades Médicas do Município”,
conta a terapeuta homeopata. “A partir de 2016, a demanda cresceu bastante. Então, chamamos nosso
colega Abrão Matias para integrar a equipe”. Desde então, o trio de voluntários faz um mutirão de
atendimentos gratuitos no último sábado de cada mês (com exceção de dezembro e janeiro), de 9h
às 13h, usando os consultórios disponíveis no Posto de Saúde de Teresópolis, e atendendo até trinta
pessoas por dia de trabalho, sem mencionar animais e terrenos para hortas, entre outros locais.

O trabalho, que começou sem tanta divulgação, hoje já é conhecido na comunidade graças às pró-
prias pessoas atendidas. “Como o tratamento trouxe resultados positivos, os pacientes começaram a
falar sobre ele para conhecidos e familiares, fazendo com que mais pessoas se interessassem”, ressalta
Abrão, acrescentando que os problemas de saúde mais comuns entre os pacientes são circulatórios,
digestivos e de depressão, especialmente por solidão e sobrecarga emocional e física. “O carinho que
recebemos dessas pessoas e a alegria delas ao melhorarem seus estados de saúde é o grande ponto
positivo do trabalho que realizamos”, aponta.

O apoio governamental, que começou com a cessão dos consultórios do Centro de Especialidades
Médicas e de um funcionário para fazer o agendamento de pacientes, atualmente, também permite
que os terapeutas homeopatas voluntários utilizem prontuários e receituários, e ajuda de custo de
combustível, além da divulgação do mutirão de atendimentos gratuitos através de um carro de som.

Apesar dos obstáculos que fazem parte do trabalho realizado pelos voluntários do GHCO, entre eles,
os gastos com alimentação e hospedagem, e a falta de farmácia homeopática em Teresópolis, as pos-
sibilidades de melhorar a qualidade de vida de famílias menos favorecidas e de contribuir para tornar
a Homeopatia mais conhecida como abordagem terapêutica falam mais alto. “Estamos contribuindo
para difundir a prática homeopática e, no futuro, para abrir a contratação regular de terapeutas desta

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área, pelo Município”, acredita Sheila.
Mundo

Famosos que usam Homeopatia


O que será que Paul McCartney, Gandhi e a Rainha Elizabeth II têm em comum? Eles fazem parte de
uma longa lista de famosos que recorrem à Homeopatia regularmente para tratar problemas de saúde,
e falam abertamente sobre a eficácia do tratamento. Confira o Top 10 que preparamos para você!

Pamela Anderson
Modelo e atriz, Pamela Anderson, mais co-

Getty Imagens
nhecida por seu papel em Baywatch, teve
Hepatite C em 2002 e chegou a falar que
não resistiria à doença. Ela começou um
tratamento homeopático em Los Ange-
les e, dois anos depois, durante entrevista,
reconheceu que a Homeopatia foi funda- Príncipe Charles
mental para sua recuperação. “Eu me sinto Parte da realeza britânica, o príncipe traba-
ótima. Estou convencida de que os meus lhou incessantemente até fazer com que o
remédios homeopáticos estão me manten- tratamento homeopático fosse incluído na
do forte”, ressaltou. NHS, serviço nacional de saúde do Reino
Unido. Segundo ele, a Homeopatia “está
enraizada em tradições antigas que enten-
deram, intuitivamente, a necessidade do
equilíbrio e da harmonia entre o corpo, a
mente e o mundo natural”.

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Jennifer Aniston
A eterna Rachel do seriado norte-america-
no Friends é conhecida por levar um estilo
de vida orgânico e natural, e isso inclui os
medicamentos homeopáticos, que ela cos-
David Beckham
Quando o jogador de futebol quebrou
tuma usar junto com a medicina moderna
um dos ossos do pé 50 dias antes da Copa
para manter a saúde.
Mundial de 2002, torcedores da Inglaterra
entraram em desespero. Com a medicina
tradicional, a lesão de Beckham teria de-
morado de quatro a seis semanas para ser
tratada, sem falar em mais duas ou quatro
Imagens: Getty Imagens

de reabilitação. Beckham usou Homeopa-


tia para acelerar sua recuperação e ficou
impressionado com o resultado. Ele é gran-
de um fã de Arnica, remédio usado para
aliviar dores, machucados e inflamações.

Cher
Ganhadora do Oscar e pop star, Cher foi
vítima de uma doença viral que causava fa-
diga crônica e pneumonia, e só conseguiu a
cura através da Homeopatia. “Eu acho que
eu não estaria viva hoje se não fossem os Victoria Beckham
remédios homeopáticos. Eu tentei a me- Ex-membro do girl group de mais suces-
dicina tradicional, mas, não funcionou e so no mundo, a esposa de David Beckham,
os médicos falavam que a minha doença Victoria, também usa medicamentos ho-
estava na minha cabeça. Depois de qua- meopáticos regularmente e eles foram seus
tro meses de tratamento homeopático, eu grandes aliados para combater enjôos ma-
estava bem novamente e pude continuar a tinais durante a terceira gravidez da canto-
trabalhar”, conta. Em 2004, a estrela apoiou ra e designer britânica.
o Glasgow Homeopathic Hospital, impe-
dindo que o governo fechasse a instituição.

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Usain Bolt
O tri-campeão Olímpico faz uso da Ho-
meopatia desde os 16 anos com o mes-
mo médico, o Dr. Hans-Wilhelm Müller-
-Wohlfahrt., conhecido por tratar lesões Paul McCartney
desportivas usando medicina holística e A primeira vez que o ex-Beatle, cantor e
substâncias homeopáticas. compositor Paul McCartney viu de perto
ao eficácia do tratamento homeopático foi
quando sua esposa, Linda, conseguiu se re-
cuperar de uma amigdalite que se recusava
a desaparecer só com o uso de antibióticos.
Hoje em dia, ele não consegue se imaginar

Imagens: Getty Imagens


sem a Homeopatia. “Para onde eu vou, levo
meus remédios comigo e faço uso regular
deles”, assegura.

Rainha Elizabeth II
A soberana que ocupou o trono real britâ-
nico por mais tempo, Rainha Elizabeth II,
é uma grande apoiadora da Homeopatia
e patrona do Royal London Homeopathic
Hospital, que foi fundado pelo Dr Fre-
derick Quin, o primeiro “médico real”. O
Gandhi
Líder político e espiritual da Índia, Gandhi
homeopata da Rainha é o Dr. Peter Fisher,
influenciava seu povo a estudar Homeopa-
que também é diretor do Royal London
tia e chegou a ajudar no estabelecimento
Homeopathic Hospital e editor do jornal
de clínicas de Homeopatia em todo o país,
acadêmico Homeopathy, originalmente
mas, principalmente em Bengal. Na maio-
chamado de British Homeopathic Journal.
ria das vezes, os atendimentos eram gra-
tuitos para pessoas de baixa renda. deles”,
assegura.

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Na Índia, mães de primeira viagem investem em tratamen-
to homeopático
Há poucos meses, em agosto, o mundo celebrou a Semana Mundial da Amamentação.
Muitas mulheres ainda sofrem durante essa fase por conta de rachaduras, inchaço e
desconforto nos mamilos, mastite e leite inadequado ou excessivo, por exemplo. Essas
dificuldades tremendamente dolorosas chegam, inclusive, a fazer com que algumas de-
las desistam de passar por essa experiência.

No entanto, na Índia, as mães de hoje em dia andam escolhendo a Homeopatia para


minimizar as dificuldades de amamentar.

Segundo o Dr. Pankaj Aggarwal, os medicamentos homeopáticos realmente são uma


alternativa eficaz. “A Homeopatia ajudará e muito as mães com dificuldades de ama-
mentação. Os medicamentos não possuem efeitos colaterais nem nas mães e nem nos
bebês e ajudarão a fazer da amamentação uma experiência prazerosa”, conclui.

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COM A FALA, OS ATENDIDOS
A Homeopatia anda conquistando seu espaço na vida e no cotidiano de cada vez mais pessoas em todo o
Brasil, por isso, selecionamos algumas histórias inspiradoras que tanto comprovam a eficácia dos medica-
mentos homeopáticos quanto demonstram que podemos recorrer a eles em qualquer situação. Confira!

Rita Olívia, 62 anos, Asa Norte, Brasília.

“Em minha primeira aula do curso o que me fez desistir da cirurgia que eu
de Homeopatia, aprendi que a Arnica estava prestes a fazer.
Montana cura, além dos traumatismos
físicos, os traumas da alma. Na época, Hoje, os únicos medicamentos alopá-
eu convivia com dores causadas pela ticos que eu tomo são os de pressão.
perda de familiares. Tomei a medica- Estou me tratando para, em breve, me
ção e também a indiquei para outras livrar deles também, afinal, na Ho-
pessoas. Todas nós encontramos gran- meopatia, dores do corpo e da alma
de alívio. são aliviadas sem os perigos dos ine-
vitáveis efeitos colaterais da Alopatia.
Continuei tomando o remédio durante Além disso, usar remédios homeopáti-
meses, mudando as diluições. Durante cos também é uma forma de evitar os
o processo aconteceram várias mudan- hospitais superlotados das grandes ci-
ças físicas, mentais e emocionais, como dades, que representam um sofrimen-
o fim da sensação de opressão na re- to enorme para as pessoas que já estão
gião cardíaca, diminuição da ansiedade doentes.”
e melhora nas varizes da perna direita,

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Maria Aparecida, 31 anos, residente em Goiânia – GO

“Conheci a Homeopatia em 2105, em um aten- e equilíbrio emocional em outros aspectos. Sei


dimento social realizado por um homeopata do que poderia ter recorrido a outra rotina além
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Cen- da interrupção, mas foi o que me pareceu mais
tro-Oeste. Procurei tratamento para problemas adequado na época, para as minhas condições
emocionais, como ansiedade, baixa auto-estima, mentais e emocionais do momento.
carência afetiva, hipersensibilidade e crises de-
pressivas. Fisicamente, o que me incomodava Hoje, eu sou estudante de Homeopatia e pre-
eram problemas na tireóide, intestino preso, dores tendo retomar meu tratamento de outro pon-
no corpo, falta de energia e inchaço. to, experimentando outros medicamentos para
compreendê-los melhor e aprender mais, me-
O tratamento começou com a medicação Thuya lhorando a mim mesma.
CH 6, e a diluição foi aumentando mês a mês, até
chegar a CH 9. Senti melhoras na minha memória Recomendo o tratamento homeopático, pois,
e comecei a me lembrar de situações da infância hoje em dia, em nossa condição humana e so-
que ainda me incomodavam, além de começar a cial, estamos praticamente todos adoecidos, e
sonhar mais. Também experimentei uma melhora nosso desequilíbrio se manifesta, claramente,
significativa no meu humor deprimido, o intesti- em quase todos os aspectos de nossa vida coti-
no ficou mais solto e desinchei um pouco. diana. 

Porém, a minha irritação, que estava contida e Acredito com firmeza que a Homeopatia pode
reprimida há algum tempo, veio à tona e passei ser um grande auxílio no restabelecimento da
a responder rapidamente, e de forma ríspida, as saúde integral, promovendo a retomada do
pessoas, inclusive a minha chefe. Com receio de equilíbrio de maneira suave e duradoura, desde
perder o emprego, interrompi o tratamento, em- que orientada por um profissional competente,
bora reconhecendo os ganhos de clareza mental consciente e responsável, e com o compromisso,
por parte do paciente, com sua autocura.” 

Confira a próxima edição para apreciar mais depoimentos. Caso deseje enviar o seu, entre em contato

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através do e-mail: homeopatascentrooeste@gmail.com.
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR
Homeopatia & Agricultura

O tratamento homeopático pode ser usado a fa- falta de incentivo e divulgação desse tipo de téc-
vor de seres humanos, animais, plantas e solo. Na nica sustentável ainda compromete a propagação
agricultura, ajuda a controlar pragas e doenças, de uma agricultura menos agressiva no Brasil e
além de fortalecer o solo, aumentar a produtivi- no mundo.
dade das culturas e a defesa natural das plantas.
No Brasil, o uso da Homeopatia na agricultura Para utilizar a Homeopatia no restabelecimento
orgânica conta com amparo legal desde 1999, do ecossistema é necessário reconhecer os siste-
quando a Instrução Normativa nº 07 foi publi- mas biológicos comprometidos, enfraquecidos
cada no Diário Oficial da União. Nela há normas ou infectados, percebendo a interdependência
para a produção orgânica em território nacio- entre os organismos e a influência humana.
nal, o que inclui permissão para que agricultores
usem substâncias homeopáticas. O tratamento homeopático pode ser feito em
uma área completa ou em parte dela, seja solo,
É na agricultura familiar que estão os maiores água, jardim, horta, pomar ou lavoura, entre ou-
pesquisadores do meio rural, pequenos produ- tros, bastando definir e investigar as pragas pre-
tores que, constantemente, precisam lidar com sentes para, então, selecionar os procedimentos
imposições por parte da política agrária, sobre- homeopáticos que serão usados.
tudo, para se submeterem a tecnologias de alto
custo, enquanto sentem o desejo de resgatar suas Os medicamentos homeopáticos são feitos de
culturas ancestrais no que diz respeito à relação vegetais, animais e minerais, por exemplo: plan-
entre eles e o meio ambiente. tas (raízes, caules, folhas, flores e frutos), animais
(abelhas, cupins, formigas e carrapatos), mine-
Hoje em dia, grande parte dos agricultores está rais (magnésio, cobre, fósforo, enxofre e ferro).
presa em um tipo de agricultura que deixa solos Na agricultura é comum recorrer a preparados
devastados, intensifica a dependência de agrotó- homeopáticos feitos do próprio agente causador
xicos e adubos químicos, o que produz plantas do desequilíbrio.
doentes, diminui seu valor nutricional, conta-
mina o solo e interfere na qualidade de vida de Confira abaixo como usar a Homeopatia para
trabalhadores, e não é capaz de controlar pragas eliminar formigas cortadeiras:
com eficácia. Em regiões como Espírito Santo,
Minas Gerais e Mato Grosso, a Homeopatia tem Deve ser aplicado diariamente, por uma sema-
servido como alternativa para evitar o uso de na, com um pulverizador atomizador de jardim,
agentes químicos e diminuir, ao máximo, o im- sobre as formigas em movimento, em 50cm do
pacto ambiental, levando harmonia para todos carreiro ou olheiro, e a uma distância de 50cm

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os seres que estão em desequilíbrio. Contudo, a das formigas em movimento, totalizando 30mL
por aplicação nos olheiros ou carreiros ativos dos formigueiros a serem tratados. A coleta de formi-
gas deve ser feita do maior número de formigueiros possíveis da área a ser tratada. A dinamização
é de 30 CH.

- Coloca-se 1 medida (tampa do vidro) de álcool de cereais 70% no vidro e marca-se com canetinha
a altura do álcool no vidro. Com o auxílio de uma pinça coleta-se as formigas que vão sendo coloca-
das no vidro com álcool, até que ultrapassem a quantidade de álcool.

- Para a certeza de que se tem 1 medida de formigas, deve-se retirá-las do vidro com a pinça, colo-
cá-las na tampa até que atinja a superfície da tampa.

Fontes:

BITENCOURT, Deise Peron de; BONATO, Carlos Moacir. HOMEOPATIA SIMPLES APLI-
CADA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. 2008. Peabiru, 2008.

SANTOS, Gilberto Alves Gomes dos. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O conhecimento e a prática


da homeopatia na agricultura familiar. TCC. Instituto Tecnológico do Estado de Goiás, 2017.

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ENTREVISTA
A Homeopatia na rede pública de saúde do DF

O Distrito Federal é pioneiro quando o assunto é o atendimento homeopático integrado à rede pú-
blica de saúde. O trabalho começou em 1987, quando atividades de fitoterapia e Homeopa-
tia foram implantadas no Centro de Saúde Nº 2 do Núcleo Bandeirante/DF e no Instituto de Saú-
de Mental no Riacho Fundo/DF, e hoje o Sistema Único de Saúde – SUS do DF conta com 20
Unidades de Saúde que oferecem essa especialidade, realizando cerca de duas mil consultas por mês.

Para esclarecer algumas questões sobre o funcionamento do atendimento homeopático na rede pública
de saúde do DF, conversamos com a Dra. Maria Júlia Pereira Spina (CRM-DF18.603), da Coordena-
ção Técnica de Homeopatia/SESDF e com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde do DF.

Como funciona o atendimento homeopático e em tegrativas em Saúde – GERPIS, através da Co-


quais casos é possível indicá-lo? ordenação de Homeopatia.

SES/DF - A consulta homeopática é focada na Como é realizada a seleção dos homeopatas que
integralidade do sujeito, dando atenção ao seu atendem na rede pública de saúde do DF?
sofrimento, que representa muito mais do que  
somente a doença (patologia), que ele eventu- Dra. Maria Júlia Spina - A seleção é feita exclu-
almente possa ser portador. Durante a consulta, sivamente por concurso e os candidatos preci-
o médico abordará a totalidade do paciente nos sam ser formados em Medicina, com especiali-
seus aspectos físico, mental e emocional; seus dade em Homeopatia.
hábitos de vida, sua sensibilidade aos fatores ex-
ternos, buscando compreender a sua forma in- Há quanto tempo a senhora trabalha como ho-
dividual de adoecer e de manter a sua saúde. A meopata na rede pública de saúde do DF?
partir desta compreensão é que será administra-  
da uma substância medicinal segundo a Lei dos Dra. Maria Júlia Spinola - Eu trabalho com Ho-
Semelhantes. A homeopatia está indicada em meopatia há 15 anos. Comecei no Amazonas e
qualquer situação de sofrimento que perturbe a em seguida fui para o Rio Grande do Sul. Estou
saúde, até mesmo em casos de doenças agudas e na Secretaria de Saúde do DF há cinco meses.
crônicas.  
Como homeopata, é comum sofrer preconceito
Qual é o órgão responsável por gerenciar o atendi- por parte de médicos de outras especialidades?
mento homeopático na rede pública de saúde do  
DF? Dra. Maria Júlia Spina - Sim, é comum o pre-
conceito. Um dia, um paciente meu que foi
SES/DF - Atualmente, tanto a organização quan- atendido por um cardiologista retornou à con-
to o funcionamento do atendimento homeopá- sulta informando que o médico pediu para que
tico em toda a rede pública de saúde do Distrito ele cessasse o uso da Homeopatia, sendo que
Federal fica a cargo da Gerência das Práticas In- o medicamento que eu prescrevi para o caso

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dele foi o Cactus grandfolia, totalmente adequa- matizada, a maior parte da procura da popula-
do para a patologia. ção, integrando ações preventivas e curativas;
e não na Atenção Secundária, que envolve os
Quais são as dificuldades de trabalhar como home- serviços especializados em nível ambulatorial
opata na rede pública de saúde do DF? e hospitalar, utilizando equipamentos e tec-
nologia para tratamento, pois a primeira op-
Dra. Maria Júlia Spina - Às vezes, o médico home- ção permite o livre acesso e livre demanda da
opata tem que ser criativo. A Homeopatia exige comunidade. No aspecto epidemiológico há
algumas condutas que podem ficar comprome- como dimensionar a procura potencial (pesso-
tidas se o paciente de primeira consulta não for as a serem atendidas pela Homeopatia) de uma
alertado. É necessário conferir o medicamen- comunidade, e o atendimento real (consultas
to ao recebê-lo e, também, seguir as indicações realizadas), mas as variáveis citadas acima jus-
de armazenamento e prazo de conservação, por tificam essa procura.
exemplo. A dispensação do medicamento deve-  
ria ser feita diretamente pela SES-DF para evitar  
erros, desde a prescrição até o uso. As equipes da Quais foram os atendimentos homeopáticos re-
Unidade de Saúde também deveriam ter conhe- alizados pela senhora que mais chamaram a sua
cimento sobre as peculiaridades da Homeopatia. atenção e por quê?

Quantos atendimentos homeopáticos a senhora Dra. Maria Júlia Spina – Há alguns. O primeiro
realiza por mês? foi um caso com crianças que tinham dermati-
te atópica que abrangia 60% da pele. Com uma
Dra. Maria Júlia Spina – Na SES-DF, o médico ho- primeira prescrição, elas tiveram uma melhora
meopata trabalha 20h ou 40h. No primeiro caso, de 80% nas lesões. Outro caso envolveu uma
ele chega a realizar uma média de 110 atendi- consulta indireta, realizada com a sobrinha de
mentos mensais, e esse número dobra no segun- uma paciente de 84 anos, que estava na UTI,
do caso. Também há os atendimentos conside- intubada, com septicemia por uma laparato-
rados como “informais”, que acontecem durante mia branca (cirurgia em que não se encontra
encontros periódicos com a comunidade, através evidência visível de doença). Ela recebeu alta
de palestras nas Unidades de Saúde, que chegam da UTI após a primeira semana da medicação.
a receber 150 pessoas por evento. Administrar a Homeopatia em uma pessoa
  intubada foi pura criatividade, principalmen-
A procura por atendimento Homeopático na rede te porque foi preciso orientar que o frasco do
de saúde pública do DF é alta? medicamento fosse identificado como “água
  benta”. Esse caso repercutiu em reuniões peri-
Dra. Maria Júlia Spina - Essa questão é relativa por- ódicas na Sociedade Gaúcha de Homeopatia.
que depende do nível de conhecimento do públi- O último caso foi com pais que estavam de-
co e dos demais profissionais médicos em relação cepcionados com a quantidade de antibióticos
à Homeopatia e se há cobertura suficiente de pro- utilizados sempre para o mesmo problema de
fissionais Homeopatas em todas as Unidades de saúde, sem melhora efetiva e com riscos de uso
Saúde da Secretaria de Saúde do DF. A porta de contínuo e efeitos colaterais em seus filhos. Em
acesso mais adequada para o atendimento home- geral, o que me chama a atenção é quando há
opático seria nas Unidades de Atenção Primária, um interesse maior pelo tratamento em Home-
que visam atender regionalmente, de forma siste- opatia.

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Segunda Parte
HOMEOPATIA TAMBÉM É
CIÊNCIA

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CURANDO COM BELADONNA
Atropa Belladona é seu nome científico, contudo, como colírios que dilatam as pupilas e remédios
a planta, que faz parte da composição de um dos para o coração.
medicamentos mais conhecidos na Homeopatia,
também já foi chamada de “dama da noite”, “cere- Mas, apesar de ser usada para fins medicinais, a
ja do inferno”, “rainha dos venenos” e “bela dama”. planta é altamente tóxica. O simples ato de mani-
Nos tempos antigos, em Roma, as mulheres costu- pulá-la ou o consumo de suas folhas, flores ou fru-
mavam consumí-la por interesses estéticos, já que tos em excesso já pode ser fatal para um adulto. Por
a moda da época era dilatar as pupilas. E foi exa- isso, os medicamentos feitos com a Beladona são
tamente a tradição seguida à risca por essas “belas manipulados com muito cuidado, no caso da Hoe-
donas” que inspirarou o nome oficial da espécie. opatia, por farmácias de manipulação confiáveis, e
indicados por homeopatas experientes.
Com folhas elípticas, frutos amarelados ou mais es-
curos, quando estão totalmente maduros, e flores de Confira informações importantes sobre a Beladona
cor púrpura, com reflexos verdes e um cheiro não abaixo:
lá muito agradável, a planta Beladona pode chegar
a 1,5m de altura e, por ser sensível à radiação solar, Família: Solanaceae (Cronquist) 
é encontrada apenas em regiões mais sombrias e Parte utilizada nos medicamentos homeopáti-
úmidas, como às beiras de rios, lagos e represas da cos: Flores e folhas.
Europa, do norte da África, da Ásia Ocidental e em Princípios Ativos: Atropina, escopolamina, hioscia-
algumas regiões da América do Norte. mina, ácido atrópico, beladonina.
Propriedades:  Ação antiespasmódica, antiasmática,
A Beladona se assemelha a um arbusto, e, seus fru- relaxante muscular, calmante, diaforética e diuréti-
tos, a cerejas escuras. ca.

Quando possui mudanças nas cores das folhas, Toxicologia: Extremamente tóxica, uma vez que to-
flores e frutos, que são mais claros e amarelados, a das as partes da planta contêm alcalóides, que são
espécie é chamada de Atropa Belladona Var. Lutea. hepatotóxicos, ou seja, tóxicos para o fígado. Os
Na Homeopatia, a Beladona, assim como a Arnica, sintomas de envenenamento por Beladona incluem
trabalhada no primeiro número de nossa revista, febre, sede intensa, dilatação de pupilas, garganta
é conhecida como um dos medicamentos home- seca, taquicardia, confusão mental, agressividade,
opáticos “policrestos”, ou seja, que tem múltiplas alucinação, pulso rápido, pele seca, visão embaçada,
aplicações. Por isso, é indicada para tratar febres, constipação e retenção urinária. A planta não deve
doenças nervosas, problemas digestivos, alterações ser usada em preparos caseiros e só deve ser con-
neurológicas, dores agudas e ainda age como um sumida de acordo com indicações de profissionais
poderoso anti-inflamatório, além de estar presen- competentes.
te na composição de alguns remédios alopáticos,

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NARRATIVAS TERAPÊUTICAS:
ESTUDO DE CASO

Estudo de Caso: CONTENÇÃO EXCESSIVA DE EMOÇÕES


Terapeuta: Ramon Lobo Gomes

Atendida: Protética dentária, 50 anos, residente em São Paulo, SP

PRIMEIRA CONSULTA:

O início do tratamento ocorreu em 12/09/2016, e a queixa principal era não conseguir exteriori-
zar suas emoções, bem como sentir-se se muito reprimida e com grande sensação de abandono.
Durante o atendimento, a atendida relatou pouca vontade de se vestir e de cuidar-se, além de
exacerbada vocação para cuidar dos problemas dos outros, com grande envolvimento emocional
com as outras pessoas e suas questões.

PRIMEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:


• Thuya 6CH, por 30 dias.

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SEGUNDA CONSULTA:
• Relatou grande exteriorização emocional, como se houvesse se soltado mais. Começou a prestar
menos atenção aos problemas dos outros e a atentar para as próprias questões.

SEGUNDA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:


• Dei continuidade à Thuya, agora em potência mais elevada - 12CH - por mais 30 dias.

TERCEIRA CONSULTA:
• Relatou ter novas exteriorização de seus sentimentos, ficando um pouco mais agressiva verbal-
mente, mas reduzindo-se a sensação de abandono.

TERCEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA


• Feitas as devidas observações, elevei a potência para 30 CH por mais 30 dias.

QUARTA CONSULTA:
•A medicação nessa nova potência provocou a alternância entre raiva, melancolia e alegrias.

QUARTA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA


• Suspendi então inteiramente a medicação, aguardando a acomodação da energia vital ao
novo estado mental, emocional e orgânico.

QUINTA CONSULTA E QUINTA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA


• Novos sintomas foram observados, como a lembrança de traumas antigos, e, assim, uma
nova medicação foi administrada – Arnica Montana 200CH, dose única.

SEXTA CONSULTA
• Não havendo mais queixas, dei alta do tratamento. Nas palavras da própria atendida: Em
pouco tempo, através do tratamento homeopático, consegui exteriorizar muitas emoções e senti-
mentos contidos, me libertando da tristeza e do desânimo constantes, passando a ter mais energia
e disposição, e me sentindo mais equilibrada e feliz.

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DE OLHO NA PESQUISA
Artigo: A aplicação da teoria homeopática à anamnese e à atuação do homeopata duran-
te a consulta 1
Terezinha de Jesus Lima Bezerra de Santana
INTRODUÇÃO
A Homeopatia considera as doenças como bloqueios energéticos formados nos planos sutis da alma.
Isso implica também estudo das energias eletromagnéticas de alta freqüência atuantes nos veículos su-
tis, que transmitirão aos corpos mais densos essa vibração positiva até onde a “energia vital se concen-
tra, reage e capta todos os estímulos oriundos dos veículos mais sutis”, segundo Moreno (2004, p. 60).

Ao longo do desenvolvimento da civilização ocidental, as teorias vitalistas, cultivadas nas grandes


civilizações da Antiguidade, foram substituídas pela bioquímica, e a Escola de Medicina terminou por
reduzir o homem a partes enfermas, conferindo aos médicos graus de especialização cada vez mais
refinados. Dessa forma, a busca de sintomas e o papel do médico durante o atendimento foram se
diferenciando também, entrando em detalhes anatômicos e marcadores de exames físicos, mas sem
considerar a real fonte dos males a serem tratados: os distúrbios da energia vital. Por isso, Medicina
Ortodoxa e Homeopatia são sistemas de cura diferentes, com processos de busca de informação e
tomada de decisão bem diferenciados, mas não necessariamente antagônicos, tanto que o médico que
deseje ser homeopata realmente não olhará para o órgão doente, mas para o individuo enfermo que
elegeu aquele órgão para manifestar de forma mais crítica a sua desarmonia, o tropismo, o órgão de
eleição, e escolherá o medicamento que mais se harmonize com as características daquele indivíduo,
considerando o sintoma-chave e principalmente os sintomas energéticos, decisivos na deflagração do
processo de adoecimento.

Há que se considerar ainda que o sistema homeopático de reequilíbrio das energias vitais se estende
a todos os seres vivos. Um veterinário pode ser homeopata. Um engenheiro agrônomo pode ser ho-
meopata. Um geógrafo pode ser homeopata. Pois um homeopata é sempre alguém que olha o ser vivo
como um todo, que sabe ler a linguagem dos sintomas apresentados por cada um. Considerando que
cada ser vivo é um ser único, o homeopata se prepara para compreender as quase infinitas nuances do
ser vivo, conforme diz Moreno (2004):
Já esta tarefa, para um médico homeopata que teve a formação alo-
pática, torna-se mais difícil, pois este sempre conviveu com o cienti-
ficismo, preparado para não aceitar a alma, o espírito, e foi fortemen-
te treinado para tratar somente do corpo físico das pessoas. Ora, se a
medicina oficial não aceita, não reconhece a alma, o espírito, a força
vital da pessoa, e estas são a base fundamental da homeopatia, conclui-
-se, pela lógica, que a homeopatia não é restrita, de acesso único aos
médicos, e sim a todas as pessoas, interessadas em curar o seu corpo,
acessando à energia no espírito e na alma (MORENO, 2004, P. 150).

1 Filósofa, escritora, palestrante, terapeuta homeopata e coach ontológico. Atua como terapeuta em Brasília, DF.

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Médicos se interessam pela homeopatia, sistemas multidimensionais do ser vivo
porque esta é um sistema de cura que tem nos revelam um universo dinâmico, au-
suas leis formuladas com clareza e tem toconsciente, que se manifesta primeira-
se mostrado eficiente durante os últimos mente em sua dimensão extrafísica por
duzentos anos, conquistando um número meio de padrões energéticos, então a fun-
cada vez maior de adeptos entre médicos ção do terapeuta é a de restaurar o fluxo
e não-médicos. A homeopatia foi popu- dessas energias, antes que elas se manifes-
larizada principalmente pelos leigos que tem como doenças no corpo físico.
se reuniram no passado e continuam a fa-
zê-lo até hoje, com a intenção de estudar, Portanto, as leis formuladas pela ciência
difundir e praticar a filosofia homeopática. da homeopatia, por serem claras, precisas
Em vários países do mundo, os práticos e comprovadas, se bem aplicadas pelo te-
em homeopatia somam-se os milhares. rapeuta e bem aproveitadas pelo paciente,
são suficientes para devolver ao homem
Para compreender a atuação das homeo- o seu bem mais precioso: a saúde, e, para
patias, faz-se necessário indagar sobre a melhor compreensão das leis da cura, nes-
natureza do homem e recorrer às teorias te estudo foram escolhidos para reflexão os
e aos experimentos que reconhecem o ser parágrafos do Organon que dizem respeito
vivo como um sistema energético multi- à anamnese e à atuação do homeopata du-
dimensional e que a mente permanece na rante a consulta.
base de todos os fenômenos em que a alma
se manifesta. Ressalte-se que o medicamento homeopá-
tico é produzido por meio de experiências
As evidências da existência dos corpos realizadas com o homem sadio, e seus re-
sutis com os seus níveis de energia que sultados são conhecidos como patogenesia
influenciam no equilíbrio saúde/doença, ou efeito patogenético. Tais experimentos
podem ser detectadas, além de poderem são catalogados e disponibilizados nas co-
ser percebidos os efeitos das terapias ener- nhecidas Matérias Médicas ou Repertó-
géticas que lidam com esse nível invisível, rio Homeopático, que indica os sintomas
a energia vital, e os caminhos percorridos de cada substância estudada. Estas obras
por ela em diração aos órgãos internos, apresentam a classificação dos sintomas
ou seja, todo órgão do corpo se comuni- físicos, mentais, emocionais e sensações
ca com a pele, por meio dos caminhos da energéticas, que são peculiaridades, im-
energia, em forma de padrões energéticos. pressões importantes características da-
Portanto, a função do médico é a de res- quele medicamento. Com base na história
taurar o fluxo de energia vital, conforme biopatográfica da pessoa atendida, na ex-
o aforismo: “O médico superior cura antes pperiência do terapeuta e mais o amparo
que a doença se manifeste. O médico infe- dessas publicações técnico-informativas
rior só pode tratar a doença que não pôde (matérias médicas e repertórios), é pos-
prevenir.” sível intervir positivamente no contexto
adoecedor, auxiliando o doente a retomar
Ora, se, os conhecimentos referentes aos a saúde.

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COMENTÁRIOS AOS PARÁGRADOS DO ORGANON
§82. No tratamento das doenças dividuo em sua totalidade. Por ciso considerar a percepção da-
crônicas, devemos considerar isso, e fundamental entender o quela pessoa mesmo que seja
que os sintomas vêm evoluin- modo pelo qual cada individuo aparentemente ilógica. É o modo
do por muito tempo, o que tor- se comporta diante daquilo que de sentir que determina o adoe-
na mais difícil a sua identifica- se chama doença, o tipo de sin- cimento. Diante das pessoas que
ção, diferentemente das doenças tomas que manifesta, que tipo falam sem parar e se perdem nos
agudas, cujos sintomas caracte- de reações tem. O estado natural diversos assuntos, é necessário
rísticos tornam-se rapidamen- do organismo é o de equilíbrio, lembrar a ela o que é mais impor-
te evidentes, necessitando de como bem demonstrou Hahne- tante, e aprender a extrair da sua
menos perguntas na consulta. mann para que o indivíduo aten- fala o que realmente é sintoma,
da aos objetivos elevados de sua do ponto de vista homeopático.
A doença aguda, na maioria das existência. Decifrar a linguagem
vezes é a exacerbação de um qua- do principio vital do enfermo é §85. O médico abre uma nova
dro crônico. No que diz respeito considerar-lhe as características linha a cada circunstância en-
à doença crônica, é preciso en- física, emocional, mental, ener- contrada; os sintomas são ano-
tender inicialmente que a supres- gética e espiritual, procedendo tados separadamente, uns de-
são contínua do mecanismo de desse modo a repertorização. baixo dos outros, podendo
defesa leva ao enfraquecimento acrescentar outras coisas a eles,
progressivo da população, au- §84. O médico, no início do exa- que tenha sido primeiro rela-
mentando consequentemente a me, avisa que devem falar deva- tado de modo vago e depois
incidência de doenças cardio- gar, de modo que possa escrever expostos de modo mais claro.
vasculares, distúrbios neuro- as partes importantes da história
lógicos, cânceres e as diversas clínica, escrevendo com precisão O modo de apresentação da
manifestações das enfermidades nas próprias expressões empre- anammese é muito importante
de nossa época, causadas muitas gadas por eles. Mantém-se calado para o homeopata traçar um qua-
vezes pelo uso indiscriminado e evita interrompê-los, a não ser dro da pessoa, o que nem sempre
de antibióticos, vacinas, pílulas que divaguem, pois cada inter- é possível na primeira, segunda
anticoncepcionais, tranquilizan- rupção corta a ordem de idéias ou terceira consulta, tanto por
tes, cortisonas, hormônios, dro- dos narradores, que não lembra- conta do grau de confiança ain-
gas e substâncias estranhas que rão exatamente o que teriam dito da em construção, quanto pela
podem ser destruidoras, caso a princípio, sem a interrupção. O própria capacidade de consci-
a pessoa seja suscetível a elas. paciente então descreve a evolu- ência e memória da pessoa em
ção de seus sofrimentos ou os que tratamento. Por isso essa dispo-
§83. Para individualizar uma o acompanham relatam as suas sição é fundamental para per-
doença crônica, o médico deve queixas ou o que nele observa- mitir uma consulta rápida numa
investigar o necessário em cada ram; o médico deve utiliza todos próxima entrevista, e também
caso, ter ausência de precon- os seus sentidos para perceber o colocar-se a data de observa-
ceitos, sentidos perfeitos, aten- que há de alterado no paciente. ção daquele sintoma, para se ter
ção na observação e fidelidade uma idéia clara de sua evolução.
no traçar o quadro da doença. A primeira característica do Ho-
meopata deve ser a disposição §86. Quando os narradores
Em Homeopatia considera-se de ouvir. Sabendo ouvir, saberá terminam o que tinham a di-
doença a força vital alterada filtrar e compreender a melhor zer, o médico retorna a cada
para menos, considerando o in- conduta a adotar no caso. É pre- sintoma e obtém informações

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mais precisas sobre ele, len- do-o a tocar a memória de seu algo de natureza não-medici-
do os sintomas na ordem em atendido da maneira adequada. nal e adiar o exame mais com-
que lhe foram relatados e pro- pleto dos sintomas mórbidos.
curando obter mais detalhes. §89. Se o médico acha que
ainda não obteve todas as in- §91. Os sintomas do paciente du-
À medida que se vai observan- formações necessárias, de- rante uma série de medicamentos
do o sintoma e se aprofundan- verá fazer perguntas mais não permitem um quadro puro
do em suas modalidades, vai precisas sobre as alterações encon- de doença; os sintomas sofridos
se tendo um quadro preciso da tradas, de forma a caracterizá-las. antes do uso dos medicamentos,
imagem da pessoa e dos possí- ou após terem sido suspensos du-
veis medicamentos. A pressa e a Há uma diferença entre a per- rante muitos dias, dão à idéia ver-
desatenção, assim como o desco- gunta reflexiva, que estimula a dadeira da forma original da do-
nhecimento/conhecimento não pessoa a pensar sobre si mesma ença, e são especialmente esses os
aprofundado das matérias mé- em seu relacionamento consigo que o médico deve notar. Quan-
dicas impedem que esse quadro mesma, com as outras, com seu do a doença for de caráter crôni-
se forme da maneira adequada. ambiente, em suas circunstân- co, e o paciente estiver tomando
cias; a pergunta direta, que pede medicamentos até a época em
§87. Não se devem fazer per- uma resposta informacional qua- que for visitado, o médico pode
guntas ao paciente sugerin- se sempre de natureza pragmá- muito bem deixá-lo alguns dias
do a resposta, de modo que só tica; e a pergunta que tem como sem medicação, ou no intervalo
se obtenham respostas sim ou objetivo esclarecer, que é feita administrar-lhe algo de natureza
não, pois o paciente será suges- normalmente a partir do que a não-medicinal e adiar para mais
tionado, resultando num qua- pessoa disse. “Você me disse sen- tarde o exame mais completo
dro falso da moléstia, e, por- tir isso, gostaria de aprofundar dos sintomas mórbidos, a fim de
tanto, tratamento inadequado. um pouco mais essa questão...” poder apreender em sua pureza
os sintomas permanentes conta-
A pergunta sugestiva pode real- §90. Ao final o médico deve en- minados da afecção antiga e for-
mente levar à não delcaração cor- tão escrever o que ele próprio mar um quadro fiel da doença.
reta de sintomas, principalmente observou no paciente e verificar
nas pessoas menos assertivas e o quanto disto era peculiar ao Esses dois últimos parágrafos
muito sensíveis. Dessa forma, paciente em seu estado normal. se complementam e merecem
o homeopata melhorará na en- Quando o paciente estiver uti- atenção especial. Atualmente, é
trevista, também melhorando lizando vários medicamentos, muito comum a pessoa estar to-
como formulador de perguntas. estes não permitirão traçar um mando muitos medicamentos ao
quadro puro de doença, pelos mesmo tempo. Fazer a diferen-
§88. Quando o paciente não co- sintomas da droga adicionados, ça entre o sintoma patogenético
mentou sobre as diversas fun- mas após terem sido suspensos e o sintoma iatrogênico é muito
ções do corpo ou de seu esta- durante muitos dias, surgirá à difícil, ou, melhor dizendo, pra-
do mental, o paciente deverá forma original da doença, e são ticamente impossível. Por outro
ser estimulado para que pos- especialmente esses sintomas lado, pedir a suspensão do me-
sa falar mais sobre elas, em- originais os que o médico deve dicamento prescrito pelo médico
pregando expressões gerais. anotar. Quando a doença for de não é uma conduta ética. Esclare-
caráter crônico, e o paciente esti- ce-se a pessoa e mostra-se então
Nesse momento, os esquemas ver tomando medicamentos até a que a Homeopatia pode ajudar
sintomáticos dos repertórios ho- consulta, o médico pode deixá- equilibrando o seu escopo men-
meopáticos são um bom guia -lo alguns dias sem medicação, tal, o energético, pedir para que

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para o homeopata, auxilian- ou no intervalo administrar-lhe ela faça essa observação e avalie
com o seu médico a viabilida- tural a ocultar as deformações da obra de Hahnemann, ao rela-
de de retirar ou não o medica- de ordem moral, sem admitir as cionar a doenças com as condi-
mento. Mas é possível traçar um perversões e perversidades que ções psíquicas e sócio-ambien-
quadro aproximado do simili- trazem consigo. Por isso, para tais, cujos postulados estão mais
mum daquela pessoa estudando que o Homeopata obtenha suces- aptos à compreensão em nossa
a sua história clínica, a sua bio- so na coleta de tais informações é época, com o avanço científico.
patografia, fazendo-a buscar as preciso cautela, conhecimento de
características mais constantes si mesmo, humildade, muito tato §95. Nas doenças crônicas a in-
de sua personalidade. Por meio e principalmente a capacidade de vestigação dos sintomas deve
desse processo é possível che- ler o corpo e a alma do indivíduo. ser feita com o máximo crité-
gar ao medicamento mais apro- Há vários titulos técnico-infor- rio; os menores detalhes devem
priado e obter bons resultados. mativos que possibilitam uma ser observados, pois são os mais
interpretação cada vez mais acu- característicos e os que menos
§92. Nas doenças agudas, cuja rada dos sinais corporais, da lin- se assemelham ao de moléstias
gravidade não permite a demora guagem, inclusive dos silêncios. agudas; no entanto os pacientes
de atendimento, observaremos a Nesse momento, é importante ficaram tão habituados ao seu
condição atual, embora alterada também ter consigo a Matéria Mé- longo sofrimento, que prestam
por medicamentos, e se não pu- dica, para dirimir dúvidas e para pouca ou nenhuma atenção aos
dermos discernir quais os sinto- mostrar ao atendido que aquele sintomas de menor importân-
mas que estiveram presentes an- sentimento ou sensação não de- cia, não acreditando que essas
tes do seu emprego, tomamos o riva da maldade propriamente variações de seu estado de saú-
conjunto atual e obtendo-se um dita e sim de uma condição pa- de possam ter alguma relação
quadro clínico completo, utiliza- tológica passível de ser equilibra- com a sua enfermidade principal.
remos o remédio mais adequado. da com a homeopatia adequada.
Interessante notar que ele se re-
A conduta na doença aguda §94. Nas doenças crônicas, de- fere ao habituar-se ao longo so-
deve ser a de debelar o quadro vem ser pesquisadas as situações frimento, o que é uma realidade,
o mais rapidamente possível, peculiares do paciente como ocu- daí a importância de convidar à
considerando a similitude do pação, vida familiar, dieta etc., pessoa a conhecer-se, a perceber-
quadro apresentado com a simi- a fim de identificar e remover, -se, a olhar para si mesma, iden-
litude da homeopatia escolhida. anormalidades que possam pro- tificar o seu sofrimento, as causas
vocar ou manter a cronicidade do seu adoecimento e a vivenciar
§93. Quando uma causa for evi- da doença. Nas doenças da mu- um processo de autotransforma-
dente, o paciente ou os acompa- lher é muito importante avaliar ção. “Nunca havia pensado nis-
nhantes podem dar essa infor- condições como gravidez, este- so.” A gente se acostumar com a
mação, porém, quando a mesma rilidade, desejo sexual, partos, dor.” “Sempre foi assim, eu sou
tem caráter desagradável, e eles abortos, lactação, o estado de assim.” E nessas crenças a pessoa
não falam espontaneamente, sua menstruação e as leucorréias. não percebe que sofre e causa so-
o médico pode deduzir guian- frimento aos outros, isso no âm-
do as suas perguntas ou tomar As circunstâncias em que o in- bito físico e psíquico, deixando,
informações particularmente. dividuo se encontra, o meio- por sua vez, de cumprir os altos
-ambiente em que vive, as con- fins da existência. Cuidando bem
Saber perguntar é uma arte a ser dições de vida dessa pessoa são desses aspectos, o homeopata
desenvolvida pelo Homeopata, determinantes em sua condição torna-se um guia que vai levando
considerando que há terrenos de saúde ou de adoecimento, re- a pessoa sob sua responsabilida-
que para muitos são tabus, ver- movendo o que venha a ser causa de a essa descoberta, e o primei-

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gonha, e que há a tendência na- do adoecimento. Daí a grandeza ro passo é justamente o desen-
volvimento da autoconsciência nhantes geralmente não expres- mo nome. O médico deve ana-
e, conseqüentemente, de auto- sam exatamente o que o pacien- lisar o quadro puro da doença
cura por meio da homeopatia, te sente. Em todas as doenças, e atual, como se fosse algo novo e
especialmente nas crônicas, de- investigá-la completamente, sem
§96. Os hipocondríacos e outros vemos investigar o caso comple- jamais conjecturar. Deve exa-
indivíduos de grande sensibilida- ta e precisamente, o que requer minar todas as suas fases, pois
de, descrevem os seus sofrimen- cuidado, conhecimento da natu- cada doença é, em muitos as-
tos com expressões exageradas reza humana e muita paciência. pectos, exclusiva, diferente das
(sintomas a serem considerados epidemias anteriores, com exce-
na totalidade) para induzir o mé- O acompanhante tem o papel de ção das epidemias contagiantes.
dico a lhes receitar remédios, po- esclarecer e de ajudar a reconsti-
rem não estão inventando como tuir a história da pessoa, em alguns “Sem jamais conjeturar”. Essa
ocorre com os dementes ou os casos, mas tanto a criança como a talvez seja a grande dificuldade
que mentem voluntariamente. pessoa adulta devem ter a opor- da mente analítica acostumada a
tunidade de expressar o que sen- relacionar tudo e o grande perigo
O homeopata experimentado tem e nesse momento ser obser- em que o Homeopata inexperien-
percebe logo nessa pessoa a ne- vada pelo Homeopata, buscando te incorre, seja nos casos epidê-
cessidade de cuidados, de aten- resgatar o modo como ela relata micos, seja no dia-a-dia, quando
ção, de ser ouvido, os seus medos os seus sintomas, o seu gestual, a queremos “dar uma homeopatia
e usa a homeopatia para res- expressão facial, pois todo com- para isso ou aquilo” ou indica-
taurar a integridade, a confian- portamento traz uma informação mos um remédio simplesmente
ça e força interna do atendido. importante. Por isso, reforçamos baseados em experiência ante-
a necessidade de o Homeopata rior. Cada caso é um caso. Por
§97. Alguns pacientes deixam de empreender uma jornada de au- isso, é preciso investigar a doença
informar certos sintomas, achan- toconhecimento e a Homeopatia atual como se fosse nova, porque
do que não são importantes, ou faz isso, pois é essa luz que bene- cada epidemia terá sua caracte-
os descrevem em termos vagos. ficia primeiro a quem a acende. rística, ainda que guarde seme-
lhanças com a anterior, e cada
Considero, de todos, o caso mais §99. Na investigação das doen- doente tem a sua suscetibilidade.
difícil, pois a pessoa permane- ças agudas o médico tem me-
ce em silêncio e diz não saber nos para investigar, pois as al- §101. No primeiro caso de uma
o que sente, não ter percebido. terações da saúde ainda estão epidemia, pode-se não ter um
Nesse caso, a conversa informal frescas na memória do paciente quadro completo da doença. O
pode ajudar a conhecer a pessoa e ele as relata mais facilmente. exame cuidadoso dos casos se-
e adquirir a confiança necessá- guintes poderá fornecer as in-
ria ao desenrolar do tratamento As doenças agudas são muito im- formações necessárias para a
homeopático, mas a continua- portantes por expressarem a lin- escolha do remédio adequado.
ção dos encontros, bem como o guagem da força vital em seu pico §102. O acompanhamento de di-
tato e o preparo do homeopata máximo. Delas pode-se partir versos casos fornecerá os sinto-
são indispensáveis ao aprofun- com segurança para a investiga- mas globais da epidemia; os sin-
damento do vínculo terapêutico ção dos quadros crônicos e para tomas gerais ficam mais definidos
e ao progresso do tratamento. a compreensão dos miasmas. e os sintomas peculiares desta-
cam-se, caracterizando o quadro
§98. Devemos escutar princi- §100. Na investigação das doen- completo da doença. A totali-
palmente a descrição dos sinto- ças epidêmicas ou esporádicas, dade sintomática somente será
mas feita pelo paciente, pois as não é tão importante saber se já obtida com o exame dos pacien-

33
descrições feitas pelos acompa- existiram doenças com o mes- tes de constituições diferentes.
doença e seu sintoma externo
Nesses dois parágrafos, deve-se é a lepra. É um miasma crôni- Do mesmo modo, o miasma
considerar que, em epidemia, co que ao longo da evolução foi do luetismo ou sifilismo, que se
importa o quadro de sintomas transmitido de geração a geração, manifesta na fase física da síflis,
generalizados causadas por de- transmutando-se e ao mesmo abrange várias fases: espiritual,
terminado agente, mas, quan- tempo moldando-se às condi- energética, mental, emocional
do se toma o quadro individual ções físicas e psíquicas dos seres e física. A dinâmica miasmáti-
criteriosamente, percebem-se humanos, aparecendo de diver- ca mostra que enquanto a sico-
características semelhantes nos sas formas. As manifestações se se manifesta como carência
indivíduos adoecidos e identi- externas da psora sobre a pele, a de amor, o luetismo revela-se
fica-se aqueles que não se con- supressão da sarna são responsá- na agressividade, no suicídio,
tagiam, e isso demonstra o grau veis por transtornos secundários, no nível de destruição física e
em que se encontra a força vital. pois, após, vê-se o paciente livre mental. Na hora da consulta, a
Por isso, o objetivo será sempre o dos sintomas, mas criando novo compreensão do miasma é fun-
de estimular a força vital com os estado mórbido, uma modifica- damental para o acerto na esco-
medicamentos mais semelhantes, ção da psora. Hahnemann argu- lha do medicamento apropriado.
considerando a lei da similitude. menta que problemas de ordem
É interessante frisar que um me- nervosa, cânceres, estados dolo- §104. Quando conseguimos a to-
dicamento aplicado em massa, rosos, paralisias, deformidades talidade sintomática de qualquer
Eupatorum, por exemplo, numa do corpo, doenças mentais, não doença, teremos completado a
epidemia de dengue, guarda si- existiam em tempos remotos, parte mais difícil do trabalho mé-
militude com os sintomas apre- quando a psora limitava-se à sua dico e um guia a seguir durante
sentados pelos enfermos, e que o manifestação cutânea: a lepra. A o tratamento, para saber qual o
grupo de enfermos, por sua vez, modificação dos hábitos de hi- efeito do medicamento e as mu-
guarda semelhanças uns com os giene levou ao alívio externo da danças ocorridas no estado do
outros por várias razões, familia- sarna, que é a modificação da paciente. Em um novo exame do
res, ambientais, culturais, entre lepra mas, em contrapartida, tor- paciente ele só precisará riscar da
outras. É o que pode ser conside- nou-se mais disseminada e mais relação os sintomas que apresen-
rado o similimum do momento. geral. Ou seja, cada vez que jo- taram melhora, marcará os que
gamos a psora para dentro, ado- permanecem e acrescentará os
§103. Os casos crônicos devem ecemos, se isso não ocorre por novos que possam haver surgido.
ser investigados quanto à tota- meio dos sistemas excretores, o
lidade dos sintomas, de forma sistema de inteligência vital vai Muitas vezes se tem a impressão
mais detalhada do que nos ca- preservar a vida e os órgãos que de que a repertorização, a identi-
sos agudos. Os sintomas da do- não são de excreção são chama- ficação do miasma, tem por fina-
ença crônica miasmática, espe- dos a realizar esta função, é a cau- lidade descobrir o remédio ideal
cialmente a Psora, serão obtidos sa das inflamações, das retenções. naquele momento e não é isso
após o exame de diversos casos o que Hahneman afirma nesse
semelhantes, a fim de se achar o A sicose é o miasma do cancro parágrafo. Nesse ponto do texto,
remédio antipsórico adequado. venéreo. As excrescências da si- ele reforça a idéia de “um guia a
cose se manifestam nos genitais seguir no tratamento”. Quando se
Vale ressaltar aqui os miasmas comuns na gonorréia. A remo- faz um estudo da pessoa, faz-se
identificados por Hahnemann, os ção das excrescências não signi- com vistas ao desenvolvimento de
quais são considerados a doença fica a cura, porque, nesse caso, um plano de trabalho a ser segui-
crônica: psora, sicose, luetismo. o miasma que governa o orga- do durante um tempo determina-
A psora é a condição de todas as nismo não foi destruído, geran- do, e isso deve ficar claro para ho-

34
doenças. Está ligada à primeira do outros transtornos no corpo. meopata e cliente. Ao iniciar um
Considerações finais

atendimento, temos um projeto terapêutico, A repertorização é feita por meio da seleção


que pode ser revisto, alterado e/ou seguido. dos sintomas, de modo a chegar ao similli-
mumm. Inicia-se com a tomada do caso, a
§105. A segunda parte do trabalho do partir das manifestações de queixa do pró-
médico é o de conhecer o poder pa- prio individuo, da observação do homeopata,
togenético das drogas, para escolher das condições que agravam ou melhoram os
aquela droga que possua o conjunto de sintomas apresentados, dos horários de ma-
sintomas artificiais semelhantes à totali- nifestação, dos sintomas mentais, das reações
dade dos sintomas das doenças naturais. emocionais, do tempo de aparecimento dos
§106. Devemos conhecer todos os efei- sintomas entre outros.
tos patogenéticos de cada um dos diver-
sos medicamentos (todos os sintomas e Esse momento, além de oferecer ao terapeu-
alterações mórbidas provocados no indi- ta informações necessárias à boa escolha dos
víduo sadio, durante a experimentação). medicamentos, escalas, diluições e potências,
§107. Ao administrarmos medicamentos deve igualmente levar a pessoa à reflexão, a
nas pessoas doentes, mesmo que um de questionar-se, e despertá-la para o autoconhe-
cada vez, pouco ou nada se observará dos cimento. A função da pergunta reflexiva é ob-
sintomas puros das drogas, pois as altera- ter informações de forma indireta e estimular
ções a serem esperadas no estado de saúde a pessoa a falar, resgatando sua história bio-
misturam-se com os sintomas do doente. patográfica, constituída por sintomas mentais,
emocionais, energéticos, físicos.
Segundo Brunini, a Matéria Médica decide.
O Repertório indica a série de medicamen- Como toda cura é uma autocura, não devemos
tos disponíveis com sintomas semelhantes, nos limitar simplesmente a estudar a pessoa
e o estudo da Matéria Médica é quem vai para achar o similimum, mas sim orientá-la
completar a arte do Homeopata. Ele pre- quanto à sua responsabilidade perante a vida
cisa demonstrar para aquela pessoa que o na realização de um processo de autotransfor-
sintoma “parece que sou feita de vidro” está mação, cuja primeira responsabilidade é tomar
na MM de Thuya Occ. Sem o domínio da o medicamento corretamente, observar-se a si
MM não é possível um trabalho de Home- mesmo em todos os seus relacionamentos, ob-
opatia confiável, pois não há como acom- servar os seus estados mentais e perceber a di-
panhar adequadamente a evolução do caso. ferença após a tomada do medicamento. Sem-
pre recomendável fazer um acompanhamento
Insistimos no cumprimento dos “mais al- periódico, para avaliar melhor o resultado das
tos fins da existência”, pois esta é a função intervenções feitas, e tenho observado que as
da Homeopatia: reestabelecer a saúde com pessoas empenhadas no processo de autocura
vistas aos mais altos objetivos da Vida, obtêm resultados mais imediatos, saindo da
que têm uma origem maior, daí a impor- zona da queixa para a percepção de si mesmas
tância de, desde o primeiro contato com o como indivíduos responsáveis pelos adoeci-
cliente, fazê-lo entender que a homeopa- mentos que vivem, assim como pelo retorno à
tia não é um removedor de sintomas in- saúde. Nessa prática, busco aproximar-me do
cômodos, e sim um recurso de equilíbrio que Hahnemann preconiza no Parágrafo 9: no
energético, uma medicina vibracional de estado de saúde, a força vital mantem todas as
alcance profundo, que pode gerar bene- atividades em harmonia e o espírito pode al-

35
fícios duradouros e muito significativos. cançar os mais altos fins da existência.
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ZOBY. Elias Carlos. Taxionomia Homeopática. Robe Editorial. São Paulo. 1996.

36
DE OLHO NA PESQUISA
Monografia: TRATAMENTO MIASMÁTICO NA CURA DE ALOPÉCIA AREATA

Muriel Margareth Costa Gama

RESUMO INTRODUÇÃO
Alopecia areata é uma enfermidade crôni- Alopecia significa “queda de cabelo”, e
ca que se caracteriza pela perda de cabelo, areata, de origem grega, significa tempo-
afetando qualquer área portadora de pelos, rária. A alopecia é uma doença que se ca-
também descrita como doença autoimu- racteriza pela perda excessiva de cabelo,
ne. Sendo que sua primeira descrição foi a qual, além de indicar algum problema
feita por Cornélius de Celsus ao relatar à interno, também interfere de forma nega-
queda de cabelo designando de calvice e tiva na saúde mental e emocional das pes-
de ophiasis a área calva distribuída através soas, podendo ser, igualmente causada
do couro cabeludo. Porém foi Hipocrates o por desequilíbiros mentais e emocionais.
primeiro a utilizar o termo alopecia como A doença pode iniciar em qualquer ida-
característica da doença. Nas fases agudas de, atingindo homens e mulheres, sendo
as lesões são levemente eritematosa e ede- sua maior incidência entre 20 e 50 anos.
matosa, surgindo na periferia das placas os Geralmente, começa com uma ou duas
pelos peládicos que se apresentam afilados lesões pequenas, redondas do tamanho
menos pigmentados. Contudo as placas de uma moeda, sem pelo. Embora seja
de alopecia areata são assintomáticas, em- comum no couro cabeludo, pode ocorrer
bora os doentes queixam-se de secreções em qualquer área com pelo, como pálpe-
parestesicas com prurido discreto, dor bras, sobrancelhas etc.. Pode ainda apre-
ou sensação de ardor local. As formas de sentar um desconforto discreto ou pruri-
alopecias são várias que vais desde placa do durante o desenvolvimento da placa, e
única em que a pele se apresenta normal as unhas também podem ser acometidas,
com pelos de aparência também normal tornando-se finas e com pontas distorci-
na periferia da placa; na ofiásica, a perda das.
do cabelo ocorre na linha de implantação
temporoccipital, na universal há a perda Este trabalho apresenta dados obtidos
total de pelos. De acordo com estudos pu- por meio de pesquisa na literatura ho-
blicados a alopecia é um a doença decor- meopática e em artigos publicados, além
rente do miasma da psora. de um estudo de caso, com o intuito de
entender sua etiologia, aspectos clínicos e
PALAVRAS-CHAVE sua patologia. Para tanto, se faz necessá-
ofiásicas, temporoccipital, parestesicas, pytiria- ria uma boa investigação, com anamnese
sis, eritematosa, edematosa. bem elaborada identificando os fatores
envolvidos na queda do cabelo.

37
DEFINIÇÃO ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE
De acordo com os Anais Brasileiros Dermatologia, Bedin & Bedin ressaltam que a pele é órgão cutâ-
Alopecia Areata (AA) é uma afecção crônica dos neo integrado harmonicamente na unidade vital.
folículos pilosos e das unhas, de etiologia desconhe- É considerada glândula, cuja forma, disposição
cida, provavelmente multifatorial, com evidentes e localização lhe dão características especiais,
componentes autoimunes e genéticos. Determina a representando 15% do peso corpóreo. A quan-
queda dos cabelos ou pêlos por interrupção da sua tidade de sangue circulante pelos vasos cutâne-
síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos fo- os equivale a 30% do sangue total. É também o
lículos, motivo pelo qual pode ser reversível. órgão maior e mais visível do corpo humano, e
acumula diversas funções: controla a temperatu-
Para Moreira Jr, Alopecia Areata é um tipo de queda ra orgânica, protege contra doenças, dá sinais de
súbita e temporal de cabelos, por vezes recorrente, alterações internas, isola o meio interno do meio
não cicatricial, que pode afetar qualquer área porta- externo e é uma barreira eficaz contra os germes.
dora de pelos, e que vem sendo descrita como uma Também nela se encontram fluidos linfáticos são
doença autoimune. essenciais para proporcionar alimento às células e
excretar os produtos já elaborados.
Macedo (1989) descreve o fio de cabelo como uma
unidade anatômica demonstrada a partir de uma A finalidade da pele é a proteção do organismo
glândula sebácea anexada ao pelo. Esta estrutura se em relação aos agentes agressores do meio am-
chama folículo piloso, que se encontra na derme, li- biente, quer sejam físicos, químicos ou biológi-
gada a ela por um músculo eretor. A extremidade cos, e, para tanto, a pele desenvolve as seguintes
inferior do pelo é denominada de papila dérmica, funções:
elemento essencial por que é através dele que ocorre
o fluxo sanguíneo proveniente do organismo. Em- Regula o PH superficial;
briologicamente, provém de um folheto de embrião Demonstra capacidade auto-esterilizadora, regu-
chamado ectoderma, enquanto a papila dérmica lando o crescimento da flora bacteriana micótica;
deriva de outro folheto, o mesoderma, conforme se
pode ver na imagem a seguir: Regula a passagem da água através da pele;

Figura 1: Anatomia do pelo humano Produz emulsão água em azeite ou azeite em água;
Mantém resistência, plasticidade e suavidade de
superfície, protegendo o meio interno, além de
eliminar e excretar produtos elaborados e toxinas
externas.

A pele possui duas capas de origem e constituição


diferentes: a epiderme e a derme. Alguns autores
consideram também a existência de mais uma
Fonte: http://iniciantesemcabelos.blogspot.com. capa mais profunda que denominam hipoderme,
br/2013/04/anatomia-capilar.html mas todas estas vinculadas anatômica e funcio-
nalmente. Epiderme é a camada mais externa e
Pelo – é um produto da pele constituído de uma proporciona uma superfície resistente e elástica,
raiz e uma haste. Cada pelo se origina de uma inva- possuindo como função principal a produção de
ginação da epiderme, o folículo piloso, que na fase melanina, e possui algumas camadas:
de crescimento se apresenta como uma dilatação
terminal chamada bulbo piloso, em cujo centro se Camada basal ou germinativa - é a camada mais

38
observa a papila dérmica. profunda em que repousa a derme.
Espinhosa ou granulosa - constituída por cabelos
poligonais e por tomofibrilas. OUTROS ASPECTOS
Camada lúcida - é a mais externa, de espessura
variável composta de células mortas sem núcleo e
com citoplasma contendo queratina. São elimina-
das constantemente e, quando ocorre à elimina- ASPECTOS HISTÓRICOS
ção, é denominada de exoneração da pele.
O primeiro a descrever a queda de cabelo como
Já a derme é o tecido conjuntivo sobre a qual se
doença foi Cornélius de Celsus, em 30 a.C, apon-
apoia a epiderme e que se comunica com a hi-
tando duas modalidades: a primeira foi relatada
poderme. Além dos vasos sanguíneos, linfáticos e
como calvície completa, que ocorria em pesso-
nervos, também são encontradas outras estrutu-
as de todas as idades, e a segunda foi chamada
ras derivadas da epiderme: pelos, glândulas sebá-
“ophiasis”, devido a uma ampla área calva distri-
ceas, sudoríparas e as unhas.
buída através do couro cabeludo. No entanto, foi
Hipócrates o primeiro a utilizar o termo alopecia
Por sua vez, a Hipoderme, formada por tecido
aplicado como característica da doença, “queda
conjuntivo frouxo, une de maneira pouco firme
de cabelo” tal como é conhecida hoje: alopecia
a derme aos órgãos subjacentes, e é responsável
areata, a qual se deve a Sauvages, que a utilizou
pelo desligamento da pele sobre as estruturas nas
em “Nosologia Médica”, publicado em 1760,
quais se apóia, conforme representado na figura
Lyons - França.
2.
No século XVIII, ocorreram vários debates sobre
Figura 2: Representação de um corte da as causas da alopecia areata, se destacando duas
Pele hipóteses, uma baseada em infecção parasitária e
outra em alteração nervosa. Após várias tentati-
vas para isolar o organismo infectante e transferir
AA por inoculação, em experiências não bem su-
cedidas, essa hipótese foi desconsiderada, mas a
neurológica foi sustentada com base na frequên-
cia das observações clínicas de traumas, estresse
fisco e emocional relatadas em jornais médicos
da época. Embora esta hipótese seja difícil de ser
provada, ela ainda é sustentada por alguns der-
matologistas.

No início do século XX, a AA ficou conhecida por


estar associada à desordem das glândulas endó-
crinas. Surge ainda nesse período a ideia de que
AA seria induzida por agentes tóxicos, não sendo
aceita pelos médicos. Prosseguiu-se nos estudos e
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=anato- observou-se que folículos capilares afetados por
mia+do+p%C3%AAlo+humano&source=lnms&tbm=is- AA estavam envolvidos por células inflamató-
ch&sa=X&ved=0ahUKEwjwk_GW4N_XAhXMGJAKHQ- rias, mas tal hipótese somente foi aceita depois de
QXAZ8Q_AUICigB&biw=1094&bih=510#imgrc=_cbDr-
1960. Atualmente, acredita-se que AA seja tam-
Q9KKvQa1M:
bém uma lesão autoimune.

39
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS Hábitos: uso de produtos químicos, freqüência de
lavagem, tipos de penteado, devem ser avaliados
Os dados estatísticos registrados na literatura são minuciosamente;
variáveis, pois a afecção pode iniciar-se em qual- Drogas: as drogas estão envolvidas com a perda
quer idade, havendo um pico de incidência entre dos cabelos. Tratamentos de tumores causam a
20 e 50 anos, sendo que 60% dos doentes apre- perda abrupta dos mesmos;
sentam o primeiro episódio da doença antes dos
20 anos. Estresse: alterações emocionais excesso de traba-
lho, ansiedade, depressão, podem indiretamente
alterar o ciclo capilar e provocar queda de cabelo.

ASPECTOS CLÍNICOS Após anamnese, o exame físico é fundamental


para se identificar o tipo de alopecia. Conforme
Fernandes apud Steiner (2000) menciona que artigo publicado pelos Anais Brasileiros de Der-
para esclarecimentos de queda do cabelo deve-se matologia (Rivitti) em geral os doentes relatam
realizar uma anamnese muito bem elaborada, de- perda de cabelo e presença abrupta de áreas alo-
talhada e completa, pois vários fatores e situações pécicas apresentando placa de alopecia lisa com
podem estar envolvidos: coloração da pele normal que atinge o couro ca-
beludo ou qualquer área pilosa do corpo. Nas fa-
tempo de duração e frequência: verificar se a ses agudas, as lesões são levemente eritematosas,
queixa é aguda, crônica, persistente ou em surtos; edematosas e surgem na periferia das placas os
queda de cabelo ou alteração da estrutura da pelos peládicos ou “pêlos em ponto de exclama-
haste: é essencial diferenciar-se a queixa do afi- ção”, que se apresentam afilados e menos pigmen-
namento e rarefação dos cabelos ou se refere ao tados no ponto de emergência do couro cabeludo
aumento da perda dos fios; com espessura maior na extremidade distal. Tais
pelos demonstram disposição de pigmento melâ-
histórico familiar: doenças genéticas; nico na clava (sinal de widy) ainda que não abso-
lutamente patogênicos, e sugerem o diagnóstico
histórico completo sobre saúde: é importante ve- quando presentes. As placas de alopecia areata
rificar todo o histórico de doenças que pré- exis- são habitualmente assintomáticas, embora vários
tem ou que ocorra no momento. Hipotireoidismo doentes se queixem-se de sensações parestésicas
é causa freqüente de queda de cabelo, assim como com prurido discreto, dor ou sensação de ardor
anemia, sífilis entre outras; local.

histórico hormonal: os hormônios andrógenos Há vários aspectos semiológicos que podem au-
estimulam o afinamento e queda de cabelo. xiliar no diagnóstico de AA, tais como:

Sendo assim, tensão pré-menstrual e o climaté- Positividade do sinal da tração suave - nas fases
rio podem estar associados à queda de cabelo. agudas da afecção, os pelos se desprendem facil-
Alterações dos hormônios tireoideanos também mente à tração suave que se faz na periferia das
podem resultar em acentuada queda dos cabelos, placas. Nas fases mais crônicas, essa manobra é
tais como: negativa e os pelos não se desprendem com facili-
dade quanto na fase aguda;
Dietas restritivas podem provocar alterações ca-
pilares, pois a qualidade e normalidade do fio de Presença de pelos cadavéricos – são pelos nos
cabelo estão diretamente relacionadas à ingestão quais ocorre fratura da haste no interior do fo-

40
equilibrada de proteínas e vitaminas. liado piloso, produzindo-se pontos enegrecidos
dentro do ostio folicular que se assemelham a TRANSMISSIBILIDADE DA
condões; ALOPECIA
Desenvolvimento de penugem branca de cerca É grande o número de pessoas atingidas pela alo-
de meio centímetro de cumprimento ao longo da pecia e sua sintomatologia externa, que é a perda
área alopécica. de cabelos. Como não era considerada enfermi-
dade, também não se pressentia que fosse trans-
À medida que as lesões evoluem para fases mais missível, contudo a disseminação é maciça, pois
crônicas, a presença desses sinais não é mais de- se verifica pessoas que apresentam perdas de
tectada e pode surgir leve hiperqueratose foli- cabelos, bem como outras que já possuem a en-
cular na área alopécica. Finalmente, a superfície fermidade e ainda não perceberam as alterações
das áreas alopécicas pode tornar-se ligeiramente exteriores.
atrofica, mas nunca com aspecto cicatricial. De
acordo com o número de lesões, extensão do aco- Verificam-se pessoas idosas com poucos cabelos
metimento e a topografia das perdas de cabelos e brancos, assim como pessoas que apresentam
ou pelos, a alopecia areata é clinicamente classi- muitos cabelos brancos, considerados do tipo re-
ficada em vá sistente, pois possuem o problema, mas seu or-
ganismo reage repondo os seus cabelos, embora
alterados na cor, e às vezes na textura. Apesar des-
sa resistência natural à doença, esta não regride
espontaneamente, continuando o seu avanço.
CARACTERISTICAS, TRANSMISSIBI- É o que constataram Bedin & Bedin após cinco
LIDADE E FORMAS CLÁSSICAS DA anos de estudos realizados com 461 pacientes na
ALOPECIA faixa etária de 15 a 35 anos de idade, todos porta-
dores de alopecia em diversos graus, nos quais se
CARACTERISTICAS EXTERNAS DA observaram, em exame físico e clínico do couro
cabeludo e pele: poros dilatados; eritemas; áre-
ALOPECIA
as de excessiva oleosidade; excessiva escamação;
acne; prurido; sensibilidade dolorosa ao tato; al-
Null & Null, apud Bedin & Bedin, dizem que o
teração na cor e no couro cabeludo; manchas es-
número de famílias microbianas varia nas diver-
curas e claras; alteração no folículo piloso; queda
sas partes do corpo humano, e por essa razão ha-
de cabelo. Perceberam também, via exames mi-
verá áreas capilares que se apresentarão mais afe-
croscópicos e cultura, grande quantidade de fun-
tadas que outras. Ressalta ainda que as áreas de
gos da família cândida.
maior atuação dos germes são nas áreas capilares,
onde é mais propicio ao seu desenvolvimento, as-
No caso dos jovens que apresentavam cabelos
sim como as áreas que sofrem mais os estímulos
brancos, a perda precoce dos cabelos não se pode
de fricção são as que mantêm menos famílias de
considerar natural, pois tais quedas não são ca-
microorganismos e, conseqüentemente, mais ca-
racterísticas pessoais, herdadas, mesmo que haja
belos.
casos na comunidade. Embora se preconize a
teoria da hereditariedade como uma das causas
Em outras áreas do corpo a densidade microbia-
principais da perda de cabelos, ainda que tenham
na mais elevada ocorre no rosto principalmente
antecedentes familiares, o indivíduo poderá apre-
ao redor do nariz, também em grande número no
sentar suscetibilidade, predisposição, uma maior
pescoço, nas axilas e virilhas. Essas áreas são mais
resistência, até mesmo porque não se trata de fa-
seborreicas.

41
tor genético.
FORMAS CLÁSSICAS DA ALOPECIA
Outro aspecto observado é que, dos 41% dos pa- AREATA
cientes que relacionaram o início da queda de ca-
belo com outra patogenesia orgânica, somente um
Em placa única ou unifocal – nessa forma há uma
apresentou distúrbio hormonal. No que se refere à
única placa alopecica redonda ou ovalada lisa, na
cronicidade, evidencia-se pela manifestação atra-
qual a coloração da pele se apresenta normal com
vés dos sintomas de caspas, seborréia, queda dos
pelos de aparência normal na periferia da placa,
cabelos, que são periódicas e intermitentes, razão
facilmente retirados por tração, podendo estar
pela qual sua ação se faz de modo quase impercep-
presentes típicos pelos peládicos.
tível: alternando período de quedas com períodos
estacionados e assim sucessivamente.
Em placa múltipla ou multifocal – nessa forma
ocorrem múltiplas placas alopécicas típicas afe-
Identificou-se que as doenças capilares davam-se
tando apenas o couro cabeludo ou também outras
sempre da mesma forma, conservando as mesmas
áreas pilosas.
características em diferentes indivíduos e consti-
tuições, e não sendo hereditárias nem hormonais,
Ofiásica – nesta a perda dos cabelos ocorre na
mas transmissíveis via contato de pele ou de obje-
linha de implantação temporooccipital, surgin-
tos contaminados de uso pessoal de portadores de
do área alopecica extensa em faixa que atinge as
alopecia.
margens inferiores do couro cabeludo.
Os sintomas de prurido e alterações no nível de
Alopecia areata total – há perda total dos pêlos
pele com características de grande transmissibili-
terminais do couro cabeludo sem acometimento
dade, evolução crônica em períodos estacionários
dos demais pêlos corpóreos, mas podendo haver
temporariamente, mas que estão sempre evoluin-
acometimento ungueal.
do, o que não regride espontaneamente. Portanto,
não se pode enfatizar que seja por hereditariedade
Alopecia areata universal – há perda total dos pê-
ou por causa hormonal.
los corpóreos sendo afetados o couro cabeludo, os
cílios, supercílios, barba, bigode, axilas e áreas ge-
De acordo com os resultados obtidos, os autores
nitais. Em geral, ocorrem associadamente lesões
relatam que crêem que nenhuma teoria apresen-
ungueais variáveis.
te uma explicação razoável a respeito da alopecia
vulgar, pois tais resultados demonstram que as
Além desses padrões, existem apresentações atí-
patologias do couro cabeludo, abordadas desde o
picas das alopecias areatas:
seu estágio inicial como uma Pityriasis simples até
uma calvície avançada são causadas por um tipo
Tipo sisaifo (ofiasis inversal) – a perda de cabe-
de micro-organismo passível de ser transmitido a
los atinge todo o couro cabeludo poupando suas
outro indivíduo.
margens inferiores, ao longo da linha de implan-
tação temporoccipital, É a imagem clínica inversa
Verificaram ainda que os sintomas em nível de
da forma ofiásica.
pele e cabelo, com caspa, espinhas e queda de ca-
belos apresentados são semelhantes aos sintomas
Tipo reticular – ocorrem múltiplas placas sepa-
externos da Psora, descritos por Hanheman.
radas por estreitas faixas de cabelos preservados,
configurando aspecto reticulado ao conjunto.

Tipo difusa – a perda de cabelos é aguda e difu-


sa. Pode ser a forma inicial, principalmente em
crianças e adolescentes ou pode surgir a partir de
42
formas emplacas. A maioria desses casos evolui No que se refere aos sintomas, estes são mais
para formas mais graves de alopecia areata total acentuados no período da manhã, ao despertar.
ou universal. Para esta forma o diagnóstico é mais O agravamento ocorre pela retenção ou diminui-
difícil exigindo diagnose diferencial com deflúvio ção da eliminação fisiológica.
telógeno agudo, alopecia androgenética e mesmo
alopecia sifilítica, necessitando em geral exames Para melhor compreensão, relacionamos algu-
complementares até exame histopalógico me- mas reações primárias:
diante biopsia.
Medo ansioso;
Os emunctórios naturais são acionados havendo
ESTUDO MIASMÁTICO: PSORA, aumento dos gânglios do pescoço, exonerações
SICOSE E LUETISMO. no nível do aparelho respiratório com apareci-
mento de resfriados freqüentes, acessos de asmas
PSORA etc., que nada mais são do que as reações do orga-
Para Hahnemann, a psora é uma doença conta- nismo na tentativa de eliminar a psora;
giosa, crônica mais antiga, mais universal, mais
destrutiva e não obstante a mais irreconhecida Fraqueza muscular com facilidade para o deslo-
das doenças miasmática que há milhares de anos camento das articulações e dores em geral;
vem desfigurando e torturando a humanidade e
que nos últimos séculos tem se tornado a mãe de Pode apresentar náuseas, disfunção intestinal
milhares de doenças incrivelmente variadas (agu- com diarréias ou constipações e facilidades para
das) e crônicas (não venéreas), pelas quais é mais se desenvolverem vermes intestinais, parasitas
e mais afetada a totalidade da raça humana civi- dérmicos e febre;
lizada na parte habitada do globo. Possui como
uma de suas características o prurido, e, se negli- Estado de defesa e amuo dos de todas as elimi-
genciada, a erupção externa possibilitará que se nações;
alastre pela pele, podendo ocorrer a insinuação
de princípios mórbidos pelos vasos absorventes O sistema mais sensível é a pele, que em geral é
da massa humoral, infectando o sangue e outros doentia, com várias alterações que podem variar
líquidos, abafando a saúde. de espinhas a erisipela, podendo atingir o couro
cabeludo, e ocorrer inflamações bacterianas;
Dentre todos os miasmas, a psora é a mais conta-
giosa de todas as doenças infecciosas, e para que A energia das estruturas celulares está em proces-
ocorra o contágio é necessário apenas o contato so de diminuição gradual;
com a epiderme. Em geral, é fácil o processo de
contaminação, pois as vesículas que se manifes- Agressividade controlada;
tam na ação primária são as infectantes e em ou-
tras ocasiões relata o alto grau de contágio, pois o Funções mentais momentaneamente bloqueadas
próprio médico se for psórico poderá inocular a e outras.
doença no simples ato de tomar o pulso do enfer-
mo, assim como um aperto de mão, a toalha de No que se refere às reações orgânicas secundárias,
uso do enfermo são suficientes para transmitir a os órgãos estão mais comprometidos. Havendo
enfermidade. E, no estágio secundário, os agentes falha nos emunctórios naturais, outras partes do
infecciosos, além de estarem contidos com suas organismo serão acionadas, tais como:
toxinas no sangue, também se encontram disse-
minados pela pele. dores nos olhos, sensibilidade à luz;

43
alteração na voz, irritação na garganta com acú- pela repetição, pelas cirurgias e vacinas; refletin-
mulo de muco; do na agressividade em todas as áreas do com-
portamento, sobretudo na sexual; o aumento de
a pele se altera apresentando grande sensibilida- peso intempestivo, obesidades globais; bloqueios
de, os músculos perdem a elasticidade, flacidez, progressivos e lentos dos emunctórios impor-
câimbras; tantes e do sistema da defesa imunológica, in-
capacidade de discernir certo do errado, medo
no peito, dores variadas, queimantes ou disrit- projetivo irracional; assim também os processos
mias cardíacas; inflamatórios locais dolorosos se instalam em de-
corrência da ação bacteriana; derrames em várias
aparelho urinário é acionado, procurando elimi- partes do organismo; imaginação fértil, a princi-
nar as substancias nociva, sofre graves alterações; pio, depois embotada; corrimentos de diferentes
aumentam ansiedade, irritações, melancolias, mucosas, após desenvolvimentos do processo
sustos; proliferativo; facilidade em se entregar a trapaça,
latrocínio, criminalidade.
sono perturbado, podendo ocorrer mudanças de
conduta como cólera, horror ao trabalho etc.. SIFILINISMO

SICOSE É a doença do cancro venéreo. O cancro aparece


após um coito impuro, entre o 7º e14º dia, prin-
É o miasma cuja fase física é a gonorréia. É a doen- cipalmente no membro infectado, a princípio
ça do figo, que se manifesta primeiro nos órgãos como pústula que se transforma numa úlcera im-
genitais e às vezes nem sempre é acompanhada de pura com bordas em relevo e dores aferroantes, a
uma espécie de gonorréia pela uretra, vários dias qual, se não for curada, permanece impassível no
ou semanas, inclusive depois das infecções pelo mesmo local.
coito. Para Egito, a causa determinante da sicose é
a incapacidade do organismo manter o equilíbrio A causa básica do sifilinismo é a incapacidade do
vital ao nível da psora. organismo de manter-se em equilíbrio mediante
os mecanismos psoricos ou sicóticos.
São características apresentadas pela sicose:
A pele é o palco de distúrbios lesionais sérios, le-
Na pele, as células que secretam com a finalidade sões de fundo sifilínico como a psoríase e a escle-
não emunctorial são as glândulas sebáceas, que, rodermia, envolvendo o próprio tecido conjunti-
com sua funcionalidade exarcebada, dão origem vo fibroso e o colágeno.
à oleosidade com a modificação do habitat, ocor-
rendo às lesões inflamatórias de origem bacteria- O agravamento se dá pela supressão de descar-
na, surgindo cravos, espinhas, lesões esfoliativas, gas pela transpiração, pelo ar, pelo horário, pelo
herpes etc.. Ocorrem também proliferações tissu- tempo, clima.
lares controladas (tumores benignos) resultantes
da compulsão exonerativa, verrugas, cistos. Outras características do sifilinismo:

No plano mental predominam desconfiança, pos- agressividade acentuada e tendência destrutiva,


sessividade, ciúmes, racionalidade, defensividade, levando o individuo a criminalidade e autodes-
ditatoriedade, egolatria, arrogância, depreciação, trutividade;
introversão, empreendimento, labor.
comprometimento funcional das células nervo-

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Quanto ao agravamento, ocorre pela retenção, sas e cerebrais;
desagregação do intelecto atingindo o nível da Profunda tristeza que produz ansiedade com for-
inteligência e as áreas afetivo/emotivo com um tes pensamentos suicidas;
estado de melancolia profunda;
Se sente abandonado desamparado;
distúrbios mentais;
Esquece os lugares e também o que leu; péssima
excessos de todo o tipo, dinâmico, instável, into- memória;
lerante;
Transtorno por antecipação;
o organismo apresenta alteração funcional acen-
tuada e perturbações histofisiológicas; Grande sensibilidade ao frio, tendência a resfriar-
-se;
substituições nobres das funções por outras de-
terioradas; Todas as excrescências têm mal odor, seu corpo
tem mal odor;
aparecimento de úlceras, gangrenas, neurites pe-
riféricas com escoamento de fluidos. Grande debilidade ao menor esforço, sobretudo
o mental;
percepções alteradas, estados alucinatórios e de-
lirantes; Vertigem com cefaleia;

facilmente dominado pela ambição, orgulho, ne- Costas úmidas e ulceradas, eczemas, erupções se-
cessidade de dinheiro ou afundamento na melan- cas ou úmidas;
colia.
Otite com secreção purulenta e fétida;
REMÉDIOS MIASMÁTICOS
Pele de aspecto sujo, brilhante, pálida, enfermiça;
Para melhor compreensão dos remédios mias-
máticos, faz-se necessário esclarecer os seguintes Ulcerações e aftas na língua;
conceitos. Miasma é também denominado de di-
átese, considerado restos energéticos relaciona- Grande tendência às anginas;
dos ao adoecimento. Nosódio é o medicamento
oriundo do material patológico de uma doença. Condilomas no pênis e prepúcio;
Os remédios miasmáticos estão relacionados por
ordem dos miasmas, nos quais se destacam algu- Menstruação irregular, escassa, fluxo abundante e
mas características dos sintomas de cada um dos de odor intolerável;
remédios descritos a seguir:
Debilidade das articulações;
PSORINUM
Transtorno por supressão e erupção da sarna, ou
É o nosódio indicado no tratamento miasmático por aplicação local.
da psora, que apresenta os seguintes sintomas:
SULPHUR
Desesperado devido ao prurido da pele;
É um remédio antipsórico, considerado um gran-
Profundo sentimento de culpa; de policresto, apresentando ainda outros sinto-

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mas a seguir:
sicótica e a mudar o terreno no qual a doença se
Excita o sistema sanguíneo e desenvolve sua sen- desenvolve. É considerado um remédio extrema-
sibilidade durante uma enfermidade crônica sua mente enérgico para combater conseqüências de-
reação é torpida, leva a um recrudescencia dos ploráveis de vacinação, da pequena varíola ou de
fenômenos de reação ou aparecimento de sinto- qualquer intoxicação. E tem por características
mas antigos; os seguintes sintomas:

É útil após uma doença aguda prolongada, quan- Mentalmente, o indivíduo apresenta grande
do o doente não reage; emotividade, sobretudo quando ouve música;

Tem sobre a pele uma ação geral positiva e per- Inquietude por tudo e agitação;
sistente, parece buscar na superfície da pele todas
as inflamações internas e toxinas; Enfraquecimento intelectual;

O ponto mais importante é a metástase vir do A pele da face é oleosa com aspecto sujo, cravos
interior para o exterior ou vice versa, se houver no sulco nasolabial e no queixo, na raiz do nariz
uma influência violenta que faça a afecção peri- e nas sobrancelhas;
férica se recolher;
A pele tem aspecto sujo, viscoso, com manchas
A metástase essencial é a pele, parece que as par- amarronzadas;
tículas do metalóide buscam um caminho para
o exterior nos locais de menor resistência (alças Excrescências carnudas, úmidas, pendiculares,
capilares que irrigam a derme sob a epiderme; fétidas;
glândulas sudoríparas e sebáceas, onde o suor se
localiza e fica fétido,...). Pensamentos e ideias fixas, obsessivas;

Age sobre as mucosas de forma profunda; Cansado da vida, aborrecido da vida;

Age no tecido linfóide, inflamando e hipertro- Hiperprodução tissular em que aparecem verru-
fiando os gânglios; gas, condilomas;

No aparelho circulatório, determina alterações O couro cabeludo é coberto por escamas;


congestivas variadas;
Os cabelos são secos, sem brilho, com caspas
Age na circulação venosa, na vaso dilatação e na brancas e caem facilmente;
congestão venosa;
Transpiração com odor adocicado lembra o mel,
Cefaleias congestivas, com sintomas de conges- às vezes, entretanto, forte e penetrante como alho;
tão cerebral, obnubilação com náuseas e vômitos; Lacrimejamento ao ar livre;
Face amarelada, suja doentia;
Pólipos brandos nos ouvidos;
A pele está coberta por cravos negros e pútridos,
fétidez na pele, suores locais. Ulcerações dentro dos ouvidos, verrugas, etc;

THUYA OCCIDENTALIS Sensação de ter algo vivo no ventre;

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É um remédio que tende a alterar a constituição Secreção uretral, blenorragia aguda ou crônica;
Câncer de útero;
Apaixonado, necessita expressá-lo;
Suores nas mãos;
Estado de angústia constante;
Úlceras cancerosas e sifilíticas.
Condilomas sangrentos;
MEDORRHINUM
Dores reumáticas nos ombros que vão do esquer-
É um nosódio indicado no tratamento do mias- do ao direito, piora ao levantar o braço;
ma sicose, apresentando ainda os seguintes sin-
tomas: Grande sensibilidade à dor nas plantas dos pés.

Esquecido, sua memória é muito deficiente; SIFILINUM


Sente-se culpado;
É o nosódio indicado no tratamento miasmático
É hipersensível ao toque, a ruídos, contradição, da sífilis, muito eficaz no tratamento dos vômi-
má noticia; tos violentos, persistentes, precedidos de náuseas
mortais que se agravam pelo menor movimento,
Enxaquecas que melhoram a beira mar; como:

Surdez parcial e passageira com pulsação nos ou- Traumatismo em ossos, periósteo e tendões;
vidos;
Indicado nas fraturas, facilita a formação de calo
Diarreia com fezes biliosas brancas aquosas; e diminui sensivelmente as dores picantes;

Enureses noturnas com enorme quantidade de Cefaleia no occipício, vértex;


urina;
Traumatismo do globo ocular;
Poluções noturnas, intensas e freqüentes ereções
dia e noite ou impotência; Hemorroidas sangrentas e inflamadas;

Intensa inquietude nas pernas e pés; Tem terror à noite por todos os seus sofrimentos;
Sua memória é escassa, não pode recordar os no-
Intenso calor ardente na coluna, inicia na nuca e mes próprios das pessoas;
estende-se ao cóccix;
Lava constantemente as mãos como se fosse uma
Pele fria úmida e amarela; obsessão;

Rói unhas; Chora quando fala de sua enfermidade, piora por


ser consolado;
Ressecamento e eletricidade dos cabelos, eles não
ficam escovados; Mentiroso, nunca diz a verdade;

Uma sensação de perigo constante que o ameaça, As dores são noturnas, iniciam ao escurecer e
mas não sabe o que é; terminam ao amanhecer;

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Não consegue falar sem chorar; Indica-se sifilinum ainda que a similitude não
seja evidente, quando o remédio elegido falha na
cura dos enfermos sifilíticos com antecedentes Tendência destrutiva de tecidos, supressão e ul-
pessoais ou hereditários de sífilis; ceração;

Cefaleias profundas pioram à noite, cefaléias sifi- Supressão de excreções purulentas(otorréias), de


líticas, grandes queda de cabelos; picaduras de insetos, de intoxicação senical;

Paralisia facial no lado direito, com dificuldade É doce, mas tem um animal por dentro;
para falar;
Sintomas bucais característicos: sialorréia, hálito
Ulcerações sifilíticas que ardem ou queimam; fétido, língua flácida e inchada com impressões
dentárias nos bordos;
Cardiopatias valvulares;
Nostalgia, agravação estando sós;
Cancros duros no pênis ou glande;
Hipersensibilidade aos ruídos, aos odores, a mú-
Úlceras na vulva e vagina; sica;

Eczemas no tórax, herpes. Dores hepáticas agudas, frequentes, impedindo


a respiração, piora estando deitado sobre o lado
MERCURIUS SOLUBILIS direito;

É remédio utilizado no tratamento miasmático Congestão na cabeça; sente que ela vai explodir,
da sífilis, com eficácia no tratamento de outros plenitude no cérebro;
sintomas tais como:
Transpiram muito no couro cabeludo;
Pode haver duas atitudes relacionadas a desejo e
tendência a matar o outro e a si mesmo; Erupções e secreção repugnante, amarelo-esver-
deada, erupções vesiculosas e pustulosas com
Sintoma motor: impulso agressivo-destrutivo; tendência a ulceras.

Ansiedade de consciência; REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS


CALCAREA CARBONICA OU
Está sempre descontente com tudo; OSTREARUM
Predisposição a todo o tipo de deformação e má É um remédio constitucional designado para
formação, sejam físicas ou da alma; uma constituição gorda, tendendo a obesidade,
que em geral apresenta a cor da pele branca, cor
Memória escassa e débil; de giz. Disposição acentuada para apatia, prin-
cipalmente nas crianças; é lento nos seus mo-
Principal remédio das inflamações das glândulas vimentos, preguiçoso, e este estado de apatia se
salivares, sublinguais e submaxilares; deve a fraqueza, a falta de resistência, a uma fadi-
ga após qualquer esforço.
Comportamento frívolo, desobediente, mentiro-
so, lascivo; O indivíduo é baixo, com cabelos claros, algumas
vezes castanhos e olhos azuis, face pálida, com

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O odor mercurial é ofensivo fétido; gânglios duros e hipertrofiados, abdômen desen-
volvido, pele fresca e úmida, principalmente nas delgados e os dedos são finos e alongados.
extremidades, pés e cabeça.
É útil em todos os problemas que são conseqüen-
Sua ação é profunda nas trocas intersticiais dos tes ao relaxamento de certas fibras elásticas, es-
tecidos, na esfera vegetativa, na nutrição dos leu- tando incluída a dilatação dos vasos sanguíneos,
cócitos, no desenvolvimento dos ossos e medula, tumores vasculares, hemorróidas, varizes, ptose
no aumento dos líquidos do organismo. dos órgãos abdominais, deslocamentos uterinos,
ptoses renais, má nutrição óssea e principalmen-
É útil na formação dos tubérculos, degenerações te dos dentes, certas exostoses após um trauma-
endurecimentos e calcificações ganglionares, tismo, gânglios endurecidos ou muito duros, de
além de outras características abaixo relaciona- uma consistência pétrea.
das:
É o elemento que preside a rigidez do osso e re-
Transpirações parciais, suores profusos na cabe- sistência da fibra elástica, apresentando outros
ça; sintomas a seguir:

Sensível ao frio tem muita dificuldade de fixar a ansioso e desencorajado;


atenção e fadiga rápida produzida pelo exercício
mental; exostose dos ossos do crânio;

Temeroso, ansioso, tem desgosto pela vida; boca seca, grande secura da garganta;

Tem medo de loucura e está persuadido de que endurecimento dos testículos;


vai enlouquecer;
prolapso uterino com sensação de peso;
Ideias desagradáveis o assaltam quando inicia o
sono; dilatação das artérias e veias;

Erupções secas e úmidas muito pruriginosas no eczema escamoso com espessamento e fendas na
couro cabeludo; pele;

Transpiração abundante na cabeça à noite duran- úlceras fístulas, indolentes, secretam pus amarelo
te o sono; e espesso.

Sensação de frio interno e externo nas diferentes CALCAREA PHOSPHORICA


partes da cabeça, sobretudo a direita como se um
pedaço de gelo estivesse aplicado sobre elas. É um remédio constitucional que age melhor nos
indivíduos grandes, magros, espigados, com tez,
CALCAREA FLUORICA NATURALIS olhos e cabelos castanhos ou claros, com movi-
mentos vivos, pele delicada e rosada, cabelos ma-
É um remédio indicado para indivíduos de cons- cios e sedosos, com cílios longos.
tituição média ou pequena, com tecidos firmes e
tez morena. Seu esqueleto se desenvolve no sen- É o medicamento dos enfermos que têm dese-
tido anteroposterior, tem dolicocefalia e com fre- quilíbrio de suas moléculas em alguma região
qüência prognatismo de uma ou duas maxilas. Os do corpo, e isto ocorre nas fraturas com conso-
dentes são pequenos, manchados, com implanta- lidação tardia, no desenvolvimento anormal pela

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ção irregular. Os ossos são rugosos, deformados, nutrição defeituosa de um osso ou de outro teci-
do, que é o que encontramos no raquitismo ou mente anulada. Sua atuação é bastante eficaz no
doença similar. tratamento dos sintomas a seguir:

É útil durante a dentição, nos casos de convul- agitação, ansiedade e prostração;


sões em crianças débeis, escrofulosas, já que es-
timula a nutrição. Pode ser indicado após uma prostração profunda e rápida que aparece brus-
contrariedade, desgosto ou desilusão, bem como camente quando o doente parecia estar em per-
em outros sintomas como: feita saúde;

cefaléias em nível das suturas: o remédio tem afi- melhoria de todos os sintomas do corpo envol-
nidade pelo tecido ósseo desta região e das sín- vendo-o de forma que o aqueçamos, e as afecções
fises; cefálicas melhoram pelo frio, com exceção das
enfermidades externas da cabeça, que são o resto
couro cabeludo doloroso e tenso, entorpecimen- dos sintomas queimantes de arsenicum álbum,
to e prurido a noite; melhorando com o calor;

úlceras escrofulosas na cabeça; melancolia tristeza, medo de fantasmas, do escu-


ro, da solidão e da morte;
placas de calvície;
sono agitado e não reparador;
sintomas pulmonares associados a uma fístula
anal; prurido intolerável no couro cabeludo, seborréia
seca, queda de cabelo, particularmente na parte
incontinência urinaria noturna e debilidade ge- anterior. Queimação e prurido noturno, peque-
ral; nos locais redondos de calvície, sensíveis, ao ní-
vel das quais a pele é suja, recoberta por escamas;
reumatismo gotoso, piora a noite e pelo tempo face inchada pálida, amarelada, caquética, com
ruim; traços fundos, marcados, frias as vezes úmidas,
pode ter expressão agônica;
pele seca fria enrugada;
sensação de constrição ao nível cardíaco;
eczemas com crostas amareladas, brancas vesicu-
losas, cloróticos, gotosos ou escrofulosos; pele seca como pergaminho, enrugada, desca-
mante, com prurido, dores queimantes, pústulas,
herpes agudos ou crônico com prurido. erupções diversas, edema etc..

OUTROS REMÉDIOS UTILIZADOS BARYTA CARBONICA


NO TRATAMENTO DA ALOPECIA
É um medicamento útil no tratamento das crian-
ças escrofulosas que estão física e intelectual-
ARSENICUM ALBUM
mente atrasadas, baixas, não crescem normal-
mente, o desenvolvimento não é harmonioso,
É o medicamento cuja esfera de ação engloba
têm facilmente oftalmia escrofulosa, abdômen
todas as partes do organismo e sua localização
aumentado, resfriam facilmente e têm amígdalas
é eletiva no sistema simpático, afetando nervos
muito hipertrofiadas. Sua área de ação abrange
vasomotores. É o medicamento dos indivíduos
outros sintomas a seguir:
enfraquecidos, cuja resistência vital está pratica-

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fraqueza mental, o doente é irresoluto, não con- mesmo sendo o mais leve possível lhe dá a sensa-
fia em si mesmo; ção de grande peso;

desgosto por coisas sem importância, espírito erupções no couro cabeludo, queda de cabelos
confuso; em punhados;

cabeça pesada, parece vazia, com sonolência; estado de ansiedade, angústia como se estivesse
possuído, ansiedade fechando os olhos, deitan-
sensação de que o cérebro está “solto na cabeça”; do-se à noite, ao levantar-se. Facilmente ame-
grande sensibilidade do couro cabeludo, com drontado tem medo de fantasma e aversão ao
erupções úmidas e secas;, escuro;

amigdalites constantes com tendência a supura- fácies hipocrática, amarela, cinzenta, face e suo-
ção, coriza e laringite, a menor queda de tempe- res frios;
ratura é suficiente para resfriá-lo; ação marcante, é seu poder de causar e curar as
dores devido à flatulência excessiva do estomago;
brônquios e peito repletos de muco, mas não é um bom medicamento para o início da coque-
pode expectorar; luche, quando o paciente estiver confuso, quan-
do a tosse não for suficiente característica para
é um bom remédio do aneurisma de aorta e da indicar o remédio ou quando se desenvolve par-
hipertensão simples; cialmente;

eczemas nas orelhas e no escroto, erupção seca fraqueza em todo o sistema vascular;
do couro cabeludo, queda dos cabelos, calvície;
úlceras indolentes que sangram facilmente, com
pele doentia, dificuldade na cicatrização das fe- dores ardentes, piora à noite, com secreção puru-
ridas. lenta e fétida;

CARBO VEGETABILIS escaras nos doentes acamados por um tempo


prolongado.
É um medicamento trimiasmático indicado aos
indivíduos caquéticos, cuja força vital está enfra- FLUORICUM ACIDUM
quecida, quando a doença atual é conseqüência
de uma afecção anterior que preparou o terreno É um medicamento que age nos tecidos inferio-
deprimindo o doente. Sua ação abrange também res do corpo, músculos, ossos, pele e fâneros,
outros sintomas a seguir: mas também exerce sobre o tecido ósseo uma
ação profunda. É indicado nas cáries ósseas,
fraqueza, debilidade extrema, colapso; principalmente na dos ossos longos, necroses
temporomastoidianas, fístulas dentárias que são
secreções fétidas, pútridas ácidas, escoriantes, acompanhadas de supuração com necrose de li-
purulentas, ulcerações e gangrena; quido escoriante. Sua ação abrange também ou-
tros sintomas a seguir:
cefaleia occipital, sensação de cabeça cheia túrgi-
da e distendida, tem a impressão de que seu cou- sensação de calor, de queimação ácida;
ro cabeludo é muito estreito;
exaltação e alegria, indiferente pelos que ama;

51
cefaléia que se agrava pela pressão do chapéu que
reticente e silencioso, fica sentado no seu canto
sem falar; excitação, tristeza e melancolia, angústia e apre-
ensão;
sensação de torpor no couro cabeludo, os cabelos
perdem o brilho, se fundem, se quebram, caem, lesões cutâneas com exsudato de liquido espesso
alopecia; como mel;

os músculos da face estão sempre em movimen- unhas quebradiças, deformada, esfarelando-se,


to; dolorosas e espessas;

calor no estômago antes de comer; sensação de frio no corpo com calafrios;

sensação como se um sopro de ar passasse atra- ansioso, agitado tem sensação de aperto no cora-
vés dos olhos; ção com uma apreensão, como se fosse morrer,
como se estivesse ameaçado por uma grande des-
as veias tornam-se varicosas em qualquer parte graça, com cefaléias, náuseas e suores;
do corpo: hemorróidas, que se tornam salientes
após a evacuação e, sobretudo nos membros in- face amarelada, pálida, com círculos escuros ao
feriores; redor dos olhos;

sensação de queimação na planta dos pés; erupções úmidas ao redor do nariz, boca e quei-
xo;
as unhas têm seu crescimento afetado, estão fis-
suradas e deformadas, crescem rápido, estão es- flatulência e cãibras;
pessas em certos locais e finas em outros;
narinas ulceradas, escoriadas, fissuradas, crostas
dores ardentes circunscritas em diversos lugares secas no nariz;
da pele. Pele endurecida, com erupções cutâneas
diversas; pele seca com ausência de transpiração, os pés
podem apresentar transpiração fétida;
prurido na cabeça, sobrancelhas, pálpebras, na
face posterior do corpo, nas costas se agrava a erupções nas dobras do cotovelo, axilas, cavo po-
noite ou aparece pela manhã e a tarde. plíteo, nos cantos da boca e dos olhos, atrás das
orelhas e no couro cabeludo;
GRAPHITES
erupções vesiculosas como herpes zoster;
É também considerado um trimiasmático e sua
principal ação é a pele, onde produz erupções, cabelos também crescem duros, quebram e caem
fissuras e lesões de diferentes tipos. Secreções com facilidade, não chegam a ficar compri-dos
mucosas, gelatinosas, de aspecto e característi- já que logo após nascer quebram ao serem pen-
cas algumas vezes fétidas, mas destaca-se ação teados;
importante no sistema venoso, produzindo al-
terações na circulação venosa abdominal, prin- erisipela da face com dor ardente e queimante.
cipalmente na veia porta, onde aparece a estase,
que leva a alterações profundas, inicialmente da KALI CARBONICUM
plasticidade e depois da nutrição. É indicado aos

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indivíduos que apresentam sintomas como: Age no sistema nervoso deprimindo-o profun-
damente, mas a sua ação abrange também os se- palmente no abdômen e nos seios, com prurido
guintes sintomas: e ardor. Inchaço azulado, frieiras vermelho azu-
ladas.
temperamento leucoflegmático, indivíduo sem
vigor, sempre fatigados; LYCOPODIUM CLAVATUM
intensa fraqueza e hipersensibilidade; É indicado especialmente nas enfermidades crô-
nicas que aumentam progressivamente. Deter-
humor variável, às vezes triste, às vezes alegre, a mina enfraquecimento geral, mas afeta princi-
menor alteração o deixa triste, mudando de hu- palmente o aparelho digestivo e seus anexos. Age
mor; como um depressor geral do sistema nervoso, é
um emotivo, medroso, muito sensível, facilmente
desencorajado, muito deprimido, resmungão e irritável, com fraqueza e fadiga mental.
nervoso;
Sua linha de ação abrange sintomas tais como:
intensa secura no couro cabeludo, com queda
dos cabelos. Sensação de plenitude na cabeça ditatorial dominador e melancólico;
como se estivesse intoxicado, que um corpo se
move dentro do crânio; queda abundante de cabelo, alopecias localiza-
das; eczemas do couro cabeludo com secreção
a face pode estar amarelada e doentia, com olhei- atrás das orelhas;
ras e abatimento, às vezes, a palidez se alterna
com forte vermelhidão; cefaléias periódicas relacionadas com alterações
gástricas, se passar a hora de comer tem cefaleia;
grande acumulo de muco na garganta; não suporta roupa apertada no abdômen;

intensa flatulência gástrica; herpes crostoso e pruriginosos nas comissuras


labiais;
é indicado na bronquite, pneumonia e tuberculo-
se quando houver os sinais patognomônicos dos apetite intenso que é saciado rapidamente, alter-
remédios; na sensação de saciedade com fome;

sensação de que o coração está suspenso por um é o principal remédio para os cálculos urinários
fio; como grãos de areia, que se depositam no fundo
de uma urina clara, no início da crise;
é indicado na endocardite e pericardite, quando
as dores características do remédio, mas não deve hemiopia vertical, só vê a metade esquerda dos
ser dado precocemente, mas quando as válvulas objetos, principalmente com o olho direito;
cardíacas estiverem afetadas definitivamente;
boca e língua secas, sem sede;
pele seca com impossibilidade de transpirar;
é um bom medicamento para as inflamações de
sensação de ardor, prurido ardente e lancinante faringe, desde uma simples inflamação até a dif-
na pele, pele seca e ardente como se um cata- teria;
-plasma de mostarda fosse aplicado;
intensa distensão abdominal, flatulência excessi-

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erupções de pequenas espinhas no corpo, princi- va;
impotência após excesso sexual ou onanismo;
acne, sobretudo na fronte, no local da implan-
violenta dispnéia com batimentos das asas do na- tação do cabelo, atrás das orelhas, na nuca, nas
riz; pregas articulares;

gota crônica com depósito calcário nas articula- doenças crônicas na pele, erupções e urticárias;
ções. espinhas, ampolas e vesículas com líquido aquo-
so claro;
NATRUM MURIATICUM
cabelo seco, fraco, quebradiço, com tendência a
É indicado como medicamento para catarro mu- queda, sobretudo na fronte e nas têmporas;
coso com secreção mucosa anormal, mais em
quantidade do que em qualidade. Porém, sua li- depressão mental, tristeza, desencorajado, fra-
nha de ação atinge sintomas que afetam profun- queza intelectual;
damente a nutrição geral do individuo, podendo
chegar a entravar a assimilação de aumentar a erupção pruriginosa na borda do couro cabelu-
desassimilação. do, no limite do implante do cabelo na fronte e
na nuca, abundante queda de cabelo.
Atua no tratamento de vários outros sintomas
tais como: PHOSPHORICUM ACIDUM
indivíduos que têm grande depressão mental, Age profundamente no organismo. Afeta o sis-
tristeza e melancolia, sensação importante de de- tema nervoso, sendo o resultado desta ação
sespero, medo do futuro e de tudo; uma intensa prostração, fraqueza. A debilidade
comum aos ácidos é encontrada aqui de forma
irritabilidade extrema com cólera fácil, por um muito marcada:
nada, não suporta ser contrariado;
age no tecido ósseo hepático e renal, tendo ação
cefaléias com dores como se mil martelos bates- semelhante à de phosphorus;
sem no cérebro;
intensa fraqueza mental;
cefaléias causadas por fadiga ocular após horas
de estudo ou de trabalhos com agulha; o cabelo embranquece precocemente e cai;

face terrosa, pálida ou amarela com acne, a pele é cabeça pesada com sensação de confusão, dores
oleosa e suja, que nenhuma limpeza com- segue de esmagamento e pressão dolorosa no vértex,
melhorar; que agravam pelos movimentos e pelo ruído;

rinorréia, asas nasais inchadas, escoriadas com face pálida e terrosa, com olhos encovados, com
pústulas e crostas nas bordas nasais e no sulco olheiras azuladas, sensação de tensão na pele
naso labial; com por albumina seca;

sensação de cabelo na língua; fermentação e digestão, borborigmos ruidosos e


gases;
violentas palpitações cardíacas com sensação de
desmaios freqüentes, pelo movimento ou pelo aversão ao pão e ao café;

54
pouco esforço;
rouquidão com sensação de prurido na laringe; perficiais, sangram muito, hemofilia;

sensação de formigamento em várias regiões da couro cabeludo coberto por películas, o cabelo
pele, espinhas, acne e furúnculos, úlceras com cai em placas e em geral é neste lugar que obser-
secreção de pus opaco; vamos a erupção escamosa, dores no couro cabe-
ludo como se arrancassem os cabelos.
grandes placas violentas, extravasamento de san-
gue dos capilares, equimoses, que podem se ul- a pele é sede das inflamações, tem acnes, derma-
cerar. toses, manchas amarronzadas como as de nature-
za sifilítica, principalmente no tórax, pode apre-
PHOSPORUS sentar manchas hepática marrom amarelada.

Age no sistema nervoso. Afeta os dois centros, o SILICIA


cerebral e a medula, produzindo amolecimento e
atrofia com seus sintomas concomitantes: pros- É um remédio trimiasmático, cujo processo de
tração, tremores, entorpecimento e paralisia. Age assimilação ocorre pelos tecidos mais diversos:
profundamente nas mucosas e nos ossos, produ- tecido venoso, cutâneo, ganglionar, ósseo, fibras
zindo cáries e necrose, bem como em indivíduos elásticas, aparelho respiratório e sistema vascular.
que apresentam sintomas tais como: É indicado nas supurações indolentes, tórpidas,
não necessariamente malignas, mas que tendem
agitação e nervosismo, o enfermo não pode per- a cronificar-se.
manecer sentado tranqüilo por um momento,
está sempre fatigado, necessita repouso e fica me- Pessoas que têm por similimum este remédio em
lhor após dormir; geral são tímidas, ansiosas, covardes, a mente
está fatigada, têm dificuldade para refletir e fixar
irritabilidade e grande prostração mental e física, sua atenção; devem ser estimuladas e fatigam-se
após o menor esforço; facilmente mental e fisicamente; também são
desencorajadas e apresentam aversão pela vida,
cefaléias congestivas, periódicas causadas pelo além de outros sintomas como:
trabalho mental;
couro cabeludo sensível, dolorido e pruriginoso.
cefaléias agravam pelo ruído, luz, movimento e Pode ter erupções úmidas, eczematosas e desca-
calor, melhoram pelo frio e repouso agrava quan- mações. Queda de cabelo. Erupção ofensiva do
do o doente está deitado, é obrigado a permane- couro cabeludo, principalmente na região do oc-
cer sentado, comprimindo as mãos com a cabeça cipício. Transpiração na cabeça como se estivesse
e fazendo aplicações frias; aquecido por roupas, fontanelas abertas;

cáries e necroses nos ossos da face, principal- é um bom remédio para os hordéolos.
mente do maxilar;
é precioso na cura das oftalmologias escrofulosas
visão alterada se enfraquece pela leitura; com iminente perfuração córnea,

mielite, amolecimento da medula, paralisia espi- face pálida, serosa, aspecto cansado, feridas na
nhal progressiva; pele principalmente nas asas nasais e os lábios
estão fissurados;
vários tipos de erupção da pele, em geral são se-

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cas e descamativas, as feridas, mesmo quando su- quando o indivíduo faz esforço mesmo que seja
leve transpira na face e a parte inferior do corpo constipação com desejos freqüentes e infecções;
está praticamente seca;
impotência com pensamentos eróticos e ausên-
dentes desgastados por alteração do esmalte; cia de emoção;

as unhas estão enrugadas, cinzas, sujas, quebra- poluções noturnas, debilidade ou irritabilidade
diças, deformadas, com manchas brancas, pana- depois do coito;
rício;
tuberculoses laríngeas;
sensibilidade dolorosa na pele, que é fria e do-
entia, com tendência a supuração, o menor feri- dores reumáticas nos membros;
mento tende a supurar;
suores copiosos.
pele seca, lisa, mas com placas de ptiríase espa-
çadas que servem de base para vesículas, pápulas ZINCUM METALLICUM
e crostas herpéticas quando a afecção está mais
avançada. Há falta de líquidos nutritivos e a pele É um elemento químico essencial para as pesso-
não pode recompor-se: a plasticidade diminui, as; intervém no metabolismo de proteínas e áci-
os cabelos caem e o couro cabeludo é coberto de do nucléicos; estimula atividade de mais de cem
películas purpuráceas; enzimas, colabora no bom funcionamento do
sistema imunológico. É necessário para cicatri-
suor ofensivo nos pés, axilas e nas mãos. Começa zação dos ferimentos, intervém nas percepções
a transpirar quando inicia o sono. do sabor e olfato e na síntese do ADN.

SELENIUM A deficiência de zinco pode produzir retarda-


mento no crescimento, perda de cabelo, diarréias,
É indicado no tratamento de indivíduos muito impotência sexual, lesões oculares e de pele, au-
esquecido, mas que, quando dorme, sonha com mento do tempo de cicatrização de ferimentos e
o que havia esquecido. Sua linha de ação abrange anomalias no sentido do olfato.
sintomas como:
Age sobre o conjunto do sistema simpático e cé-
grande esgotamento físico e mental; rebro espinhal, contudo, sua ação principal é so-
bre o plexo do tronco e do baixo ventre, assim
agravação por corrente de ar, por excesso sexual; como nos feixes nervosos, que distribuem mo-
queda dos pelos de todo corpo: cabeça, cílios, bi- vimento e sensibilidade ao aparelho locomotor.
godes, barbas e genital;
É o remédio das nevroses, principalmente as do
desejos de bebidas alcoólicas especialmente na coração e dos pulmões. Age também sobre o sis-
fase pré-menstrual; tema nervoso, e sua influência determina uma
grande depressão.
tensão e contração do couro cabeludo, queda de
cabelo que dói ao ser tocado; Aumenta a potência que o sistema nervoso tem
em fornecer a energia necessária para que o or-
treme os músculos da face; ganismo se mantenha saudável, é por outro lado,
um remédio inestimável quando o doente, pela
pulsação no ventre, piora depois de comer; extrema fraqueza, não consegue desenvolver

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uma determinada enfermidade. Além dos sinto-
mas a seguir: impetigo com secreção serosa;

sensação violenta e incessante dos pés ou mem- pele seca e quente;


bros inferiores, deve movê-los sem parar;
erupções pruriginosas pioram de noite abscessos
o espírito é fraco e o indivíduo está cansado e es- na nuca, infecções destrutivas e dolorosas das
gotado, a memória é fraca, ele é esquecido, repete unhas.
todas as perguntas antes de respondê-las;
CONCLUSÃO
variabilidade excessiva de humor, alternância en-
tre alegria e tristeza, desespero e calma, co- lera e O estudo da alopecia areata propicia a reflexão
pusilanimidade; sobre o comportamento do ser humano em vá-
rios aspectos. Primeiro, a tensão emocional de-
queda de cabelo com sensibilidade do couro ca- corrente da angústia existencial predominante
beludo; nos estados emocionais do individuo quando em
estado de tristeza, depressão, agitação, medo etc.
face pálida, terrosa, caquética com alternância Segundo, que o medo gera insegurança, induz o
passageiras de vermelhidões, escoriações nas co- ser a um estado de expectativa diante de situa-
missuras dos lábios, que estão secos e inchados; ções que exijam a tomada de decisões. Se o in-
divíduo está sob essas manifestações emocionais
anorexia alternada com fome canina; e psicológicas, terá dificuldade para enfrentar as
situações diárias que requerem ação, ou seja, dei-
mal de Parkinson; xar a comodidade para aventurar-se em outras
situações que lhe são desconhecidas.
sensação de ardor por toda a coluna vertebral;
Nessas condições, o ser humano apresenta rea-
prurido geral ao entardecer e a noite na cama. ções exacerbadas, que de certa forma interferem
Sensação de insetos correndo sobre a pele; no funcionamento celular, sobrecarregando-as
principalmente as células nervosas provocando
eczema úmido, transpiração rasgante, tendên- assim o desequilíbrio.
cia a cronicidade das erupções, vermelhidões na
pele, como por frieiras dolorosas. O ser humano, quando em face de situação es-
tranha ou de perigo que ameace o bem estar de
USTILAGO todo o seu complexo orgânico, ocorre de imedia-
to uma reação do organismo para deter a ação
É um medicamento indicado em casos de grande do agente estranho causador desse "perigo", que
depressão, chora com frequência, não tolera ver e consequentemente irá refletir na atividade de
nem falar nada, bem como em situações em que cada órgão, que, para manterem o sistema em
a pessoa apresenta sintomas como: funcionamento, alteram suas funções fazendo
com que o indivíduo expresse no seu próprio
perda de cabelos e unhas; corpo essa carga energética negativa, desestru-
turando o funcionamento das células propician-
cefaléia frontal de manhã ou ao anoitecer com do a enfermidade se instalar silenciosamente e
ardor, mal estar; se mantendo meio que adormecida ao longo do
tempo.
couro cabeludo seco, queda de cabelo, crosta lác-

57
tea; Em um dado momento ou instante da vida, essa
enfermidade se manifesta, e o indivíduo, meio que físicos, etc. Dependendo da gravidade dos sinto-
atordoado, não se dá conta de que já é portador mas, sugere-se que se vá ao médico para se sub-
de tal enfermidade, se acomoda ou se justifica: es- meter aos exames clínicos, dando continuidade
tou sob estresse, é hereditário, meu pai era calvo ao tratamento homeopático, pois a anamnese, se-
etc., quando decide ir ao médico ou terapeuta para guida da repertorização irá indicar qual a melhor
compreender o problema e obter possíveis solu- medicação para o caso. Além disso, é necessário
ções, encontra dificuldade pelo fato de a doença ao terapeuta homeopático se permitir um olhar
já estar instalada, além do imediatismo para obter especial, diferenciado para que se possa obter
a cura, e tudo isto contribui para que a cura tão mais informações do comportamento, da manei-
almejada se distancie. ra de pensar e agir do seu paciente e se permitir
acompanhá-lo com zelo e acuidade, o que lhe
Como no caso da alopecia areata, que apresenta na propiciará traçar um diagnóstico ou perfil que
sua sintomatologia, escamações de pele, prurido, possibilitará indicar o tratamento mais adequa-
alteração no couro cabeludo até a queda do cabelo, do aos sintomas apresentados tratando-os todos
ainda assim os portadores desta enfermidade não em conjunto com o miasma predominante. Aci-
se dão conta da gravidade do problema, e tentam ma de tudo, procurar decifrar qual é a mensagem
utilizar soluções paliativas para uma situação que simbólica que há atrás dos sintomas da doença e,
exige um diagnóstico preciso para determinar a se possível, fazer uma leitura dos sintomas emo-
causa das alterações ocorridas no couro cabeludo cionais, psicológicos em evidência, propiciando
bem como o acompanhamento de todo o trata- a cura suave e duradoura, preconizada por Dr.
mento. Hahnemann.

Entretanto, para que se compreenda de que for- Após refletir e analisar todas as informações ob-
ma a tensão emocional interfere no bem estar do tidas sobre alopecia neste trabalho, creio que pela
ser humano, é necessário fazer a leitura de todo peculiaridade com que se instala e também pelas
organismo do ser humano na sua totalidade, e in- condições emocionais, psicológicas e físicas dos
terpretar o significado da simbologia inserida nos portadores, não é aconselhável determinar que
sintomas apresentados, que se traduz num novo seja de origem hereditária ou por algum distúrbio
olhar para a doença. hormonal etc.. É necessário mais pesquisa, pois
sabe-se que todos os sintomas indicam a vibra-
Dahlke (2007) vê nos sintomas da doença uma ção do paciente no miasma psora, diversificando
oportunidade de desenvolvimento do próprio ser. as várias fases de instalação da enfermidade.
Ele cita que o cabelo tem uma linguagem variada
que se traduz em símbolos de liberdade, de poder, Para que se possa entender esta doença, creio que
independência, vitalidade. E ao analisar a queda cada homeopata poderá contribuir registran-
de cabelo quando acompanhada da formação de do as suas observações referentes aos pacientes
caspa deve-se pensar no simbolismo de muda, e portadores de alopecia atendidos e partilhar com
em questões que se referem a negligência em se outros colegas, pois só assim será possível regis-
despir da velha pele e de se permitir o crescimento trar as múltiplas nuances de sua instalação no
de uma nova. campo anatômico e psicoemocional do paciente,
bem como identificar a medicação preponderan-
Para Dahlke, alopecia areata significa livrar-se de te no seu tratamento.
velhas estruturas superadas e permitir que novos
impulsos surjam em seu lugar. Nesse contexto,
vale a pena observar os sintomas com carinho, es-
gotar todos os recursos disponíveis para melhor

58
avaliar os sintomas apresentados, exames clínicos,
BIBLIOGRAFIA

BEDIN, Margot Vargas & BEDIN, Iracema Vargas. Homeopatia, Magnetismo e a Cura da Calví-
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DE PAOLI, Emilio. Em forma com... O Poder Curativo dos Metais. São Paulo, Edições 70, 1997.

EGITO, José Laércio. Homeopatia: Introdução ao estudo da teoria miasmática. 3ª ed., São Pau-
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FAGUNDES, Eliete. Retalhos Homeopáticos. Belo Horizonte. Ed. Hipocrática Hahnemanniana,


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FERNANDES, Mirian. Alopecia Areata e as relações com estresse, depressão e Psicossomática:


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http://www.marcoantoniooliveira.com.br

http://www.alopeciaareatabrasil.wordpress.com/o-que-e-alopecia

http//www.scielo.br/scielo.php?script

59
Homeopatia em Rede
Os links a seguir contém informações importantes para os estudos homeopáticos.
Vamos apreciar?

BVS Homeopatia - http://homeopatia.bvs.br


Base de dados para pesquisa em Homeopatia.

Homéopathe International - http://www.homeoint.org


Página em francês com artigos e biografias voltadas para a área.

Homeopathy Research Evidence Base - http://www.homeopathyworks.com/content/Homeopa-


thy%20Research%20Evidence%20Base%2010.9.15.pdf
Referências teóricas para estudos homeopáticos.

BVS Pesquisa em bases de dados - http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisS-


cript=iah/iah.xis&base=HomeoIndex&lang=p&form=F
Banco de dados bibliográficos sobre Homeopatia.

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