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Revista de

Estudos
HOMEOPÁTICOS
Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de


Terapeutas Homeopatas do Centro -Oeste

23 de janeiro – Dia Internacional


da Medicina Integrativa

Ano 2
N° 3
Abril/2018
Editorial
VENCEMOS A PRIMEIRA META!

Ao criarmos a Revista de Estudos Homeopáticos, há um ano, tínhamos a meta de conseguir manter os três
primeiros números com sucesso. É com muita alegria que declaramos ter alcançado isso, contando com os
esforços de cotização mensal para cobertura dos custos de produção, e sem outro financiamento além da boa
vontade e do ideal.

A cada quatro meses, nosso conteúdo foi trabalhado em ciclos completos de pesquisa, contatos, pedidos, es-
crita, revisões, diagramação e publicação, gerando edições completas com uma média de 60 páginas.

Nossos números totalmente gratuitos - em formato digital e PDF - têm sido distribuídos, lidos e comentados,
embora ainda em curta escala, mas a recepção é boa e o aproveitamento das informações tem mostrado que
é esse o caminho.

Iniciaremos em abril o segundo ano, com uma nova meta: tornar esse veículo mais conhecido e acreditado,
com possibilidades de patrocínio e anúncios afins com nossa proposta de mais saúde e integridade para todos
os seres do planeta Terra.

Todos podemos auxiliar nisso, visitando o blogue do WordPress que hospeda as diferentes edições da Revista
e conta a trajetória do nosso grupo, comprometido com a disseminação da Ciência da Homeopatia em lin-
guagem acessível, coerente e consistente com os ideiais hanhemanianos. Além da visita, é preciso também
comentar e compartilhar, solicitando que os contatos repliquem esse movimento, para que as publicações
cheguem, enfim, ao grande público, que tanto precisa delas.

Nesta edição de fechamento de ano editorial, em que comemoramos também o dia mundial da medicina
integrativa – 23 de janeiro -, mais biografias, entrevistas, matérias médicas, notícias, estudos de caso, artigos,
monografias e curiosidades homeopáticas para nossa informação, entretenimento e encantamento.

Boa leitura a todos!

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

homeopatascentrooeste@gmail.com
https://revistaestudoshomeopaticos.wordpress.com
EXPEDIENTE
Jornalista Responsável
Angélica Calheiros

Editora-Executiva
Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial
Ramon Lobo
Sheila da Costa Oliveira
Angélica Calheiros

Projeto Gráfico e Diagramação


Karine Santos

Redatores
Angélica Calheiros
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão
Sheila da Costa Oliveira

Contato
Email: homeopatascentrooeste@gmail.com

Blog
https://revistaestudoshomeopaticos.com/
ÍNDICE
EDITORIAL 1
EXPEDIENTE 3
SÚMARIO 4
PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 5
BIOGRAFIA 8
HOMEOPATIA E CULTURA: VALE A PENA LER 11
NOTÍCIAS HOMEOPÁTICAS 13
COM A FALA, OS ATENDIDOS 18
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 20
ENTREVISTA 22
SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 25
CURANDO COM... 27
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS 28
DE OLHO NA PESQUISA 30
1. Artigo 30
2. Monografia 37
HOMEOPATIA EM REDE 49
Primeira Parte
HOMEOPATIA E NÓS
7
A história de D. Pedro II
Conheça um pouco da jornada de um dos grandes apoiadores da Homeopatia e último imperador do Brasil

A Homeopatia chegou às terras brasileiras em 1840 com a vinda de Bento Mure, ou Benoit Jules Mure
(ver 2ª edição da Revista de Estudos Homeopáticos), discípulo direto de Hahnemann, o criador da
nova medicina, mas só foi implantada e propagada em território nacional graças ao apoio do governo
brasileiro de D. Pedro II.

Pedro II aos 10 meses. Autor incerto. Museu da República.

Filho de D. Pedro I e da imperatriz Maria Le- Em 1831, quando tinha apenas cinco anos de ida-
opoldina, Pedro de Alcântara João Carlos Le- de, seu pai abdicou do trono, colocando-o na posi-
opoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de ção de príncipe regente e, quando completou nove
Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, anos, recebeu a notícia de que ele também falece-
ou apenas D. Pedro II, nasceu no Brasil em 2 de ra, vítima de uma tuberculose. Até que D. Pedro
dezembro de 1825 e foi o primeiro imperador II atingisse a maioridade, que foi antecipada em
de nacionalidade brasileira. Um ano depois, ele 1840, o país foi governado pelas regências Trina e
perdeu a mãe para uma infecção grave – que até Una e, assim que foi coroado, o filho de D. Pedro I
hoje não se sabe como foi causada. se tornou o segundo e último imperador do Brasil.

8
Como passou boa parte de sua infância e pré-a-
dolescência sendo preparado para assumir o tro-
no, D. Pedro II logo adquiriu o hábito da leitura
e do estudo, e recebeu uma educação exemplar
da condessa de Belmonte, D. Mariana Carlota
Magalhães Coutinho, e de grandes mestres da
época, que incluía matérias como música, lite-
ratura, artes, história, geografia, letras, ciências
naturais, equitação, esgrima e línguas estrangei-
ras. Com o tempo, ele passou a ser conhecido
como grande investidor da ciência e das artes,
o que inspirou a fundação de instituições como
o Colégio Dom Pedro II e o Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro, além de ter ganhado o
reconhecimento de pensadores como Darwin e
Graham Bell.

Casou-se na década de 1840 com a princesa Te-


resa Cristina Maria de Bourbon e teve quatro
filhos, Afonso, Isabel, Leopoldina e Pedro, mas
apenas as duas meninas chegaram à vida adulta. O Imperador Menino aos 12 anos. Émile Taunay.
Museu Imperial.

No ano de 1845, o imperador autorizou a fun-


dação e inauguração da primeira escola de for-
mação homeopática do país, a Escola Homeo-
pática do Brasil – baseada no artigo nº 33 da lei
de 3/10/1832, que considerava livre o ensino da
medicina através de cursos particulares sobre os
diversos ramos das ciências médicas, tanto por
brasileiros quanto por estrangeiros –, contudo,
sem permitir que seus diplomados exercessem
a clínica. Já em 1846, D. Pedro II chegou a reco-
nhecer a legalidade da Homeopatia, admitindo
a formação de médicos homeopatas, mas não
reconheceu sua prática e estabeleceu que médi-
cos homeopatas deveriam se submeter a exames
Prédio onde funcionou a Escola Homeopática do Brasil,
específicos em instituições oficiais. Rua São José, número 59, Rio de Janeiro

9
Personalidade Fim da Monarquia

Segundo pesquisadores e historiadores, Após a Guerra do Paraguai, em 1870,


além de ser um intelectual, D. Pedro II divergências políticas se intensificaram
era republicano, abolicionista e con- no Brasil e o surgimento do Partido Re-
ciliador, tendo buscado a pacificação publicano deu início ao fim do Impé-
do país ao contornar diversas revoltas, rio. Em 15 de novembro de 1889, com
como a dos Liberais, em Minas Gerais a proclamação da República, D. Pedro
e São Paulo, a Guerra dos Farrapos e a II foi preso ao tentar acabar com o mo-
Insurreição Praieira, em Pernambuco. vimento e, depois da decretação de que
Entre 1864 e 1870, período em que o deveria sair do país, ele partiu para a
Brasil se envolveu na guerra contra o Europa com sua família, onde faleceu
Paraguai, o imperador chegou a ser in- dois anos depois. Em 1920, seus restos
corporado ao exército nacional e foi até mortais vieram para o Brasil e foram
o local do conflito, onde ficou por seis depositados na catedral do Rio de Ja-
meses. neiro, antes de serem transferidos para
a catedral de Petrópolis, onde se encon-
Registros deixados pelo imperador em tram sepultados.
cartas e também em seu diário pessoal
evidenciaram sua preocupação com a O reinado de D. Pedro II foi marcado
educação pública, que ele acreditava ser pelo incentivo à expansão da homeo-
a base do desenvolvimento de qualquer patia, que continuou recebendo apoio
sociedade. durante parte do período republicano,
além do fim do tráfico negreiro, da li-
bertação dos escravos sexagenários e
da Lei Áurea, sancionada pela princesa
Isabel, sua filha, que, na época, ocupava
a regência.

Reprodução da assinatura de D. Pedro II. Biblioteca do Congres-


so Nacional.

10
Vale a pena ler...
Nova “Crianças de...”
Carlos R. D. Brunini

11
Escrita pelo pediatra e homeopata Carlos
Roberto Brunini, a coleção “Nova Crian-
ças de...” é indicada a todos os profissio-
nais homeopatas que atendem o público
infantil.

Usando um texto simples e objetivo, cada


capítulo da obra trata da relação entre a
personalidade específica de uma crian-
ça, levando em conta suas características
de comportamento mais acentuadas, e o
medicamento homeopático ideal para seu
tratamento, servindo, inclusive, para faci-
litar determinação de diagnóstico durante
uma consulta. Onde encontrar a obra?

A publicação, que representa três décadas - Livraria Saraiva


de trabalho diário do Dr. Brunini, foi lan-
çada pela primeira vez na década de 1990
- EHH – Editora Hipocrática
e voltou ao mercado em 2009 pela Robe
Editorial, depois de passar por atualiza- Hanemanniana
ções e reformulações, principalmente para
acrescentar remédios e conclusões basea-
das em estudos de caso mais recentes.

Carlos Roberto Brunini é mestre em Ho-


meopatia, membro da American Aca-
demy of Pediatrics, diretor da Faculdade
de Ciências da Saúde de São Paulo (FA-
CIS) e já escreveu mais de 20 livros volta-
dos ao universo infantil.

12
NOTÍCIAS

Documentário “Just one drop” conta a história da Homeopatia

13
Lançado em novembro de 2017 nos Estados Unidos pela produtora independente Blind Dog
Films, o filme “Just one drop” foi produzido e dirigido pela cineasta norte-americana Laurel
Chiten, e narra a história da Homeopatia enquanto explora sua controvérsia através da aná-
lise de mitos e equívocos que muitas pessoas ainda mostram ao debater essa nova medicina,
além de questionar se ela tem sido tratada de forma justa pelo mundo.

Laurel Chiten. Foto: Sherry Moore

Apesar de ainda não estar disponível para download, streaming ou em DVD, é possível con-
tratar exibições do documentário para a sua comunidade. Mais informações no site: https://
www.justonedropfilm.com.

Assista ao trailer de “Just one drop” clicando na imagem abaixo!

14
23 de janeiro – Dia Internacional da Medicina Integrativa

Também chamada de medicina alternativa, a


Medicina Integrativa compreende o ser huma-
no em sua totalidade, considerando que fato-
res ambientais, mentais, físicos, emocionais,
culturais, espirituais e sociais causam influên-
cias diretas no estado de saúde de um indiví-
duo. Enquanto a medicina tradicional divide o
corpo em partes, a Medicina Integrativa parte
do pressuposto de que todas essas partes estão
conectadas e são interdependentes, servindo,
também, para complementar o trabalho reali-
Foto: Reprodução zado pela medicina convencional.

Em crescimento constante, a Medicina Integrativa tem ganhado espaço em hospitais de ponta do


Brasil e do mundo, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês, sem mencionar no SUS que, desde
2006, possui uma Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Pnpic), que abrange
atendimentos públicos de saúde nas áreas de Homeopatia, Massoterapia, Auriculoterapia e Reiki,
entre outras. Para celebrar a prática, o dia 23 de janeiro foi escolhido como Dia Internacional da
Medicina Integrativa e, nessa data, todos os profissionais de medicina alternativa são convidados a
promoverem conscientização, educação e debate a respeito da Medicina Integrativa em suas comu-
nidades.

Homeopatas voluntários realizam atendimento gratuito em GO

O Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste abriu mais uma frente de trabalho no
estado de Goiás, agora em Alto Paraíso, na Cidade da Fraternidade – Cifrater. As consultas aconte-
cem no segundo fim de semana de cada mês; às sextas, de 14h às 20h, e aos sábados, de 8h às 10h.
Com apoio da direção do Educandário Humberto de Campos, que funciona no local, do Instituto
Ser Integral e de farmácias homeopáticas de Brasília, que doam ou subsidiam os preços dos medi-
camentos levados nas visitas, os atendimentos gratuitos são realizados no Posto de Saúde da região
desde setembro do ano passado.

“Como não há farmácias homeopáticas por perto, é preciso levar tudo o que será usado, selecio-
nando, entre os medicamentos disponíveis, os mais adequados para cada caso”, esclarece a home-
opata Agda Maria, representante do Grupo. “O que queremos é auxiliar na melhoria da qualidade
de vida em todo o município e seu entorno”, complementa.

15
Ecovila Santa Branca (GO) recebe plantio de mudas homeopatizadas

Nos dias 25 e 26 de novembro de 2017, a Ecovila Santa Branca, localizada em Terezópolis de Goiás,
realizou um plantaço comunitário para inserir mudas de ipê amarelo e jacarandá mimoso nas ave-
nidas de contorno e de acesso ao Centro de Convivência, com o objetivo de melhorar o paisagismo
e a umidade do ar na região.

Como a perda de mudas foi grande em tentativas anteriores, a nova ação contou com ajuda da ho-
meopata e terapeuta floral Sheila da Costa Oliveira, que optou por preparar mudas com essências
que pudessem aumentar a resistência das plantas, bem como permitir uma adaptação maior destas
ao novo ambiente.

As fórmulas acrescentadas ao solo de cada muda continham um preparado de Arnica ch 5 + Natrum


Muriaticum ch 5 + Silicea Terra ch 5 + Larch + Rescue Remedy antes do plantio. No dia seguinte,
mais uma aspersão, e o resultado final foi uma perda reduzida de apenas 10%.

De acordo com a homeopata, novas medicações homeopáticas e florais serão aplicadas nos pró-
ximos anos. “Isso vai minimizar novas perdas no período de estiagem e, daqui a um tempo, mais
árvores frondosas e flores serão parte do patrimônio biológico da Ecovila, também graças à ajuda da
Homeopatia e da Terapia Floral”, garante Oliveira.

16
Jardim do Cerrado

Localizado em Goiânia, o Jardim do Cerrado III também recebe mutirões gratuitos de atendimento
homeopático no segundo sábado de cada mês, de 8h às 13h.

De acordo com o homeopata voluntário Tiago Alves Araújo, mais um integrante do Grupo Livre
de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, a razão principal para a chegada do mutirão foi a
presença de muitas famílias carentes no local, que foi construído para abrigar pessoas deslocadas
de áreas de risco da capital.

“Queremos suprir pelo menos uma pequena parte das necessidades básicas da população da re-
gião, onde o poder público ou não atua ou deixa uma lacuna muito grande”, aponta Araújo. “O
tratamento homeopático visa integrar a sociedade, contribuindo para deixar os indivíduos mais
equilibrados e bem preparados para enfrentar todas as situações que a vida social nos oferece e,
quando alguém está equilibrado emocionalmente, mentalmente e fisicamente, toda a sociedade
ganha”, ressalta.

O mutirão gratuito acontece no centro espírita Irmão do Caminho e atende cerca de 30 pessoas por
dia, tanto através de consultas quanto com doação de medicamentos homeopáticos – manipulados
no próprio local graças ao laboratório montado especialmente para o projeto.

17
COM A FALA, OS ATENDIDOS
A Homeopatia anda conquistando seu espaço na vida e no cotidiano de cada vez mais pessoas em todo o
Brasil, por isso, selecionamos algumas histórias inspiradoras que tanto comprovam a eficácia dos medica-
mentos homeopáticos quanto demonstram que podemos recorrer a eles em qualquer situação. Confira!

Maria Celina Oliveira, 43 anos, Areal, DF

Meu filho começou a ser tratado pela e organizado. Não foi mais reprovado
homeopatia quando tinha 7 anos, ida- em nenhuma série! Meu marido e eu
de em que foi diagnosticado com défi- também fomos tratados pela mesma
cit de atenção concentrada e enfrentava terapeuta, para aceitar melhor a situa-
muitos problemas na escola. Não con- ção dele e aprendermos a ajudá-lo com
seguia responder à pressão da aprendi- mais tranquilidade. Nossa família está
zagem e até em casa já estava nervoso, mais equilibrada e feliz, e é muito bom
brigão, inquieto para dormir. Roía as ver que meu filho se recuperou e forta-
unhas até sangrar, chorava por qual- leceu ao longo desse tempo, sem neces-
quer coisa. Se mexia tanto de noite que sidade de medicações mais fortes e sem
caía da cama, e precisávamos cercá-lo desenvolver nenhuma dependência. O
com colchões e almofadas, para não se legal da homeopatia é que a gente fica
machucar. Desde que iniciou a medica- tão forte e equilibrado que não precisa
ção, só foi melhorando em tudo. Hoje, “tomar para o resto da vida”, como ouço
com 10 anos, já consegue se concen- muito falar dos remédios químicos.
trar por mais tempo para fazer as ta- Pra quem estiver enfrentando proble-
refas, o sono está tranquilo, parou de ma parecido, eu recomendo muito essa
roer as unhas e está mais disciplinado abordagem, pois vale muito a pena!

18
Maria Teresa de Menezes, 62 anos, Asa Norte, DF

Em 2015 iniciei um tratamento homo- zados e dois medicamentos equilibra-


pático para tratar excesso de gordura dores. Vou ver se consigo persistir nis-
corporal, pois estava recomendada a so e chegar até onde quero, com mais
perder 10Kg e já tinha tentado outras saúde e equilíbrio, e sei que isso não
maneiras, sem conseguir. No entan- acontece somente comigo. Mas, apesar
to, não fui persistente e, portanto, não de não ter ainda chegado ao que desejo,
obtive os resultados que esperava. Me- sempre recomendo a homeopatia, pois,
lhorei outras coisas, mas não continuei além de ser um tratamento menos in-
tentando equilibrar o peso homeopati- vasivo, visa ao fortalecimento do indi-
camente. Em 2017, apresentei também víduo como um todo, e não apenas o
grande sonolência, principalmente à combate a uma doença. Dessa forma,
tarde, esquecimento, apatia e dificul- sempre ganhamos mais saúde, mesmo
dade de concentração, e iniciei outro com resultados específicos ainda a de-
tratamento, com minerais homeopati- sejar.

Confira a próxima edição para apreciar mais depoimentos. Caso deseje enviar o seu, entre em contato
através do e-mail: homeopatascentrooeste@gmail.com.

19
A HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR
Os benefícios da Homeopatia nos animais

No Brasil, a Homeopatia Veterinária, também De acordo com a veterinária homeopata Ana


conhecida como Homeopatia Animal, é reco- Maria Silva, 55 anos, não há diferença entre os
nhecida como uma especialidade da Medicina medicamentos homeopáticos prescritos para se-
Veterinária desde 1996. Com a revolução dos res humanos e animais. Além disso, eles podem
cursos formadores de terapeutas homeopatas – ser usados para tratarem qualquer tipo de ani-
homeopatas que não são formados em medici- mal ou problema de saúde. “Na verdade, não há
na – em todo o país, esse tipo de atendimento se restrições. Às vezes, animais que foram tratados
tornou bem mais acessível, sem deixar de apre- com cortisonas por muito tempo demoram a
sentar a mesma qualidade. responder ao tratamento homeopático, mas eu já
tratei com bons resultados quadros neurológicos
Para Suécia Damasceno, 52 anos, empresária e graves, infecções e também pacientes que não
terapeuta homeopata, o medicamento home- tinham mais recursos na medicina tradicional,
opático já foi responsável pela melhora signifi- todos com Homeopatia”, conclui.
cativa em animais que, inclusive, precisaram ser
submetidos a processos cirúrgicos. “Tratei dois Mitos sobre Homeopatia Veterinária
cachorros fila que ficaram machucados depois Pela Dra. Ana Maria Silva
de levarem coices, um deles quebrou a pata e co-
locou pinos, e o outro quebrou a bacia”, conta. 1.O tratamento homeopático demora a fazer
“Usando a Homeopatia, a recuperação deles está efeito nos animais
ótima, bem mais rápida do que o comum”. Qualquer técnica médica depende do profissio-
nal que a está utilizando. Quando você adminis-
Em comparação com a medicina veterinária tra- tra o medicamento correto, a ação é imediata. Já
dicional, a Homeopatia Animal conta com mui- vi animais rolando de cólica e, dez minutos de-
tas vantagens, entre elas, a ausência de efeitos pois de algumas doses de Nux Vomica, estarem
colaterais nos animais, o baixo custo dos medi- de pé normalmente.
camentos e a não liberação de resíduos tóxicos
no ambiente, o que torna essa prática ecologica- 2. É placebo/Só funciona com fé

20
mente correta. A Homeopatia é uma técnica médica, não uma

crença, e é estudada há mais de 200 anos. vem são catalogados/anotados e quando


Hoje já existem grupos de estudo mundiais uma pessoa adoece e apresenta o mesmo
trabalhando em pesquisas com os medica- quadro, o medicamento irá curá-la.
mentos ultradiluidos.
4. As fórmulas homeopáticas para ani-
3. Não é um tratamento comprovado mais são diferentes das prescritas para
cientificamente seres humanos
A base da Homeopatia é a experimentação, As fórmulas homeopáticas veterinárias uti-
então, não tem sentido falar que ela não lizam os mesmos medicamentos da huma-
tem comprovação científica. Todo medi- na, só levando em conta a sintomatologia
camento homeopático é experimentado da doença na espécie animal em questão.
em pessoas sadias e os sintomas que estes
experimentadores desenvolvem ou descre-

Foto: Luiza Cervenka

21
ENTREVISTA
Eliete Fagundes: Uma das grandes responsáveis pela expansão de cursos profissionalizantes para
terapeutas homeopatas

"Professora Eliete Fagundes. Foto: Divulgação"

Nascida em Caçapava do Sul – RS, a professora Eliete Fagundes, 53 anos, cresceu em


uma família que já era habituada a buscar por medicamentos homeopáticos para tra-
tar problemas de saúde rotineiros e, inclusive, para auxiliar doentes terminais. Hoje, ela
é especialista em Homeopatia e responsável pela propagação e consolidação da Ciência
da Homeopatia no Brasil, além de ser fundadora e proprietária da Escola de Homeopa-
tia Instituto Tecnológico Hahnemann e da Homeobrás, localizadas no estado de Goiás;
idealizadora, atual coordenadora e docente do curso de pós-graduação Lato Sensu em
Ciência da Homeopatia em faculdades credenciadas pelo MEC; e escritora da área de
Homeopatia. Nessa entrevista, a professora compartilha detalhes da sua história com a
Homeopatia, a criação e expansão do curso de Homeopatia para não médicos (terapeutas
homeopatas) e sobre o mercado profissional da área, além de outros tópicos importantes.

22
Como a senhora avalia a divulgação e o acesso aos fazia muito sucesso. Em 1985, quando eu soube
tratamentos Homeopáticos em GO e no Brasil? que a Homeopatia havia sido restringida aos mé-
dicos, pois somente a colocaram como especiali-
O acesso é tímido ainda em termos de população dade médica em 1980, e que os homeopatas não
em geral, principalmente em comunidades mais médicos, que eram poucos, estavam sendo perse-
afastadas, mais pobres e em área rural. O Minis- guidos e impedidos de exercer essa prática mile-
tério da Saúde, por meio da Portaria 971, im- nar, naquele momento, eu decidi que queria dar
plementou as PIC´s e algumas terapias já estão cursos de Homeopatia. Comecei, então, a estudar
disponíveis nos unidades básicas de saúde, como muito e a preparar a primeira grade de aula, que
a homeopatia, a acupuntura e a fitoterapia, en- ainda mantenho como base até hoje, dando ênfa-
tre outras. Porém, mesmo nas capitais, não são se aos miasmas, ao meio ambiente, entre outros.
todas as unidades que oferecem esse atendimen-
to e a fila para marcação de consultas é muito Como funciona o curso para não médicos?
grande. E o próprio SUS, de forma geral, não
legitima outros profissionais da saúde, mesmo Existem três modalidades. Extensão Universitá-
que façam parte do seu quadro de funcionários, ria (certificado pela Universidade credenciada
como possíveis terapeutas em potencial que pos- ao MEC), Extensão Instituto (certificado pelo
sam também praticar a acupuntura e a homeo- Instituto Hahnemann) e pós-graduação lato sen-
patia, principalmente. Temos ex-alunos que são so (certificado pela Universidade credenciada ao
profissionais do SUS e, após formados nos nossos MEC). Você pode ver detalhes de cada um deles
cursos, reivindicaram o direito de atuar também no nosso site (https://homeopatias.com/#), no
com as terapias em benefício da comunidade do menu, “cursos”. Tanto a pós quanto a extensão
local onde atuam. Em conversa com o gerente de universitária são cursos reconhecidos pelo MEC e
cada unidade conseguiram a abertura para re- os alunos recebem certificados.
alizar o trabalho. É necessário, ainda, muito di-
álogo e muita abertura de consciência para que Depois de formados, há limitações de atendimen-
realmente essas terapias ocupem espaço em todos to para os homeopatas ou eles podem trabalhar
os locais de saúde, em todo o Brasil e, não apenas da mesma forma que médicos especializados em
nas unidades básicas de saúde, mas em hospitais Homeopatia?
e outros equipamentos públicos. Em Goiás, não
existem muitos terapeutas, um dos motivos pelos A diferença está nas dinamizações específicas (es-
quais queremos abrir curso lá. cala decimal) que não podem ser indicadas por
terapeutas homeopatas (não médicos) por causa
O que motivou a senhora a criar o curso de Ho- do nível de toxidade presente nesses medicamen-
meopatia para não médicos? tos.

Desde cedo, ouvi comentários acerca do quanto Como a senhora avalia a procura pelo curso?
o resultado da Homeopatia era incrível. Minha Quantos profissionais são formados por ele anu-
mãe tomava desde pequena e minha avó materna almente?
era a homeopata da família, tratando de muitos
doentes na cidade, principalmente casos termi- Está crescendo muito o número de pessoas in-
nais. E para fazer fitoterapia, ela mesma colhia teressadas em Práticas Integrativas e Comple-
nos campos com a ajuda das primas mais velhas mentares (PICs) como um todo para resolver as
e minha avó paterna, que era fitoterapeuta e que questões da saúde, em sua origem, hoje em dia.
também se tratou com Homeopatia. Após a sua Levando em consideração que as PICs foram ofi-
morte, meus pais, meus irmãos e eu nos tratamos cializadas como política de prevenção do SUS,

23
com um homeopata não médico da cidade, que mesmo as pessoas que não têm formação na área
da saúde estão buscando alternativas inteligen- indivíduo se sinta mais apto para estendê-lo aos
tes de melhorar a própria qualidade de vida e seus semelhantes; e harmonizar os seres vivos e os
de seus semelhantes. A Homeopatia é uma das ecossistemas em geral através da troca de estímu-
opções que ajudam as pessoas no processo de en- los positivos homeopáticos: homem-ecossistemas
tendimento amplo do adoecimento e é uma fer- e ecossistemas-homem.
ramenta para a sua autonomia. Formamos mais
de 200 terapeutas por ano. Quais são os diferenciais do curso de Homeopatia
para Homeopatas não médicos?
A sua proposta para o curso de Homeopatia para
não médicos foi recebida de maneira positiva? Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações
- CBO, para ser Homeopata, não precisa estudar
Várias dificuldades foram enfrentadas e perdu- medicina porque os princípios da Homeopatia
ram até os dia de hoje, no sentido de esclarecer são diferentes dos da alopatia; não se faz diagnós-
a população sobre a existência do terapeuta ho- tico, não há necessidade de pedir exames, não há
meopata em toda a história de medicina natural toque, etc. São as características mentais e emo-
do Brasil. Foram dezenas de processos na Justiça. cionais da pessoa que regem o atendimento, seu
Em uma época, tivemos 23 conselhos processan- histórico de vida e dos antepassados, ou seja, to-
do o curso ao mesmo tempo. Ganhamos juris- dos os aspectos que perfazem sua personalidade.
prudências na Justiça, que foram a chave para É preventiva porque pelas manifestações energé-
estabilizar o trabalho. Um ex-aluno Juracyr Saint ticas do dia a dia da pessoa, que são descritas nos
Germain teve seu trabalho de conclusão do cur- experimentos das Matérias Médicas Homeopá-
so publicado pela OAB - “O Direito nas Terapias ticas, podemos trabalhar de forma integrativa e
Naturais”, o que contribuiu para esclarecer mui- complementar nas predisposições herdadas antes
tas questões acerca do exercício legal das terapias. delas se materializarem no corpo físico, indepen-
E, em 2002, a Organização Mundial de Saúde - dentemente de rótulo, como é o caso de doenças
OMS lançou uma estratégia de preservação da como diabetes e câncer.
medicina natural no mundo, o que trouxe uma
série de atividades de proteção a essas práticas, Como a senhora avalia o mercado de trabalho
inclusive, no Brasil. A Justiça e o Congresso Na- para homeopatas não-médicos?
cional vêm há muito sendo chamados a intervir
em favor dessas atividades. O curso, nesses 30 O mercado de trabalho é muito amplo. Temos
anos de existência, contribuiu em muito para que alunos farmacêuticos dando aula de homeopatia
o atual cenário de respeito e estudo da Homeo- em faculdades. No caso deles, fizeram a especia-
patia como Terapia Natural seja fosse mantido e lização. Também é possível concorrer a vagas na
preservado em favor daqueles que escolhem esses saúde pública, conforme edital de cada municí-
métodos integrativos de assistência à saúde. pio. Tem a vantagem da autonomia dos terapeu-
tas que podem abrir seu próprio espaço de atendi-
Na sua opinião, quais são os objetivos principais mento exercendo a profissão, conforme o Código
do curso de Homeopatia para não médicos? Brasileiro de Ocupações–CBO. Para as pessoas
O Curso de Ciência da Homeopatia foi criado há que querem ser Terapeutas Homeopatas, a dica
cerca de 30 anos com diversos objetivos, dentre mais importante é estudar muito e respeitar mui-
eles: capacitar pessoas para trabalhar como Ho- to. Respeitar seu próprio corpo e o do outro. E
meopatas Prescritores, independentemente da lembrar sempre que a Homeopatia é um presente
área de formação ou atuação; integrar os conhe- da natureza para todos. Todos têm o direito de
cimentos das áreas diversas à homeopatia, sem estudar, se quiserem, e de serem atendidos com
conflitos; despertar o autoconhecimento para Homeopatia dentro das leis naturais que estabe-

24
que, através da conquista do bem estar pessoal, o lecem essa prática.
Segunda Parte
HOMEOPATIA TAMBÉM É
CIÊNCIA

25
26
CURANDO COM
A família “calcarea”
A familia homeopática das calcareas tem como camento é necessário quando há problemas de es-
elemento básico o cálcio, um nutriente importan- trutura e funcionamento metabólico, e está ligado,
tíssimo para o funcionamento do corpo, além de mental e emocionalmente, ao medo. Nas palavras
ser o mineral presente em maior quantidade no or- de um homeopata, “Quando se vê Calcárea, se vê
ganismo humano e em muitos animais, vegetais e medo em todas elas, cada qual com o seu específi-
minerais. Estima-se que 1% a 2% do peso corpóreo co.”
de um adulto esteja na forma de cálcio, e que 99%
do cálcio presente no corpo esteja localizado nos A família calcarea é extensa, iniciando pela Calca-
ossos e dentes. rea Carbonica, mãe de todas as outras, e a matéria
médica de cada uma delas cobre muitos sintomas.
O cálcio possui as mais variadas funções, sendo a Por isso, precisam ser estudadas com cuidado, para
principal a formação de ossos e dentes, mas tam- que façam seu trabalho de regular as estruturas físi-
bém participa decisivamente das funções neuro- cas, emocionais e mentais, produzindo sua parte na
musculares, ajudando a regular as contrações e o cura de muitas doenças e na elevação da capacidade
relaxamento muscular. imunológica.

Além disso, o cálcio atua como mensageiro no in- Ao se combinar com diferentes outros minerais, a
terior das células, pois, ao se ligar com proteínas e calcarea se transforma em: carbônica, fosfórica, sul-
fosfolipídios, promove a permeabilidade da mem- fúrica, fluórica, silicata, arsenicosa, iodata, acética,
brana celular, com isso, facilitando o metabolismo, algumas das formas de apresentação dessa impor-
pois as paredes da célula deixam entrar e sair o que tante substância capaz de fortalecer, purificar e ha-
é necessário sem bloqueios; e, em algumas células, monizar. Como escolhê-las? Isso vai depender da
como as presentes nas adrenais, é responsável pela sintomatologia do indivíduo que está sendo tratado
secreção de hormônios. e sua semelhança com as matérias médicas. É preci-
so estudar bastante! Por isso, é bom sempre procu-
Outro papel importante do cálcio diz respeito à co- rar profissionais credenciados que possam fazer a
agulação sanguínea, uma vez que é responsável pela indicação indicada para cada caso.
ativação de fatores que possibilitam esse processo.
A pressão arterial e a obesidade também apresen- Adaptado de:
tam relação com a quantidade de cálcio ingerida, http://homeopatiaparamulheres.blogspot.com.
pois já se verificou que o aumento da ingestão desse br/2011/09/calcarea-carbonica-mae-das-calcareas.
importante nutriente leva à diminuição da massa html
gorda.
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/
Na Homeopatia, costuma-se dizer que esse medi- importancia-calcio.htm

27
NARRATIVAS TERAPÊUTICAS:
Estudo de Caso

Estudo de Caso: Idosa com intoxicação e confusão mental


Terapeuta: Cássia Regina da Silva Luz
Atendida: Mulher, doméstica, 74 anos, Goiânia, Go.

Sintomas iniciais
Físicos: intoxicação por antibiótico cloridrado de ciprofloxacino. Este remédio tem registros de causar
sintomas de tontura e desequilíbrio no sistema nervoso, porque atinge o cerebelo, principalmente em
pessoas com mais 70 anos, e foi receitado para infecção de urina leve. Ela perdeu totalmente o apetite,
reclamava da língua grossa e áspera. Não dormia, levantava várias vezes à noite. O descontrole dos ner-
vos fazia tremer a musculatura das mãos e pernas ao ponto de ter que dar a comida na boca e, para se
levantar e andar, precisava de auxílio.

Mentais: alto grau de ansiedade, pânico de ficar sozinha, medo de morrer, falando muito a mesma coisa,
com confusão mental, extremamente apavorada.
1

Há algum tempo, principalmente depois que os filhos saíram de casa e ela passou a morar só com o
marido, já vinham se apresentando esses sintomas. Ciúme do marido, pois fica muito chateada quando
ele vai ao boteco e bebe cerveja (o que ocorre sempre no final de semana).Tem medo de ficar sozinha.
Depressão. Tem mania de organização e limpeza. Servir os outros sempre é um dever. Foi criada com a
madrinha desde os 9 anos, quando saiu da casa dos pais, e treminou vivendo uma rotina de trabalho es-
cravo em casa de família militar super exigente. Sua mãe faleceu quando tinha 15 anos, foi um momento
muito marcante e é uma memória que sempre vem à tona. Na casa da madrinha tinha que dar conta
de todo o serviço da casa e da cozinha, com severa exigência e organização, sem nenhum salário. Esse
método nunca saiu do seu jeito de conduzir a vida. Se transformou numa pessoa que exige muito de si.
Tem cistite duas vezes ao ano. Eternamente resfriada, qualquer vento escorre o nariz, apresenta sinusite
quase sempre. Com 42 anos retirou um nódulo benigno do seio e parou de menstruar. Com 51 anos co-

28
meçou um processo de perda de cartilagem do fêmur que se asseverou, chegando a endurecer o quadril
e encurtar a perna. Tem dores fortes. Depois apresentou também bursite no braço, e artrose no joelho.
Com 73 anos apresentou câncer de pele que foi retirado no rosto e pescoço.

Em agosto e setembro de 2017, tomou Thuya 5CH e Carcinosinum 12CH, amenizando alguns dos as-
pectos, mas levemente.

Para o quadro atual, após examinar as sugestões dos colegas, usei: nux vômica 5CH, 5 gotas 3 vezes ao
dia, por 7 dias. Este remédio foi ministrado junto com uma fitoterapia, para fazer uma desintoxicação:
chá de carvão vegetal, erva-doce, melissa e gervão.

Após uma semana com este tratamento, ela estava dormindo um pouco melhor, mas ainda bastante
ansiosa, com medo da morte, não dava conta de ficar em pé sozinha, somente apoiada. Falando muito, e
com um certo nível de confusão mental.

Então foi ministrado o seguinte: Floral Rescue Remedy, com 20% de brandy, 12 gotas 4 vezes ao dia, para
tomar sem interrupção por uns dois meses. Homeopatia Aconitum Napellus 12CH, junto com Passiflora
5CH, 10 gotas 3 vezes ao dia, e Natrum Muriaticum, 12CH, 10 gotas na hora de dormir.

No primeiro dia, já dormiu melhor.

No segundo dia, ficou mais calma, falando menos, a ansiedade diminuiu, o olhar perdido começou a
voltar o brilho da vida, relembrou algumas memorias da infância, dormiu melhor.

No terceiro dia, apresentou-se bem mais tranquila, falando com mais equilíbrio e lógica, o olhar melho-
rou e ficou mais vivo, o apetite voltou, o equilíbrio do sistema nervoso melhorou muito, começou a ter
coragem de ficar em pé sozinha.

No quarto dia, já se levantava sozinha, tinha vontade de comer e o fazia sozinha, sorriu, sorriu alto e
contou muitos casos da infância e adolescência.

No quinto dia, tomou banho sozinha e sentiu-se bem.

Após uma semana, queria fazer sua propria comida.

Após 26 dias, os copos do lanche ficaram na pia por horas, porque ela estava vendo televisão, o que seria
inadmissível para ela antes!

Agradeço muito todo o carinho e a ajuda do grupo de colegas homeopatas que nos orientou nessas
medicações. Continuarei fazendo o acompanhamento grupal, por ver que me ajudou a perceber novas
possibilidades e também fez com que ela melhorasse bem rapidamente.

1 Este caso foi submetido ao WhatsApp do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oes-
te, e as sugestões coletivas foram organizadas e administradas pela terapeuta Cássia Regina da Sil-
va Luz, que acompanhou e registrou o caso. Como se tratava de sua mãe, ela prudentemente pediu auxí-
lio de outros, para evitar a “cegueira relativa” que nos acomete quando cuidamos de parentes e amigos.

29
DE OLHO NA PESQUISA
REPERTORIZAÇÃO: UMA TECNICA-ARTE TERAPÊUTICA E INTERPRETATIVA
3
José Maria Alves,2 Anna Kossak-Romanach

Resumo
Este trabalho apresenta, por meio de compilação de documentos qualificados, o conceito de repertori-
zação, o histórico dessa prática homeopática, alguns dos repertórios mais importantes para os estudos
homeopáticos e um exemplo prático de repertorização. Elaborado adaptando textos de dois grandes
estudiosos de homeopatia, com os devidos créditos, o estudo pode auxiliar na compreensão da técnica
e da arte de interpretar sinais e sintomas com o fim de descobrir uma boa abordagem terapêutica de
acordo com a ciência da Homeopatia. Na parte referente ao texto de José Maria Alves, manteve-se a
grafia original em portugês de Portugal.

Palavras-chave:
Repertorização homeopática. Hahnemann. Kent. Boenninghausen.

“Um terapeuta que se satisfaça com indicações vagas do Repertório para a selecção do medicamento,
e rapidamente atende um paciente atrás de outro, é apenas um charlatão e não merece o honrado título
de Homeopata.” (José Maria Alves)

2 Os direitos de autor são propriedade de José Maria Alves. No entanto, considerando o objectivo de divulgação das matérias constantes
do site, nomeadamente da Homeopatia, podem as mesmas ser utilizadas da forma julgada conveniente, por quem quer que seja, desde que
não envolvam fins lucrativos.Levemente adpatado por Sheila da Costa Oliveira com base no conteúdo disponível em: https://homeoesp.
org/artigos/homeopatia/repertorizacao.
3 Repertórios de Sintomas. Ana Kossach-Romanach. Adpatado por Sheila da Costa Oliveira com base no conteúdo disponível em: www.
homeopatiaexplicada.com.br/index.php?option.

30
A repertorização é o modo pelo totalidade dos sintomas, e enfati- de Boenninghausen vislumbra
qual o homeopata, transforman- zou pela primeira vez que o mé- a interdependência de fatores ao
do a linguagem do paciente em dico deve tratar do doente que modo de sistemas complexos,
linguagem repertorial (ou lista ele conhece e não da doença que abrindo caminho às especialida-
de sinais e sintomas), obtém um ele não conhece, mas da qual o des.
maior ou menor número de me- doente sofre. 3. O iluminismo de Kent
dicamentos ordenados por co- confere prioridade às manifesta-
bertura ou pontuação. Esse tipo BOENNINGHAUSEN conciliou ções psíquicas.
de estudo/publicação é necessá- as partes num total único, admi- 4. A obra de Boennin-
rio porque, desde a descoberta da tindo que um sintoma se torna ghausen estudou as condições-
lei da semelhança e a conseqüen- totalizado - como expressão da -doença sob o ponto de vista
te necessidade de experimenta- personalidade do doente - ao ser hahnemanniano, que aceitava a
ção no homem são, foram sendo completado por detalhes de lo- totalidade dos sintomas direta-
registradas novas patogenesias, calização, por sensações e pelas mente senso-perceptíveis como
reunidas como Matéria Médica modalidades, extrapolando as representativa da doença. Trans-
Homeopática. À proporção que qualificações, igualmente quan- formou o conceito de totalidade
esta foi se avolumando, tornou- to aos sintomas concomitantes de sintomas em sintoma na tota-
-se impossível memorizá-la. Esta àquele sintoma considerado cen- lidade, numa retratação peculiar
dificuldade obrigou à cataloga- tral; este último aspecto motivou individual. Para ele, tal como a
ção dos sintomas à maneira de a designação do seu repertório manifestação mental, cada parte
índice, e o próprio HAHNE- como “doutrina dos concomi- do organismo não tem a indi-
MANN elaborou pequeno ma- tantes”. Coube-lhe a primeira vidualidade de um sofrimento
nuscrito neste sentido, impresso publicação no gênero. Conco- separado, sendo cada indivíduo
em latim no ano 1817. GROSS mitante significa algo que existe único em suas reações, variando
e RÜCKERT, seus discípulos, se ou ocorre simultaneamente. Sin- a força-doença em cada orga-
incumbiram da compilação dos tomas concomitantes incluem nismo, a qual pode ser estudada
sintomas até então assinalados o comportamento psíquico e as tanto na totalidade quanto em
e foi este último que, com base reações orgânicas globais. suas parcialidades. BOENNIN-
na obra Doenças Crônicas, or- GHAUSEN publicou um reper-
ganizou um repertório que não Nem HAHNEMANN nem BO- tório de antipsóricos em 1830.
chegou a ser impresso. Pierre ENNINGHAUSEN deram prio- Em 1846 editou o seu livro mais
Schmidt escreveu que o reperto- ridade absoluta aos sintomas importante: Therapeutic Pocket
rio feito por Rückert, a pedido de mentais sobre os físicos e basea- Book, reeditado por ALLEN. As
Hahnemann, alcançou 4.239 pá- ram a individualização do remé- suas idéias são de grande valia
4
ginas, em 4 volumes. dio na totalidade de sintomas. no enfoque homeopático dentro
Não praticavam a hierarquiza- das especialidades. A utilização
Publicação do primeiro repertó- ção. ambulatorial do repertório deste
rio e a “doutrina dos concomi- autor é limitada pela prolixidade
tantes” Visões do doente a ser curado das rubricas, com número exces-
1. A objetivação realística sivo de medicamentos; contudo,
HAHNEMANN memorizava de Hahnemann considerava to- encontrou adaptação nos com-
e individualizava mentalmente dos sinais e sintomas. putadores e seus programas de
os pacientes e drogas segundo a 2. A ordem na desordem busca.

4 SCHMIDT, Pierre – Homeopathic Repertories. JAIH, 48:199. Jul.1955 II=c, VII.

31
da droga e do doente, formulando nova técnica
de avaliação dos sintomas. A individualização
do doente e do medicamento constitui a meta do
seu repertório, que procede do geral ao local ou
particular, numa seqüência anatômica em toda
obra, precedida por uma seção inicial dedicada
à mente, seguida pelas manifestações parciali-
zadas, e finalizando pela seção generalidades. O
seu método repertorial consiste na exclusão gra-
dativa daquelas drogas que não condizem com
as manifestações do doente, encurtando cami-
nho na busca do simillimum, conferindo priori-
dade aos sintomas mentais e físicos gerais e su-
plementando cada qual por sintomas peculiares.
As manifestações particulares são modalizadas,
sendo relegadas as modalidades atinentes aos
sintomas menores quando os gerais as possuem.
O sintoma peculiar de KENT substitui aquele
concomitante de BOENNINGHAUSEN. Em
1995, após uma década de trabalho exaustivo,
veio a público a primeira edição brasileira, em

5. George Heinrich Gottlieb JAHR (1804-


1875), em 1850, publicou a obra “Traitement
Homeopathique des MALADIES DE LA PEAU
et des LESIONS EXTÉRIEURS EN GÉNÉRAL”,
608p., obra pioneira, considerando que a Der-
matologia se definiu como especialidade somen-
te a partir de 1920. O texto-modelo tornou-se
válido para todas as especialidades. Parte I: Ocu-
pa-se da patologia, etiologia, classificação e diag-
nóstico clínico das dermatoses em geral. Parte II
– Apresenta Patogenesias de A a Z com enfoque
dermatológico, referenciando sinais, sintomas e
topografia. Parte III – Répertoire Symptomato-
logique des Maladies de la Peau et des Lésions
Extérieures”. Esta secção está subdividida em
3 capítulos: I) Dermatoses propriamente ditas;
II) Diversos estados mórbidos da pele; III) Sin-
tomas dos anexos cutâneos, dos gânglios, dos
ossos, das mucosas e diversos fenômenos exter-
nos.

6. O Plano repertorial de Kent entrosou


nos seus estudos as personalidades da doença,

32
português, do Repertório de Sin- rio, percorrendo-o sem qualquer Atente-se que, nas doenças agu-
tomas Homeopáticos, elaborada outra intenção que não seja co- das, havemos de valorizar pri-
por Ariovaldo Ribeiro Filho. A nhecê-lo. Este manuseio atento mordialmente os sintomas mais
obra é vinculada a KENT-KÜN- permitir-lhe-á, em inúmeras si- recentes, enquanto que nas cró-
ZLI-BARTHEL-SYNTHESIS. O tuações, realizar uma cuidada re- nicas são valorizados os mais an-
autor acrescenta 150.000 novas pertorização, com sintomas bem tigos e repetitivos, sem olvidar,
referências a rubricas e a medi- definidos e modalizados, preser- obviamente, o critério da pecu-
camentos ligados a rubricas. Em vando a linguagem empregada liaridade dos sintomas.
1996, na segunda edição, incor- pelo paciente, limitando a utili-
pora os resultados de novas pa- zação de sinónimos repertoriais, As patologias agudas facilmente
togenesias, brasileiras. O texto que se susceptibilizem de alterar vicariam, progressivamente tor-
obedece à estrutura básica de o sentido ao relato que o pacien- nando-se crónicas. Cremos que
KENT; insere notas explicativas te fez durante a anamnese. na coexistência de um quadro
e referências cruzadas. com queixas de carácter agudo
Devemos sempre procurar cer- e crónico, poderá dar-se prima-
7. Paralelamente, ARIO- tificar-nos de que a expressão zia à cura dos sintomas agudos,
VALDO RIBEIRO FILHO ela- utilizada pelo doente tem in- já que o que importa em primei-
borou o Repertório homeopático tegral correspondência com os ra mão é o bem estar imediato
digital, contendo o texto comple- termos repertoriais. As rubri- do doente. De qualquer modo,
to e atualizado em versão bilin- cas demasiadamente genéricas, a cura “a longo prazo” não deve
güe e que, além de possibilitar com um número muito elevado ser ignorada, e a acção medica-
repertorizações múltiplas, per- de medicamentos – ex. Falta de mentosa escolhida pelo homeo-
mite ao computador o arquiva- apetite – 207 medicamentos; pata deve ser dirigida igualmente
mento direto e simplificado das Medo, apreensão, pavor – 238 para o tratamento da enfermida-
repertorizações elaboradas pelo medicamentos; Dor de cabeça – de crónica.
clínico no atendimento diário. 273 medicamentos – ou aquelas
que apresentam muito poucos Apontamos de seguida, sumaria-
Entretanto, apesar de todos es- – ex.: Medo de aranhas – 1 me- mente, os métodos de repertori-
ses esforços, a repertorização é dicamento; Medo de sair fora de zação mais utilizados em home-
meramente sugestiva. Ela indi- casa – 2 medicamentos. Como opatia:
ca-nos um conjunto de substân- já se disse, no artigo referente • Repertorização Mecâni-
cias que se podem assumir po- aos sintomas é desaconselhável a ca ou por Extenso;
tencialmente como semelhantes prescrição baseada em Keynotes, • Repertorização com Sin-
do caso. Mas a decisão caberá cuja função deve ser meramente toma Director;
sempre, em última instância, à indicativa e (ou) sugestiva – de- • Repertorização funda-
comparação por diferencial, da vem ser evitadas, dado poderem, mentada na Síndrome Mínima
totalidade sintomática com as respectivamente, exacerbar ou de Valor Máximo.
patogenesias descritas nas Maté- restringir a amplitude da pesqui-
rias Médicas. sa. O ideal será a utilização de 1. Repertorização Mecânica
ou por Extenso
rubricas com um número médio Neste método, identificam-se
É fundamental entender-se que a de medicamentos, não se ultra- todos os sintomas do paciente –
prescrição só será correcta e co- passando os oitenta – é evidente tabulação completa da totalidade
roada de sucesso se o homeopata que este número é susceptível de sintomática como preconizava
estiver habilitado a destrinçar os adequação, tendo em conta a fi- Boenninghausen –, sem que se
sentidos de rubricas similares ou losofia e estrutura do Repertório recorra a qualquer valoração ou
quase similares. Para tal, deve ler utilizado. hierarquização. Repertorizam-se

33
amiúde as rubricas do Repertó- os sintomas e no final procedem
para o diferencial na Matéria mento da actividade repertorial,
Médica os dez ou doze primeiros Este método compreende duas o critério de selecção do medi-
medicamentos que resultaram fases: camento deixará de ser exclusi-
da actividade repertorial – estes a) A primeira implica que vamente a pontuação passando
podem ter sido obtidos por co- se escolha um sintoma bas- a ser também a cobertura, já que
bertura e/ou pontuação. Os me- tante característico e marcante se incluíram vários novos sinto-
dicamentos resultantes da reper- ou chamativo do caso clínico. mas. Na fase final da repertori-
torização podem ser traduzidos Como já foi mencionado, a ru- zação, serão levados ao diferen-
quer por “cobertura” quer por brica referente ao sintoma não cial da Matéria Médica os dez ou
“pontuação”. Cobertura significa deve ultrapassar os oitenta nem doze medicamentos que tenham
que determinado medicamento possuir poucos medicamentos. tido maior pontuação.
engloba um número específico Referimos ainda a constituição
de sintomas que o homeopata re- do Sintoma Director através de 3. Repertorização Funda-
pertorizou – o número de sinto- dois outros métodos para além mentada na Síndrome Mínima de
mas cobertos pelo medicamento daquele em que se emprega o Valor Máximo
determinam a sua importância sintoma simples. O primeiro re- É denominado como método ar-
–. Pontuação refere os pontos fere-se à elaboração do Sintoma tístico, no qual escolhem-se de 3
acumulados pelo medicamento, Director mediante a soma de a 5 sintomas, devidamente hie-
atendendo ao “Grau de pontua- dois ou três sintomas marcantes rarquizados, caracterizadores da
ção” que este possui face a deter- do caso – “... como no caso de individualidade do paciente, em
minado sintoma repertorizado rubricas afins importantes e que rubricas com um número médio
– v.g. Boca, Calor – Belladona possuam poucos medicamentos” de medicamentos. Neste tipo de
(Grau I) / Aconitum (Grau II) / –. No segundo método, já não repertorização não se atende à
Mercurius Solubilis (Grau III) –. são sintomas que se somam, mas pontuação, mas sim à cobertura
Quantos mais pontos forem atri- sim rubricas marcantes e indubi- efectuada pelos medicamentos.
buíveis ao medicamento, mais táveis que se cruzam, geralmente O medicamento seleccionado é
importante ele será. duas ou três. Estas possuem um aquele que, por cobertura, englo-
número razoável de medicamen- ba a totalidade ou a maior quan-
De qualquer modo, para efeitos tos (mais de 50) e são: “... todas tidade dos sintomas selecciona-
de diagnóstico diferencial, não igualmente importantes, indis- dos. A parte consideravelmente
devem ser descurados os sinto- pensáveis, sem relação directa de mais difícil deste método é a fi-
5
mas característicos, peculiares, afinidade e que seriam utilizadas xação da S.M.V.M. –selecção dos
raros e raríssimos. em algum momento da reperto- sintomas mais individualizantes
rização.” A repertorização cin- e representativos do caso.
Este é considerado por muitos o gir-se-á aos medicamentos apre-
método de repertorização mais sentados pelo Sintoma Director. Pode-se efectuar uma variação
falível, por beneficiar os medica- Destes medicamentos escolhem- sobre este método, que compre-
mentos policrestos. -se os de maior pontuação. ende a utilização dos medica-
mentos resultantes da repertori-
2. Repertorização com “Sin- b) Numa segunda fase, zação como sintomas directores
toma Director” procede-se à repertorização de aos quais vão ser aditados outros
Considera-se como Sintoma Di- outros sintomas marcantes que sintomas apresentados pelo pa-
rector aquele que é o principal de dependerão directamente dos ciente para ulterior análise re-
um caso e que limita a pesquisa resultados obtidos da análise do pertorial. Trata-se nada mais do
repertorial dos restantes sinto- S.D. A escolha destes sintomas que a combinação do método
6
mas aos medicamentos que o não depende de qualquer pres- de Repertorização pela S.M.V.M

34
englobam nas suas patogenesias. suposto hierárquico. Neste mo- com o método de Repertoriza-
ção com “Sintoma Director”. subagudo.
5. Um exemplo prático
4. Uma aplicação da S.M. Hering teorizou que, se encon- O paciente A queixou-se de ter
V.M: o tripé de Hering trarmos no enfermo três sin- todos os anos, duas ou mais ve-
Constantin Hering, eminente tomas característicos de um zes, “ataques de sinusite”. Descre-
homeopata americano, legou- remédio, poderemos proceder veu-os da seguinte forma: “Co-
-nos, entre outras, a denominada à sua prescrição com êxito pra- meço por ter a sensação de que a
“teoria do tripé” – The three leg- ticamente assegurado. Se um cabeça está cheia, ouço a minha
ged stool –. banco tem apenas dois pés, não voz dentro dela e isso provoca-
se mantém erecto. São necessá- -me um mal estar tremendo. Ao
A repertorização foi desde sem- rios pelo menos três para que o mesmo tempo, o ranho escorre-
pre um procedimento que não apoio seja consistente e não caia -me do nariz, parecendo água.
primava pela simplicidade, e que desamparadamente. Do mesmo Não pára de correr. Passados
desmotivou muitos estudantes e modo, quando em Homeopatia que estejam alguns dias, a sensa-
práticos homeopáticos, condu- prescrevemos estribados num ção de cabeça cheia continua, o
zindo-os a métodos simplifica- ou dois sintomas, estaremos em ranho também, mas passa a ter
dos de prescrição, como a utili- regra votados ao insucesso, o que uma cor verde clara. Aparece-me
zação de Receituários e Guias, não ocorre quando escolhemos então, uma expectoração tam-
elaborados sistematicamente três sintomas característicos. bém verde clara.”
com recurso aos conceitos estru-
turantes da alopatia. São vários os autores e investi- Repertorizamos a primeira fase
gadores que consideram a teoria tal como narrada, utilizando o
É evidente que o Unicismo pode de Hering absolutamente válida. Repertório Digital de Ariovaldo
não ser viável em determinadas Mas, para a sua real eficiência, o Ribeiro Filho:
zonas de intervenção, muito es- terapeuta não pode olvidar, quer
pecialmente nas mais carencia- uma boa valorização dos sinto- 1 – NARIZ E OLFACTO –
das e que apresentam caracterís- mas quer a sua hierarquização. SECREÇÃO – AQUOSA
ticas culturais específicas, quer É fundamental que recorra aos
pela deficiente formação dos te- sintomas característicos – ver 2 – NARIZ E OLFACTO –
rapeutas quer pela inadequação artigo relativo aos Sintomas – e SECREÇÃO – COPIOSA
dos repertórios elaborados em não aos comuns. Por outro lado,
função de valores distintos. Aí, um Repertório completo e de 3 – NARIZ E OLFACTO –
justifica-se de pleno a utilização confiança – v.g. Kent, Ariovaldo, SECREÇÃO – COPIOSA – com
de tais Guias de Prescrição, aten- Sihore –. Por último, a prática di- enchimento(entupimento) da
ta a impossibilidade de exercício z-nos que nos casos crónicos os cabeça.
da homeopatia hahnemanniana resultados são extremamente fa-
– a um mal maior, o menor –, e líveis. Por este motivo, o estabe- Os medicamentos que cobriram
como compreenderemos melhor lecimento da Síndrome Mínima os três sintomas, ordenados por
infra, o recurso à regra do tri- de Valor Máximo, com apenas pontuação, foram:
pé, em virtude da sua eficiência três sintomas é de evitar –deve-
se restringir quase que integral- mos isolar um mínimo de quatro kali-i (8); nit-ac (7); arum-t (6);
mente ao domínio do agudo e do bons sintomas –. nux-v (6); calc (5); acon (5); phos

5 Ariovaldo Ribeiro Filho, Conhecendo o Repertório & Praticando a Repertorização, Editora Organon, páginas 165 a 167.
6 Ver Conhecendo o Repertório & Praticando a Repertorização, de Ariovaldo Ribeiro Filho, página 157 .

35
(5); agar (4); spig (4).

Repertorizamos a fase actual da


enfermidade, com recurso ao
mesmo Repertório:

1 – NARIZ E OLFACTO –
SECREÇÃO – COPIOSA – com
enchimento (entupimento) da
cabeça.

2 – NARIZ E OLFACTO –
SECREÇÃO – ESVERDEADA]

3 – EXPECTORAÇÃO – ES-
VERDEADA

Os medicamentos que cobriram


os três sintomas, ordenados por
pontuação, foram:

Kali-i (9); phos (6); nit-ac (5);


calc (5); nux-v (4).

Após o exame cuidadoso dos sin-


tomas e sinais do paciente, tanto
anteriormente quanto no estado
atual, não tivemos dúvidas quan-
to ao medicamento a ministrar:
Kalium Iodatum, que aliviou em
um primeiro momento e depois Referências
fez sumir completamente os in-
cómodos. HAHNEMANN. Samuel. Organon da arte de curar. Tradução:
David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi | - São Paulo: GEHSP
Por isso, quanto mais estudarmos “Benoit Mure”, 2013.
os princípios da homeopatia, as
personalidades homeopáticas, as https://homeoesp.org/artigos/homeopatia/repertorizacao.
matérias médicas, os repertórios Acesso em 23/01/2018
e a arte da interpretação, com
mais segurança indicaremos os www.homeopatiaexplicada.com.br/index.php?option.
remédios adequados ao alívio e Acesso em 26/01/2018
à cura dos que nos procurarem
para tratar seus males.

36
DE OLHO NA PESQUISA
Monografia: HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
ESTUDO DE CASO 1
2
ELISANGELA PEREIRA DE ALBUQUERQUE

RESUMO

Este estudo aborda o tema Infecção do Trato Urinário (ITU), uma das doenças mais comuns
entre as mulheres. Foi realizado um estudo de caso de uma pessoa com infecções urinárias
reincidentes, durante o qual foram identificados os sintomas, esclarecidas as causas e indica-
dos medicamentos de acordo com as similitudes. A proposta de tratamento teve como base a
Homeopatia. Utilizou-se uma abordagem integral da pessoa, analisando não somente os pro-
blemas físicos, mas também os desequilíbrios mentais/emocionais. Assim, a partir de uma
análise das causas, a terapia teve como objetivo, além da cura da infecção, principalmente o
reequilíbrio da parte mental/emocional, aliando a Homeopatia ao uso do Cranberry para a
melhora da resposta imunológica no organismo.

PALAVRAS-CHAVE: homeopatia, cantharis, staphysagria, infecção urinária.

ABSTRACT

This study addresses the topic Urinary Tract Infection (UTI), one of the most common dise-
ases among women. A case study of a person with recurrent urinary infections was carried
out, during which the symptoms were identified, the causes explained and the medications
indicated according to the similarities. The treatment proposal was based on Homeopathy.
An integral approach of the person was used, analyzing not only the physical problems, but
also the mental / emotional imbalances. Thus, from an analysis of the causes, the therapy has
as an objective, besides the cure of infection, mainly the rebalancing of the mental / emo-
tional part, combining Homeopathy with the use of Cranberry for the improvement of the
immune response in the organism.

KEY-WORDS: Homeopathy, cantharis, staphysagria, cranberry, urinary infection.

1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Homeopatia da Faculdade


Inspirar, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Ciência da Homeopatia.

2 Terapeuta holística pós-graduada em Homeopatia pela Faculdade Inspirar, de Minas Gerais. Atende atualmente em Har-
mony Homeopatia e Terapias Holísticas, e voluntarimente no Abrigo de Excepcionais da Ceilândia, pelo Projeto Metamor-

37
fose, Brasília - DF.
INTRODUÇÃO para o homem viver em plena disposição, seja ela
física ou mental. Neste sentido, a Homeopatia as-
O que precisamos fazer para ter qualidade de vida? sume papel de grande importância, pois, diferen-
Qual o nosso bem mais precioso? Certamente es- temente dos métodos tradicionais, busca analisar
sas perguntas nos levarão a uma profunda refle- o indivíduo como um todo. Não foca no proble-
xão e surgirão muitas alternativas em nossa men- ma e sim nas causas, sinais e sintomas.
te. Mas, muito provavelmente, a “saúde” constará
na primeira colocação. A Homeopatia busca os sinais das doenças, par-
tindo do princípio de que ela existe devido a um
Entretanto, apesar de a grande maioria identificar desequilíbrio do organismo, influenciada pela
a saúde como ponto fundamental para a qualida- falta de energia vital. Quando a pessoa está em
de de vida, infelizmente muitos ignoram os cuida- desequilíbrio, as defesas naturais não funcionam
dos necessários para se conseguir uma vida plena adequadamente, facilitando o surgimento de do-
e saudável. enças, sejam elas físicas ou psíquicas.

As decisões adotadas e os caminhos escolhidos Apesar de muitas pessoas acharem que os remé-
geralmente contrariam as regras básicas do bem dios Homeopáticos funcionam apenas em longo
viver. Mesmo sabendo das consequências, muitos prazo, isso não é verdade. Dependendo do tipo de
ignoram as alternativas mais salutares e insistem tratamento, muitos remédios já começam a fun-
em comportamentos altamente prejudiciais ao cionar de maneira imediata, ampliando o resul-
equilíbrio pleno do corpo. tado com o tempo. Sempre é bom ressaltar que o
principal objetivo da Homeopatia não é atacar o
Buscar a qualidade de vida, e isso envolve neces- sintoma, mas alcançar o equilíbrio do cliente.
sariamente uma vida saudável, deve ser um dos
nossos principais objetivos. Precisamos ter sem- Além do mais, a Homeopatia é um tratamento
pre presente que uma saúde debilitada afetará, totalmente natural e é considerada como uma
além da parte física, nosso equilíbrio mental, es- “terapia sem efeitos colaterais”, isso porque cada
piritual e psíquico. medicamento é prescrito exclusivamente para
determinado cliente. Por isso os casos de efeitos
A “Organização Mundial de Saúde” (OMS) defi- adversos são raros.
ne a saúde como “um estado de completo bem-es-
tar físico, mental e social e não somente ausência Um de seus elementos primordiais é o fortale-
de afeções e enfermidades”. Apesar de existirem cimento da relação entre o especialista e cliente,
algumas críticas em relação ao conceito adotado estimulando a humanização e a individualização
pela OMS/WHO, é importante destacar que a do atendimento. Em relação à individualidade de
saúde não se restringe à ausência de doença, mas cada pessoa, José Alberto Moreno (2011) destaca:
a um equilíbrio dos vários fatores que compõem
a nossa vida.
As tribulações do dia-a-dia, a falta de exercícios Agora, nós nem podemos enumerar to-
regulares, os péssimos hábitos alimentares adota- das as agregações possíveis de sintomas
dos atualmente, a busca do “corpo perfeito” por de todas as situações de doenças que
meio de soluções milagrosas e rápidas trazem podem ocorrer, nem indicar, a priori, os
sérias consequências para a nossa saúde. Percor- medicamentos homeopáticos para estas
rendo esse tortuoso caminho, o ser humano não (a priori indetermináveis) possibilida-
consegue manter sua saúde em equilíbrio e a ati- des. Para cada caso individual proposto
vidade global do organismo em pleno funciona- (e cada caso é uma individualidade, di-
mento e desenvolvimento. ferindo de todas as demais) o praticante
médico homeopata deve, por si mesmo,
Como resultado disso tudo, o sobrepeso, obesi- encontrá-los, e para este fim, deve estar
dade, hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, familiarizado com os medicamentos que
entre outras doenças, têm presença cada vez mais têm sido até agora investigados a respeito
preocupante na vida moderna. E quando a enfer- de suas ações positivas, ou consultá-los
midade ou o desequilíbrio chegam, percebemos o para cada ocorrência de doença.
quanto a saúde é realmente o “bem mais precio-

38
so”. Ser e estar saudável são condições essenciais
da infecção urinária.

Com isso, a Homeopatia tem alcançado resulta- 1.4. HIPÓTESES


dos expressivos e tornou-se uma excelente alter-
nativa para a melhoria da saúde no País. Os desequilíbrios energéticos que se originam dos
problemas emocionais impactam diretamente na
1.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA constituição física, influenciando no surgimen-
to de várias doenças. Assim, a infecção urinária,
Apesar da busca incansável pela cura da infecção após ser diagnosticada por especialista, se não
urinária pelos meios tradicionais (medicina alo- for proveniente de algum outro problema físico,
pática), infelizmente as medidas adotadas não como por exemplo, cálculo renal, Litíase e Candi-
surtiram o efeito desejado, não conseguindo a re- díase, muito provavelmente terá sua origem numa
cuperação plena da saúde do cliente. Nas diversas questão emocional.
tentativas de solução para o problema, a despei-
to da “cura” momentânea, os sintomas voltaram A identificação das causas do surgimento da do-
com maior intensidade, ocasionando crises de ença, partindo do princípio de que ela existe de-
dores agudas. vido a um desequilíbrio energético do organismo,
impactando, assim, na diminuição da imunidade,
Assim, o propósito deste estudo é identificar os pode ser um excelente caminho a ser seguido.
motivos do surgimento da infecção urinária e Quando a pessoa está em equilíbrio, principal-
da sua recorrência e propor tratamento que visa mente no aspecto emocional, as defesas do cor-
combater as causas profundas da doença. po funcionam adequadamente, inibindo o surgi-
mento de doenças.
O problema pode, portanto, ser dividido em três
partes: a) como identificar os motivos das infec- 2. REFERENCIAL TEÓRICO
ções urinárias; b) como identificar os medica-
mentos de fundo e, c) como tratar a doença. 2.1. SURGIMENTO DA HOMEOPATIA

1.2. OBJETIVO GERAL A Homeopatia fundamenta-se em estudos de na-


tureza científica com cerca de dois séculos, tendo
Este trabalho tem como objetivo geral identifica- sido criada no final do século XVIII, por Samuel
ção e análise das causas do surgimento da infec- Hahnemann, um médico alemão3. Considerando
ção urinária, especialmente, as causa emocionais, inadequados os métodos e os resultados da medi-
e proposição de tratamento por meio de medica- cina clínica, começou a fazer alguns experimen-
mentos homeopáticos. tos. Dessa forma, passou a tomar diariamente
uma certa dose de quinina e apresentou os sinto-
1.3. JUSTIFICATIVA mas característicos de febres intermitentes. Soli-
Apesar do grande avanço da medicina tradicional citou que outras pessoas tomassem a substância e
e do tratamento de algumas doenças, infelizmente eles também apresentaram as mesmas manifesta-
nem sempre as medidas adotadas têm garantido ções. Hahnemann identificou que a Quinina era
os melhores resultados para a saúde das pessoas. capaz de causar determinados sintomas numa
Em muitas ocasiões os sintomas geralmente vol- pessoa saudável, sendo assim, era capaz de curar
tam, algumas vezes, com maior intensidade. Des- um doente que apresentasse os mesmos sintomas.
sa forma, a Homeopatia pode suprir essa lacuna e A conclusão foi a de que os semelhantes são tra-
auxiliar de forma efetiva no reequilíbrio do cliente tados pelos semelhantes, e essa conclusão ficou
e na cura definitiva de muitas doenças, inclusive conhecida como o princípio da semelhança ou

39
3 Hahnemann é considerado o criador da homeopatia.
similitude, que é o fundamento da Homeopatia. como manifestações patológicas que se apresen-
Em relação a esse tema, José Maria Alves (2004) tam em nosso organismo.
explicita:
Segundo o conceito da Organização Mundial da
Saúde (OMS), a saúde é definida como: “Um esta-
A homeopatia fundamenta-se num tra- do de completo bem-estar físico, mental e social,
balho de natureza científica com cerca
e não apenas a ausência de doença ou enfermi-
de dois séculos, consequência das inves-
tigações efetuadas por inúmeros experi-
dade”. Inclusive, no que se refere à doença, elabo-
mentadores que ingeriram substâncias rou uma Classificação Estatística Internacional de
em dose não letal e registaram meticulo- Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, de-
samente os sintomas produzidos, e ainda signada pela sigla CID.
de registos toxicológicos – quadros sinto-
máticos obtidos pela ingestão voluntária Já o Ministério da Saúde, de forma simplificada,
ou involuntária de substâncias, como o conceitua doença como uma alteração ou desvio
arsénico – e observação de curas clínicas. do estado de equilíbrio de um indivíduo com o
Nascem assim as Matérias Médicas, que meio ambiente (MS, 1987).
são numa definição simplista, registos de
sintomas.
Ainda analisando o processo saúde-doença, o
médico francês Canguilhem (2000), num estudo
Assim, determinadas substâncias são ingeridas sobre “o normal e o patológico”, afirma que “a do-
por pessoas saudáveis, chamadas experimentado- ença não é uma variação da dimensão da saúde,
res, que registram todas as manifestações, físicas e ela é uma nova dimensão da vida”.
emocionais. Os resultados são analisados e com-
pilados, identificando quais as substâncias são Para Canguilhem e Caponi (apud BRÊTAS e
capazes de curar certas doenças. Esse processo é GAMBA, 2006), a doença não pode ser compre-
realizado até hoje, possibilitando o surgimento de endida apenas por meio da fisiopatologia, ou seja,
estudo das funções anormais ou patológicas dos
novos medicamentos homeopáticos.
vários órgãos e aparelhos do organismo, pois o
que define o estado da doença é o sofrimento, a
Por meio da Homeopatia podemos tratar qual- dor, enfim as questões expressas pelo corpo sub-
quer doença curável ou reduzir os efeitos colate- jetivo que adoece.
rais dos tratamentos convencionais, especialmen-
te os referentes ao câncer, como a quimioterapia Ainda segundo Canguilhem e Caponi (apud
e a radioterapia. É um tratamento que pode ser BRÊTAS e GAMBA, 2006), para analisarmos a
aplicado em pessoas de qualquer idade, inclusive saúde, se faz necessário partir da dimensão do ser,
recém-nascidos e idosos, pela baixíssima ocor- pois é aí que ocorrem as definições do normal ou
rência de efeitos adversos. patológico. Até porque, não temos como traba-
lhar com um processo rígido quando avaliamos o
2.2. PROCESSO DOENÇA – SAÚDE que é considerado ou não normal. Mesmo quan-
do são identificados quadros clínicos semelhan-
A palavra doença procede do latim 4 dolentia, de tes, as manifestações dos sintomas, o mal-estar e
dolens, entis, particípio presente do verbo doleo, desconforto podem afetar cada pessoa de forma
dolere, que significa “sentir ou causar dor, afligir- distinta e única. Nesse sentido, o ser humano pre-
-se, amargurar-se”. cisa conhecer-se e acompanhar as transformações
ocorridas no seu físico e na sua forma de pensar
As definições para a palavra doença são muitas, para, de forma clara, identificar quais são os sinais
mas muitos especialistas consideram as doenças transmitidos pelo corpo.

40
4 Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/doença/3164. Acesso em: 03/12/2016.
Segundo Brêtas e Gamba (2006) a saúde e o ado- as defesas do organismo falham e a bactéria passa
ecer são experiências subjetivas e individuais. a crescer dentro do trato urinário, dando início a
É na lógica relacional que se devem tratar essas uma infecção.
questões, isso porque o corpo humano não é um Os tipos das infecções urinárias variam de acordo
produto isolado, pois existe em relação aos outros com o local da infecção, conforme a seguir:
seres e num contexto social.  Cistite (infecção na bexiga)
 Infecção nos ureteres.
A partir de uma análise dos conceitos vistos an-  Pielonefrite (infecção nos rins)
 Uretrite (infecção na uretra)
teriormente, se torna uma tarefa bastante difícil
definir se uma pessoa está saudável ou doente, até Os tipos mais comuns de infecção urinária são a
porque a quantidade de variáveis envolvidas nesse cistite e a uretrite, que acometem a bexiga e a ure-
processo é significativa e não podemos deixar de tra, respectivamente.
lado a dificuldade de qualquer análise que leva em
Os sintomas mais comuns da infecção urinária são
conta fatores que de certa forma são subjetivos. a ardência forte ao urinar, urina escura e com chei-
ro forte, dor pélvica e aumento da frequência de
Levando-se em consideração a formação tradi- micções. Logicamente, os sintomas podem variar
cional e ainda cartesiana da maioria dos profis- de acordo com o paciente e com o tipo de infecção.
sionais de saúde, o “doente” não é visto e nem tra- Entretanto, algumas vezes pode ser assintomática,
recebendo na ausência de sintomas a denominação
tado como um todo e nem numa visão sistêmica de bacteriúria assintomática.
e integral. Nesse sentido, a busca da cura de uma
doença, necessariamente, vai depender de uma Fernando C. Vilar et.al., em artigo científico publi-
série de aspectos que devem ser analisados de for- cado na Revista da Universidade de São Paulo, no
ma contextualizada e harmônica. resumo do trabalho aborda a infecção urinária da
seguinte forma:
Em relação a esse aspecto, Eliete Fagundes (2013) A infecção do trato urinário (ITU) é uma das cau-
esclarece que sas mais comuns de infecção na população geral.
É mais prevalente no sexo feminino, mas também
A arte de curar estende-se muito acomete pacientes do sexo masculino principal-
além do mero decorar sintomas e mente quando associada à manipulação do trato
características inerentes a um de- urinário e à doença prostática. A ITU pode ser
terminado remédio homeopático classificada quanto à localização em ITU baixa
e aplicá-lo simplesmente, mas é, (cistite) e ITU alta (pielonefrite) e quanto à presen-
principalmente, a arte de racioci- ça de fatores complicadores em ITU não complica-
nar, sintetizar, avaliar, inter-rela- da e ITU complicada. A ITU é complicada quando
cionar, sentir, explorar, deduzir e estão presentes alterações estruturais ou funcionais
do trato urinário ou quando se desenvolve em am-
correlacionar de uma forma cla-
biente hospitalar. Na ITU não complicada a Esche-
ra e objetiva as informações para richia coli é a bactéria responsável pela maioria das
chegar a uma conclusão. Esta con- infecções.
clusão deve ser coerente e estar de
acordo com aquela realidade a ser O tratamento da infecção urinária na medicina
tratada de forma individualizada. alopática varia de acordo com o tipo e gravidade
de cada infeção. Normalmente, o tratamento é re-
2.3. INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO alizado com antibióticos. Em alguns casos onde a
dor é mais forte, também são receitados analgé-
A Infecção do Trato Urinário (ITU), também co- sicos. Já na Homeopatia, segundo Moreno e Boe-
nhecida como infecção urinária, é um quadro in- rick, existe uma variedade de medicamentos para
feccioso que pode ocorrer em qualquer parte do tratamento dos casos agudos, conforme quadro a
sistema urinário, e ocorre quando uma bactéria seguir:
entra no sistema urinário por meio da uretra e co-

41
meça a se multiplicar na bexiga. Algumas vezes,
Quadro 1 – Medicamentos homeopáticos para infecção urinária

Aconitum; Antimonium tartaricum; Apis; Arseni-


cum; Asparagus; Belladonna; Benzoic acidum; Ber-
beris; , Camporicum acidum; Cannabis; Cantharis;
Capsicum; Chimaphila umbellata; Conium; Copaiba;
Cubeba officinalis; Digitalis; Dulcamara; Equisetum
hyemale; Erigeron canadensis; Eucalyptus globulus;
Eupatorium purpureum; Fabiana imbricata; Fer-
rum aceticum; Ferrum phosphoricum; Gelsemium;
Helleborus; Hydrangea; Hyoscyamus; Lachesis;
Mercurius; Methylenum bichloratum; Nitricum aci-
dum; Nux vomica; Oleum santali; Parreira brava;
Possibilidades de Petroselinum sativum; Piper methysticum; Prunus
Medicamentos homeopáticos spinosa; Pulsatilla; Sabal; Sabina; Sarssaparrila;
para infecção do trato urinário – Saururus cernuus; Sepia; Stigmata maydis; Sulphur;
caso agudos Terebinthinum; Triticum repens; Uva Ursi; Vesicaria
communis

Moreno (2011), a respeito dos sintomas para uso


do medicamento Cantharis Vesicatória, esclarece Como a homeopatia trata a pessoa de forma in-
o seguinte: tegral, existem outros fatores que influenciam na
ocorrência da infecção e, consequentemente, no
1. Dores intensas e queimantes na bexiga. seu tratamento. Nesse sentido, destacam-se dois
2. Não pode suportar a urina na bexiga ain- outros medicamentos, Staphysagria e Valeriana,
da que em pequena quantidade. Por isso, tem ne- que segundo Moreno, tratam os seguintes sinto-
cessidades urgentes e frequentes de urinar, apesar mas:
de a micção ser constituída apenas por algumas
gotas, por vezes contaminadas por sangue, que Staphysagria:
acarretam dores. 1. As dores são contusas, vivas e queimantes,
3. Dores queimantes e dilacerantes na ure- não importando a parte do corpo em que apare-
tra, que ocorrem antes, durante e após a micção. cem, quer no seu interior quer no exterior.
4. Há uma intolerável necessidade de urinar, 2. Cistite após relação sexual.
antes, durante e depois da micção. 3. Fúria interiorizada, agressividade, ansie-
dade, frustração, indignação, humilhação e vexa-
Já em relação aos sintomas para uso do medica- me.
mento Parreira Brava, Moreno destaca: 4. Como se a bexiga não estivesse totalmente
vazia.
1. O doente tem necessidade de se agachar 5. Emoções contidas ou reprimidas, senti-
para urinar, as suas dores melhoram quando in- mentos e tristezas suprimidos.
clina para frente, com a cabeça contra o chão.
2. Vontade constante e ineficaz de urinar e Valeriana:
necessidade de fazer esforços para esvaziar a bexi- 1. Insônia de adormecimento, nervosismo,

42
ga. sono agitado dos sujeitos nervosos, esgotados, es-
tressados. intestino para as vias urinárias. Possui ainda alto
2. Mulheres vivendo com dificuldades um teor de vitamina C.
período de mudança de vida.
Estudos mostraram também benefícios em outras
Ainda nessa visão integral, existe outro fator rele- partes do corpo, além de agir como antioxidante
vante que impacta no sucesso do tratamento, que natural, ajudando a aumentar as defesas do orga-
é conhecido como Sicose. Este termo, em grego nismo contra os danos dos radicais livres que po-
“sycos”, significa o figo, em Latim, “ficus”. Segun- dem contribuir para o aparecimento de doenças
do Moreno (2011), Sicose: crônicas, incluindo as cardíacas.
Exprime o resultado desta into-
As Proantocianidinas são capazes também de im-
xicação do organismo, que é o
aparecimento destas excrecências,
pedir a fixação da bactéria Helicobacter Pylori na
figos, papilomas, pólipos etc. aná- mucosa estomacal e que é capaz de barrar a co-
logos pelo seu aspecto ao fruto da lonização de bactérias causadoras da placa bacte-
figueira. Estas excrecências são riana.
devidas à degeneração das células 5
intoxicadas e também a uma rea- Segundo o Prof. Dr. Mário Maciel de Lima Junior:
ção de neutralização das toxinas,
Estudos publicados na literatura
que decantam nestas formações.
especializada desde 1933, com o
suco de Cranberry, demonstraram
Nesse caso, um dos medicamentos propostos por
os seus efeitos de acidificação da
Moreno (20011) é a Thuya: urina, diminuindo a presença de
Thuya é o remédio que correspon- bactérias e por sua vez a própria
de a sintomatologia e a evolução infecção.
geral, sendo assim essencialmente As pesquisas demonstram e cer-
“o grande sicótico na lei de seme- tificam a hipótese de que as infec-
lhança”. Quando pudermos, pela ções urinárias, após a ingestão de
etiologia ou pelos sintomas e so- Cranberry, podem ser prevenidas
bretudo pelos dois ao mesmo tem- pela diminuição da aderência bac-
po, determinar o estado sicótico teriana às células do trato urinário.
em nosso doente, obteremos com
Thuya curas supreendentes. Atualmente, já podemos encontrar inúmeros es-
tudos sobre o Cranberry. Em 2014, Ana Carolina
Yoshida, Vanessa Gomes Coutinho e Maria Cláu-
2.4. IMPORTÂNCIA DO CRANBERRY dia Spexoto publicaram um artigo na revista En-
saios e ciência abordando o efeito da suplementa-
O Cramberry desde o início do século XXI é ção do Cranberry nas doenças inflamatórias, como
considerada uma superfruta pelos excelentes be- infecção urinária.
nefícios a saúde. No Brasil, também é conhecida
como Oxicoco. Ela tem um efeito preventivo so- No artigo, foi realizada revisão de literatura de es-
bre infecções uri primárias e de repetição, agindo tudos abordando o tema, nacional e internacional,
contra diversas bactérias como a Escherichia Coli, produzidos a partir do ano de 2000. Destacamos
eliminando-as da região do trato urinário. Rica no quadro a seguir, os estudos de Valentovaã e Sto-
em Proantocianidina, substância apontada como thers, explicitando as ações e benefícios encontra-
sendo 15 a 25 vezes mais eficaz que a vitamina E dos com uso do Cranberry, de acordo com a popu-
para inibir a aderência e a saída de bactérias do lação, dosagem e forma de administração:

43 5 Disponível em: http://www.mariomaciel.com.br/index.html. Acesso em: 18/12/2016.


Quadro 2 – estudos das ações e benefícios do Cranberry

Autores e ano de População Quantidade dose Período Ações e


publicação do Cranberry Benefícios

Valentovaã et al. Mulheres entre 19 400 à 1200mg 8 semanas Houve redução da


2007 e 28 anos de idade de extrato de oxidação proteica
Cranberry e da aderência da
bactéria no tecido

Stothers, 2002 Mulheres entre 21 250ml de suco de 12 meses Houve redução


e 72 anos de idade Cranberry ou 1 da incidência do
cápsula de extrato quadro de
de Cranberry infecção urinária

Da mesma forma, a nutricionista Barbara Can- J. Cranberries for preventing urinary tract infec-
deias, no seu site6, traz algumas reportagens sobre tions. Cochrane Library 2004; 1:1-19.
os benefícios do Cranberry, transcritas a seguir:
3. Setembro de 2005 - Phytochemistry.
1. Março de 2003 - American Journal of Cli- Os pesquisadores da Rutgers e da University of
nical Nutrition. Wiscosin investigaram os efeitos antiadesão do
A pesquisa da University of Oulu, Finlândia, des- suco de cranberry versus outros alimentos que
cobriu que o consumo freqüente de sucos frescos contêm proantocianidinas (PACs). Nesse estudo
de cranberry está associado com o risco reduzido com humanos, eles descobriram que apenas o
de recorrência das Infecções do Trato Urinário. consumo do suco de cranberry resultava na urina
Os hábitos alimentares parecem ser um impor- uma atividade antiadesão microbiana. Os pesqui-
tante fator de risco para as recorrências das In- sadores descobriram que as proantocianidinas do
fecções do Trato Urinário nas mulheres, e a orien- cranberry continham uma característica estrutu-
tação alimentar poderia ser um primeiro passo ral única que pode justificar sua propriedade an-
em relação à prevenção. Kontiokari T, Laitinen J, tiadesão microbiana. Howell AB, Reed JD, McE-
Jarvi L, Pokka T, Sundqvist K, Uhari M. Dietary niry B, Krueger CG, Cunningham DG. A-type
factors protecting women from urinary tract in- cranberry proanthocyanidins and uropathogenic
fection. American Journal of Clinical Nutrition bacterial anti-adhesion activity, Phytochemistry
2003; 77:600-604. 2005; 66: 2281-91.

2. Janeiro de 2004 - Análises Sistemáticas do 4. Outubro de 2005 - Journal of Alternative


Banco de Dados da Cochrane. and Complementary Medicine.
A Cochrane Collaboration publicou uma análise Os pesquisadores da Brigham e Women's Hospi-
de pesquisa concluindo que há algumas evidên- tal descobriram que os cranberries secos podem
cias de que o suco de cranberry pode reduzir o oferecer um mecanismo antiadesão que pode
número de Infecções sintomáticas do Trato Uri- proteger o corpo das bactérias que causam in-
nário nas mulheres. A Cochrane Collaboration é fecções do trato urinário (ITUs). Greenberg JA,
uma organização sem fins lucrativos estabelecida Newmann SJ, Howell AB. Consumuption of swe-
no Reino Unido, cuja missão consiste em ajudar etened dried cranberries versus unsweetened rai-
as pessoas a tomarem decisões bem conscientes sins for inhibition of uropathogenic Escherichia
sobre sua saúde através do desenvolvimento de coli adhesion in human urine: a pilot study. Jour-
análises sistemáticas sobre os efeitos das inter- nal of Alternative and Complementary Medicine
venções à saúde. Jepson RG, Mihaljevic L, Craig 2005; 11: 875-878.

44
6 Disponível em: http://www.barbaracandeias.com.br/Cranberry_Fruta_Pequena_Mas_Poderos. Acesso em: 18/12/2016.
quado aos objetivos, em consonância com o pen-
Destaca-se que, apesar dos inúmeros estudos e samento de Gil (1996), o qual considera que a
casos de sucesso demonstrando os benefícios do pesquisa de natureza exploratória concede ao pes-
Cranberry à saúde, devido às suas propriedades quisador a possibilidade de ampliar seus conheci-
antioxidantes, principalmente no quadro de In- mentos em relação a um determinado problema,
fecção do trato urinário, ainda são necessárias com vistas a torná-lo mais explícito. O estudo de
novas pesquisas para aprofundar o conhecimento caso realizado envolveu uma análise aprofundada
sobre essa fruta. e exaustiva do objeto de pesquisa, de maneira a
permitir o seu amplo e detalhado conhecimento.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia adotada também abrangeu a rea-
3.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS lização de pesquisa bibliográfica com a finalidade
de levantar informações e conceitos sobre ho-
Segundo a conceituação de Fachin (1993), méto- meopatia, doença, saúde, infecção do trato uri-
do pode ser definido como um instrumento do nário, influência da emoção nas nossas vidas e a
conhecimento que proporciona, aos pesquisado- importância do Cramberry. Dessa forma, livros,
res, a orientação geral que facilita o planejamen- revistas, dissertações, documentos impressos ou
to de uma pesquisa, a formulação de hipóteses, inseridos em meios eletrônicos, entre outros, re-
a coordenação das investigações, a realização de lativos ao tema, foram revisados, fornecendo os
experiências e a interpretação dos resultados. As- fundamentos teóricos do estudo.
sim, de acordo com a natureza específica de cada
problema investigado, estabelecem-se os métodos 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
considerados apropriados para atingir determi-
nado fim. 4.1. DESCRIÇÃO DO CASO
Cliente com 43 anos, sexo feminino, cor branca,
3.2. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA casada, dois filhos. Em um período de 9 meses,
No presente trabalho, o tipo de pesquisa utilizada teve sete crises de Infecção do Trato Urinário.
se caracteriza como descritiva, sob a forma de es- Nas seis primeiras, recorreu ao Pronto Socorro
tudo exploratório. A pesquisa descritiva, segundo de hospitais particulares, onde foram feitas cole-
Cervo (1996) “busca conhecer as diversas situa- tas de urina para realização dos exames de EAS
ções e relações que ocorrem na vida social, polí- e Urocultura 7. Os resultados dos exames deram
tica, econômica e demais aspectos do comporta- sempre positivos para Infecção do Trato Urinário8
mento humano [...]”. Esclarece ainda Cervo (op. no EAS e sempre negativos para Escherichia coli
cit.) que “Os estudos exploratórios têm por objeti- nas Uroculturas.
vo familiarizar-se com o fenômeno ou obter nova
percepção do mesmo e descobrir novas idéias”. 4.1.1. SINTOMAS FÍSICOS
Os sintomas físicos apresentados foram:
Segundo Gil (1991), as pesquisas exploratórias - Ardência forte ao urinar
objetivam facilitar familiaridade com o problema, - Urina com cheiro forte
para permitir a construção de hipóteses ou tornar - Disúria (dor pélvica)
a questão mais clara. Temos como exemplo a pes- - Aumento da frequência das micções
quisa bibliográfica e o estudo de caso. - Hematúria (sangue na urina)

O método de estudo exploratório escolhido para Em sua penúltima crise, relatou que a dor era ex-
o desenvolvimento do trabalho mostra-se ade- tremamente forte, que a fazia curvar-se para fren-
7 EAS: É o exame de urina mais simples. É uma avaliação qualitativa de alguns constituintes químicos do sedimento
urinário. É um exame complementar a um diagnóstico, indolor e muito importante para avaliar a função dos rins.
Urocultura: Exame de urina que identifica a presença de bactérias. Como os rins e a bexiga são locais estéreis, ou seja,
sem micróbios presentes, a identificação de uma bactéria na urina costuma ser um forte indicador de uma infecção
urinária.
8 Bactéria bacilar Gram-negativa que se encontra normalmente no trato gastrointestinal inferior dos organismos de

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sangue quente (endotérmicos)
te ou querer ficar de cócoras no chão. Neste episódio além dos exames de urina, pela intensidade da dor,
também foi feita uma Tomografia Computadorizada dos rins e vias urinárias para verificação de possível
cálculo renal, tendo seu resultado sido negativo.

Após ter sido medicada, tendo alívio dos sintomas, o profissional que a atendeu, aconselhou que procu-
rasse um bom Ginecologista ou Urologista para uma investigação mais profunda sobre o seu caso.
Medicamentos utilizados via intravenosa durante os atendimentos no Pronto Socorro:
- Nas primeiras cinco crises, Buscopan e Dipirona.
- Na sexta crise, Buscopan e Tramal.
Também foram receitados e usados antibióticos nas seis crises, conforme quadro a seguir:

Quadro 3 – antibióticos receitados

CRISE ANTIBIÓTICOS RECEITADOS


1 Quinoflox 500 mg e Buscopan Duo
2 Proflox 500 mg e Pyridium 200 mg
3 Norfloxacino 400 mg
4 Ciprofloxacino 500 mg
5 Cefalexina 500 mg e Sepurin
6 Fosfomicina Trometamol 8 gr - Dose única (usou duas doses)

4.2. A BUSCA DA CURA 4.2.2. CONSULTA COM PROFISSIONAL UROLO-


GISTA
4.2.1. CONSULTA COM PROFISSIONAL GINECO- A cliente se consultou com um Urologista, que
LOGISTA sugeriu três tipos de tratamento para evitar novas
Após alguns dias, a paciente fez uma consulta crises de infecção urinária de repetição:
ambulatorial com uma Ginecologista, pois ainda 1 – Antibióticoterapia com Macrodantina – por
sentia alguma ardência, onde foi diagnosticada 3 meses, usando a dose mínima por dia (Macro-
com Candidíase. Foi medicada com Fluconazol dantina: agente antibacteriano indicado no trata-
150 mg, em dose única e Vagicand (Nitrato de Fe- mento de infecções urinárias agudas e crônicas,
ticonazol) creme ginecológico. tais como cistites, pielites, pielocistites e pielone-
frites causadas por bactérias sensíveis à nitrofu-
Após esta consulta e o uso dos medicamentos re- rantoína)
ceitados, a paciente retornou mais algumas vezes 2 – Urovaxon – por 3 meses, 1 comprimido por
à mesma profissional, sempre com a mesma quei- dia (Urovaxon: vacina para infecção urinária, em
xa, e esta sempre lhe prescrevia outras pomadas, forma de comprimidos, composta por compo-
diagnosticando sempre Candidíase de repetição. nentes extraídos de Escherichia coli, que atua es-
timulando as defesas naturais do organismo)
Os medicamentos receitados foram: 3 – Cystistat (Medicamento em solução injetável
- Tinidazol + Nitrato de Miconazol estéril para uso intravesical, destinado para subs-
- Metronidazol + Nitrato de Miconazol tituir temporariamente a camada de glicosamino-
- Cetoconazol + Diproprionato de Betametasona glicanos (GAG) na bexiga. Seu uso é indicado nas
- Cetoconazol + Diproprionato de Betametasona condições em que a camada de GAG está alterada,
+ Sulfato de Neomicina como na cistite intersticial, na cistite induzida por
radiação, na cistite causada por infecção, trauma,
Após este período, finalmente relatou alívio nos urolítiase, retenção urinária e neoplasia).
sintomas da ardência. Optou pelo tratamento com Urovaxon e durante
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este período não apresentou sintomas de Infecção a medicação até o final do vidro e retornar para nova
Urinária. avaliação. Após o término da medicação a cliente re-
tornou para ser reavaliada e continuar o tratamento.
No retorno, após os três meses de tratamento, re-
clamou ao Urologista que voltou a sentir ardência Relatou que, apesar de não estar mais sentindo os
constante, mas que esta não estava vinculada a dor sintomas, não se sente completamente segura, tem a
ao urinar. Foi orientada então, a opção da antibióti- sensação que a qualquer momento a infecção pode
coterapia ou que procurasse tratamentos alternati- reaparecer. Às vezes entra em pânico quando tem
vos como a Homeopatia. que ir ao banheiro. Não dorme direito com medo de
acordar de madrugada com a mesma dor.
4.2.3. A BUSCA PELO TRATAMENTO HOMEOPÁTI-
CO Comentou que em algumas vezes em que teve as
No início do ano de 2016, a cliente me procurou em crises de infecção urinária teria sido após relação se-
busca do tratamento homeopático, reclamando que xual ou em períodos estressantes em que se sentia
estava novamente com Infecção Urinária, sendo que muito irritada, raivosa ou com medo, mas não dei-
esta era a sua sétima crise. Relatou a quantidade de xava estes sentimentos transparecerem. Guardava-
vezes que já havia tratado em hospitais, os medica- -os para si e disse estar sofrendo por não conseguir
mentos alopáticos que havia usado e que procurou a controlá-los.
Homeopatia por indicação de um Urologista.
Está sem trabalhar há mais de um ano e pensa que o
Sintomas apresentados no ato da consulta homeo- motivo do medo era de não conseguir mais arrumar
pática: emprego, pois já está com mais de 40 anos, e trata
- Ardência forte ao urinar isso como um empecilho por achar que ninguém
- Dor pélvica violenta que a fazia se contorcer para mais lhe “abrirá as portas”.
frente e querer ficar em posição abaixada (dizia ser a
“dor do fim do mundo”) A Indicação Terapêutica para a situação relatada foi:
- Aumento da frequência das micções Staphysagria CH 12, CH 13, CH 14, CH 15 e CH
- Urina com cheiro forte de amônia 16 - Solução Alcoólica 5% – 20 ml – Tomar 5 gotas 2
vezes ao dia e Valeriana CH 12, CH 13, CH 14, CH
A partir das possibilidades de medicamentos home- 15 e CH 16, - Solução Alcoólica 5% – 20 ml – Tomar
opáticos para infecção urinária indicados por More- 5 gotas 2 vezes ao dia. As medicações foram feitas
no e Boerick, a indicação terapêutica se deu confor- em vidros separados (cada uma das dinamizações
me a seguir: Cantharis Vesicatória CH 6 e Parreira foi tomada por 30 dias).
Brava CH 6 - Solução Alcoólica 5%. Usar de quinze
Os resultados obtidos com o uso das medicações fo-
em quinze minutos durante as duas primeiras horas.
ram excelentes. Já nos primeiros dias do uso, sentiu
Após esse período, usar de uma em uma hora até
a diferença no sono. Passou a dormir melhor, ape-
completar vinte e quatro horas do início do trata-
sar de ainda acordar de madrugada assustada com
mento. No dia seguinte, entrar em contato para nova
medo de voltar a sentir dor.
avaliação.
Nos dois primeiros meses ficava tensa e ansiosa ao
No dia seguinte, a cliente entrou em contato infor- ir ao banheiro, pensando na possibilidade de haver
mando que todos os sintomas tinham sido aliviados uma recorrência.
após algumas horas do início do uso da medicação,
mas não conseguiu dormir à noite, pois estava tensa Após cinco meses de uso relatou estar dormindo
e com muito receio de a dor voltar. bem, sem acordar à noite.

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Nesse caso, a indicação terapêutica foi a de continuar Após os meses de tratamento com a Staphisagria e
com a Valeriana, senti que ela estava bem mais equi- 6. REFERÊNCIAS
librada, então decidi iniciar o tratamento do mias-
ALVES, José Maria. Homeopatia Essencial – Doutrina Homeopática –
ma, para melhorar a Sicose em que ela se encontrava. Matéria Médica – Relações entre os medicamentos. Ed. Sete Caminhos.
Nesse sentido, a indicação terapêutica foi a seguinte: 2004.
Thuya Occidentalis CH 5, CH 6 - Solução Alcoólica ________________ Repertório Prático de Sintomas Homeopáticos.
5% – 20 ml – Tomar 5 gotas duas vezes ao dia. 2007

BOERICKE, William O. Repertório Homeopático. Robe Editorial. 2004


Durante o uso no primeiro mês, relatou que teve
muitos sonhos ruins e que pequenas verrugas apa- BRÊTAS, A.C.P.; GAMBA, M.A.(Org.). Enfermagem e saúde do adulto.
São Paulo: Manole, 2006.
receram no pescoço. Agora está no segundo mês de
uso da medicação. Relatou que às vezes parece não CAIRO, Nilo. Guia de Medicina Homeopática. Edição da Livraria Tei-
xeira. 1982.
conseguir “segurar as palavras dentro da boca”, fala o
que vem a cabeça. Comentou também que algumas CANGUILHEM, G. O. Normal e o patológico. Rio de Janeiro. Forense
Universitária, 2000.
pintas pelo corpo estavam incomodando, como se
tivessem ficado inflamadas e que uma delas, loca- CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. 4 ed. São Paulo: Makron
lizada no rosto, começou a se desprender e que em Books, 1996.

poucos dias não havia mais vestígio dela no local. O FACHIN, Odilia. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Atlas, 1993
tratamento miasmático deve durar por mais alguns
FAGUNDES, Eliete M. M.. Retalhos Homeopáticos. Volume I, 4ª edi-
meses, objetivando a tentativa de retirá-la da Sicose, ção. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. 2013.
para que tenha uma melhor qualidade de vida.
________________ Pequenos Grandes Remédios Miasmáticos. Ed.
Hipocrática Hahnemanniana. 2012.
4.2.4. INDICAÇÃO DO USO DO CRANBERRY
________________ Pequenos Grandes Remédios Drenadores Mias-
Desde o início do tratamento homeopático foi su- máticos. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. 2013.
gerido à cliente que incluísse em sua alimentação o
suco de Cranberry, pois já existem muitas evidências GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo:
Atlas, 1996.
científicas de sua eficácia na prevenção e tratamento
de infecções do trato urinário e melhora na imuni- MORENO, José Alberto. FAGUNDES, Eliete M. M.. Ciência da Ho-
meopatia.
dade, dentre outros benefícios para a saúde.
Como o tratamento está sendo exitoso até o mo- __________________ O Estudo do Organon da Arte de Curar de Sa-
muel Hahnemann. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. 2014.
mento, optou-se pela continuidade do uso do suco
diariamente, por mais um tempo. __________________ A Experimentação Homeopática Segundo
Hahnemann. Ed. Hipocrática Hahnemanniana. 2011

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES __________________ Homeopatia Metafísica Repertorizada. Ed. Hi-


Após nove meses de tratamento homeopático, veri- pocrática Hahnemanniana. V. 2 e 8. 2011
ficou-se a eficácia do uso das medicações propostas. SPEXOTO, Maria Cláudia, Yoshida da Rocha França, Ana Carolina,
A cliente não teve mais crises de Infecção do Trato Gomes Coutinho, Vanessa. O Consumo do Cranberry no Tratamen-
to de Doenças Inflamatórias. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas,
Urinário. Mostra-se menos ansiosa, mais feliz, me- Agrárias e da Saúde. 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/
nos insegura e já não guarda mais os seus sentimen- pdf/260/26037787007.pdf, acesso em 18/12/2016.
TÉTAU, Max. Matéria Médica Homeopática. Editora Andrei. 2000
tos, sentindo-se mais animada para a realização de
novos projetos. VILAR, Fernando C. et. al. Infecção do trato urinário. Revista da Fa-
culdade de Medicina de Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas da
FMRP – Universidade de São Paulo. v. 43, n. 2, abril/junho de 2010.
Nesse tipo de caso, uma importante recomendação Disponível em: http://revista.fmrp.usp.br/, acesso em 18/12/2016.
é a persistência no uso da medicação, pois, apesar de
apresentar resultados imediatos, se caracteriza como
um tratamento de médio a longo prazo.

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Homeopatia em Rede
Os links a seguir contém informações importantes para os estudos homeopáticos.
Vamos apreciar?

Tabelas divulgadas pela Anvisa que regulam a prescrição de medicamentos homeopáticos que
podem ser indicados por terapeutas homeopatas:

https://homeopatias.com/informacao-geral/lista-de-homeopatia-sem-exigencia-de-prescri-
cao-de-profissional-homeopata-editada-pela-anvisa/

https://homeopatias.com/bases-juridicas/tabela-de-toxicidade-relativa-de-substancias-utili-
zadas-na-homeopatia/

https://homeopatias.com/instituto-tecnologico-hahnemann

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