PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA
ACADEMIA MAÇONICA DE LETRAS DA BAHIA
ANO V
AVANTE AMALBA!
Com o inestimável apoio do
Eminente Grão-Mestre Interven-
tor, do Grande Oriente do Estado
da Bahia, Confrade Sebastião
Alves Vieira, foi possível reali-
zar as eleições para os cargos da
Diretoria e do Conselho Fiscal
da Academia Maçônica de Letras
da Bahia – AMALBA, realizadas
na sede do GOEB, das 09h às
17h do dia 11.11.2020, com as
cautelas recomendadas pelas au-
toridades sanitárias, para preven-
ção da pandemia, provocada pelo
COVID-19, contando com 10
votos presenciais e 04 por corres-
pondência, conforme autorizado
pelo Regimento Interno da enti-
dade.
Cabe assinalar as presenças dos
Confrades Sebastião Alves Viei-
ra, João Batista Paim, Israel Bar-
bosa Medrado, José Alconso da
Silva Filho, Fernando Gimeno,
Joel Lopes Fernandes, Péricles
Queiroz do Lago, Pedro Cardoso A despeito das limitações ocasio-
Neto, Paulo Sérgio de Oliveira e nadas pela pandemia, causada
Cândido Augusto Vaccarezza e pelo COVID-19, foi considerável
DEZEMBRO 2020 NÚMERO 47
Editorial — Palavra do Presidente
os votos, por correspondência, a manifestação da vontade eleito-
dos Confrades Antônio Tadeu ral dos Confrades, ressaltando-
Bahia Menezes, Cleber Tomaz se, ainda, os que, satisfatoria-
Vianna, Domingos Barreto de mente, justificaram ausência,
mesmo estando sem condições
Araújo e Carlos Antônio Medei- de comparecimento, por motivos
ros Cid. alheios às suas vontades. Cabe-
nos, enfim, com o auxílio do
Em Assembleia Geral Extraordi- Grande Arquiteto do Universo,
nária, oportunamente convocada, prosseguir na realização dos ele-
mediante Edital, amplamente pu- vados objetivos que orientaram o
blicado, a partir de 21 de setem-propósito dos Confrades Funda-
dores e de quantos, posterior-
bro de 2020, as referidas eleições
da Diretoria e do Conselho Fis- mente, ingressaram na AMAL-
cal da Academia Maçônica de BA, com a finalidade de contri-
buir para a difusão da cultura
Letras da Bahia - AMALBA, fo-
maçônica, em particular, e de
ram realizadas para o triênio de todos os campos do conhecimen-
2021 a 2023. Durante o prazo de to e das artes.
inscrição, que se esgotou no dia
30.10.2020, somente foi inscrita Cândido Augusto Vaccarezza
Cadeira nº 26
uma chapa, propondo a reeleição Presidente
de quase todos os integrantes da
gestão anterior, cujas substitui- PAG NESTA
ções ocorreram pela necessidade
EDIÇÃO
de ajustes, em decorrência do
afastamento do Confrade José
2 Mensagem
Expedito Costa Perrone, que era
o Secretário-Geral, para trata- Ponto de Vista
3
mento da própria saúde, e do fa-
lecimento do saudoso Confrade- 4 Crônica ...
Fundador, José Bertoldo Caval- 5 Obrigado...
cante, que, então, mui honrosa-
mente ocupava o cargo de Vice- 6 Abolição
Presidente.
7 O Sentido da
Vida
8 Magia
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sido de agonia e sofrimento, deixa como saldo

positivo uma nova forma de encararmos o mun-
do sob nova ótica, fazendo-nos meditar um pou-
quinho mais sobre a intensa fragilidade do bicho
homem perante as formidáveis forças da nature-
za e agregando mais valor às nossas interrela-
ções pessoais com aqueles que convivemos,
com os grupos, com a família, enfim, com todos
os que nos cercam!
E, de repente é Natal... a festa cristã!...
É difícil nesses tempos em que as nuvens ne-
gras de uma possível crise econômica onde os
preços disparam por todo o território do nosso
tão sofrido Brasil, estarmos totalmente felizes e
NOSSA MENSAGEM DE NATAL sorridentes para fazermos jus a uma data tão bo-
nita e importante como o Natal.
Convenhamos, 2020 foi insuficiente! Atípico,
antipático, escalafobético e incipiente!... Mas... O ano passou tão depressa que nem deu tempo
como tudo, aliás, chega ao fim e, mesmo tendo de fazer o que planejamos no ano passado. Foi
inexistente! Mas é essencial — e necessário —
mesmo com os percalços que nos atingiram,
mantermos o espírito da fraternidade e da soli-
dariedade que nasce nesta época na qual come-
moramos o nascimento do Redentor.
PUBLICAÇÃO MENSAL DA AMALBA O Natal é uma festa fundamentalmente famili-
diretoria ar; apesar das tentativas midiáticas para trans-
formá-lo em megashow cheio de barulho eletrô-
Cândido Augusto Vaccarezza
Presidente nico e música de qualidade duvidosa, de exces-
sos de “comes & bebes”, ele continua sendo o
Antônio Tadeu Bahia Menezes
Secretário Geral grande momento de confraternização mundial e,
até os países não cristãos o respeitam e solidari-
José Alconso da Silva Filho
Diretor de Relações Públicas zam-se nesta data.
Fernando Gimeno Julgo o Natal a festa mais bonita do ano! Certa
Diretor de Imprensa e Comunicação vez alguém me disse que o Natal é falso, comer-
Israel Medrado cial, fingido... eu discordo! Num mundo cheio
Diretor de Finanças de violência, guerras, desigualdades, miséria e
outros tantos infortúnios, termos um período
ACADEMUS é uma publicação mensal da
que convide as pessoas a refletir, pelo menos
AMALBA um pouquinho, na fraternidade e no amor ao
Academia Maçônica de Letras da Bahia
próximo, já ajuda bastante... com certeza isso
Telefones
fortalecerá a egrégora do amor e, por conse-
(71)99118-3133
quência, minorará um pouco o sofrimento do
GOEB (71)3243-9162 dia a dia.
(71)99168-2485
E-mail Por isso desejamos, a diretoria da AMALBA e
a Revista ACADEMUS, a todos os confrades,
gimeno1947@gmail.com leitores e amigos um Feliz Natal e um 2021
fergicavalca@hotmail.com cheio de alegrias, felicidades e desejos realiza-
dos.
Os artigos assinados são responsabilidade de seus autores.
O Editor.
NÚMERO 47 DEZEMBRO 2020
Apenas um ponto de vista.
Hoje em dia eu percebo nas pessoas que compartilham
conosco da vida cotidiana, de forma generalizada, é cla-
ro, uma enorme predisposição para seguir o caminho
das paixões em detrimento das virtudes; a violência em
qualquer setor da vida humana é constante e verifica-
mos nos noticiários o aumento assustador de crimes co-
metidos por motivos cada vez mais torpes ou banais...
mães abandonam filhos... filhos matam pais para tentar
herdar seus bens... o crime organizado prolifera qual
erva daninha pela sociedade... drogas, prostituição, la-
trocínios, violência urbana, sexo desenfreado, estupros,
pedofilia, corrupção... onde vamos parar? Será que os
exemplos sadios que como cristãos defendemos não
sensibilizam mais ninguém?
Esses fatos aqui citados são aqueles que assistimos to-
dos os dias nos noticiários dos jornais, amplamente di-
vulgados pelos canais existentes de comunicação. São
meios sensacionalistas, admito, loucos por anunciar in-
formações que vendam espaços na mídia proporcionan-
do lucros aos grandes conglomerados que manipulam as
notícias.
Observamos, entretanto, que embora todas essas ocor-
rências aqui relacionadas representem um grande mal
para a sociedade, ainda são uma minoria e justamente
por isso são matérias para garantir audiência nos meios
convencionais. Ninguém publica, por exemplo, que um
pai abraçou seus filhos... ou deu um beijo na esposa...
Quem quer saber se fulano ou sicrano cumpriu suas ta-
refas no emprego? Ou se fez horas extras para garantir
maior lucro à sua empresa? Ou mesmo se ajudou o seu
próximo ou se foi à igreja e contribuiu com esmolas
para os pobres? Mas essas atitudes, apesar de não pare-
cer, ainda são comuns entre a população. A guerra é
condenada pela grande maioria dos cidadãos de bem.
Ela só é bem-vinda por grupos que se beneficiam eco-
nomicamente ou que se deixem levar por fanatismos e
outros interesses particulares. Ela ainda é o pior mal que
assola a humanidade; é o maior fator de desigualdade
entre as nações e entre os povos... um flagelo! A guerra
traz em seu bojo fome, miséria, desintegração da famí-
lia, dor, mutilação, destruição do país... e se por um lado
enriquece uma minoria pela exploração financeira de
alguma riqueza ou pela venda de armas e artefatos béli-
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cos, por outro lado arruína a economia daqueles mais
fracos que sucumbem aos seus horrores. Devemos lutar
pela paz. Esse objetivo deve ser o fanal que guia os nos-
sos propósitos; afinal todos os nossos esforços se diri-
gem a uma busca premente dos ideais de paz, amor, jus-
tiça e perdão.
Ainda bem que para contrabalançar essas atitudes horri-
pilantes, posso garantir que uma grande mudança come-
ça a tomar corpo na humanidade! É uma conspiração
para o bem, silenciosa, anônima, sem o sensacionalismo
das paixões desenfreadas que noticiam os acontecimen-
tos. Em todos os países do mundo uma semente de amor
produz um processo germinativo com o propósito supre-
mo de fazer brotar nas consciências humanitárias as vir-
tudes necessárias para as transformações que poderão
advir.
Penso eu que a Terra, conforme foi aventado por nossos
valiosos instrutores, deixará de ser um planeta expiató-
rio para se tornar local de aprendizado e evolução. An-
tes disso, porém, entendo que enfrentará duras provas
depurativas que trarão sofrimento e dor! O bicho ho-
mem não soube cuidar de seu patrimônio terrestre e
comprometeu com sua ganância o equilíbrio da nature-
za. A transgressão dessas leis não pode ficar impune,
pois a essência universal deve pairar acima das vontades
humanas.
Na Nova Era que se aproxima, creio eu que o indivíduo
ensaiará os primeiros passos da marcha que precisa en-
cetar a fim de libertar-se dos preconceitos e defeitos
ditados pela sua profundidade; no início, falando sem-
pre de maneira genérica, ainda estará bastante apegado à
matéria e ao mundo dos sentidos, entretanto perceberá,
intuitivamente, que se encontra em uma encruzilhada e
carece de enxergar a luz! Vai, sem dúvida, tatear às ce-
gas, longe de compreender perfeitamente o seu papel
evolutivo terrestre. Na verdade, nesse estágio, a maioria
dos seres humanos que habitam a esfera psíquica onde o
espírito paira em busca de aprimoramento pessoal, ain-
da não se encontra em condições apropriadas para per-
ceber a sua meta de perfeição; este indivíduo será análo-
go à criança que aprende as primeiras letras: tem as fer-
ramentas para ler, sabe soletrar, mas ainda não consegue
interpretar um texto. A exceção fica por conta dos espí-
ritos mais velhos que já reencarnaram muitas vezes no
planeta com objetivos missionários, não depurativos,
muito mais para trazer luz e conhecimento ao nosso ca-
minho do que para aprender a andar.
Quem chega a dar o primeiro passo em direção à luz
depara-se com degraus que deverão ser ultrapassados,
mas, figurativamente, é claro, seus olhos estão apenas
semiabertos e ele poderá não percebê-los; é imprescin-
dível um guia que o ajude na tarefa de transpor obstácu-
los, pois caso contrário, mesmo nos menores, tropeçará.
Esses são os primeiros contatos com o novo mundo que
chegará num futuro próximo, se o Grande Arquiteto do
Universo assim o desejar.
Fernando Gimeno — Cadeira 06
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CRÕNICAS DE
MARAGOGIPE
Paulo Vicente
Guerreiro Peixoto .'.
JOÃO DA CRUZ E SOUSA
UM NEGRO POETA BRASILEIRO
Mais uma vez venho homenagear JOÃO DA
CRUZ E SOUSA nascido no dia 24 de no-
vembro de 1861, em Florianópolis, Santa
Catarina e veio a desencarnar aos 36 anos no
dia 19 de março de 1898, na cidade de Antô-
nio Carlos, interior do estado de Minas Ge-
rais.
Talvez, ou melhor, com quase certeza, vocês,
estudantes ou amante da literatura brasileira
certamente nunca ouviram falar do poeta
Cruz e Sousa e se ouviram não deram o de-
vido valor.
Ele é considerado, o que pese ter morrido
cedo, aos 36 anos, como a maior expressão
poética do Simbolismo, movimento literário
cujas primeiras manifestações no Brasil
ocorreram no final da década de 80 do sécu-
lo XIX.
O nome de CRUZ E SOUSA confunde-se
com a poesia simbolista; impossível não as-
sociar seus versos a esse que foi um dos pe-
ríodos mais férteis e duradouros de nossas
letras, capaz de influenciar até mesmo os es-
critores modernos, entre eles Cecília Meire-
les e Vinícius de Moraes, passando
a ser conhecido com a alcunha de
DANTE NEGRO ou CISNE NE-
GRO.
Sobre a sua morte, ocorrida em 19
de março de 1898 em Minas Ge-
rais, na localidade de Curral Novo
quando foi vencido pela tuberculo-
se, doença que assolava o Brasil na
época, teve o seu corpo transporta-
do para o Rio de Janeiro em um va-
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gão destinado ao transporte de cavalos. Ao
chegar, foi sepultado no Cemitério de São
Francisco Xavier por seus amigos, dentre
eles José do Patrocínio, onde permaneceu até
2007, quando seus restos mortais foram en-
tão acolhidos no Palácio Cruz e Sousa, anti-
go palácio de governo do estado de Santa
Catarina e atual Museu Histórico de Santa
Catarina, no centro de Florianópolis.
HOJE, na data do seu aniversário de nasci-
mento e sendo eu um apaixonado pela poe-
sia, compartilho um dos seus poemas -
GLÓRIA AOS HUMILDES, desejando com
este meu texto e pesquisa, ressaltar um pou-
co da sua história e despertar sua poesia
adormecida, através da psicografia de Chico
Xavier.
GLÓRIA AOS HUMILDES
De Cruz e Souza e Chico Xavier
Ai da ambição do mundo, ai da vaidade
Que se mergulham sob a noite escura,
Noite de dor que vai além da sepultura
Nos afasta da vida e da verdade.
Só o caminho divino da humildade
Pode ofertar a luz radiosa e pura,
Que vem salvar a mísera criatura
Confundida no abismo da impiedade.
Pobres da Terra, seres infelizes,
Cheios de pranto e de cicatrizes,
Levantai vosso olhar sereno e forte.
Não maldigas a ulceração da algema,
E esperai a vitória alta e suprema,
Que Jesus vos prepara além da mor-
te.
Uma noite de muita poesia, de saúde, de
muita paz e de muito amor em nossos
corações, com as bênçãos do grande ar-
quiteto do universo e a proteção de Jesus
Cristo e dos Orixás.
Paulo Vicente Guerreiro Peixoto
NÚMERO 47 DEZEMBRO 2020
Obrigado
Sr. Jesus!
Obrigado.
A cada final de ano, o planeta vive
como um imenso reator de felicidade cata-
lisada pelos seus habitantes humanos.
É comum, veem-se as pessoas ex-
plodindo de felicidade e de boas expectati-
vas com relação ao ano que aponta. É co-
mo se durante todo o ano as pessoas se
preparassem apenas para a data mágica...,
O Natal.
A prática, quase que cultura, é de se
desejar ao próximo, Feliz Ano Novo! Al-
gumas pessoas chegam a conotar um dese-
jo desesperado de que o ano que parte,
acabe logo, e que, o Ano Novo se inicie
trazendo boas novas.
Mas, mesmo admitindo-se a necessi-
dade do exercício de otimismo em relação
a um Ano que aponta, devemos, na avalia-
ção deste pensador, agradecer, justamen-
te, as graças conquistadas no Ano que ter-
mina, pois, tais graças são resultado, são
conquistas e, na maioria das vezes, duras
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conquistas que, certamente, se farão base
para todos os dias do ano que se inicia,
pois, o tempo não pára. Assim, nesta épo-
ca de tanto amor fraterno, de tantas con-
dolências decorrentes da pandemia, e da
“encontrada” afetuosidade, decorrente do
longo e oportuno convívio das pessoas em
sua moradia, em oração, agradeço e con-
vido...
“Senhor Jesus Cristo a minha essência se
estabelece em seu Ser, sou tua imagem e
semelhança. Senhor em todos os dias do
ano que agora se conclui fui agraciado com
as coisas que necessitei, por isso, Senhor
meu, reservo este momento solene para
agradecer, reverenciá-lo. Em 2020 eu cresci
e amadureci; adoeci, e a enfermidade, com
o seu consentimento, superei; investi, em-
preendi, fiz amigos, lutei, conquistei, amei,
orei...orei; ofereci, construí, corrigi, perdo-
ei, criei, venci. E os momentos de dores e
lágrimas Sr. Jesus, inclusive com a partida
do meu pai, irmãos.: e amigos, para o ori-
ente eterno, em decorrência da Covid-19 eu
suportei, suportei. Pois, é na superação de
desafios e na resiliência (capacidade de se
adaptar às mudanças), que nos tornamos
merecedores das graças, que em pleno
agradecimento, exalto. Obrigado Sr. Jesus!
“Que o ano 2021, seja um ano de paz, saú-
de, fartura e evolução, para todos. ” ”
Que assim seja!
Por: José Alconso da Silva Filho
Cadeira nº 24 da AMALBA
NÚMERO 47 DEZEMBRO 2020
A ABOLIÇÃO E A MAÇONARIA
O precursor do ideal abolicionista, no Brasil, pode
ser considerado o Padre Português Manoel Ribeiro da
Rocha, com seu livro "Etíope Resgatado, Empenha-
do, Sustentado. Corrigido. Instruído e Liberta-
do" (Lisboa, 1758) O autor, também bacharel em Di-
reito e que já militara no foro da Bahia, naturalmente,
se inspirou nos episódios de que fora testemunha, pa-
ra condenar, como o fez as condições desumanas em
que era realizado o tráfico negreiro.
Deve-se à Inglaterra a proibição oficial do tráfico
negreiro no Brasil, não por generosidade dos ingle-
ses, mas sim por questões econômicas. A Inglaterra
havia conseguido de D. João VI as assinaturas de vá-
rios tratados de restrição ao tráfico, destacando-se
pela intempestividade o de 1810 através do qual foi
conferido a Inglaterra o direito de apresar, mesmo em
águas brasileiras, os navios suspeitos de transporta-
rem cativos reservando-se lhe o direito de se apoderar
de toda carga.
Perseguindo seu objetivo conseguira a Inglaterra,
no Congresso de Viena (1815) que os países nele re-
presentados (inclusive Portugal) se comprometessem
a abolir o tráfico de escravos ao norte da linha do
Equador.
O Brasil - Império cumprindo cláusulas do tratado
de 1826 em que a Inglaterra reconhece nossa separa-
ção política de Portugal, promulga em 07/11/1831, a
Lei de Repressão ao tráfico, de autoria do Marques de
Barbacena, pela qual eram considerados livres os es-
cravos desembarcados no pais a partir daquele dia.
Encontrava-se o Brasil sob o governo da Regência
Trina, tendo o padre Diogo Antonio Feijó como Mi-
nistro da Justiça.
Para justificar a "Bill Aberdeen", alegou a Ingla-
terra a falta de cumprimento por parte do Brasil da
convenção de 1826 (ratificada em 1827), que obriga-
va o governo imperial a declarar, de acordo com a lei,
exercício de pirataria o tráfico de escravos, dentro do
prazo de 15 anos, a partir da proibição oficial, que
acorrera em 07/11/1831.
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CAMPANHA ABOLICIONISTA
A abolição da escravatura tornou-se um imperati-
vo depois de extinto o tráfico. Logo após a guerra do
Paraguai (1865-1870), Dom Pedro II de comum acor-
do com Pimenta Bueno, Marquês de São Vicente,
redige cinco projetos sobre a libertação dos escravos,
que foram rejeitados sob forte reação do Parlamento.
Seu ministério durou apenas 6 meses, sendo substituí-
do pelo gabinete Rio Branco (José Maria da Silva
Paranhos. Visconde do Rio Branco, nascido na Bahia
em 1819) que aprova a Lei de 28/09/1871, que decla-
rava livres os filhos de escravos, nascidos a partir da-
quela data, e libertava os escravos pertencentes a co-
roa. Esta lei conhecida como Lei do ventre Livre
(sancionada pela Princesa Isabel) representava tão
somente um paliativo, considerando que o filho de
escravo continuava, até sua maioridade, sob a tutela
do senhor de seus pais, ao qual cumpria sustentá-lo e,
em troca, utilizar-se de seus serviços. Ele era "livre
de direito, mas escravo de fato".
A disciplina das senzalas, entretanto, já estava
quebrada. No Nordeste os negros fogem para o Ceará
que desde 1883, já libertara todos os escravos. O
Amazonas, em 1884, tomara idêntica atitude.
O recrudescimento da campanha abolicionista ani-
ma os escravos a fugir e a novamente formar quilom-
bos. Nessas condições, não teve dúvidas o gabinete
conservador de João Alfredo em promover a votação
da Lei Aurea finalmente sancionada, durante a ausên-
cia do Imperador, pela Regente Princesa Isabel, a 13
de maio1888.
A nova lei que recebeu o número 3355, era curta e
incisiva, possuindo apenas dois artigos:
Art. 1° - É declarada extinta escravidão no Brasil.
Art. 2° - revogam-se as disposições em contrário.
A MAÇONARIA E A EMANCIPAÇÃO
As Américas receberam, durante os séculos XVI a
XIX, aproximadamente dez milhões de escravos, des-
ses cerca de três milhões vieram para o Brasil com
predominância dos grupos Banto e Benin distribuídos
no litoral do Brasil que foi o último país a abolir a
escravidão.
Embora houvesse maçons escravocratas as princi-
pais leis que contribuíram para a emancipação dos
escravos, foram de autoria de maçons. A Lei do Ven-
tre Livre resultou do trabalho de José Maria da Silva
Paranhos, Visconde do Rio Branco. Quando em 7 de
marco de 1871, foi nomeado Presidente do Conselho
de Ministros, expôs ao Imperador o seu propósito de
pugnar pela emancipação dos escravos. Era sua con-
vicção e um compromisso com a Maçonaria Brasilei-
ra, da qual era Grão-Mestre.
Florisvaldo Sampaio — Acadêmico da AMCLA
Academia Maçônica Cachoeirana de Letras e Artes
m∴i∴ cim 132266
NÚMERO 47 DEZEMBRO 2020
O SENTIDO DA VIDA NA
SINGULARIDADE DO TEMPO.
*Jocélio Hércules Corneau
O universo possui 13,5 bilhões de anos. No qual
possui bilhões de galáxias com bilhões de estrelas.
Dentre essas galáxias existe uma denominada de
Via Láctea, que também possui bilhões de estrelas.
E dentre essas estrelas existe uma denominada de
Sol. No qual possui vários planetas ao seu redor. E
um desses planetas é denominado de Terra. Que é
o nosso lar neste vasto universo.
O nosso sistema solar tem aproximadamente 4,5
bilhões de anos. Após mais de 3 de bilhões de
anos, surgiu as primeiras formas de vida do tipo
multicelulares. E somente há cerca de 300 mil
anos, o Homo Sapiens surgiu na África Oriental.
No qual descendemos.
Mas o que é o tempo? E o qual é o sentido vida no
decorrer deste tempo? Existe uma forma ideal de
viver?
Mesmo tendo um amplo conceito, podemos definir
que vida é tudo aquilo que nasce, vive e morre.
Ou, como diria os filósofos, é um fenômeno que
anima a matéria. Portanto se a vida é aquilo que
existe em função para animar alguma coisa, o seu
sentido é exercer aquilo a qual existe. Se pergun-
tássemos a alguém qual o sentido de vida de uma
goiabeira, ela iria dizer que é para dar goiabas. Se
a pergunta é em relação a uma vaca, talvez disses-
se que era para dar leite. Da mesma forma, haverá
um sentido de vida de um rio, um sapo, uma es-
trela, do vento, da chuva, e de tudo aquilo no qual
fazemos parte. E tudo isso ocorre dentro do nosso
mesmo espaço-tempo.
O tempo é uma grandeza física, que é um referen-
cial que adotamos dentro de um ponto especifico
do nosso espaço e que segundo o filósofo Aristóte-
les, é um instante que vem depois de outro instante
e nos quais são enumerados, e que serve para re-
gistrar um movimento em um determinado instan-
te. Portanto o tempo é um mero somatório de pe-
quenos instantes de um momento presente, que
sempre deixa de ser presente para ser tornar passa-
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do.
Entender um pouco o que é uma vida no decorrer
deste tempo, nos faz dar mais valor ao nosso senti-
do de viver, pois assim estaremos sempre sintoni-
zados com a nossa própria razão de existir.
Muitas pessoas passam a vida inteira sem saber o
seu sentido de viver. Uma criança não sabe o que é
viver, mas vive. Por instinto próprio, em certos
momentos que tem necessidade de algo, ela busca
amparo e se sente mais segura com a pessoa com
quem fica mais tempo ao seu lado lhe cuidando.
Seja o pai, ou a mãe. Se estes são ausentes, pode
ser uma tia, ou mesmo uma babá. E isto é um re-
sultado de pequenos instantes que se somam para
caracterizar um maior tempo do qual a criança fica
em sua companhia. De forma semelhante, somos
nós quando adultos. Apenas com uma diferença, é
que sabemos o que é viver, e como se relacionar
com certas pessoas no mesmo espaço-tempo. E
aprendemos a valorizar os nossos pequenos instan-
tes.
Na singularidade do tempo aprendemos que não
nascemos com a prática do preconceito, do racis-
mo, da xenofobia, da intolerância, da ignorância,
do egocentrismo, ou da insensatez, mas sim, é que
somos induzidos às essas práticas por outras pes-
soas no decorrer dos instantes do nosso tempo. Isto
nos causa desvios na compreensão do sentido da
vida. Muitos filhos são orientados a seguir uma
profissão que é a ideal na visão de seus pais, negli-
genciando o sentido de vida de seus próprios fi-
lhos. Nos quais são únicos em sua visão e eles
mesmos devem encontrar sua razão de ser. Alguns
fazem isso, outros não conseguem. E passam gran-
de parte de suas vidas sem saber qual o seu sentido
em viver.
No texto, O Valioso tempo dos maduros, Mário de
Andrade se sentia como um menino que recebeu
uma bacia de cerejas, e que as primeiras ele chu-
pou de forma displicente, mas quando percebeu
que faltavam poucas, ele roeu até o caroço.
Perceber quantas cerejas ainda há em nosso cesto
não irá prologar o tempo de nossa existência, mas
com certeza nos fará contemplar ainda mais os so-
matórios de nossos pequenos instantes. Conforme
ele mesmo diz: Já não tenho tempo para lidar com
mediocridades. Caminhar perto de coisas e pessoas
de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E
para mim, basta o essencial!
Que assim seja.
*Venerável Mestre de Honra Loja Maçônica
Amor, Pátria e Família - Ibotirama/BA
NÚMERO 47 DEZEMBRO 2020
A formação de um mago
é essencialmente holísti-
ca. Seus estudos são
amplos e abrangem to-
das as áreas da ciência:
humanas, exatas e natu-
rais como física, quími-
ca, biologia... além das
práticas destinadas ao
condicionamento e inte-
gração entre o corpo e a
mente.
A MAGIA
A magia afirma-se desde as mais remotas eras!
Mesmo entranhada de alegorias hieráticas e místicas
injetadas em sua essência por antigos dogmas, ela se
mantém inalterada.
Muitas vezes através do véu que a encobre co-
mo uma ciência oculta, ou sob o selo das antigas tradi-
ções esotéricas e das escrituras sagradas, a encontramos
altaneira, forte, eterna e escorreita; sob as pedras carco-
midas dos velhos edifícios templários, nas cerimônias
iniciáticas das seculares ordens místicas, nos estranhos
símbolos e emblemas dos velhos alfarrábios dos alqui-
mistas... ali, sob o véu de Isis, oculta dos olhos profanos
capazes de a conspurcar, encontram-se os traços de uma
doutrina que, apesar de abrigada durante tanto tempo no
silêncio, permanece inalterável em suas diversas mani-
festações. A filosofia oculta parece ter sido a chave para
abrir as portas das obscuridades divinas, desde os tem-
pos em que era conhecimento exclusivo de grandes ini-
ciados.
Na Pérsia com os magos, na Grécia via os mis-
térios de Eleusis, entre os Pitagóricos ou os gnósticos
do primeiro século cristão... eis o que é a magia desde
Zoroastro até Manés... Desde Orfeu até Apolônio de
Thyana, quando o cristianismo positivo, triunfando en-
fim do belo sonho e das gigantescas aspirações da esco-
la de Alexandria ousou fulminar publicamente com
seus anátemas esta filosofia, e a reduziu, assim, a ser
mais oculta e mais misteriosa que nunca.
A magia é a ciência tradicional dos grandes se-
gredos da natureza! Aos olhos do ocultista ela atinge as
proporções de uma arte hermética que é, ao mesmo
tempo, uma religião, uma filosofia e uma ciência natu-
ral. Como religião é a dos antigos magos e iniciados de
todos os tempos; na filosofia podemos encontrar seus
princípios na escola de Alexandria e nas teorias de Pitá-
goras; como ciência, é preciso caminhar até Paracelso,
Nicolau Flamel ou Raimundo Lulio.
A ciência mágica é silêncio e, por isso se con-
serva! Ela é uma iniciação e, assim, perpetua-se! O sigi-
lo do mago é fundamental para o não iniciado, porém
não é absoluto! Mostrar símbolos ao mundo, ao homem
que ainda não adentrou os portais da “Mansão da Vida”
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pode ser a essência da Luz Divina! Falar é prerrogativa
dos sábios, não para contar segredos, mas para levar
homens de bem à procura da chave hermética do conhe-
cimento ancestral.
Quem chega a ser senhor de si será filho de suas
obras no tempo e na eternidade. Quando estas leis uni-
versais são reconhecidas o homem atinge o estado de
ligação (ou religação) consigo mesmo e dentro do Uni-
verso Cósmico com o qual ele interage. Essa é a verda-
deira religião que sempre existiu no mundo. Não tem
nome nem santos, apenas a vontade inefável do Todo,
da Incognoscível Mente que nos criou.
Uma vontade esclarecida e inflexível consegue
conviver e aproveitar-se dos maiores arcanos da nature-
za e subordiná-los aos seus anseios. Através de uma
sabedoria específica adquirida no trânsito pela senda, o
místico obtém os segredos que controlam forças natu-
rais ordinárias. O sobrenatural é apenas o natural que
foi estudado e praticado pelo mago e é desconhecido do
ser humano comum; logicamente impressiona os leigos.
O milagre só existe para aqueles que não conhecem as
suas causas. Mas como não possuímos ciência absoluta
entre os homens, o milagre ainda pode existir, e existe
para todos. Entretanto, para fazer milagres é preciso
estar fora das condições comuns da humanidade; é pre-
ciso estar ou abstraído pela sabedoria, ou exaltado pela
loucura, acima de todas as paixões. Assim, por uma lei
providencial ou fatal, o mago só pode exercer a onipo-
tência na razão inversa de seu interesse material...
Quem pretende fazer da magia um objeto para
alcançar glórias e satisfazer paixões, pare! Não é este o
caminho que satisfaz vaidades pessoais.
É necessário que o interessado no estudo da ma-
gia compreenda uma grande verdade: existem na Natu-
reza vários planos ou "divisões" e cada um deles está
constituído de sua própria qualidade de matéria; quali-
dade que varia em função de graus de densidade dife-
rentes. O que há de fantástico nesse estudo é, justamen-
te, obter o meio de conhecer aquilo que não é comum à
maioria das pessoas.
O grande mérito do mago é, através da prepara-
ção e do treinamento, atingir a possibilidade de traba-
lhar interativamente com todas essas possibilidades e
ter o conhecimento intrínseco dos elementos formado-
res do universo e a forma como eles agem sobre a maté-
ria.
Como dizia um anônimo Mestre Budista:
“Não se queixem, não chorem nem mesmo
rezem. Apenas abram seus olhos e vejam. Existe luz
sobre vocês; se vocês puderem tirar a venda dos olhos,
verão. É maravilhoso, é magnífico, muito além de
qualquer sonho ou desejo, e isso é para sempre e sem-
pre.”
Fergi Cavalca
In “Uma viagem à procura da LUZ”