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Jornal

ABIM | REGISTRO Nº 083-J


O CONFRADE
ÓRGÃO DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS
ANO 5 – NÚMERO 15 JANEIRO / FEVEREIRO 2023 GOIÂNIA-GO

editorial
AINDA HÁ IDEAIS. AINDA EXISTEM IDEALISTAS!

Q
ue seria do mundo, que seria de nós se os e fazendo-a produzir frutos dignos, com a ajuda in-
ideais tivessem todos ido apagados e sepulta- dispensável de toda a sua diretoria e, em especial, do
dos todos os idealistas? Esta pergunta inquie- Secretário, confrade José Mariano Fonseca, entusiasta
tante troveja, de vez em quando e a cada dia mais deste jornal e das publicações literárias do Sodalício,
fortemente, à medida em que vamos constatando a inclusive o portentoso ACADEMIA GOIANA
coisificação dos seres humanos e a materialização dos MAÇÔNICA DE LETRAS – História e Antologia, que
sentimentos que saem coloridos da alma mas vão se já serve de paradigma para inúmeras coirmãs.
petrificando, à medida em que se expõem à atmos- E vamos seguindo em frente. Com o mesmo
fera escura dos interesses, das tendências da carne entusiasmo.
que envolvem e arrastam a tudo e a todos com seus Recentemente, realizou o nosso Sodalício ses-
princípios e projetos calcados na ambição, no poder, são solene para posse da nova Diretoria e de novos
no egoísmo, na vaidade e, principalmente, turbinados Acadêmicos, eleitos para ocuparem Cadeiras vagas
com a moderna medicação da falta de amor. com o falecimento de alguns companheiros desta
E a luta contra este desconcertante evento, embora Caminhada cultural.
aparentemente projetada para os outros, começa em Para quem pensou que seria apenas mais uma ses-
nós mesmos, pois esta atmosfera escura rodeia a todos são solene de posse, a surpresa foi grande, pois deu-
nós. Graças a Deus podemos observar que, enquanto -se um evento maravilhoso, com direito a audição do
muitos se deixam levar pelo passageiro e enganador Coro Italiano, com um finíssimo repertório no qual se
momento de glória e exposição, com o afago de suas destacou a peça de Giuseppe Verdi “Va Pensiero “.
inclinações menos elogiáveis, há ainda os que culti- Assumiu o comando da Academia o confrade José
vam a brisa suave do ideal, sem preocupações de ga- Mariano Fonseca e tomaram posse nas Cadeiras nú-
nho ou vantagem. Há os que têm vencido esta batalha meros 07, 11 e 36, respectivamente, os irmãos e ago-
e conseguido preservar imune ao imediatismo, ao ra confrades José Eduardo Souza de Miranda, Flávio
retorno ou ao ganho no mais recôndito de seus cora- Roldão e Célio Cézar de Moura Gonçalves.
ções, o mais puro ambiente para o cultivo de projetos Troca de comando... preenchimento de postos, di-
e ações que visem, prioritariamente, o bem geral, o rão alguns.
patrimônio imaterial, aquele que alimenta impereci- Eu, todavia, direi: Muito mais do que isto!
velmente a verdadeira vida. Primeiro, compromisso do novo Presidente em
É bem assim que nitidamente aparecem fatos e manter o ritmo acelerado e de comprometimento,
comportamentos, embora escassos, na rotina da vida, adotado pelo anterior, feito publicamente, no momen-
que mostram ainda existirem ideais, ainda permane- to em que exaltava as qualidades maçônicas de nosso
cerem vivos e atuantes puros idealistas. ex-Presidente. Certamente isto será cumprido à risca.
E é assim que observo, quando homens e mulhe- Segundo, quando se está em guerra, qualquer
res denodados se unem para uma obra silenciosa mas baixa preocupa e preencher a lacuna é indispensável
de alto significado para o meio circundante. para que se mantenham incólumes as peças de ataque
É assim que sinto, quando vejo pessoas buscando e as de defesa neste imenso campo de batalha.
edificar templos em seus corações, com o mesmo ou Sim. Cenário de batalha, como nas antigas guer-
até muito maior ardor do que quando edificando tem- ras, onde se dava um confronto corpo a corpo. E é este
plos de pedra. que teremos que enfrentar dia após dia, na luta pela
Vi e vejo assim a fundação de nossa Academia conscientização da necessidade do belo, da arte, da
Goiana Maçônica de Letras, agora comemorando seu elevação espiritual.
quarto aniversário de vida profícua, ativa e proveito- Os novos confrades empunharam a bandeira do
sa. Parecia, ao ser imaginada, uma quimera, uma uto- ideal maçônico e literário da verdade (que é sempre
pia irrealizável. E mesmo depois de criada, eram tão útil) e da beleza literária quer se contém nas mensa-
grandes as barreiras e tão colossais os obstáculos que gens do bem, da paz e do amor, que encontram eco
a impressão primeira era de uma irremediável perda nas abóbadas das Academias Maçônicas, tempos de
de tempo. Mas não foi assim sob a Presidência do con- culto ao belo e ao útil, até porque já compreendemos
frade João Batista Fagundes. Acreditava que obstácu- que, na verdadeira vida, só é belo o que é útil e só é
los existem para serem ultrapassados, vencidos. E os útil o que é belo e o bem deve ser a finalidade última
ultrapassou e venceu, regularizando a Casa de Letras de nossas atitudes. – Equipe editorial

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2 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

fala do presidente
NOITE MEMORÁVEL
José Mariano Lopes Fonseca | Cadeira nº 06
Saúdo efusivamente toda dire- Sobretudo, foi uma noite
toria, os membros dos núcleos, os inesquecível, para Academia
novos membros empossados no Goiana Maçô-nica de Letras
dia 09 de fevereiro 2023, demais pela erudição conseguida
acadêmicos que presenciaram por ao longo de quatro anos de
meio virtual a cerimonia e todos atividade dos confrades,
convidados que abrilhantaram e esquadrinhado a partir do
deram significado à magna noite. amor pelos livros, pela boa leitu-
A solenidade da posse foi mais ra, pela publicação de variados
um marco histórico na Academia gêneros literários, unindo o co-
Goiana Maçônica de Letras – nhecimento filosófico maçônico
AGML, justo e merecido, além do e intelectual. Parabéns! Recebam
ingresso de três novos membros todos o meu fraternal abraço.
nesta memorável instituição. Saudações culturais!

DIRETOR IA – BIÊNIO 2022/2024

C A D E I R A N º 06 C A D E I R A N º 21 C A D E I R A N º 24 C A D E I R A N º 37 C A D E I R A N º 33 C A D E I R A N º 32

Presidente Vice – Presidente 1º Secretário 2º Secretário 1º Tesoureiro 2º Tesoureiro


José Mariano Adegmar José Isaias Costa Dias Hamilton Rios Carlos A. B. Anestor Porfirio
L. Fonseca Ferreira de Araújo de Castro da Silva

C A D E I R A N º 29 C A D E I R A N º 02 C A D E I R A N º 16 C A D E I R A N º 26 C A D E I R A N º 18 C A D E I R A N º 04

Diretora de Diretoria Cultural Diretor de Divulgação Bibliotecário Orador Diretoria Jurídica


Patrimônio Anderson Lima João Batista Aírton B. de Andrade Absai Gomes Brito Breno Boss C. Caiado
Joás de Franca Barros da Silveira Fagundes

CONSELHO FISCAL
Conselheiros Titulares Conselheiros Suplentes

C A D E I R A N º 20 C A D E I R A N º 25 C A D E I R A N º 14 C A D E I R A N º 23 C A D E I R A N º 13 C A D E I R A N º 15

Gesmar José Paranahyba Castro Filho Genserico B. Getúlio Targino Jefferson S.


Vieira Santana de Siqueira Lima de Carvalho
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 3

sinalização
A SABEDORIA CONSIDERADA Grão-Mestre da Grande
MAIOR DO QUE A BONDADE Loja do Estado de Goiás

Tito Souza do Amaral | Colaborador


“Nenhuma sabedoria pode ser con- e caminhos de forma raciocinada e le- para quem necessita. Tivemos muitas sempre estendida, da bondade no olhar,
siderada maior que a bondade”, Jean gando experiência para as gerações fu- realizações importantes e de grande da serenidade no diálogo e da confiança
Jacques Rousseau. Vencemos com ga- turas.Nossa Sereníssima Grande Loja significado para a Grande Loja. Nesse em Deus. Teremos para sempre na me-
lhardia o ano de 2022, o ano da reto- Maçônica do Estado de Goiás pode co- ano conseguimos realizar novamen- mória a imagem do sorriso sincero e dos
mada de nossas plenas atividades no m memorar a alegria do retorno às nossas te o Encontro de Veneráveis Mestres valores que ele nos ensinou a cultivar.
un do profan o e qu e reiniciamos a ple- sessões econômicas, aos estudos, mas Eleitos e Reeleitos em nossa pousada de Para 2023 sabemos que será mais um
nitude de nossos trabalhos maçônicos. principalmente às sessões magnas, com Aruanã. ano de dividir as águas, de fecharmos
Chegamos ao final de mais essa jornada ênfase para as iniciações. O sentido firme desse encontro é ciclos e de promover a salutar renova-
anual sabendo respeitar os limites do Após dois anos de represamento interagir os Veneráveis Mestres de vá- ção que nossa Sublime Ordem precisa
corpo e a grandeza da alma que preci- nossa fraternidade cresceu em número rias regiões, prepará-los para a melhor para se perpetuar. Sabemos que temos
samos praticar diariamente. e qualidade, com a admissão de novos prática de administração de suas lojas e irmãos valorosos e de brilhantismo
O ano de 2022 marcou a ascensão da irmãos que muito irão abrilhantar a ma- criar um colegiado coeso, fraterno e in- dentro da maçonaria e no mundo profa-
parábola da humanidade sobre o flagelo çonaria goiana. A Colmeia da Grande terativo. Tivemos momentos de tristeza no. Sabemos que ainda há muito o que
da pandemia de Covid-19 em que a ciên- Loja e suas filhas de cada loja puderam também, com a perda de nosso amado construir. Vencemos batalhas, supera-
cia deixou patente seu papel de catali- recomeçar as ações de benemerência e irmão e eterno Grão Mestre, Adolfo mos obstáculos e galgamos degraus im-
sadora do bem para a humanidade, de filantropia que tanto marcam de for- Ribeiro Valadares. A comoção tomou portantes, tudo isso mantendo n osso co
disponibilizar uma maciça campanha ma positiva, mostrando que a bonda- conta de nós com a ausência de um dos mp ro m isso de p rog resso e união
de vacinação que venceu a contamina- de de nossas esposas transcende nos- mais amados e admirados irmãos e a Agora é preciso pensarmos de forma
ção e parou de ceifar vidas injustamen- sos lares e irradia o bem para pessoas ausência dói mais que a perda. positiva e convergente com nossos ideais
te. Nós, maçons, filhos da mesma escola necessitadas. Fica o vazio do amado irmão com de fraternidade e comprometidos com a
de pensadores de Rosseau e amantes da Somos abençoados por termos com- sua presença marcante. Mas, fica igual- edificação de uma sociedade feliz e um
ciência sabemos que o Grande Arquiteto panheiras tão abnegadas e bondosas a mente o legado de inúmeros ensina- mundo mais justo e fraterno. Sigamos
do Universo nos dá inteligência e dis- zelarem por nossos lares com a mes- mentos e exemplos que ele nos legou nessa senda, porque a evolução continua.
cernimento para construirmos soluções ma bondade que distribuem auxílios de fé, superação, tolerância, da mão Que assim seja!

reconhecimento Imortalizado em sua obra, e eternizado na sua


história, tudo o que falar sobre o Grão-Mestre, que
Entre o deleite nos ampara desde o Oriente Eterno, é pouco, diante
da posse na AGML
ENTÃO NA CADEIRA 07 e a supremacia
da grandeza do homem de luz e de fé que enterne-
ceu a alma daqueles que o conheceram. Durante
sua vida, foi um encantador de gentes, semeou a
José Eduardo Miranda | Cadeira nº 07 do predecessor paz e a felicidade, elevando diuturnamente seu
voto de gratidão ao Grande Arquiteto do Universo.
No pináculo da magnitude de entender-me como não tinham onde cair mortos”, a imortalidade do O Irmão Adolfo Ribeiro Valadares, IMORTAL,
um homem de bem, que luta diariamente contra os membro de uma Academia de Letras, mais do que e meu Patrono na Academia Goiana Maçônica
vícios da existência, combatendo, a miúde, a vaidade simbólica, perfaz o epíteto atribuído àquele cuja vida de Letras, segue um exemplo de Maçom, e conti-
e o orgulho, não posso ocultar a alacridade pela mi- permanece latente, selada na eternidade da produ- nua um verdadeiro paradigma de homem justo e
nha nomeação, no último dia 09 de fevereiro, como ção literária. perfeito.
Neoacadêmico da Academia Goiana Maçônica de Este é o mote da imortalidade de um Acadêmico: Por isso, subscrevo, em letras garrafais, que as-
Letras. Foi lindo, mágico e seráfico... se os livros não duram para sempre, as histórias re- sumir a Cadeira n° 07, que sempre será de Adolfo,
Imerso em um fenômeno metamorfótico, assumi pousam definitivamente na alma dos leitores, que se evoca o encargo etéreo daquele que será incan-
a Cadeira nº 07, transformando-me num imortal... renovam de forma transgeracional. sável para além de prosseguir publicando livros.
Foi transcendente! Fenomenologicamente, é inconteste que as his- Continuarei dando vida à obra que meu Patrono
E a transcendência justifica-se pela deferência de tórias, lidas e relidas, perenizam a vida de quem as delegou aos Maçons deste Estado, e seguirei, dia
ingressar no seleto Grupo dos ‘Homens das Letras’ escreveu. Sou, portanto, imortal! após dia, seu exemplo de Maçom infatigável, de
da Maçonaria do Estado de Goiás, alçando a certeza Acontece que entre a posse na AGML, e o delei- homem perseverante, com fé inabalável, coragem
de que passo a ocupar a condição daqueles cuja obra te da ‘imortalidade’, sobressalta a responsabilidade incessante e trabalho fraterno.
jamais será esquecida. de assumir a Cadeira n° 07, cujo predecessor foi o Imortalizarei, na Cadeira nº 7, minha condição
Distante da ironia de Olavo Bilac, quem sutil- Prodigioso Irmão Adolfo Ribeiro Valadares. de agente do bem, da paz, do amor e da felicidade,
mente dizia que “os escritores eram imortais porque como sempre fez Adolfo Ribeiro Valadares.

Jornal O CONFRADE sensibilização


ÓRGÃO OFICIAL DA ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE LETRAS
Registro na ABIN nº 083-J

Palácio Maçônico “Násseri Gabriel”– GOB-GO


SERENIDADE
Goiânia-Goiás – Fone: (62) 3211-1010
Presidente: José Mariano L. Fonseca – Cadeira nº 06
Mauro Marcondes | Cadeira nº 19
Editor/design: Guilherme Fonseca – Colaborador O ser humano, em suas múltiplas tare- Esta prática que deve ser cotidiana fará
Revisor: Flávio Roldão de Carvalho Lelis fas e funções, muitas vezes não age com a com que nossas emoções internas e vibratórias
tranquilidade necessária diante de situações crie a serenidade com a supremacia da estabili-
expediente

Colaboradores: Absai Gomes Brito / Guilherme Freire Fonseca


Conselho Editorial: Anderson Lima da Silveira / Getúlio Targino Lima complicadas ou traumáticas. dade de relacionamento. Assim devemos com
Luiz Antônio Signates Freitas / Alexandre A. Giffoni Júnior Para que o encanto da tranquilidade se consciência pensar, meditar e propiciar o equi-
Programação/editoração: Adriana Almeida efetive, se faz necessário que nós, como seres líbrio necessário para que a serenidade faça
Coordenação gráfica: Gráfica Poder – 62. 98190-5857 energéticos que somos, possamos emanar do parte das nossas vidas, impedindo que posi-
Tiragem desta edição: 500 exemplares consciente e subconsciente as energias que cionamentos desairosos nos impeçam de man-
Divulgação: Físico / Digital [http://agml.com.br/] nos envolvem, depurando-as com a nossa termos a paz necessária e um existir pleno de
A direção do Jornal não se responsabiliza vontade esclarecida, o que permitirá, além harmonia e felicidade, e que a transformação
por conceitos emitidos em matérias publicadas. do controle a se estabelecer, o permear com em gotas pacificadoras do ambiente maçônico
tudo e com todos que nos rodeiam. seja uma constante em nosso meio.
4 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

artigo
Academia Goiana Maçônica de
Letras [História e Antologia]
AS INTERFACES DA AGML
Adegmar José Ferreira | Cadeira nº 21
O título que dá nome a esta grandiosa obra aca- (frente à realidade da Segunda Guerra Mundial que VI – Comparecer e participar das reuniões para as
dêmica, de pronto, nos instiga indagar: 1º. Em que combatia tenazmente o fascismo, nazismo e ódio aos quais for designado pelo Presidente.
consiste uma academia de letras? Particularmente, judeus, ciganos e minorias), ao contrário, aqui, no § 1°. Quando o associado for designado para repre-
letras maçônicas? 2º. O que é uma antologia? seio da AGML esses grandes irmãos da Maçonaria sentar a Academia em localidade diversa daquela em
Academia de letras corresponde a um locus de es- Goiana nos ensinam e estimulam pensar critica- que reside ou tem domicílio, ser-lhe-ão reembolsadas
tudo e pesquisa, que se abriga numa entidade de cará- mente a partir de muito estudo, pesquisa, dedica- as despesas que realizar no cumprimento da missão,
ter cívico-cultural e literário composta por importan- ção e perseverança, sopesando sempre os valores observados os limites que o Regimento Interno da
tes nomes integrantes da literatura em determinada humanos do SER, do TER e do DEVER SER maçô- Academia fixar.
área do conhecimento. nicos e profanos, almejando sempre o bem estar da § 2°. O Acadêmico que não possuir 75% de frequên-
No mesmo sentido, numa academia maçônica de humanidade. cia nas sessões da Academia, poderá ser excluído.
letras, naturalmente, estuda e pesquisa de forma verti- Engendrada por esses GIGANTES DA Ao prefaciar esta magnifica obra, o ilustre confrade
calizada elementos de cultura afetos a Arte Real e sua MAÇONARIA, nossa AGML nasceu com seus ob- Professor Getúlio Targino Lima, com muita sapiência
interface a outras áreas transversais do conhecimento. jetivos pensados, estudados e muito bem definidos. e clareza, assim se expressou:
Mas, e o termo antologia? Corresponde a que exa- Vejamos a este respeito o que ficou estabelecido nos “...Pois bem, esta obra (...), quer perpetuar um acon-
tamente? Penso que o termo nos sugere, no mínimo, artigos 3º e 4º do seu estatuto: tecimento grandioso para o mundo maçônico e para
dois significados, um no campo do conhecimento lite- Art. 3° – A ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE o mundo das letras, que foi a criação da Academia
rário, e outro, no campo da botânica. Vejamos: LETRAS tem por objetivos: Goiana Maçônica de Letras, imortalizando e tornando
No primeiro (o literário), significa um conjunto de I – Congregar intelectuais membros de Lojas lembrados, nesta e nas gerações futuras, os homens que
textos produzidos por diversos autores e consequente- Maçônicas, sem discriminação da potência maçôni- se juntaram para alcançar esse objetivo magnífico.
mente por mãos, ideias e pensamentos diferentes; ca a que estejam jurisdicionadas, desde que estejam Não ficará num passado, que poderia ser esquecido até
No segundo, (campo da botânica), significa plan- comprovadamente em situação de regularidade, eles e por novas gerações de acadêmicos que venham suceder
tar, cultivar, amealhar, colecionar, (juntar, colher) e elas, e, de consequência, em pleno gozo de seus direi- a atual e outras que tenham imediatamente sucedido.
estudar as flores. tos maçônicos; Haverá sempre uma fonte para pesquisa à sociedade, e
Pelo que se vê de cada página desta obra mui- II – Promover palestras, conferências, reuniões e sempre, seja quando for, mesmo num futuro distante,
to bem organizada pelo incansável Confrade José simpósios literários e atividades afins, principalmente será possível saber quem foram estes homens, qual a
Mariano Lopes Fonseca, não é difícil perceber que ali de cunho maçônico; história e o contributo social, cultural e literário que
está registrado o contributo de todos os Confrades, no III – associar-se e manter intercâmbio com entida- ofereceram, em seu tempo, à sociedade, porque esta
plantio, no cultivo e na colheita de “flores acadêmicas”, des congêneres do país ou do exteri or; obra traz os traços biográficos de cada um deles e a sua
literárias e culturais, num esforço comum na consoli- IV – Editar, por conta própria ou de terceiros, sem história se confundirá com a história da Academia que
dação da nossa Academia Goiana Maçônica de Letras, fins lucrativos, obras literárias maçônicas, monogra- idealizaram, com qual sonharam e que fizeram se tor-
AGML. fias e um jornal ou revista, cuja periodicidade será ob- nar realidade. Nele consta o que são ou foram ou que
Winston Churchill (1940) O ex-primeiro ministro da jeto de resolução da Diretoria; fizeram ou estão hoje fazendo”.
Inglaterra foi um dos grandes oradores da história. Seu V – Divulgar, em jornais e periódicos, as atividades Como disse Targino ”...esta obra quer perpetuar
primeiro discurso no cargo foi aberto com uma frase e programas da Academia. um acontecimento grandioso para o mundo maçônico
que ficaria marcada: “Não tenho nada a oferecer senão Art. 4° – A ACADEMIA GOIANA MAÇÔNICA DE e para o mundo das letras”, disso não tenho dúvidas,
sangue, trabalho árduo, suor e lágrimas”. O discur- LETRAS não se envolverá em questões político-religio- grande intelectual Targino! Prova de sua feliz afirma-
so foi o primeiro de três poderosas pronunciações de sas ou político-partidárias, nem em divergências entre ção está em Adolfo Ribeiro Valadares, João Asmar e
Churchill durante a Batalha da França, pela 2a Guerra corpos maçônicos de diferentes tendências, manten- Carlos Augusto Ferreira de Viveiro, que partiram para
Mundial. O poder de oratória do estadista foi essen- do sempre escrupulosa imparcialidade em quaisquer o Oriente Eterno, e no entanto, seus grandes feitos na
cial para convencer o povo a pegar em armas enquanto pendências dessa natureza. AGML, na vida maçônica e profana, estão muito vivos
Hitler e suas tropas avançavam pela Europa. I – Estimular redes de pesquisas, arte e cultura, e entre nós. São, verdadeiramente, imortais!
Aqui em Goiás, Adolfo Ribeiro Valadares (de sau- produção do conhecimento. Mas, a vida é mesmo assim, simbolicamente, uma
dosa memória), Luiz Carlos de Castro Coêlho. João Parágrafo único – A ACADEMIA GOIANA gangorra de perdas e ganhos! Vejam que perdemos três
Batista Fagundes, Mauro Marcondes da Costa e José MAÇÔNICA DE LETRAS não cederá suas dependên- grandes irmãos confrades, mas logo, ganhamos mais
Mariano Lopes Fonseca, capitaneados por outros va- cias para quaisquer fins estranhos à sua destinação e três que são, José Eduardo Souza de Miranda, Cadeira
lorosos irmãos das duas Potências Maçônicas (GOB e finalidade. 7, tendo como patrono Adolfo Ribeiro Valadares; Flávio
GLEG), na mais perfeita união e no afã de cultivar o Prosseguindo, na SESSÃO II do referido Estatuto, Roldão de Carvalho Lelis, Cadeira 11, tendo como pa-
solo e nos ensinar PLANTAR, CULTIVAR E COLHER o artigo 15, ao cuidar dos deveres de seus confrades, trono Moacyr Salles e Célio Cezar de Moura Gomes,
FLORES, simbolicamente, empunharam suas espadas, assim estabelece: Cadeira, 36, tendo como patrono Chafic Gabriel.
vestiram seus paramentos, puseram seus aventais e Art. 15 – São deveres dos associados: Vejam que em 20 de julho 1897, criou-se a Academia
com muita coragem e determinação, tal qual fizera o I – Colaborar com o jornal e a revista da Academia, Brasileira de Letras, (sediada no Rio de Janeiro), capi-
primeiro ministro inglês conclamando o povo para a serem editados segundo normas baixadas pelo taneada por Machado de Assis, que elegeu naquela
a luta, estes grandes irmãos ofereceram à Maçonaria Regimento Interno; oportunidade, como um de seus principais objetivos
muita dedicação, trabalho, perseverança, e natural- II – Colaborar com a Administração na divulgação o reconhecimento da língua portuguesa e da literatura
mente, com muito suor reergueram e reestruturaram da Academia nos meios maçônicos que frequentar; nacional, além de contribuir como principal responsá-
a AGML, fazendo com isso, brotar em nossos cora- III – Destinar à biblioteca da Academia exemplares vel na unificação da língua e na edição de obras literá-
ções a alegria de pertencer a esse locus de pesquisa, de obras, artigos, escritos, conferências e palestras de rias relevantes, incluindo dicionários
debates de ideias e de pensamentos, hoje ostentando sua autoria; Desse mesmo modo, tal qual perpetua a vetusta e
ótima produção acadêmica com edição do Jornal “O IV – Participar regularmente das sessões da aca- grandiosa ABL, não tenho dúvida de que o prognósti-
CONFRADE” com várias edições e E-BOOKS com inú- demia e possuir no mínimo de 75% de frequência das co de Targino se confirmará no que tange a Academia
meros trabalhos publicados, de circulação não só no sessões na Academia durante o ano; Goiana Maçônica de Letras, AGML.
território nacional, mas também, no estrangeiro. V – Justificar por escrito a sua ausência no perío- Vida longa à AGML e boa leitura desta magnífica
Sem exagero, todavia, guardadas as devidas pro- do de cinco dias uteis após a sessão, com aceite da Antologia! Continuemos plantando, cultivando e co-
porções à realidade do discurso de CHURCHILL Diretoria; lhendo flores!
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 5

ontem conseguem iluminar e orientar nossos desafios


artigo de hoje, respondendo-os satisfatoriamente?
Destacamos esses dois aspectos da nossa reflexão
por entendermos serem os que têm uma visibilida-
HOMENS LIVRES E DE BONS COSTUMES? de mais acessível. No entanto, irradiam-se do centro
dessas proposições inúmeros questionamentos impor-
tantíssimos, alguns bem pouco debatidos por nós ou
Anderson Lima da Silveira | Cadeira nº 02 – Edição: Lara Satler

S
até mesmo propositalmente ignorados. Supostamente,
er um homem livre e de bons costumes é uma a provocação que o parágrafo inicial nos propõe, que por não entendermos e/ou não percebermos o nosso
pré-condição para que alguém ingresse na Ordem diz respeito a necessárias indagações sobre nosso sta- descompasso frente ao multifacetado rosto do mundo
Maçônica e nela permaneça. Além disso, é uma tus quo (expressão do latim que significa estado atual) que habitamos.
das colunas morais que balizam a Carta de Princípios maçônico. É por isso, portanto, que sugerimos, neste breve
Universais, que apresenta os pedreiros e suas oficinas Podemos começar nos perguntando, a partir de tempo de estudos, que iniciemos sem demora esse
à sociedade e ao mundo. Podemos inclusive afirmar quais referências e sob qual contexto definimos o ho- polêmico debate. Dando um passo, ainda mais entré-
que esse dueto de virtudes anima o espírito de nossos mem livre e de bons costumes, que se enquadra no pido do que estamos acostumados a dar, talvez valha
landmarks (antigas obrigações, usos, costumes e tradi- perfil maçônico? O que significa ser esse homem? Esse a pena trazer para dentro dessa conversação algumas
ções, considerados pela maioria dos autores maçônicos perfil ainda existe? É consensual? Responde a contento preocupações que se encontram no coração humanista
como as mais antigas leis). ao que se espera do maçom nos dias de hoje? e progressista da nossa Ordem, todavia, desaquecidos
Pensando estrategicamente, essa sugestiva sen- Por outro lado, para que se evite subjetividades, pela desatualização.
tença encontra-se em sintonia com o modus operandi podemos nos contentar com a ficha limpa do maçom Quem sabe, o território das invisibilidades deva ser
(expressão em latim que significa modo de operação) como garantia de suas virtudes? Se não existem pen- atentamente frequentado por nós, mediante a formula-
e modus vivendi (frase latina que significa modo de dências civis e criminais, esse homem está pronto para ção de algumas perguntas: o que não estamos vendo e
vida ou meio de viver) que a maçonaria especulativa a Ordem? É possível, por exemplo, ser maçom e não ser por quê? O que não estamos ouvindo e por quê? Quem
vem celebrando ad intra (por dentro, interiormente) cidadão? Ser maçom e não exercitar a cidadania no seu estamos excluindo e por quê? Todas essas perguntas são
e ad extra (por fora, exteriormente), nos últimos dois sentido mais amplo e profundo? dirigidas, é claro, a nós mesmos, enquanto partícipes de
séculos. Isto posto, fazemos novamente um pequeno re- uma instituição que existe no mundo, com o mundo e
Por não ser uma instituição doutrinária, a maço- corte histórico: a visão iluminista sobre o homem, o para o mundo. Mesmo que esta instituição se refira a
naria não é signatária de nenhuma ideologia, credo, mundo e a natureza, que edificou a maçonaria especu- este mesmo mundo e aos que o habitam, chamando-os,
código moral, prática social, modelo jurídico, sistema lativa, no século XVIII consegue responder as exigên- arbitrariamente, de profanos. Será que esta expressão e
educacional e outras formas de vínculos sociocultu- cias da sociedade atual? É possível continuarmos as- o que ela carrega ainda se sustenta nos dias atuais?
rais. Todos estes, preceptores, por sua vez, de condu- sumindo o marco histórico grego do sofista Protágoras Entendemos que um bom tempo de estudos nos
tas e verdades consensuais, que cimentam nossa ma- que afirma ser o homem a medida de todas as coisas? entrega mais perguntas do que respostas, encruzilha-
lha social. Lugar comum de sobrevivência da imensa Podemos continuar tomando o homem pela huma- das do que caminhos lineares. Mas, acima de tudo, nos
maioria das grandes instituições mundiais, destacada- nidade, desconsiderando as mulheres, a diversidade permite olhar para o que está posto, dado e comprova-
mente as mais antigas e cosmopolitas. de minorias, o meio ambiente, incluindo animais e a do por outros ângulos, partindo de outras referências
Fizemos essa breve reflexão, que já é do conheci- vida vegetal, etc.? E assim, ao usarmos o homem livre e, principalmente, nos alertando para os sinais, avisos
mento de muitos, apenas para darmos continuidade e de bons costumes na pergunta, nossas respostas de e exigências que o aqui e o agora nos exige.

Esse transtorno é de difícil diagnóstico, já


saúde & psicologia que não é raro que o border desenvolva outros trans-
tornos que camuflem sua real condição, dentre eles
podemos citar: bipolaridade, depressão, transtornos
alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-
ENTENDENDO O QUE É ALIENAÇÃO MENTAL -traumático, déficit de atenção/hiperatividade, além
de desenvolver forte tendência ao uso abusivo de ál-
Lindonor Ribeiro dos Santos | Colaborador cool, remédios e drogas ilícitas.
Alterações do humor ao longo do dia, varian-

A
Alienação Mental se caracteriza quando (em do entre momentos de euforia e de profunda tris-
razão de uma doença psíquica) ocorre a di- a autodeterminação do pragmatismo e tornando o teza; Sentimentos de raiva, desespero e pânico;
minuição de processos cognitivos, ou seja, indivíduo total e permanentemente inválido para Irritabilidade e ansiedade que pode provocar agres-
quando ocorre a perda significativa da aquisição qualquer trabalho”, é consider do Alienação Mental. sividade; Dificuldade em controlar as emoções,
de conhecimento nos fatores como o pensamento, a Assim, caso o indivíduo tenha adquirido  esta podendo variar de tristeza extrema a episódios de
linguagem, a percepção (da realidade), a memória, incapacidade mental TOTAL E PERMANENTE em euforia; Medo de ser abandonado por amigos e fa-
o raciocínio e demais fatores relacionados ao desen- decorrência da prestação de serviço militar (tempo- miliares; Instabilidade nas relações, podendo causar
volvimento intelectual. rário ou de carreira), seus direitos estarão protegidos distanciamento; Impulsividade  e dependência por
e amparados pelo Estatuto dos Militares fazendo jus jogos, gasto de dinheiro descontrolado, consumo
Assim, se esse estado mental/psíquico for de ca- à reforma com proventos integrais e posto acima, e exagerado de comida, uso de substâncias e, em al-
ráter  transitório  ou de caráter  permanente, de ma- até indenizações a depender do caso específico, as- guns casos, não cumprindo regras ou leis; Baixa au-
neira que o indivíduo acometido por essa moléstia sim como em qualquer atividade civil. to-estima; Insegurança  em si próprio e nos outros;
torne-se incapaz total ou parcialmente de geren- No texto de hoje falaremos um pouco sobre Dificuldade em aceitar críticas; Sensação de soli-
ciar sua vida social, este indivíduo está classificado o Transtorno de Personalidade Limítrofe – TBP, dão e de vazio interior.
como portador de alienação mental. Transtorno de Personalidade Emocionalmente O tratamento deste transtorno geralmente (e na
Um indivíduo nessas condições tem sua  perso- Instável, ou mais comumente conhecida maioria dos casos) é feito através de psicoterapia
nalidade parcial ou completamente alterada, per- como Síndrome de Borderline (Border). (interpessoal, cognitivo-comportamental e treina-
dendo a capacidade de responder legalmente por Reconhecidamente, o Borderline é um dos trans- mento de habilidades sociais) juntamente com me-
seus atos sociais. Desta forma, o mesmo fica impedi- tornos mais lesivos ao ser humano, uma vez que dicamentos para as comorbidades (ou seja, os outros
do de realizar qualquer atividade funcional devido à pode levar a episódios de automutilação, abusos de problemas associados).
sua condição. Em diversos casos, o indivíduo desen- substâncias e até agressões físicas. Dependendo dos sinais e sintomas apresentados
volve dependência de terceiros no tocante a diversas O termo  Borderline, em inglês, significa “fron- por cada pessoa, o médico psiquiatra pode estabe-
responsabilidades exigidas no convívio social e, não teiriço/fronteira”. A terminologia se originou na lecer o melhor tipo de terapia a ser empregada no
raramente, este pode vir a representar riscos para psicanálise, já que os portadores dessa moléstia não tratamento no caso concreto, podendo ser: com-
outros e até para si mesmo. Nestas circunstâncias, podem ser classificados como neuróticos (exagera- portamental dialética (que é geralmente usada com
torna-se necessário a interdição judicial ou a inter- dos e ansiosos), tampouco como psicóticos (aqueles aquelas pessoas que tentaram suicídio); cognitivo
nação em hospitais especializados, de modo que se que enxergam a realidade de forma distorcida), mas comportamental; familiar ou psicoterapia indivi-
garanta a sua proteção e a dos demais a sua volta, transitam entre os extremos desses dois aspectos. dual. A terapia pode durar de meses a anos e depen-
tamanho o risco que passa a representar. Essa doença se manifesta, basicamente, por al- de sempre do paciente e de sua resposta.
Juridicamente, conforme descreve a Portaria terações da personalidade, onde predominam a Este tratamento é fundamental para o paciente
Normativa nº – 1174/MD de 06 de setembro de 2006: “ impulsividade, a instabilidade dos afetos, dos rela- se manter controlado, mas requer paciência e força
… todo caso de distúrbio mental ou neuromental cionamentos interpessoais, a auto-imagem negativa, de vontade do indivíduo e principalmente o apoio e
grave e persistente, o qual, esgotados os meios habi- além de tendências autodestrutivas, sentimentos de ajuda familiar.
tuais de tratamento, haja alteração completa ou con- vazio crônicos, sentimento de rejeição e abando- Não deixe pra depois buscar o profissioanl médi-
siderável da personalidade, comprometendo gra- no,  não importando se os mesmos são reais ou não. co e ou psicólogo, pode ser tarde, quanto antes pre-
vemente os juízos de valor e realidade, destruindo venir, pode-se tentar uma cura.
6 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

racionalmente preconcebido a “felici- que para alcançar tal desiderato, ambos


artigo dade” poderia ser alcançado sob triplo
sentir: a) pela superação das convicções
(Rei e Igreja) fizeram propagar a crendi-
ce, a superstição representado pela bru-
subtraídas da superstição; b) pelo senso xaria, com especial destaque na exis-
VENCER MINHAS PAIXÕES – I de religiosidade por temor às coisas da
natureza; c) por veneração irrestrita a um
tência do chamado homem selvagem
nu (misto de peixe-homem); o Martelo
Deus incorpóreo, invisível. das Bruxas (criado para desmascarar
Isaias Costa Dias | Cadeira nº 24

C
De fato. Quadro agonizante teria se as bruxarias); os Caçadores Espextaris,
erta noite do verão passado, na maçônica de São João Batista e também instalado na alma do Homem no inces- inclusive a lenda do Deus ODIN, de
grandiosa e bucólica Porto Velho, de São João Evengelista, ambos patronos sante desvendamento de tal mistério, origem nórdica, considerado o princi-
capital de Rondônia, em visita a da Maçonaria, cuja filosofia tem por alvo obrigando-o a refugiar-se na supers- pal do clã dos deuses, o Deus Criador
diletos companheiros, amigos e irmãos o Ser, ou seja, o Irmão, o homem de carne tição, na religiosidade a um Deus físi- da Humanidade, o Deus Detentor
cognominados de “Nobre Promotor”, en- e osso dotado de alma e espírito, e por- co, ou mesmo na veneração a um Deus Supremo do Conhecimento; o Deus
tremeios a longos papos, comes e bebes que não dizer também filho do Pai, que incorpóreo. dos Mortos, da Guerra e da Sabedoria.
do melhor paladar, fui indagado se me acredita na existência de um Deus; que Nesse passo, tem-se por prevalente o O Deus Soberano que às quartas-fei-
disporia escrever algo sobre as expres- seja livre e de bons costumes; e por de- entendimento, segundo o qual, somen- ras, no período do Solstício de inverno
sões maçônicas “vencer as paixões”. liberação própria tenha ingressado nos te através da fé o homem poderia, com (ao Norte), montado no seu cavalo de
Por evidente já o carregar em si mes- ofícios maçônicos. sabedoria, “vencer as paixões” e nesse 8 patas, percorria todo o seu território
mo emoções, sentimentos e dogmas va- Todavia, o mero preenchimento de agir querido e desejado, somente dois para ter o completo domínio dos Nove
riados, aliás, tão ou quão amplos como a tais requisitos não responde à indagação caminhos se revelariam cristalinos: pela Mundos.
infinita dimensão do Horizonte, o certo é dos “Nobres Promotores”. doutrina da reencarnação, ou através da Portanto, através das superstições
que o “vencer as paixões” ganha corpo, Por indispensável registro a suma doutrina cristã. que os donos do Poder (Rei e a Igreja)
contornos e dimensão quase sobre-hu- do Racionalismo, por meio do qual a Até aqui sem problemas. Contudo, mantinham a população sob absoluto
mano, porque a um só tempo revela sen- razão humana seria a única forma de algo igualmente precisa ser dito com controle. De fato, o homem vivia sob
tido: individual e introspectivo; coletivo conhecimento da verdade, ou meio de a devida clareza. Até o surgimento da permanente tensão, pois a sua luta en-
e exógeno. Desse modo, por meio desta aprimoramento das ciências e das pes- teoria do racionalismo, a dominância tre as duas grandes forças do Bem e do
singela peroração, tentarei entregar o quisas. Quer dizer, o racionalismo seria no chamado período das trevas era a Mal, inevitavelmente, se refletia no seu
que me fora solicitado. uma teoria de caráter filosófico centrado Teologia, que se positivava com acurado mundo real, no seu mundo físico, no
02 – Parece inexorável, a meu sentir, prioritariamente na razão humana, aliás, vigor através do cristianismo, judaísmo, seu cotidiano e, no afã de proteger-se
a ligação, o vínculo, o liame do tema com como faculdade de conhecimento em to- hinduísmo, budismo, taoísmo, confucio- do sobrenatural e da magia, o homem
um outro de igual amplitude e complexi- dos sentidos. nismo, espiritismo, ou seja, pelas doutri- lançava mão dos amuletos, crucifixos,
dade e do qual é originário, que é o de sa- Registro igualmente para clarear nas que se estribavam na fé e só na fé. escapulários.
ber o que é “felicidade”, aliás, esta bem- o ponto, que em todas as civilizações 04 Em apertado resumo vejamos Todavia, sem êxito seu intento con-
-aventurança cantada em prosa e verso (A.C/D.C), o homem sempre teve a com- essas pontuações. tra a tirania do Rei e da Igreja, aliás,
em todas as ordens sociais e nos quatro preensão de ser dotado de corpo, alma 04. a) pela superação das convicções de que serve como milhares de exem-
cantos do mundo. e espírito e daí sua preocupação quanto subtraídas da superstição; plos, as horrendas mortes em fogueira
Falando de outro modo, no desbastar ao seu destino no seu pós-morte. Isto é, o Ignorância e Supertição. de Joana D’arc, – porque acusada de
desta pedra bruta que se me apresentava evento morte seria encarado como mera Reza a literatura que a cultura me- bruxaria –, e igualmente de Giordano
torna forçoso a perquirir o nexo causal decomposição do corpo, da matéria? dieval se fundamentava na religião Bruno, este por contrariar as ideias
do “vencer as paixões” com a crença reli- Embora imortal, o espírito iria habitar através da qual duas grandes forças es- da Igreja mormente no que tange ao
giosa; com o senso ético-moral encarna- um outro corpo na terra, no céu, no in- pirituais estavam em luta permanente: chamado mistério da transubstancia-
do no tecido social; e com os avatares da ferno, no purgatório ou outro lugar no Deus e seus Anjos e Querubins (o lado ção (mudança da substância do pão e do
vida animal. Assim, frente a este plexo de largo espaço sideral? Questões, portanto, do Bem) e o Lúcifer e seus Demônios (o vinho no corpo e sangue de Jesus Cristo, na
dogmas, emoções e sentimentos, de que a serem respondidas. lado do Mal). Além disso, o Rei (O en- Eucaristia).
forma posso “vencer as paixões” para co- 03 – Consoante a mais abalizada tão Senhor dos Mundos no seu espaço Diante, pois, do sinistro quadro de
lher novos progressos na Maçonaria ou literatura, o Homem sempre buscou o territorial de reinado) e a Igreja (repre- terror imposto à população, evidente
noutros campos do conhecimento? seu objetivo de alcançar a felicidade. sentada na figura do Papa), sem nenhu- que o propósito de “vencer as paixões”
Pois bem. Em linha de princípio Sem embargo de outros argumentos po- ma piedade, impingiam ao homem toda dar-se-ia unicamente sob os reflexos das
a temática deita raízes na doutrina líticos, religiosos e sociais, aquele alvo sorte de horrores e terror, sendo certo superstições.
Continua na próxima edição...

educação&cidadania situações criadas pela natureza ou pela sociedade, ad-


quire hábitos e vai criando novos valores que farão par-
te de seu modo de ser, daí a necessidade de recorrer ao
O ENTRELAÇAMENTO DE EDUCAÇÃO, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (HOLANDA,
1986, p. 619) a definição de Educação é a seguinte:

CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS - I Ato ou efeito de educar, processo de desenvolvimento


da capacidade física, intelectual e moral da criança e do
ser humano em geral, visando à sua melhor integração
José Mariano Lopes Fonseca | Cadeira nº 06 individual e social. Aperfeiçoamento integral de todas

I
as faculdades humanas. Conhecimento e prática dos
nicialmente essa abordagem permite promover As educações para a cidadania para os direitos hu- usos da sociedade; civilidade delicadeza, polidez, cor-
uma reflexão acerca da relevância da educação para manos e os conhecimentos simbólicos da maçonaria tesia e orientação.
a conquista da cidadania e para consolidação dos possibilitam o sujeito a se mobilizar e exigir do Poder Diante de tal definição e conceito acima, observa-
direitos humanos. Ao viver em sociedade, cada cida- Público seu direito de cidadão tais como: trabalho, -se que a educação é um processo de aprendizagem e
dão participa de diversos grupos com suas tradições, educação, saúde e outros. Por fim, este trabalho não aperfeiçoamento por meio do qual as pessoas se pre-
simbolismos, e é por intermédio dessas relações que os teve a pretensão de esgotar esse assunto devido sua param para a vida. A educação torna as pessoas mais
indivíduos experimentam os sentimentos de inclusão enorme complexidade, mas certamente proporciona preparadas para a vida e também para a convivência.
ou exclusão. subsídios teóricos relevantes para quem propuser rea- É evidente a importância da educação na vida de todos
Educar para a cidadania e direitos humanos de- lizar uma pesquisa semelhante a essa ou simplesmen- os seres humanos.
manda a revisão crítica dos pressupostos que norteiam te aprofundar seus conhecimentos a cerca da temática. Dessa forma, a criança, pela observação do meio
a prática social de cada indivíduo imerso em um es- em que está vivendo, tem a possibilidade de tomar de-
paço onde convive a pluralidade ética, social, cultural, Educação cisões e iniciar seu processo de integração na vida so-
ideológica, religiosa, sexual, etária, entre tantas outras. A educação de uma pessoa tem início nos seus pri- cial. Daí por diante, cada fato e cada situação exercerão
As pessoas estão inseridas em um meio social e na vi- meiros anos de vida; na verdade, tão logo a criança é influência sobre a definição de sua personalidade: “O
vência do cotidiano, nesse meio, as distorções do exer- concebida, começa a receber influências do meio ex- ser humano é um ser social e tem necessidade de viver
cício da cidadania se revelam, pois a educação é um terno e, consequentemente, o processo de sociabiliza- em sociedade” (SILVA, 1992 apud PINSKY, 1999, p. 33).
instrumento que favorece a cidadania e direitos. ção já se inicia, enquanto a relação com a maçonaria A pessoa adulta será, em grande parte, o resultado
A escolha em abordar esse tema deve ao fato, da acontece naturalmente, em virtude da formação, para da educação recebida desde os primeiros instantes de
educação constituir-se o principal instrumento de isso, esses pilares são utilizados como ensinamentos vida. Como é sabida toda pessoa tem suas caracterís-
transformação de qualquer sociedade e do indivíduo durante suas atividades e ou ações sociais e políticas ticas pessoais, sua individualidade, que, em parte, é
a partir da trilogia da fraternidade, igualdade e liber- em benefício da sociedade em que vivemos, por consi- herdada de seus pais. Ao lado disso, existe a liberdade,
dade. A educação sem dúvida nenhuma possibilita o derar os seres humanos são livres e iguais em direitos, igualdade e a fraternidade que são inerentes à condição
ser humano desenvolver sua consciência crítica, a sua expressão de pensamento. humana, dando a cada um a possibilidade de fazer suas
emancipação, enquanto cidadão consciente de seus di- Desde o nascimento, o ser humano começa a rece- escolhas. Conforme o Artigo 19 a Declaração Universal
reitos e deveres. ber orientação e treinamento, aprende a reagir perante dos Direitos Humanos, (1948 apud NUNES, 1998, p. 68).
Continua na próxima edição...
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 7

artigo
MAÇONS QUE FIZERAM A HISTÓRIA Licínio Leal Barbosa – nono grão-
DA MAÇONARIA EM GOIÁS mestre – período de 1975/1978.
João Batista Fagundes | Cadeira nº 16

L
icínio Leal Barbosa nasceu no dia 24/03/35, em Iniciado no Grau 4 em 30 de julho de 1966, na Loja
Bom Jesus-PI. Filho de Júlio Barbosa de Araújo de Perfeição “Segredo e Virtude”, quando era Inspetor
e Luzia Borges Leal. Casado com Abadia Elizete Litúrgico Lafaiette Teixeira França. Investido no grau
Silva Leal Barbosa, de cujo enlace nasceram os filhos 33 em 12/11/70, na administração do Soberano Grande
Licínio Júnior, Renata e Grace. Comendador Daniel Correia Trindade.
Fez os estudos primários em sua terra natal, tendo Assumiu o cargo de Inspetor Litúrgico para a re-
concluído o curso ginasial em Anápolis, onde tam- gião de Goiás, em março de 1980.
bém fez o segundo grau. Foi professor de Português. Foi eleito para compor o Sacro Colégio do Supremo
Bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Conselho em 12/11/80, na gestão do Soberano Grande
Universidade Federal de Goiás, sendo o orador da sua Comendador Alberto Mansur. É Membro Efetivo do
turma. Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês para a
É Doutor em Direito Penal e Advogado. Professor República Federativa do Brasil, cujo cargo foi confirma-
Universitário por mais de três décadas. Foi Diretor da do nas gestões dos Soberanos Grandes Comendadores
Faculdade de Direito da UFG por dois mandatos. Venâncio Igrejas, Luiz Fernando Rodrigues Torres e
Bancário do Banco do Brasil, nomeado após apro- Jorge Luiz de Andrade Lins. Licínio recebeu das mãos
vação em concurso público e aposentado como Chefe do Soberano Comendador Jorge Luiz de Andrade Lins
do Departamento Jurídico do Banco do Brasil em todo o título de Soberano Grande Comendador de Honra do
o Estado de Goiás, que na época abrangia também o Supremo Conselho no Brasil. É o único do Brasil que
Estado do Tocantins, tem esse título. O irmão Licínio é hoje o membro mais
Iniciado dia 8 de junho de 1958 na Loja Roosevelt antigo do Supremo Conselho.
n° 1, de Anápolis, onde foi Orador, no ano de 1960, seu Como Grande Inspetor Litúrgico Licínio construiu
primeiro cargo em Loja. Filiado na Loja Educação e a sede da Inspetoria Litúrgica da Região de Goiás, no
Moral n° 8 de Goiânia, a convite do irmão José Duarte, alto do Setor Jaó, sendo a área construída de 3026 m2,
então 1° vigilante da Loja. um edifício de sete pavimentos, seis Templos, todos
Na Loja Educação e Moral n° 8 exerceu os cargos de já terminados e devidamente sagrados, destinados
Orador, 1° Vigilante e Venerável Mestre por cinco man- a Loja de Perfeição, Capítulo Rosa Cruz, Kadosch e
datos, nos anos de 68/69, 69/70, 70/71, 73/74 e 74/75. No Consistório, estes dois últimos sagrados nos dias
segundo mandato de Venerável Mestre foi construí- 08 e 09 de agosto de 2008, pelo Comendador Luiz
da, com a ajuda de todos os irmãos, a Loja Educação e Fernando Rodrigues Torres. Construiu também mais
Moral n° 8, inaugurado dia 7 de julho de 1970. um Templo destinado ao simbolismo.
Na campanha rumo ao Grão-Mestrado teve o Como especial estímulo à juventude, Licínio trou-
apoio de uma grande plêiade de irmãos, em espe- xe para o Estado de Goiás a Internacional Ordem
cial dos Ex-Grão-Mestre Lafaiette Teixeira França e Secretário de Relações Exteriores Amphilóphio de DeMolay, instalando no dia 07/09/1982 o Capítulo
Carlos Viera da Silva e muitos outros valorosos ir- Alencar Filho; Grande Tesoureiro João Carneiro e “Guimarães Natal nº 06”, célula-mater dos Capítulos
mãos. Promulgou a nova Constituição da Grande Grande Mestre de Cerimônias Fernando Selani. DeMolays do Centro-Oeste, sendo o primeiro Oficial
Loja (a quarta Constituição), novo Regulamento Geral A Constituição encontra-se registrada no 2° Executivo da ordem em Goiás. No dia da instalação,
e novos códigos Maçônicos: Penal, Processo Penal, Tabelionato de Protestos e Registro de Pessoas ocorrido no terraço do Hotel Umuarama, a qual ocor-
Eleitoral e Tributário. Jurídicas, Títulos e Documentos de Goiânia sob o nú- reu num domingo e na parte da manhã, foram inicia-
O Grão-Mestre Adjunto continuou sendo José mero 130, pelo então, Grão-Mestre Licínio Leal. dos em torno de 80 jovens na Ordem DeMolay. Esteve
Quinha de Sousa, depois substituído por José Duarte. Quando Grão-Mestre adquiriu o terreno, no presente na instalação o irmão e Governador de
O Grande 1º Vigilante foi Hildebrando Alves de Assis; alto do Setor Jaó, destinado a construção da sede Goiás Ari Ribeiro Valadão. Terminada a instalação o
o Grande 2º Vigilante Raimundo Cardoso; Grande da Grande Loja, doado pela Prefeitura de Goiânia, Governador convidou todos os presentes e seus fami-
Orador Lutgard Nobre; Grande Secretário Chanceler quando era prefeito o Doutor Francisco de Freitas liares, para um almoço no Palácio das Esmeraldas. Foi
Guarda Selos Urias de Oliveira Filho; Grande Castro. a maior festividade e iniciação da Ordem em Goiás.

tanto. Ainda, é Einstein quem nos diz: Uma vez liberto, bebendo cicuta, líquido mortal. (Fonte: Sociedade Olho de
artigo adquirido qualquer tipo de conhecimento, é impossível
voltar ao pensamento anterior uma mente expandida
Hórus, 13/04/2013).
Mundo das Trevas: A caverna é o mundo ao nosso
pelo conhecimento; ela jamais retornará ao seu esta- redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem
A VERDADE – II do original. Vemos isso quando crianças, com estórias
sobre Papai Noel, fada dos duendes, loira do banheiro,
sobre os conceitos, formando em nós opiniões por ve-
zes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos, pré-juízos).
homem do saco, coelho da páscoa, etc... Ao crescermos Quando começamos a descobrir a verdade, temos difi-
José A. Fraga | Colaborador vamos adquirindo gradativamente mais conhecimento, culdade para entender e apanhar o real (ofuscamento
e percebemos que as crenças de outrora, eram-nos im- da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos
Decodificando as alegorias, as correntes que apri- postas com alguma finalida de, entreter ou assustar, ou esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora
sionam são nossos medos, preconceitos, a maneira ha- qualquer outra e que não passam de alegorias, sombras da caverna representa o mundo real, que para Platão é
bitual a qual vemos o mundo; a escuridão da caverna é no fundo da caverna, que ao descobrirmos só sombras, o mundo inteligível por possuir formas ou Ideias que
a ignorância humana; em contrapartida, a Luz que cega não real, não conseguimos voltar a acreditar. guardam consigo uma identidade indestrutível e imó-
o liberto é o conhecimento real das coisas; as sombras Voltemos a Sócrates. Com seus questionamentos, vel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O
projetadas é o mundo que de alguma forma nos foi logo começou a incomodar muitas pessoas, políticos e inteligível é o reino das matemáticas que são o modo
im- posto, e que acreditamos ser o real. O prisioneiro outras importantes. Foi acusado de não acreditar nos como apreendemos o mundo e construímos o saber hu-
fica por um tempo cego ao sair da caverna, porque o costumes e nos deuses gregos; unir-se a deuses malig- mano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o
novo é mui- to difícil de ser assimilado, ainda mais se nos que gostam de destruir as cidades e corromper jo- homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a
sua mente já está fechada. Você só tem certezas, nenhu- vens com suas ideias, tudo explicitamente com motivos saírem do mundo da ignorância e do mal para construí-
ma dúvida. Muitas pessoas acabam se acostumando políticos. Como um homem poderia ensinar de graça rem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O
tanto com a realidade imposta, pois seus pais, escola, e pregar que não se precisavam de professores como Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo
religião, televisão e as demais mídias, lhe dizem como eles tinham? Os acusadores não concordavam com os que governa o inteligível, permite ao homem conhecer
pensar, no que acreditar, e que não se deve questionar pensamentos de Sócrates, que dizia que para se acre- e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o con-
alguns dogmas. Muitas pessoas crescem e ficam sa- ditar em algo, era preciso verificar se aquilo realmente fundiu com Deus). Portanto, a alegoria da caverna é um
tisfeitas com o mundo que lhes fora imposto, por isso era verdade. Sócrates, por não abrir mão de suas con- modo de contar imageticamente o que conceitualmente
há tanta dificuldade de compreender o novo, Einstein vicções, foi condenado e sentenciado a morte, confinado os homens teriam dificuldade para entenderem, já que,
resume isso na frase: a ignorância é uma bênção; Raul em prisão se segurança mínima, negou-se a fugir, pois pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir
Seixas diria: pena que eu não sou burro, não sofreria acreditava e respeitava as leis, e cumpriu sua sentença pela maioria ignorante. (João Francisco P. Cabral).
8 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

artigo
DO LAÇO AO SENADO Biografia do senador Emival Caiado
Breno Boss Cachapuz Caiado | Cadeira nº 04

R
esolvi apresentar (e antecipar!) o O livro “Emival Caiado - Do laço ao Para facilitar o entendimento do leitor, de expressão e coações na política.
prefácio da autobiografia do meu Senado”, do ex deputado estadual, ex valho-me deste prefácio, esclarecen- A epopeia da construção de Brasília,
pai, o ex-senador Emival Caiado, deputado federal e ex senador Emival do que a partir do capítulo 46 o texto com suas leis, debates e articulações.
que contribuí com uma boa parte dos Caiado, pode ser classificado como é exclusivamente escrito por mim. Além de fatos pitorescos e da cultura
estudos e redação. Acredito que em autobiografia. Também é de minha autoria os capí- goiana da década de 1.930 em diante,
breve, após as revisões e formatações, Nos anos de 2003 e 2004, Emival tulos 34, 38 e alguns outros trechos cujos costumes das lides do campo
finalmente publicarei a obra. Ramos Caiado começou a escrever, deste livro. e do interior do Brasil Central, não
Nele faço uma explicação resumida em laudas manuscritas, relembrando Para diferenciar o que eu escrevi, do podem ser esquecidos pelas novas
sobre o trabalho e nas próximas edi- suas memórias, fatos históricos e a que foi redigido pelo próprio bio- gerações.
ções deste jornal, divulgarei alguns política que vivenciou, complemen- grafado, o meu texto possui letras Este é um livro para ser lido com os
capítulos para instigar a curiosidade tando com pesquisas. (fontes) do tipo “Calibri (Corpo)”, olhos da época, com os valores e tra-
do leitor: Recebi de meu pai Emival a incum- de tamanho 12, tal qual escrito neste dições daquele tempo. Não estamos
bência de publicar este livro, tão Prefácio. Quando Emival escreve, o presos às amarras do “politicamente
logo ele concluísse seu texto, que tipo de letra é “Times New Roman”, correto”. Contamos os fatos na forma
foi prematuramente interrompido de tamanho 14, como no trecho a como foram vividos pelo biografado,
ao final do capítulo 44, quando in- seguir: sob a perspectiva de alguém que nas-
felizmente adoeceu e poucos me- ceu no ano de 1918.
ses depois faleceu, deixando a obra “Apertando o passo, sai em Valores que hoje alguns pensam ser
inacabada. demérito ou vergonhosos, como a
Depois de tanto tempo, tive de aten- uma praça antes do carro, com os coragem pessoal, a valentia, a obs-
der sua vontade. Mas como fazer se a jagunços, apontar logo atrás, de tinação, a lealdade, a vindita de pais
biografia estava incompleta? Restou- tal forma que, na troca dos primei- ou irmãos, a glória de se morrer em
me complementá-la por meio dos re- combate por um ideal, entre outros,
latos que ouvi durante a vida do
ros tiros, pudesse eu entrincheirar são derramados abundantemente
próprio biografado e através de por trás de um banheiro de tijolos, nesta obra e fizeram parte da per-
entrevistas com o primo Leão di no centro do largo. Dalí já pos- sonalidade do biografado e daquele
Ramos Caiado Filho, meu tio período.
sibilitava distância para o nosso
Antônio Ramos Caiado Filho, Pensem o que for. Tirem as conclu-
meu i r mão Ser g io R a mos pessoal da “casa forte” combater sões que acharem por bem. Julguem
Caiado e do escr itor Luiz com carabina” (trecho escrito por se quiserem. Mas, essa obra não
Alberto de Queiroz, entre Emival Caiado). procurou agradar, especialmente os
vários outros que viveram inimigos ou suas famílias, buscou
aquela época, além, obvia- Procuramos com essa obra narrar esclarecer e desmistificar. São rela-
mente, de vasta pesquisa alguns episódios da vida de Emival tos de fatos reais. Doa a quem doer.
em livros sobre história de Caiado, que se misturaram com a his- Emival não era homem de agradar a
Goiás e biografias de gran- tória de Goiás e do Brasil. Tempos de todos.
des políticos de outrora. perseguições, ausência de liberdade Sua obra não agradará muitos!

crônica a ele próprio, absorvendo ao máximo os


valores imputados pela sua organização.
Napoleão quando identificava o elimi-
nava, pois não existe nada mais peri-
2 º – O I N T EL IGEN T E SE M goso do que um IGNORANTE COM
A SABEDORIA DE NAPOLEÃO INICIATIVA: o soldado inteligente sem
iniciativa era aquele que ele colocava no
INICIATIVA em uma organização! Esse
soldado faz tudo pelo que ele acha que é
comando de pequenas unidades, seus te- certo (e achar custa caro), somente apli-
Rogério Safatle | Cadeira nº 34 nentes, sargentos, cabos, etc., pois precisa- ca os valores que ele acha que é certo,

N
vam ser comandados, afinal não tinham não aceita mudanças, apenas as que ele
apoleão nasceu em Ajjacio, Napoleão Bonaparte classificava seus iniciativa, mas assimilavam bem as ordens acha que é bom para ele (e não para sua
na ilha de Córsega, no mar recursos humanos. O interessante era a e as cumpriam perfeitamente, tinham que organização), é acomodado e geralmente
Mediterrâneo e distante 20 km forma com que ele classificava os seus ser orientados e cobrados com constância, do contra, porque acha que só ele sabe
da costa da Itália, no dia 15 de agosto de soldados, o que nos traz uma lição atua- e tinham as características necessárias, o que é bom.
1.769. Antes de seu nascimento o territó- lizada sobre a realidade nas organizações similares a dos generais para comandar Realmente o ignorante com iniciativa
rio pertencera à cidade-estado italiana de de hoje, identificando os potenciais dos seus grupos.Eram soldados excelentes, é muito perigoso, é dissimulado, não
Gênova e era alvo de constantes agres- seus colaboradores. mas não tinham luz própria, precisavam respeita sua equipe (ele enxerga somente
sões de insurgentes locais que atacavam Napoleão classificava seus soldados da luz dos outros para sobreviverem. o seu umbigo), não aceita novas formas
as cidades muradas da costa. Em 1.768 em 4 tipos: 3º – O IGNOR ANTE SEM de processo, pois ele acha que sempre fez
a Córsega foi vendida à França por ínfi- 1º – O I N T EL IGEN T E COM INICIATIVA: o soldado ignorante sem assim e não deve mudar (afinal é mais
ma quantia. Assim, ao nascer Napoleão INICIATIVA: o soldado inteligente com iniciativa era aquele que Napoleão co- cômodo!)
tornou-se cidadão francês. iniciativa era aquele que ele colocava no locava na infantaria, na frente de bata- Então, você se identificou ou iden-
Segundo o historiador Paul Johnson, comando geral, os seus generais, pois lha, para enfrentar o inimigo e dar sua tifica alguém de sua equipe com estas
com exceção de Jesus Cristo, Napoleão tinham inteligência e virtudes que eram vida, se necessário. Era um bom soldado, características, ou você ACHA que não
Bonaparte é o indivíduo sobre quem exis- necessárias para um líder. Esse soldado pois absorvia o que era ordenado, porém é bem assim!!!! Reflita, melhore constan-
te o maior número de livros publicados. era inteligente, aceitava mudanças, era tinha que ser mandado o tempo todo, temente, seja um INTELIGENTE COM
Com nove anos de idade foi enviado a um carismático, liderava com ponderação, tinha medo de tomar a iniciativa e de INICIATIVA, e serás imprescindível na
colégio militar e antes do vinte anos tor- era positivo, planejava, organizava e con- se arriscar perante o grupo, era neutro, tua organização!!!!
nara-se um soldado profissional francês. trolava seus resultados com maestria, nulo, não questionava nem debatia sobre Um ignorante com iniciativa é por-
Sua estatura era de apenas 1,65 m, pálido, trabalhava de forma pró-ativa, enxer- qualquer assunto, aceitava mudanças por tanto um grande risco para o desen-
magro e sombrio com cabelos negros gando na frente dificuldades que po- ser a nova ordem e simplesmente por volvimento e o progresso de qualquer
cobrindo-lhe a fronte. Tinha grande ha- deriam existir e pensando nas soluções isso, tinha os valores que lhe colocavam sociedade, empresa e governo. “ HÁ
bilidade para analisar mapas e excelente das mesmas, com menor custo e melhor e dançava conforme a música e pronto. TANTO BURRO MANDANDO EM
memória sobre distâncias. Desenvolveu resultado, nunca entrava num campo Esse soldado cumpria sua função, mas HOMENS COM INTELIGENCIA, QUE
capacidades estratégicas que lhe trouxe- de batalha para perder, e sempre tinha só servia para isso. AS VEZES CHEGO A PENSAR QUE
ram inúmeras vitórias como comandante o positivismo como seu aliado, travava 4º – O IGNOR ANTE COM BURRICE É UMA CIÊNCIA! – Rui
de exércitos. Há uma lenda sobre como as batalhas como se elas pertencessem INICIATIVA: esse era o soldado que Barbosa (1849–1923).
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 9

opinião
UMA QUESTÃO ÉTICA E MORAL Extermínio dos povos indígenas
Alexandre Avelino Giffoni Júnior | Cadeira nº 12

A
grave questão humanitária que – explica Z. Bauman, em Ética Pós- Envolve e responsabiliza, como uma garimpos ilegais, e aproximação dos ga-
envolve os povos indígenas no Moderna (São Paulo, Paulus: 1997, pp. 18 unidade inseparável, todos os envolvi- rimpeiros, que ocasionam poluição dos
Brasil é essencialmente moral/ e 22). dos: o social, as instituições e as pessoas. rios (fonte de alimentos), fome, doenças,
ética, uma das áreas da Filosofia, além Bauman demonstra, ainda que a am- O mesmo ocorre com a crise humanitá- prostituição e aliciamento de menores,
de exigir estudos transdisciplinares nos biguidade presente na legislação ética, ria nos territórios do povo Yanomami, bem como a corrupção das tradições e
campos do Direito, da Política, Economia, por ser “para o Outro antes de poder ser amplamente divulgada pela imprensa dos costumes milenares indígenas, além
Sociologia, Antropologia, História, com o Outro” coloca a ênfase da respon- brasileira neste início de ano. do desmatamento ilegal e outros prejuí-
Geografia, dentre outras disciplinas. sabilidade moral no eu, e não como pro- As ações político-administrativas zos ambientais/ecológicos.
Ethos é o “conjunto de costumes, há- duto social com o eu. “Precede a todo o nos quatro anos do último governo bra- Tal tragédia humanitária, que lem-
bitos e valores de uma determinada so- comprometimento com o Outro, seja me- sileiro (e a falta delas) sugerem e estão bra o holocausto nazista de extermínio
ciedade ou cultura”, em grego. Deu ori- diante conhecimento, avaliação, sofri- sendo investigadas pelos órgãos com- do povo judeu e outras comunidades,
gem ao conceito Ética. A tradução latina mento ou ação.” (id., ibid., p. 24). Assim, petentes, um planejamento imoral/an- como a os ciganos, é agravada pelo fato
de ethos é mos, raiz de moralis, ou moral segundo ele, a perspectiva Pós-Moderna tiético e ilegal – pois fere a Constituição de apoiadores do governo brasileiro an-
em português. Segundo Marcondes, examina criticamente a visão Moral- brasileira – para a extinção dos povos in- terior (2018-2022) continuarem a defen-
em “Textos básicos de Ética: de Platão a Ética Moderna. Isso não faz com que a dígenas brasileiros (genocídio), em espe- der tais ações em nome da sua crença
Foucault” (2007, p. 9), “... [Ética] diz respei- vida moral seja “mais fácil”, mas pode cial a dos Yanomamis, que apresentam (e interesses) no chamado “progresso”,
to à determinação do que é certo ou erra- “torná-la um pouco mais moral”. É esse o aumento exacerbado de mortes, inclusi- “desenvolvimento econômico”, “evolu-
do, bom ou mau, permitido ou proibido, nosso objetivo no presente trabalho. ve crianças, desnutrição e doenças infec- ção do índio” e outros argumentos que
de acordo com um conjunto de normas ou Uma fala franca: “Eles são muitos... tocontagiosas, durante o ano das eleições mostram, ou apenas escondem, a ganân-
valores adotados historicamente por uma Morreu metade do meu povo”. (Davi presidenciais (2022). cia pelo lucro em determinados grupos.
sociedade.” Mas essa é, ainda, uma pers- Kopenawa Yanomami. Globo: Valor Podem-se assistir, em diferentes Para Bauman (id., ibid., p. 23), a noção
pectiva da idade moderna, a partir dos fi- Econômico, 30/01/2023). órgãos de imprensa (brasileiros e inter- de relativismo moral serve para “amaciar
lósofos gregos, passando pelos pensado- É tarefa difícil para o parresiasta – nacionais), às cenas de terror que ante- as diferenças e sobretudo para eliminar
res da idade média, para os quais Deus e “aquele que diz tudo” – analisar de forma cedem o desastre anunciado: falas do todas as fontes ‘selvagens’ – autônomas,
a religião cristã deveriam ditar as normas breve, nos espaços deste jornal, o proble- ex-presidente estimulando a ocupação desregradas e incontroladas – de juízo
ético-morais. As noções de eticidade e ma humanitário do genocídio dos povos dos territórios indígenas e as queimadas moral. Além disso o efeito global da ética
moralidade chegam à pós-modernidade, indígenas no Brasil, desde o descobri- que destroem a floresta amazônica; a omniana única “não é tanto a ‘universa-
através da modernidade, com diversas mento até os nossos dias. Mas podemos autorização oficial de funcionamento de lização da moralidade’ como o silencia-
nuances e pontos de vista contraditórios. refletir aqui sobre o genocídio recente do garimpos muito próximos às terras indí- mento do impulso moral e a canalização
Os pensadores da idade pós-moder- povo Yanomami, em nosso país. A noção genas legais demarcadas; a inação dos de capacidades morais para alvos social-
na olham com desconfiança as certezas de “parresía (a fala franca)” é prática essen- órgãos governamentais responsáveis mente planejados que podem incluir e
da modernidade, como por exemplo, a cialmente política ligada à democracia, “... pela saúde das comunidades indígenas, incluem propósitos imorais”.
do sentido de universalidade, defini- derivada depois para a esfera da ética pes- mesmo sendo alertados por organismos Tais atitudes surgem em oposição
da pelos filósofos como “... aquele tra- soal e da constituição do sujeito moral,... nacionais e internacionais sobre os gra- mesmo aos estudos modernos de an-
ço das prescrições éticas que compelia [possibilitou] colocar a questão do sujeito ves problemas, como a desnutrição se- tropologia e sociologia, como ao pen-
toda criatura humana...”, bem como das e da verdade do ponto de vista da práti- vera, as doenças (diarreia, malária, etc.) samento ecológico, ambientalista e hu-
fundamentações dos legisladores: “... os ca do que se pode chamar de governo de e os óbitos; falas de autoridades, como manitário, presentes em uma economia
poderes coercitivos do estado que torna- si mesmo e dos outros”. (M. Foucault, A o governador de Roraima, sugerindo a sustentável, além das normas éticas já
vam a obediência às regras expectativa coragem da verdade: o governo de si e aculturação e a migração dos povos indí- referendadas pela maioria da população,
sensata...”; ou das fundamentações dos dos outros II. São Paulo: WMF Martins genas para as cidades (como se o Brasil já presentes na Constituição brasileira. A
filósofos, que esperam que as pessoas Fontes, 2011, p. 3-21). tivesse resolvido os altos índices de misé- presença milenar do povo indígena na
sigam tais regras, nelas acreditando ou A tragédia milenar dos povos indí- ria e pobreza urbanas e rurais, bem como Amazônia contribui para a conservação
“convencidas de que por uma razão ou genas é global, histórica e cultural. E, as suas decorrências); descuido frente ao da floresta, como comprovam diversos
outra segui-las era a coisa certa a fazer...” claro, é um desastre social ético e moral. acréscimo inusitado de implantação de estudos científicos.

sensibilização sempre foi um combatente nas fileiras de frente da


ordem maçônica, procurando compartilhar com
os irmãos na inovação e renovação de conceitos e
AGRADECIMENTO A UM CONFRADE ideias voltadas à felicidade humana.
É assim que vejo o confrade Absaí. Daí tomar a
liberdade de, ao homenageá-lo, publicar nesse ar-
Airton Batista de Andrade | Cadeira nº 26

O
tigo uma correspondência que me foi enviada, em
artigo “3º de revitalização da AGML”, men- a caminhada maçônica em harmonia com os 05/05/2000, portanto há 22 anos passados, onde faz
ciona o fato de que “nada interessa tanto outros, difundindo, com serenidade mas com referência sobre sua participação no I Encontro
ao homem, quanto o próprio homem, que muito vigor, a sabedoria latente que carrega Nacional Acadêmico Rumo ao III Milênio, reali-
continua a ser medida e razão de tudo” e que, em seu ser. zado no Estado de Alagoas, demonstrando entu-
para essas pessoas, “o ser humano é o destino de Possuidor de excelente capacidade de agregar siasmo e estímulo por assumir responsabilidades
suas ações, pensamentos e realizações no mun- valores humanos às ideias e questoes mais com- e funções em outros sodalícios localizados em SE,
do”. Essa linha de raciocínio é reinante na vida plexas, quando colocadas à mesa de uma discus- PB e AL.
desse nosso confrade ora homenageado, onde ele são. Leva a sério mas de modo fraterno e compro- Isto também é uma forma de reconhecimento
busca imprimir nesse sodalício a propagação de metido os assuntos e temas abordados, sempre por sua folha de serviços prestados à comunidade
ideias e aspirações saudáveis, fraternas e solidá- pautados com muita ética e respeito aos demais. maçônica universal e à sociedade, através da cul-
rias. Exemplos de virtudes, sentimentos e crenças Tem muito gosto pelos desafios e debates, bus- tura, ciência, letras e artes.
que colaboram para o aperfeiçoamento moral e ca-os e o desanimo nunca o faz desistir em seus Ao confrade Absaí, titular da Cadeira de nº
busca da felicidade humana. propósitos. 18 da Academia Goiana Maçônica de Letras –
Sua história de vida é fonte de inspiração e Na Revista da GLEG, ano 1, edição 004, o autor AGML, que continua, até o momento, prestando
atitudes para a vida acadêmica e pessoal por co- do artigo “Ainda é tempo de agradecer” enfatiza excelentes trabalhos à cultura, letras, ciência e
locar o conhecimento e talento em defesa solidá- que a Maçonaria “sempre foi uma sociedade de artes, o reconhecimento e gratidão pelo valoroso
ria do ser humano. Possui sua trajetória de vida mudança, ela propõe primeiro a mudança interna prestígio que concede a seus irmãos e acadêmicos
dedicada à Maçonaria, à cultura e ao saber. É ex- de cada um de nós, e depois a mudança de gru- desse sodalício goiano.
celente orador, dinâmico, envolvente, influente po e depois a mudança do mundo”, entendendo Você, confrade Absaí, é um modelo e exemplo
e de uma personalidade simples e inteligência essa visão como moderna e transformadora dos de cidadão a ser seguido, uma fonte de inspira-
privilegiada. irmãos e da sociedade em geral. ção para muitos irmãos. Obrigado por compar-
É atuante e comprometido com os assuntos Sente-se que, desde há tempos, essa percepção tilhar sua visão e expertise literária em temas
e temas maçônicos. De suas colocações sempre moderna e transformadora de Maçonaria também maçônicos em prol da família, da pátria e da
brotam orientações e valores que estimulam o é, por parte do irmão Absaí Gomes Brito, pois humanidade.
10 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

três fontes principais: desejo, emoção e


artigo conhecimento. Desejo, apetite, impulso,
instinto são uma só; emoção, espírito,
ambição e coragem são uma coisa só;
A PSICOLOGIA EM PLATÃO E ARISTÓTELES – I conhecimento, pensamento, intelecto,
razão são uma coisa só. O desejo tem o
seu centro no baixo-ventre, um explosi-
Paulo Marra | Cadeira nº 17

P
vo reservatório de energia, fundamen-
retende-se neste texto, apresen- grande importância. A contribuição ideias enquanto seguia o cortejo dos talmente sexual. A emoção tem o seu
tar as formulações da Psicologia para os processos psicológicos, através deuses. Encarnada, perde a possibilida- centro no coração, no fluxo e na força do
Racional ou Filosófica, que se refe- da análise da natureza e da estrutura da de de contato direto com os arquétipos sangue; é a ressonância orgânica da ex-
re a área de conhecimento do intelecto, consciência, da origem das ideias nas incorpóreos, mas diante de suas cópias, periência e do desejo. O conhecimento
capacidade humana de perceber, pensar sensações, do processo de abstração. os objetos sensíveis pode ir gradativa- tem o seu centro na cabeça; ele é o olho
raciocinar em Platão e Aristóteles. A fenomenologia é uma das prin- mente recuperando o conhecimento do desejo e pode tornar-se o piloto da
Psicologia é a disciplina que tem cipais correntes contemporâneas que das ideias. Portanto, conhecer seria en- alma. Essas forças e qualidades estão
como objeto a alma, a consciência ou os desenvolve uma análise sistemática da tão lembrar, reconhecer. A hipótese da todas em cada indivíduo, mas em graus
eventos característicos da vida animal consciência, sobretudo de seu caráter reminiscência vem, assim, sustentar a variados.
e humana, com o fim de determinar sua internacional, tendo assim uma grande hipótese da existência do mundo das A seguir, será abordada a Psicologia
natureza específica. Às vezes, são con- interação com a psicologia. ideias ou formas. Racional ou Filosófica de Aristóteles.
siderados como puramente “mentais”, No entanto, Platão entendeu as fun-
ou seja, como “fatos de consciência”; A Psicologia de Platão ções da alma como organizadas em A Psicologia de Aristóteles
outras vezes, como eventos objetivos Platão (428/7-347 a.C), nasceu em uma hierarquia, alma tripartida. No Aristóteles – (384/3 – 322 a.C), nas-
ou objetivamente observáveis, ou seja, Atenas de família aristocrática, foi dis- nível mais elementar a alma é simples- ceu na Macedônia. Seu pai era médico
como movimentos ou comportamen- cípulo de Sócrates por dezenove anos. mente o princípio da vida, não apresen- da corte do rei. Aos 17 anos foi para
tos, mas em todo caso a exigência a que Ao refletir sobre a alma (psiqué), recor- tando nem percepção, nem memória e Atenas estudar na Escola de Platão
essas definições correspondem é a de reu tanto ao mito como ao pensamento nem desejo. No segundo nível, a alma (Academus). Permaneceu em Atenas
delimitar o domínio da indagação psi- racional meticuloso. O mito aqui é con- aparece em seu lado mortal, constituí- por 20 anos como estudante e também
cológica ao campo restrito dos fenôme- siderado como uma estrutura funda- da pelas paixões, apetições e sensações como professor. Após a morte de Platão
nos característicos dos organismos ani- mental da consciência humana e não no irracionais. Este nível se apresenta em em 347 a.C, mudou-se para Assos na
mais, em especial do homem. Do ponto sentido comum, no qual é visto como dois subníveis: o mais baixo formado Ásia Menor. Depois mudou-se para a
de vista da formulação conceitual (que uma alegoria, utopia, fantasia, distorção pelos apetites e pela luxúria; e o mais Macedônia onde foi tutor de Alexandre
interessa à filosofia) podemos distin- da realidade e mentira. Ele é anterior a alto pela emoções. No terceiro nível es- o Grande. Quando Alexandre tornou-se
guir as seis correntes fundamentais: qualquer outra forma de conhecimento, tava a parte imortal da alma que era a rei, foi para Atenas e abriu sua escola
a) Psicologia Racional ou Filosófica; pois, “o mito está ligado ao primeiro co- racionalidade e a inteligência. (GOMES, chamada Lyceu. Foi nesta fase da vida
b) Psicofísica; c) Gestalt; d) Psicologia nhecimento que o homem adquire de si 2008). que escreveu suas obras sobre biologia
Comportamental; e) Psicologia das mesmo e de seu ambiente; mais ainda, O que predominou no entendimen- e psicologia.
Profundezas; f) Psicologia Funcional. ele é a estrutura mesma deste conheci- to dos filósofos que o sucederam, foi um Aristóteles foi gradativamente afas-
Será abordada a Psicologia Racional mento”. (SERBENA e RAFFAELLI, 2003). conflito entre nostalgia de uma eterni- tando das ideias de Platão e assumindo
ou Filosófica, fundada por Aristóteles, Uma maneira de ilustrar a propos- dade e as seduções da vida terrena que uma posição mais realista e naturalis-
o primeiro a coligir em seu livro De ta de introdução histórica à psicologia chegavam através das impressões sen- ta em relação a alma e ao mundo. Fez
Anima as opiniões que seus predeces- é tomar a definição ontológica do que soriais do corpo. críticas aos pitagóricos e platônicos
sores haviam expresso a respeito des- é psiquismo para diferentes autores. Para Platão, os processos de conhe- por defender uma alma sobrenatural
se assunto, que pode ser considerada Platão partia de um entendimento de cimento não poderiam apoiar-se nas e não atentarem para as características
como estudo dedicado à natureza do vida psíquica procedente de uma alma impressões sensoriais pois elas esta- reais, físicas e orgânicas do homem.
ser vivo, sensível e inteligente, a pri- reencarnável, incorpórea, essencial- vam em constante mudança. Portanto, No entanto, não aceitava o extremo
meira obra sistemática em Psicologia. mente moral; Aristóteles de um princí- o conhecimento verdadeiro não poderia materialismo dos atomistas – doutrina
Essa Psicologia tem por objeto “a natu- pio de vida animal independente, mas sustentar-se em aparências. filosófica elaborada por Leucipo e de-
reza, a substância, e as determinações com uma função de coordenação geral. A lógica do conhecimento, segundo senvolvida por Demócrito e Epicuro,
acidentais da alma”. Nesse sentido, a Portanto, as principais caracterís- Platão, provinha da habilidade de ra- segundo a qual a matéria é composta
Psicologia é uma ciência dedutiva da ticas do pensamento de Platão se ba- ciocinar dialeticamente através da de- de átomos, isto é, partículas elemen-
alma, cujos fenômenos particulares só seiam, como já mencionado, em encon- dução racional das formas; que seriam tares indivisíveis e tão pequenas que
são considerados como confirmações trar uma justificativa ontológica para as as estruturas eternas que organizam o não podem ser percebidas a olho nu.
ocasionais dos teoremas que a consti- posições de Sócrates. mundo e que são conhecidas através da Os átomos são eternos e possuem to-
tuem. (ABBAGNANO, 2007). Suas teorias trazem um dos primei- dedução racional. dos a mesma natureza, embora difiram
Na simbologia grega, por oposição ros esboços dos principais temas psico- As implicações éticas e morais se por sua forma, pois, acreditava que as
ao corpo material ou soma, psiché (alma, lógicos, como, o intelecto (via cognitiva), dão no sentido de uma psicologia prá- características humanas de poder es-
sopro), é a personificação do princípio emoção (via afetiva), motivação e saúde tica. A noção de uma alma que contém colher e pensar eram de outra ordem.
da vida ou alma. mental (via ativa e grandes sínteses) e em si mesma a sabedoria e a verdade, Defendeu que o princípio vital difere
É fundamental repensar o objeto da diferenças individuais. valoriza todo o esforço no sentido de dos componentes do mundo físico, que
Psicologia e sua linguagem, consideran- Como na visão socrática, a origem alcançar esta “via de libertação” que é a relação entre alma e corpo era fun-
do a sua origem como uma ciência tam- do intelecto estava na alma. Era uma o bem absoluto e universal. No entan- cional, e que a alma não subsiste sem
bém da alma. Dessa forma as diversas substância simples e indivisível, eter- to, é quando examina-se os problemas o corpo.
abordagens técnicas são diferentes dis- na, possuidora da verdade, princípio de da vida cotidiana que se defronta com Aristóteles é considerado como o
cursos sobre a alma. O termo alma pode todo o movimento, capaz de reminis- a necessidade de melhor explicitar as primeiro grande pesquisador sistemáti-
ser considerado como uma metáfora da cências de existências anteriores, nunca relações entre corpo e alma. Essas re- co. Definiu o objeto de estudo de várias
psiqué, pois os diversos discursos psico- se decompondo, imortal. lações são apresentadas por Platão na ciências e foi o primeiro a oferecer uma
lógicos seriam explorações desta metá- Pode-se notar que através dos diá- alegoria da “parelha de cavalos con- teoria sistemática sobre a psicologia.
fora, permitindo ampliar sua expressão logos, Platão vai caracterizando essas duzidos por um cocheiro”, no diálogo A sua preocupação com a obser-
e compreensão. A necessidade da ver- causas inteligíveis dos objetos físicos Fedro. O cocheiro é comparado à razão, vação, o seu gosto pelo concreto e seu
dade modifica-se para a necessidade que ele chama de ideias ou formas. Elas um cavalo a energia moral e o outro interesse pelo individual, constituem
de compreensão da experiência huma- seriam incorpóreas e invisíveis, o que ao desejo. Tem-se então, talvez, o pri- as principais características de seu
na; continuam a conviver as diferentes significa dizer justamente que não está meiro esquema tripartido da conduta trabalho.
linguagens da psiqué, pois a alma (ou na matéria a razão de sua inteligibili- humana. A história da psicologia inicialmen-
psiqué) se manifesta de diversas manei- dade. Seriam reais, eternas e sempre Os problemas psíquicos seriam ex- te é descrita em três grandes vias: cogni-
ras. Os critérios de validade do conhe- idênticas a si mesmas, escapando à cor- plicados como decorrentes de intempe- ção (conhecimento, compreensão); afei-
cimento se modificam, permitindo-se a rosão do tempo. Perfeitas e imutáveis, rança e uma boa saúde mental estava na ção (espécie de emoção, paixão ou uma
construção de campos de sentido ou de as ideias constituíram os modelos ou moderação, no raciocínio e no cálculo, afecção por implicar uma ação sofrida)
compreensão do sujeito e possibilitan- paradigmas dos quais as coisas mate- nas reflexões, no convívio com os ou- e conação (instinto ou tendência de todo
do-se o discurso de diversas qualidades riais seriam apenas cópias imperfeitas tros, e no equilíbrio da realização dos ser à própria conservação). Destacou
da experiência humana. Este modelo e transitórias. Seriam, pois, tipos ideais desejos e também os exercícios físicos; que estas três vias são priorizadas e
aproxima-se de um novo paradigma a transcender o plano mutável dos obje- ações preventivas para evitar o uso de enfatizadas de modos diferentes nas
científico que emerge em certas refle- tos físicos. medicamentos. teorias psicológicas. Nos escritos de
xões contemporâneas. Platão expõe a doutrina de que o Platão foi muito interessado em Aristóteles as três vias são tratadas em
A partir da obra de Aristóteles, so- intelecto pode apreender as ideias Política e afirmava que por detrás dos livros diferentes. Cognição e biologia
bretudo a partir do período moderno, porque também ele é, como as ideias, problemas políticos está a natureza do são estudados em De Anima e em Parva
com a teoria do conhecimento desen- incorpóreo. A alma humana, antes do homem, e explica que a filosofia políti- Naturalia. Conação e afeto são tratados
volvidas por empiristas e racionalistas, nascimento, antes de prender-se ao ca tem de trabalhar no comportamento em Ética e Retórica.
a psicologia da consciência adquiriu cárcere do corpo, teria contemplado as humano, que segundo ele, provém de
Continua na próxima edição...
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 11

falando francamente
O ÚLTIMO SALTO DO PELÉ
Aparecido José dos Santos | Cadeira nº 31
Meus amigos, outras estrelas de primeira grandeza Pelé circulava, com naturalidade, das
Tenho quase a mesma idade do Pelé, do Futebol de sua época, não conse- Tribunas dos Estádios aos Gabinetes de
farei 82 anos no próximo mês de março, guiram manter-se em evidência, como Presidentes de vários Países e Palácios
se Deus me permitir. Portanto, acompa- o Garrincha, Tostão, Carlos Alberto de Reis, Rainha; Monarcas mais famo-
nhei, como torcedor, toda a trajetória do Torres, Romário, Jairzinho, para dizer sos e poderosos do Mundo; Pelé foi um
Rei desde de a primeira Copa (1958) até apenas alguns, mas há muitos, como o Sir, um Nobre, um Lorde; educado, fino,
agora, em sua morte. Pepe, Coutinho companheiros de Pelé simpático e bem comportado.
Contar a história DELE seria chover no Santos, não conseguiram se manter Pelé virou Lenda, sinônimo de
no molhado literalmente, pois o Mundo na mídia. O Pelé conseguiu. Por que? Futebol e imortalizou a Camisa 10, e
inteiro a conhece mais e melhor do que Não sei. Mas há vários fatores a serem como atleta, apaixonado pelo que fa-
eu. Mas como eu também sou filho de considerados: Pelé soube explorar, co- zia, Ele colocava emoção nas jogadas,
Deus, reservo-me o direito de também mercialmente, sua imagem criada em era impetuoso, tinha vontade, sede de ÚLTIMO SALTO, desta feita, sem bola,
falar um pouquinho desta indescritível campo. Ele se transformou numa espé- vencer e quando fazia um gol (e foram sem campo, sem aplausos, foi o Salto,
figura humana, mundialmente conheci- cie de Embaixador Brasileiro sem cre- quase 1.300), Ele saía correndo e saltava talvez o mais alto e importante Dele: o
da, respeitada e admirada chamada de denciais de Governo. Um cidadão de o mais alto possível e socava o AR com a Salto para a Eternidade, deixando mi-
REI PELÉ. respeito, disciplina, de linguagem sim- mão direita. Este Salto virou a Marca de lhões de fãs por todo Planeta a lamen-
Pelé, considerado “O Rei do Futebol”; ples e objetiva. Não me lembro de ter Pelé, nas comemorações, sempre filma- tarem e deixou milhões de desportistas
“O Atleta do Século”, a meu ver, foi ouvido dele uma palavra vulgar, de bai- do pelas costa fazendo destacar o núme- brasileiros como órfão de seu Rei do
muito mais do tudo isso. Ele parou de xo calão. Suas mensagens eram sempre ro 10 na camisa. Pelé repetiu este gesto Futebol.
jogar futebol há quase 50 anos, tempo em defesa das crianças. Adepto da Arte, por mais de 1.380 vezes pelos gramados A vida é sempre um SALTO NO
suficiente para uma ou mais gerações se da música, Cinema e até da Literatura do Mundo a fora e a dentro. ESCURO. Desta vez, não teve aplauso,
esquecerem de suas jogadas, por mais (foi poeta, compositor, cantor e ator), Mas agora, caros leitores, neste dia mas lágrima.
mirabolantes que foram. Tanto é, que coisa rara no mundo da bola. 29 de Dezembro de 2022, Pelé deu seu É muito triste, tristíssimo,

Sedentarismo: 11,3%, Hipertensão: 10,4%, bem-estar dos idosos. A depressão


ciência & saúde Baixo nível educacional: 9,5%, Depressão:
6,9%, Obesidade: 6,3%, Diabetes: 3,6%,
está relacionada à maior mortalidade
em idosos, além de piora da qualidade
Tabagismo: 2,9%, Isolamento social: 1,5% de vida. A influência da depressão no
CASOS DE DEMÊNCIA CRESCE e Uso excessivo de álcool: 0,2%.
Se analisarmos muitos destes fato-
desenvolvimento de demência é bem
caracterizada, e aumenta significati-
NA POPULAÇÃO BRASILEIRA res de risco são reversíveis, o sedenta-
rismo é um dos maiores problemas da
vamente o risco de desenvolver perda
cognitiva.
sociedade moderna. A falta de exercí- A perda auditiva foi o fator de ris-
Bráulio Brasil | Colaborador, Fisioterapeuta Intensivista e Gestor em saúde cio físico gera problemas importantes co com maior impacto na demência na

F
por todo corpo, incluindo o aumento população brasileira. Isso significa que,
az poucos dias que vem a público o risco potencialmente preveníveis para do risco de demência. Especificamente, quando bem controlada, a perda audi-
caso do ator americano Bruce Willis, demência na população brasileira. O tra- eliminar o sedentarismo reduziria em tiva tem um potencial grande de pre-
tendo o diagnóstico de demência balho avaliou o percentual de casos de 11, 3% os casos de demência no Brasil, venir novos casos de demência no país.
frontotemporal aos 67 anos de idade. demência, que seriam evitados se esses e quase metade da população brasilei- Ainda mais impressionante, quase um
Mesmo com distúrbios de fala (afasia), fatores de risco fossem controlados na ra relata que não faz atividade física re- terço da população brasileira relatou
apresentada pela família em 2022 afas- população. gularmente. O sedentarismo pode vir nesta publicação, que tem algum tipo
tando do trabalho, vale ressaltar que Embora existem tipos de demência, associado a outras condições que au- de perda auditiva.
existem vários tipos da demência. neste estudo apontou ainda que há mais mentam a chance de ter doenças, como Saber identificar os fatores de risco,
O mal de Alzheimer, que é incurável, incidência, em negros, asiáticos, gru- alimentação inadequada, depressão e prioriza o combate a demência e pro-
é também a forma mais comum de de- pos minoritários e populações pobres. obesidade. gressão na maioria dos casos da doença.
mência, onde apresenta evolução lenta, Diante disso, a desigualdade social e A escolaridade é importante para Aprender evitar a demência é uma longa
começando com perda de memória e ter- econômica, que envolve pobreza e dis- prevenir demência por causa da reserva jornada a ser percorrida. Sendo essen-
mina com danos cerebrais graves. criminação racial, também foram inclu- cognitiva. Esse conceito é semelhante a cial identificar quem são as pessoas com
Como a prevalência brasileira média sas como fatores de risco, sobretudo para uma "poupança cerebral", que é cons- demência, quantas são, e estimar qual o
apresenta-se mais alta que a mundial, estas populações. truída com os anos de estudo e de esfor- impacto nacional desta doença.
pesquisadores brasileiros, publicaram Pois bem, dez fatores de risco fo- ço cognitivo. Treinar o cérebro é muito Não esqueça, tratamento existe e
na renomada revista Lancet Regional ram apresentados em ordem decres- importante. uma equipe interdisciplinar é funda-
Health: Americas em 2022, onde foi cente de impacto na prevenção da de- A saúde mental também foi iden- mental para reverter os fatores de riscos
identificado o impacto de fatores de mência no país: Perda auditiva: 14,2%, tificada como um determinante do que levam a demência.

crônica
A LITERATURA DO TEMPO
Newton Agrela | Colaborador

A
s páginas do nosso livro conti- protagonismo humano será evidente, nosso grau de Consciência. A fronteira
nuam abertas. Estamos encerran- porém é claro, atrás da esperança de imaginária do tempo é um exercício
do o capítulo 2022 que trouxe uma dias cada vez melhores. Os votos de um cronológico que estabelece os limites
série de emoções que se traduziram em tempo mais próspero, de bem estar cada de um prazo de validade, do qual não
momentos de grande emoção. Alguns vez mais consistente e de uma qualida- somos donos nem locatários. Somos
de uma felicidade incontida, outros que de de vida mais sustentável são o com- simplesmente passageiros de uma nave
talvez mereçam cair no esquecimento. bustível que nos impulsiona e faz com chamada Terra.
No final das contas contudo, foi mais um que possamos entender a razão da Vida. O livro continua aberto, na expec-
acúmulo de experiências que a vida nos Sempre bom lembrar que existir tativa de que o que venha a ser escrito
ofereceu. E só nos resta agradecer. é uma circunstância que nos envolve possa aquecer a nossa alma sob o ener-
Um novo capítulo começa ga- neste Universo, porém justificar a nossa gizante sabor do Sol e a aquietar nossas
nhar seus esboços. Novos episódios existência é um exercício de aprendiza- dores sob a perene serenidade da Lua.
nos aguardam no capítulo 2023. O do contínuo que nos leva a aprimorar o É um novo Tempo !
12 JORNAL DA AGML

crônica ESSE PAÍS ou DESSE PAIS, mas o certo


é NESTE PAIS e NESTE PAÍS porque
ele indica o país no qual se acha ou ao
PONTOS DESPREZADOS qual se refere. ESTE, ESSE, AQUELE.
Caso complexo, sem dúvida, é o

DA NOSSA GRAMÁTICA hífen. Adjetivo derivado de substanti-


vo composto o solicita. Assim sendo,
o torcedor do VILA NOVA é VILA-
Filadelfo Borges de Lima | Cadeira nº 08 NOVENSE, porém, em Goiás, a im-

M
prensa escreve vilavovense. Reclamei,
uito bonito é nosso idioma, referir a movimento. ONDE ESTÁ me disseram que os veículos locais de
mas nosso povo não lhe dá MINHA CANETA? comunicação entenderam que sem o É O RUI BARBOSA DESSA TURMA;
a devida atenção. Políticos, Os pronomes ESTE e ESSE são usa- hífen ficaria mais prático. Na minha AQUELE JOGADOR É O PELÉ DO
artistas, empresários falam AONDE dos aleatoriamente como se não hou- opinião, tal procedimento não poderia SEU TIME. Forma correta, no primei-
quando se deve falar ONDE. O correto vesse regras pertinentes. ESTE é admi- ser tomado. ro exemplo, é o rui barbosa (adjetivo,
é adotar aquele quando se refere a mo- tido quando se trata do passado ou a Outro erro muito comum se dá inicial minúscula) desse time. No se-
vimento. Exemplo: AONDE VAMOS? coisa da qual se fala está junto ou pró- quando o substantivo próprio se con- gundo exemplo temos o pelé (adjetivo,
Aciona-se ONDE no caso de não se ximo. O presidente Lula sempre fala verte em adjetivo. Exemplos: CARLOS inicial minúscula).

artigo
Membro fundador da Academia Cearense
NAPOLEÃO BONAPARTE E SUA FORTE INFLUÊNCIA de Literatura Popular, e correspondente
das Academias Maçonicas de Letras
NOS DESTINOS DA MAÇONARIA DE SEU TEMPO da Bahia e de Mogi das Cruzes

Hélio Pereira Leite | Colaborador

Q
uem foi Napoleão Bonaparte?, permitia contar com um exército que lu- ruiu definitivamente. Menos conhecido certo de que essa grande colaboradora
acredito que todos sabem quem tava "contra o papa", manter com vigor, é que, por um desses paradoxos, a vitória do seu governo fosse um obstáculo a
ele foi, o que ele fez, onde ele as forças armadas sob seu controle e a sobre Napoleão foi conseguida por um sua expansão. Ela foi, pois, durante o
chegou e qual foi o fim dele numa ilha, política em suas mãos, além de propor- britânico, Arthur Wellington, que tinha período napoleônico, uma ação mode-
mas com certeza poucos sabem a forte cionar-lhe um instrumento de captação sido iniciado na maçonaria em 7 de de- radora das tendências absorventes do
influência que ele exerceu na maçonaria e propaganda favorável ao domínio fran- zembro de 1790 numa loja maçônica si- império, mas, ao mesmo tempo, um
francesa, em sua consolidação e em sua cês da Europa. tuada em Trim, condado de Meath. dínamo de evolução que corrigia sem
expansão, inclusive para o Brasil. Napoleão expandiu o ideário da A Maçonaria no Brasil excesso.
Segundo César Vidal em seu livro Revolução Francesa, tendo como instru- As primeiras sociedade secretas do Napoleão que teve a seus pés os reis
Los Masones, traduzido por Maria Alzira mento de apoio todas as lojas maçônicas, Brasil também foram impulsionadas pe- de seu tempo, que dilatou as fronteiras
Brum Lemos, para Os Maçons – a socie- tendo como única exceção uma loja no los franceses. Uma destas sociedades foi do seu império com um simples gesto de
dade secreta mais influente da história, Cantão de Genebra, que tinha sido inva- a dos Cavaleiros da Luz, criada na Bahia sua vontade e a quem as casas reinantes
publicado pela editora Relume Dumará, dida em 1798 por tropas francesas. pelo maçom francês Dupetit-Thouars em da Europa lhe pediam os parentes para
em 2005, poucos souberam extrair me- As forças invasoras de Napoleão fo- 1791. Sua finalidade explicita era esten- realizarem alianças matrimoniais, não
lhor as lições pertinentes da Revolução ram criando em seu caminho lojas maçô- der os postulados da Revolução Francesa teria votado tal prestígio a maçonaria
Francesa que um general de origem cor- nicas, para as quais recrutavam as elites no Brasil. Dupetit retornou ao seu país francesa de seu tempo, sem aqueles mo-
sa chamado Napoleão Bonaparte. nacionais, que, desta forma lhes ficavam de origem e em 1797 foi sucedido por tivos de senso prático e de aproveitamen-
"Existem especulaçãos sobre uma submetidas. Foi assim, pelas mãos dos outro maçom francês Larcher, que tinha to das forças úteis que foram o grande
possível iniciação de Napoleão na ma- invasores franceses que a maçonaria como missão provocar uma rebelião con- segredo de seu sucesso".
çonaria, que teria ocorrido em 1798, na chegou à Espanha. tra a Coroa Portuguesa. Napoleão deixou-nos um grande le-
ilha de Malta e no seio de uma loja ma- Até 1787 não existiam lojas maçôni- As denominadas academias, das gado. Foi um dos criadores do Estado
çônica formada majoritariamente por cas em Espanha devido a proibição pa- quais as mais relevantes estavam esta- moderno. Não somente porque garan-
militares. As provas não são de todo pal, imposta pela Inquisição desde 1738. belecidas em Pernambuco tiveram pa- tiu a permanência na França e a divul-
conclusivas, mas não há dúvida de que Havia notícia de maçons ali estabeleci- pel similar, destacando-se a Academia gação por toda a Europa da època de al-
Bonaparte utilizou conscientemente a dos, em geral estrangeiros, como o pin- Suassuna fundada por Francisco de gumas conquistas da Revolução como,
maçonaria como um instrumento polí- tor veneziano Felipe Fabris, processado Paula Cavalcanti de Albuquerque, por exemplo a abolição do regime feu-
tico.". Senão vejamos! pela Inquisição. um padre católico – Frei Caneca, e dal e a proclamação da igualdade de
Quatro dos irmãos de Napoleão Os primeiros maçons espanhois fo- pelo chefe da Justiça da Província de todos perante a lei, mas também e so-
– bem como seu pai – foram maçons. ram iniciados na França e faziam parte Pernambuco, Antonio Carlos Ribeiro bretudo por algumas iniciativas legis-
José, que seria rei da Espanha; de Luís, da frota espanhola que, aliada da france- de Andrada, irmão de José Bonifácio lativas. Entre essas, a promulgação do
rei da Holanda; de Luciano, príncipe de sa, atracou em Brest em 8 de setembro de de Andrada e Silva. Surgiu também Código Civil (1804), de Procedimento
Cannino; e de Jerônimo, rei de Westfália. 1799. Pertenciam a lojas maçônicas fran- a Academia do Paraiso, cujo nome é Civil (1806), do Comércio (1807), do
E ainda, General Joaquin Murat, seu cesas, mas, em agosto de 1801, fundaram uma homenagem à Nossa Senhora do Procedimento Penal (1807), e Penal
cunhado e seu enteado Eugenio de uma loja espanhola que recebeu o nome Paraiso, tendo com fundador o padre (1811). Impostos em todos os territó-
Beauharnais também foram maçons. de A Reunião Espanhola, com vinte e João Ribeiro Pessoa. rios anexados ou vassalos da França,
Também vinte e dois entre os marechais seis membros, entre eles padres capelães. Contudo, a mais importante de todas criou um sistema valioso de garantia
mais importantes de Napoleão eram Loja que deixou de existir em 23 de abril elas foi a sociedade secreta o Areópago da propriedade, das liberdades indivi-
maçons. de 1802 com a volta á Espanha. de Intambé, fundada pelo botânico duais, da igualdade jurídica e tornou-
Quando Napoleão tomou o poder, A primeira Loja maçônica fundada Manoel de Arruda Câmara, que tinha -se portanto, muito além das fronteiras
a maçonaria francesa encontrava-se di- na Península pelos invasores franceses por objetivo livrar o Brasil do domínio francesas, um possante instrumento da
vidida entre o Grande Oriente e o Rito foi a de San Sebastian, em 18 de julho português e estabelecer uma república unificação nacional.
Escocês. Como ele tinha o firme propósito de 1809. A esta se seguiram outras em sob a direção de Napoleão. Porém, des- Eis aí quem foi Napoleão, que termi-
de controlar as lojas maçônicas, conse- Vitória, Zaragosa, Barcelona, Gerona, cobertos seus objetivos foi desarticulada, nou sua vida sem poder, isolado e aban-
guiu que José Bonaparte fosse eleito Grão- Figueras, Talavera de la Reina, Santõna, frustando com isto os planos napoleôni- donado numa pequena Ilha, que nos
Mestre do Grande Oriente, enquanto Luís Santander, Salamanca, Sevilha e Madri, cos de controlar o Brasil. leva acreditar que o poder dos homens
assumiu o mesmo cargo no Rito Escocês, onde se instalou a Grande Loja Maçônica No Livro Maçônico do Centenário, é efêmero, passageiro, com tempo de
as quais se fundiram em 1804 tendo Nacional de Espanha. editado em 1922 pelo Grande Oriente do garantia, sem o devido reconhecimento
José como Grão-Mestre. E não satisfeito, Em 1813 Napoleão foi derrotado e foi Brasil, na página 112 e seguintes, encon- daqueles que foram beneficiados, pelas
Napoleão obrigou a aceitação de mulhe- exilado na ilha de Elba. Em 1º de mar- tra-se o seguinte comentário: ações daqueles que em um momento
res nas lojas maçônicas para conceder a ço de 1815, Napoleão desembarcou na "Ninguém acreditaria, por exem- qualquer da vida foram líderes, tiveram
Josefina o cargo de Grã-Mestra. França depois de fugir da ilha de Elba. plo, que o gênio de Napoleão a tives- fama e poder e terminaram seus dias
O sonho de Napoleão era dominar a Todos sabem que Napoleão foi ven- se tolerado e, mais do que isso, dado pagando um alto preço e no ostracismo
Europa, utilando a maçonaria. Esta lhe cido em Waterloo e seu sonho imperial todo o apoio a sua ação, si não estivesse político e social.
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 13

artigo
Grande Bibliotecário do Supremo
Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria
A HISTÓRIA DO CARNAVAL para a República Federativa do Brasil
Francisco Feitosa | Colaborador

V
ocê conhece a origem do e mulheres nus. Esses eram chamados A civilização judaico-cristã, fun- de Hiram Araújo, estudioso do carna-
Carnaval? Não? Pois bem! os “carrum navalis”. Muitos dizem que damentada na abstinência, na culpa, val e do samba, ao contar uma história,
Aproveitando esse breve reces- daí saiu a expressão “carnevale”, origi- no pecado, no castigo, na penitência e que, segundo ele, completa seu sexto
so do Carnaval e pesquisando sobre o nando carnaval.  na redenção, renega e condena o car- milênio e que acompanha a própria
tema, com base em textos de historiado- A história do carnaval começa no naval, e, muito embora seus principais história da humanidade, a história do
res como Renato Roschel, Hiram Araújo princípio da nossa civilização ariana, representantes fossem contrários à sua carnaval, considerando os seus Centros
e Claudia M. de Assis Rocha Lima, pro- na origem dos rituais, nas celebrações realização, no século XV, o Papa Paulo de Excelência, dividida em quatro pe-
duzimos esse breve trabalho, a fim de da fertilidade e da colheita nas primei- II contribuiu para a sua evolução, im- ríodos: o Originário (de 4.000 anos a.C.
melhor entendermos as origens da festa ras lavouras, às margens do Nilo. Os primindo uma mudança estética, ao in- ao século VII a.C.); o Pagão (do século
mais popular do mundo. primeiros agricultores exerciam a ca- troduzir o baile de máscaras, permitin- VII a.C. ao século VI d.C.); o Cristão
Há relatos de que há cerca de dez mil pacidade humana, que, já nas cavernas, do que, em frente a seu palácio, na Via (do século VI d.C. ao século XVIII d.C.);
anos antes de Cristo, homens, mulheres distinguia-se em volta da fogueira, da Lata, se realizasse o carnaval romano. o Contemporâneo (do século XVIII d.C.
e crianças já se reuniam, no verão, com dança, da música, da celebração... Como a Igreja proibira as manifestações ao século XXI).
os rostos mascarados e os corpos pinta- Foram na intenção da Deusa Isis, no sexuais no festejo, novas manifestações Esses Centros de Excelência são
dos, com o intuito de espantar os demô- Egito Antigo, as primeiras celebrações adquiriram forma: corridas, desfiles, responsáveis pela criação e irradiação
nios da má colheita. As origens do carna- carnavalescas. Com a evolução da socie- fantasias, deboche e morbidez. Estava dos modelos da festa. Cada Centro de
val têm sido buscadas nas mais antigas dade grega, evoluíram os rituais, acres- reduzido o carnaval à celebração ordei- Excelência do Carnaval age como ver-
celebrações da humanidade, tais como cidos da bebida e do sexo, nos cultos ao ra, de caráter artístico, com bailes e des- dadeira usina de forças centrípetas,
as Festas Egípcias que homenageavam a Deus Dionisus, com as celebrações dio- files alegóricos. absorvendo as culturas dos povos, e de
deusa Isis e o Touro Apis. Os gregos fes- nisíacas. Na Roma Antiga, bacanais sa- Depois do Egito – o primeiro, do se- forças centrífugas, irradiando os mo-
tejavam, com grandiosidade, nas Festas turnais e lupercais festejavam os Deuses gundo – em Grécia e Roma Antigas, e delos de carnaval para o mundo. Os
Lupercais e Saturnais, a celebração da Baco, Saturno e Pã. A Sociedade Clássica do terceiro, no Renascimento Europeu, padrões de carnaval irradiados sofrem
volta da primavera, que simbolizava o acrescenta, ainda, uma função política particularmente, em Veneza, o Carnaval adaptações nas cidades em que os car-
Renascer da Natureza. Mas, num ponto, de distinção social às celebrações, tole- encontrou no Rio de Janeiro, o seu quar- navais ocorrem. 
todos concordavam: as grandes festas, rando o espírito satírico: a crítica aos go- to centro de excelência, resgatando o O carnaval foi chamado de
como o carnaval, estão associadas a fenô- vernos e governantes nos festejos. espírito de Baco e Dionísio, isso, na tese “Entrudo”, palavra, que vem do latim
menos astronômicos e a ciclos naturais. “introitos” e que designa as solenidades
O carnaval se caracteriza por festas, di- litúrgicas da Quaresma, por influência
vertimentos públicos, bailes de máscaras dos portugueses da Ilha da Madeira,
e manifestações folclóricas. Açores e Cabo Verde, que trouxeram a
Em Roma, glorificando o deus brincadeira de loucas correrias, mela-
Saturno, comemoravam-se as Saturnais. -mela de farinha, água com limão, no
Esses festejos eram de tamanha impor- ano de 1723, surgindo, depois, as bata-
tância, que tribunais e escolas fechavam lhas de confetes e serpentinas.
suas portas durante o evento, escravos Bem, depois de tomarmos conheci-
eram alforriados, as pessoas saíam mento da origem, história e seu signi-
às ruas para dançar. A euforia era ge- ficado, os simpatizantes da festa mais
ral. Na abertura dessas festas ao deus popular do mundo poderão, de forma
Saturno, carros, buscando semelhança a consciente, saber o que, de fato, estão
navios, saíam na "avenida", com homens comemorando!

Se você sabe mais, ensina se já verdadeiro maçom é aprendiz por


crônica está fazendo os graus filosóficos mais colorido que seja o avental
mostre para os irmãos a importân- estamos sempre aprendendo e não
cia de ser um maçom de respeito, sabemos de nada. A maçonaria de-
INICIADO e não é ter cargos, ser maçom é ter
humildade liberdade, igualdade
fende a plena liberdade de expres-
são do pensamento como direito
Valteude Guimarães Ferreira | Colaborador e fraternidade. O pássaro mesmo
dentro da gaiola canta, gorjeia
fundamental do ser humano, admi-
tida responsabilidade, a maçonaria

A
e não pede nada, mas ele canta, determina que os maçons estendam
o sermos iniciados nos mis- a maçonaria que exige que o can-
canta bonito e não sensibiliza seu e liberalizem os laços fraternais
térios maçônicos o irmão didato tenha que ser livre, de bons
suposto dono para abrir a gaiola e que emanam a todos os homens
Venerável Mestre, Orador, costumes, tem que ser limpo e puro,
deixá-lo liberto, o maçom que agri- esparsos pela superfície da terra,
Secretário 1° Vigilante, 2° Vigilante, então porque o ódio, a mágoa, a vai-
de o irmão com palavras profanas recomenda a divulgação de sua
Mestre de Cerimônias, Cobridor, dade e o desejo de ser mais que o
se esquecendo do juramento fei- doutrina pelo exemplo da palavra e
chanceler, Expertos, mestre de har- irmão? Existem muitos homens que
to na sua iniciação é tão perverso combate terminantemente da força
monia, companheiros, aprendizes não entram para a ordem por medo,
quanto aquele que aprisiona um e violência
ou, seja todos os irmãos da loja e outros por saberem que têm que pa-
pássaro indefeso. É comum vermos irmãos se di-
visitantes são guiados pelo ritual de gar mensalidades, irem às sessões,
Na iniciação mesmo com os gladiarem em função de cargos ma-
aprendiz maçônico, livro esse que trabalhar sem remuneração, outros
olhos vendados ouve-se o irmão çônicos, terem desentendimento no
recebemos quando somos iniciados. por curiosidade e na esperança de
Orador dizer que a maçonaria pro- mundo profano e por muitas vezes
O candidato acredita que já sabe de ficarem ricos. Outros não entram
clama que os homens são livres e esses problemas vão para o interior
tudo sobre a maçonaria, pois não su- por não serem convidados, pois são
iguais em direitos e que a tolerân- das lojas, e por não conseguirem
portando a curiosidade fez pesqui- livres de bons costumes, mas não
cia constitui o princípio cardeal nas resolver acabam afetando o templo
sas na internet, mas na verdade ele possuem posses, não são autorida-
relações humanas para que sejam e quem foi iniciado, sendo que ele
não sabe de nada, é um ser huma- des, não tem um emprego relevante
iguais, respeitadas as convicções e ouviu o orador dizer que os ma-
no que nasceu, cresceu e vai morrer ou, seja não são pessoas importan-
dignidade de cada um, iniciamos çons são tolerantes e que todos são
sem nada saber. tes, mas se observados tem perfil,
como aprendizes isso quer dizer irmãos. Ser maçom é ser correto, to-
Com o candidato para ser ma- bons pais, ótimo marido, responsá-
que vamos aprender ninguém lerante não ter ódio nem vaidade, ser
çom é a mesma coisa, não é a loja, a veis fraternos e melhores maçons
nasceu sabendo, na maçonaria o maçom é ser diferente.
potência maçônica que diz, mas sim que uns existentes.
14 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

galeria poética

DO RESULTADO
Adilson Zotovici
Contribuição
PRINCESINHA
DO CERRADO Ouço um tanto consternado
Getúlio Targino Lima O desapreço ao fundamento
Cadeira nº 13 Que não pode ser demudado
Humanismo e progresso, lado a lado, Do levado ao renascimento
Caminham nestas ruas e avenidas
Que, como artérias vivas, coloridas, A LUTA Qual um labirinto cruzado
Cortam teu lindo corpo desenhado. CONTRA AS Das provas com
PALAVRAS enfrentamento
Flores, jardins e bosques, o esmerado Amargor experimentado
Antônio Victor | Colaborador
Proveito das paisagens mais queridas... O esplendor pós sofrimento
O teu céu, tuas praças, quanto agrado Nas amarras dos meus versos
A enfeitar nossas vindas, nossas idas... as palavras ficarão Tudo a ser considerado
atadas, quais bichos brabos, E se obter desse momento
A cultura, a ciência, a arte, o esporte, prontas para me engolir. Do profano, “ um iniciado “
O todo que perfaz teu meigo porte:
A reta, as curvas, teu perfil amado, Derrubarei as palavras, Tragicômico aceitamento
sojigarei uma a uma, Que randômico o resultado...
Tudo proclama o amor, a paz, o gosto qual fossem touro selvagem Do inefável e sublime evento !
Pela vida, estampado no teu rosto, em duro embate comigo.
Goiânia, princesinha do cerrado!
Comigo trago a espada
e trago o pano vermelho. COM ALEGRIA
Desafiarei na arena
a indomável palavra. João Batista da Silva Paiva
Colaborador

E ao final do combate, Se nós que já existimos


do sanguinário duelo, E temos o Dia a ser bom
os dois, tombados, vencidos, Não custa se exprimimos
cairemos sobre a areia. O Bom Dia, em bom tom
Com grande Entusiasmo
Sobre a areia, aquiescidos, Até para mim, isso serve
cansados e ofegantes, Sai de mim o de Miasmo
meio inimigos e amantes Do que nocivo me enerve
nos abraçaremos, tontos, E pode estragar o meu Dia
num abraço cúmplice, trágico, Se eu recebo de alguém, repriso
e eternamente rival. Se eu sorrio alegre e sadia
É a Saudação vista num Sorriso
Que afugenta todas Tristezas
O Bom Dia, vai ser uma Beleza
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 15

POEMA DA QUANDO
INICIAÇÃO FICARES VELHA
Glauber Rogeris Nunes Anderson Lima da Silveira
| Colaborador Cadeira nº 02 | colaboração

Vendado foste posto


Da caverna nasceste Quando ficares velha, grisalha e sonolenta
Medo encrudece seu rosto E te aqueceres à lareira, pega neste livro
Um lugar entre irmãos mereceste E lê-o devagar, sonha com o olhar meigo
E com as sombras profundas outrora nos teus olhos;
Sou teu guia e nada temeis
Disseste teu guia fiel Quantos amaram os teus momentos de feliz encanto
Aos perigos a coragem ergueis E a tua beleza com amor falso ou autêntico,
Para ser iluminado pela luz que vem do céu Além daquele homem que amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;
Foi purificado pela água
Foste elevado pelo ar E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Renaceste pelo fogo Murmura, um pouco triste, como o Amor se foi
Mas ainda cego está a andar E caminhou sobre as montanhas lá no alto
E escondeu o rosto numa multidão de estrelas.
Do doce provaste o sabor (Texto de William Butler Yeats)

Das armas ouviste o som hostil


Do amargo o gosto tragor
No seu semblante o temor se viu
Após todas as andanças BECOS
Juraste silenciar DE GOIÁS
Como irmãos ainda sois crianças
Três anos por muito tempo terá Guilherme Freire
Fonseca | Colaborador

Agora que recebeste a luz Becos da minha terra...


O maçom então nasceu Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
A instituição que lhe conduz Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Celebras seu jubileu Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,
Hoje morreste para o mundo e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,
Nasceste calçando de ouro a sandália velha, jogada no monturo.
para maçonaria
No coração sentimento profundo Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,
No seio da loja bateria incessante de alegriaDescendo de quintais escusos sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
Na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
(Texto de Cora Coralina)
16 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

Viu morrerem, depois, o filho mais velho e o es-


crônica poso, mas aguentou firme, sustentando os três filhos
sobreviventes com a força do seu amor, de sua fé em
Deus e de sua esperança na vida, sem nunca recla-

CÂNTICO PARA MINHA MÃE mar, conforme o conselho do Mestre Divino: Quem
quiser seguir a Mim que tome a sua cruz e siga-me,
mas sem lamúrias ou reclamações.
Getúlio Targino Lima | Cadeira nº 13 Um dia aquele coração já fraco parou.

A
Foi assim, simples, foi assim...e seu corpo foi em-
chou naquele rapaz iletrado mas muito tra- Ver filho mais velho crescer e acompanhar o pai bora, dona Benedita... Benedicta... Bendita....
balhador a pessoa com quem deveria viver o nas andanças dele como tropeiro, garimpeiro, pas- Mas a senhora ficou aqui conosco, para sempre,
resto de sua vida. Sabia de todas as dificulda- sando uma semana em casa e seis meses desapare- minha querida mãe BENEDITA TARGINO LIMA.
des que haveria de enfrentar, mas não era mulher de cido neste mundão de meu Deus dos garimpos do E como creio que a verdadeira vida é eterna, es-
ir assim fugindo da luta e se dando por derrotada, norte e da região central do país foi algo com que crevi-lhe este soneto que também dedico a todas as
antes da peleja começar. teve de se acostumar logo. mães, estas heroínas anônimas da existência plane-
E se casou, num ato cerimonial muito simples, Viajando qual família cigana, esta mulher cui- tária, cada uma com sua história, cada uma com sua
porque nem uma família nem a outra tinha condi- dou dos filhos lutando contra a fome, o frio, a doen- linha de jornada, mas todas com o mesmo fervor, o
ções de quaisquer gastos. Aliás, tanto pelo lado da ça e sempre sem dinheiro. Recebeu a notícia do filho mesmo sentimento de sacrifício, o mesmo e inigua-
noiva quanto pelo lado do noivo, a situação era idên- mais novo ter sido assassinado por um desconheci- lável amor de mãe.
tica: ambos tinham ficado órfãos de pai e mãe antes do bêbado, e nem pode assistir ao seu enterro, dada MÃE
de saírem da idade infantil. a enorme distância... Não se define mãe. Mãe se respira,
E quando é irmão que cria irmão o peso fica mui- Mas viu suas duas filhas alcançarem o curso su- Pelos poros do corpo, da existência.
to significativo e não há dinheiro para festanças: é só perior, formando-se em filosofia e o filho do meio se Imponderavelmente, a mãe inspira,
a assinatura dos papeis mesmo. tornar advogado. Quando este recebeu o título de E, o dom do amor, traduz, por excelência.
Dias difíceis, mas a esperança permanente. cidadania honorária, na cidade de Anápolis (Goiás) Não há cor ou beleza que refira
Filhos chegando... foram seis, mas um faleceu o brilho de seus olhos amorosos de mãe ficou mais A grandeza da mãe, mesmo em falência,
com poucos meses, de modo que se contaram mes- intenso. Pois, por mais que se morra, inda suspira
mo cinco. Até minoraram-se os efeitos do mal que a acome- Em nós, de nossa mãe, a quintessência.
Marido sem leitura e sem profissão definida, ia tera muitos anos atrás e a tornara um pouco distante Mãe é o mar e a terra; a morte e a vida;
onde o serviço estava. Não tinha essa de rejeitar ser- das luzes da vaidade humana. É o carinho do unguento na ferida;
viço. Família estava aí para não permitir isto. O seu quartinho era o recanto sagrado para onde É o amor sem limite ou evasiva.
E a mãe ali, no batente da casa, olhando menino, sempre ia a rezar, fosse qual fosse a notícia: tragédia É por isto que digo: mãe não morre
dando comida para menino, curando menino com ou felicidade. E, mesmo sendo a vida a que mais corre,
remédio do mato, cuidando que filho aprendesse a Não se lamentava, não rogava qualquer tipo de Eternamente, toda mãe é viva!
ler e escrever. impropério ou praga. Apenas rezava.

reconhecimento
Delegado Litúrgico
ÍCONE GOIANO É CONDECORADO e Membro Efetivo do Supremo
Conselho do Brasil do Grau 33
Antônio Leite | Colaborador para o Rito Escocês Antigo e Aceito

H
á alguns dias, soube da entrega conseguiu a difícil construção em para- ele mesmo, em seu livro “Entre o Sonho Marília, nos momentos extremos, pela
da maior condecoração da maço- lelo, de uma biografia marcada pela de- e a Realidade” que, numa mistura de ro- qual sou sempre grato pelo gesto fra-
naria Brasileira ao maçom Hélio dicação às causas às quais abraçou. mance e auto biografia, mostra com leve- terno e pelo apoio. Nesta retrospecção
Moreira. É o reconhecimento a uma vida Nos seus mais de 80 anos de vida, za e lirismo, os momentos fundamentais pessoal, há dois pontos em destaque. O
dedicada à Ordem Maçônica e à socieda- o menino nascido no seio dos morros de sua profícua carreira, nos mais diver- nascimento dos netos, pelos quais nu-
de. Esta homenagem, há muito mereci- do Sul de Minas, no distrito de Gaspar sos setores da vida pessoal, familiar, mé- tre indisfarçável admiração e nossa de-
da, veio extemporânea, deveria ter sido Lopes, deixou sua cidade natal de dica, intelectual, maçônica e como agente dicação, cada qual à sua maneira, pela
outorgada há muito mais tempo. A vida Alfenas e foi seguir o sonho de ser mé- transformador da sociedade à sua volta. Ordem Maçônica.
maçônica do Irmão Hélio há muito o fa- dico. Com determinação e muita força, Sua pena falará melhor ao leitor que se in- Aqui, cabe uma referência especial,
zia merecedor desta distinção e esta cir- venceu, uma a um, os obstáculos que teresse por conhecer sua vida e sua obra. uma vez que vivenciei de perto muitos
cunstância era por demais reconhecida. lhe foram colocados pelas circunstân- Permito-me, nesta oportunidade momentos importantes de sua atividade
À esta longa história, que começou cias existenciais e, saindo de uma fa- que tão generosamente me é dada pela como maçon. Dedicação e discrição são
há 50 anos, com seu ingresso na Sublime mília de poucos recursos financeiros, Academia Maçônica de Letras, dizer marcas, como em todos os outros múl-
Ordem, é fundamental que se junte tam- concluiu, com hercúlea luta, o curso de um pouco do convívio que tive com ele. tiplos polos de trabalho do Irmão Hélio
bém uma vida inteira dedicada ao hu- medicina em Curitiba, de onde seguiu As mesmas mãos invisíveis do destino, Moreira. Em silêncio, ajudou e ajuda a
manismo, à humanidade e à sociedade. para São Paulo, a fim de especializar-se que tecem as linhas de nossa existên- quem quer que precise (o mesmo se deu
Homem multitalentos, Hélio Moreira em colo proctologia, ciência em que pas- cia, aproximaram-me de Hélio Moreira, ao longo de seus mais de 50 anos de exer-
sou de aluno a professor e foi coroada fazendo com que pudéssemos compar- cício da medicina, o que é reconhecido
com a presidência sociedade mundial tilhar uma parte de nossas vidas. por toda sociedade goiana).
de sua especialidade, reconhecimento A visita à terra natal, Gaspar Lopes, Escritor multitalentos, membro des-
dos colegas do mundo todo ao seu tra- pelos idos de 1997, da qual fui testemu- ta Academia Maçônica de Letras e da
balho e capacidade. nha e guia, talvez tenha sido um raro Academia Goiana de Letras (entre outras
As mãos invisíveis do destino o leva- momento em que a emoção sobrepujou instituições congêneres), soube, através de
ram para Goiania, onde ao lado da Sra. os sentimentos sempre contidos e, num seus texto claros e precisos, levar à popu-
Marília, aquela que é sua esposa e com- instante fortuito, fez com que a lágrima lação em geral, uma noção clara e precisa
panheira de uma vida toda, frutificou sua solitária rolando em silêncio pela face, do que seja a maçonaria e de seus objetivos
existência, dando a Goiás, a natividade de permitiu-me testemunhar uma tempes- e trabalho na construção de uma socieda-
seus 3 filhos e oito netos. Os três filhos e tade de emoções e reminiscências, numa de mais justa e fraterna. Bastava apenas
dois netos, guiados por seu exemplo, abra- “volta ao passado”, em que os olhos do esta fração do trabalho maçônico de Hélio
çaram arte de Hipócrates como profissão. homem feito deram vazão à saudade do Moreira para que já fosse merecedor da
Neste lapso temporal, seu idealismo e sua menino de calças curtas e pés no chão. láurea ora recebida, que chega com atraso
dedicação aos projetos que traçou, ren- Posso dizer que ouvi, naquele instante, Esse não pretendeu ser um texto bio-
deram obras e marcos que o ligam para Manoel Bandeira sussurrando aos seus gráfico, muito menos laudatório. Quer
sempre à história de Goiás, tanto na me- ouvidos, “a casa era por aqui... Onde? sim, render um preito de agradecimen-
dicina, quanto nas letras, nas Procuro-a e não acho”. A usura fez tábua to e reconhecimento a um irmão, amigo
obras sociais, no convívio em rasa da velha pensão Santo Antonio. que, como disse, as mãos invisíveis do
sociedade, na benemerência e, Depois, minha vinda para Goiânia, destino nos aproximaram e a ele devo
claro, na maçonaria. o começo profissional nesta Capital, estas palavras para que saiba, que lhe te-
Esta face de Hélio Moreira as orientações, as dificuldades do dia a nho apreço, reconhecimento e gratidão.
pode ser, e é melhor contada por dia, a mão estendida, juntamente com D. Receba, meu fraterno abraço.
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 17

opinião
LEMBRANÇAS MAÇÔNICAS
DA CIDADE DE GOYAZ – V
Jefferson Soares de Carvalho | Cadeira nº 15

À
s 7:10 horas de uma terça feira, 29 pelo vice-presidente da província, o
de março de 1887, falecia, aos 42 Desembargador João Bonifácio Gomes
anos de idade, o Desembargador de Siqueira.
Dr. Antônio Felix de Bulhões Jardim, Juntamente com Antônio José Inácio
causando grande comoção e tristeza de Azevedo e a tipografia Bastos e Estes jornais foram um importante longa administração, uma cadeia de bri-
na Cidade de Goiás. Um número nun- Irmãos, funda o jornal Monitor Goyano, instrumento de luta política e legiti- gas e insultos recíprocos.
ca visto de pessoas acompanharam seu que circulou entre os anos 1866 e 1869, mação do poder dos grupos políticos, Funda-se o Club Liberal, tendo
sepultamento. sendo seu redator. como os Bulhões Jardim. Em oposição como presidente o Desembargador João
No sétimo dia de seu falecimento, às Em 1872, é nomeado juiz de direito da ao governo, defendia o abolicionismo Bonifácio Gomes Siqueira e como secre-
sete horas manhã, a Loja Azilo da Razão comarca do Rio Paranã. Sucessivamente (com a formação de diversas socieda- tário, Antônio Felix de Bulhões.
acompanhada por grande multidão e de é removido para a comarca de Santa des emancipatórias), a obrigatoriedade Os partidos políticos estruturam-
uma banda de música, prestou homena- Cruz, Rio das Almas e, em 1877, para a do ensino e do papel da instrução como -se entre os anos de 1878 e 1881. O
gem ao Irmão falecido. 2ª vara de órfãos da capital. promotora do desenvolvimento social primeiro a se firmar foi o Liberal di-
A cova, ainda sem monumento, es- Há pedido da Loja Azylo da Razão, da nação. Sua voz despertou a opinião rigido por Antônio Felix de Bulhões,
tava coberta por um pano preto preso funda o jornal Tribuna Livre, que circu- pública que, aos poucos, germinou na tendo com companheiro Antônio José
em cada canto, por castiçais. Coroas or- lou de 20 de fevereiro de 1878 a 24 de insignificante classe média goiana da Caiado, o Cônego Joaquim Vicente e o
navam a sepultura, à cabeceira erguia- dezembro de 1884, com a finalidade de época, os seus ideais. Desembargador Bonifácio Siqueira.
-se o pendão do centro Abolicionista. O defender a Loja dos constantes ataques A família Bulhões, não uma família Em 1878, é removido para comarca
orador da Loja, Antônio José Pereira, fez da Igreja, sendo seu editor juntamente de latifundiários e sim de bacharéis, ini- do Rio das Mortes, sob o pseudônimo
um eloquente discurso. com o grande e ainda desconhecido José ciaram sua ascensão política por volta de Anhanguera, escreve artigos na im-
Antônio Félix de Bulhõe, nasceu na do Patrocínio Marques Tocantins. de 1878 e consegue impor sua forte in- prensa do Rio de Janeiro, tratando das
Cidade de Goiás, no dia 28 de agosto de Também fundou o jornal Goyaz, fluência até meados de 1910. questões férreas da província e da refor-
1845. Poeta, jornalista e político, filho que circulou a partir de 1884, ór- A Província de Goiás teve a frente ma do poder judicial.
do Major Inácio Soares de Bulhões e gão do Partido Libertador; o jornal O de sua administração, por sete anos, Residindo na cidade de São João del
Antônia Emília de Bulhões Jardim. Libertador, em 1885 e o Província de um único presidente: Antero Cícero Rei, é apresentado como candidato à de-
Após ter estudado no Liceu, em 1857, Goiaz, Neles defende as liberdades de Assis. A província não tinha uma putado do 1º distrito. O eleitor, receoso
vai para São Paulo, matriculando-se na públicas, fulmina os opressores das organização partidária, nem repre- por sua ferrenha luta pela abolição da
Faculdade de Direito de São Paulo onde garantias constitucionais do cidadão. sentantes na Assembleia Geral. É en- escravidão, o rejeita.
depois de 8 anos, com 20 anos, conclui o Dele diz o Dr. Jerônimo de Morais: tão, que Antônio Félix de Bulhões in- Após a sua morte, sua mãe reuniu os
curso de Direito. “muitas vezes os seus períodos eram tensifica sua luta para a emancipação seus versos e, em 1906, publicou Poesias
Em 1865, de volta à Cidade de Goiás, cortantes como o bisturi dos cirur- política da província, na esperança do Desembargador Félix de Bulhões.
foi professor de História Sagrada e giões, quando esvurmava as chagas de formas uma consciência política Em 1995, quando da comemora-
Eclesiástica no Seminário Episcopal sociais, ou se convertiam em látegos regional. ção do sesquicentenário do poeta, a
de Santa Cruz, na Cidade de Goiás e é cruéis com que fustigava os adversá- Antero de Assis e os Bulhões entra- Fundação Cultural Pedro Ludovico, edi-
nomeado promotor público na comarca rios desleais…” ram em choque e registrou-se, em sua tou uma segunda edição do livro.

artigo
A contribuição do educador universitário do Século XXI à sociedade
brasileira, por meio da inserção de valores em sua disciplina – VII
Carlos Augusto F. de Viveiros | In memoriam (Texto escrito em dezembro de 2020)
Portanto, o educador universitário do século XXI e morais de nosso povo, pretende ser um agente cor- pensar criticamente, mais do que a transferência de
exercer papel importante na mediação do conheci- responsável pela busca desta cultura através de exem- informações e ou conhecimentos ou habilidades espe-
mento e poderá contribuir com a sociedade brasileira plos e da educação, em busca da formação de profis- cificas, deve contribuir para que os seus alunos sejam
contemporânea por meio de inserção de valores em sionais comprometidos com os elementos de valores pessoas do mundo, a fim de contribuírem como cida-
sua disciplina, mas para que ele possa compreender a éticos e morais como princípios norteadores de suas dãos responsáveis que compreendam a dimensão da
sua importância neste contexto, faz se necessário que condutas profissionais. sua participação na vida da sociedade em que está in-
o mesmo tenha uma formação mais humanista, já que O educador universitário contemporâneo com o serido e que desempenhem um papel construtivo em
maioria não possui licenciatura que lhe daria uma vi- emprego dos meios adequados para inserção de valo- suas comunidades.
são que a educação é uma pratica social que proporcio- res éticos, o que é bem e o que mal, o que deve fazer e Em face do exposto, que as instituições de ensino
nal ao individuo conhecimentos e habilidades ao seu o que não deve fazer, podem contribuir de forma posi- brasileiro, tenham como premissa a formação de pro-
convívio em sociedade. tiva com a consciência ética na formação de educando fissionais com conhecimentos e habilidades técnicas,
Considerações finais em cidadão engajados nas suas comunidades, tal como bem como, com conhecimentos humanistas e quando
Como apontado pelos autores acima mencionados, acontece com a aplicação do programa educativo do ocuparem os cargos nas esferas de Poderes, que pos-
a educação poderá contribuir de forma positiva para o Movimento Escoteiro, que além de proporcionar co- sam emitir decisões que realmente sejam de interesse
resgate dos valores que estão sendo deixados para trás nhecimentos e habilidades, também proporciona cons- da sociedade, como verdadeiros representantes da so-
pela nossa sociedade contemporânea e nesse proces- ciência de valores éticos que certamente contribuirão ciedade brasileira formada pelo índio, negro, branco e
so tem papel fundamental o educador do século XXI, na formação do comportamento moral dos homens em pelos imigrantes e não apenas por interesses pessoais
através dele pode-se construir uma nova sociedade suas sociedades. E também como ocorrem com algu- e/ou de grupos.
mais justa, igualitária, e fraterna, e neste contexto, en- mas profissões que possuem os seus códigos de ética Por fim, pelos relatos acima podemos constatar que
tra o elemento importante que é o professor univer- profissional as que os profissionais devem observar. a sociedade brasileira, de uma forma geral, acredita
sitário que conforme evidenciado pelos autores acima Afim, de atender os objetivos almejados deverá de- que a educação poderá contribuir de forma positiva na
poderão contribuir com as mudanças de paradigmas senvolver estratégias educacionais que garantam o re- formação de uma nova mentalidade na nossa socieda-
em que vive a atual sociedade brasileira. conhecimento da educação pela relevância do papel e de, com a contribuição do professor universitário por
O professor universitário dos tempos atuais deve pelo impacto gerado pela mesma na sociedade e cons- meio da inserção de valores morais e éticos na trans-
estar atento ao seu papel de agente transformador e cientes dos seus papeis. missão e mediação do conhecimento em sua disciplina
colaborador das exigências que a sociedade brasileira Percebemos, portanto, que os educadores univer- e podemos, ainda, dizer que a educação exercer papel
tanto almeja, dispondo-se a ser um elemento compro- sitários do século XXI devem, também, educar para importante na formação de uma sociedade.
metido com a necessidade de destacar os valores éticos a liberdade e procurar desenvolver a capacidade de n
18 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

O que conduzia a cerimônia estava ladeado por


crônica seis outros homens (três de cada lado) perguntou ao
viajante: – O que desejas?
– Ver a luz, respondeu o viajante
MISTÉRIOS!!! Os caminhos que tem que percorrer são ásperos
e terríveis, não receias entrar neles?
– Não receio nada!
Hélio Moreira | Cadeira nº 27 – Se deres mais um passo para frente, não será

O
permitido retroceder. Pensa bem!
famoso escritor francês, Alexandre Dumas O narrador nos apresenta o possível candidato: – Não hei de parar senão quando chegar ao fim
(pai), no seu livro “Memórias de um médico – Parecia ser um homem de 30 a 32 anos de idade, es- – Estás pronto a jurar?
– José Bálsamo”, escrito entre 1846 e 1853, e tatura mediana, musculoso e ágil nos movimentos, – Dita-me o juramento e repeti-lo-ei.
publicado no Brasil pela primeira vez em 1935, des- vestia uma sobrecasaca de veludo preto com botões Dois fantasmas aproximaram-se do desconheci-
creve a cerimônia de uma possível aceitação de um de ouro. Quanto ao rosto, tinha os traços dos tipos do, que inclinou a cabeça; um deles colocou-lhe uma
candidato na Ordem maçônica. meridionais – mistura de força e fineza. fita de seda vermelha com emblemas de prata, tendo
O local escolhido pelo narrador é um antigo De repente, continua o narrador, no meio da ao centro uma imagem de Nossa Senhora de Loreto;
Castelo (da época das cruzadas), no Monte Trovão, mata, surgiu um Castelo, alguém passou a cami- o outro atou-lhe as duas pontas da fita sobre a nuca,
localizado à margem esquerda do rio Reno, perto da nhar na sua retaguarda, segurando uma fonte de depois afastaram-se.
cidade Imperial de Worms. Após descrever o am- luz e disse-lhe: Não olhe para traz, não fales; mas se – Que pedes? Perguntou-lhe o Presidente
biente, com a magia que caracterizou a escrita do tens medo, disse uma terceira voz, torne a tomar o – Três coisas, respondeu o neófito
nosso fratelli e provável companheiro da Arte Real caminho da planície, isto significará que renuncias. – Quais são?
e que, por oportuno, transcrevo um pequeno trecho: Deixaremos que volte para o lugar de onde vieste. – A mão de ferro, a espada de fogo, as balanças
“Quando a noite torna mais espessa a sombra O viajante fez um gesto com a mão e continuou de diamantes.
dos carvalhos, e os últimos raios do sol vem, já a seu caminho rumo ao Castelo, taparam-lhe os olhos – Para que desejas a mão de ferro?
morrer, dourar as cumiadas dessa família de gi- com lenço molhado e ele, parecendo que sabia o que – Para esmagar a tirania
gantes, dir-se-ia que o silêncio desce pouco a pouco estava acontecendo, não fez nenhum gesto para re- – Para que desejas a espada de fogo?
desses sublimes degraus do céu até a planície, que tirar a venda, apenas estendeu a mão, como se fora – Para expulsar da terra o que não for puro e de
um braço poderoso e invisível lhe tira dos ombros um cego que procurava um guia; imediatamente bons costumes
para o estender sobre o mundo, cansado dos traba- outra mão, mais fria, pegou nos dedos do viajante e – Para que desejas as balanças de diamante?
lhos e do tumulto do dia, esse grande véu azul em iniciaram a caminhada, rumo ao interior do Castelo; – Para pesar os destinos da humanidade
que cintilam as estrelas da noite. Então tudo passa antes encontraram alguns degraus que foram galga- – Estás preparado para as provas?
insensivelmente da vigília ao sono, tudo adormece dos um por um, neste momento as portas de entrada – O forte está preparado para tudo
na terra e no espaço.” do Castelo foram fechadas. – Provas, Provas! exclamam muitas vozes!

Legislativo, onde maçons tinham forte


opinião presença. O Imperador se sentiu afron-
tado com a atitude dos religiosos, que

A MAÇONARIA E A desrespeitavam a Constituição e desa-


fiavam a sua autoridade e mandou que
levantassem os interditos. Ao se nega-
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA – I rem a fazê-lo os bispos foram presos e
condenados a trabalhos forçados.
Embora até aquele momento a Igreja
Michael Winetzki | Colaborador

D
conservadora fosse um dos esteios do
e modo diferente do que ocorreu nação que poderia resultar na formação A punição do Ten. Cel. Sena Império, responsável por grande parte
na Independência do Brasil e na de muitos estados independentes, como Madureira, que era amigo do Imperador, das instituições de educação e saúde, a
Lei Áurea, que foram processos aconteceu em toda a América Latina, por ter discutido com o Ministro da crise tomou grandes proporções e a D.
conduzidos com importante participa- mas a partir da consolidação da monar- Guerra que era um civil, criou uma cor- Pedro II teve comprometido o apoio que
ção da maçonaria, a Proclamação da quia se estabeleceram duas correntes rente de protestos nas Forças Armadas e as autoridades religiosas lhe proporcio-
República, embora tenha tido a parti- políticas, conservadores e liberais, mo- levantou a Questão Militar, que acabou navam. D. Pedro II não era maçom e não
cipação de, maçons não foi um evento narquistas e republicanos, e em ambas incluindo a reivindicação por melhores tinha simpatia especial pela Ordem,
patrocinado pela Ordem, mas por uma atuavam ilustres maçons. salários e equipamentos mais modernos mas no Governo havia maçons em al-
reunião de forças vivas, políticas, eco- Eclodiam movimentos separatistas e o ideário positivista que levava à rei- tos cargos que devem tê-lo aconselhado
nômicas e religiosas. por todo o país, fundamentados em vindicação de um Estado laico e repu- nesta atitude. Ao confrontar a Igreja e
Havia também irmãos monarquis- ideias republicanas. O governo imperial blicano e da escolha de um governante perder o seu apoio o Império enfraque-
tas, ricos e nobres, opondo-se as ideias combatia esses movimentos, muitos de- que conduzisse o país atendendo às rei- ceu ainda mais.
republicanas, mas talvez a principal ra- les organizados por maçons e também vindicações populares
zão para deflagrar o movimento tenha combatidos por maçons. Assim foi com Na Escola Militar o Professor Ten. A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
sido a bela senhora Maria Adelaide de a Guerra dos Mascates em 1710, com a Cel. Benjamin Constant, maçom e po- Na mesma época uma outra ques-
Andrade Neves Meireles, filha do Barão Inconfidência Mineira em 1788, com a sitivista, que era adorado pelos oficiais tão estava sendo discutida nas Lojas
de Triunfo e por quem Deodoro da Revolução Pernambucana de 1817, com mais jovens, incutia as ideias republica- Maçônicas e nas reuniões políticas, a
Fonseca havia se apaixonado, quando a Confederação do Equador em 1824, nas na oficialidade. fim da escravidão. Na maçonaria o ideal
comandava a tropa no RS, embora fosse com a Sabinada em 1837 e a Revolução da Abolição caminhava ao lado da cam-
casado. A viúva Maria Adelaide prefe- Farroupilha de 1835 liderada pelos ma- A QUESTÃO RELIGIOSA panha republicana, conduzida por uma
riu ficar com o político gaúcho Gaspar çons Bento Gonçalves e Davi Canabarro. Também na década de 1870, finda geração de jovens e brilhantes maçons
Silveira Martins, e isso criou uma ini- Em 1842 o maçom Caxias combateria o a Guerra do Paraguai, com o exército e intelectuais como José do Patrocínio,
mizade feroz e permanente entre ambos também maçom Padre Diogo Antônio lutando por uma fatia de poder, outra Saldanha Marinho, Quintino Bocaiuva,
que seria cristalizada na Proclamação Feijó, que liderava uma revolução em grave crise afeta o Império. Foi o en- Luiz Gama, Castro Alves e outros, sem
da República. Não foi a primeira, nem São Paulo apesar de ter sido regente de frentamento entre a Igreja Católica e títulos de nobreza, mas com grande
será a última vez que o amor por uma D. Pedro II. Três eventos foram deter- a Maçonaria que acabou-se tornando prestígio popular.
mulher decide o destino de uma nação. minantes para a queda do Império: a uma questão política e uma queda de A maçonaria defendia nas Lojas as
Os ideais republicanos vicejavam Guerra do Paraguai e a revolta dos mi- braços entre o Imperador e a Igreja. leis antiescravistas como a lei do Ventre
na Europa há pelo menos um século e litares, a Questão Religiosa e a Abolição Na época associações, civis ou reli- Livre de 1871, a dos Sexagenários de 1885
eram trazidos pelos brasileiros que es- da escravatura. giosas, eram autorizadas e regidas pelo e finalmente a Lei Áurea de 1888, cujo
tudavam em Portugal, na França e na governo. Dois bispos ultraconservado- texto foi redigido por José do Patrocínio
Inglaterra. Com a finalidade de lutar A REVOLTA DOS MILITARES res, Dom Vital de Oliveira de Olinda e assinado pela Princesa Isabel. Diversas
pela independência a Loja Comércio e Em 1870 a Tríplice Aliança vencia a e Dom Macedo Costa do Pará, interdi- Lojas como a Vigilância e Fé, de São Borja
Artes se dividiu em três e em junho de Guerra do Paraguai que matou cerca de taram irmandades que funcionavam – RS, Loja Independência e Regeneração
1822 criou Grande Oriente Brasílico, a 480.000 pessoas, sendo mais de 300.000 legalmente porque tinham membros III, ambas de Campinas – SP, aprovaram
primeira obediência maçônica. paraguaios. O exército vitorioso retor- maçons. Os dois Grandes Orientes na e difundiram um manifesto contrário ao
Com o retorno de D. Pedro I a nou com grande força política, mas foi época se uniram contra a ação da Igreja Terceiro Reinado e a favor da abolição.
Portugal, a luta da maçonaria passou a calado pela aristocracia imperial. O im- e os seus Grão-Mestres, Visconde do Outras Lojas como a Perseverança III de
ser a antecipação da maioridade de D. perador proibiu a manifestação pública Rio Branco e Saldanha Marinho pro- Sorocaba realizavam coletas para adqui-
Pedro II, para evitar o caos político da das opiniões dos militares. testaram publicamente e também no rir cartas de alforria para escravos.
Continua na próxima edição...
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 19

tempo de estudo
O CARVÃO PODE TORNAR-SE
DIAMENTE, MAS A LAPIDAÇÃO
É O QUE DÁ O BRILHO
E
m química aprendemos que existe uma proprie- assim surgiu o convite. E assim começamos
dade das substâncias ditas simples chamada nossa caminhada e vamos construindo nos-
Alotropia. Essa substância esta associada ao fato sa estrada na maçonaria.
de duas substâncias simples (formadas pelo mesmo e No nosso processo de aprendiz a mes-
único elemento químico) serem totalmente diferentes tre, e depois nos altos graus, e paralelamen-
nas características físicas e químicas. A exemplo dessa te a isso os cargos que vamos ocupando,
propriedade temos o carbono, elemento do grupo dos temos nossa transformação interior, esse é o tempo irmãos aos quais teremos que confrontar por vezes,
ametais que existe naturalmente nas formas de carvão necessário para forjar o diamante que estava oculto encontraremos neles as personalidades que nos desa-
(chamado de grafite) e diamante. (V.I.T.R.I.O.L.), começar a mostrar seu verdadeiro bri- fiarão, que farão, em alguns casos, termos a vontade de
Em relação as propriedades físicas temos que o lho, sua verdadeira identidade de maçom, não aquela lá não voltar e que até criará a nefasta vontade de sair
grafite é um mineral escuro, mole, ótimo condutor de de papel ou plástico que carregamos nas carteiras, afi- da ordem. Essas pressões servirão para dar o acaba-
eletricidade e com alto ponto de fusão, por isso muito nal nossa verdadeira identidade é aquela que mostra- mento do carvão em diamante, nos fazendo resistentes
usado em componentes eletrônicos. Por outro lado o mos aos outros na forma de tratar as pessoas, viver em aos golpes dos malhos da vida e, por fim, completar a
diamante é um mineral transparente, não condutor de loja, na sociedade e na família. transformação.
eletricidade, sendo o mineral mais duro que existe. O A verdadeira transformação leva tempo, na ma- No entanto todo diamante bruto não tem brilho,
curioso é que ambos são constituídos exclusivamente çonaria o carvão se transformará em diamante com não tem a beleza completa até que seja lapidado, e o
por átomos de carbono que diferem entre si na forma o tempo e as condições certas. Assim como na na- curioso é que quem pode fazer isso é somente outro
em que estão organizados e ligados. tureza deveremos passar pelas altas temperaturas diamante, pois terá a mesma dureza capaz de cortar
O curioso dessa relação entre eles é que um se con- simbolizadas pelas paixões ardentes que não deve- e lapidar, ou seja, somente seremos realmente trans-
verte em outro, isto é, o carvão se converte em diaman- mos deixar nos consumir, não as paixões da carne, formados pela lapidação de um mestre que também
te, naturalmente e artificialmente pela ação de altas mas as paixões do espírito, nossas convicções que passou pelas lutas, pressões e temperaturas. O bri-
temperaturas, cerca de 800 ºC e pressões equivalente acreditamos ser a verdade absoluta e que por vezes lho final é sabedoria daqueles que verdadeiramente
a 50000 vezes a pressão atmosférica, sendo ainda que temos que abandonar para poder seguir em paz e aprenderam na vida e com ela, daqueles que após
esse processo é muito lento, levando milhares de anos felizes, paixões essas que nos faziam arder nas altas a experiência sabem como as dores são capazes de
para ocorrer em camadas profundas da crosta terres- temperaturas do egoísmo, da autoconfiança e certe- criar o corte preciso que produzirá o reflexo da luz
tre. No entanto isso pode ser feito de forma artificial, za de que éramos os únicos certos frente a toda uma que poderá brilhar para outro mostrando o cami-
submetendo o grafite a pressões e temperaturas maio- assembleia de errados. Essas ardentes convicções do nho. E assim, teremos concluído nossa transforma-
res em um equipamento por cerca de uma semana, as- espírito e da alma queimam nosso orgulho, e quan- ção e agora poderemos projetar a luz a guiar aos no-
sim podemos forçar o fenômeno a ocorrer. do as deixamos sobram as cinzas, os restos que fi- vos que chegarão.
Claro que as características do diamante artificial nalmente entendemos ser necessário deixar para Portanto devemos buscar a sabedoria do alto e dos
não são tão especiais quanto a do natural que teve o trás para seguir a frente. mais sábios, espelhar-nos nos verdadeiros mestres,
tempo necessário para a conversão acontecer, ou seja, E combinado com as altas temperaturas temos as que muitas vezes não terão os aventais mais brilhantes
não terá a mesma beleza e perfeição daquele natural. altas pressões, essas sim completarão a transforma- e ornados, para ter o discernimento que nem tudo que
Fazendo uma analogia com nossa ordem é possí- ção do homem maçom. As pressões são todas as difi- parece ruim o e de fato, que são essas temperaturas
vel tirarmos muitos e sábios ensinamentos com essa culdades que passaremos, todas as questões que nos altas e essas pressões que conseguirão fazer em cada
transformação. farão por vezes sofrer, aquelas que em determinados um de nós a verdadeira transformação de carvão em
Ao iniciarmos na maçonaria somos a pedra bruta, momentos serão o maior peso que sentiremos sobre diamante, de profano em maçom. Não podemos des-
o carvão escuro, sem forma e sem brilho, no entanto nós, como se o mundo todo estivesse a nos pressionar. prezar as dificuldades e as lições, afinal sem elas o
alguém viu em nós, em nosso interior, um brilho ain- Conflitos familiares, problemas do nosso trabalho e aprendizado não acontece. Maktub! Se não acontecer,
da modesto e ofuscado, mas com capacidade de surgir dificuldades que enfrentaremos nas nossas lojas. Sim, não se completará.
e encantar. Esse foi o nosso padrinho, aquele que en- teremos problemas e dificuldades nas nossas lojas, Maktub é uma palavra de origem árabe que signifi-
xergou o que nem nós sabíamos que poderia existir, e pois não devemos nos esquecer que lá estão nossos ca "estava escrito" ou "tinha que acontecer".

opinião para um “bate-papo” mais prolongado.


Estou eufórico, pois chegamos aos vin-
de Aprendiz do Rito Escocês Antigo
e Aceito – do irmão Joaquim da Silva
te anos, e isso, na Imprensa Maçônica é Pires; “El Judaismo de Pessoa” – irmão

IMPRENSA MAÇÔNICA – IV uma grande vitória. Para alguém fora do


ramo, isso não representa muito, todavia,
Antonio José Escudeiro Rios e Joaquim
Ledo; “A 47ª Proposição de Euclides”
para mim que palmilhei essa estrada dia – irmãos Nilton Rudolfo Silva Jr. e Rui
Absaí Gomes Brito | Cadeira nº 18 a dia, semana a semana, mês a mês, ano a Jung Neto e vários outros.

D
ano, foi uma longa jornada. Por isso, hoje, Com a Pandemia e alguns transtor-
ando sequência ao trabalho so- colorida e editorial assinado por Assis aqui neste meu recanto, neste pedaço de nos como Caixa Postal fechada e ou-
bre Imprensa Maçônica, vamos Carvalho, analisando os 10 anos de página, vou fechar os olhos e voltar para tras, a última Edição que nos chegou
comentar sobre uma Revista de circulação e artigo do então Presidente abril de 1971...”. às mãos, é a de nº 426, de Abril de 2022,
circulação já cinquentenária, a saber: da Academia Brasileira Maçônica de Na edição comemorativa de 20 anos, correspondente aos 51 anos da Revista A
Revista Maçônica A TROLHA, com as Letras, Morivalde Calvet Fagundes, com vários trabalhos foram publicados, des- TROLHA, já com nova Direção, com ex-
seguintes características: 3 laudas e título de O Dever de Propor, tacando-se: “Usos e Costumes” – ir- celentes trabalhos publicados, em desta-
Ano 1 nº 1 – Abril de 1971. além de trinta e cinco materiais de as- mão José Isola; “Pedra Bruta” – irmão que: “Maçonaria e Iluminismo” – irmão
Redator: Assis Carvalho. suntos diversos, como o do Pe. Valério Murillo McMurray Lopes; “Verdade Castellani; “Graus Superiores do Rito
Nome de Boletim Informativo da Loja Alberton, S. J. e título “Ferrer Benimeli e ou Mentira” – irmão Walson Antonio Escocês Antigo e Aceito” – irmão Marcos
”Fraternidade Jandaiense”, de Jandaia do a Ordem Maçônica”, dizendo no primei- Gardelin; “Pitágoras” – irmão Humberto A.D. Noronha; “Louvando a Paz”, irmão
Sul – Paraná, com 4 paginas e Patrocínio ro parágrafo: “O Pe. José Antônio Ferrer Fernandes, e outros mais. Antônio do Carmo Ferreira; “Virtude”
do Centro de Estudos Maçônicos. Benimeli, da Providência de Aragão, Com a edição nº 174, de Abril de – irmão Luiz Roberto Vasconcellos;
A TROLHA, como Boletim Espanha, é um especialista em assun- 2001, a Revista Mensal circulação “Significância da morte na Maçonaria
Informativo Maçônico “Alécio José tos maçonólogos, já muito conhecido...”, Internacional, chegou aos 30 anos, com Simbólica” – irmão Lúcio Antônio Neves
Gomes”, funcionou até os nºs 8, 9 e 10, seguindo-se outras matérias interes- o editorial: “Como diz a canção: “Eu hoje Furtado; “Templários e Maçons, uma
ano 9, mês de Dezembro de 1979, com santes, como: MASSONERI A CHIESA acordei sorrindo”, vendo o mundo de Conexão Escocesa? – irmão Eugenio
32 páginas. O nº 11 – Junho de 1980, CATTOLICA IERI, OGGI EDOMANI, outro jeito, tudo ao redor estava lindo, Tschelakon; “A Catedral de Chartres” –
com o mesmo nome, porém já Revista escrita por José A. Ferrer Benimeli, inundando de alegria meu velho pei- irmão Joaquim Roberto Pinto Cortez.
Maçônica, circulou normalmente. Giovanni Caprile – Roma – Edizioni to. Pois minha filha querida, tesouro e Fizemos apenas uma rápida aborda-
Na sequência, saiu o nº 12, ano 4, PAOLINE, 1979, 8º, 256 páginas.” sonho da minha vida, marcava em seu gem sobre a Imprensa Maçônica, pois
Dezembro de 1980, com 46 pgs e índice Com a edição nº 54, de Abril de 1991, calendário mais uma data festiva – seu muitas outras publicações estão circu-
variado de matéria. a Revista chegou aos vinte anos de cir- trigésimo aniversário”. lando pelo Brasil afora.
O nº 13 – Setembro de 1981, conside- culação, e o editor, no início de sua fala, Matérias de grande relevância fo- Voltaremos ao assunto em futuras
rado Edição Nacional, surgiu com capa disse: “meu Irmão, peço-lhe permissão ram publicadas, entre as quais: “Rituais edições.
...Continua na próxima edição.
20 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

crônica
Historia da Loja Maçônica Asilo
LOJA MAÇÔNICA ASILO DA RAZÃO da Razão no ideal abolicionista
da Cidade de Goiás
Waltercílio Gonçalves | Colaborador

E
m 21 de agosto de 1835, há 186 anos passados seus membros com a finalidade de amealhar fundos
(2021), portanto, era lançada às margens do len- para a compra de “cartas de alforria”, propiciando a
dário Rio Vermelho, em Vila Boa de Goiás, a pri- liberdade de muitos escravos.
meira semente do ideal maçônico em nosso Estado. Quando Maçons da cidade de Goiás receberam
Oriunda da Loja Maçônica “Razão”, do Oriente de cerca de vinte dias depois, a notícia da assinatura da
Cuibá MT., foi fundada pelos maçons: Sêneca, Bion e Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, alegravam-se com
Fenelon. Tais pseudônimos escondiam a verdadeira a constatação de que para a antiga Vila Boa, aquela lei
identidade daquela idealistas, para escaparem à impla- tornara-se sem efeito. A maçonaria havia libertado to-
cável perseguição moda contra a Maçonaria naquela dos os seus escravos. Conta-se que os últimos recebe-
época. ram sua liberdade à beira do túmulo de um valente
Iniciava-se então, uma luta sem tréguas contra os Maçom que muito lutou em prol do ideal abolicionista,
escravagistas que teimavam em manter cativos a seu tendo sido colocados junto a seu esquife, os derradei-
serviço, maculando os princípios de liberdade, ferindo ros grilhões que mantinham cativos na capital deste
a dignidade mínima da condição humana; reduzindo- Estado, nossos irmãos de cor negra.
-a ao estado de barbárie, e dos irracionais. Finalizamos repetindo uma estrofe do HYMNO
Asilo da Razão proibia terminantemente que qual- ABOLICIONISTA, de autoria de F. Bulhões, com mú-
quer membro de seu quadro tivesse escravos sob seu sica de J. M. Tocantis. Este hino foi cantado na festa Lava, escravo d’essa fronte
jugo, estabelecendo a indispensável coerência entre o que marcou a instalação do Centro Libertador da O sêllo da escravidão;
que se prega e o que se pratica. Numa atitude corajosa, Maçonaria Vilaboense, no antigo Teatro São Joaquim, Já desponta no horizonte
quanto altruísta, passa a arrecadar numerário entre em 01 de janeiro de 1885. Sua terceira estrofe diz: A aurora da redempção.
(Retirado do Portal Virtual Maçonaria Ensina)

Maçonaria. É côncavo e nele podem ser Cruzeiro do Sul para determinar os pon-
tempo de estudo vistas grandes constelações e estrelas
isoladas de ambos os hemisférios celes-
tos cardeais.
A Constelação do Cruzeiro do Sul
tes. A decoração é livre. Apenas deve é formada por 56 estrelas, das quais 5

OS ASTROS E OS CARGOS ter o Sol no centro do Oriente, em um


céu claro, bem iluminado; a Lua bem no
são vistas a olho nu. Uma delas, cha-
mada Intrometida, está fora dos eixos

ADMINISTRATIVOS EM LOJA – I
Ocidente, em um céu onde já predomi- das outras que se chamam Estrela de
na a noite; e, no centro do Templo, mais Magalhães, Mimosa, Rubídea e Pálida,
para o Sul, o próprio Cruzeiro do Sul. O ocupando uma posição acima delas
João Paulo Abinagem | Colaborador Ocidente é também pintado de azul-ce- que formam a cruz, configurando desse

T
leste, com dois frisos superiores brancos. modo um formato de pirâmide ou penta-
odos sabem que nenhuma alegoria gravar para a eternidade os fatos de for- Sobre a Cruzeiro do Sul não há do grama. O pentagrama ou estrela de cinco
em Loja é em vão, são todas carrega- ma fria e exata. Ele é o controlador rígi- ponto de vista mitológico nenhuma pontas simboliza o Homem na tradição
das de significado. E não é diferente do da ordem dos processos e cioso pela história. No entanto, historicamente foi iniciática.
com os astros da abóbada celeste, isto é, documentação dentro das normas. Já muito importante para a humanidade A relação do Cruzeiro do Sul com
as imagens insculpidas sob o teto da Loja. segundo CASTELLANI, o Secretário as- no Século XVI, no período das grandes o Brasil é profunda, provinda desde o
Conforme CARLOS SOUSA ensina, os simila-se na verdade com a Lua, pois re- navegações. Navegantes como Américo descobrimento quando em razão do
cargos seguem a seguinte disposição: flete as conclusões legais do Orador, que Vespúcio, Vasco da Gama, Pedro misticismo derivado do conhecimento
– Venerável Mestre – assimilado ao se assimila ao sol na definição do autor. Álvares Cabral e Fernão de Magalhães, que as Ordens Secretas tinham sobre o
planeta Júpiter, no panteão dos deuses – Tesoureiro – associado a Cronos iniciados na Escola de Sagres, quando Cruzeiro do Sul e o Brasil, a terra recebeu
babilônicos simbolizava a sabedoria. (Saturno, para os romanos), pai de Zeus ultrapassavam a linha do equador bus- o nome de Ilha de Vera Cruz, mudado
Rege a visão, a prosperidade, a miseri- e filho de Urano, um dos deuses primor- cavam a “cruz” no céu para seguirem a posteriormente para Terra de Vera Cruz
córdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre diais, que, com Gaia (a Terra) estava no direção sul. e Terra de Santa Cruz.
e a felicidade. Felicidade neste caso vista início de todas as coisas, simboliza a ri- Fernão de Magalhães foi o primei- O Cruzeiro do Sul se faz presente na
como plenitude. queza. Recebe a simbologia da Lua em ro navegador a realizar a circunavega- bandeira do Brasil, como no pavilhão de
– Orador – está relacionado com sua atividade. A atividade de receber os ção da Terra, guiado exatamente pelo mais 4 países: Austrália, Nova Zelândia,
Mercúrio, o planeta que rege a expres- metais e de organizar o movimento fi- Cruzeiro do Sul. João Esmenelau, ou Papua-Nova Guiné e Samoa. A bandei-
são da Verdade, pois é o “enviado de nanceiro da Loja é considerada por lidar Mestre João, o astrônomo da expedição ra brasileira mostra as estrelas vistas na
Deus”. Mercúrio tem asas nos pés e é o com a frieza dos números. A Lua rege a de Pedro Álvares Cabral em 1500, foi a manhã do dia 15 de novembro de 1889,
porta-voz, aquele que dá as boas vindas família, a cidade, o lar e o corpo; portan- primeira pessoa que fez a descrição da dia em que o Império foi substituído pela
e domina os escritos. Por outro lado, to rege o Templo. representação da cruz no céu. República.
segundo CASTELLANI, o Orador asso- – Mestre de Cerimônias – assimilado A Escola de Sagres fundada pelo Como visto, apesar do esforço da le-
cia-se mesmo ao Sol, pois dele emana a ao planeta Mercúrio, o deus veloz e astu- infante Dom Henrique não era simples- galidade dos ritos, há divergências dou-
Luz, como guarda da lei maçônica e res- to. Está relacionado ao planeta Sol. O Sol mente uma escola de navegação, mas trinárias profundas na correspondência
ponsável pelas peças de arquitetura, ou caminha diariamente pelo Céu, levando também uma escola de misticismo. Com entre os astros e os cargos ocupados,
seja, discursos. e trazendo a existência, a verdade e a jus- a dissolução da Ordem do Templo, esta porém, em suma o mais importante é
– 1º Vigilante – é associado ao planeta tiça. É ele que anima a vida e que circula se dividiu em outras, como a Ordem de notar que assim como o universo traba-
Marte, que era o senhor da guerra, sim- no oriente e no ocidente. Avis, a Ordem de Calatrava, a Ordem de lha de forma justa e perfeita segundo a
bolizando a força. Marte rege o início, Quanto às estrelas da abóbada celes- Cristo e a Ordem de Malta, cuja símbolo utilidade de cada astro que o compõe,
a coragem, o pioneirismo e o impulso. te, interessante notar que a Constelação da cruz atribuído a Vasco da Gama fi- também é a Loja com os irmãos que
Alguns estudiosos maçônicos afirmam do Cruzeiro do Sul está incluída na gurava nas caravelas de Cabral e outros ocupam cada cargo que a compõe. Cada
que Marte deveria encontrar-se no átrio abóbada dos templos do Rito Brasileiro, navegantes. O descobrimento do Novo cargo requer um estilo, uma personali-
da loja, ou, em sua falta, na Sala dos certamente para simbolizar a origem do Mundo foi resultado das viagens desses dade e atitude específicos, assim como
Passos Perdidos, haja vista no interior da Rito no nosso hemisfério sul, aqui no navegantes em direção ao ocidente, res- cada planeta é extremamente diferente
Loja só haver espaço para a paz, nunca Brasil. paldados pelas ações dessas ordens li- entre si. Assim é o mundo, assim é tam-
para a guerra. Contudo, no hemisfério norte a cons- gadas à Maçonaria. Se o Polo Norte tem bém o universo. E com a Loja não pode-
– 2º Vigilante – é assimilado ao pla- telação visível a olho nu é diferente, ra- a Polaris como sua estrela guia, que faz ria ser diferente.
neta Vênus, feminilizado na mitologia zão pela qual nele se inclui a Ursa Maior parte da Constelação da Ursa Menor, o Vários diferentes fazem o todo fun-
babilônica e, sendo a deusa mágica da ao invés da Cruzeiro do Sul. Polo Sul na falta de uma estrela guia, cionar, se o trabalho for justo e perfeito,
fertilidade e do amor, simboliza a beleza. Adotado pelo Grande Oriente do tem na sua constelação guia a Crux sem ocasionar reparos. É claro que isso
Vênus rege a harmonia, o prazer, a ale- Brasil, o Rito Brasileiro segue uma dis- Australia ou Constelação do Cruzeiro beira à utopia, pois erros sempre existi-
gria, e a beleza como reflexo da manifes- posição estelar baseada na simplicidade. do Sul como é mais popularmente rão, todavia, o exemplo a seguir nunca
tação do GADU. Eis a instrução do seu ritual: conhecida. deve ser o errado, mas sim o perfeito. A
– Secretário – relaciona-se com o O teto de uma Loja do Rito Brasileiro No tocante aos aborígenes, os ín- inatingível perfeição é o Cruzeiro do Sul
planeta Saturno. É ele o responsável por é azul e demonstra a universalidade da dios tupis-guaranis se utilizavam do a nos guiar.
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 21

Considerando que: “embora a e do ódio são alarmantes.” E ontem


tempo de estudo Maçonaria não seja uma religião e dia 15 completou-se 132 anos da pro-
proclame a liberdade absoluta de clamação da República, em 1889.
consciência, crê no Ente Supremo, O Brasil desde o processo da aber-
TOLERÂNCIA – II o G∴ A∴ D∴ U∴, que é Deus, e os
Maçons não se empenham em em-
tura política na década de 1980, men-
cionado, vem enfrentando crise sócio-
Célio Cézar de Moura Gomes | Colaborador presa importante sem primeiro O in-
vocarem”. E levando em conta que a
-política e econômica decorrente de
desvios na conduta ética nos três pode-
Assim a história da humanidade minimizar as perdas consequentes. abertura da porta de saída desta cri- res da república – executivo, legislativo
vai se desenrolando, enquanto aqui Decorrem deste ambiente de descon- se não é tarefa para uma única men- e judiciário – tendo optado a enfrentar
no Brasil, além da Pandemia, esta- forto, altamente estressante, insegu- te humana, é hora da Maçonaria, este imbróglio via Justiça, como falado.
mos vivenciando e tolerando, desde rança, desesperança, desemprego e que forma universalmente esta ca- Esta opção antecede a instituição do
os anos de 1980, crise sócio-política e várias incertezas sobre o futuro, inclu- deia de união de irmãos, compro- Dia Internacional da Tolerância, citada
econômica decorrente de desvios na sive de natureza política pela acirrada missada com seus fins supremos acima, e se serviu de exemplo para tal
conduta ética nos três poderes da re- disputa entre, principalmente, extre- de LIBERDADE, IGUALDADE E fim, não sei, mas até então estes tipos
pública – executivo, legislativo e judi- mos conhecidos como de esquerda e FRATERNIDADE se colocar à dis- de conflitos mundialmente costuma-
ciário –. Isto está caracterizado como direita (a pergunta é: ao sair desta cri- posição da nossa sociedade e da vam ser resolvidos através de embates
um processo corruptivo, com desvios se nacional e global, seremos um país humanidade para o reencontro das armados. A tolerância é um convite
principalmente de valores do erário comunista ou democrático. Creio, só melhores condições deste novo bem- para a solução deles na távola redonda
público, para satisfação de desejos es- Deus sabe!). -estar para o Brasil e a humanidade, (um símbolo de igualdade).
pecialmente pessoais. Este processo Dentro desta realidade que vive o promovendo virtudes e “cavando Nos tempos atuais de globali-
está sendo considerado o mais gra- país, há alguns anos, fomos atingidos masmorras aos vícios”. É hora pois zação de várias atividades, pouco a
ve entre as nações democráticas no também pela Pandemia identificada de se unir em busca deste novo bem- pouco vem circulado mensagens que
mundo, segundo a mídia nacional e como Covid-19 pela OMS, a partir -estar, ajustando-o a cada realidade há recursos, praticamente, suficientes
internacional, até então: envolvendo de 2020. Agrava a situação descon- social considerando suas culturas para atender a todas as necessidades
Presidentes da República, Ministros fortável que já vivenciávamos, espe- de formação e que até então trouxe- humanas e não humanas. Em lingua-
do STF, Senadores e Deputados vá- cialmente por intervenções políticas ram, cada uma destas comunidades gem popular traduz-se de uma forma
rios do Legislativo além de servidores querendo tirar proveito para si em a existência a mais digna possível, simples: “há cama, comida e roupa
públicos, empresas estatais, como a detrimento da oposição. A ponto de se aos dias de hoje. lavada para todos. Difícil, às vezes, é
Petrobras, e a sociedade civil, através intervir na condução das ações na área Agora um pequeno e grande de- fazer estes recursos chegarem onde há
inclusive de grandes empresas priva- da Saúde, com correntes criando bar- talhe: hoje 16 de novembro é o Dia carências”. Na prática leva ao enten-
das nacionais, como amplamente di- reiras contra a aplica-ção do tratamen- Internacional para a TOLERÂNCIA dimento de que não há mais espaço
vulgado pela mídia oficial e nas redes to imediato ou precoce, desconside- instituído pela ONU, como segue: “A para solução destes conflitos através
sociais digitais, com destaque especial rando, principalmente, várias práticas intolerância manifesta-se em diversas de confrontos armados, seja através
da operação conhecida como Lava-Jato. da medicina baseada em evidências¹². áreas. Com o intuito de combater a fal- de guerras, guerrilhas e ou através
Dentro deste contexto, a sociedade Como podemos perceber sem ta de respeito e estimular a não violên- de quaisquer práticas violentas como
brasileira mostra, a todo ins-tante, seu grandes dificuldades, a situação no cia, a Organização das Nações Unidas, terrorismos, etc. e nem de práticas
interesse em resolver este imbróglio Brasil e no mundo é muito estressante, ONU, instituiu o Dia Internacional da institucionais de ordem política que
através dos caminhos da Justiça, lenta e isto trará ônus elevado para toda a Tolerância em 16 de novembro de 1995, promovam escravização de forma
e falha também, tendo-a como o me- população não só aqui mas para a hu- em referência à Declaração de Paris, dissimulada.
lhor guia protetor da sociedade, para manidade em seu todo. Resolução nº 51. Dados da intolerância n

artigo
História, memória, fronteira e
alteridade nas cartas de Goiás de
A SOMBRA DAS IMPRESSÕES – I Carlos Pereira de Magalhães.
Gleisson Ferreira | Colaborador

O
Brasil foi visto por muito tem- impressões que Magalhães denota em relatam fugas de escravos e aquilom- agreste do Cerrado) cujas lições de
po, externa e internamente, seus escritos sobre Goiás, especifica- bamento, em um testemunho distante vida retira da observação da natureza.
através da ótica de viajantes mente em relação à história e memó- no tempo, que pode atestar reivindica- As visões de mundo em questão
europeus que percorreram diversas rias que registra em Lavrinhas de São ções identitárias atuais na região. são forjadas a partir do contato com
regiões do país e registraram suas ex- Sebastião. Os depoimentos que tomou foram o outro, ou pelo menos, a partir dele
periências e impressões. Entre essas Na região em questão desenvol- registrados em cartas cujas cópias se evidenciam. Momento em que são
regiões está o atual Estado de Goiás e veram-se comunidades negras que cuidou em salvaguardar e que ora externadas, pelo que lançamos mão
as Lavrinhas de São Sebastião. se reconhecem como remanescentes nos servem de fontes para o desen- também do conceito de alteridade.
Assim a região de Lavrinhas foi de quilombos. A região em questão volvimento deste trabalho. Através do Tanto pelo relato de Carlos Pereira
também descrita por viajantes euro- situa-se no município de São Luiz do conteúdo dessas cartas é que analisa- de Magalhães quanto pelos relatos
peus que registraram aspectos geo- Norte e dista cerca de 250 km da ca- mos as visões de mundo em conflito, (que coletou) dos próprios habitantes
gráficos, ambientais e sociais, ainda pital, Goiânia. Embora nesse trabalho isto é; as do autor e as dos grupos que da região, Lavrinhas foi palco de con-
que brevemente. Mas a região foi tam- não é nosso objetivo discutir tais co- observa, seja o sertanejo goiano, de flitos diversos ao longo do tempo, por
bém objeto da atenção de brasileiros, munidades na atualidade, mas situá- modo geral, e o lavrinhense, de for- constituir um espaço de fronteira.
alguns dos quais ainda pouco conhe- -las historicamente, na análise de uma ma particular. Dessa forma visamos Assim, acaba por remeter-nos, nesse
cidos nos círculos acadêmicos. Entre documentação que pode atestar tais analisar as visões de mundo de Carlos trabalho, a uma delimitação cultural
esses está o paulista Carlos Pereira reivindicações. Pereira de Magalhães e dos sertanejos baseada em visões de mundo que,
de Magalhães, em cuja obra “Cartas Encarregado de fazer a regula- goianos da região de Lavrinhas de por sua vez, remetem à questão das
de Goiás”, registra visões de mundo rização das terras de Lavrinhas, o São Sebastião, confrontando-as para identidades e alteridades.
e alteridades que denotam fronteiras advogado paulista Carlos Pereira de estabelecer um entendimento capaz Em um período em que ações
culturais, especificamente em relação Magalhães esteve na região e regis- de compreender os limites e especifi- afirmativas ganham campo, e direi-
às sociedades de Lavrinhas de São trou os relatos que ouviu dos mora- cidades que envolvem a “visão de si” tos são auferidos por comunidades
Sebastião. Magalhães tem uma visão dores. Entre 1918 e 1925, além das im- e a “visão do outro”. remanescentes de escravos/quilom-
de mundo singular sobre o sertane- pressões que registrou sobre Goiás e Assim buscamos compreender bos, por parte de organismos gover-
jo goiano que, escapa ligeiramente e, teceu considerações sobre os relatos também os limites que envolvem a namentais, acreditamos ser de gran-
até contrasta com a ideia de decadên- memorialísticos da região. Os relatos visão de mundo (forjada por valores de relevância o desenvolvimento de
cia que vigorava a respeito de lugar e que coletou constituem memórias que e símbolos) do homem letrado (de trabalhos como este, por ampliar o
sociedade. dão conta da existência de antigos estirpe europeia e religião protestan- debate sobre temas desse jaez.
Nesse trabalho, portanto, os con- quilombos dentro das terras da antiga te; provavelmente influenciado pelo
ceitos de fronteira e alteridade são sesmaria de Lavrinhas e/ou em suas positivismo) e do homem sertanejo
discutidos em análise às visões e proximidades. Toma depoimentos que (analfabeto, moldado pela natureza Continua na próxima edição...
22 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

direção ao absoluto na busca da verdade,


artigo princípio ultimo e a perfeição final.
Na filosofia maçônica o homem ma-
çom é aquele que pretende alguma reali-
A CONSCIÊNCIA CÓSMICA E OS MAÇONS dade, que busca alcançar a virtude, a sa-
bedoria e para isto ele também procura o
Gesmar José Vieira | Cadeira nº 20 modelo gerador mediante um movimen-

A
to espiritual, uma consciência maior. Na
o rebuscar a mente procura-se no “Espírito que acontece a comunhão com Cósmica”, escrita em 1901, com a primei- lenda de Salomão, quando este construiu
qualificar a subjetividade, a auto- Deus”, o que em outras palavras quer di- ra edição realizada, em língua portugue- o templo ao Deus Único, o fez como si-
consciência, a leniência, a sapiên- zer que consciência humana é parte da sa, pela AMORC, em novembro de 1996. mulacro do cosmo e, neste sentido, a
cia e a capacidade de perceber a relação Alma, pois a partir dele pode ser defini- Em sua obra, “A Consciência construção do próprio universo cabe ao
em cada um dos seres humanos e o am- do o que é certo e o que é errado. Cósmica”, Bucke (1996), responde a maçom, na qualidade de pedreiro opera-
biente, assuntos que foram desenvolvi- “O estudo dos problemas fundamen- pergunta sobre o que significa o termo tivo e especulativo, o que se assemelha à
dos por psicólogos neurologistas e ou tais relacionados ao conhecimento, à ló- consciência cósmica, que em lingua- construção do próprio indivíduo.
cientistas, conforme registros citados em gica, à existência, à verdade, aos valores gem simples traduz-se como sendo a Os maçons operativos construíram
compêndios e dicionários. morais e estéticos, à mente e outros”, tra- “consciência mais elevada do que a do igrejas em louvor ao Grande Arquiteto do
Ao pesquisar em compêndios o con- duz-se como conceito de filosofia, e por ser humano comum e a autoconsciên- Universo e os maçons especulativos cons-
ceito ou mesmo a definição dialética do meio desta pode se afirmar que a cons- cia, é a faculdade sobre a qual repousa troem templos sagrados do caráter huma-
termo consciência é possível verificar que ciência permite ao ser humano pensar e toda a vida humana, seja a subjetiva ou no, sob cujos auspícios se reúnem em Lojas
se trata da forma que revela a noção de interpretar o mundo ao seu redor e nele a objetiva”. Assim, ao se afirmar que a para “cavar masmorras ao vício e erguer
estímulo que norteia um indivíduo e que vislumbrar a ligação do sentimento de consciência cósmica está acima da au- templos à virtude”, parábola que se traduz
confirma seu existir, agora um enunciado existir e de morrer, e assim conhecer ou toconsciência, entende-se que ela pode no fato de que a verdadeira sabedoria é a
bastante relatado nos ramos da medicina. pelo menos entender a lógica sobre a ver- estar acima de qualquer consciência, ela prática das virtudes que fazem do homem
No universo místico, a temática sobre dade absoluta. está no cosmo, num plano superior de um operário de Deus, construindo o uni-
a consciência tem sido objeto de pesqui- Para entender o significado sobre a vivência e de elevada unidade com um verso através de suas ações, quando se tem
sas com vistas entender de uma maneira consciência cósmica, e quanto à necessi- Ente Universal. uma ampliação de consciência, até chegar
mais profunda como interpretar o conhe- dade de explica-la, vários estudos foram A Maçonaria, com seus ritos, parte à consciência cósmica.
cimento sobre a espiritualidade em todos desenvolvidos por grandes estudiosos da ideia de que segundo a filosofia da or- E desta forma, a exemplo da Lenda de
os matizes, o que pode se levar ao enten- e escritores sobre misticismo, os quais dem maçônica o homem antes de abor- Salomão, na maçonaria enquanto filosofia
dimento com foco disciplinado no aper- procuraram de forma eficiente discor- dar as grandes leis cósmicas, deve buscar impõe à mente dos maçons que não bas-
feiçoamento moral e na ascese do saber. rer sobre o assunto. Entre estes estudos, primeiro ter conhecimento de si mesmo, ta ter sabedoria para construir obras, mas
Com destaque nas religiões e de for- cita-se a importante obra de Richard de sua natureza profunda e intrínseca de que estas possuam espírito, uma vez que
ma especial no cristianismo, via estudos Maurice Bucke, M.D. Antigo Médico sua consciência ao descobrir na origem nele repousa a justificativa da grandeza de
pode-se observar que a noção do termo Superintendente do Asylum for the de seu pensamento que não deve deixar se construir, o que o leva “comunhão com
“consciência” está descrito como sendo Insane, London, Canadá, “A Consciência se enganar pela ilusão, mas marchar em Deus”, à “Consciência Cósmica”.

apenas em preto e branco. Porém, com pouco tempo a


tempo de estudo visão do Pavimento Mosaico do Templo de Salomão em
preto e branco firmou-se como realidade. Dessa forma,
quando do surgimento dos templos maçônicos, inspi-
PAVIMENTO MOSAICO E ORLA DENTEADA – III rados no Templo de Salomão, o Pavimento Mosaico em
preto e branco foi adotado.
Herbert de Melo | Colaborador Desta forma a consolidação do pavimento mosaico
nos templos maçônicos, baseado em ilustrações medie-
tanto o Tabernáculo com o Templo, como já acima des- vais, se consolidou. Um hodierno costume maçônico
crito, em sua grande parte de madeira de cedro. representado em Lojas de todo o mundo, sendo um dos
ornamentos do templo maçônico de elevada conotação fi-
losófica. Embora não tendo uma relação história-real com
o Templo de Jerusalém, nem por isso perde seu significa-
do para a Maçonaria, pois representa um símbolo de im-
plicação filosófico-moral pertinente à cultura maçônica.
Irrelevante é a contumácia de diversos doutrina-
dores maçônicos em associar o vocábulo ‘mosaico’
à ‘Moisés’. Ou até mesmo realizar digressões lin-
guísticas evidenciando a distinção entre ‘adjetivo’ e
‘substantivo’ do termo ‘mosaico’ quando associado a
Piso mosaico e a corda de 81 nós em um templo maçônico13. ‘pavimento’. Para aqueles que assim fazem apologia
a está causa, ao considerar como substantivo referir-
Entretanto a acusação de especulação poderá ter -se-á ao pavimento de pedras apresentando uma apa-
sua intensidade um ‘pouco’ dirimida, não se isentan- rência ou forma de desenho; já se considerado como
do, é claro, a necessidade de argúcia dialética. Pois há adje-tivo será indicativo do autor bíblico escritor do
relatos lendários de que o povo hebreu que Moisés Pentateuco.
liderava para a Terra Prometida (Canaã), a “terra que Castellani falou também da etimologia da pala-
mana [emana] leite e mel” (Êx 3, 8; Dt 26, 9), te-ria em vra, dizendo o seguinte: “o vocábulo mosaico quan-
seu Tabernáculo um revestimento de pedras coloridas, do usado como substantivo significa pavimento feito
No entanto pode-se perceber que a confusão ideo- de pequenas pedras, ou de outras peças, que, pela
obra realizada pelo próprio Moisés. lógica pode ter um toque histórico. A Bíblia de Genebra disposição de suas cores, dão aparência de desenho;
O Pavimento Quadriculado recebeu o nome de editada a pedido do rei inglês Henrique VIII, trás uma por outro lado, quando usado como adjetivo, ele é
Pavimento Mosaico, em virtude da lenda existente, novidade à época, ilustrações! Uma das ilustrações era alusivo a Moisés e, por extensão ao Judaísmo e ao
onde Moisés durante o êxodo, em determinada ocasião, o ‘Templo de Jerusalém’, mas como a tecnologia dispo- Hebraísmo.
teria assentado no chão do Tabernáculo (que era o tem- nível não permitia uma policromia o piso do Templo Todavia não se reconhece esta posição doutrinária
plo portátil dos hebreus durante a sua peregrinação foi desenhado representando quadrados intercalados e linguística como essencial. A verdade é que o termo
pelo deserto em direção à Palestina), pequenas pedras alvinegros. ‘pavimento’ é substantivo, e quando associado ao ter-
[...] até o final da Idade Média não se tinha conheci-
coloridas. mo ‘mosaico’, este se apresenta como adjetivo daquele.
mento das cores dos antigos Pavimentos Mosaicos, e
Contudo mais uma vez pode-se rechaçar tal hipó- Pavimento é o mesmo que piso, chão, soalho, reves-
somente a partir do século XVI, o Rei Henrique VIII
tese! A narrativa bíblica diz apenas sobre ‘tábuas do timento sobre o qual se pisa, e, mosaico associado a
autorizou a confecção de um bíblia em inglês, surgin-
Tabernáculo’, revestindo todo o espaço, con-forme o pavimento representa a arquitetura, forma ou desenho
do então a chamada “Bíblia de Genebra”, por ter sido
texto bíblico “tábuas para a banda do meio-dia, ao sul”, que se utiliza de fragmentos (pequenas peças multi-
feita naquela cidade. Essa versão traduzida trazia como
“para banda do norte”, “para o ocidente” (Êx 26, 15-30). coloridas) de ladrilhos justapostos em um ligante.
novidade diversas ilustrações. Entre elas, a do Templo
Muito menos teria o ‘Lugar Santíssimo’, ou como Pode-se, ainda, completar que ‘mosaico’ é o fruto da
de Salomão, que era ilustrado com um Pavimento Mo-
queira alguns teólogos e estudiosos do tema, ‘Santo criatividade e imaginação humana, buscando uma es-
saico de quadrados intercalados em preto e branco.
tética visual agradável, podendo ser representativo da
dos Santos’, um revestimento em mosaico. No Templo É evidente que não havia outra forma de ilustrar um
cultura, história e sociedade de um povo.
de Jerusalém havia também tal espaço, mas coberto, pavimento colorido, pois a impressão na época era
Continua na próxima edição...
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 23

artigo
Discurso em primeira pessoa
JURAMENTO: COMPROMISSO sobre o entendimento simbólico
MORAL OU EPÍTETO FIGURATIVO do juramento do aprendiz e da
tenacidade daquilo que jura
José Eduardo de Miranda | Colaborador
Vejo-me consternado... que circulou no Brasil durante o período É pelo juramento que o iniciado aco- a participação frequente das sessões de
Sinto-me néscio do sofrimento alheio, colonial. lhe os valores e os princípios da Suprema sua Loja.
quando me debruço sobre a Narrativa da Hipólito José da Costa Pereira Ordem, comprometendo-se por lutar Deste modo, solevo que para o
Perseguição, de Hipólito Costa, e deito os Furtado Mendonça, hoje reputado o Pai pela igualdade, mostrar o amor fraterno Maçom, o juramento reflete dois aspec-
olhos na esteira do tempo, para aquies- da Impressa nacional, faleceu no dia 11 aos seres humanos, oferecer assistência tos: “el honor y el deber. El masón nunca
cer a compreensão sobre os traumas que de setembro de 1823, distante de casa, aos seus irmãos, aceitar e cumprir os ha de perder de vista esos dos faros, por-
Irmãos de outrora enfrentaram, antes da longe da sua pátria, e na condição de ex- preceitos da Maçonaria, elevando o sen- que indicaría para él seguro naufragio; el
Ordem encontrar-se no apogeu de sua patriado, perseguido pela condição de tido da confiança, resguardando a fre- masón que pierda de vista el honor y el
Universalidade. homem livre e de bons costumes, que quência no comparecimento das sessões deber viola su juramento y está perdido,
Costa foi um gênio precoce. enaltecera a justeza e a perfeição como em Loja, e preservando o segredo sobre se hunde en el mar del deshonor y muere
Filho de Ana Josefa Pereira, com o atributo das atitudes desenvolvidas pe- tudo o que acontece no Templo. sin ser sentido, ni llorado.” (Zenit, 6.004
militar Alferes Félix José da Costa, nas- los Maçons. Hipólito Costa não foi o úni- Inadmissível, portanto, cogitar a v. l, p. 1). Observo, rotundamente que
ceu no dia 13 de agosto de 1774. Três anos co Maçom encalçado. ideia de que o juramento maçônico o Maçom “nunca ha de perder de vista
após seu nascimento, e por conta da as- A história franqueia, com robustez, perfaça um epíteto figurativo, que re- esos dos faros, porque indicaría para él
sinatura do Tratado de Santo Ildefonso, o elenco de irmãos, como John Coustos, presenta a materialização de uma ale- seguro naufragio; el masón que pierda
no ano de 1777, Hipólito Costa migrou, Francisco Ferrer, André Rebouças, goria estatuída por um singular roteiro de vista el honor y el deber viola su jura-
com a família, para as proximidades Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, esotérico. Se assim o fizesse, provoca- mento y está perdido, se hunde en el mar
de Pelotas, no Estado do Rio Grande Domingos Martins, Hermes da Fonseca, ria, naturalmente, uma ruptura entre del deshonor y muere sin ser sentido, ni
do Sul, e depois para Porto Alegre. que foram perseguidos, detidos, e extin- o suposto filosófico de Parmênides, llorado.” (Zenit, 6.004 v. l, p. 1).
Aos 19 anos viajou para Portugal, para tos em decorrência do importante papel inumando a essência sobrenatural que Na condição de um compromisso no-
cumprir estudos superiores. Hipólito que desempenharam na preservação in- sustenta a figura do ser, como essência tadamente moral, o juramento não pode
Costa formou-se em Filosofia, com 22 tacta das colunas de sua respectiva Loja. da existência, e do não ser, enquanto ser violado, sob pena daquele que o fizer
anos, em Direito, com 23 e em Letras, É fato, inconteste, que junto com aparência e ilusão. subsumir-se num processo de degrada-
com 24. Imediatamente após formar- seus membros, também a Maçonaria Assim sendo, soterro toda e qualquer ção completa, eis que abjurar à Ordem,
-se no terceiro curso de graduação, foi esmagada por participar dos mais possibilidade de protrusão atitudinal é renegar a própria alma. E outra hipóte-
desempenhou missão diplomática nos significativos processos de transforma- que conspurque a sublimação do jura- se não há para a atitude daquele Maçom
Estados Unidos, como membro da Corte ção sociopolítica, soerguendo a bandei- mento maçônico, corroendo o sentido que infringe o seu juramento, menos-
Portuguesa. Durante sua instância na ra do humanismo, da tolerância e do sublime de representar um compromis- prezando o compromisso com a Loja, e
América do Norte, filiou-se à Ordem da liberalismo. so moral. desdenhando a responsabilidade com a
Framaçonaria, iniciado Maçom aos 25 Por tudo isso, não posso ocultar-me Impossível deslustrar que o juramen- Maçonaria.
anos de idade, em 12 de março de 1799, de assinalar que aqueles irmãos que fo- to maçônico, “prestado diante do Livro Ressalto, então, que ao descumprir
na loja George Washington, nº 59. ram espezinhados, acossados e privados da Lei, sintetiza uma promessa de vida aquilo que declarou de viva voz, em alto
Já de regresso a Portugal, Hipólito de sua liberdade, apenas foram por pre- austera, comprometida com a verdade e e bom tom, com a M∴D∴ estendida so-
da Costa, em meados do mês de julho servarem-se fiéis ao juramente enalteci- a justiça, jamais podendo ser esquecido bre o L∴ da L∴, e espiritualmente abri-
de 1802, foi autuado por um Corregedor do durante o rito iniciático. por quem o fez solenemente, na presença gado pela aprovação do G∴A∴D∴U∴, o
de Crime, que se apresentou em sua casa Neste sentido, e distante de percorrer, espiritual do G∴A∴D∴U∴, criador de to- Maçom sentencia sua derrocada moral
para apreender documentos e localizar sensorialmente, pelas viagens realizadas das as coisas.” (Vieira, 2019, p. 8) O jura- tanto no epicentro da Ordem Maçônica,
sua insígnia maçônica. Mantido incomu- no decurso do caminho que antecede o mento traduz a promessa que o Maçom como no ponto nuclear de vida profana.
nicável, sob cárcere da Inquisição, até o momento em que o Neófito recebe a Luz faz, de perseguir o progresso espiritual, Além disso, rasga as páginas de histó-
ano de 1805, Hipólito fugiu, exilando-se da Verdade, detenho-me ao fato de que a elevação moral, a prática da fraternida- ria da Maçonaria, corrompendo suas
na Inglaterra. Durante o exílio, criou, em cumprida a sua jornada de experimenta- de e da solidariedade, o desenvolvimen- conquistas, e combalindo a dignidade
Londres, o Correio Braziliense, ainda re- ção, ele profere um juramento sagrado, to do bem-estar da humanidade, o apoio daqueles que pereceram fiéis ao compro-
conhecido como o único jornal privado sob o testemunho do G.·. A.·. D.·. U.·.. aos seus irmãos, o exercício formativo, e misso que ele subestimou.

crônica – É modéstia do sertanejo...


– reafirmo.
considera realizador. Está contente
com o atual governo, porque, segun-
Conversamos. José Porfírio me do ele, a Nação tem dado passos lar-
NA CASA DO LÍDER – I pergunta sobre o que se está decidin-
do, no âmbito nacional. Digo-lhe que
gos no caminho da reconquista da
liberdade, após a derrocada da dita-
Juracy Magalhães, um dos donos da dura Vargas.
Licínio Leal Barbosa | Cadeira nº 01 UDN, está vendendo caro seu apoio Vem o café. Dona Dorina serve-o

A
à candidatura Jânio Quadros, inclu- num prato com duas xícaras desmalta-
casa de José Porfírio é pequena – Tomara que não volte, p’ra ver sive negociando seu nome para vice das, reservando a xícara de louça para
e rústica. Não há assento para se o dono toma mais cuidado com os do homem da vassoura. Fala-se, tam- o marido. Peço água, que me é servi-
todos, apenas quatro cadeiras. trem dele. bém, numa terceira força, que seria da num caneco de alumínio, com asa.
Destas, os três companheiros que já – Toma jeito, como? - indago. Ele composta por ele, Ademar e Plínio. Sorvo alguns goles, e derramo o resto
estavam na sua residência ocupam- não é o líder? José Porfírio senta-se, à Doutro lado, Jango está querendo no terreiro que dá para a rua.
-nas, e a quarta cadeira José Porfírio falta de uma cadeira, numa mesinha. obter amplas vantagens para dar Cadê as outras xícaras, mulher? in-
me estende. Ele já andou pela sala à procura de algo, seu apoio à candidatura do general daga Porfírio, já agora sentado a meu
– Cadê a outra cadeira, Dorina? - vai à porta da rua, e volta a sentar-se. ou marechal Lott, o candidato do lado, porque um dos companheiros se
indaga José Porfírio. — Agora, vamos falar de política, PSD, imposto pelas Forças Armadas. levantou, e se recostou à janela.
– Não trouxe, ainda, - retruca diz-me, compenetrado. O senhor que Doutra parte, há uma certa paralisia – Estão quebradas - responde
sua mulher. E tomara que não traga, está lá por cima sabe melhor do que nas negociações políticas, eis que Dorina.
- completa. nóis, qui tamo pur cá... Jânio ainda não voltou de sua viagem José Porfírio derrama café nas
— Pois eu não faço esses votos, tor- – Modéstia do senhor, - inter- à Europa. Tudo indica que ele dispu- xícaras.
na José Porfírio. Minha proposta é de rompo-o. Aqui, o senhor tem rádio, tará a presidência com o marechal. – Prefiro a de esmalte, para me
V.V., vai e volta. lê jornal, recebe revista... Inclusive, José Porfírio me assevera que con- lembrar do meu tempo de criança,
Brinco: — V. V. pode ser vai, vai... O Cruzeiro, a maior revista semanal fia na vitória da coligação PTB-PSD. E - confessa.
Minha proposta é V.V., vai e volta, brasileira, se interessou pelo senhor, a se refere à campanha passada, quan-
reafirma Porfírio. ponto de mandar sua melhor equipe do esses dois partidos se uniram para
Dona Dorina fala, lá de dentro da de jornalistas para uma reportagem, e eleger Juscelino Kubitschek. Elogia o
cozinha: entrevistá-lo. governo do presidente Juscelino, que Continua na próxima edição...
24 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

momento propício para os noivos serem fotografados


artigo com os parentes e amigos.
Ela se explicou:
– Por favor, aqui sou apenas uma convidada amiga
A VAIDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS – I do casal, por isso gostaria de deixar minha presença
registrada neste evento.
Desculpei-me e, momentaneamente, não com-
Anestor Porfírio da Silva | Cadeira nº 32

E
preendi por que uma mulher, que na mocidade fora
ra outono do ano de l995, dezessete horas e trin- oferecesse condições para também começar o meu sem dúvida tão bela, pudesse chegar aos supostos cin-
ta minutos de um dia de sábado. Aquela data trabalho. Enfim acabei me posicionando ao lado de qüenta anos de idade, desacompanhada, pelo fato de
e hora estavam marcadas para celebração da algumas mulheres que se encontravam ocupando os ainda se encontrar solteira, como ela própria me reve-
cerimônia de casamento de um amigo meu numa ci- últimos assentos do lado esquerdo de um dos bancos lou minutos depois. Quem a observava logo percebia
dadezinha do interior de Goiás. Momentos antes, a mais próximos do altar. Em um dos ângulos escolhi- tratar-se de mulher que, apesar das evidentes provas
Igreja já se encontrava repleta de convidados, todos dos, quando eu já me preparava para dar início ao meu de sua maturidade, mas ainda com tanto fascínio,
bem vestidos e aguardando com ansiedade o início trabalho, senti que alguém tocava em meu braço como continuava buscando conservar sua beleza através de
da cerimônia. Depois de meia hora de atraso, eis que se quisesse dizer-me alguma coisa. excessiva vaidade, ou então, estaria deixando que os
surge a noiva à porta da igreja onde permaneceu por Atendo-me àquele toque sutil que mais parecia seus desejos, simplesmente, extravasassem daquela
alguns instantes antes de adentrar o templo. Como um chamado, volvi o rosto para trás a fim de certifi- forma na ânsia de recuperar a parte da formosura que
manda a tradição, estava ela vestida de branco, usan- car se alguém realmente me chamava. Eis que, ines- os anos nitidamente já lhe haviam tirado.
do véu e grinalda, enquanto o seu futuro esposo a peradamente, deparei-me com Ruth. Foi quando algo Expunha com muito orgulho através das mãos,
esperava ante o altar. Os dois, bastante jovens, não me chamou a atenção naquela mulher, que até então orelhas e pescoço, todas as jóias que possuía, o que a
eram de famílias ricas. Aparentemente tensos, mas não me era conhecida. Observei-a por um instante. deixava com um visual diferente e sobre o que meu
entre sorrisos, buscavam transmitir aos presentes a Sua aparência, imaginei, era de uns cinqüenta anos de olhar, surpreso, se prendia.
satisfação que ambos sentiam por estarem prestes a idade. Seus traços fisionômicos, de cor branca, de esta- Naquele instante, alguém por perto, percebendo o
realizar o sonho, que há tempos alimentavam, de um tura mediana, de corpo perfeito e rosto com delicados meu espanto ante o quanto se encontrava embelezada
dia se casarem. Muitos eram os convidados e, entre traços esculturais deixaram-me convicto de que Ruth aquela mulher, aproximou-se mais de mim e murmu-
eles estava Ruth, a mulher que, pela exagerada preo- teria sido no passado uma mulher de singular formo- rou aos meus ouvidos:
cupação em merecer a atenção dos outros, havia se sura e que mesmo com o passar dos anos boa parte de – Noto que você está bastante surpreso com o vi-
tornado o símbolo da vaidade naquele lugar e foi lá sua beleza angelical não havia desaparecido. Seu rosto sual dessa mulher! E com razão, pois ela é tida como o
que eu a vi pela primeira vez. e seu corpo ainda eram atraentes. Fiquei a admirá-la símbolo da vaidade neste lugar. Além de permanecer
Na continuidade dos anos que sucederam aquele por alguns instantes e logo lheperguntei: maquiada o tempo todo, ou seja, de segunda a segun-
dia, minha mente se fez povoada das lembranças de – Quer falar-me? da, dizem por aí que ela já se submeteu a várias cirur-
outros fatos também não menos importantes e, mesmo Ao que me respondeu: gias corretivas. Mexeu no rosto, na barriga, no bum-
assim, não me esqueci das cenas que meus olhos teste- – Sim! Gostaria que você me fotografasse ao lado bum, só não mexeu nos seios. Mas olhe, se alguém me
munharam no transcorrer daquela celebração religio- dos noivos. É possível? perguntar se é verdade o que estou lhe dizendo não
sa, vez que, além de convidado, lá eu me fazia presente Concordando em satisfazê-la no que era de seu de- poderei confirmar, pois não tenho provas. Sou apenas
porque era fotógrafo e fora incumbido de registrar to- sejo eu lhe disse: mais um que a admira.
dos os momentos daquele cerimonial. – Por gentileza, nesse caso, vá com quem estiver Ante o que aquele convidado me acabara de dizer
Lembro-me que, enquanto o ato não se iniciava, em sua companhia para o lado de lá que é por onde eu apenas balancei a cabeça como sinal de que houvera
fiquei à procura de um lugar dentro da igreja, que me eles irão passar quando a cerimônia acabar e aí será o compreendido tudo.
Continua na próxima edição...

medo de não ter pensado direito, medo faz investimentos, muda trajetórias de
opinião de não ter contribuído para construção
da sociedade mais justa. E somente as-
vida e tudo em função da promessa e
da confiança que ela tinha em que eu e
sim identificar com clareza os limites de você seríamos fieis ao que estávamos
A SUA PALAVRA TEM PESO? nossas ações.
Os valores são contraditórios e com-
prometendo.
Assim, se resolvemos mudar de
plexos e a ética é a identificação do mais ideia para poder levar uma vantagem,
Joás de França Barros | Cadeira nº 29

I
fundamental pra nós. Por exemplo, o di- levaremos essas pessoas à desconfiança
magine que você tenha morado muito Sem a confidencialidade, o sacerdote vertimento é valor, mas não é o único va- e não somente isso porque passarão a
tempo sozinho em um pequeno apar- não confessa, o contador não contabili- lor a pautar as nossas vidas. Algo que está desconfiar de todos. Então haverá uma
tamento, com sua comodidade e prá- za, o auditor não audita, o professor não escasso em nossa sociedade é a fidelida- espécie de desconfiança generaliza-
ticas próprias e por algum motivo pre- aplica prova, o concurso público não se de. Fidelidade é sempre a si mesmo, uma da, em que a palavra de ninguém vale
cisa compartilhar seu espaço com outra realiza, o psicanalista não analisa, o juiz coerência entre a sua prática de agora e os nada. E é mais ou menos esse tipo de
pessoa. Algumas coisas que fazia pode não julga. discursos de ontem. É um alinhamento sociedade que, nas últimas décadas, te-
continuar fazendo e não atrapalham em Então perceba: se a transparência é entre o que você prometeu ontem e o que mos construído para nós.
nada a sua convivência, já outras causa- fundamental, o sigilo que é o seu contrá- você decide fazer hoje. Como resultado, Somos absolutamente fiscalizados
rão conflitos. Partindo da premissa de rio, também é. Somos todos convidados confere integridade à sua trajetória. em todas nossas falas e ações.
que toda convivência tem que dar chan- para que haja uma formação ética mais Então, é muito difícil às vezes respei- Por essas e por outras, devemos es-
ce igual de felicidade àqueles que convi- importante, refletir de maneira lúcida tar aquilo que prometemos. E como fa- colher continuar contando com a con-
vem, você não poderá mais fazer exata- sobre o tipo de sociedade e comporta- zer? Quando as promessas surgem tem fiança das pessoas, contribuindo as-
mente como fazia morando sozinho. mentos que queremos pra nós, Claro alguém ouvindo e é possível que tenha sim para uma sociedade em que ainda
Chamamos de ética a diferença en- que haverá angústia, dúvida sobre o alguém que acredite em nós. E esse al- acredita-se no que é dito ou então fazer
tre o que você faria se estivesse sozinho que é mais valioso, o que é mais impor- guém deposita confiança, certeza de parte de uma espécie em que só a verifi-
no mundo e o que você faz porque tem tante, portanto, toda vida ética é insepa- que no futuro respeitaremos o que está cação é garantidora de alguma certeza.
alguém do seu lado que possui tanto rável do medo do arrependimento, do sendo dito, cria expectativas, sonhos, A fidelidade é a integridade da sua
direito de uma convivência feliz quanto trajetória que desperta a confiança em
você. Caberá a ambos identificar quais nós e a sustentabilidade de um valor
valores fundamentais para que possam da vida de agora que projeta um futu-
ter chances iguais de felicidade e viver ro legal de viver e de conviver, limitan-
de maneira feliz convivendo naquele do a conduta de hoje para que se possa
espaço. Isso vale para amigos famí- continuar vivendo feliz amanhã e que
lia, turma em sala de aula, população seja possível continuar valendo a pena
em uma pequena cidade, país e toda interagir, ouvindo as pessoas e levando
humanidade. a sério o que elas dizem.
A ética é preceito da convivência e Nesse momento percebemos que
respeito a chances iguais de felicidade nos encontramos entre levar aquela
para todos aqueles que interagem. Os vantagem imediata e de circunstância,
valores são contraditórios e a transpa- ou então abrir mão de uma vantagem,
rência tem um valor fundamental para assumir a perda em nome da integrida-
a convivência porque destrói a mentira, de, confiança, fidelidade e da sustenta-
hipocrisia e a desigualdade. Todavia, bilidade. Portanto, faça os seus cálculos.
o sigilo e a confidencialidade que são o Se esta for a meta, construiremos uma
contrário da transparência, também são sociedade mais justa, mais fraterna e
fundamentais pra nossa convivência. mais digna de deixar para nossos filhos.
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 JORNAL DA AGML 25

O Amor é um sentimento subjetivo,


artigo mas não apenas isso: é também uma con-
dição moral de relacionamento social e, se
e quando compartilhado, torna-se um am-
A QUESTÃO DA MORAL NA ÉTICA MAÇÔNICA biente social, no qual a convivência passa
a caracterizar uma sociedade civilizada,
fraterna e justa que, convertida em cultu-
Luiz Signates | Cadeira nº 09

O
ra, pode implantar a tradição da felicidade
debate sobre a moral é um dos o grande filósofo moderno fracassou nes- quanto for a ligação entre a moralidade típica das utopias das sociedades paradi-
mais antigos da filosofia e um dos sa busca, não encontrou a resposta à ins- estabelecida e a identidade em questão. síacas. A formulação simples do Cristo,
mais problemáticos das ciências tigante pergunta sobre os fundamentos Agrupamentos com menor poder vincu- assumida universalmente pela maçonaria,
sociais. A filosofia tem para seu estudo racionais da moral, mas construiu uma latório e no qual os membros se relacio- aponta, portanto, para a perfeição.
nada menos do que um de seus campos filosofia portentosa enquanto tentou res- nam entre si por critérios mais racionais Assentada nesse ponto de apoio cen-
fundamentais, além da ontologia e da ponde-la. O conhecimento vale pela busca, ou instrumentais exigem menos fidelida- tral e universal, a Maçonaria passa a le-
gnoseologia: é na parte da filosofia que se é uma viagem cujo valor está muito mais de moral do que grupos, cujos integrantes cionar a moralidade superior em cada um
denomina “Ética” que os filósofos, desde nas paisagens que descobrimos do que nos se vinculem de forma mais emocional e, de seus ritos e símbolos, desde a Iniciação.
a antiguidade, debruçam-se sobre os pro- objetivos que alcançamos. assim, constituem um alto poder vincu- Aliás, a cerimônia magna da Iniciação
blemas morais da Humanidade. Outro ponto importante, que eu gos- latório e identitário. Como exemplo, nesse maçônica está completamente revestida
É preciso, portanto, antes de entrar taria de enfatizar, é o caráter coletivo, sentido, poderíamos afirmar que as aca- de valores morais. Despojado dos me-
propriamente nas questões da moralida- social, das questões morais. Não é inco- demias científicas são moralmente menos tais, tomamos consciência da nudez ori-
de maçônica, efetuar uma distinção im- mum fazer-se atribuições meramente in- exigentes do que as instituições religiosas. ginal da alma humana, antes das vaida-
portante, entre Ética e Moral. A moral é dividuais às questões morais, mas isso só Tais considerações básicas possibili- des ancoradas nas posses materiais. Ao
o âmbito dos hábitos, regras e costumes é pertinente quando estamos discutindo tam uma reflexão que nos parece relevan- seguirmos do Oc∴ para o Or∴ e depois
de um grupo social qualquer; e a ética é as escolhas morais – estas sim efetuadas te, a respeito da moralidade maçônica, do Or∴ para o Oc∴, experimentamos
o estudo filosófico da moral. Assim, este no âmbito da psicologia da intimidade. que nos une neste momento. desde o caos das paixões e dos excessos
é um trabalho de ética, pois busca debater Entretanto, mesmo aí o debate indivi- Defendemos aqui a tese de que a e os riscos da ambição e dos combates,
uma moral específica, a moralidade ma- dualista não reúne condições de se apro- Maçonaria Universal tem peculiaridades até a paz da confiança e da coragem e a
çônica.Há vários autores que conceituam fundar, afinal, mesmo as escolhas morais éticas que a tornam uma comunidade luz da sabedoria e da experiência. E isso
diferente esses vocábulos, mas, para efei- mais individuais são, invariavelmente, extremamente específica e diferenciada, o vivemos nas diferentes viagens purifi-
to deste trabalho, manteremos esta distin- apresentadas pela dinâmica social e deci- em seu caráter moral. Apesar de não ser cadoras da Iniciação maçônica, logo em
ção, que, a nosso ver, torna mais claros os didas a partir de exigências culturais. uma ordem nem religiosa, nem científica, seguida à inesquecível e silenciosa estada
conceitos e suas definições, ao permitir O livre arbítrio humano está, pois, a maçonaria é uma instituição ao mesmo na Câmara das Reflexões, onde somos co-
que não se confunda a adoção de critérios indissoluvelmente atrelado às condições tempo ancorada em uma severa racionali- locados diante de nossa própria finitude,
de bem e mal, de certo e errado, que confi- sociais em que se encontra a pessoa que dade de seus princípios, mas também com ao escrevemos de próprio punho o nosso
guram a moral, com o debruçar reflexivo se pretende livre para decidir. É em so- alto poder vinculatório de seus membros. testamento, e assim somos alertados para
da razão sobre tais critérios, a que chama- ciedade que aprendemos o que é certo Como isso se explica? É que, mesmo sem as graves responsabilidades que assumi-
mos de Ética. e o que é errado; é com os outros e, não ser religião (muito ao contrário, tendo mos uns para com os outros e para com a
Adotada essa disjunção conceitual, raro, em direção a outrem, que refletimos participado ativamente, desde as revolu- Ordem Universal.
fica fácil compreender que os famosos nossas ações e escolhas, quaisquer sejam ções liberais e republicanas, do processo Desde então, aprendemos que aden-
“Códigos de Ética” das profissões não elas; e, de ordinário, também, nossas op- de racionalização da sociedade e de lai- trar a Ordem maçônica não é um simples
são, na verdade, códigos de ética, e sim ções morais trazem consequências às vi- cização do Estado, no que ganhou forte filiar-se a um clube ou associação, e sim
códigos morais, embora o debate que os das alheias, de cujos efeitos não podemos oposição da Igreja Católica), a Maçonaria prontificar-se a renascer moralmente. Um
cria, os mantém ou os modifica, seja, sem nos furtar, nem jurídica, nem eticamente. exige de seus membros a convicção num renascimento que compromete o maçom
dúvida um debate ético, desde que não A liberdade moral, portanto, constitui-se G∴A∴D∴U∴, não importando a filiação consigo mesmo, com sua família, com seu
descambe para a guerra moral, na qual não somente como decisão livre, mas, religiosa, e, a partir desse princípio bási- povo e, sobretudo, com seus irmãos – e
busca-se, às vezes à força, impor regras e também, como responsabilidade ética. co, prescreve aos maçons que se tratem não apenas os Irmãos maçons, mas os ir-
preceitos aos outros. Sendo a moral uma construção coleti- como irmãos, desenvolvendo assim um mãos em Humanidade, especialmente os
Essa distinção igualmente facilita que va, que se aprende e se pratica na relação elevado senso de fraternidade entre eles. pobres, os esquecidos, os injustiçados.
adentremos o desafio kantiano básico, cuja social, a responsabilidade ética que ela Deste preceito fundamental, deriva a O verdadeiro maçom rasga-se a si
pergunta era pela possibilidade de funda- estabelece está, obviamente, relacionada eterna busca de cada maçom pela lapida- próprio, imola-se, se preciso for, pela cau-
mentar racionalmente a moral. Em outras ao grupo social que a instaura e a exige, ção pessoal de seu caráter, isto é, pelo seu sa da justiça, do amor e do bem. E, como
palavras, Kant se indagava até que ponto de seus membros. Ao assumirmos uma aperfeiçoamento moral. Eis o que garante fizeram os primeiros pedreiros-livres,
decisões morais, ou seja, decisões sobre o identidade cultural ou social qualquer, à Maçonaria sua condição universal: fun- sacrifica-se ao custo da própria vida, se
bem e o mal, o certo e o errado, podem ser comprometemo-nos com as regras morais damentar-se na universalidade moral do necessário, pela causa da democracia, da
decisões éticas, isto é, podem ser tomadas da comunidade à qual essa identidade se vínculo afetivo básico da Humanidade, justiça social, da paz e do amor-ágape que
pela razão, e não pelas emoções ou pelos vincula, razão pela qual o grau de exi- inscrito no centro do ensino do Maior dos nos deve caracterizar como civilização
instintos. É de conhecimento comum que gência moral desse grupo será tão maior Mestres, Jesus Cristo. voltada para a felicidade de todos.

que, se permitirmos, lamentaremos por toda a vida. O


ciência & saúde corpo e o espírito devem estar sempre em sintonia, pois,
a saúde de um depende da saúde do outro.
Devemos, além do cuidado físico, alimentarmos
SAÚDE E BEM ESTAR sempre o nosso espirito com vibrações positivas de paz,
de esperança e de muita fé nas nossas habilidades para,
assim, obtermos plenas condições de uma saúde física
Paulo Ricardo Arantes de Brito | Colaborador e mental que nos possibilite melhor qualidade de vida
a cada dia. Vivemos numa era em que todos querem
Hoje meus irmãos venho falar sobre a saúde e ati- atividade física temos a prevenção de doenças como "qualidade de vida", mas muita gente não percebe que
vidade física para os irmãos e suas famílias. Devemos diabetes, obesidade, câncer entre outras. Cuidar da o desregramento e a indisciplina na comida, na bebida,
tratar bem o nosso corpo, o cérebro, o coração, todos os saúde não basta apenas tomar remédio a pratica da ati- no lazer e até no sono indormido, são os nossos maiores
nossos órgãos, vísceras e células, para nos dar saúde, vidade física deve ser feita regular como prevenção e inimigos para uma vida saudável e feliz. Portanto co-
requerem um bom tratamento e cuidados especiais. A aumento da qualidade de vida. mece hoje com calma buscando a qualidade de vida e
prática de atividade física gera um aumento da quali- A nossa Saúde é o nosso maior e melhor patrimô- bem estar, seu corpo sua mente e seu espirito agradece.
dade de vida, aumenta a imunidade e principalmente nio, e precisa ser cuidada vinte e quatro horas por dia. Um bom dia e uma ótima prática de atividade física.
pode aumentar sua expectativa de vida por pelo menos Já paramos para pensar que a nossa vida não pertence
15 anos. Temos como hábito acreditar que a prática de somente a nós, e que é também patrimônio das pessoas
atividade física deve ser feita com grande volume geran- que amamos e que nos amam? Cuidemos, sim, e muito,
do dor e até mesmo desconforto ao corpo e ao cotidiano. do nosso corpo, da aparência e, principalmente, do espí-
A atividade física deve gerar conforto, bem estar e rito, dando a nós mesmos a disciplina que nos permitirá
a melhoria da vida cotidiana do praticante de ativida- uma vida regrada, mas proveitosa. A maioria esmagado-
de física. Sabemos que, mesmo com todo o zelo, muitas ra das pessoas não está preparada espiritualmente para
moléstias, fogem do nosso controle e nos surpreendem encarar com alma limpa as provações das enfermidades
quando menos esperamos, não é assim? Todavia, se do corpo físico. Ninguém desconhece que sem a saúde,
elas encontrarem um corpo forte e preparado, a ba- os maiores tesouros do mundo valem pouco, ou mesmo
talha pelo retorno à saúde nos será bastante favorá- nada, porque não há como apreciá-los. Debilitar a nossa
vel e a luta não será tão desigual e como benefício da saúde, ou mesmo perdê-la, por causa de excessos, é algo
26 JORNAL DA AGML JANEIRO
JANEIRO/ FEVEREIRO
/ FEVEREIRO
– 2023
– 2023

opinião Mas, segundo dados históricos, os festejos de


Carnaval antecedem essa época. A origem real da
folia está relacionada aos rituais de fertilidade da
ORIGEM DO CARNAVAL terra, que eram organizados anualmente no início da
Primavera.
Os bailes de máscaras típicos da Europa, por ou-
Francisco Ribeiro de Souza | Colaborador

E
tro lado, só foram criados por volta do século XVII,
mbora o Carnaval tenha uma comemoração No geral, utiliza-se o termo carnaval em áreas na França e rapidamente se espalharam por outros
brasileira, sua origem não é nacional e sim na com grande presença católica. Sendo assim, países países, inclusive o Brasil.
Grécia antiga. Basicamente, o Carnaval con- luteranos como Suécia e a Noruega celebram um pe- Em resumo, o Carnaval no Brasil consiste em um
siste em um festival do cristianismo ocidental que ríodo semelhante com o nome de Fastelavn. Apesar importante elemento da cultura nacional, fazendo
acontece antes da estação litúrgica da Quaresma. disso, compreende-se o Carnaval moderno como parte de incontáveis feriados católicos e datas de co-
Portanto, comemora-se usualmente durante feverei- fruto da sociedade vitoriana do século XX, em espe- memoração aguardada no país.
ro ou inicio de março. cial na cidade de Paris. Por fim, encontram-se diferentes manifestações
Curiosamente, esse período chama-se de Tempo da O termo Carnaval vem do latim “carnis levale”, culturais da comemoração a depender da região.
Septuagésima ou pré-quaresma. Ademais, é comum que significa algo como “adeus à carne”. Isso por- Portanto, enquanto no Rio de Janeiro costuma-se
que envolva festas públicas ou desfies que combinem que, desde o ano 590 d.C, a celebração passou a ser cultuar os desfiles de escolas de samba, pode-se en-
elementos circenses com máscaras e uma festa de rua adotada pela Igreja Católica como um marco inicial contrar blocos de carnaval em Olinda e grandes trios
pública. Contudo, pode-se ainda encontrar pessoas espe- da Quaresma, período antes da Páscoa, marcado por elétricos em Salvador.
cialmente trajadas para a celebração, criando um senso grande jejum. Não é à toa, aliás, que o dia seguinte
de individualidade e unidade social por meio da cultura. à terça-feira de Carnaval é a Quarta-feira de Cinzas. (Excerto de texto extraído da Revista Wiki,
artigo escrito por Thamyris Fernandes)

que expressa uma ideia; e, o metafísico, representa o triângulo com o vértice


tempo de estudo que expressa um conceito. para cima, o esquadro é a união do céu
No plano material, o compasso e o com a terra, do espiritual com o material,
esquadro são ferramentas do construtor. da consciência subjetiva com a consciên-
ESQUADRO E COMPASSO Com o compasso, ele traça círculos, cur-
vas, que o orientarão no corte de certos
cia objetiva, do estado de êxtase com o
estado de razão, dos olhos da alma com
Paranahyba Santana | Cadeira nº 25 materiais. O compasso serve para me-
didr e construir formas. Compasso pro-
os olhos da carne.
É prudente o maçom que obra preo-
vém do latim compassare, que significa cupado tanto com o mundo perceptí-
Os maçons devem enquadrar as suas ações Entre nós, esotericamente, represen- “medir”. vel pelo intelecto, o mundo das formas,
pelo quadrado da virtude e aprender a circuns- ta a “Justa Medida”. No plano filosófico, o compasso é quanto com o supra-mundo, perceptível
crever os seus desejos e manter as suas paixões, A “Justa Medida” representa a o símbolo do espírito de ação, do qual apenas através da alma. É no primeiro
dentro dos limites, para toda a humanidade.” Retidão. Leva-nos lembrar a cada instan- deve estar imbuído todo pedreiro-livre, que, efetivamente, ele encontrará os ins-
ESQUADRO – Instrumento com que se te que todas as nossas ações deverão ser e dos limites do maçom, aos quais ele trumentos físicos para sua evolução.
formam ou medem ângulos retos e se tiram as plantadas com serenidade, bom senso e deve obedecer por era ligado à frater- O conhecimento da verdade nos li-
linhas perpendiculares; espírito de justiça. Faz recordar o com- nidade por um juramento. Apoiado na berta da ilusão. Os fantasmas do medo,
COMPASSO – Instrumento que serve para promisso solene assumido pelo iniciado ponta, o compasso pode ser aberto em do fanatismo, da fé cega, da superstição,
traçar circunferências para marcar medidas de sempre agir dentro de uma escola de vários ângulos, formando círculos. Tais são afastados pela sabedoria.
dos tempos em música; cada uma das porções perfeita honestidade e retidão. círculos serão a delimitação do trabalho O triângulo apontado para baixo no
de igual valor de trecho musical, movimento Ambos, esquadro e compasso, estão maçônico na sociedade e, internamente, “Selo de Salomão”, representado analogi-
regulado; medida, regra, constelação austral. no cotidiano da vida do maçom desde construindo um templo. camente pelo esquadro no simbolismo
a sua iniciação, pois que no momento Metafisicamente, a haste na qual o maçônico, exorta-o à busca incessante
Para nós, os maçons, são os símbolos de nossa iniciação, quando formulamos compasso na qual o compasso é apoiado do conhecimento, do uso inflexível da
do pedreiro e do arquiteto. nosso juramento nos ligando à Sublime para traçar o círculo representa o abso- razão.
Simbolicamente, na vida maçônica, Ordem, apoiamos sobre o peito nu uma luto e a origem imaterial do homem. O iniciado não se deve deixar levar
esses dois instrumentos estão sempre as- das pontas do compasso que, como sede Lembra que todas as coisas visíveis são pelo entusiasmo, mas, ao contrário, deve
sociados. O esquadro, cuja propriedade da consciência, nos faz lembrar a vida feitas a partir do invisível. Arquiteto, no meditar cuidadosamente acerca das no-
é tomar os corpos quadrados. Com ele passada, durante o qual os objetivos e grego, significa “construtor primordial”. vas ideias..
seria impossível traçar um corpo redon- iniciativas nem sempre, talvez, se te- Daí que, em maçonaria, Deus é chamado Se colocado em forma de “L”, fazendo
do. Simboliza a matéria e o equilíbrio re- nham regrado por esse símbolo de exa- de G∴ A∴ D∴ U ∴ com o solo um ângulo de 90º, o esqua-
sultante da união do ativo com o passivo. tidão e que daquele instante em diante Hermes, para os egípcios; Mercúrio, dro simbolizará, através de sua linha
O esquadro é formado pela reunião da deverá dirigir seus pensamentos e suas para os gregos; e, enoque pelos hebreus, horizontal, a senda reta que o homem
horizontal e da vertical. Cabe observar ações tendendo a ascensão de alguns de- tinha o postulado que “assim como é acima, iniciado precisa percorrer na Terra, apli-
que a cruz e o quadrado podem ser con- graus da escada de Jacó. está embaixo”, frase incompreensível para cando praticamente no quotidiano, os
siderados como formados por dois ou O sábio Salomão, foi iniciado nos o profano, encerra a Verdade que brilha conhecimentos secretos que adquiriu. A
quatro esquadros de braços desiguais. mistérios do Egito, no seio da grande pi- clara como um puríssimo diamante. linha vertical representará sua caminha-
O compasso, que se compõe essen- râmide de Kufu, renomeada de Quéops O “Selo de Salomão” ou “Estrela de da rumo ao cosmo, ao infinito, a Deus.
cialmente por dois braços articulados pelos Ptolomeus, onde se procuravam Davi”, podem ser formados a partir de Com o compasso, a luz ganha forma,
e ligados por um eixo, é o símbolo do compor o livro da sabedoria da humani- um círculo, onde, sobre certos ângulos transforma-se em matéria, torna-se o
espírito e descreve círculos cujo centro dade, prevendo a decadência espiritual e um hexágono é traçado. A partir desse homem. Mas, é com o esquadro que ele
ele indica nitidamente, assim como os intelectual pela qual esta vem passando. hexágono, ligamos as pontas de cima cresce.
raios e o diâmetro. Intelectualmente, o De sua iniciação, o grande Salomão às pontas de baixo e obtemos o grande A união de ambos realiza a criação.
compasso é a imagem do pensamento aprendeu conceitos secretos sobre os emblema que expressa materialmente a Na ordem geral das coisas, a união do
nos diversos círculos que ele percorre. O mistérios da vida e da morte, da magia frase de Hermes. triângulo superior com o inferior, cria as
afastamento de seus braços e sua apro- natural e da física oculta, sabedoria imu- No grau de Ap∴, as pontas do com- formas, realiza a natureza. No plano mi-
ximação, representam os diferentes mo- tável e valorosa que ele resolveu encerrar passo estão sob o esquadro, significando crocósmico, ou seja, no homem, a união
dos do raciocínio que, de acordo com as em suas célebres “clavículas”. Seu emble- que o neófito não tem consciência plena do compasso com o esquadro dá-lhe a
circunstâncias, devem ser abundantes e ma, chamado “Selo de Salomão”, compõe- de todas as suas capacidades. Sua ação divindade.
amplos, ou precisos e estreitos, mas sem- -se de dois triângulos equiláteros, per- intelectual está ainda inibida por uma No sinal de ordem e na saudação, as
pre claros e persuasivos. O compasso é feitos, sobrepostos um ao outro, um com predominância dos instintos animais, esquadrias estão presentes de uma for-
o símbolo do relativo. Lembra a figura a ponta voltada para cima, outro com a que ele vai trabalhando e equilibrando na ma a lembrar a retidão de caráter que
humana, já que tem cabeça e dois braços ponta para baixo, de modo de que seus medida de sua evolução no caminhar. Da deve orientar os obreiros da paz.
que se afastam à vontade. Eles medem o vértices se encontram. mesma forma o significado do porque a O homem não sabe nada, mas é con-
domínio que o gênio humano pode atin- Assim dispostos, expressam a ana- abeta de seu avental branco estar dobra- vidado a tudo conhecer. Não é prudente
gir do conhecimento. logia dos contrários, a lei das correspon- da. Significa dizer que ela está tampando limitar o conhecimento, desde que este
Reunidos, o compasso e o esquadro dências, dizendo o que está em cima é e protegendo o ponto de energia epigás- seja buscado de forma honesta e aplicado
formam a mais antiga e comum repre- como o que está embaixo. trica, onde os instintos animais estão de maneira útil.
sentação da instituição maçônica. Juntos, Na maçonaria, os misteriosos emble- concentrados, onde depositamos os ali- Ao encararmos a luz, nossos olhos se
representam o único símbolo identifica- mas do esquadro e do compasso, repre- mentos que ingerimos, até que a digestão ofuscam, mas, com o passar do tempo,
dor da maçonaria. Atualmente, de tanto sentarão, analogicamente, um triplo sím- mecânica e química os venha tratar. nossas retinas habituam-se a contemplá-
ser apresentado, é prontamente reconhe- bolo, com três significados: o material, Desta forma, temos que o compas- -la e ficamos livres dos grilhões da igno-
cido até pelos profanos. que expressa uma utilidade; o filosófico, so é o símbolo espiritual, posto que rância, das marcas da superstição.
JANEIRO / FEVEREIRO – 2023 E-books disponíveisJORNAL
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DA AGML 27
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CADEIRA Nº 1 CADEIRA Nº 2 CADEIRA Nº 3 CADEIRA Nº 4 1 CADEIRA Nº 5 1 CADEIRA Nº 6 1 CADEIRA Nº 7 1 CADEIRA Nº 8 1 CADEIRA Nº 9 1 CADEIRA Nº 10 1

Licínio Leal Barbosa Anderson Lima Silveira Aidenor Aires Pereira Breno Boss Cachapuz Caiado Luís Carlos de Castro Coelho José Mariano Lopes Fonseca José Eduardo S. de Miranda Filadelfo Borges de Lima Luiz Antônio Signates Freitas Carlos André Pereira Nunes

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CADEIRA Nº 11 1 CADEIRA Nº 12 1 CADEIRA Nº 13 1 CADEIRA Nº 14 1 CADEIRA Nº 15 1 CADEIRA Nº 16 1 CADEIRA Nº 17 1 CADEIRA Nº 18 1 CADEIRA Nº 19 1 CADEIRA Nº 20 1

Flávio Roldão de Carvalho Lelis Alexandre A. Giffoni Jr. Getúlio Targino Lima Castro Filho Jefferson Soares de Carvalho João Batista Fagundes Paulo Roberto Marra Absaí Gomes Brito Mauro Marcondes da Costa Gesmar José Vieira

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CADEIRA Nº 21 1 CADEIRA Nº 22 1 CADEIRA Nº 23 1 CADEIRA Nº 24 1 CADEIRA Nº 25 1 CADEIRA Nº 26 1 CADEIRA Nº 27 1 CADEIRA Nº 28 1 CADEIRA Nº 29 1 CADEIRA Nº 30 1

Adegmar José Ferreira Joveny S. Cândido de Oliveira Genserico Barbo de Siqueira Isaias Costa Dias Paranahyba Santana Airton Batista de Andrade Hélio Moreira Heitor Rosa Joás de Franca Barros Múcio Bonifácio Guimarães

R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS
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R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS R E V I STA DA AC A DÊ M IA G OIA NA M AÇ ÔN IC A DE L E T R AS

CADEIRA Nº 31 CADEIRA Nº 32 CADEIRA Nº 33 CADEIRA Nº 34 CADEIRA Nº 35 CADEIRA Nº 36 CADEIRA Nº 7 1 I N M E MOR IA M CADEIRA Nº 24 1


1 1 1 1 1 1 CADEIRA Nº 37 CADEIRA Nº 38

Aparecido José dos Santos Anestor Porfírio da Silva Carlos A. Barros de Castro Rogério Safatle Barros Carlos Roberto Neri Matos Célio Cézar de Moura Gomes Adolfo Ribeiro Valadares João Asmar Carlos Augusto F. Viveiros
1 1

Hamilton Rios de Araújo Charles W. M. Pinheiro

[ Publicações In memoriam ]

pensamentos, congrega membros Acadêmicos e


noite solene Colaboradores; é seara fértil onde se semeia e se co-
lhe; ensina e aprende; doa e recebe. Onde se pauta
sempre, e antes de tudo, uma permuta crescente e
POSSE DA NOVA DIRETORIA DA AGML harmoniosa de gentilezas, respeito mútuo, fraterni-
dade, enfim, de conhecimentos edificadores, tanto da
Carlos Roberto Neri Matos | Cadeira nº 35 Ordem quando do mundo profano.”

E
A Academia tem crescido exponencialmente em
m noite esplendorosa, no último dia 09 de feve- termos de produção, criatividade e abrangência, pois
reiro de 2023, tomou posse a nova Diretoria da temos os vários livros lançados e publicações nas mí-
Academia Goiana Maçônica de Letras - AGML, dias escritas por partes dos seus membros e, destaca-
que tem agora como Presidente o Confrade José Mariano -se o Jornal: O Confrade, que já ultrapassou os muros
Lopes Fonseca e Vice-Presidente o Confrade Adegmar do Estado de Goiás, com citações honrosas em diver-
José Ferreira. Tivemos também a elevação à condição sos outros meios acadêmicos maçônicos e não maçô-
de patrono da cadeira 7, do nosso saudoso Confrade nicos, nacionais e até internacionais. Bem como, o li-
Adolfo Ribeiro Valadares e a investidura de 3 (três) no- vro Academia Goiana Maçônica de Letras – História
vos acadêmicos, os Confrades José Eduardo Souza de e Antologia. O nosso novo Presidente José Mariano
Miranda – Cadeira 07, Flávio Roldão de Carvalho Lelis – Lopes Fonseca nos concita a elevarmos ainda mais a
Cadeira 11 e Célio Cézar de Moura Gomes – Cadeira 36. qualidade de nossas produções e está cheio de ideias
Para abrilhantar ainda mais o evento foi feita inovadoras. Sucesso a você Confrade e Presidente e a
uma apresentação do Coro Italiano Toscanelli da toda sua nova Diretoria. Parabéns ao Presidente João
Associazone Italiana Di Goiás, que apresentou com es- Batista Fagundes e sua equipe que com muito zelo e
mero vários clássicos do cancioneiro da “velha bota”. combater a ignorância, a tirania, os preconceitos e os dedicação findam seus misteres.
Se fez presente no evento o Eminente Grão Mestre da erros e defender o direito, a justiça e a verdade, para
Grande Loja maçônica do Estado de Goiás – Mario que assim possamos promover o bem-estar da pátria
Martins de Oliveira Neto. e da humanidade e possamos ao evoluir desbastar a
Sempre que posso falo sobre a Ordem Maçônica, nossa pedra bruta.
e já desmitificando para aqueles que não a conhecem, A Academia é composta por Confrades das duas
não é uma sociedade secreta e sim discreta. Não aceita potências amigas, Grande Loja Maçônica do Estado
entre seus membros ateus, é preciso que o maçom a ser de Goiás e Grande Oriente do Brasil – Goiás, e das
iniciado acredite no Ser Supremo, o qual chamamos mais diversas áreas do conhecimento e formações
de Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. Então e aperfeiçoamentos, temos no nosso seio doutores e
não existe nem um culto satânico ou algo do gênero pós-doutores, mestres e especialistas, professores,
no meio maçônico. Em todas nossas sessões existe a escritores, profissionais da ativa e aposentados dos
presença do Livro da Lei, a Bíblia Sagrada. Buscamos mais altos e relevantes cargos dos 3(três) poderes e
desenvolver-se intelectual e espiritualmente com es- das 3(três) esferas de governo. Para ilustrar tão no-
tudos de nossos simbolismos e das ciências como: a bre ambiente, cito trecho do nosso saudoso Confrade
aritmética, matemática, geometria, física, astrologia, Adolfo Ribeiro Valadares, que resume bem o espí-
letras, entre outras. Tudo isso tendo o objetivo de rito da Academia: “Ambiente profícuo de ideias e
28 JORNAL DA AGML JANEIRO / FEVEREIRO – 2023

GALERIA | SOLENIDADE DE POSSE

registro ABIN confraria celestial


Mas – o que é um pormenor de ausência.
Faz diferença? “Choras os que não devias chorar.
O homem desperto nem pelos mortos nem pelos vivos se
enluta”– KRISHNA instrui Arjuna, no Bhágavad Gita.
A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é
fórmula lapidar. [...] Alegremo-nos, suspensas ingentes
lâmpadas. E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se ao teso
coração alegria!”– desfere então o salmo. As pessoas
não morrem, ficam encantadas. [ GUIMARÃES ROSA ]

MEMBROS DA CADEIRA MEMBROS E-MAIL CADEIRA MEMBROS E-MAIL

ACADEMIA GOIANA
11 Flavio Roldão de Carvalho Lelis flavio.roldao@ifg.edu.br 26 Aírton Batista de Andrade airtonbandrade@gmail.com
12 Alexandre Avelino Giffoni Júnior agiffoni@outlook.com 27 Hélio Moreira drhmoreira@gmail.com
MAÇÔNICA DE LETRAS 13 Getúlio Targino Lima gtargino@hotmail.com 28 Heitor Rosa heitorrosas@gmail.com
14 Sebastião de Oliveira Castro Filho castrofilho.o@gmail.com 29 Joás de Franca Barros quintinobocaiuva@hotmail.com
CADEIRA MEMBROS E-MAIL 15 Jefferson Soares de Carvalho jcarv57@yahoo.com.br 30 Mucio Bonifácio Guimaraes
01 Lícínio Leal Barbosa 16 João Batista Fagundes fagundesadv@hotmail.com 31 Aparecido José dos Santos ajsaparecido09@hotmail.com
02 Anderson Lima Silveira andersonlimadasilveira3@gmail.com 17 Paulo Roberto Marra marra.paulo@gmail.com 32 Anestor Porfirio da Silva silvaanestor001@gmail.com
03 Aidenor Aires Pereira aidenoraires@hotmail.com 18 Absai Gomes Brito brito.absai@gmail.com 33 Carlos Alberto Barros de Castro barros@polipar.com.br
04 Breno Boss Cachapuz Caiado brenocaiado@hotmail.com 19 Mauro Marcondes da Costa mauromarcondes.costa@gmail.com 34 Rogério Safatle Barros rogeriosafatle@gmail.com
05 Luís Carlos de Castro Coelho luiscoelho.adv20@gmail.com 20 Gesmar José Vieira gesmarjv@uol.com.br 35 Carlos Roberto Neri Matos carlosrnerim@gmail.com
06 José Mariano Lopes Fonseca josemarianolopesfonseca@hotmail.com 21 Adegmar José Ferreira degmarjferreira@uol.com.br 36 Célio Cézar de Moura Gomes celio2004mg@hotmail.com
07 José Eduardo Souza de Miranda jemiranda@mirandacorrealima.com 22 Joveny Sebastião Cândido de Oliveira jaqueline5oficio@gmail.com 37 Hamilton Rios de Araújo relacoesinteriores@gleg.com.br
08 Filadelfo Borges de Lima filadelfoborgesdelima@gmail.com 23 Genserico Barbo de Siqueira irtd.anapolis@gmail.com 38 Charles Wellington de Matos Pinheiro charleswellingtonpinheiro@yahoo.com.br
09 Luiz Antônio Signates Freitas signates@gmail.com 24 Isaias Costa Dias isaiascdmc@hotmail.com
10 Carlos André Pereira Nunes carlsoandre@carlosandre.com.br 25 Paranahyba Santana paranasan@gmail.com

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