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O Legado de

Mestre Mendonça
para a Capoeira
Autor do
Regulamento Técnico da Capoeira
em 1972

In Memórian
Damionor Ribeiro de Mendonça
16/07/1932 - 15/03/2017

1ª Edição 2017
Artigo escrito para o site Roda de Capoeira
http://www.rodadecapoeira.com.br/artigo/O-Legado-de-Mestre-Mendonca-para-a-Capoeira/0

2º Edição 2019
eBook

Texto
Pesquisa e Editoração Eletrônica
Jefferson Estanislau - Jeka

Este ebook foi produzido por Roda de Capoeira.


www.rodadecapoeira.com.br
Conhecendo sua História

No mês de março de 2017, faleceu o senhor Damionor


Ribeiro de Mendonça - Mestre Mendonça, mas para os
leigos, quem foi este homem?

Para quem desconhece a história do Mestre


Mendonça, saiba que ele tem um papel importante na
capoeira como a vemos em nossa atualidade, suas ações
literalmente escreveram um novo patamar do termo
capoeira para a nossa sociedade e a forma como ela passou
a ser vista e adotada na vida de muitas pessoas.

Damionor Ribeiro de Mendonça nasceu em Aracaju,


Sergipe em 16 de julho de 1932 e veio para o Rio de Janeiro
no início da década de 1950. Iniciou o seu caminhar na
capoeira na década de 1960, se tornando discípulo de
Mestre Artur Emídio.

A capoeira nesta época ainda não tinha seu devido


reconhecimento, apesar dos esforços de diversas figuras
que tentaram mudar a visão de sua prática desde o início
de 1900 para um ato desportivo, como:

4 * Os artigos com ilustrações de Kalixto sobre a


capoeiragem para a Revista Kosmos em 1906;
* A publicação do livreto Guia do Capoeira ou
Gymnástica Nacional assinado como “O.D.C.” em 1907;

* A grande luta entre o campeão japonês de Jiu-


Jitsu, Sado Miyako contra o brasileiro Francisco da Silva
Cyríaco, mais conhecido como Cyríaco Macaco Velho em
1909;

* O trabalho de Annibal Burlamaqui em 1928


com a publicação do Ginástica Nacional (Capoeiragem)
Metodizada e Regrada;

* As modificações de Mestre Bimba ao criar a Luta


Regional Baiana, uma nova concepção para a prática da
capoeira, sem usar o nome capoeira;

* A grande sacada da Federação Carioca de


Pugilismo em 1933 ao criar o Departamento de Luta
Brasileira (Capoeiragem), seguido posteriormente em
1936 pela Federação Paulista de Pugilismo e em 1941 pela
Confederação Brasileira de Pugilismo, com o Decreto
Federal 3.199/41 assinado pelo então presidente Getúlio
Vargas;

* O entusiasmo que ressurgiu na década de 1950


com o interesse de acadêmicos nacionais e estrangeiros,
artistas, jornalistas e etnólogos que passam a exaltar o
bairro da Liberdade na Bahia, gravam o som do berimbau
em 1955 e passam a fazer pequenos documentários para
demonstrar a arte capoeira no exterior; 5

* A publicação do livro Capoeira Angola em 1965 por


Mestre Pastinha, que no ano seguinte em 1966 comandou
a comitiva brasileira que foi se apresentar no Festival
Mundial de Arte Negra no Senegal.

Apesar de tudo isso, a capoeira ainda continuava


sendo regida pelo Decreto nº 847 de 11 de outubro de
1890, que criminalizou a prática da capoeira, tornando-a
uma contravenção penal.

O que faltava então para a capoeira ter um


reconhecimento idôneo?

Ela precisava ser regulamentada, e para isso,


precisaria do esforço comum de capoeiristas de todo o
Brasil e o aval do governo sobre uma norma de aceitação
de sua prática.

O primeiro passo, mesmo que não intencionalmente


para que isso ocorresse, foi realizado em 1966 por um
entusiasta do folclore nacional, chamado Nóbrega Fontes,
que apesar de nunca ter jogado capoeira, resolveu criar
uma competição, chamado Troféu Berimbau de Prata,
que ocorreu na Feira da Providência no Rio de Janeiro.
O sucesso dessa competição originou outras edições, no
qual recebeu o nome de Troféu Berimbau de Ouro.

Assim, com o interesse de participação da


capoeiragem de todo o Brasil em disputar esse troféu,
ressurgiu o interesse em debater e falar sobre a capoeira,
6 o que originou o Primeiro Simpósio de Capoeira realizado
em 1968 no Campo dos Afonso, por iniciativa da Federação
Carioca de Pugilismo e apoio do Ministério da Aeronáutica,
com o propósito de catalogar os golpes, as esquivas, as
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negaças e a nomenclatura pelo qual eram conhecidos os
diversos movimentos da capoeiragem, com a participação
de representantes dos estados da Guanabara, do Rio De
Janeiro, de Minas Gerais, da Bahia e de São Paulo.

A coisa caminhou tão bem, que foi marcado para


o ano seguinte, em 1969 um novo Simpósio de Capoeira
onde eles retornariam com mais informações e a presença
de mais capoeiristas para concluírem a relação com uma
nomenclatura em comum tanto para as esquivas quanto
para os golpes e demais movimentos da capoeiragem. E foi
o que aconteceu!

Neste Segundo Simpósio de Capoeira, também foram


nomeados representantes de cada estado para redigirem
textos de um anteprojeto de regulamento de capoeira,
para ser enviado ao Departamento de Capoeiragem da
Confederação Brasileira de Pugilismo.

E aqui chegamos ao senhor Damionor Ribeiro de


Mendonça, que foi escolhido como representante do
Estado da Guanabara para ser o redator deste anteprojeto.
Mestre Mendonça então uniu o seu conhecimento sobre
a capoeira e passou a realizar diversas pesquisas entre
Torneios, visitas e troca de informações com outros
Mestres para elaborar o seu texto.

Esse texto deveria ser ético e responsável, não


poderia sucumbir a pressões externas para valorizar esta ou
aquela parte. Deveria ser simples e de fácil entendimento, 7
para que os praticantes e até mesmo os leigos da capoeira
pudessem compreender. E fundamentalmente, para que os
governantes vissem e aplaudissem o potencial da capoeira
como luta, como desporto, para que assim, a mesma fosse
retirada de fato do código penal brasileiro.

Sendo um bom patriota e de forma a valorizar a


capoeira como genuína Arte Marcial Brasileira, Mestre
Mendonça fundamentou seu anteprojeto em demonstrar
nossa nacionalidade e valorizar a capoeira atual como uma
arte correta, cujos praticantes são pessoas do bem, ao
contrário do Decreto nº 847 que tratava os capoeiristas
como vadios e criminosos.

Citarei aqui 2 pontos de extremo valor que compõe


o anteprojeto:

1) GRADUAÇÃO

De forma a ter uma organização e para que os


capoeiristas se entendessem e se respeitassem de
forma sadia e hierárquica nas Rodas de Capoeira, Mestre
Mendonça criou um sistema de graduação chamado Cordel.

O nome cordel é uma homenagem à literatura de


cordel, um gênero literário de origem portuguesa onde os
textos eram escritos em folhetos, pendurados em cordéis
ou barbantes para exposição, esse gênero foi perpetuado
no nordeste brasileiro passando a ser conhecido em todo
o território nacional, onde seus autores ou cordelistas
recitam seus textos/versos de forma melodiosa e
cadenciada, muitas vezes acompanhados de uma viola.
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As cores dessa graduação foram baseadas nas cores
da Bandeira Nacional Brasileira, estabelecida de forma

O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira


lógica, conforme a maior concentração ou quantidade
dessa cor em nossa bandeira, sendo a primeira cor verde,
depois o amarelo e o azul. A cor branca só entra no nível
de mestre.

A graduação original de Cordel fundamentada pelo


Mestre Mendonça tem 10 estágios, sendo eles:

1º estágio – Cordel Verde


2º estágio – Cordel Verde-Amarelo
3º estágio – Cordel Amarelo
4º estágio – Cordel Amarelo-Azul
5º estágio – Cordel Azul (Formado)
6º estágio – Cordel Verde-Amarelo-Azul (Contramestre)
7º estágio – Cordel Branco-Verde (Mestre de 1º Grau)
8º estágio – Cordel Branco-Amarelo (Mestre de 2º Grau)
9º estágio – Cordel Branco-Azul (Mestre de 3º Grau)
10º estágio – Cordel Branco (Mestre de 4º Grau)

9
Observações sobre a graduação:

a) Note que nesta época a prática da capoeira em sua


maioria ainda era feita de forma furtiva por adolescentes
e adultos, sua prática pela sociedade era considerada
coisa de vadios e não se queria esse rótulo a crianças.
Desta forma, os estágios foram pensados para o início da
vida adulta.

b) Independente das cores, os estágios abaixo de


Mestre correspondiam a todas as etapas necessárias para
o aprendizado de um aluno na compreensão da maioria dos
mestres brasileiros.

c) A separação de Mestres em graus se faz,


porque os mesmos se encontram em constante evolução
de conhecimento, ninguém chega a mestre e se torna
automaticamente o detentor de todo o conhecimento.
Desta forma foram criados 4 graus, cuja mudança de
graduação só ocorreria a cada 10 anos. Isso gera o respeito
mútuo entre os próprios Mestres e a valorização dos mais
velhos pela longa caminhada percorrida até o seu estágio.

d) Para a confecção do cordel, o material utilizado


deveria ser o fio de seda, em homenagem as maltas cariocas
que usavam a seda como proteção ao corte da navalha,
utilizado como arma da capoeiragem no passado. Para o
trançado do cordel seria utilizado 9 fios, sendo separado
em 3 grupos de 3, dando referência a cabalística do três
10 que está presente dentro da capoeira, como o uso de 3
berimbaus para compor o ritmo.

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e) Um fato muito simbólico e que poucos sabem
é o porquê do cordel ser amarrado do lado direito do
corpo. Segundo o Mestre, a adoção da regulamentação
simbolizaria uma nova etapa da capoeira, onde o capoeira
deixaria de ser um vadio, de acordo com o até então código
penal brasileiro, e passaria a ser considerado um cidadão
de bem, um cidadão “direito”!

2) UNIFORME

Mestre Mendonça em suas pesquisas, também


elaborou um padrão de uniforme para a prática da capoeira.

O simbolismo do uso do uniforme também atende


ao preceito da mudança de paradigma entre o conceito
do capoeira ser vadio, para o conceito do praticante
de capoeira ser um cidadão de bem, tendo a lisura e o
respeito em um uniforme limpo. Desta forma:

* A Calça deveria ser branca, em helanca ou tecido


similar, cuja bainha alcance o tornozelo, atada a cintura
pelo cordel indicativo da classe a que pertence o atleta.
Seria proibido o uso de outra cor, bem como o uso de
cintos, bolsos, fivelas e etc, que pudessem ser utilizados
para esconder objetos que se tornassem armas nas mãos
dos praticantes;

* O capoeirista vestirá camisa branca de malha,


tendo estampado no peito o escudo de sua entidade;
11
* O cordel deve ser colocado na calça do capoeirista,
transpondo as passadeiras, de maneira que seja dado um
nó, no lado direito da cintura e que fiquem pendentes as
duas pontas do cordel, na altura do joelho.

Observem nestes exemplos, que a preocupação


ética e a valorização para que o capoeirista recebesse
o respeito da sociedade para seus praticantes, sempre
esteve delineado nas intenções do Mestre Mendonça, e
pelo conjunto da obra, e talvez por essa percepção tão
idealista do futuro da capoeira, o anteprojeto redigido pelo
Mestre, foi aceito e encaminhado para o Departamento
de Capoeiragem da Confederação Brasileira de Pugilismo.

Em 26 de dezembro de 1972, o anteprojeto do


Mestre Mendonça foi homologado pelo Conselho Nacional
de Desporto (CND-MEC) e se tornou o Regulamento
Técnico da Capoeira (RTC), passando a vigorar a partir de
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01 de janeiro de 1973.

Foi por causa desse homem, ético e convicto de suas


ações, que a capoeiragem deixava de ser uma contravenção
O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira
penal e passaria a ser reconhecida oficialmente como luta,
esporte e cultura.

E assim, a partir de 1973 que a prática da capoeira


foi liberada livremente para todo o território nacional, foi
permitido registrar oficialmente, pelo que hoje é conhecido
como CNPJ, os grupos de capoeira e também a formação
de associações, ligas, federações e confederações.

Todos os grupos e associados já criados e registrados


atualmente, devem há memória deste homem, a liberdade
de hoje poderem abrir suas academias, receber seus
alunos, realizar seus eventos, sem o medo de ser preso
como vadio e fichado em registros policiais, o que muito
aconteceu até o início da década de 70.

Mas com direitos, há deveres, e muita gente foge


quando passa a ter uma responsabilidade, e assim, passa a
criar desavenças ou fazer críticas.

Após o primeiro Campeonato Oficial de Capoeira


realizado em 1974 no Estado da Guanabara, algumas
divergências foram levantadas sobre o tipo de competição
que estava sendo disputada, assim como o uso da
graduação e uniforme, foi estabelecido que ocorresse em
maio de 1975, um Congresso em Salvador cuja pauta teria
graduação, uniforme e campeonato individual.

Neste Congresso de Salvador estiveram presentes


delegações de vários estados. E após 3 dias de discussões, 13
para resolver o impasse da pauta sobre graduação e
uniforme, foi estabelecido que no Campeonato Brasileiro
de Capoeira Individual que seria realizado neste mesmo
ano de 1975 no Estado de São Paulo, a equipe que se
consagrasse campeã da competição, os demais estados
passariam a adotar seu uniforme e graduação como padrão
nacional, acabando assim com as divergências levantadas.

Pois bem, por méritos dos atletas na competição


no Campeonato Brasileiro de Capoeira de 1975 realizado
em São Paulo, mas de uma forma irônica as divergências
levantadas até então, a equipe que se consagrou campeã
foi o Estado da Guanabara, equipe que utilizava fielmente
o padrão de graduação e uniforme criado por Mestre
Mendonça.

Assim, por ato regulatório homologado pelo CND-


MEC em 1972 e por uma competição nacional disputada
por representantes das principais federações da época
em 1975, o sistema de Graduação de Cordel e Uniforme
Branco, era efetivado como o padrão da Arte Marcial
Brasileira Capoeira.

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O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira


Respondendo a pergunta inicial:
Quem foi Mestre Mendonça?
Assumiu a responsabilidade de escrever o anteprojeto
do Estado da Guanabara e o mesmo se tornou o Regulamento
Técnico da Capoeira (RTC) em 26 de dezembro de 1972 que
passou a vigorar em 1° de janeiro de 1973;

* Por esse feito, quando o Departamento de Capoeiragem


da Confederação Brasileira de Pugilismo passou a registrar
oficialmente os Mestres de Capoeira, ele recebeu o registro
número 0001;

* Foi o inventor do primeiro berimbau feito de bambu, na


época muitos o criticaram, mas na atualidade o uso do bambu é
apreciado por muitos Mestres;

* Também inventou o uso do dobrão de cristal;

* É autor de mais de 120 músicas, incluindo as de São


Bento, que são as mais cantadas em rodas;

* Escreveu um livro com mais de 500 ditados populares


em versos e rimas e os adaptou em música de capoeira;

* Criou cantigas de roda, músicas infantis com letras e


fundamentos para a capoeira;
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* Recebeu da câmara Municipal do Estado do Rio de
Janeiro o título de Cidadão Honorário do município do Rio

O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira


de Janeiro; Medalha de Mérito Pedro Ernesto; Título de
Cidadão do Estado do Rio de Janeiro; Medalha Tiradentes da
Assembleia Legislativa do Rio De Janeiro.

* Dedicou boa parte de sua vida ao importante trabalho


de estudo e aprofundamento da capoeira; A preservação da
memória das raízes desta importante manifestação cultural
e esportiva; Tendo ainda criado o Centro de Informação de
Capoeira (CICAP).

Mestre Mendonça dizia ter tido mágoas e frustrações,


em certos momentos foi perseguido e hostilizado, e chegou
até a se afastar da capoeira. Mas reencontrou o caminho com
o respeito e a valorização dos capoeiristas que nunca deixaram
de acreditar em seus ensinamentos, dos discípulos que formou
e perpetuam essa história marcante no mundo da capoeira e
de seus familiares que honram o nome Mendonça e continuam
atuantes na capoeira.

Quando você vir um uniforme branco de capoeira na rua,


nas escolas, nas academias ou em qualquer outro lugar, saiba
que ali está a marca deste homem, apesar do mundo globalizado
e capitalista ter distorcido um pouco os ideais almejados por
ele, a capoeira ao redor do mundo tem muito a agradecer por
tudo o que ele fez!

Mestre Mendonça dizia que a palavra “IÊ” serve para


tudo na capoeira. Ela é uma saudação, um cumprimento, uma
manifestação de alegria, uma forma de chamar a atenção dos
alunos e etc.

Iêeee...
16 Viva a Memória de Mestre Mendonça!

O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira


JEFFERSON ESTANL
IS AU

Mestre Mendonça e Mestre Artur Emídio

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O link abaixo é do vídeo de uma das últimas participações
do Mestre Mendonça em um evento de Capoeira.

https://www.youtube.com/watch?v=TWaICAPDAiE

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O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira


Fontes de Referência:

* Mestre Bogado
* Apostila da Associação de Capoeira Barravento
* http://www.rodadecapoeira.com.br/artigo/O-que-e-
Capoeira/1
* http://www.rodadecapoeira.com.br/artigo/Breve-
Historia-da-Regulamentacao-da-Capoeiragem/0
* http://arteevidacapoeira.blogspot.com.br/2012/11/
biografia-mestre-mendonca.html

NOTA: Tomei a iniciativa de escrever esse texto por


causa do meu Mestre, Evaldo Bogado de Almeida – Mestre
Bogado, discípulo de Mestre Mendonça.

Por todo o respeito e admiração que ele tem por seu


Mestre, por todos os ensinamentos e informações que ao
longo dos anos ele tem fornecido para o meu crescimento
na capoeira, assim como a oportunidade que me deu de ter
conhecido em vida o seu Mestre.

Esses ensinamentos serão perpetuados por mim e por


todos que não se deixam enganar por aqueles que tentam
distorcer os fatos da história da capoeira!

Salve Mestre Artur Emídio


Salve Mestre Mendonça
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Salve Mestre Bogado
Salve a Capoeira!!!
Por: Jefferson Estanislau - Jeka

O Legado de Mestre Mendonça para a Capoeira

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