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CULTURA DO MOVIMENTO
Bruna Floriano1
Diovana de Jesus2
Douglas Wilham Cascais3
Jorge Luiz Ramos Porto Thimotheo4
RESUMO
A capoeira é uma prática muito comum e popular no Brasil e muito importante para a cultura
popular brasileira, principalmente pela sua origem. Também é uma prática muito importante
dentro da Educação Física. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é analisar estudos e pesquisas
relacionados a capoeira, sua história e quais seus impactos físicos e culturais para os praticantes
da arte. Foram analisados artigos e livros que abordam estes assuntos, buscando chegar a uma
conclusão sobre a necessidade e a importância do ensino da prática da capoeira e da sua história,
tanto da forma que já vem sido ensinada, em estúdios e academias, quanto no âmbito escolar.
1. INTRODUÇÃO
A capoeira é uma prática muito comum e popular no Brasil, também é bastante citada
na televisão e no cinema, inclusive internacional, onde, na maioria das vezes, é juntamente citada a
sua origem, o que é motivo de orgulho para os brasileiros, principalmente para os atuantes da área,
visto que nem sempre a capoeira teve o valor e a visibilidade que merecia.
Não se tem ao certo uma data de origem para a capoeira devido a perda de documentos
queimados na época, porém acredita-se que foi criada em meados do século XVII pelo povo que era
escravizado, e em seguida se espalhou por todo o Brasil, onde hoje é considerada umas das maiores
práticas culturais.
A capoeira pode ser entendida como esporte, luta, dança, ou simplesmente cultura
popular, e uma característica importante que difere a capoeira dos demais tipos de luta é o fato de
1
Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física na turma LEFBEF0743.
2
Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física na turma LEFBED0743.
3
Acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física na turma LEFBEF0743.
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Tutor externo da disciplina Prática Interdisciplinar – Fundamentos da Educação Física.
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI ─ Curso Licenciatura em Educação Física.
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ser praticada com acompanhamento de músicas. Os praticantes que formam a roda cantam e tocam
instrumentos comuns nessa prática, como berimbau, pandeiro e outros.
Com isso, o objetivo do presente trabalho é, por meio de revisões bibliográficas, buscar
mais informações sobre a prática e sua história, seus benefícios para os alunos da educação física no
âmbito escolar, e, por fim, encontrar a melhor resposta para esse dilema.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Existem várias hipóteses acerca do surgimento da capoeira, mas sabemos que está
ligada a história dos negros no Brasil. Na época, os europeus precisavam encontrar mão de obra
barata para poder explorar as terras, eles começaram indo atrás dos povos indígenas, que de
imediato se recusaram a ser capturados e reagiram à escravidão, então, os colonizadores buscaram
mão de obra escrava exportando negros da África.
A grande dificuldade para encontrar uma data certa para a origem da capoeira se dá,
principalmente, pela ordem atestada de Ruy Barbosa, que mandou queimar toda a documentação da
escravidão no país, assim dificultando um entendimento mais amplo da cultura afro-brasileira
(Rego, 1968; Campos, 2001).
Areias (1983), em sua obra “o que é Capoeira”, fez constar que os negros eram tirados
de seu habitat, colocados nos porões dos navios e levados para os novos horizontes recém
descobertos pelas grandes potências da época. Quando chegavam em terra, os negros eram
separados para evitar contato entre si, evitando a comunicação e, assim, possíveis rebeliões.
“Trabalhando num regime de sol a sol, comandados pelos chicotes dos feitores, eles
derrubavam as matas, preparavam a terra, plantavam a cana e produziam, com amargor do
seu sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos seus senhores.”
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Apesar de tanta dificuldade, talvez até mesmo pela presença dela, foi assim que surgiu a
capoeira. Para alguns autores, estudiosos do assunto, a capoeira foi uma invenção do negro na
África, onde existia como forma de dança ritualística. Mais tarde, com o processo do colonialismo
brasileiro, e com a chegada dos negros escravos originários da África, aqui a capoeira apareceu
como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (Santos, 1990).
De acordo com Reis (1997), “a capoeira é uma manifestação cultural brasileira nascida
em circunstâncias de luta por liberdade, nos tempos da escravidão”.
Com a finalidade do divertimento essa prática foi criada, porém isso não mudava o fato
de transformar os escravos em guerreiros corporais, que na época treinavam em quitandas ou em
vendas de cachaça, que possuíam espaço amplo. Segundo Mello (1996), “essa prática se dava de
maneira clandestina, pois, uma vez que ela era utilizada como arma de luta, os senhores do engenho
passavam a proibi-la veementemente, submetendo a terríveis torturas todos aqueles que a
praticassem”.
O berimbau, instrumento usado na época, servia como um tipo de aviso para a chegada
dos senhores, assim mudando rapidamente o estilo da prática. Santos (1990) diz que, com o passar
dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder fatal da capoeira, proibindo e a rotulando
de “arte negra”.
Com isso, a capoeira começou a ser vista como perigosa, e aos seus praticantes foram
intitulados vários tipos de punições das mais rigorosas que podem existir, incluindo pena de prisão e
até mesmo a deportação.
Somente na década de 30, com a tomada de Getúlio Vargas ao poder, foi autorizada a
prática vigiada da capoeira. Areias (1983) ressalta: “Não sendo mais perseguidos, os capoeiristas,
sedentos de expressão, infestavam as ruas e praças das cidades com as suas rodas de capoeira, era
parte integrante e obrigatória de todas as festas populares”.
Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba, criador da chamada capoeira regional,
utilizou dos seus conhecimentos da capoeira angola e do batuque (arte marcial que visa derrubar o
adversário com golpes de perna) para criá-la. Dizia ter criado a capoeira regional, pois via na
capoeira dos “outros” muita fraqueza, e esta evolução da capoeira era boa para o físico e para a
mente. Em 1953, mestre Bimba se apresentou para o Presidente Getúlio Vargas, e este declarou ser
a capoeira o único esporte verdadeiramente nacional (Falcão, 2004; Iphan, 2014).
Apesar de toda a trajetória, mestre Pastinha não foi devidamente reconhecido, tendo sua
academia tomada por autoridades e acabou falecendo com 92 anos. Antes de vir a óbito, passou o
resto de sua vida em um quartinho.
Como toda modalidade que possui suas finalidades, a capoeira não é diferente. Apesar
de ser uma prática ainda pouco estudada, ela possui suas características únicas, com movimentos
únicos.
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Alguns movimentos como o ginga, por exemplo, que é um dos movimentos mais
tradicionais, afinal todos os golpes partem desse mesmo; o cocorinha, que é um tipo de esquiva em
que o oponente se abaixa; o aú que é o deslocamento do corpo para evitar rasteiras; a benção que é
um chute com o intuito de acertar o oponente com a sola do pé; negativa que é o movimento de
esquiva; armada que é o chute giratório e vários outros como cabeçada, queixada, meia lua de
frente, rasteira e mais.
Sendo uma prática ritma, necessita ter seus instrumentos; Mestre Pastinha (1988) afirma
que “os instrumentos que compõem o conjunto são berimbau, pandeiro, reco-reco, agogô, atabaque
e caxixi.
Para crianças em fase escolar devem conter regras explícitas, pois são capazes de
controlar seu próprio comportamento, uma vez que passam a agir mais na esfera cognitiva devido
ao fato de terem a possibilidade de pensar por meio de conceitos e estarem inseridas no ambiente
escolar (Duarte, 2007).
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A capoeira angola é o estilo original praticado pelos escravos. Essa prática capoeirista é
caracterizada por ser mais lenta, envolvendo movimentos furtivos e executados de modo rasteiro.
Criado pelo mestre Bimba esse estilo difundiu-se pelo mundo, ao combinar os
conhecimentos de duas artes importantes para o seu povo, mestre Bimba foi capaz de dar vida a um
estilo que virou marca tradicional da Bahia.
Porém, esse não é considerado como um terceiro estilo por todos. Alguns acreditam ser
apenas uma evolução natural do estilo, e outros dizem ser uma afronta as tradições.
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A Capoeira possui movimentos corporais que trazem em si elementos que justificam sua
utilização na Educação Física e, ainda, na consolidação dos compromissos desta área através dos
valores, conceitos, cooperação e manutenção da saúde.
Além disso, a capoeira, segundo alguns autores como Campos (2001), Falcão (1996),
Zulu (1995) e Silva (2001), pode ser entendida como um patrimônio cultural brasileiro, como já foi
citado anteriormente, e também reconhecida como patrimônio imaterial do povo brasileiro pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2008), com especificidade ímpar pela sua
multiplicidade e sua abrangência, não devendo ser tratada de forma unidimensional, isto é, só
esporte, só jogo, só luta, só dança e etc.
Deve-se procurar relacionar cada uma de suas interfaces para não simplificá-la e reduzi-
la em seu contexto, pois o seu enredo somente pode ser entendido a partir da análise do conjunto de
suas dimensões: antropológica, sociológica, técnica, estética e artística.
A partir das discussões teóricas, até aqui realizadas, foi possível fazer uma proposta que
busque a formação integral, abordando a capoeira numa perspectiva pedagógica envolvendo os
diversos ritmos, a coordenação motora, a criatividade, a expressão corporal, sem padrões a serem
seguidos e ainda, proporcionar estímulos para a expressão das singularidades do esporte.
Atualmente percebemos a capoeira como esporte autêntico brasileiro que traz novos
elementos de discussão de uma atividade física que proporciona educação, saúde, cultura e
qualidade de vida.
Por ser uma expressão corporal que envolve dança, luta, cânticos, palmas, músicas,
relacionamentos interpessoais, força, agilidade, coordenação e condicionamento físico, citada por
alguns autores, como Falcão (1996), Zulu (1995) e Silva (2001), como oportuna proposta da
Educação Física em vista dos seus compromissos com o bem estar dos seus participantes, como diz
Campos (2001):
“A Capoeira é uma excelente atividade física e é de uma riqueza sem precedentes para ajudar na
formação integral do aluno. Ela atua de maneira direta e indireta sobre todos os aspectos: cognitivo,
afetivo e motor.”
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Sabemos que a capoeira, além de esporte, é arte, jogo, dança e filosofia de vida, é um
conteúdo histórico-cultural da humanidade.
As culturas na sociedade deverão estar representadas nos objetivos gerais nos diferentes
componentes curriculares, inclusive na Educação Física escolar, orientando o aprendizado dos
estudantes para, de acordo com Brasil (1998):
Dos variados conteúdos que a Educação Física pode contemplar, o tema pluralidade
deve estar presente para a discussão e reflexão sobre o respeito às diferenças humanas, e a capoeira
é um conteúdo propício para esta discussão, uma vez que a capoeira é composta por gestualidade,
simbolismo e interações, além de valores de uma manifestação integrante do “alento da alma do
povo brasileiro, e que, em determinado momento da história, o Estado negou ao povo o direito à
vivência operativa da Capoeira” (Zulu, 1995).
A respeito disso, vale ressaltar que a Educação Física, como as outras disciplinas, deve
buscar por questões que tratam das diferenças humanas comunicadoras de uma cultura inter étnica,
fruto de um entrelaçamento cultural.
“[...] romper com a cultura oficial, mudar a mentalidade em direção a uma consciência de classe para que
a professora ou o professor possa compreender-se como ser social, para que supere o senso comum e,
concomitantemente, altere tanto as suas relações de trabalho quanto as condições objetivas da prática
educativa. Mas, para isso, é preciso saber ouvir e se dispor a ouvir o que seu aluno tem a dizer a respeito
de si mesmo e do outro que com ele partilha a vida, partilha o dia-a-dia, incluindo o próprio professor.”
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Estes temas podem ser abordados de acordo com vivências e reflexões sobre a história e
filosofia de vida da capoeira no âmbito escolar. A partir dessas reflexões, conseguimos perceber as
significações e relevâncias que a capoeira proporcionará aos alunos nas aulas de Educação Física,
de acordo com as suas vertentes e possibilidades pedagógicas.
É possível trabalhar com este conteúdo por meio de estratégias, desde que os
profissionais atuantes procurem legitimar a capoeira como instrumento de educação que colabore
com a visão ampliada de um processo educacional crítico, reflexivo e contextualizado, com os
ideais de promoção da cidadania do sujeito, conforme a preocupação de alguns autores analisados,
como Zulu (1995).
Para tanto, o professor deve dominar alguns conhecimentos básicos da capoeira para
que a mesma tenha seu papel desempenhado de forma que consiga interferir no desenvolvimento
integral do aluno.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados livros e artigos científicos acerca do tema, e o método utilizado foi
revisão bibliográfica.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente trabalho teve como objetivo entender a história por trás desse estilo de vida,
assim como discutir sobre o corpo e suas implicações na capoeira, trazendo uma visão sobre ela
para a área da Educação Física.
5. CONCLUSÃO
A capoeira foi, por muito tempo, camuflada dos senhores de engenho e feitores, contudo,
hoje representa uma manifestação cultural que exalta a luta pela liberdade dos negros desde os
tempos de escravidão.
No âmbito escolar, a capoeira não pode ser vista apenas como prática esportiva, mas
também pode ser um importante conteúdo da Educação Física, por poder ser trabalhada na escola de
diversas maneiras, como luta, dança, jogo, música ou também sua história, muito rica em
movimentos e cultura. Ou ainda por fatores motivacionais, pedagógicos, prática lúdica e prazerosa,
entre outros.
Por fim, podemos afirmar, então, que a capoeira é um conteúdo muito importante, e que
deve sim ter o seu espaço também no âmbito escolar.
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REFERÊNCIAS
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Sobre a Natureza da Atividade do Ensino Escolar. Psicologia da Educação. São Paulo, v. 24, p.
51-72, 2007.
FREITAS, Jorge L. de. Capoeira Infantil: A Arte de Brincar Com o Próprio Corpo. Curitiba:
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Apontamentos Sobre suas Inter-relações. Revista Brasileira de Ciências do esporte, São Paulo, p.
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SOLER, Reinaldo. Jogos Cooperativos Para a Educação Infantil. 2 ed. Rio de Janeiro: Sprint,
2003.