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METODOLOGIA DO ENSINO DE
ATIVIDADES AQUÁTICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo dessa unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Essa unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
INTRODUÇÃO À NATAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A prática de atividades físicas regulares tem sido enfatizada como
um componente indispensável para a manutenção de um estilo de vida ativo
e saudável, pois resultam em benefícios biopsicossociais aos que as praticam
(NAHAS, 2006).
Reis (1983 apud DAMASCENO, 1992, p. 22) define a natação como "a
técnica de deslocar-se na água, por intermédio da coordenação metódica de
certos movimentos", e nadar "como se deslocar na água a seu nível ou através
da força e adaptações naturais do próprio nadador". Para Andries Junior (2008,
p. 30), “entendemos que o nadar se refere a formas variadas e diversificadas de
manifestação do sujeito na água; essas manifestações têm aspectos culturais e
mudam de um lugar para outro, não têm intenção de resultados esportivos. Já
a natação carrega um caráter esportivo, busca através de movimentos técnicos e
preestabelecidos, resultados e vitória”. Para Araújo Júnior (1993), nadar e natação
também significam ação, exercício, arte, autopropulsão e autossustentação, mas
deve-se acrescentar a isso o respeito pela individualidade, espontaneidade,
criatividade e liberdade, fazendo com que a natação solicite exercícios tanto no
aspecto físico quanto no intelectual, o que torna o processo de aprendizagem uma
única unidade.
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
específico, supondo-se para o mesmo fim, pelo menos, o domínio apropriado das
técnicas, conhecimento de ritmo, além de urna boa preparação física”. Bonacelli
(2004, p. 82) diz que "a natação competitiva busca, preferivelmente, o rendimento
na luta contra o cronômetro, no excesso de treinamento, visando uma adaptação
superior na padronização dos movimentos".
Para o nadar essa facilidade não acontece, pois isso é uma habilidade
adquirida, sendo preciso que se passe por um processo de adaptação e
aprendizagem. Conforme Damasceno (1992), as adaptações na terra são bem
diferentes das adaptações na água e, por isso, o homem deve passar por um
novo processo de adaptação das estruturas de base para aprender a nadar. De
acordo com Andries Júnior (2008), as fases que se deve dominar antes de iniciar
a aprendizagem dos nados são: os primeiros contatos com a água, a respiração,
a flutuação, a propulsão e a entrada na água. Após estas fases é que serão
introduzidos os nados propriamente ditos.
Todavia, “nadar” não é apenas o nadar indo e vindo, numa piscina artificial
e regulamentada, tal qual é ensinado e treinado nas escolas e nos clubes em geral.
A natação é muito mais que nadar rapidamente em linha reta, é a múltipla, pura
e simples relação com a água e com o próprio corpo. De acordo com Burkhardt
e Escobar (1985), deve-se compreender a natação como contribuição no processo
de educação integral dos indivíduos. Além disso, os autores salientam que o
movimento humano sistematizado em exercícios terapêuticos, definidos como
movimento do corpo ou das partes do corpo para aliviar sintomas ou melhorar
as funções, é prática secular em diversas civilizações para corrigir problemas
variados, como postura, respiração e equilíbrio mental.
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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO
Por ser uma atividade altamente recreativa, quer seja pelo seu aspecto
lúdico que tanto bem-estar proporciona aos seus participantes, permitindo obter
a inteira cooperação de alunos, habitualmente, com muitos medos e tensão, a
natação tem sido um elemento fundamental no desenvolvimento social dos
indivíduos, especialmente das crianças e jovens. Todavia, a natação não é só uma
excelente forma de exercícios e recreação, mas, também, um meio de sobrevivência.
É essencial, quando se ensina a natação, ganhar a confiança do aluno e permitir-
lhe muitas oportunidades para que ele esteja cômodo e relaxado na água. Com
as instruções adequadas e com a prática, o indivíduo pode aprender a utilizar a
natação com prazer através de sua vida. Há oportunidades ilimitadas para que
os indivíduos participem da natação por meio de competições ou somente por
entretenimento e recreação.
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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO
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UNI
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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO
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mundial. Este tempo permaneceu como recorde mundial até 1964, quando o
francês Alain Gottvales percorreu 100 metros em 52,9 segundos (KRUG; MAGRI,
2012).
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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
3 BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO
Apesar da literatura conter diversas definições para a natação e métodos
bem diversificados para seu ensino, todos os autores concordam em um ponto:
este é um esporte excelente devido ao seu caráter formativo e totalizador.
Qualquer corpo no meio aquático esforça-se para superar as perturbações
causadas pela água, o que caracteriza uma de suas vantagens em relação aos
outros esportes (DAMASCENO, 1992). Para Araújo Júnior (1993), a natação é
considerada uma das atividades físicas mais completas que existe na atualidade
e, através dela, se obtém benefícios que auxiliam o praticante a ter uma vida mais
saudável, buscando a otimização e o desenvolvimento das capacidades físicas,
flexibilidade, força, resistência muscular, e da capacidade cardiorrespiratória.
Além disso, dependendo da forma como for praticada, a natação pode vir a ser
uma atividade de integração das pessoas que a praticam, muito mais voltada ao
aspecto socializador, usada com prazer, onde e quando o ser descobre e aprimora
a sua personalidade (ARAÚJO JÚNIOR, 1993). Nesse sentido, Carvalho et al.
(2008) também apresentam algumas finalidades da natação, são elas: obtenção
das habilidades básicas fundamentais, conhecimentos sobre a segurança no
ambiente aquático e boa conduta social.
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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO
• Retifique os erros de forma elogiosa, por exemplo: "está certo, mas procure
fazer deste modo";
• Sinta sempre no rosto e no desempenho dos alunos as respostas às suas
atividades;
• Faça demonstrações lentas, chamando atenção para os pontos mais importantes;
• Observe a fadiga dos alunos;
• Respeite as individualidades (FARIAS, 1988, p. 12).
Após ter conseguido que a maioria não tenha mais receio de brincar com
a água fora da piscina, você irá colocá-los na água. Faça com que cada um desça
as escadas lentamente até conseguir tocar no fundo da piscina, caso ela seja rasa
ou de iniciação, se for de maior profundidade, coloque flutuadores em todos,
caso necessário. Se forem crianças que não possam tomar pé, segure-os com
leveza e segurança. Em uma piscina de iniciação, onde todos possam ficar de pé
com o tronco fora da água, Farias (1988, p. 16) sugere a realização dos seguintes
procedimentos:
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
Caso a aula ocorra em uma piscina funda, onde nenhum dos alunos possa
alcançar os pés no fundo da mesma, as orientações de Farias (1988, p. 17) são as
seguintes:
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RESUMO DO TÓPICO 1
Nesse tópico você viu que:
23
• A prática da natação resulta em inúmeros benefícios em diferentes aspectos
do corpo humano, tais quais coração e circulação, musculatura e sistema
locomotor, sistema respiratório, metabolismo e sistema nervoso.
• A natação pode ser realizada por inúmeros motivos, entre eles estão a saúde, a
performance, a reabilitação e o lazer, isto porque a prática da natação carrega
consigo infinitos benefícios.
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AUTOATIVIDADE
3 Quais os aspectos que devem ser abordados antes de iniciar o ensino dos
“nados”, propriamente ditos?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
a) ( ) V, V, V, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) V, F, F, F.
d) ( ) F, V, F, V.
e) ( ) F, F, F, V.
25
5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à história da natação, e marque
V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.
a) ( ) F, V, V, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) V, F, V, F.
d) ( ) F, V, F, V.
e) ( ) F, F, F, V.
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d) ( ) O Brasil não participou das Olimpíadas de Amsterdam, em 1928, em
decorrência da crise financeira do país.
e) ( ) A primeira medalha de ouro em Olimpíadas foi conquistada por César
Cielo, na prova dos 50 metros nado livre, nas Olimpíadas realizadas
em Pequim, na China, em 2008.
Coluna 1 Coluna 2
( ) Aumento do volume do coração; hipertrofia;
(a) Musculatura e menor frequência cardíaca; maior transporte
aparelho locomotor de oxigênio; menor esforço cardíaco; maior
elasticidade dos vasos sanguíneos.
( ) Mobilização de muita energia para execução
(b) Coração e circulação
dos movimentos.
(c) Sistema respiratório ( ) Desenvolve o sistema nervoso de forma global.
( ) Maior absorção de 02 máxima (maior
volume nos pulmões); maior difusão de 02; mais
(d) Metabolismo hemoglobina; maior irrigação sanguínea da
musculatura envolvida; auxilia no combate às
doenças do aparelho respiratório.
( ) Melhor capilarização da musculatura; aumento
(e) Sistema nervoso da secção transversal; desenvolvimento geral da
musculatura, levando a uma melhor postura.
a) ( ) b, d, e, c, a.
b) ( ) b, a, c, d, e.
c) ( ) c, a, b, e, d.
d) ( ) d, e, c, b, a.
e) ( ) e, b, a, d, c.
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10 A primeira etapa para aprendizagem da natação está na adaptação ao meio
líquido. No que concerne à adaptação ao meio líquido, assinale a alternativa
incorreta.
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UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
A água tem propriedades físicas que precisam ser conhecidas pelo
profissional que atua nela, pois são essas propriedades que irão causar muitos
efeitos no corpo da pessoa que tiver em contato com esta. Estar na água é
muito diferente de estar no solo. Apesar de nós, seres humanos, termos estado
durante nove meses dentro de um meio líquido, ao nascer somos obrigados a
nos adaptarmos ao meio aéreo, transformando muitas coisas no nosso corpo,
a começar pela respiração. Assim, devemos reaprender muitas coisas quando
voltamos a ter contato com a água.
2 PROPRIEDADES DA ÁGUA
2.1 HIDRODINÂMICA
A hidrodinâmica é a disciplina da mecânica que estuda os corpos em
movimento (dinâmico) na água ou em fluidos em movimento (PALMER, 1990).
A hidrodinâmica emprega conceitos de densidade, de pressão e de viscosidade,
considerando os fenômenos de turbulência no interior dos fluidos (MASSAUD,
2004).
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
2.1.1 Viscosidade
Viscosidade é um tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas
de um líquido e que causa resistência ao fluxo do líquido. Essa fricção exprime
a facilidade com a qual o líquido flui, e por essa razão só é observável quando
o líquido está em movimento. Qualquer líquido com alta viscosidade, como o
óleo, flui lentamente, e aquele com baixa viscosidade, como a água, fluirá mais
rapidamente e oferecerá menor resistência (MASSAUD, 2004).
2.1.2 Propulsão
O termo propulsão, conforme Palmer (1990), significa impulsionar ou
empurrar para frente, estando isto relacionado com a necessidade de superar a
resistência natural ou a fricção da água. A diferença de fricção da pele no ar para
a água é 790 vezes maior, por isso, os movimentos realizados dentro da água
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS
2.1.3 Temperatura
Os efeitos fisiológicos do exercício na piscina estão intimamente relacionados
com a temperatura da água. O sistema de termorregulação do indivíduo deve estar
eficiente para suportar mudanças em relação à temperatura. Existe muita discussão
sobre a temperatura ideal de uma piscina. Segundo Velasco (1997, p. 23), esta
questão é muito individual, pois há pessoas que possuem muito desempenho em
água mais quente e outras já preferem a mais fria. Neste sentido, o autor destaca que
"devemos atender a essas necessidades de forma individual, principalmente com
os bebês e os deficientes, pois estes são mais perceptíveis e sensíveis em nível tátil-
bórico com a água e o seu desempenho motor é quase que relacionado diretamente
a esse fator" (VELASCO, 1997, p. 23). Embora a maioria dos autores indique que
a temperatura deve estar entre 30° e 35° no caso de realização de exercícios que
não produzem muito calor corporal, principalmente nas aulas para bebês de 0 a 2
anos, bem como para os grupos de adaptação em meio líquido (MASSAUD, 2004).
Para o autor, a condutibilidade da água produz um processo de desgaste térmico
no corpo do nadador, sendo que a queda da temperatura do corpo é 25 vezes
maior na água do que no ar. Assim, nadar em água abaixo de 20 graus aumenta
consideravelmente o gasto energético dos indivíduos.
2.2 HIDROSTÁTICA
A hidrostática é a disciplina da mecânica que estuda a flutuação e a
flutuabilidade (PALMER, 1990). Para o autor, o termo flutuabilidade significa
a capacidade de flutuar, isto é, se um corpo possui uma boa flutuabilidade
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
(flutuabilidade positiva), ele flutuará bem na água, mas, se o corpo possuir uma
flutuabilidade ruim (flutuabilidade negativa), apresentará dificuldades para
flutuar na água. Para flutuar na água é necessário que o objeto, neste caso, o
corpo humano, possua uma densidade menor do que a densidade da água. Neste
sentido serão apresentados os conceitos de peso, massa e densidade, segundo
Palmer (1990) e Massaud (2004):
UNI
A água do mar é mais densa que a água potável e, por isso, proporciona maior
flutuabilidade (MASSAUD, 2004).
3 FLUTUAÇÃO
O matemático grego Arquimedes foi o descobridor dos fundamentos da
flutuação. Conforme Massaud (2004, p. 25), tal descoberta sustenta-se na seguinte
teoria: “em um dia em sua banheira começou a pensar sobre a flutuabilidade,
porque, quando se deitava na água, esta sustentava o seu peso e ele flutuava.
Repentinamente a resposta veio a ele: “Eureca!” (Eu encontrei!), ele gritou e saiu
correndo pela estrada, nu”. A partir disto, seu raciocínio legendário foi resumido
da seguinte forma:
Quando ele entrou na água, percebeu que ela aumentava nas laterais
da banheira, então, notou que este aumento em profundidade se devia
ao volume ou massa de seu corpo, deslocando uma certa quantidade
de água, e percebeu que esta quantidade de água deslocada era igual
à porção de seu corpo que estava submerso no momento. À medida
que afundava mais na banheira, a água deslocava-se mais para cima
até que repentinamente ele flutuou e a água parou de se elevar. O peso
do volume da água deslocada era igual ao peso do corpo que flutuava
nela (MASSAUD, 2004, p. 26).
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS
Mostre aos alunos como deve ser a flutuação vertical aparente (pernas
movimentando-se alternadamente de cima para baixo e de baixo para cima, como
se estivesse pedalando uma bicicleta). Os movimentos dos braços em círculos
horizontais, alternados ou simultaneamente. Logo após o trabalho de flutuação
vertical e horizontal introduza a flutuação lateral, procurando utilizar exercícios
que possibilitem aos alunos sentirem como devem flutuar lateralmente, no lado
esquerdo e direito. As aulas de flutuação devem ser feitas com um trabalho de
respiração frontal, possibilitando melhor relaxamento. Outro aspecto no ensino de
flutuar é a imersão, que é a colocação do aluno abaixo da superfície da água, com
bloqueio respiratório. Este trabalho é muito importante, pois dará ao aluno noção
de flutuação, totalmente imerso no meio líquido. Utilize atividades baseadas no
trabalho da respiração, por exemplo:
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
4 RESPIRAÇÃO
A respiração em meio líquido possui características diferentes da respiração
na terra. Por isso, em meio aquático, surge a necessidade de transformação desta
respiração, da passagem de uma forma para outra (CATTEAU; GAROFF, 1990).
Segundo os autores, na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e
a inspiração, passiva. Em repouso, ou se o trabalho é moderado, a necessidade
é reduzida e se acomoda ao circuito nasal. Na água, a expiração se torna ativa e
a inspiração se torna reflexa, isto significa criar um automatismo respiratório
fundamentalmente oposto ao automatismo inato. Este novo automatismo
se aprende progressivamente, ao fim de períodos durante os quais as trocas
respiratórias dependerão de um comando voluntário (CATTEAU; GAROFF, 1990).
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS
obstáculo afetivo, o da emoção suscitada por toda situação nova que desencadeia
uma atitude de expectativa quanto à relação (CATTEAU; GAROFF, 1990).
→ Em piscina rasa:
• Mostramos, fora d'água, o mecanismo da respiração (inspirar pela boca em
forma de "O" e expirar pelo nariz);
• Procure verificar se todos estão realizando, corrija os possíveis erros;
• Se possível, traga uma bacia para a aula, encha-a de água, coloque em cima
de um banco ou cadeira e faça com que todos executem a respiração aquática
várias vezes;
• Com água até os ombros, puxar o ar pela boca e soltar pelo nariz lentamente,
rosto fora da água;
• Dentro da água, tronco flexionado à frente, inspirar pela boca e soltar pelo
nariz com o rosto dentro da água (Figura 1);
• Dentro da água de pé, puxar o ar pela boca, flexionar as pernas afundando e
soltar o ar, prender no final da expiração (Figura 1);
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS
→ Em piscina funda:
• Realize primeiramente atividades de respirar segurando na borda;
• Segurando na borda, inspirar pela boca e soltar o ar pelo nariz próximo da água;
• Segurando na borda com as duas mãos, braços estendidos, realizar respiração
lateral;
• Segurando na borda, inspirar, prender o ar, colocar o rosto na água e expirar
lentamente pelo nariz;
• Segurando na borda, inspirar pela boca, afundar o máximo e soltar o ar pelo nariz;
• Após estender uma corda sobre a piscina, oriente os alunos para que a segurem,
inspirem, prendam o ar, afundem e soltem o ar após ter tocado o pé no fundo.
Tratando-se de uma piscina onde os alunos não possam ficar de pé, você
deve ter mais cuidado ao colocar as atividades, isto para que eles não tenham
experiências negativas que prejudiquem a aprendizagem. Dependendo da idade
dos alunos, explicar para que sempre conservem um pouco de ar para soltar
durante a subida.
5 MERGULHOS
Como parte do ensino da natação, deve-se inserir atividades que possam
fazer com que os alunos mergulhem da borda da piscina de uma forma simples,
isto chama-se “mergulhos elementares” (FARIAS, 1988). Para o ensino dos
mergulhos, há fatores, relacionados à segurança dos alunos, que o professor deve
considerar. Neste sentido, os alunos devem ser orientados no sentido de atentarem
à segurança antes, durante e após o mergulho (PALMER, 1990). Segundo o autor,
uma das questões mais importantes se refere à profundidade da piscina, pois o
aluno, entrando na água sem nenhuma resistência e quase que verticalmente a uma
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
• Agora você deve orientá-los para que fiquem com as pernas levemente afastadas
(largura dos ombros), tronco flexionado, braços acima da cabeça, mãos unidas,
flexionar as pernas, e cair lentamente na água, tentando cair primeiramente
com as mãos sobre a água (a cabeça permanece entre os braços).
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TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:
• A água tem propriedades físicas que precisam ser conhecidas pelo profissional
que atua nela, pois são essas propriedades que irão causar muitos efeitos no
corpo da pessoa que estiver em contato com ela.
• Se um corpo possui uma boa flutuabilidade, ele flutuará bem na água, isto se
chama de flutuabilidade positiva.
• Para flutuar na água é necessário que o corpo humano possua uma densidade
menor do que a densidade da água.
43
• Densidade relativa é a relação entre volume e massa, determinando se um
objeto, ou o corpo, vai ou não flutuar.
44
AUTOATIVIDADE
45
( ) Massa é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto. Neste
sentido, uma massa de substância altamente concentrada vai pesar mais do
que uma massa com baixa concentração, contida num mesmo volume.
( ) Para flutuar na água o corpo humano precisa possuir uma densidade
maior do que a densidade da água.
( ) Todo objeto, inclusive o corpo humano, possui características de peso.
O peso é relativo à atração gravitacional em direção ao centro da Terra
(gravidade), e quanto maior for a substância existente em um objeto, maior
a atração gravitacional, e, portanto, maior o peso.
a) ( ) V, F, V, F, V.
b) ( ) F, F, F, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F, F.
e) ( ) V, F, F, V, V.
( ) A água do mar é mais densa que a água potável e, por isso, proporciona
maior flutuabilidade.
( ) O termo flutuabilidade significa a capacidade de flutuar, isto é, se um corpo
possui uma boa flutuabilidade (flutuabilidade positiva), ele flutuará bem
na água, mas, se o corpo possuir uma flutuabilidade ruim (flutuabilidade
negativa), apresentará dificuldades para flutuar na água.
( ) Quando um corpo é submerso em um líquido, ele sofre uma força de
flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca.
( ) As moléculas de um líquido exercem um impulso sobre cada parte da área
de superfície de um corpo imerso. Este impulso por unidade de área é a
pressão do líquido. A Lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é
exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso a uma dada
profundidade.
a) ( ) V, F, V, V.
b) ( ) V, V, V, V.
c) ( ) F, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F.
e) ( ) V, F, F, V.
a) ( ) V, V, V, F, V.
b) ( ) F, F, V, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, V, V, V, F.
e) ( ) V, F, F, V, F.
47
( ) Um dos primeiros ensinamentos para a aprendizagem da respiração
aquática consiste em orientar o aluno a inspirar pela boca e soltar pelo
nariz, colocando o rosto dentro da água.
( ) Inicialmente, os alunos devem realizar as atividades de respirar segurando
na borda da piscina, caso esta seja funda.
( ) Em uma piscina onde os alunos não possam ficar de pé, você deve ter
mais cuidado ao escolher as atividades, isto para que eles não tenham
experiências negativas que prejudiquem a aprendizagem.
9 Cite e explique o principal critério de segurança que deve ser observado pelo
professor durante o ensino dos mergulhos:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
48
UNIDADE 1
TÓPICO 3
NATAÇÃO RECREATIVA
1 INTRODUÇÃO
Vimos nos capítulos anteriores que a natação pode ser realizada por
inúmeros motivos, entre eles estão a saúde, a performance, a reabilitação e o
lazer, isto porque a prática da natação carrega infinitos benefícios. Quando se
fala do ensino da natação para as crianças, o profissional deve considerar que
estará lidando com os aspectos da formação humana e do desenvolvimento das
habilidades cognitivas, motoras e afetivas (QUEIROZ, 1998). Nesta perspectiva,
considera-se o lúdico como um elemento essencial para se atingir resultados
positivos em termos do desenvolvimento global das crianças, a partir das
atividades em meio aquático.
As aulas de natação permeadas pelo componente lúdico permitem o
desenvolvimento de um trabalho, em ambiente aquático, que englobe o espaço,
considerando todas as propriedades da água e o brinquedo; o movimento, ou seja,
o corpo agindo no espaço e; a comunicação afetiva, isto é, as relações interpessoais
(QUEIROZ, 1998). Para o autor, o entrelaçamento destes aspectos durante as aulas
de natação leva a procedimentos pedagógicos criativos, nos quais o professor se
envolve e interage com o aluno de forma lúdica, favorecendo as vivências alegres
e prazerosas. Deste modo, o aluno é estimulado a participar e a aprender sobre os
ensinamentos da natação. Quanto mais motivado o aluno estiver, mais facilmente
ele conquistará a independência na água para aprender os fundamentos do nado.
Um pressuposto essencial para se chegar ao ato de “nadar” está circunscrito no
amadurecimento emocional do aprendiz. O professor, por meio da boa relação com
este aluno, lhe permite vivenciar momentos de bem-estar, de satisfação e de diversão,
favorecendo o desenvolvimento não apenas do aspecto emocional do sujeito, mas,
sim, o desenvolvimento integral. Nesta direção, é importante que o professor observe
em qual etapa do desenvolvimento está o seu aluno em termos das áreas cognitivas,
afetivas e motoras para, assim, poder oferecer os estímulos adequados.
Quanto mais valorizada a criança se sente, mais confiança ela terá para
se movimentar no meio aquático e, consequentemente, mais ela progredirá na
aprendizagem das habilidades. Por isso, o elogio deve estar sempre presente nas
aulas de natação, porém, é preciso que o professor respeite as necessidades, as
possibilidades e o tempo de aprendizagem de cada aluno, uma vez que exigir
o desenvolvimento de habilidades que a criança ainda não consegue fazer pode
resultar em bloqueios ou em regressões do que já foi aprendido (QUEIROZ,
1998). Segundo o autor, o que faz, de fato, a criança progredir na aprendizagem
das habilidades aquáticas, “é a frequência da qualidade de experiências que
consegue captar durante a aprendizagem, que corresponderá ao domínio e
harmonização do movimento do corpo com o ato respiratório na água. Seria a
princípio o pequeno espaço que a criança conquista aos poucos com o seu fôlego
e sua movimentação na água” (QUEIROZ, 1998, p. 22).
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
Imagine que somos uma tribo, caminhando por uma trilha na selva
muito perigosa. No jogo do faz de conta nada impede que a piscina
vire uma grande selva com todas as riquezas e situações que deverá
ter, explorando, ao máximo, a imaginação. O professor colocará
alguns obstáculos pela trilha imaginária: materiais didáticos, como
o tapete de borracha, o bambolê, que poderão se transformar numa
caverna ou até mesmo o tubo de PVC, material flutuante que poderá
se transformar em um tronco caído de uma árvore. Os objetos aqui
mencionados só se transformarão na presença do imaginário de cada
criança. Portanto, a criança envolvida na fantasia vai interagindo com
estes objetos de uma maneira lúdica (QUEIROZ, 1998, p. 24).
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
53
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
observação (os mais novos visualizam os mais velhos antes de participarem pela
primeira vez do jogo ou da brincadeira) e, em seguida, pela manipulação/inserção
progressiva na atividade (KISHIMOTO, 1998). Para a autora, o desenvolvimento
da criança determina as experiências possíveis, mas não constrói, por si só, a
cultura lúdica, pois ela nasce das interações sociais e da exploração de brinquedos
desde os primeiros anos de vida.
Segundo Queiroz (1998), para as crianças de três a seis anos, por exemplo,
a natação deve ser caracterizada como um espaço de experimentação, para que
a criança vivencie situações variadas, de tensão e distensão, prazer e desprazer,
acompanhadas da expressividade motora. Isto fará com que a criança perceba o
seu próprio corpo, considerando tanto os aspectos motores, quanto os cognitivos
e, também, os afetivos. O autor acrescenta que, a partir dos sete anos de idade,
a criança apresentará maior interesse pelas atividades lúdicas permeadas por
regras. Nesta fase, é importante que a criança possa fazer as suas escolhas,
aprendendo, porém, a ter consciência e a respeitar as regras de cada atividade.
Assim, a atividade no meio aquático possibilitará o trabalho da autonomia e da
independência da criança.
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
Os peixinhos respondem:
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
→ Os mágicos
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
→ O trem
“O trem maluco
Quando sai de Pernambuco
Vai fazendo xiquexique
Até chegar no Ceará
Rebola – Bola
Você diz que dá que dá
Você diz que me dá bola
Mas bola você não dá
Rebola pai, mãe, filha
Eu também sou da família
Eu também sei rebolar
Um pouquinho de guaraná
Um pouquinho de coca-cola
Dois burricos na escola
Aprendendo o B-A-BA
Você diz que me dá bola
Mas bola você não dá”.
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
→ Escorrega
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
→ O pulo do sapo
→ História da serpente
Na hora que o professor falar “você também”, ele indicará uma criança.
Esta, passará por baixo das pernas do professor e, em seguida, se posicionará
atrás dele, segurando-o na cintura, formando o rabão até que o último passe por
baixo de todas as pernas, se possível (QUEIROZ, 1998).
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
→ O janelão
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
→ Boliche
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
→ Arranca-rabo
→ Cestamania
Usar duas grandes “cestas” como alvos e uma bola de borracha para
lançar. A turma é dividida em duas equipes. As crianças de uma mesma equipe
passam a bola entre elas, até lançarem para a cesta. As crianças da outra equipe
tentam interceptar as jogadas, pegando a bola para a sua equipe tentar acertar na
cesta. Cada vez que uma equipe conseguir acertar a bola na cesta, esta marca um
ponto (QUEIROZ, 1998).
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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS
→ Ao ataque
→ Chulégua
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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA
ATENCAO
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RESUMO DO TÓPICO 3
Nesse tópico você viu que:
• Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas permitem a
apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos; favorecem a formação
de conceitos e o pensamento abstrato; desenvolvem a coordenação motora e
a linguagem; permitem a resolução de problemas e a sensação de controle do
ambiente; favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a autonomia.
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AUTOATIVIDADE
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batida de braços, o salto da borda, a respiração, a flutuação e a imersão
com alegria e descontração.
( ) Nas atividades em que são utilizados materiais como flutuadores, alteres,
tapetes flutuantes, plataformas redutoras de profundidade e barras de
apoio para desenvolver as habilidades aquáticas, não há possibilidade
de inserir o componente lúdico.
a) ( ) V, V, V, V, F.
b) ( ) F, F, F, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F, F.
e) ( ) V, F, F, V, V.
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( ) Para serem consideradas lúdicas, as atividades não podem ser realizadas
com o uso de brinquedos, objetos ou outros materiais.
( ) Ao objeto, ou à ação que se pretende lúdica, devem ser acrescidos valores
humanos, como a sensibilidade, a criatividade, a solidariedade, a ética, a
estética, o altruísmo, a alegria, entre outros.
a) ( ) V, V, V, F, V.
b) ( ) F, F, F, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F, F.
e) ( ) V, F, F, V, V.
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10 Quais são os principais objetivos do “conceito Halliwick”?
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a) ( ) III, I, II.
b) ( ) I, II, III.
c) ( ) II, I, III.
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