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UNIDADE 1

METODOLOGIA DO ENSINO DE
ATIVIDADES AQUÁTICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo dessa unidade você será capaz de:

• conhecer a história da natação;

• conhecer a história da natação no Brasil;

• conhecer a história do Brasil nas Olimpíadas;

• diferenciar os termos natação e nadar;

• identificar os benefícios da natação para os seres humanos;

• compreender aspectos da adaptação ao meio líquido;

• entender as propriedades da água;

• aprender os fundamentos da flutuação, da respiração e dos mergulhos;

• estudar a natação recreativa;

• compreender a importância do brincar e do lúdico para a natação recreativa;

• conhecer atividades lúdicas/recreativas para o ambiente aquático;

• estudar a natação recreativa a partir do método Halliwick.

PLANO DE ESTUDOS
Essa unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

TÓPICO 2 – FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES


DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

TÓPICO 3 – NATAÇÃO RECREATIVA


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UNIDADE 1
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
A prática de atividades físicas regulares tem sido enfatizada como
um componente indispensável para a manutenção de um estilo de vida ativo
e saudável, pois resultam em benefícios biopsicossociais aos que as praticam
(NAHAS, 2006).

Neste sentido, a natação é considerada por muitos autores como um


dos exercícios mais completos, quer pelos seus efeitos terapêuticos, quer pelos
benefícios utilitários ou pela ludicidade que o meio aquático proporciona.
Todos são unânimes em afirmar que a água é um excelente meio auxiliar para o
desenvolvimento global do ser humano. Através da natação, o indivíduo poderá
melhorar o desenvolvimento total do corpo, incluindo a coordenação motora,
a força muscular, a resistência dos sistemas cardiovascular e respiratório, bem
como o seu nível geral de atitude. Neste sentido, a natação, ou as atividades
aquáticas, são objeto de estudo em muitas vertentes, por exemplo, a educativa, a
terapêutica, a desportiva e a recreativa. Devido a este fato, existe uma diversidade
muito ampla de definições e metodologias descritas sobre o assunto em questão.

Reis (1983 apud DAMASCENO, 1992, p. 22) define a natação como "a
técnica de deslocar-se na água, por intermédio da coordenação metódica de
certos movimentos", e nadar "como se deslocar na água a seu nível ou através
da força e adaptações naturais do próprio nadador". Para Andries Junior (2008,
p. 30), “entendemos que o nadar se refere a formas variadas e diversificadas de
manifestação do sujeito na água; essas manifestações têm aspectos culturais e
mudam de um lugar para outro, não têm intenção de resultados esportivos. Já
a natação carrega um caráter esportivo, busca através de movimentos técnicos e
preestabelecidos, resultados e vitória”. Para Araújo Júnior (1993), nadar e natação
também significam ação, exercício, arte, autopropulsão e autossustentação, mas
deve-se acrescentar a isso o respeito pela individualidade, espontaneidade,
criatividade e liberdade, fazendo com que a natação solicite exercícios tanto no
aspecto físico quanto no intelectual, o que torna o processo de aprendizagem uma
única unidade.

Alguns autores preferem adotar a definição da natação mais voltada para


o esporte de alto rendimento, o qual está sempre atrás de um melhor desempenho
e tempos cada vez menores. Assim, para Damasceno (1992, p. 19), “a natação é
um desporto estruturado e regulamentado que busca obter registros de tempo
cada vez mais inferiores através de um treinamento metódico, individualizado e

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

específico, supondo-se para o mesmo fim, pelo menos, o domínio apropriado das
técnicas, conhecimento de ritmo, além de urna boa preparação física”. Bonacelli
(2004, p. 82) diz que "a natação competitiva busca, preferivelmente, o rendimento
na luta contra o cronômetro, no excesso de treinamento, visando uma adaptação
superior na padronização dos movimentos".

Em relação à metodologia de ensino da natação, a diversidade entre


os autores continua. De acordo com Damasceno (1992), o primeiro manual de
aprendizagem da natação foi escrito por Nikolaus Wynmann em 1538. Depois
disso, surgiram muitos outros trabalhos, produzindo uma grande diversidade
sobre o assunto. Hoje em dia, muitos autores defendem a ideia de que o processo
de aprendizagem da natação deve ser iniciado com a adaptação dos alunos ao
meio líquido, para depois serem ensinados os nados propriamente ditos. Nesta
direção, Andries Junior (2008) entende que o homem, como os animais, tem as
suas habilidades naturais dentro das atividades físicas, sendo-lhe, de um modo
geral, relativamente fácil correr, saltar, trepar e arremessar.

Para o nadar essa facilidade não acontece, pois isso é uma habilidade
adquirida, sendo preciso que se passe por um processo de adaptação e
aprendizagem. Conforme Damasceno (1992), as adaptações na terra são bem
diferentes das adaptações na água e, por isso, o homem deve passar por um
novo processo de adaptação das estruturas de base para aprender a nadar. De
acordo com Andries Júnior (2008), as fases que se deve dominar antes de iniciar
a aprendizagem dos nados são: os primeiros contatos com a água, a respiração,
a flutuação, a propulsão e a entrada na água. Após estas fases é que serão
introduzidos os nados propriamente ditos.

Todavia, “nadar” não é apenas o nadar indo e vindo, numa piscina artificial
e regulamentada, tal qual é ensinado e treinado nas escolas e nos clubes em geral.
A natação é muito mais que nadar rapidamente em linha reta, é a múltipla, pura
e simples relação com a água e com o próprio corpo. De acordo com Burkhardt
e Escobar (1985), deve-se compreender a natação como contribuição no processo
de educação integral dos indivíduos. Além disso, os autores salientam que o
movimento humano sistematizado em exercícios terapêuticos, definidos como
movimento do corpo ou das partes do corpo para aliviar sintomas ou melhorar
as funções, é prática secular em diversas civilizações para corrigir problemas
variados, como postura, respiração e equilíbrio mental.

Para Catteau e Garoff, (1990, p. 61), “saber nadar é ter resolvido,


quantitativamente, em qualquer eventualidade, o triplo problema que se coloca
permanente: melhor equilíbrio, melhor respiração e melhor propulsão, no
elemento líquido". E continua: "Praticar a natação é ter gosto e a possibilidade,
ou ainda a obrigação de expressar-se no elemento líquido, dentro de uma certa
periodicidade, tomando consciência das próprias limitações e capacidade
de progresso, propondo-se um ou mais objetivos e escolhendo a maneira de
executá-los".

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

Todos os exercícios físicos podem ser considerados uma necessidade aos


seres humanos, porém a natação é considerada uma abrangente atividade física
e formativa, pois possibilita a superação do medo e da insegurança, funcionando
como agente modificador de comportamento. Isto porque a natação trabalha,
sobremaneira, com as emoções. Uma das emoções evidentes é o medo. A
pedagogia tradicional da natação considera que um estado emocional particular,
o medo, acompanha necessariamente o primeiro ou os primeiros contatos do
aprendiz de natação com a água. Se existe uma área na qual a ênfase tenha sido
sempre colocada às emoções, é certamente a da natação (MAZARINI, 1992).

Por ser uma atividade altamente recreativa, quer seja pelo seu aspecto
lúdico que tanto bem-estar proporciona aos seus participantes, permitindo obter
a inteira cooperação de alunos, habitualmente, com muitos medos e tensão, a
natação tem sido um elemento fundamental no desenvolvimento social dos
indivíduos, especialmente das crianças e jovens. Todavia, a natação não é só uma
excelente forma de exercícios e recreação, mas, também, um meio de sobrevivência.
É essencial, quando se ensina a natação, ganhar a confiança do aluno e permitir-
lhe muitas oportunidades para que ele esteja cômodo e relaxado na água. Com
as instruções adequadas e com a prática, o indivíduo pode aprender a utilizar a
natação com prazer através de sua vida. Há oportunidades ilimitadas para que
os indivíduos participem da natação por meio de competições ou somente por
entretenimento e recreação.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA NATAÇÃO


A natação é um dos esportes mais antigos praticados pelo homem.
Historicamente, pode-se inferir que a natação era praticada desde a Pré-História
e por absoluta necessidade utilitária. O homem buscava seu alimento nos rios
e nos mares, em momentos de perigo, buscava refugiar-se transpondo cursos
d'água ou talvez permanecendo nele, e é bem possível também que tenha se
utilizado da influência saudável e higiênica que ela traz, e a usasse para se banhar
(PÁVEL; FERNANDES FILHO, 2004). Pressupõe-se, a partir desta informação,
que os homens primitivos estavam sempre próximos aos rios e que, em algum
momento, pescando, caçando ou com finalidades locomotivas, eles entravam na
água e se deslocavam dentro dela. Pode-se falar, assim, da existência de um nado
primitivo, como mostra um desenho encontrado em uma gruta do deserto da
Líbia, de aproximadamente 9000 anos, representando a arte de nadar (ANDRIES
JÚNIOR, 2008).

Povos como os sumérios, os babilônicos e os assírios, que tinham como


base econômica a agricultura, davam preferência para a vida próxima aos rios,
onde tinham terra mais fértil. Sendo assim, pode-se dizer que estes povos deram
continuidade ao processo de nadar, como comprova uma pintura mural etrusca
do século IV a.C., que mostra uma pessoa mergulhando de uma encosta para a
água. Ainda há dados na arqueologia que demonstram que na Índia, há 5000 anos

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

a.C., já existiam piscinas aquecidas (ANDRIES JÚNIOR, 2008). De acordo com o


autor, por volta de 3200 a.C., se desenvolveu a civilização egípcia às margens
do rio Nilo, que era usado como meio de transporte. Há registros deste povo
em hieróglifos, mostrando uma pessoa nadando em movimentos alternados de
braços e pernas, sugerindo o nado crawl.

No período clássico surge a civilização grega, considerada como sendo


o berço da civilização ocidental, entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo,
possuindo um litoral navegável e excelentes portos naturais. Com o grande
número de guerras e possuindo tantos mares e rios como obstáculos naturais
para invadir novos territórios, a natação era utilizada na Grécia e em Roma como
parte do treinamento dos soldados do império (ANDRIES JÚNIOR, 2008). O autor
ainda completa: "Platão acreditava que quem não sabia nadar não era educado.
Em Roma, a natação era vista como símbolo de distinção social; era ensinada às
crianças".

Durante muitos anos, na Idade Média, a natação deixou de ser praticada,


pois se acreditava que o que realmente importavam eram as coisas do espírito.
A valorização do corpo somente retoma suas forças durante o Renascimento,
tendo como fator de disseminação dessa ideia o aspecto educativo do movimento
(ANDRIES JÚNIOR, 2008).

Enquanto exercícios terapêuticos na água, as atividades em meio líquido


encontram-se mencionadas em obras tão antigas como a de Aureliano, da Roma
Antiga no final do século V, na qual o autor recomenda a natação no mar ou
em nascentes quentes, e a do médico Jacques Delpcch (1777-1838), que escreveu
sobre a correlação postural com aparelhos e enfatizou o valor da natação para a
coluna vertebral, a saber: quando o corpo flutua na posição horizontal, o peso
deixa de estar colocado sobre a coluna vertebral. A densidade e a temperatura
da água são mais convenientes que as do ar. Com ação, semelhante a remo, dos
braços, há uma verdadeira, embora ligeira, tração sobre a coluna vertebral ao
longo do seu eixo (BURKHARDT; ESCOBAR, 1985).

A natação se organizou na Inglaterra em 1837, quando foi realizada a


primeira competição pela Sociedade Britânica de Natação, tendo como único
estilo: o peito. Nas Olimpíadas, a natação teve papel de destaque junto ao atletismo
e, em 1896, em Atenas, foram disputadas provas de nado crawl e peito. Em 1904,
o nado costas foi incluído, e o borboleta surgiu em 1940, como uma evolução do
nado peito (ANDRIES JUNIOR, 2008).

2.1 A NATAÇÃO NO BRASIL


De acordo com Krug e Magri (2012), há indícios de que, há muitos anos,
os índios que habitavam determinadas regiões do Brasil utilizavam a natação,
apresentando-se como ótimos nadadores e canoeiros. Em 1557, quando Mem

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

de Sá desembarcou no Brasil, foi atacado por índios da retaguarda e, ao tentar


contra-atacá-los, os mesmos fugiram para o mar valendo-se do nado. Ocorreu,
então, um combate sobre as águas. Os índios de Felipe Camarão caçavam os seus
adversários a nado, o que favorecia as suas lutas no meio aquático.

Podemos perceber que os nossos primeiros habitantes se valiam dos


recursos naturais existentes para sobreviver, utilizando-se daquilo que lhes era
disponível, ou seja, da caça e pesca para alimentação; das cavernas e vegetação
para abrigo; dos rios para não só matar a sede como, também, para a natação.
Pela utilidade que esta prática representava, passou a fazer parte da própria
vida, sendo incorporada aos costumes tribais da época (ARAÚJO JÚNIOR, 1993).
Partindo-se dessa visão histórica da natação, pode-se perceber que a filosofia que
nos orienta tem muito a ver com uma prática que, antes de ser utilitária, é saudável
e possibilita, certamente, a uma grande massa de comunidade, momentos de
recreação e lazer com a utilização do meio líquido (ARAÚJO JÚNIOR, 1993).

Há uma lenda que envolve a história da natação no Brasil, se trata da lenda


de Moema, a saber: “Diogo Álvares Correa naufragou ao norte da Baía de Todos-
os-Santos, e foi capturado pelos indígenas. Sobreviveu porque estes o acharam
muito magro. Enquanto os índios o deixavam engordar, chegou certo dia um
barril à praia. Diogo encontrou nele uma espingarda e matou um pássaro. Com
este feito, os índios chamaram-no de Caramuru (Homem do Fogo). Tratado com
distinção, casou-se com Paraguassu, filha do cacique. Entretanto, uma das índias
da aldeia, Moema, havia se apaixonado por ele. Mais tarde, Caramuru foi para
a Europa com a esposa, mas, muitas índias, que por ele haviam se apaixonado,
seguiram a embarcação a nado. Moema foi uma delas e o seguiu até morrer”
(KRUG; MAGRI, 2012, p. 65).

Em termos oficiais, há registros da inserção da natação no Brasil a partir de


31 de julho de 1897. Nesta data, os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo
fundaram a União de Regatas Fluminense, no Rio de Janeiro. Posteriormente,
sua nomenclatura foi alterada para Conselho Superior de Regatas e Federação
Brasileira das Sociedades do Remo. No ano seguinte ao da sua fundação, em
1898, o Clube de Natação e Regatas promoveu o primeiro campeonato brasileiro,
na distância aproximada de 1.500 metros, entre a fortaleza de Villegaignon e a
praia de Santa Luzia. Esta prova foi repetida até 1912. Em 1913, na Enseada de
Botafogo, a Federação Brasileira de Sociedade de Remo promoveu a primeira
competição; Abraão Saliture foi o campeão nos 1.500 metros de nado livre.
Também foram realizadas as provas de 100 metros para estreantes, 600 metros
para sêniores e 200 metros para juniores (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1915 foi inserida a prova de 600 metros no Campeonato Carioca de
Natação e a partir de 1916, a Confederação Brasileira de Desportos começou a
patrocinar o Campeonato Brasileiro de Natação. Em 1920 foi realizada a primeira
competição com seis provas olímpicas, na qual os cariocas foram os campeões.
Em 1919, foi inaugurada a primeira piscina de competições no Brasil, sendo
esta a do Fluminense, no Rio de Janeiro. Em 1923, surgiram, em São Paulo, a

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Associação Atlética de São Paulo e o Clube Atlético Paulistano. Antes disso, os


cariocas nadavam na enseada de Botafogo e os paulistas no rio Tietê (KRUG;
MAGRI, 2012).

Desde 1908, quando Abraão Saliture venceu as provas de 100 e de


500 metros em Montevidéu, o Brasil ocupou lugar de destaque na natação da
América do Sul, mantendo esta posição por muitos anos. Em 1919, os brasileiros
venceram quatro provas no primeiro Campeonato Sul-americano, realizado no
Rio de Janeiro. Em 1929, esta competição foi oficialmente regularizada, ocorrendo
em 1941 em Viña del Mar, em 1950, em Montevidéu, e em 1952 em Lima, nas
quais o Brasil empatou seus resultados com a Argentina. Em 1954, a competição
aconteceu em São Paulo e em 1960 em Cáli, em ambas, o Brasil foi campeão
na categoria masculino. Em 1935, 1941 e 1946, a competição foi realizada no
Rio de Janeiro, em 1947 em Buenos Aires, em 1954 em São Paulo e em 1958 e
1960 em Cáli. Nestas sete disputas, o Brasil foi campeão na categoria feminino.
Faz-se importante ressaltar que Maria Lenk (1915-2007) foi a primeira mulher
sul-americana a participar de uma olimpíada, sendo grande incentivadora da
modalidade de natação e precursora do nado borboleta e do nado sincronizado
no Brasil (KRUG; MAGRI, 2012).

Hoje, a natação é um dos esportes mais praticados no Brasil, tendo,


aproximadamente, 65 mil atletas federados. No país, a modalidade era controlada
pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), porém, em 1977 a confederação
foi desfeita. No dia 21 de outubro deste mesmo ano foi criada a Confederação
Brasileira de Natação (CBN), que ficou até 1988, ano em que foi fundada a
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) (MASSAUD, 2004).

UNI

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) responde pelos


quatro esportes olímpicos: a natação, o polo aquático, o nado sincronizado e os saltos
ornamentais. Além disso, responde pela natação em águas abertas, as chamadas
“travessias”. A CBDA é uma entidade que abrange 27 federações, 1.171 clubes filiados e 640
eventos anuais (MASSAUD, 2004).

2.1.1 O Brasil nas Olimpíadas


O Brasil começou a participar das provas de natação, nas Olimpíadas,
a partir de 1920, na Antuérpia. Nestas Olimpíadas, a delegação brasileira foi
composta por 21 atletas, adquirindo destaque na prova de tiro. Em 1924, as
Olimpíadas foram realizadas em Paris e o Brasil possuía uma delegação composta
por 11 pessoas, porém, estas competiam nas provas apenas nos momentos de

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

folga da Exposição Universal. Em 1928, nas Olimpíadas de Amsterdam, o Brasil


não participou em decorrência da crise financeira do país (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1932, nas Olimpíadas de Los Angeles, o Brasil ficou em sétimo lugar,


no revezamento 4x100 metros, com a equipe composta pelos atletas Isaac Novaes,
Manuel Vilar, Benevenuto Nunes e Manuel Silva. Nesta edição das Olimpíadas,
Maria Lenk, brasileira, foi a primeira mulher sul-americana a participar de uma
olimpíada. Participaram da delegação 58 nadadores, dos quais, 45 viajaram até Los
Angeles em um navio mercante e 13 viajaram por conta própria. Na composição
da equipe estavam atletas como Havelange, Foisselle, Lenk, Novaes e De Paula
(KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1936, em Berlim, Piedade Coutinho ficou em quinto lugar na prova dos


400 metros livre; Willy Otto Jordan conquistou o sexto lugar nos 200 metros nado
peito e a equipe de revezamento 4x200 metros masculino, composta por Sérgio
Rodrigues, Willy Otto Jordan, Aram Boghossian e Rolf Kestner, ficou em oitavo
lugar. A equipe de revezamento 4x100 metros nado livre feminino, composta por
Piedade Coutinho, Talita Rodrigues, Maria Angélica Leão da Costa e Eleonora
Schimidt, ficou com o sexto lugar (KRUG; MAGRI, 2012).

Destaca-se que, em 1939, na preparação para as Olimpíadas, Maria Lenk


bateu o recorde mundial nas provas de 400 metros e 200 metros nado peito.
Contudo, a Olimpíada não aconteceu devido à Segunda Guerra Mundial. A
próxima edição das Olimpíadas aconteceu em 1948, na cidade de Londres, na
Inglaterra. Neste ano, o Brasil contou com uma delegação composta por 73 atletas.
Piedade Coutinho conquistou a vitória nos 200 metros nado peito, 12 anos após
a sua primeira participação nas Olimpíadas de 1936. Em 1952, as Olimpíadas
ocorrem em Helsinque, na Finlândia, e o Brasil participou com uma delegação de
112 atletas. Um destes, Tetsuo Okamoto, mais conhecido como “Peixe Voador”,
se destacou pela conquista do terceiro lugar nos 1.500 metros nado livre. Sobre a
Olimpíada de 1956, que foi realizada em Melbourne, na Austrália, não há registro
das informações sobre os resultados da delegação brasileira (49 atletas que
participaram dos jogos) (KRUG; MAGRI, 2012).

Em 1960, na Olimpíada de Roma, na Itália, Manuel dos Santos conquistou


o terceiro lugar nos 100 metros livres após uma chegada polêmica devido à batida
de mãos de forma simultânea com outro nadador, o qual ficou com o segundo
lugar. Como o Brasil não tinha tradição de bons resultados na natação, era
previsto que, em vista do ocorrido, o nadador brasileiro ficaria com o terceiro
lugar. Em 1961, Manuel dos Santos bateu recorde mundial dos 100 metros livres.
Contudo, este recorde foi considerado irregular por muitas pessoas devido à alta
concentração de sal na água, superior ao limite permitido nas piscinas. Neste
mesmo ano, o atleta foi campeão em Tóquio, no Japão, superando os maiores
velocistas do mundo. Em seguida, em Osaka, Manuel dos Santos percorreu 100
metros em 55 segundos, o melhor tempo já alcançado em competições até aquela
época. Em 20 de setembro do mesmo ano, no Clube Regatas Guanabara, no Rio de
Janeiro, o atleta nadou 100 metros em 53,6 segundos, marcando um novo recorde

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

mundial. Este tempo permaneceu como recorde mundial até 1964, quando o
francês Alain Gottvales percorreu 100 metros em 52,9 segundos (KRUG; MAGRI,
2012).

Em 1964, os Jogos Olímpicos aconteceram em Tóquio, no Japão. O Brasil


participou com uma delegação composta por 69 integrantes, contudo, não
apresentou resultados expressivos. Em 1968, nos Jogos Olímpicos da Cidade do
México, no México, o Brasil contou com uma delegação de 82 integrantes, obtendo
o quarto lugar na prova de 100 metros nado peito. Em 1972, nas Olimpíadas de
Munique, na Alemanha, o Brasil participou com 12 atletas da natação, entre eles,
destacam-se José Sylvio Fiolo, de 22 anos, Cristina Bassani, de 13 anos, e Rui
Aquino, de 19 anos. Fiolo almejava, após os Jogos Olímpicos, cursar Educação
Física e nadar nos Estados Unidos, porém, ao retornar da Olimpíada, estava com
idade avançada em relação aos adversários. Fiolo conquistou o sexto lugar nos
100 metros nado peito e o quinto lugar no revezamento 4x100 metros medley
(KRUG; MAGRI, 2012).

Na Olimpíada de 1976, que ocorreu em Montreal, no Canadá, o Brasil


conquistou o quarto lugar nos 400 e nos 1.500 metros livres com o nadador Djan
Madruga. Em 1980, os Jogos Olímpicos foram realizados em Moscou, na União
Soviética, onde os nadadores brasileiros Cyro Delgado, Marcus Matioli, Jorge
Fernandes e Djan Madruga conquistaram a medalha de bronze na prova de 4x100
metros livre. Em 1984, na Olimpíada realizada em Los Angeles, nos Estados
Unidos da América, Ricardo Prado conquistou o segundo lugar nos 400 metros
medley e o quarto lugar nos 200 metros costas. Em 1988, em Seul, na Coreia, o
Brasil participou, porém, não conquistou vitórias expressivas (KRUG; MAGRI,
2012).

Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, na Espanha, Gustavo Borges


conquistou a medalha de prata nos 100 metros nado livre. Em 1996, em Atlanta,
o mesmo atleta de natação conquistou a medalha de bronze para o Brasil nos 100
metros livre e a medalha de prata nos 200 metros livre. Nesta mesma Olimpíada,
o atleta Fernando Scherer obteve a medalha de bronze para o Brasil nos 50 metros
livre (KRUG; MAGRI, 2012).

No ano 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, o atleta


Gustavo Borges, do Brasil, conquistou a medalha de bronze no revezamento
4x100 metros livre, tornando-se um dos maiores esportistas da história do país,
pois foi o primeiro brasileiro a conquistar quatro medalhas olímpicas. Entretanto,
Gustavo Borges ficou de fora da final da prova dos 100 metros livre, que era a
sua especialidade. Nesta mesma Olimpíada, Fernando Scherer, também atleta de
natação brasileiro, teve uma contusão no tornozelo durante o seu treinamento,
conquistando apenas a medalha de bronze no revezamento 4x100 metros livre
em companhia de Edvaldo Valério, Carlo Jaime e Gustavo Borges. Nos 50 metros
livre, Fernando Scherer não se classificou para a semifinal. O atleta também
disputou o revezamento 4x100 metros medley, não conseguindo vaga para a
semifinal (KRUG; MAGRI, 2012).

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

Ainda nas Olimpíadas de 2000, em Sydney, Rogério Romero, aos 31 anos,


disputou a sua quarta olimpíada, chegando à final e conquistando o sétimo lugar.
Apontado como a maior revelação da natação brasileira, Alexandre Massura não
conseguiu repetir, em Sydney, o bom resultado que havia tido no Pan-Americano de
Winnipeg. Nas duas provas de que participou, 100 metros costas, sua especialidade,
e revezamento 4x100 medley, não conseguiu chegar à prova final. Leonardo Costa,
por sua vez, no Pan-Americano de 1999, ganhou o ouro, garantindo a sua vaga na
Olimpíada de 2000, nos 200 metros costas. O atleta fez o tempo de 1min59s33, em
Winnipeg, batendo o americano Aaron Peirson, que era o atual líder do ranking.
Em Sydney, o norte-americano deu o troco e o brasileiro não chegou à final nas
duas provas que disputou, 200 metros costas e revezamento 4x200 metros nado
livre. Luiz Lima ficou em sexto lugar nas eliminatórias dos 400 metros livre e em 18o
nas eliminatórias dos 1.500 metros livre. Edvaldo Valério, revelação do Troféu José
Finkel, aparece como a esperança brasileira para as próximas Olimpíadas. Seu bom
desempenho assegurou a medalha de bronze no revezamento 4x100 metros livres.
Nas outras provas de que participou, 50 metros livre e revezamento 4x200 metros
nado livre, não se saiu muito bem e foi eliminado na fase classificatória. Fabíola
Molina, a única representante feminina da natação brasileira nas Olimpíadas de
Sydney, foi eliminada na fase classificatória dos 100 metros borboleta e dos 100
metros costas. Carlos Jaime fez uma boa prova no revezamento 4x100 metros livre
e conquistou a medalha de bronze para o Brasil. Eduardo Fischer nadou o estilo
peito no revezamento 4x100 metros medley, além dos 100 metros peito, mas não
conseguiu passar da fase classificatória em ambas. Rodrigo Rocha Castro competiu
na equipe de revezamento 4x200 metros, contudo, também não conseguiu passar
das eliminatórias. Além disso, o atleta participou dos 200 metros costas, sendo
eliminado na semifinal (KRUG; MAGRI, 2012).

Nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, na Grécia, foram a mulheres que se


destacaram na delegação brasileira de natação. Com as três finais que alcançaram,
elas superaram o desempenho masculino pela primeira vez desde os jogos de
Berlim, em 1938. Os destaques foram Joanna Maranhão, que chegou à final dos
400 metros medley, e Flávia Delaroli, que chegou à final dos 50 metros livres. Elas
superaram uma lacuna de 56 anos sem mulheres brasileiras em finais olímpicas.
Outro resultado positivo foi o da equipe de revezamento 4x200 metros livre,
onde conquistaram o sétimo lugar. Nesta edição das Olimpíadas, a participação
masculina do Brasil não teve o sucesso das outras edições. Os destaques foram
Thiago Pereira e Gabriel Mangabeira, únicos finalistas masculinos. Foi a primeira
vez, desde as Olimpíadas de Seul, em 1988, que a natação não trouxe medalhas
para o Brasil e, por isso, o resultado não pode ser considerado satisfatório (KRUG;
MAGRI, 2012).

Em 2008, em Pequim, na China, a delegação brasileira foi composta por


27 nadadores. No feminino, o destaque foi para o número de participantes,
12, entre elas, quatro atletas de maratona aquática. No masculino, a primeira
medalha de ouro em Olimpíadas foi conquistada por César Cielo na prova dos
50 metros nado livre, a mais rápida disputada em competições de natação. O
mesmo atleta conquistou para o Brasil a medalha de bronze nos 100 metros nado

11
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

livre (KRUG; MAGRI, 2012). Nas Olimpíadas de 2012, em Londres, na Inglaterra,


César Cielo trouxe para o Brasil a medalha de bronze conquistada na prova dos
50 metros livre. Na mesma Olimpíada, o atleta Thiago Pereira conquistou, para
o país, a medalha de prata na prova de 400 metros medley. Na última edição das
Olimpíadas, realizada no Rio de Janeiro, a conquista do Brasil, na natação, foi
na maratona dos 10 km feminino, na qual a atleta Poliana Okimoto conquistou a
medalha de bronze.


3 BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO
Apesar da literatura conter diversas definições para a natação e métodos
bem diversificados para seu ensino, todos os autores concordam em um ponto:
este é um esporte excelente devido ao seu caráter formativo e totalizador.
Qualquer corpo no meio aquático esforça-se para superar as perturbações
causadas pela água, o que caracteriza uma de suas vantagens em relação aos
outros esportes (DAMASCENO, 1992). Para Araújo Júnior (1993), a natação é
considerada uma das atividades físicas mais completas que existe na atualidade
e, através dela, se obtém benefícios que auxiliam o praticante a ter uma vida mais
saudável, buscando a otimização e o desenvolvimento das capacidades físicas,
flexibilidade, força, resistência muscular, e da capacidade cardiorrespiratória.
Além disso, dependendo da forma como for praticada, a natação pode vir a ser
uma atividade de integração das pessoas que a praticam, muito mais voltada ao
aspecto socializador, usada com prazer, onde e quando o ser descobre e aprimora
a sua personalidade (ARAÚJO JÚNIOR, 1993). Nesse sentido, Carvalho et al.
(2008) também apresentam algumas finalidades da natação, são elas: obtenção
das habilidades básicas fundamentais, conhecimentos sobre a segurança no
ambiente aquático e boa conduta social.

Para Catteau e Garoff (1990), saber nadar é ter resolvido, qualitativa e


quantitativamente, em qualquer eventualidade, o triplo problema que se coloca
permanente: melhor equilíbrio, melhor respiração e melhor propulsão, no elemento
líquido". E continua: "Praticar a natação é ter gosto e a possibilidade, ou ainda a
obrigação de expressar-se no elemento líquido, dentro de uma certa periodicidade,
tomando consciência das próprias limitações e capacidade de progresso, propondo-
se um ou mais objetivos e escolhendo a maneira de executá-los.

Para Araújo Júnior (1993), nadar e natação também significam ação,


exercício, arte, autopropulsão e autossustentação, mas deve-se acrescentar a
isso o respeito pela individualidade, espontaneidade, criatividade e liberdade,
fazendo com que a natação solicite exercícios tanto no aspecto físico quanto no
intelectual, o que torna o processo de aprendizagem uma única unidade.

O trabalho com programas de natação e atividades aquáticas


proporciona ao indivíduo envolver-se mais plenamente, melhorando tanto a sua
participação e interação social, como também o desenvolvimento da linguagem

12
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

e do autoconceito. Neste sentido, a natação, como uma modalidade desportiva


considerada de grande utilidade por proporcionar benefícios orgânicos e sociais,
se bem desenvolvida, segundo o ponto de vista de Pável (1992), provoca uma
grande procura por um número expressivo de pessoas. As aulas de natação
oferecem um novo ambiente social, vivência de situações que são importantes na
formação do indivíduo, como ganhar e perder, circunstâncias de aprendizagem
diversificadas, como aulas individuais e em grupo, uma gama de informações
que passam pelas regras básicas do esporte à prática da modalidade como um
todo, pela aquisição de novos hábitos e gestos motores, pelas trocas interpessoais
e muitos outros fatores motivacionais.

No esporte aquático, o indivíduo se vê confrontado com um meio


multidimensional, no qual ele pode explorar, descobrir e realizar possibilidades
ainda desconhecidas. As atividades destinadas a desenvolver a noção espacial,
a percepção do corpo como objeto e a noção do próprio corpo podem ser
perfeitamente integradas na exploração dentro da água (ADAMS et al., 1985),
A atividade na água, ou o movimento de nadar, significa um momento de
liberdade e independência, momento este em que consegue movimentar-se
livremente. O movimento livre lhe propicia a possibilidade de experimentar
suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, isto é, conhecer a si próprio,
confrontar-se consigo mesmo, quebrar as barreiras com o seu “eu” próprio. A
partir do momento em que a pessoa descobre suas potencialidades, descobrindo
sua capacidade de se movimentar na água, sem auxílio, inicia seu prazer
em desfrutar a água, aumentando sua autoestima, sua autoconfiança e sua
independência (GRASSELI; PAULA, 2002). O fato de poder ser independente na
água, de atingir as habilidades que podem ser impossíveis ou difíceis no solo, só
pode ter efeitos psicológicos favoráveis e duradouros, que elevam a confiança e
a autoestima, e isso pode ser transferido para a vida em terra (CAMPION, 2000).

A água apresenta propriedades físicas que facilitam para o indivíduo sua


locomoção sem grande esforço, pois sua propriedade de sustentação (empuxo)
e eliminação quase que total da força da gravidade podem, segundo Campion
(2000), aliviar o estresse sobre as articulações que sustentam o peso do corpo,
auxiliando no equilíbrio estático e dinâmico, propiciando, dessa forma, maior
facilidade de execução de movimentos que, em terra, seriam muito difíceis de
serem executados. Segundo Mazarini (1992), os exercícios no meio líquido
oferecem aos participantes a oportunidade de executarem livremente os mais
diferentes movimentos, graças à flutuação do corpo. Essa movimentação poderá
ser beneficiada ainda mais, se a temperatura da água for mantida em torno de 28
a 34 graus centígrados. A água aquecida proporciona um aumento da circulação
sanguínea e da sensibilidade neurossensorial, que, juntamente com a diminuição
dos efeitos da gravidade, são responsáveis pela melhora do tônus muscular
postural. Nesse caso, favorecem uma adequada mobilidade articular e uma
melhora da elasticidade muscular.

Segundo Catteau e Garoff (1990), uma das propriedades do tecido muscular


é a de reagir a certo número de estimulações, e o meio aquático proporciona

13
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

diversos estímulos com características mecânicas, térmicas, químicas, acústicas,


ópticas, de influxo nervoso, levados aos músculos pelos nervos motores. Tsutsumi
et al. (2004) afirmam que com o desenvolvimento da musculatura, há juntamente
a melhora da postura corporal.

De acordo com Adams et al. (1985), o calor da água favorece o relaxamento


dos músculos e anima o indivíduo a continuar explorando a movimentação dentro
da água. Este relaxamento melhora o tônus postural e resulta em movimentos
mais eficientes. O aumento da capacidade para o relaxamento, combinado com a
diminuição da ação da gravidade, melhora a mobilidade e aumenta o potencial
motor nos indivíduos. A força de empuxo é uma propriedade física da água,
assim descrita pelo princípio de Arquimedes: "Um corpo imerso parcial ou
completamente dentro de um líquido em repouso, recebe um impulso de baixo
para cima, igual ao peso do volume do líquido deslocado". O autor ressalta que esta
propriedade contribui de diversas maneiras para favorecer os movimentos dos
indivíduos, pois a diminuição da gravidade reduz a resistência aos movimentos
do corpo, além disso, a amplitude dos movimentos do nadador aumenta dentro
da água, em consequência do princípio de Arquimedes.

Para Duffield (1985), quando na água ficamos em posição vertical, a


pressão sofrida pelas articulações é mínima. A redução do peso nas articulações
vai facilitar o principal aspecto da aplicabilidade de natação na correção das
deformidades posturais (MAZARINI, 1992). Para Carmona (2001), a sensação
da água envolvendo todo nosso corpo pode ter efeitos táteis cinestésicos e
proprioceptivos incríveis, auxiliando na construção de nossa imagem corporal.

Lopes e Pereira (2004) afirmam que a prática da natação pode ocasionar


redução não só de pequenos distúrbios neuromotores, como também facilitar
a aquisição do conhecimento de novas habilidades. A estimulação das
potencialidades motoras e cognitivas dos indivíduos no meio aquático favorece
seu autoconhecimento, sua conscientização corporal, o que facilita também o
aprendizado de novas habilidades, partindo-se do conhecimento por ele iniciado.
Para Reis (1987), gera-se melhoria da coordenação de movimentos a partir de
sensações e percepções decorrentes da prática da natação. Velasco (1994) diz que
o meio aquático é um meio rico para esse tipo de vivência e propício para que a
pessoa organize as informações e sensações recebidas em seu cérebro, transferindo-
as para o movimento realizado na água, enriquecendo suas experiências motoras.

Vale destacar que os aspectos motivacionais e as propriedades terapêuticas


da água estimulam o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva e o poder de
concentração, pois o aprendiz busca compreender o movimento do seu próprio
corpo explorando as várias formas de se movimentar, adaptando suas limitações
às propriedades da água (LÉPORE et al., 1999).

Campion (2000) chama atenção para os benefícios no sistema de regulação


térmica, salientando que quando o corpo está exposto a um estímulo frio, por
exemplo, em água de temperatura fria, estes vasos se contraem, evitando que seja

14
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

liberado calor interno; ao contrário, se o estímulo de calor é maior que a temperatura


interna, há uma vasodilatação para que o calor seja liberado e a temperatura se
mantenha em equilíbrio. Com as mudanças constantes de temperatura interna da
água, este mecanismo é constantemente acionado, fazendo com que o organismo
adquira uma maior resistência contra mudanças bruscas de temperatura externa,
proporcionando ao indivíduo, também, maior resistência contra as doenças
provocadas pelas intempéries do meio.

"As atividades em meio aquático constantes da natação trarão ainda


modificações sensíveis na capacidade pulmonar do indivíduo, provocando assim
efeitos estimulantes sobre o coração e a circulação dos praticantes" (BELLENZANI;
MAZARINI, 1986, p. 18). De acordo com Maglischo (1986), ocorre aumento da
capacidade de funcionamento do sistema cardiopulmonar, gerando maior aporte
sanguíneo para o corpo e, consequentemente, maior trabalho fisiológico.

Campion (2000) explica que a natação proporciona grandes benefícios ao


sistema circulatório e coração, pois a pressão e a resistência exercidas pela água
sobre o corpo, juntamente com esforço exigido na execução dos movimentos, agem
diretamente sobre o sistema, uma vez que provocam o aumento do metabolismo,
promovendo o fortalecimento da musculatura cardíaca, o aumento do volume
do coração e uma consequente melhoria no sistema circulatório; já no sistema
respiratório provocará o fortalecimento dos músculos respiratórios, aumento do
volume máximo respiratório e consequente melhoria, também, na elasticidade da
caixa torácica.

As atividades desenvolvidas com a água na altura do peito provocam


o aumento da pressão hidrostática durante a respiração nas paredes peitorais
e abdominais, havendo, assim, uma resistência na respiração, aumentando a
capacidade respiratória, assim como também exercícios respiratórios imersos na
água (MASSAUD, 2004). O autor destaca os baixos riscos de lesão e a sensação
de bem-estar devido às substâncias químicas liberadas após a prática da natação.

Damasceno (1992, p. 24) listou, resumidamente, os principais benefícios


da natação para os seres humanos:

• Musculatura e aparelho locomotor:


• Melhor capilarização da musculatura;
• Aumento da secção transversal;
• Desenvolvimento geral da musculatura, levando a uma melhor postura.
• Coração e circulação:
• Aumento do volume do coração;
• Hipertrofia;
• Menor frequência cardíaca;
• Maior transporte de oxigênio;
• Menor esforço cardíaco;
• Maior elasticidade dos vasos sanguíneos.
• Sistema respiratório:

15
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

• Maior absorção de 02 máxima (maior volume nos pulmões);


• Maior difusão de 02;
• Mais hemoglobina;
• Maior irrigação sanguínea da musculatura envolvida;
• Auxilia no combate às doenças do aparelho respiratório.
• Metabolismo:
• Mobilização de muita energia para execução dos movimentos;
• Sistema nervoso:
• Desenvolve o Sistema Nervoso de forma global.

Faz-se pertinente destacar que a natação proporciona, aos seus praticantes,


um desenvolvimento global e equilibrado, não ocorrendo em cada parte deste
separadamente. Para Damasceno (1992, p. 32), a natação promove:

• Percepção e controle do próprio corpo;


• Equilíbrio postural;
• Lateralidade bem definida;
• Independência dos segmentos em relação ao tronco e uns em relação aos
outros;
• Controle e equilíbrio das contrações ou inibições estreitamente associadas ao
esquema corporal e ao controle da respiração.

Dentre a grande diversidade de benefícios que a natação pode trazer


ao indivíduo, damos destaque para a estruturação do esquema corporal. Para
Damasceno (1992, p. 30), o esquema corporal é a "experiência do corpo com a
maneira com que este se põe no meio ambiente". Portanto, o autor diz que para
que um indivíduo se adapte ao meio, ele primeiro deve conhecer e dominar o
seu próprio corpo. Já para Bonacelli (2004, p. 96), o esquema corporal se define
como a "representação que a pessoa tem do próprio corpo, num certo espaço,
num certo tempo". É a relação com o mundo e consigo mesmo na generalidade
(BONACELLI, 2004).

Segundo Catteau e Garoff (1990), o esquema corporal que reflete o


equilíbrio entre as funções psicomotoras e sua maturidade (depende de um
conjunto funcional organizado através da relação mútua organismo-meio) é
o núcleo central da personalidade, motivo pelo qual a metodologia do ensino
esportivo deve permitir ao aluno a exploração e manejo do meio com atividades
motoras que contribuam para a estruturação desta imagem corporal. A construção
dos esquemas específicos no meio aquático depende dos aspectos psicomotores
que dizem respeito ao conhecimento do próprio corpo, do mundo exterior e de
alguns fatores de execução, como força, resistência, flexibilidade e velocidade.
Assim, a natação permite ao indivíduo a exploração e manejo do meio, através
de atividades motoras, que contribuem para a estruturação do seu esquema
corporal. Ela ajuda cada um a ter noção perceptiva do espaço à sua volta, pois
exige a execução de movimentos em diferentes posições (DAMASCENO, 1992).

16
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

De acordo com Bonacelli (2004), é muito importante o conhecimento


do próprio corpo quando se está no meio líquido, pois quando realizamos um
movimento fora da água, podemos ver este movimento, mas quando estamos na
água, ao nadar, isto é praticamente impossível. Então, a necessidade de conhecer
o próprio corpo é bem maior. Vale lembrar, também, que na natação se exige que
o aluno redobre sua atenção a todo o momento para estabilizar sua postura dentro
da água e desenvolver os exercícios. Isso permite que sua capacidade mental seja
ampliada, favorecendo a aquisição de novas posturas e desenvolvimento global
de seu corpo (LOPES; PEREIRA, 2004).

Lopes e Pereira (2004, p. 205) afirmam que a prática da natação pode


ocasionar redução não só de pequenos distúrbios neuromotores, como também
facilitar a aquisição do conhecimento de novas habilidades. A estimulação das
potencialidades motoras e cognitivas dos indivíduos no meio aquático favorece
seu autoconhecimento, sua conscientização corporal, o que facilita também
o aprendizado de novas habilidades, partindo-se do conhecimento por ele
iniciado. Araújo Júnior (1993, p. 33) ainda diz: "além disso, o aspecto segurança
faz com que o 'nadador' se sinta à vontade dentro do meio líquido, propiciando o
desenvolvimento da autoconfiança para enfrentar algum tipo de dificuldade que
eventualmente possa encontrar". Assim, a natação pode ser considerada como
um esporte completo que possibilita o desenvolvimento total dos indivíduos que
a praticam. Ela pode ser praticada por qualquer pessoa, independentemente do
sexo, da idade e da condição física ou mental.

4 ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO


Não sendo o ambiente próprio do ser humano, qualquer atividade
dentro da água exige uma série de condutas adaptativas à sua especificidade,
representada pelos problemas de equilíbrio, respiração e propulsão. A superação
destes problemas permite a aquisição da habilidade de "nadar", ou seja, manter-se
sobre a água e ir por ela sem tocar no fundo. Esta habilidade, portanto, comprova
a completa ambientação do indivíduo no meio aquático, mas também coloca
em evidência que a habilidade de nadar pode ser executada sem preencher os
requisitos dos nados esportivos. Assim, o processo de ambientação se organiza
em níveis que conduzem a execução de um nado de características utilitárias
(BURKHARDT; ESCOBAR, 1985).

Segundo Catteau e Garoff (1990), a boa adaptação ao meio líquido é


o resultado de um número considerável de dias e horas em que o grupo ou o
indivíduo passa na água, não sendo uma adaptação espontânea e instantânea.
Segundo os autores, para o primitivo, da mesma forma que para o principiante,
aprender a nadar representa uma sucessão de problemas que se apresentam a
ele em ordem definida e imutável, porque estão ligados, de início, ao equilíbrio
vertical do bípede e à necessidade de sobreviver à experiência. "Devemos a George
Herbert observações notáveis pela exatidão e precisão feitas ao longo de suas

17
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

peregrinações sobre o comportamento do homem primitivo que tinha de resolver


um problema de aprendizagem da natação. Essas observações constituem uma
preciosa contribuição ao estudo do comportamento psicológico do não nadador
a ponto de servir de base à orientação de toda a pedagogia moderna" (CATTEAU;
GAROFF, 1990, p. 32).

4.1 CARACTERÍSTICAS DO CONTATO COM


O MEIO LÍQUIDO
O contato com o meio líquido gera inúmeros benefícios ao ser humano,
dos quais se pode destacar a remoção das impurezas da pele, a desobstrução dos
poros, facilitando a transpiração e a eliminação de toxinas. Ademais, os exercícios
no meio líquido reduzem o peso corporal entre oito e doze kg devido à ação da
gravidade, desta forma, a natação é uma excelente atividade física para as pessoas
que possuem excesso de peso, problemas articular ou ligamentar, uma vez que
diminui o impacto nos tornozelos, nos joelhos e na articulação coxofemoral
(KRUG; MAGRI, 2012).

A prática da natação exige o aumento do ritmo respiratório do nadador,


assim, faz com que o sistema respiratório passe a reagir às mudanças em um
curto período de tempo, promovendo a melhora da eficiência e da capacidade
respiratória. Assim, a natação reeduca movimentos e educa o ritmo da respiração.
Além disso, aumenta a potência do coração, auxilia na recuperação de membros
lesionados, de entorses, atrofias, fraturas, bem como no tratamento de asma.
Além disso, a prática desta modalidade esportiva ajuda no desenvolvimento
das musculaturas dos ombros, do dorso, das pernas e da caixa torácica devido
à utilização de forças em diferentes direções, com o uso de diferentes grupos
musculares nos variados tipos de nados. Ainda, pode-se destacar a reeducação
dos movimentos de membros atingidos pela poliomielite. Por fim, trata-se de um
componente educativo e de segurança para as pessoas (KRUG; MAGRI, 2012).
Entretanto, para que estes benefícios sejam desfrutados pelos praticantes, alguns
pré-requisitos devem ser considerados, a saber: condições de temperatura,
claridade, tratamento químico e profundidade. Estas condições são fundamentais
para que o aprendiz se sinta e tenha um aprendizado seguro, de acordo com as
suas necessidades. Ademais, os aspectos físico-fisiológicos, sociais, psicológicos e
técnicos devem ser contemplados.

4.2 ASPECTOS FÍSICOS E FISIOLÓGICOS


A condição orgânica, dos músculos, do coração, dos pulmões e dos órgãos
em geral necessitam de avaliação prévia ao início da prática da natação. Quanto
maior for a dedicação do sujeito à prática esportiva, seja nas aulas, em treinamentos,
ou em competições, quando altas demandas energéticas são solicitadas, a

18
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

resistência, a flexibilidade, a flutuabilidade e a eficiência mecânica serão cada vez


mais acompanhadas, avaliadas e estimuladas (KRUG; MAGRI, 2012).

No início da aprendizagem, o aspecto que mais facilita ou dificulta é a
flutuabilidade do corpo do indivíduo na água. Isto possui relação direta com a
posição dos segmentos corporais, com a composição corporal (densidade) e com
a inter-relação das forças de impulsão hidrostática (empuxo) e de gravidade, as
quais permitirão que o corpo flutue mais ou menos paralelo à linha da superfície
da água. Os corpos que flutuam bem na água são considerados de flutuabilidade
positiva, ao passo que os corpos que não flutuam bem na água são considerados de
flutuabilidade negativa. Neste sentido, há indícios de que haja diferenças entre os
sexos, sendo que as mulheres parecem apresentar melhor flutuabilidade em função
do seu biótipo e do percentual de gordura, enquanto os homens apresentam melhor
desempenho em termos de força e potência (KRUG; MAGRI, 2012). As autoras
acrescentam que a posição do corpo mais paralela à linha da superfície da água
contribuirá para um melhor resultado em termos de propulsão, isto é, mais rápido
será o deslocamento do corpo na água, pois quanto menor for a intensidade da
resistência hidrodinâmica oposta à direção de deslocamento do sujeito, maior será
a velocidade de nado, conforme a intensidade da força aplicada.

4.3 ASPECTOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS


Não é comum que os seres humanos apresentem aversão à água, a menos
que isto seja provocado por uma experiência negativa, porém, para “nadar”, é
necessário que o indivíduo tenha uma motivação, uma vez que o aprendizado
da natação depende muito do fator motivacional, o qual pode ser desencadeado
pela expectativa de sucesso ou pelo medo do fracasso. Para isto, metas atingíveis
devem ser estabelecidas e os objetivos devem estar de acordo com a idade, com as
possibilidades e com as potencialidades do aprendiz. Isto definirá a maturidade
e a prontidão para o envolvimento nos distintos níveis, o que, atrelado à atenção
do indivíduo, poderá resultar em muitos avanços. Para tanto, o trabalho do
professor é imprescindível desde o início da aprendizagem, pois é ele quem
planejará os procedimentos didático-metodológicos, conforme o perfil do aluno,
organizando a progressão das etapas de ensino e lidando com a ansiedade e com
o medo do aprendiz no meio líquido. Por sua vez, o interesse do indivíduo que
está aprendendo pelos ensinamentos disponibilizados pelo professor é de suma
importância para que haja uma aprendizagem de sucesso (KRUG; MAGRI, 2012).

4.4 ASPECTOS TÉCNICOS


Os fatores técnicos são de fundamental importância para favorecer a
aprendizagem da natação, visto que ela depende muito do conhecimento do
professor, da sua experiência, além do seu empenho e da adequação dos objetivos

19
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

em função das etapas e dos respectivos conteúdos de aprendizagem. Para o ensino


da natação, a literatura apresenta a possibilidade da utilização de diferentes
métodos de ensino, são eles: global, parcial ou partes progressivas. Cada um deles
parece ser mais indicado para o ensinamento de determinadas técnicas ou nados.
Para tanto, o professor deverá ter absoluto domínio da área, dos métodos e das
técnicas a serem utilizadas, bem como controle das condições de aprendizagem,
ou seja, do local, das condições de prática, da frequência semanal e da duração
das aulas, da temperatura da água, do número de aprendizes ou de sujeitos em
treinamento, das condições e do nível de cada um deles, da assiduidade, da
responsabilidade e do interesse dos mesmos. Estes são alguns dos aspectos que
estão envolvidos no ensino ou no treinamento da natação (KRUG; MAGRI, 2012).

Faz-se pertinente destacar que as experiências iniciais devem ser ricas,
contemplando diferentes gestos propulsivos, visando favorecer a aprendizagem
por meio de diversificadas possibilidades, de retenção e de transferências
positivas. Esta variedade de oportunidades é importante no início de qualquer
aprendizagem. Para a escolha do primeiro estilo da natação a ser ensinado, deve-
se observar as potencialidades do aprendiz, assim será mais perceptível a sua
evolução na aprendizagem do nado (KRUG; MAGRI, 2012).

4.5 ASPECTOS PEDAGÓGICOS


Ensinar a nadar é fácil, mas nadar não o é. Por isso, o aprendiz deve ser
iniciado gradativamente, seja qual for a sua idade ou sexo. O ensino deve ser
lento, gradual em intensidade, complexidade e, principalmente, do conhecido
para o desconhecido. Motive mesmo no último minuto da sua aula, pois é
importante que o aluno tenha a vontade de voltar. Além disso, sempre garanta
a segurança do seu aluno (FARIAS, 1988). Para o autor, é essencial que alguns
cuidados sejam tomados durante a realização das atividades para o ensino da
natação, quais sejam:

• Sempre apresente e coloque os exercícios de maneira clara, despertando, assim,


a atenção, o interesse e a vontade de realizá-los;
• Sempre que possível, demonstre ou facilite a compreensão do movimento com
explicações claras;
• Nunca coloque movimentos difíceis no início das aulas, ou aqueles para os
quais os alunos não estão preparados;
• Procure iniciar as atividades com exercícios gradativos;
• Dose sempre as repetições mais ou menos pela maioria;
• Nunca coloque os alunos diretamente de frente para o Sol;
• Se o local possuir ducha, oriente os alunos para que passem por ela antes de
entrarem na piscina;
• Corrija os erros com muito cuidado, mas sempre de uma forma global, para
não ferir os menos capacitados;

20
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À NATAÇÃO

• Retifique os erros de forma elogiosa, por exemplo: "está certo, mas procure
fazer deste modo";
• Sinta sempre no rosto e no desempenho dos alunos as respostas às suas
atividades;
• Faça demonstrações lentas, chamando atenção para os pontos mais importantes;
• Observe a fadiga dos alunos;
• Respeite as individualidades (FARIAS, 1988, p. 12).

Para dar início ao processo de adaptação ao meio líquido, o primeiro


passo é tirar o medo dos alunos em relação à água. Para tanto, Farias (1988, p. 15)
sugere os seguintes procedimentos pedagógicos:

• Verificar a temperatura da água com os pés e mãos:


• Aproximar-se da borda da piscina lentamente, procurando conhecê-la;
• Sentar na borda da piscina e molhar os pés;
• Sentar na borda da piscina e jogar água no seu próprio corpo;
• Sentar na borda da piscina, jogar água no seu companheiro;
• Sentar na borda da piscina, jogar água na sua cabeça;
• Sentar na borda da piscina, jogar água no peito do companheiro;
• Sentar na borda da piscina e bater os pés lentamente;
• Sentar na borda da piscina e bater os pés rapidamente;
• Sentar na borda da piscina e com bastante agilidade de mãos e pés, tentar
molhar o companheiro;
• Pegar água com as mãos em forma de concha e tentar molhar os companheiros;
• Sentar na borda da piscina, pegar água com as mãos, encher a boca e tentar
molhar o companheiro;
• Sentar na borda da piscina e repetir algumas das atividades (as que foram mais
aceitas).

Após ter conseguido que a maioria não tenha mais receio de brincar com
a água fora da piscina, você irá colocá-los na água. Faça com que cada um desça
as escadas lentamente até conseguir tocar no fundo da piscina, caso ela seja rasa
ou de iniciação, se for de maior profundidade, coloque flutuadores em todos,
caso necessário. Se forem crianças que não possam tomar pé, segure-os com
leveza e segurança. Em uma piscina de iniciação, onde todos possam ficar de pé
com o tronco fora da água, Farias (1988, p. 16) sugere a realização dos seguintes
procedimentos:

• Realizar passeios exploratórios pela piscina em pequenos grupos;


• Realizar passeios pela piscina, procurando encontrar objetos deixados pelo
professor no fundo dela;
• Faça jogos de correr em duplas, ao longo da piscina;
• Realize estafetas (jogos de ir e pegar objetos, trazendo-os de volta ao lugar
determinado);
• Mande andar e correr de costas, realizando meia-volta para os dois lados;
• Jogos com bolas (minivôlei, minibasquetebol).

21
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Caso a aula ocorra em uma piscina funda, onde nenhum dos alunos possa
alcançar os pés no fundo da mesma, as orientações de Farias (1988, p. 17) são as
seguintes:

• Coloque flutuadores em todos e deixe-os brincar um pouco na borda;


• Realize pequenos passeios pela piscina com um ou dois alunos, os outros
permanecem na borda;
• Utilize as raias ou estique uma corda sobre a piscina, oriente para que se
locomovam de um lado para outro da mesma, sempre em segurança;
• Procure formar círculos, quadrados, retângulos e outras formações;
• Oriente a todos para que tentem flutuar na horizontal, de lado (direito e
esquerdo);
• Pergunte quem é capaz de ir até o outro lado da piscina (a tarefa-chave na
motivação é "quem é capaz"), ela realiza milagres, tente;
• Procure jogar bola em duplas, elogiando os progressos dos alunos;
• Tente jogar bola com os alunos, dando maior atenção aos menos capacitados;
• Diga para que tentem transportar a bola segurando com as mãos, de um lado
ao outro da piscina:
• Pergunte quem é capaz de transportar a bola, sem colocar as duas mãos dentro
da água.

22
RESUMO DO TÓPICO 1
Nesse tópico você viu que:

• A natação é considerada um dos esportes mais completos, pois promove


benefícios ao desenvolvimento global do ser humano.

• Natação significa a técnica de deslocar-se na água, por intermédio da


coordenação metódica de certos movimentos, e nadar significa se deslocar na
água a seu nível ou através da força e adaptações naturais do próprio nadador.

• Pelo viés do alto rendimento, a natação é um desporto estruturado e


regulamentado que busca obter registros de tempo cada vez mais inferiores
através de um treinamento metódico, individualizado e específico, supondo-
se para o mesmo fim, pelo menos, o domínio apropriado das técnicas,
conhecimento de ritmo, além de urna boa preparação física.

• As fases que se deve dominar antes de iniciar a aprendizagem dos nados


são: os primeiros contatos com a água, a respiração, a flutuação, a propulsão
e a entrada na água. Após estas fases é que serão introduzidos os nados
propriamente ditos.

• A natação é um dos esportes mais antigos praticados pelo homem.


Historicamente, pode-se dizer que a natação era praticada desde a Pré-História.

• Enquanto exercícios terapêuticos na água, as atividades em meio líquido


encontram-se mencionadas desde a Roma antiga, no final do século V.

• Como modalidade esportiva, a natação se organizou, na Inglaterra, em 1837,


quando foi realizada a primeira competição pela Sociedade Britânica de
Natação, tendo como único estilo o peito. Nas Olimpíadas a natação teve papel
de destaque junto ao atletismo e, em 1896, em Atenas, foram disputadas provas
de nado crawl e peito. Em 1904, o nado costas foi incluído, e o borboleta surgiu
em 1940, como uma evolução do nado peito.

• O Brasil começou a participar das provas de natação, nas Olimpíadas, a partir


de 1920, na Antuérpia.

• Há indícios de que, há muitos anos, os índios que habitavam determinadas


regiões do Brasil utilizavam a natação para fins de sobrevivência.

• Em termos oficiais, há registros da inserção da natação no Brasil a partir de


31 de julho de 1897, quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo
fundaram a União de Regatas Fluminense, no Rio de Janeiro.

23
• A prática da natação resulta em inúmeros benefícios em diferentes aspectos
do corpo humano, tais quais coração e circulação, musculatura e sistema
locomotor, sistema respiratório, metabolismo e sistema nervoso.

• A primeira etapa de ensino-aprendizagem da natação é a adaptação ao meio


líquido, a qual envolve aspectos físico-fisiológicos, sociais, psicológicos e
técnicos.

• A natação pode ser realizada por inúmeros motivos, entre eles estão a saúde, a
performance, a reabilitação e o lazer, isto porque a prática da natação carrega
consigo infinitos benefícios.

24
AUTOATIVIDADE

1 Explique a diferença entre os termos “natação” e “nadar”, descrevendo as


suas definições:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2 Descreva o conceito de natação como um esporte de alto rendimento:


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3 Quais os aspectos que devem ser abordados antes de iniciar o ensino dos
“nados”, propriamente ditos?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

4 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à natação, e marque V para


aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas:

( ) A natação possibilita, aos seus praticantes, benefícios ao desenvolvimento


total do corpo, incluindo a coordenação motora, a força muscular, a
resistência dos sistemas cardiovascular e respiratório.
( ) O ensino da natação pode contemplar aspectos de cunho educativo,
terapêutico, desportivo e recreativo.
( ) O “nadar” é uma habilidade adquirida, sendo preciso que se passe por
um processo de adaptação e aprendizagem.
( ) Uma boa adaptação em meio líquido é o resultado de um número
considerável de dias e horas em que o grupo ou o indivíduo passa na
água, não sendo uma adaptação espontânea e instantânea.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) V, F, F, F.
d) ( ) F, V, F, V.
e) ( ) F, F, F, V.
25
5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à história da natação, e marque
V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.

( ) A natação, como uma modalidade de alto rendimento, é um dos esportes


mais antigos praticados pelo homem.
( ) A natação era praticada desde a Pré-História por absoluta necessidade
utilitária.
( ) Pressupõe-se que os homens primitivos estavam sempre próximos aos
rios e que, em algum momento, pescando, caçando ou com finalidades
locomotivas, eles entravam na água e se deslocavam dentro dela.
( ) A natação se organizou, enquanto modalidade esportiva, na Inglaterra em
1837, quando foi realizada a primeira competição pela Sociedade Britânica
de Natação, tendo como único estilo o peito.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, V, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) V, F, V, F.
d) ( ) F, V, F, V.
e) ( ) F, F, F, V.

6 No que se refere à história da natação no Brasil e no mundo, leia atentamente


as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta:

a) ( ) Nas Olimpíadas, a primeira participação da modalidade de natação se


deu pela disputa nas provas de nado peito e nado borboleta.
b) ( ) O nado peito surgiu como uma evolução do nado borboleta.
c) ( ) Há indícios de que, há muitos anos, os índios que habitavam
determinadas regiões do Brasil utilizavam a natação como esporte de
alto rendimento, fazendo treinamentos diariamente.
d) ( ) Em termos oficiais, há registros da inserção da natação no Brasil a partir
de 31 de julho de 1897, quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e
Flamengo fundaram a União de Regatas Fluminense, no Rio de Janeiro.
e) ( ) Desde 1897, com a criação da União de Regatas Fluminense, a
Confederação Brasileira de Desportos começou a patrocinar o
Campeonato Brasileiro de Natação.

7 A natação é um dos esportes mais praticados no Brasil, tendo,


aproximadamente, 65 mil atletas federados. No que concerne à história do
Brasil nas Olimpíadas, assinale a alternativa incorreta.

a) ( ) Na edição das Olimpíadas realizada no Rio de Janeiro, em 2016, César


Cielo conquistou a medalha de ouro na prova dos 50 metros nado livre.
b) ( ) O Brasil começou a participar das provas de natação, nas Olimpíadas,
a partir de 1920, na Antuérpia.
c) ( ) Em 1932, nas Olimpíadas de Los Angeles, Maria Lenk, brasileira, foi a
primeira mulher sul-americana a participar de uma olimpíada.

26
d) ( ) O Brasil não participou das Olimpíadas de Amsterdam, em 1928, em
decorrência da crise financeira do país.
e) ( ) A primeira medalha de ouro em Olimpíadas foi conquistada por César
Cielo, na prova dos 50 metros nado livre, nas Olimpíadas realizadas
em Pequim, na China, em 2008.

8 Explique qual é a função da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos


(CBDA):
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

9 A natação é considerada um dos esportes mais completos que existe na


atualidade, pois possibilita o desenvolvimento total dos indivíduos que a
praticam. Ela pode ser praticada por qualquer pessoa, independentemente
do sexo, da idade e da condição física ou mental. Considerando os inúmeros
benefícios da natação nos diferentes aspectos do corpo humano, correlacione
as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2
( ) Aumento do volume do coração; hipertrofia;
(a) Musculatura e menor frequência cardíaca; maior transporte
aparelho locomotor de oxigênio; menor esforço cardíaco; maior
elasticidade dos vasos sanguíneos.
( ) Mobilização de muita energia para execução
(b) Coração e circulação
dos movimentos.
(c) Sistema respiratório ( ) Desenvolve o sistema nervoso de forma global.
( ) Maior absorção de 02 máxima (maior
volume nos pulmões); maior difusão de 02; mais
(d) Metabolismo hemoglobina; maior irrigação sanguínea da
musculatura envolvida; auxilia no combate às
doenças do aparelho respiratório.
( ) Melhor capilarização da musculatura; aumento
(e) Sistema nervoso da secção transversal; desenvolvimento geral da
musculatura, levando a uma melhor postura.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta.

a) ( ) b, d, e, c, a.
b) ( ) b, a, c, d, e.
c) ( ) c, a, b, e, d.
d) ( ) d, e, c, b, a.
e) ( ) e, b, a, d, c.

27
10 A primeira etapa para aprendizagem da natação está na adaptação ao meio
líquido. No que concerne à adaptação ao meio líquido, assinale a alternativa
incorreta.

a) ( ) A aprendizagem da natação deve ser iniciada com o ensino das habilidades


para o desenvolvimento do nado costa, pois, em decúbito dorsal, os
sujeitos conseguem flutuar melhor.
b) ( ) No início da aprendizagem, o aspecto que mais facilita ou dificulta é a
flutuabilidade do corpo do indivíduo na água.
c) ( ) O trabalho do professor é imprescindível desde o início da aprendizagem,
pois é ele quem planejará os procedimentos didático-metodológicos,
conforme o perfil do aluno, organizando a progressão das etapas de ensino
e lidando com a ansiedade e com o medo do aprendiz no meio líquido.
d) ( ) Para o ensino da natação, a literatura apresenta a possibilidade da
utilização de diferentes métodos de ensino, são eles: global, parcial ou
partes progressivas. Cada um deles parece ser mais indicado para o
ensinamento de determinadas técnicas ou nados.
e) ( ) Antes da entrada na piscina, o professor deverá fazer algumas perguntas
ao aluno, por exemplo: por que você procurou a natação?; você já praticou
a natação alguma vez?; você sabe nadar?; você tem medo da água?; o que
você sabe nadar? Essa é uma forma de o professor saber em qual nível
se encontra o aluno para determinar o tipo de trabalho que precisará ser
desenvolvido.

28
UNIDADE 1
TÓPICO 2

FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO:


PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO,
FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

1 INTRODUÇÃO
A água tem propriedades físicas que precisam ser conhecidas pelo
profissional que atua nela, pois são essas propriedades que irão causar muitos
efeitos no corpo da pessoa que tiver em contato com esta. Estar na água é
muito diferente de estar no solo. Apesar de nós, seres humanos, termos estado
durante nove meses dentro de um meio líquido, ao nascer somos obrigados a
nos adaptarmos ao meio aéreo, transformando muitas coisas no nosso corpo,
a começar pela respiração. Assim, devemos reaprender muitas coisas quando
voltamos a ter contato com a água.

De acordo com Massaud (2004), existem muitas diferenças entre estarmos


na água ou estarmos no ar. Algumas dessas diferenças são óbvias: a água é
molhada, o ar não; podemos sentir a água, mas normalmente não sentimos o
ar; podemos inspirar e expirar no ar, mas quando nosso rosto está dentro da
água não podemos inspirar; os movimentos dentro da água ficam mais lentos
que fora dela; percebe-se um empuxo, ou força de ascensão – flutuabilidade à
medida que se desce mais fundo na água. Portanto, ao estarmos na água devemos
reaprender como nos equilibrar, girar, deitar, levantar, se deslocar etc., porque
o método para esses movimentos será diferente. Mas essas diferenças, muitas
vezes, poderão tornar-se grandes vantagens. Nesta perspectiva, apresentar-se-ão
as propriedades da água com o intuito de facilitar a compreensão do que acontece
com o corpo humano quando está em meio líquido. Em seguida, serão abordados
os fundamentos da respiração, da flutuação e dos mergulhos em meio aquático.

2 PROPRIEDADES DA ÁGUA

2.1 HIDRODINÂMICA
A hidrodinâmica é a disciplina da mecânica que estuda os corpos em
movimento (dinâmico) na água ou em fluidos em movimento (PALMER, 1990).
A hidrodinâmica emprega conceitos de densidade, de pressão e de viscosidade,
considerando os fenômenos de turbulência no interior dos fluidos (MASSAUD,
2004).
29
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

2.1.1 Viscosidade
Viscosidade é um tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas
de um líquido e que causa resistência ao fluxo do líquido. Essa fricção exprime
a facilidade com a qual o líquido flui, e por essa razão só é observável quando
o líquido está em movimento. Qualquer líquido com alta viscosidade, como o
óleo, flui lentamente, e aquele com baixa viscosidade, como a água, fluirá mais
rapidamente e oferecerá menor resistência (MASSAUD, 2004).

A viscosidade atua como uma resistência ao movimento, pois as moléculas


do fluido tendem a aderir à superfície do corpo em movimento através dele. A
fricção da pele na água é de 790 vezes maior que a fricção no ar, fator este que
dificulta os movimentos e requer um gasto maior de energia comparado aos
mesmos movimentos fora da água, no ar. De acordo com Massaud (2004), quando
um corpo se move em meio líquido, os elementos deste, que estão em contato
com o limiar sólido, prendem-se a ele. Eles não deslizam ao longo dele, como se
poderia esperar. Os elementos que estão próximos do limiar passam pelos que
estão presos. Este movimento relativo coloca em ação as forças de resistência
da viscosidade que se opõem ao movimento, causando fricção ou rompimento
(MASSAUD, 2004).

Ao nadar, os corpos carregam “capas” de água a distintas velocidades de


movimento (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, se estas capas de água em
movimento, que estão atrás dos corpos, tocam nas bordas ou no fundo por meio
da chamada viscosidade dinâmica, significa que a resistência de atrito aumenta.
Assim, nadar nas raias mais próximas das paredes da piscina, ou em piscinas
pouco profundas, resulta na diminuição da velocidade.

A velocidade da água é determinada por um coeficiente que possui


oscilação de magnitude, conforme a temperatura. Por exemplo: a zero grau o
coeficiente é de 1,83; 10 graus, 1,33; a 20 graus, 1,03 e a 30 graus, 0,84. Desta forma,
nadar em um ambiente aquático com a temperatura da água entre 25 e 28 graus
favorece o alcance de bons resultados de tempo em relação ao nadar em água
com baixas temperaturas (MASSAUD, 2004). Segundo o autor, a viscosidade da
água a 25 graus é cerca de 30% inferior a 10 graus. A água não acelera a uma
velocidade infinita porque possui a viscosidade, caso contrário, os rios, correndo
pelos vales pela ação da gravidade, iriam fluir a uma velocidade cada vez maior,
atingindo centenas de quilômetros por hora, tendo resultados desastrosos.

2.1.2 Propulsão
O termo propulsão, conforme Palmer (1990), significa impulsionar ou
empurrar para frente, estando isto relacionado com a necessidade de superar a
resistência natural ou a fricção da água. A diferença de fricção da pele no ar para
a água é 790 vezes maior, por isso, os movimentos realizados dentro da água

30
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

demandam um maior gasto energético quando comparados aos movimentos fora


dela. Além disso, o ritmo dos movimentos dentro da água se torna mais lento
(MASSAUD, 2004).

Para atingir o objetivo de “nadar”, o nadador precisa desenvolver uma


força motora, ou uma força de sustentação, que lhe permitirá se movimentar para
frente, para trás, para os lados ou manter-se flutuando. Ou seja, se faz necessário
articular um ou um conjunto de membros para que se criem as forças necessárias
para a propulsão ou para a flutuação (PALMER, 1990). Ao fazer uma ação na água,
seja por meio de movimentos dos membros inferiores, dos membros superiores ou
do tronco, imediatamente, o nadador terá uma reação por intermédio da qual se
deslocará para frente. Nesta ação, inúmeros fatores estarão envolvidos, gerando
a força propulsiva. Assim, ocorre o deslocamento horizontal dentro da água. Os
movimentos para se vencer a resistência da água resultam em muitos benefícios
para os músculos do corpo, pois, por meio da propulsão das pernas, trabalham-
se os músculos dos membros inferiores e, por meio das braçadas, trabalha-se os
músculos dos braços e do tronco. Além de não prejudicar as articulações, estes
movimentos contribuem para a flexibilidade dos membros (MASSAUD, 2004).

2.1.3 Temperatura
Os efeitos fisiológicos do exercício na piscina estão intimamente relacionados
com a temperatura da água. O sistema de termorregulação do indivíduo deve estar
eficiente para suportar mudanças em relação à temperatura. Existe muita discussão
sobre a temperatura ideal de uma piscina. Segundo Velasco (1997, p. 23), esta
questão é muito individual, pois há pessoas que possuem muito desempenho em
água mais quente e outras já preferem a mais fria. Neste sentido, o autor destaca que
"devemos atender a essas necessidades de forma individual, principalmente com
os bebês e os deficientes, pois estes são mais perceptíveis e sensíveis em nível tátil-
bórico com a água e o seu desempenho motor é quase que relacionado diretamente
a esse fator" (VELASCO, 1997, p. 23). Embora a maioria dos autores indique que
a temperatura deve estar entre 30° e 35° no caso de realização de exercícios que
não produzem muito calor corporal, principalmente nas aulas para bebês de 0 a 2
anos, bem como para os grupos de adaptação em meio líquido (MASSAUD, 2004).
Para o autor, a condutibilidade da água produz um processo de desgaste térmico
no corpo do nadador, sendo que a queda da temperatura do corpo é 25 vezes
maior na água do que no ar. Assim, nadar em água abaixo de 20 graus aumenta
consideravelmente o gasto energético dos indivíduos.

2.2 HIDROSTÁTICA
A hidrostática é a disciplina da mecânica que estuda a flutuação e a
flutuabilidade (PALMER, 1990). Para o autor, o termo flutuabilidade significa
a capacidade de flutuar, isto é, se um corpo possui uma boa flutuabilidade
31
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

(flutuabilidade positiva), ele flutuará bem na água, mas, se o corpo possuir uma
flutuabilidade ruim (flutuabilidade negativa), apresentará dificuldades para
flutuar na água. Para flutuar na água é necessário que o objeto, neste caso, o
corpo humano, possua uma densidade menor do que a densidade da água. Neste
sentido serão apresentados os conceitos de peso, massa e densidade, segundo
Palmer (1990) e Massaud (2004):

→ Peso: todo objeto, inclusive o corpo humano, possui características de peso.


O peso é relativo à atração gravitacional em direção ao centro da Terra
(gravidade), e quanto maior for a substância existente em um objeto, maior a
atração gravitacional, e, portanto, maior o peso.

→ Massa: é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto. Neste


sentido, uma massa de substância altamente concentrada vai pesar mais do
que uma massa com baixa concentração, contida num mesmo volume.

→ Densidade: é a relação entre a massa total e o volume de um objeto que


define sua densidade e também determina suas características específicas de
flutuabilidade no fluido em que é necessário flutuar. A densidade de um objeto
é seu peso dividido pelo seu volume. A densidade também varia de acordo
com a temperatura da água. A densidade da água fresca em unidades atuais é
de 1000kg/m3. Se um objeto tem uma densidade menor que isto, ele flutuará e,
se for maior, ele afundará.

UNI

A água do mar é mais densa que a água potável e, por isso, proporciona maior
flutuabilidade (MASSAUD, 2004).

2.2.1 Densidade relativa


Densidade relativa é a relação entre volume e massa, determinando se
um objeto vai ou não flutuar. Segundo o princípio de Arquimedes, quando um
corpo é submerso em um líquido, ele sofre uma força de flutuabilidade igual
ao peso do líquido que desloca. A densidade relativa da água é aceita como
uma proporção de 1. Portanto, qualquer objeto com densidade menor que 1 irá
flutuar. A densidade relativa do corpo humano varia com a idade, sendo que
uma criança nova possui uma densidade relativa total de aproximadamente 0,86;
adolescentes e adultos jovens possuem densidade relativa de 0,97. A densidade
relativa do corpo humano varia com a idade, sendo que uma criança nova possui
uma densidade relativa total de aproximadamente 0,86; adolescentes e adultos
jovens possuem densidade relativa de 0,97; decrescendo novamente para adultos
de idosos (MASSAUD, 2004).
32
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

O comportamento de um líquido é controlado pela natureza e velocidade


do fluxo. O movimento pode ser tanto em linha reta como turbulento. Durante
o fluxo em linha reta, ocorre um movimento contínuo do fluido. Há apenas uma
pequena fricção entre as camadas do fluido. O fluxo turbulento é um movimento
irregular do líquido e este tipo de fluxo cria ocasionais movimentos rotatórios
denominados redemoinhos. Esse movimento irregular produz um aumento na
fricção entre as moléculas do fluido e entre o objeto e o fluido (MASSAUD, 2004).
Segundo o autor, a resistência ao fluxo turbulento é maior que a resistência ao
fluxo alinhado. O grau de turbulência depende da velocidade do movimento e a
forma do corpo influencia na produção da turbulência.

2.2.2 Pressão hidrostática


As moléculas de um líquido exercem um impulso sobre cada parte da
área de superfície de um corpo imerso. Este impulso por unidade de área é a
pressão do líquido. A Lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é exercida
igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso a uma dada profundidade.
A pressão é diretamente proporcional à profundidade e à densidade do fluido.
A pressão da água é mais evidente no tórax da pessoa quando entra na piscina,
onde a água resiste à expansão e ela opõe-se à tendência do sangue de ficar nas
porções inferiores do corpo, o que ajuda a reduzir inchaços. A pressão hidrostática
também ajuda a estabilizar as articulações instáveis (MASSAUD, 2004).

3 FLUTUAÇÃO
O matemático grego Arquimedes foi o descobridor dos fundamentos da
flutuação. Conforme Massaud (2004, p. 25), tal descoberta sustenta-se na seguinte
teoria: “em um dia em sua banheira começou a pensar sobre a flutuabilidade,
porque, quando se deitava na água, esta sustentava o seu peso e ele flutuava.
Repentinamente a resposta veio a ele: “Eureca!” (Eu encontrei!), ele gritou e saiu
correndo pela estrada, nu”. A partir disto, seu raciocínio legendário foi resumido
da seguinte forma:

Quando ele entrou na água, percebeu que ela aumentava nas laterais
da banheira, então, notou que este aumento em profundidade se devia
ao volume ou massa de seu corpo, deslocando uma certa quantidade
de água, e percebeu que esta quantidade de água deslocada era igual
à porção de seu corpo que estava submerso no momento. À medida
que afundava mais na banheira, a água deslocava-se mais para cima
até que repentinamente ele flutuou e a água parou de se elevar. O peso
do volume da água deslocada era igual ao peso do corpo que flutuava
nela (MASSAUD, 2004, p. 26).

33
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

A flutuação e a densidade relativa estão muito relacionadas. O corpo,


quando está total ou parcialmente imerso em um fluido em repouso, experimenta
um empuxo de baixo para cima ao volume deslocado, o que permite sua flutuação.
O empuxo é uma força que atua na direção oposta à da força da gravidade,
minimizando a sua ação. Para que um corpo na água atinja o equilíbrio, estas duas
forças opostas devem estar alinhadas (metacentro). Se os centros não estiverem na
mesma linha vertical, as duas forças atuando sobre o corpo farão com que ele gire
até atingir uma posição de equilíbrio estável. O "alívio de peso" do corpo devido
ao empuxo da flutuação constitui uma das principais vantagens da piscina, pois,
sentindo-se mais leves, as pessoas se movimentam mais facilmente e sentem
menos o peso nas articulações (MASSAUD, 2004).

3.1 CENTRO DE GRAVIDADE E A FLUTUAÇÃO


De acordo com Massaud (2004), há diferenças entre o centro de gravidade
em termos do sexo masculino e feminino. O autor explica que algumas das
explicações para isto são as seguintes: as mulheres possuem ossos menores e
mais delgados do que os homens e tendem a apresentar os quadris mais largos,
enquanto os homens possuem o tronco mais profundo e os ombros mais largos
em relação às mulheres. Além disso, as pernas e os pés dos homens são maiores
e mais pesados. Estes aspectos fazem com que o centro de gravidade dos homens
seja mais ao alto do seu corpo, em relação ao centro de gravidade das mulheres.

Para o autor supracitado, é possível que o centro de flutuação exerça maior


influência nas características de flutuação humana do que, de fato, os centros
de gravidade, tanto dos homens quanto das mulheres. Assim, as características
físicas do corpo masculino fazem com que o centro de flutuação dos homens seja
mais alto do que o das mulheres. Por ter o centro de flutuação baixo, as mulheres
tendem a flutuar naturalmente na posição horizontal. Os homens, por sua vez,
por apresentarem as pernas mais pesadas e menor deslocamento corporal para
baixo, tendem a flutuar mais verticalmente.

3.2 O EQUILÍBRIO NA FLUTUAÇÃO


Massaud (2004, p. 27) define equilíbrio como “o estado de um corpo cuja
situação de repouso ou movimento permanece inalterada em relação a um sistema
de eixos de referência”. Na natação, entende-se que o corpo está em equilíbrio
quando, ao flutuar em posição dorsal ou ventral, consegue se manter na posição
sem necessitar de auxílio. Isto porque flutuar significa a ação de manter um corpo
na superfície de um fluido. Para tanto, este corpo precisa ter uma densidade igual
ou superior à unidade. Por exemplo, quando um nadador, que tenha total domínio
da técnica do nado, está realizando uma prova de natação, pode-se dizer que ele
está em equilíbrio, pois estará se mantendo com um padrão de movimentos em
relação aos eixos longitudinal e transversal (MASSAUD, 2004).

34
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

3.3 ASPECTOS PEDAGÓGICOS PARA O


ENSINO DA FLUTUAÇÃO
Para o ensino da flutuação, inicialmente, o professor deve mostrar as
diversas formas de flutuar na água na horizontal, na vertical e lateralmente, pois
isto possibilitará aos alunos uma melhor posição no meio líquido (FARIAS, 1988).
Segundo o autor, durante o ensino de como flutuar, o importante é mostrar aos
alunos que o relaxamento no meio líquido é fator de suma importância, pois só
conseguiremos flutuar naturalmente se estivermos bem relaxados.

De acordo com Farias (1988, p. 22), as primeiras orientações para o ensino


da flutuação aos alunos são as seguintes:

• Primeiramente demonstrar como deve ficar o corpo na posição horizontal


dentro da água (braços abertos, pernas levemente afastadas e em decúbito
dorsal, isto é, de barriga para cima).

O relaxamento é a chave da flutuação. Assim, caso alguns alunos não


consigam flutuar, segure seus pés ou coloque flutuadores nas pernas, isto facilitará
muito suas tarefas de ensinar a flutuar.

• Amarre uma corda de uma extremidade a outra da piscina, no nível da água;


oriente os alunos para que coloquem os pés sobre a corda tentando relaxar e
flutuar de costas. O corpo permanecerá estendido.
• Oriente a todos para que respirem o mais normalmente possível, facilitando o
relaxamento.
• Dois a dois, um segura nos pés do outro, arrastar o companheiro em decúbito
dorsal pela piscina.
• Oriente os alunos para que tentem flutuar em decúbito dorsal sem movimento
das pernas ou braços.
• Após ter conseguido mostrar a flutuação horizontal de costas, você deve
mostrar a flutuação ventral; utilize os mesmos exercícios da flutuação dorsal.
• Dentro da flutuação, você deve ensinar a flutuação vertical e flutuação lateral.
• Perguntar quem consegue flutuar somente com as mãos em movimento, na
posição de pé.

Mostre aos alunos como deve ser a flutuação vertical aparente (pernas
movimentando-se alternadamente de cima para baixo e de baixo para cima, como
se estivesse pedalando uma bicicleta). Os movimentos dos braços em círculos
horizontais, alternados ou simultaneamente. Logo após o trabalho de flutuação
vertical e horizontal introduza a flutuação lateral, procurando utilizar exercícios
que possibilitem aos alunos sentirem como devem flutuar lateralmente, no lado
esquerdo e direito. As aulas de flutuação devem ser feitas com um trabalho de
respiração frontal, possibilitando melhor relaxamento. Outro aspecto no ensino de
flutuar é a imersão, que é a colocação do aluno abaixo da superfície da água, com
bloqueio respiratório. Este trabalho é muito importante, pois dará ao aluno noção
de flutuação, totalmente imerso no meio líquido. Utilize atividades baseadas no
trabalho da respiração, por exemplo:
35
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

• Dentro da piscina, prender o ar e tentar flutuar, colocando o corpo dentro da água;


• Inspirar, prender o ar afundando, tentar ficar de cócoras dentro da água;
• Instrua os alunos para que inspirem o ar, afundem aos poucos, tentando flutuar
(pergunte o que aconteceu);
• Diga aos alunos para inspirarem, prenderem o ar, afundarem e soltarem todo
o ar, permanecendo um pouco imerso (pergunte o que aconteceu) (FARIAS,
1988, p. 22).

4 RESPIRAÇÃO
A respiração em meio líquido possui características diferentes da respiração
na terra. Por isso, em meio aquático, surge a necessidade de transformação desta
respiração, da passagem de uma forma para outra (CATTEAU; GAROFF, 1990).
Segundo os autores, na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e
a inspiração, passiva. Em repouso, ou se o trabalho é moderado, a necessidade
é reduzida e se acomoda ao circuito nasal. Na água, a expiração se torna ativa e
a inspiração se torna reflexa, isto significa criar um automatismo respiratório
fundamentalmente oposto ao automatismo inato. Este novo automatismo
se aprende progressivamente, ao fim de períodos durante os quais as trocas
respiratórias dependerão de um comando voluntário (CATTEAU; GAROFF, 1990).

De acordo com os autores supracitados, a inspiração só é possível no


momento da emersão das vias respiratórias e ela é tanto mais breve quanto mais
elevada é a cadência dos movimentos dos braços. Somente a abertura da boca
pode permitir que muitos litros de ar possam ser absorvidos em algumas frações
de segundo. A expiração não traz problemas, pois ela se ajusta à imersão dos
orifícios respiratórios, porém, o débito respiratório tem limites. Quanto mais
rapidamente o indivíduo nada, maior é a sua necessidade de oxigênio, tendo,
contudo, cada vez menos possibilidades de absorvê-lo, uma vez que a duração de
emergência das vias respiratórias varia em sentido contrário ao da frequência de
rotação dos braços (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Os autores explicam que, fisiologicamente, a respiração mais adequada


é a chamada diafragmática, na qual a inspiração será feita durante o tempo em
que os braços tenham um mínimo de apoio sobre a caixa torácica. Com efeito, os
músculos motores dos braços são peritorácicos. Para conseguir deles um máximo
de potência, a caixa torácica deve fornecer-lhes um ponto de apoio sólido,
condição efetuada em bloqueio inspiratório.

Por possuir um duplo comando, automático e voluntário, de suas


trocas respiratórias, os seres humanos possuem a capacidade de interromper
momentaneamente as trocas respiratórias, seja durante a inspiração ou durante
a expiração, o que é menos frequente. Isto se chama apneia. A apneia serve
como um meio de defesa ou de transição. É uma preliminar que será necessário
explorar e ultrapassar. O desenvolvimento desejável das possibilidades de apneia
deve alterar não apenas o obstáculo da representação errônea, mas, também, o

36
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

obstáculo afetivo, o da emoção suscitada por toda situação nova que desencadeia
uma atitude de expectativa quanto à relação (CATTEAU; GAROFF, 1990).

Na iniciação da aprendizagem da natação, a respiração é o ponto crucial


da aprendizagem, pois sua correta execução possibilitará um avanço mais rápido
em termos da aprendizagem do nadar (MACHADO, 1998).

Neste sentido, no ensino da respiração em meio líquido, a maior


preocupação deve ser no ato de inspirar, pois a expiração é mais fácil de ser
aprendida. Durante o ensino da respiração aquática, os alunos devem ser
orientados para que inspirem pela boca em forma de "O" e expirem pelo nariz ou
pela boca, mas, a maneira mais fácil de soltar o ar é pelo nariz, pois se inspirarmos
pela boca e soltarmos pelo nariz, estaremos realizando movimentos diferentes,
que não confundirão os alunos. Importante é lembrar que o aluno é quem deve
achar a sua melhor maneira de respirar no meio líquido, mas cabe a você orientar
os menos capacitados, daí o motivo de mostrarmos as várias maneiras de expirar
e inspirar (FARIAS, 1988). O autor dá algumas sugestões para o ensino da
respiração em uma piscina rasa ou funda, a saber:

→ Em piscina rasa:
• Mostramos, fora d'água, o mecanismo da respiração (inspirar pela boca em
forma de "O" e expirar pelo nariz);
• Procure verificar se todos estão realizando, corrija os possíveis erros;
• Se possível, traga uma bacia para a aula, encha-a de água, coloque em cima
de um banco ou cadeira e faça com que todos executem a respiração aquática
várias vezes;
• Com água até os ombros, puxar o ar pela boca e soltar pelo nariz lentamente,
rosto fora da água;
• Dentro da água, tronco flexionado à frente, inspirar pela boca e soltar pelo
nariz com o rosto dentro da água (Figura 1);
• Dentro da água de pé, puxar o ar pela boca, flexionar as pernas afundando e
soltar o ar, prender no final da expiração (Figura 1);

FIGURA 1 – EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA O ENSINO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA

FONTE: Farias (1988)

37
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

• Dentro da água, executar a gangorra (Figura 2);

FIGURA 2 – EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA O ENSINO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA


(GANGORRA)

FONTE: Farias (1988)

• Individualmente, inspirar, prender o ar, sentar no fundo da piscina colocando


a cabeça dentro da água e soltar o ar lentamente;
• Segurar na borda da piscina, inspirar, prender o ar, afundar, soltar o ar depois
de breve bloqueio.

FIGURA 3 – EXEMPLO DE ATIVIDADE PARA O ENSINO DA RESPIRAÇÃO AQUÁTICA

FONTE: Farias (1988)

38
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

• Realizar respiração lateral (lado esquerdo e direito);


• Mãos nos joelhos com o tronco flexionado, realizar respiração bilateral.

É muito importante ensinarmos a respiração bilateral aos iniciantes para


que tenham uma maior noção e comodidade na respiração. Procure corrigir
os possíveis erros, pois a respiração defeituosa é um obstáculo nas fases de
aprendizagem do nado (FARIAS, 1988).

→ Em piscina funda:
• Realize primeiramente atividades de respirar segurando na borda;
• Segurando na borda, inspirar pela boca e soltar o ar pelo nariz próximo da água;
• Segurando na borda com as duas mãos, braços estendidos, realizar respiração
lateral;
• Segurando na borda, inspirar, prender o ar, colocar o rosto na água e expirar
lentamente pelo nariz;
• Segurando na borda, inspirar pela boca, afundar o máximo e soltar o ar pelo nariz;
• Após estender uma corda sobre a piscina, oriente os alunos para que a segurem,
inspirem, prendam o ar, afundem e soltem o ar após ter tocado o pé no fundo.

Tratando-se de uma piscina onde os alunos não possam ficar de pé, você
deve ter mais cuidado ao colocar as atividades, isto para que eles não tenham
experiências negativas que prejudiquem a aprendizagem. Dependendo da idade
dos alunos, explicar para que sempre conservem um pouco de ar para soltar
durante a subida.

Adapte algumas das atividades utilizadas nas piscinas rasas para as


de maior profundidade, mas sempre com muito cuidado. O tempo dedicado a
cada atividade ou fase deve ser proporcional ao rendimento dos alunos. Procure
sempre novas atividades, elas é que possibilitarão uma melhor adaptação à
respiração aquática. Ao passarmos para a fase seguinte, devemos verificar se a
maioria dos alunos está conseguindo realizar a respiração aquática. Caso alguns
não consigam, devemos repetir algumas das atividades da respiração nas fases
seguintes com o intuito de fixar, melhorar e ensinar novamente (FARIAS, 1988).

5 MERGULHOS
Como parte do ensino da natação, deve-se inserir atividades que possam
fazer com que os alunos mergulhem da borda da piscina de uma forma simples,
isto chama-se “mergulhos elementares” (FARIAS, 1988). Para o ensino dos
mergulhos, há fatores, relacionados à segurança dos alunos, que o professor deve
considerar. Neste sentido, os alunos devem ser orientados no sentido de atentarem
à segurança antes, durante e após o mergulho (PALMER, 1990). Segundo o autor,
uma das questões mais importantes se refere à profundidade da piscina, pois o
aluno, entrando na água sem nenhuma resistência e quase que verticalmente a uma

39
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

velocidade, aproximada, de 15 km/h, fará uma trajetória descendente muito veloz


em direção ao fundo da piscina de dois metros de profundidade, por exemplo. Se
a direção do deslizamento submerso se mantém inalterada, o nadador baterá no
fundo da piscina. Isto não é comum, mas o professor deve certificar-se de que o
aluno estará na posição correta para o mergulho, ou seja, com braços estendidos
acima da cabeça, firmando-se entre eles, a fim de protegê-la (PALMER, 1990). Além
disso, o autor chama a atenção para o cuidado com a posição de saída, se está
adequada, garantindo o equilíbrio e a segurança do indivíduo.

Na realização de atividades para o ensino dos mergulhos, o primordial é


mostrar aos alunos os vários tipos de mergulhos que possam ser dados de uma
borda para a água (FARIAS, 1988). Abaixo, seguem alguns exemplos de como
ensinar os mergulhos elementares, de acordo com Farias (1988, p. 26):

• Inicialmente coloque os alunos sentados na borda da piscina, instrua-os a


colocar os braços, estendidos acima da cabeça, mãos unidas e irem caindo para
frente lentamente (repetir várias vezes).

FIGURA 4 – EXEMPLO DE MERGULHO, PARTINDO DA BORDA DA PISCINA, DA POSIÇÃO SENTADA

FONTE: Palmer (1990)

• Agora você deve orientá-los para que fiquem com as pernas levemente afastadas
(largura dos ombros), tronco flexionado, braços acima da cabeça, mãos unidas,
flexionar as pernas, e cair lentamente na água, tentando cair primeiramente
com as mãos sobre a água (a cabeça permanece entre os braços).

40
TÓPICO 2 | FUNDAMENTOS BÁSICOS DA NATAÇÃO: PROPRIEDADES DA ÁGUA, RESPIRAÇÃO, FLUTUAÇÃO E MERGULHOS

FIGURA 5 – EXEMPLO DE MERGULHO, PARTINDO DA BORDA DA PISCINA, DA


POSIÇÃO EM PÉ

FONTE: Farias (1988)

• Na posição anterior, tentar mergulhar com as pernas mais estendidas,


procurando entrar com as mãos primeiramente na água.
• De pé na borda da piscina, pés naturalmente afastados, braços ao lado do
corpo, tentar mergulhar desequilibrando-se e antes de tirar os pés da borda,
colocar os braços acima da cabeça, mãos unidas – furando assim a água.

FIGURA 6 – EXEMPLO DE MERGULHO, PARTINDO DA BORDA DA PISCINA, DA


POSIÇÃO EM PÉ

FONTE: Farias (1988)

41
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Procure dar chances a todos de se expandirem nos mergulhos, deixando


com que criem novas formas de saltar na água, mas controle os abusos. Se alguns
dos seus alunos não conseguirem nadar da mesma maneira que a maioria, isto
não é motivo para preocupações, lembre-se das individualidades, traumatismos
aquáticos e outros fatores, que sem muito trabalho não teremos sucesso (FARIAS,
1988).

42
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• A água tem propriedades físicas que precisam ser conhecidas pelo profissional
que atua nela, pois são essas propriedades que irão causar muitos efeitos no
corpo da pessoa que estiver em contato com ela.

• A hidrodinâmica é a disciplina da mecânica que estuda os corpos em movimento


(dinâmico) na água ou em fluidos em movimento.

• Viscosidade é um tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas de um


líquido e que causa resistência ao fluxo do líquido.

• A viscosidade atua como uma resistência ao movimento na água.

• O termo propulsão significa impulsionar ou empurrar para frente, estando isto


relacionado com a necessidade de superar a resistência natural ou a fricção da
água.

• Para atingir o objetivo de “nadar” se faz necessário articular um ou um conjunto


de membros para que se criem as forças necessárias para a propulsão ou para
a flutuação.

• A hidrostática é a disciplina da mecânica que estuda a flutuação e a


flutuabilidade.

• O termo flutuabilidade significa a capacidade de flutuar.

• Se um corpo possui uma boa flutuabilidade, ele flutuará bem na água, isto se
chama de flutuabilidade positiva.

• Se o corpo apresenta dificuldades para flutuar na água, ou seja, se possui uma


flutuabilidade ruim, diz-se que o corpo possui flutuabilidade negativa.

• Para flutuar na água é necessário que o corpo humano possua uma densidade
menor do que a densidade da água.

• Para compreender os fundamentos da flutuação é preciso entender, inicialmente,


os conceitos de peso, massa e densidade.

43
• Densidade relativa é a relação entre volume e massa, determinando se um
objeto, ou o corpo, vai ou não flutuar.

• O corpo, quando está total ou parcialmente imerso em um fluido em repouso,


experimenta um empuxo de baixo para cima ao volume deslocado, o que
permite sua flutuação.

• O empuxo é uma força que atua na direção oposta à da força da gravidade,


minimizando a sua ação. Para que um corpo na água atinja o equilíbrio, estas
duas forças opostas devem estar alinhadas.

• Há diferenças entre o centro de gravidade em termos do sexo masculino e


feminino.

• Na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e a inspiração é


passiva. Na água, a expiração se torna ativa e a inspiração se torna reflexa.

• Na iniciação da aprendizagem da natação, a respiração é o ponto crucial da


aprendizagem, pois sua correta execução possibilitará um avanço mais rápido
em termos da aprendizagem do nadar.

44
AUTOATIVIDADE

1 O ambiente aquático é rico de propriedades, isto é, há inúmeras propriedades


físicas da água que interferem na ação direta ou indireta, não só do corpo, mas
em todo nosso universo de vida. Aponte quais são os dois grandes campos
da física mecânica que discutem as propriedades físicas da água, definindo
cada um deles.
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__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2 Explique o significado da “viscosidade da água” e a sua relação com a


natação:
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__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3 O termo propulsão significa impulsionar ou empurrar para frente, estando


isto relacionado com a necessidade de superar a resistência natural ou a
fricção da água. Explique de que forma o nadador conseguirá superar esta
resistência do meio líquido e atingir o objetivo de nadar:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

4 Um objeto, ou um corpo, somente flutuará na água se a sua densidade for menor


do que a densidade da água. Para compreender plenamente esta afirmação, é
necessário que se tenha entendimento dos conceitos de peso, massa e densidade.
Considerando os conceitos destes termos, leia atentamente as frases a seguir e
marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) É a relação entre a massa total e o volume de um objeto que define


sua densidade e também determina suas características específicas de
flutuabilidade no fluido em que é necessário flutuar. A densidade de um
objeto é seu peso dividido pelo seu volume. A densidade também varia
de acordo com a temperatura da água. A densidade da água fresca em
unidades atuais é de 1000kg/m3. Se um objeto tem uma densidade menor
que isto, ele flutuará, e se for maior, ele afundará.
( ) Peso é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto.

45
( ) Massa é a quantidade de substância, ou material, contida num objeto. Neste
sentido, uma massa de substância altamente concentrada vai pesar mais do
que uma massa com baixa concentração, contida num mesmo volume.
( ) Para flutuar na água o corpo humano precisa possuir uma densidade
maior do que a densidade da água.
( ) Todo objeto, inclusive o corpo humano, possui características de peso.
O peso é relativo à atração gravitacional em direção ao centro da Terra
(gravidade), e quanto maior for a substância existente em um objeto, maior
a atração gravitacional, e, portanto, maior o peso.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, F, V.
b) ( ) F, F, F, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F, F.
e) ( ) V, F, F, V, V.

5 No que concerne aos aspectos que envolvem a hidrostática, leia atentamente as


frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A água do mar é mais densa que a água potável e, por isso, proporciona
maior flutuabilidade.
( ) O termo flutuabilidade significa a capacidade de flutuar, isto é, se um corpo
possui uma boa flutuabilidade (flutuabilidade positiva), ele flutuará bem
na água, mas, se o corpo possuir uma flutuabilidade ruim (flutuabilidade
negativa), apresentará dificuldades para flutuar na água.
( ) Quando um corpo é submerso em um líquido, ele sofre uma força de
flutuabilidade igual ao peso do líquido que desloca.
( ) As moléculas de um líquido exercem um impulso sobre cada parte da área
de superfície de um corpo imerso. Este impulso por unidade de área é a
pressão do líquido. A Lei de Pascal estabelece que a pressão do fluido é
exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso a uma dada
profundidade.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, V.
b) ( ) V, V, V, V.
c) ( ) F, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F.
e) ( ) V, F, F, V.

6 No que concerne aos fundamentos da flutuação, leia atentamente as frases a


seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O corpo, quando está total ou parcialmente imerso em um fluido em


repouso, experimenta um empuxo de baixo para cima ao volume deslocado,
o que permite sua flutuação.
46
( ) O empuxo é uma força que atua na direção oposta à da força da gravidade,
minimizando a sua ação. Para que um corpo na água atinja o equilíbrio,
estas duas forças opostas devem estar alinhadas.
( ) Flutuar significa a ação de manter um corpo na superfície de um fluido.
( ) O alívio de peso do corpo devido ao empuxo da flutuação constitui uma das
principais vantagens da piscina, pois, sentindo-se mais leves, as pessoas se
movimentam mais facilmente e sentem menos o peso nas articulações.
( ) Não há diferenças entre o centro de gravidade em termos do sexo masculino
e feminino.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.
b) ( ) F, F, V, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, V, V, V, F.
e) ( ) V, F, F, V, F.

7 Sobre a respiração em meio aquático, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Não há grandes diferenças em relação às características da respiração


em meio líquido e na terra.
b) ( ) Na respiração em condições habituais, a inspiração é ativa e a
inspiração é passiva. Na água, a expiração se torna ativa e a inspiração
se torna reflexa, isto significa criar um automatismo respiratório
fundamentalmente oposto ao automatismo inato.
c) ( ) Quanto mais rapidamente o indivíduo nada, maior é a sua necessidade
de oxigênio.
d) ( ) Na iniciação da aprendizagem da natação, a respiração é o ponto crucial
da aprendizagem, pois sua correta execução possibilitará um avanço
mais rápido em termos da aprendizagem do nadar.
e) ( ) Por possuir um duplo comando, automático e voluntário, de suas trocas
respiratórias, os seres humanos possuem a capacidade de interromper
momentaneamente as trocas respiratórias, seja durante a inspiração ou
durante a expiração, o que é menos frequente. Isto se chama apneia.

8 Sobre o processo de ensino-aprendizagem da respiração em meio aquático,


leia atentamente as afirmações a seguir e, posteriormente, insira I às frases
que apresentam procedimentos corretos e II para aquelas que apresentam
procedimentos inadequados para o ensino da respiração em meio líquido.

( ) Durante o ensino da respiração aquática, os alunos devem ser orientados


para que inspirem pela boca em forma de "O" e expirem pelo nariz ou pela
boca.
( ) É muito importante ensinarmos a respiração bilateral (lado esquerdo e
direito) aos iniciantes para que tenham uma maior noção e comodidade na
respiração.

47
( ) Um dos primeiros ensinamentos para a aprendizagem da respiração
aquática consiste em orientar o aluno a inspirar pela boca e soltar pelo
nariz, colocando o rosto dentro da água.
( ) Inicialmente, os alunos devem realizar as atividades de respirar segurando
na borda da piscina, caso esta seja funda.
( ) Em uma piscina onde os alunos não possam ficar de pé, você deve ter
mais cuidado ao escolher as atividades, isto para que eles não tenham
experiências negativas que prejudiquem a aprendizagem.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) II, II, II, II, II.


b) ( ) I, II, I, II, I.
c) ( ) II, II, I, I, II.
d) ( ) I, I, I, I, I.
e) ( ) I, I, II, II, II.

9 Cite e explique o principal critério de segurança que deve ser observado pelo
professor durante o ensino dos mergulhos:
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__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

10 Descreva os passos didáticos para o ensino do mergulho, partindo das


posições sentada e em pé:
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__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

48
UNIDADE 1
TÓPICO 3

NATAÇÃO RECREATIVA

1 INTRODUÇÃO
Vimos nos capítulos anteriores que a natação pode ser realizada por
inúmeros motivos, entre eles estão a saúde, a performance, a reabilitação e o
lazer, isto porque a prática da natação carrega infinitos benefícios. Quando se
fala do ensino da natação para as crianças, o profissional deve considerar que
estará lidando com os aspectos da formação humana e do desenvolvimento das
habilidades cognitivas, motoras e afetivas (QUEIROZ, 1998). Nesta perspectiva,
considera-se o lúdico como um elemento essencial para se atingir resultados
positivos em termos do desenvolvimento global das crianças, a partir das
atividades em meio aquático.

As aulas de natação permeadas pelo componente lúdico permitem o
desenvolvimento de um trabalho, em ambiente aquático, que englobe o espaço,
considerando todas as propriedades da água e o brinquedo; o movimento, ou seja,
o corpo agindo no espaço e; a comunicação afetiva, isto é, as relações interpessoais
(QUEIROZ, 1998). Para o autor, o entrelaçamento destes aspectos durante as aulas
de natação leva a procedimentos pedagógicos criativos, nos quais o professor se
envolve e interage com o aluno de forma lúdica, favorecendo as vivências alegres
e prazerosas. Deste modo, o aluno é estimulado a participar e a aprender sobre os
ensinamentos da natação. Quanto mais motivado o aluno estiver, mais facilmente
ele conquistará a independência na água para aprender os fundamentos do nado.
Um pressuposto essencial para se chegar ao ato de “nadar” está circunscrito no
amadurecimento emocional do aprendiz. O professor, por meio da boa relação com
este aluno, lhe permite vivenciar momentos de bem-estar, de satisfação e de diversão,
favorecendo o desenvolvimento não apenas do aspecto emocional do sujeito, mas,
sim, o desenvolvimento integral. Nesta direção, é importante que o professor observe
em qual etapa do desenvolvimento está o seu aluno em termos das áreas cognitivas,
afetivas e motoras para, assim, poder oferecer os estímulos adequados.

A utilização do componente lúdico em meio aquático possui a intenção


de orientar e facilitar a capacidade de explorar e de descobrir os elementos que
envolvem o ambiente, dando condições para a criança desenvolver a capacidade
de usar o próprio corpo com certa autonomia e harmonia dentro deste ambiente
(QUEIROZ, 1998). Para o autor, o uso do lúdico nas aulas de natação se encontra
no bom diálogo entre as partes, ou seja, entre o professor e o aluno; o aluno e o
brinquedo e; o aluno e o espaço. Assim, “por iniciativa do professor, este contexto
deve ser envolvido pelo diálogo lúdico, de troca de afeto, de respeito aos limites
e ao incentivo, através dos elogios, criando, assim, uma atmosfera de prazer e
segurança. Assim, passo a passo, a criança alcança o êxito” (QUEIROZ, 1998, p. 21).
49
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Quanto mais valorizada a criança se sente, mais confiança ela terá para
se movimentar no meio aquático e, consequentemente, mais ela progredirá na
aprendizagem das habilidades. Por isso, o elogio deve estar sempre presente nas
aulas de natação, porém, é preciso que o professor respeite as necessidades, as
possibilidades e o tempo de aprendizagem de cada aluno, uma vez que exigir
o desenvolvimento de habilidades que a criança ainda não consegue fazer pode
resultar em bloqueios ou em regressões do que já foi aprendido (QUEIROZ,
1998). Segundo o autor, o que faz, de fato, a criança progredir na aprendizagem
das habilidades aquáticas, “é a frequência da qualidade de experiências que
consegue captar durante a aprendizagem, que corresponderá ao domínio e
harmonização do movimento do corpo com o ato respiratório na água. Seria a
princípio o pequeno espaço que a criança conquista aos poucos com o seu fôlego
e sua movimentação na água” (QUEIROZ, 1998, p. 22).

No uso do lúdico em ambiente aquático, o principal brinquedo é a água, ou


seja, o próprio ambiente aquático. O corpo, por sua vez, é o mais importante. Desta
forma, há uma boa relação e/ou ambientação neste contexto quando se consegue
dominar o corpo na água. Mas, para que haja o envolvimento lúdico, é necessário
que o professor coloque a ludicidade neste contexto. Neste sentido, apontam-se
algumas estratégias para a criação de um contexto lúdico de aprendizagem:

Conversas bem-humoradas, interpretações de personagens conhecidos


dos alunos, teatro de bonecos, histórias, brincadeiras infantis,
brinquedo cantado e o próprio trato pessoal (tom de voz, olhar,
abraço), despertando primeiramente o motivo para que a criança goste
de ficar na água e goste também da companhia. No mais, toda essa
estimulação relacional tem o objetivo de motivar a criançada a fazer
uma determinada atividade motora com alegria e atenção (QUEIROZ,
1998, p. 22).

Como estratégias lúdicas no meio aquático, pode-se notar a possibilidade


de utilização dos brinquedos cantados, da contação de histórias, das músicas,
com o intuito de estimular a batida de pernas, a batida de braços, o salto da
borda, a respiração, a flutuação e a imersão com alegria e descontração. Isto é, o
profissional envolve a criança por meio do faz de conta, utilizando materiais como
flutuadores, alteres, tapetes flutuantes, plataformas redutoras de profundidade e
barras de apoio para desenvolver as habilidades motoras e aquáticas, bem como
a adaptação ao meio líquido (BATAGLION, et al., 2017).

Outras possibilidades condizem na realização de atividades como acertar


bolas de diferentes tamanhos em uma cesta de basquete, modificando-se a distância
do arremesso conforme a possibilidade de cada criança; assoprar bolas pequenas,
fazendo deslocamento pela piscina e podendo usar materiais de apoio como
flutuadores e pranchas; e procurar e buscar brinquedos no fundo da piscina para
trabalhar a imersão e a apneia. Apesar de estas serem atividades aparentemente
mais técnicas, todas podem ser regidas pelo faz de conta, tornando-se lúdicas
(BATAGLION, et al., 2017). Queiroz (1998) exemplifica o uso do faz de conta nas
aulas de natação:

50
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

Imagine que somos uma tribo, caminhando por uma trilha na selva
muito perigosa. No jogo do faz de conta nada impede que a piscina
vire uma grande selva com todas as riquezas e situações que deverá
ter, explorando, ao máximo, a imaginação. O professor colocará
alguns obstáculos pela trilha imaginária: materiais didáticos, como
o tapete de borracha, o bambolê, que poderão se transformar numa
caverna ou até mesmo o tubo de PVC, material flutuante que poderá
se transformar em um tronco caído de uma árvore. Os objetos aqui
mencionados só se transformarão na presença do imaginário de cada
criança. Portanto, a criança envolvida na fantasia vai interagindo com
estes objetos de uma maneira lúdica (QUEIROZ, 1998, p. 24).

A brincadeira caracterizada pelo procurar e pegar os brinquedos no fundo


da piscina é uma das que mais despertam expressões de satisfação, divertimento
e alegria nas crianças, pois o profissional sempre pode desenvolvê-la com uma
história motivadora diferente. Por meio desta imersão nas brincadeiras, o
profissional estimula o desenvolvimento de novas habilidades da criança, além
de motivar o uso das já aprendidas. Contudo, deve-se respeitar o tempo e as
possibilidades de cada criança (BATAGLION, et al., 2017).

Nesta acepção, entende-se a atividade lúdica como um veículo privilegiado


para o desenvolvimento motor da criança, o qual integra fatores de ordem
cognitiva, física e social (MENDES; DIAS, 2014). Destaca-se também que, apesar
de a aula de natação poder conter distintas atividades que visam desenvolver
diferentes habilidades, o profissional deve buscar planejá-la e organizá-la de
modo que siga uma sequência sem interrupções, ou seja, por meio da própria
história, fazer a transição de uma atividade para a outra. Isto caracterizará que o
profissional possui um olhar sensível ao gerenciamento do tempo das atividades,
o que é considerado de suma importância durante a aula, pois um dos fatores
essenciais para que ocorra o desenvolvimento da criança é a necessidade de ela
se envolver nas atividades. Para este fim, de acordo com Schmitt et al. (2015), é
preciso que os profissionais planejem e ministrem as sessões, com especial atenção
para a otimização do tempo em atividade para que as crianças permaneçam
efetivamente engajadas e os tempos de transição sejam reduzidos.

2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E DO COMPONENTE


LÚDICO PARA A NATAÇÃO RECREATIVA
Quando se pensa em brincar, a primeira informação que, comumente,
vem à mente das pessoas é a característica prazerosa da atividade, isto porque o
prazer é um elemento essencial do brincar (FERLAND, 2006). Esta indissociação
entre o brincar e o prazer possui íntima relação com as características do lúdico,
quais sejam: a liberdade, a diversão, o entusiasmo, a alegria, a satisfação e o bem-
estar (HUIZINGA, 1971).

A temática do brincar comporta uma vasta e diversificada bibliografia,


uma vez que várias abordagens conceituais sustentam os estudos sobre o tema.

51
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

Neste sentido, o brincar tem sido investigado em áreas como a pedagogia,


a psicologia, a antropologia, a sociologia, a filosofia e a educação física
(KISHIMOTO, 1999; SANTIN, 2001; MARCELINO, 2003). Apesar da amplitude
de áreas de conhecimentos que se dedicam ao desenvolvimento de pesquisas
sobre o brincar, a definição deste fenômeno não possui unanimidade entre os
autores (FERLAND, 2006). Para a autora, o fenômeno é conhecido por todos,
mas, ao tentar dar-lhe uma explicação teórica, ocorre uma descaracterização dele,
tendo em vista que os componentes que motivam ou que movem o brincar estão
no plano intrínseco dos seres humanos, ou seja, “é uma atitude subjetiva em que
o prazer, a curiosidade, o senso de humor e a espontaneidade se tocam; tal atitude
se traduz por uma conduta escolhida livremente, da qual não se espera nenhum
rendimento específico” (FERLAND, 2006, p. 18).

Santin (2001) corrobora com a autora supracitada ao apontar que o ser


humano pode possuir familiaridade e intimidade com as atividades de brincar,
mas quando busca formular e descrever ideias e conceitos sobre os elementos que
antecedem as manifestações lúdicas, se depara com os limites e a insuficiência de
palavras e definições, ou seja, “sabemos brincar, entretanto, temos dificuldades e
nos sentimos perturbados quando queremos encontrar a energia primordial que
inspirou as criações lúdicas e nos impulsiona a sentir a necessidade de brincar”
(SANTIN, 2001, p. 14). Em decorrência disto, o autor aponta que há a sensação
de que o lúdico ainda é considerado um tema atípico ou pouco importante para
se estudar e/ou discutir no meio científico. No entanto, aos poucos, pode-se notar
que pesquisadores e autoridades governamentais estão percebendo a importância
do elemento lúdico para o desenvolvimento das crianças, bem como, para que
seja mantida a boa qualidade de vida de qualquer pessoa.

Se não existe consenso na literatura quanto à conceituação do elemento
lúdico, a concordância é geral no que se refere à sua importância para o
desenvolvimento da criança (FERLAND, 2006; DIAS et al., 2013; BATAGLION,
et al., 2017). O brincar envolve descoberta, fantasia e diversão em qualquer fase
da vida. No período da infância, particularmente, a brincadeira ganha uma
amplitude ainda mais evidente, pois é, muitas vezes, o momento em que a criança
manifesta emoções, medos, angústias e alegrias (BATAGLION, et al., 2017).

Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas


permitem a apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos; favorecem
a formação de conceitos e o pensamento abstrato; desenvolvem a coordenação
motora e a linguagem; permitem a resolução de problemas e a sensação de
controle do ambiente; favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a
autonomia (BATAGLION, et al., 2017). Ademais, de acordo com Dias et al. (2013),
tais atividades auxiliam no bom funcionamento dos aspectos fisiológicos, pois,
principalmente as atividades mais ativas, atuam como estimulantes nos sistemas
cardiovascular, respiratório e musculoesquelético, além de exercer importante
influência sob a cognição. Assim, desempenham papel fundamental para o
crescimento e desenvolvimento saudável e geram impactos positivos na saúde
física e mental das crianças (DIAS et al., 2013).

52
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

O lúdico pode manifestar-se por meio do brinquedo (objeto) ou do brincar


(ação), pelo jogo (como elemento da cultura), como divertimento (gerando
sentimentos de alegria, prazer e satisfação), pelas atividades de lazer (ir ao cinema,
teatro, passear), portanto, é bastante comum observar a utilização dos termos
jogo, brinquedo, brincadeira, brincar, festa e lazer em substituição à palavra lúdico
(MARCELLINO, 2003). O elemento lúdico não é algo manipulável, não está em um
lugar específico e predeterminado, porém, ele pode ocorrer em qualquer momento,
ambiente e situação, basta alguém ter a vontade de brincar, sendo isto uma vivência
e uma fruição (SANTIN, 2001). Neste sentido, para aprender a brincar precisa-se
viver o presente da situação, uma vez que o brincar não é uma preparação para
nada, é fazer o que se faz em total aceitação. Assim, não são os movimentos que
caracterizam um comportamento específico como brincadeira, mas, sim, a atenção
sob a qual ela se realiza (BATAGLION, et al., 2017).

Nesta direção, quem participa da brincadeira se envolve e possui um


sentimento de compromisso e responsabilidade enquanto joga ou brinca, tal
qual a criança que se faz passar por um motorista ao simular que está dirigindo
um carro ou a menina que cuida da boneca, trocando fraldas e dando papinha,
fazendo-se passar pela mamãe de um bebê (HUIZINGA, 1971; KISHIMOTO,
1999). Estes são exemplos da brincadeira do faz de conta, que possui regras
internas que conduzem a brincadeira, porém, Kishimoto (1999) também cita os
jogos e as brincadeiras, nos quais estão presentes regras explícitas, como os jogos
de tabuleiro, os jogos de cartas, a amarelinha, entre outros. Neste caso, todos os
participantes estão cientes das regras que devem ser cumpridas com seriedade
enquanto durar o jogo.

O elemento lúdico não se circunscreve apenas ou, necessariamente, ao


desenvolvimento de uma atividade do ponto de vista material, por exemplo, de
um jogo, de um brinquedo, de uma música ou de uma pintura, em um espaço e
tempo determinados, mas, sim, como uma expressão humana. Nessa perspectiva,
ao objeto, ou à ação que se pretende lúdica, devem ser acrescidos valores
humanos, como a sensibilidade, a criatividade, a solidariedade, a ética, a estética,
o altruísmo, a alegria, entre outros (SANTIN, 2001). Não se pretende, porém,
separar o lúdico da possibilidade de seu componente material, mas, sim, que
ele possa ser captado pelos sentidos humanos, algo a ser visto, ouvido, tocado,
cheirado, saboreado. Assim, à ação deverão ser acrescidos valores humanos para
enfim tornar-se lúdica, pois o jogo não teria o mesmo sentido sem indivíduos
envolvidos pelo lúdico para brincar e, assim, obter o prazer no brinquedo, uma
vez que o jogo, a pintura, o brinquedo, ou qualquer outro objeto ou atividade, por
si só, não possuem vida (BATAGLION, et al., 2017).

Envolvidas pelo espírito lúdico, as crianças partilham seus conhecimentos


e crescem em suas aprendizagens em um ambiente desafiador e instigante ao novo
(BATAGLION, et al., 2017). É por meio das vivências lúdicas que se dá a criação
de cultura da criança, uma vez que esta é adquirida e/ou ativada por operações
concretas que são representadas pela própria atividade lúdica (KISHIMOTO, 1998;
MARCELINO, 2002). Esta cultura é o conjunto da experiência lúdica acumulada
pela criança desde as primeiras brincadeiras vivenciadas, geralmente, com a mãe
e, posteriormente, com colegas e amigos, sendo as experiências iniciadas pela

53
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

observação (os mais novos visualizam os mais velhos antes de participarem pela
primeira vez do jogo ou da brincadeira) e, em seguida, pela manipulação/inserção
progressiva na atividade (KISHIMOTO, 1998). Para a autora, o desenvolvimento
da criança determina as experiências possíveis, mas não constrói, por si só, a
cultura lúdica, pois ela nasce das interações sociais e da exploração de brinquedos
desde os primeiros anos de vida.

Nesta perspectiva, Simon e Kunz (2015) sugerem que na fantasia da


brincadeira, a criança tem a liberdade de percorrer o caminho que quer e necessita
para atingir o seu objetivo primordial, que é ter uma experiência de sucesso na
atividade. Segundo os autores, favorecer a liberdade de imaginação, promovendo
atividades em diferentes lugares, com variados materiais e com propostas
diversificadas, facilita a apreensão de realidades, situações e fenômenos pelas
crianças. Contudo, é preciso “ter cuidado para que a brincadeira não se torne
completamente livre e sem intenção alguma, nem completamente fechada ou
descontextualizada, apenas com propósitos externos à criança” (SIMON; KUNZ,
2015, p. 386). Isto é, a criança não deve estar presa a um roteiro, mas receber
estímulos que se entrelacem com o seu mundo.

Nesta lógica, ressalta-se a necessidade de sensibilização profissional


com vistas a identificar a intencionalidade da criança durante o seu brincar e os
motivos pelos quais ela estabelece, ou não, relação com determinada atividade
ou contexto. Esta sensibilização poderá colaborar para a concretização da tarefa
essencial dos profissionais que trabalham com crianças, isto é, descobrir as
possibilidades e necessidades individuais. Isto se faz particularmente importante
no caso do ensino da natação para crianças.

Segundo Queiroz (1998), para as crianças de três a seis anos, por exemplo,
a natação deve ser caracterizada como um espaço de experimentação, para que
a criança vivencie situações variadas, de tensão e distensão, prazer e desprazer,
acompanhadas da expressividade motora. Isto fará com que a criança perceba o
seu próprio corpo, considerando tanto os aspectos motores, quanto os cognitivos
e, também, os afetivos. O autor acrescenta que, a partir dos sete anos de idade,
a criança apresentará maior interesse pelas atividades lúdicas permeadas por
regras. Nesta fase, é importante que a criança possa fazer as suas escolhas,
aprendendo, porém, a ter consciência e a respeitar as regras de cada atividade.
Assim, a atividade no meio aquático possibilitará o trabalho da autonomia e da
independência da criança.

3 ATIVIDADES LÚDICAS/RECREATIVAS EM AMBIENTE


AQUÁTICO
→ Mãe-peixe

A atividade será realizada na parte rasa da piscina. De um lado, ficam as


crianças que serão os peixinhos. No outro lado, fica a “mãe-peixe”, que pode ser

54
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

representada pelo professor. Em um canto reservado da piscina, ficará o tubarão,


à espreita. Assim, a mãe-peixe começa a brincadeira:

• Meus peixinhos, venham cá!

Os peixinhos respondem:

• Temos medo do tubarão!


• Mãe-peixe: O tubarão não faz mal!
• Peixinhos: Faz sim!
• Mãe-peixe: Vocês querem sardinha?
• Peixinhos: Não!
• Mãe-peixe: Vocês querem tainha?
• Peixinhos: Não!
• Mãe-peixe: Vocês querem minhoca?
• Peixinhos: Sim!

As crianças começam a correr pela piscina em direção à mãe-peixe; o


tubarão tenta pegar os peixinhos; quem chegar até a mãe-peixe, está salvo;
quem for pego pelo tubarão, ajuda-o na próxima rodada da brincadeira que é
desenvolvida até que todos os peixinhos sejam pegos (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 7 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “MÃE-PEIXE”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Voa ou não voa?

As crianças ficam em pé, dispostas em meia-lua, de frente para o professor.


O professor começa a brincadeira, perguntando se um determinado animal voa
ou não voa. Se voa, as crianças fazem, com os braços, movimentos iguais aos
de um pássaro; se não voa, as crianças tentam fazer a imersão parcial ou total,
dependendo do nível de adaptação, por exemplo:

55
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

• Professor: Urubu voa?


• Crianças: Voa!

Então, as crianças movimentam os braços, imitando um pássaro.

• Professor: Elefante voa?


• Crianças: Não!

Então, as crianças fazem a imersão (fazendo bolinhas na água) (QUEIROZ,


1998).

FIGURA 8 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “VOA OU NÃO VOA?”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Os mágicos

Espalham-se pela piscina, na parte rasa, vários objetos que afundam.


As crianças tentam pegar no fundo os objetos imitando os mágicos falando
“ABRACADABRA”, antes de fazerem a imersão. Logo após a grande mágica,
o mágico (criança) mostra aos demais o objeto que ela pegou para que todos
possam aplaudir (QUEIROZ, 1998).

56
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

FIGURA 9 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “OS MÁGICOS”

FONTE: Queiroz (1998)

→ O trem

As crianças ficam dentro de boias redondas, uma ao lado da outra, junto à


borda. Cada criança receberá o nome de uma das partes que compõem um trem
(vagão, caldeirão, roda, apito, máquina, passageiros). Ao sinal do professor, uma
das crianças, que representará o maquinista, dirá: “o trem quer partir, mas falta
o “......”, e citará um dos elementos representados pelas crianças. Então, cada um
que for citado, segurará na boia da criança que está à sua frente, formando uma
coluna; o professor puxa pela frente, fazendo evoluções pela piscina e todos os
participantes cantam e imitam os movimentos do trem, por exemplo:

“O trem maluco
Quando sai de Pernambuco
Vai fazendo xiquexique
Até chegar no Ceará
Rebola – Bola
Você diz que dá que dá
Você diz que me dá bola
Mas bola você não dá
Rebola pai, mãe, filha
Eu também sou da família
Eu também sei rebolar
Um pouquinho de guaraná
Um pouquinho de coca-cola
Dois burricos na escola
Aprendendo o B-A-BA
Você diz que me dá bola
Mas bola você não dá”.

57
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

A brincadeira é finalizada quando o trem chega à estação (QUEIROZ,


1998).

FIGURA 10 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “O TREM”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Escorrega

Da borda da piscina, coloca-se um tapete de borracha. Então, uma criança,


de cada vez, se posicionará, da forma que o professor pedir. Inicialmente, as
crianças escorregam sentadas, posteriormente, pode haver variação, escorregando
deitadas com a barriga para baixo, mergulhando de cabeça (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 11 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “ESCORREGA”

FONTE: Queiroz (1998)

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TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

→ O pulo do sapo

As crianças ficam sentadas na borda da piscina e o professor fica na água,


lateralmente, segurando um tapete flutuante, afastado da borda. A criança solicitada
ficará agachada na borda. Ao sinal do professor, dará um pulo em direção ao tapete,
de forma que os pés da criança toquem o tapete, pulando na água em seguida. O
professor ficará atento aos pulos das crianças (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 12 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “O PULO DO SAPO”

FONTE: Queiroz (1998)

→ História da serpente

As crianças ficam dispostas em círculo, na parte rasa da piscina. O


professor ficará no centro do círculo com as pernas afastadas, cantando a música
“a história da serpente”:

“Essa é a história da serpente que desceu do morro para procurar um


pedaço do seu rabo

Você também é um pedaço

Um pedação do meu rabããão, ããão, ããão”.

Na hora que o professor falar “você também”, ele indicará uma criança.
Esta, passará por baixo das pernas do professor e, em seguida, se posicionará
atrás dele, segurando-o na cintura, formando o rabão até que o último passe por
baixo de todas as pernas, se possível (QUEIROZ, 1998).

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UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 13 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “HISTÓRIA DA SERPENTE”

FONTE: Queiroz (1998)

→ O janelão

Inicialmente, o professor conta uma breve história, na qual a porta da casa


das crianças está quebrada e, então, é preciso sair pela janela que será representada
por uma boia grande redonda de plástico. O professor colocará a boia em pé, de
frente para os alunos, segurando firmemente para não cair quando as crianças
passarem. Uma a uma, as crianças passarão por dentro da boia, fazendo a imersão
em seguida (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 14 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “O JANELÃO”

FONTE: Queiroz (1998)

60
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

→ Corrida dos garçons

Usando ainda a parte rasa da piscina, as crianças ficam organizadas para


a grande corrida dos garçons. Cada uma das crianças receberá uma prancha e,
sobre a prancha, um copo de plástico. Ao sinal (1, 2, 3 e já!), as crianças levam as
pranchas na palma da mão, como se fossem bandejas, até o outro lado, sem deixar
cair o copo sobre a bandeja. O adulto pode mudar o estímulo, solicitando que a
criança mude de mão, que venha com a prancha na cabeça etc. (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 15 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “CORRIDA DOS GARÇONS”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Jogo dos marujos

A superfície da borda representa a terra e a água representa o mar.


Inicialmente, o professor fará o papel de capitão para mostrar às crianças que
tipo de ordens podem ser dadas e os demais serão os marinheiros, que ficam um
ao lado do outro, em cima da borda. O professor ficará dentro da água, atento
quanto à segurança. Ao sinal do professor, os marinheiros devem pular da terra
para o mar, conforme as instruções do capitão:

• Marinheiros ao mar, gritando!


• Marinheiros ao mar, cantando!
• Marinheiros ao mar, dançando! (QUEIROZ, 1998).

61
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

FIGURA 16 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “JOGO DOS MARUJOS”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Boliche

Ficarão, sobre a borda da piscina, 15 garrafas de plástico, de modo


crescente (na frente, duas garrafas; atrás destas, mais três garrafas e assim
sucessivamente). Cada criança terá três chances de acertar as garrafas, de uma
distância preestabelecida, com uma bola pequena (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 17 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “BOLICHE”

FONTE: Queiroz (1998)

62
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

→ Arranca-rabo

Distribuem-se tiras de plástico (rabos) que as crianças colocarão presas à


sunga ou ao meio, sem amarrar. É importante delimitar uma área da piscina para a
realização da brincadeira. Ao comando “1, 2, 3 e já!”, todos procuram “roubar” os
rabos dos colegas, cuidando para ninguém roubar os seus. Ao sinal do professor,
conta-se quantos “rabos” cada criança conseguiu “roubar” (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 18 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “ARRANCA-RABO”

FONTE: Queiroz (1998)

→ Cestamania

Usar duas grandes “cestas” como alvos e uma bola de borracha para
lançar. A turma é dividida em duas equipes. As crianças de uma mesma equipe
passam a bola entre elas, até lançarem para a cesta. As crianças da outra equipe
tentam interceptar as jogadas, pegando a bola para a sua equipe tentar acertar na
cesta. Cada vez que uma equipe conseguir acertar a bola na cesta, esta marca um
ponto (QUEIROZ, 1998).

FIGURA 19 – EXEMPLO DA ATIVIDADE “CESTAMANIA”

FONTE: Queiroz (1998)

63
UNIDADE 1 | METODOLOGIA DO ENSINO DE ATIVIDADES AQUÁTICAS

→ Ao ataque

As crianças ficam junto à borda, enumeradas alternadamente pelos


números 1 e 2. O professor coloca uma bola no meio da piscina. Ao comando
de “número 1 ao ataque”, só as crianças enumeradas pelo número 1 saem em
busca da bola o mais rápido possível, para ver quem pega primeiro. Em seguida,
recomeça, ao comando de “número 2 ao ataque”. Algumas vezes o professor
surpreende os alunos falando “todos ao ataque”, e todos partem imediatamente
em busca da bola (QUEIROZ, 1998).

→ Chulégua

A turma é dividida em duas equipes. Em lados opostos, demarca-se


o gol, junto às bordas da piscina, com uma fita isolante colorida para melhor
visualização. As crianças ficam sentadas nas boias redondas, podendo se deslocar
somente desta maneira, passando a bola para os colegas, com o pé, até que alguém
consiga acertar o gol. Quando alguém fizer um gol, a bola retorna ao jogo com a
equipe que sofreu o gol, dando continuidade à partida (QUEIROZ, 1998).

4 NATAÇÃO RECREATIVA A PARTIR


DO MÉTODO HALLIWICK
As atividades no meio aquático possuem aspectos ao mesmo tempo
terapêuticos e recreacionais (DUFFIELD, 1985). Segundo o autor, quando estes
aspectos se baseiam no mesmo método, se tornam complementares uns dos
outros. Assim, é possível promover um programa de reabilitação contínua por
meio da recreação aquática. Neste sentido, recreacionalmente são envolvidos
maiores padrões de movimento, enquanto, terapeuticamente, estes padrões são
refinados. Esta abordagem é valiosa, especialmente, para o trabalho em meio
aquático com as crianças (DUFFIELD, 1985).

Na área de conhecimento da Educação Física, Adams et al. (1985) propõem


que os objetivos da educação física devem envolver os aspectos social, emocional,
interpretativo, orgânico e neuromuscular. Nesse sentido, a Educação Física pode
se apropriar do conteúdo da natação para alcançar os objetivos propostos por
Adams et al. (1985). Entre as diferentes metodologias para o ensino da natação,
há o “conceito Halliwick”, o qual é definido como “uma abordagem para
ensinar todas as pessoas, em particular as pessoas com dificuldades físicas e/ou
de aprendizagem, atividades aquáticas, movimentação independente na água
e a nadar” (IHA, 2014). Esse conceito tem influenciado o ensino tradicional de
natação e técnicas de hidroterapia (GRESSWELL et al., 2010).

O Halliwick utiliza a evolução natural do desenvolvimento motor, de


forma a atender à ordem sequencial de aquisição motora infantil (CHU; PAN,
2012). Seus principais objetivos são o controle da respiração e do equilíbrio e

64
TÓPICO 3 | NATAÇÃO RECREATIVA

a liberdade de movimentos (IHA, 2010; GARCIA et al., 2012). Nesse conceito,


os aprendizes da natação, nomeados de “nadadores”, são ensinados a adquirir
independência na água. Para tanto, dividem-se os nadadores, de acordo com
suas habilidades aquáticas, em três níveis: 1o nível (Vermelho) – habilidades
ligadas à adaptação ao meio líquido, independência e controle da respiração;
2o nível (Amarelo) – habilidades ligadas ao controle do equilíbrio e rotações do
corpo em seus diversos eixos: transversal, sagital e longitudinal; 3o nível (Verde)
– habilidades ligadas a movimentos, onde o nadador se desloca na água em
progressões simples e os nados adaptados (GARCIA et al., 2012).

Outra característica marcante relacionada ao conceito Halliwick é o


Programa dos Dez Pontos, compreendido como um processo de aprendizagem
estruturado de forma que o “nadador”, mesmo sem experiência prévia, progrida
na independência na água controlando movimentos corporais, melhorando
capacidades cardiorrespiratórias, equilíbrio e motricidade. Ato contínuo, o
“nadador” se torna mais confiante e participativo no que tange aos aspectos sociais
e físicos (GARCIA et al., 2012). Atenta-se para o fato de que possuir independência
é importante para aprender a nadar, mas também pode possibilitar a inclusão
social por meio de atividades aquáticas.

Para o ensino da natação fundamentado no conceito Halliwick, o trabalho


em grupo se constitui como fundamental para o processo de aprendizagem, da
mesma forma que a relação entre os professores e os alunos, pois possibilita que
os nadadores tenham a oportunidade de interagir uns com os outros e, assim,
sintam-se motivados a aprender, a se comunicar e a socializar (IHA, 2010;
GOMIDE NETO et al., 2011).

ATENCAO

Entre os inúmeros benefícios de natação para pessoas com deficiência,


encontram-se: a reeducação e estimulação de músculos paralisados, o fortalecimento da
musculatura que auxilia no controle postural, o alívio de dores, o trabalho de força sem
o atrito, a independência na mobilidade que podem ser transferidos para fora da água
(GOLDBY; SCOTT, 1993).

65
RESUMO DO TÓPICO 3
Nesse tópico você viu que:

• A natação recreativa consta das aulas de natação permeadas pelo componente


lúdico.

• As principais características do componente lúdico são a liberdade, a diversão,


o entusiasmo, a alegria, a satisfação e o bem-estar.

• Quando se fala do ensino da natação para as crianças, o profissional deve


considerar que estará lidando com os aspectos da formação humana e do
desenvolvimento das habilidades cognitivas, motoras e afetivas. Nesta
perspectiva, considera-se o lúdico como um elemento essencial para se atingir
resultados positivos em termos do desenvolvimento global das crianças.

• O uso do lúdico nas aulas de natação se encontra no bom diálogo entre as


partes, ou seja, entre o professor e o aluno; o aluno e o brinquedo e; o aluno e o
espaço.

• No uso do lúdico em ambiente aquático, o principal brinquedo é a água, ou


seja, o próprio ambiente aquático.

• Como estratégias lúdicas no meio aquático, pode-se apontar a possibilidade de


utilização dos brinquedos cantados, da contação de histórias, das músicas, com
o intuito de estimular a batida de pernas, a batida de braços, o salto da borda,
a respiração, a flutuação e a imersão com alegria e descontração.

• As atividades lúdicas desempenham um papel fundamental para o crescimento


e o desenvolvimento saudável e geram impactos positivos na saúde física e
mental das crianças.

• Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas permitem a
apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos; favorecem a formação
de conceitos e o pensamento abstrato; desenvolvem a coordenação motora e
a linguagem; permitem a resolução de problemas e a sensação de controle do
ambiente; favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a autonomia.

• O conceito Halliwick é uma abordagem para ensinar todas as pessoas,


em particular as pessoas com dificuldades físicas e/ou de aprendizagem,
atividades aquáticas, movimentação independente na água e nadar. Seus
principais objetivos são o controle da respiração e do equilíbrio e a liberdade
de movimentos.

66
AUTOATIVIDADE

1 Explique o que significa natação recreativa.


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2 Descreva quais são as principais características do componente lúdico:


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3 Explique por que os profissionais devem utilizar atividades e estratégias


permeadas pelo componente lúdico durante o ensino da natação,
principalmente, com as crianças.
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4 Sobre a natação recreativa, leia atentamente as frases a seguir e marque V


para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) A utilização do componente lúdico em meio aquático possui a intenção de


orientar e facilitar a capacidade de explorar e de descobrir os elementos
que envolvem o ambiente, dando condições para a criança desenvolver
a capacidade de usar o próprio corpo com certa autonomia e harmonia
dentro deste ambiente.
( ) O uso do lúdico nas aulas de natação se encontra no bom diálogo entre
as partes, ou seja, entre o professor e o aluno; o aluno e o brinquedo e; o
aluno e o espaço. Sendo assim, “por iniciativa do professor, este contexto
deve ser envolvido pelo diálogo lúdico, de troca de afeto, de respeito aos
limites e ao incentivo, através dos elogios, criando, assim, uma atmosfera
de prazer e segurança.
( ) No uso do lúdico em ambiente aquático, o principal brinquedo é a água,
ou seja, o próprio ambiente aquático. O corpo, por sua vez, é o mais
importante. Mas, para que haja o envolvimento lúdico, é necessário que
o professor coloque a ludicidade neste contexto.
( ) Como estratégias lúdicas no meio aquático, pode-se apontar a
possibilidade de utilização dos brinquedos cantados, da contação de
histórias, das músicas, com o intuito de estimular a batida de pernas, a

67
batida de braços, o salto da borda, a respiração, a flutuação e a imersão
com alegria e descontração.
( ) Nas atividades em que são utilizados materiais como flutuadores, alteres,
tapetes flutuantes, plataformas redutoras de profundidade e barras de
apoio para desenvolver as habilidades aquáticas, não há possibilidade
de inserir o componente lúdico.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, V, F.
b) ( ) F, F, F, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F, F.
e) ( ) V, F, F, V, V.

5 Descreva um exemplo de como se pode utilizar uma atividade lúdica


permeada pelo uso do faz de conta nas aulas de natação.
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6 O que significa possuir um bom gerenciamento do tempo das atividades


em ambiente aquático e por que isto é importante?
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7 Sobre a definição de brincar e de lúdico, leia atentamente as frases a seguir


e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) O brincar é uma atitude subjetiva em que o prazer, a curiosidade, o senso


de humor e a espontaneidade se tocam; tal atitude se traduz por uma
conduta escolhida livremente, da qual não se espera nenhum rendimento
específico.
( ) As características do brincar e do lúdico possuem intima relação, quais
sejam: a liberdade, a diversão, o entusiasmo, a alegria, a satisfação e o
bem-estar.
( ) O elemento lúdico não se circunscreve apenas ou, necessariamente,
ao desenvolvimento de uma atividade do ponto de vista material, por
exemplo, de um jogo, de um brinquedo, de uma música ou de uma
pintura, em um espaço e tempo determinados, mas, sim, como uma
expressão humana.

68
( ) Para serem consideradas lúdicas, as atividades não podem ser realizadas
com o uso de brinquedos, objetos ou outros materiais.
( ) Ao objeto, ou à ação que se pretende lúdica, devem ser acrescidos valores
humanos, como a sensibilidade, a criatividade, a solidariedade, a ética, a
estética, o altruísmo, a alegria, entre outros.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.
b) ( ) F, F, F, V, V.
c) ( ) F, V, V, F, F.
d) ( ) V, F, V, F, F.
e) ( ) V, F, F, V, V.

8 Sobre a importância do brincar e do lúdico no ensino da natação,


principalmente para crianças, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) Embora beneficiem os aspectos psicossociais, o desenvolvimento de


brincadeiras e de atividades lúdicas não auxilia no bom funcionamento
dos aspectos fisiológicos.
b) ( ) Entre os benefícios das atividades lúdicas, pode-se citar que elas
permitem a apropriação da realidade e o conhecimento dos objetos;
favorecem a formação de conceitos e o pensamento abstrato;
desenvolvem a coordenação motora e a linguagem; permitem a
resolução de problemas e a sensação de controle do ambiente;
favorecem a descoberta de si; estimulam a socialização e a autonomia.
c) ( ) As atividades lúdicas, principalmente as mais ativas, atuam
como estimulantes nos sistemas cardiovascular, respiratório e
musculoesquelético.
d) ( ) As atividades lúdicas desempenham um papel fundamental para
o crescimento e o desenvolvimento saudável e geram impactos
positivos na saúde física e mental das crianças.
e) ( ) Na fantasia da brincadeira, a criança tem a liberdade de percorrer o
caminho que quer e necessita para atingir o seu objetivo primordial, que
é ter uma experiência de sucesso na atividade. Favorecer a liberdade
de imaginação, promovendo atividades em diferentes lugares, com
variados materiais e com propostas diversificadas, facilita a apreensão
de realidades, situações e fenômenos pelas crianças.

9 Qual é o significado de “conceito Halliwick”?


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10 Quais são os principais objetivos do “conceito Halliwick”?
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11 O conceito Halliwick utiliza a evolução natural do desenvolvimento


motor, de forma a atender à ordem sequencial de aquisição motora infantil.
Nesse conceito, os aprendizes da natação, nomeados de “nadadores”, são
ensinados a adquirir independência na água. Para tanto, dividem-se os
nadadores, de acordo com suas habilidades aquáticas, em três níveis. No
que se refere aos diferentes níveis de habilidades (1o nível, 2o nível, 3o nível),
correlacione os itens I, II e III de acordo com o nível a que se refere.

I - Habilidades ligadas ao controle do equilíbrio e rotações do corpo em seus


diversos eixos: transversal, sagital e longitudinal.
II - Habilidades ligadas a movimentos, onde o nadador desloca-se na água em
progressões simples e os nados adaptados
III - Habilidades ligadas à adaptação ao meio líquido, independência e
controle da respiração.

( ) 1o nível (Vermelho)
( ) 2o nível (Amarelo)
( ) 3o nível (Verde)

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) III, I, II.
b) ( ) I, II, III.
c) ( ) II, I, III.

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